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Resumo de Sucessões

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Resumo de Sucessões
A sucessão tratada no direito das sucessões é o mortis causas, sendo que a sucessão inter vivos é tratada por outras cearas do direito, como no caso do direito das obrigações.
CLÓVIS BEVILÁQUA, por sua vez, conceitua o direito das sucessões como “o complexo dos princípios segundo os quais se realiza a transmissão do patrimônio de alguém que deixa de existir. Já Carlos Maximiliano, conceitua da seguinte forma, “Direito das sucessões, em sentido objetivo, é o conjunto das normas reguladoras da transmissão dos bens e obrigações de um indivíduo em consequência da sua morte. No sentido subjetivo, mais propriamente se diria – direito de suceder, isto é, de receber o acervo hereditário de um defunto”. 
Vale conceituar que sucessão, vem do latim succedere, que significa vir ao lugar de alguém.
Propriedade que se extinga com a morte do respectivo titular e não se transmita a um sucessor, aduz o aludido mestre paulista, “não é propriedade, porém mero usufruto”.	Comment by Jéffte Freitas: A sucessão se baseia na direito de propriedade, onde após a morte do proprietário, a mesma deve ser transmitida, se não seria apenas um usufruto e não propriedade.
Deve o Poder Público assegurar ao indivíduo a possibilidade de transmitir seus bens a seus sucessores, pois, assim fazendo, estimula-o a produzir cada vez mais, o que coincide com o interesse da sociedade. A Constituição Federal de 1988, por isso, no art. 5º , XXII e XXX, garante o direito de propriedade e o direito de herança. O direito a herança é um grande instituto que deve ser respeita, sob a exegese do direito a propriedade, e o estimulo à produção de riquezas, que sempre de alguma forma beneficia o coletivo. 
1. Arbetura de sucessão 
O art. 1783 do Código Civil, afirma que, aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
Conceito de herança: um somatório, em que se incluem os bens e as dívidas, os créditos e os débitos, os direitos e as obrigações, as pretensões e ações de que era titular o falecido, e as que contra ele foram propostas, desde que transmissíveis.
O diploma legal afirma que a transmissão da herança ocorre de maneira imediata, uma ficção jurídica, onde não é possível que algum patrimônio fique sem titular.
Não há como se falar em herança de pessoa viva, onde até mesmo a negociação de futura herança é expressamente proibida, mas é possível a herança de pessoa ausente. Abre-se a sucessão somente com o óbito, real ou presumido.
1.2 Ausente
O óbito real é evidentemente a morte natural, independentemente como está tenha ocorrido, mas presumida é caso a pessoa seja ausente, o que significa que é a pessoa que desaparece de seu domicílio sem dar notícia de seu paradeiro e sem deixar um representante ou procurador para administrar-lhe os bens (CC, art. 22). Protege o Código, através de medidas acautelatórias, inicialmente o seu patrimônio, pois quer esteja ele vivo, quer esteja morto, é importante considerar o interesse social de preservar os seus bens, impedindo que se deteriorem ou pereçam (arts. 22 a 25). Prolongando-se a ausência e crescendo a possibilidade de que haja falecido, a proteção legal volta-se para os herdeiros, cujos interesses passam a ser considerados (arts. 25 a 38). Assim, a lei autoriza os herdeiros do ausente, num primeiro momento, a ingressarem com o pedido de abertura de sucessão provisória. Se, depois de passados dez anos da abertura dessa sucessão, o ausente não tiver retornado, ou não se tiver confirmação de sua morte, os herdeiros poderão requerer a sucessão definitiva, que também terá a duração de dez anos. Pode-se, ainda, requerer a sucessão definitiva, provando-se que o ausente conta 80 anos de idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele (CC, art. 38). O ausente é uma clara exceção da sucessão, pois não confirmação de seu falecimento, mas apenas se presume devido as circunstâncias e a necessidade de passar a titularidade dos bens.	Comment by Jéffte Freitas: 
1.2 Comprovação da morte
Para a comprovação da morte real do sujeito é necessário um atestado de óbito que confirme sua morte, mas existe algumas exceções a essa regra como o caso do ausente, e também quando for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida, como num acidente de avião ou naufrágio de um navio.
1.3 Momento da Transmissão 
A transmissão ocorre de maneira imediata para os herdeiros, mesmo que os mesmos desconheçam o falecimento do de cujus. Estes por sua vez podem aceita-la ou rejeita-la, já que não há nenhum problema em rejeitar a herança.
Para que haja herança é necessário que o herdeiro sobreviva ao hereditando, mas ocasiões onde não é possível saber quem morreu primeiro, então o direito lhe atribui morte simultânea, ou como é chamado tecnicamente, Comoriência, disciplinada no art. 8 do Código Civil, onde não é possível denominar o momento exato da morte de duas pessoas, lhe atribuindo assim o mesmo momento. Assim afirma o texto da lei, “Se dois ou mais indivíduos falecerem na mesma ocasião, não se podendo averiguar se algum dos comorientes precedeu aos outros, presumir-se-ão simultaneamente mortos”. Claro que tal análise só se justifica se herdeiro e hereditando se encontrarem nestas situações.
O principal efeito da comoriência é que quando ela ocorre um não herda do outro, já que se presume que morreram no mesmo instante, logo não há transmissão de bens entre os comorientes. Mas caso se saiba exatamente quando cada um morreu, a comoriência deixa de existir. São levados em consideração os seguintes parâmetros para determinar o momento exato da morte, , hodiernamente representado pela paralisação da atividade cerebral, circulatória e respiratória, só pode ser feito por médico legista. 
A comoriência não so se aplica em mortes que ocorreram no mesmo local, podendo ser aplicadas a mortes que ocorreram no mesmo instante, mas em lugares diferentes, e existe um direito sucessório entre eles.
1.4 Transmissão da Posse: Princípio de saisine
O princípio de saisine, assim como dispõe o art. 1784 do Código Civil, a herança se transmite de maneira imediata, mas além disso esse princípio ainda afirma que é o próprio de cujus que transmite o domínio e a posse indireta de seus bens aos herdeiros. E cabe ressaltar que a “a herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros” (CC, art. 1.791) e “regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio” (parágrafo único), uma vez que não foram ainda individualizados os quinhões hereditários, portanto, se segue as regras dadas em direitos reais. 
O inventariante possui a posse direta dos bens, sendo que os demais herdeiros possuem a posse indireta, sendo que uma não anula à outra. Já que se aplica as regras de condomínio, pode-se afirmar que qualquer um pode se utilizar dos remédios possessórios para se valer da posse, sem necessitar da anuência dos demais.
Segundo o princípio de saisine segue-se à norma vigente no momento da abertura, no que se diz respeito à sucessão, assim como é preceituado no art. 1787 do Código Civil. Além do já citado, dispõe a Súmula 112 do Supremo Tribunal Federal: “O imposto de transmissão causa mortis é devido pela alíquota vigente ao tempo da abertura da sucessão”.
2. Espécies de Sucessão 
2.1 Sucessão Legítima e testamentária 
O art. 1786 do Código Civil afirma que a sucessão se dará por lei ou disposição de última vontade.
Por sua vez, prescreve o art. 1.788 do Código Civil: “Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo”. Portanto, caso o sujeito faleça sem deixar testamento, seus bens serão transmitidos aos seus herdeiros em legítimos em sua totalidade, seguindo a ordem preferencial, encontrada no art. 1829 do Código Civil, então a sucessão aos herdeiros legítimos seria como um desejo tácito do falecido, que a lei presume que gostaria de deixar seus bens aos presentes no rol de herdeirosdescritos no art. 1829, funcionando como um “testamento presumido”.
A sucessão testamentária dá-se por disposição de última vontade. Havendo herdeiros necessários (ascendentes, descendentes ou cônjuge), divide-se a herança em duas partes iguais e o testador só poderá dispor livremente da metade, denominada porção disponível, para outorgá-la ao cônjuge sobrevivente, a qualquer de seus herdeiros ou mesmo a estranhos, pois a outra constitui a legítima, àqueles assegurada no art. 1.846 do Código Civil. O testamento so alcança a metade igual dos herdeiros legítimos, respeitando a meação caso houver, sendo está uma limitação da sucessão testamentária.
2.2 Liberdade de Testar 
Caso não haja herdeiros necessários, o sujeito terá plena liberdade para testar, sem uma reserva legal, podendo assim o testador afastar da sucessão os herdeiros colaterais. Assim preceitua o art. 1789 do Código Civil, “Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança”.
Se o testador for casado no regime da comunhão universal de bens, o patrimônio do casal será dividido em duas meações, e só poderá dispor, em testamento, integralmente, da sua, se não tiver herdeiros necessários, e da metade, correspondente a um quarto do patrimônio do casal, se os tiver.
2.3 Sucessão a título universal e a título singular
A sucessão a título universal acontece quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade, fração ou porcentagem da herança. Na sucessão singular, o testador deixa ao beneficiário um bem certo e determinado. 
A sucessão legítima é sempre a título universal, porque transfere aos herdeiros a totalidade ou fração ideal do patrimônio do de cujus. A testamentária pode ser a título universal ou a título singular. Será a título singular quando envolver coisa determinada e individualizada, conforme a vontade do testador.
2.4 Sucessão Contratual 
A sucessão contratual de regra é proibida na legislação brasileira, mas existe uma exceção trazida pelo art. 2018 do Código Civil, onde “É válida a partilha feita por ascendente, por ato entre vivos ou de última vontade, contanto que não prejudique a legítima dos herdeiros necessários”.
2.5 Sucessões Irregulares
São normas aplicáveis em casos excepcionais, como por exemplo os direitos autorais são destinados ao domínio público quando o autor não tiver deixado sucessores, ou quando há sucessão de bens de estrangeiro, onde os bens do estrangeiro deixados no país dar-se há preferencia o cônjuge ou filhos brasileiros.
2.6 Espécies de sucessores
A pessoa contemplada pelo testador em seu testamento, tecnicamente falando não é herdeiro e sim legatário. 
Herdeiro necessário, legitimário ou reservatário é o descendente ou ascendente sucessível e o cônjuge (CC, art. 1.845), ou seja, todo parente em linha reta não excluído da sucessão por indignidade ou deserdação, bem como o cônjuge, que só passou a desfrutar dessa qualidade no Código Civil de 2002, constituindo tal fato importante inovação.
Herdeiro único é o que fica com a totalidade da herança, seja por ser o único herdeiro, ou pela renúncia dos demais.
2.7 Lugar em que se abre a sucessão 
Dispõe o art. 1785 do Código Civil: “A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido”. É esse o foro competente para o processamento do inventário, mesmo que o óbito tenha ocorrido em outro local ou, até, no exterior e ainda que outros sejam os locais da situação dos bens. Cumpre salientar que abertura da sucessão não é o mesmo que abertura do inventário.
Caso o lugar onde o falecido residia for incerto, a sucessão abre-se no foro onde se situar os bens imóveis, art. 48 p.unico, I, do CPC, se houver bens imóveis em foros diferentes, em qualquer destes, e não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer dos bens do espólio. Atenta-se que essa uma disposição trazida pelo legislador processual. 
O art. 672 do Código de Processo Civil de 2015 trata dos casos em que se processam inventários conjuntos. Dispõe o aludido dispositivo que “É lícita a cumulação de inventários para a partilha de heranças de pessoas diversas quando houver: I – identidade de pessoas entre as quais devam ser repartidos os bens; II – heranças deixadas pelos dois cônjuges ou companheiros; III – dependência de uma das partilhas em relação à outra”.
A nomeação de inventariante é, hoje, matéria regulada no art. 615 do Código de Processo Civil de 2015
3. Da Herança e de sua Administração
3.1 Herança como um todo unitário
De acordo com o art. 1791, ““A herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Parágrafo único. Até a partilha, o direito dos coerdeiros, quanto à propriedade e posse da herança, será indivisível, e regular-se-á pelas normas relativas ao condomínio”. Portanto, até que haja a partilha a herança é vista como unitária, a mesma é indivisível juridicamente até que haja a partilha. Até que seja feita a partilha nem um herdeiro tem a propriedade ou posse de um bem certo e determinado do acervo deixado pelo de cujus.
3.2 Indivisibilidade do direito dos coerdeiros 
Cada herdeiro tem direitos iguais perante os outros, não sendo possível um sobressair sobre o outro. O herdeiro não pode alienar bens do acervo hereditário até que haja a partilha, podendo apenas alienar sua cota ideal, não sendo possível alienação de um bem certo e determinado, além de que exige-se que se faça escritura pública e outorga uxória barra alienação da cota. Assim como afirma o art. 1793 do Código Civil, “é ineficaz a cessão, pelo coerdeiro, de seu direito hereditário sobre qualquer bem da herança considerado singularmente”. Os demais herdeiros também podem reclamar a unidade da herança em face de terceiro. Quando o herdeiro vende seu quinhão hereditário, este não indica bem certe e determinado, apenas a sua parte correspondente da herança.	Comment by Jéffte Freitas: Necessário que seja ofertado primeiramente aos demais herdeiros, pois os mesmos tem direito de preferência.
3.3 Responsabilidade dos herdeiros 
O art. 1792 do Código Civil disciplina que “O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demonstrando o valor dos bens herdados”. Logo se entende que o patrimônio do herdeiro não se confunde com o do de cujus, não sendo esse responsável por saldar as dívidas do de cujus caso o patrimônio deixado pelo mesmo não for suficiente, apenas o espólio pode ser atingido por eventuais credores que comprovem que o de cujus era seu devedor.
No Brasil atualmente a aceitação da herança é sempre a benefício do inventário. “ex vi legis”. As dividas são da herança e está deve responder pelas mesmas, conforme o art. 1997 do Código Civil.
3.4 Cessão de direitos hereditários 
3.4.1 Conceito 
É evidente a possibilidade a cessão da cota heritária após a abertura da cessão, pois é algo passível de avaliação pecuniária, sendo assim podendo ser um objeto de um negócio jurídico, mas é impossível fazer tal negócio antes do falecimento do hereditando já que a legislação não permite. Tal cessão só pode ser feita antes da partilha, pois após a mesma cada herdeiro já terá tomado a posse direta do seu quinhão hereditário.
Cabe ressaltar que se trata de uma cessão pois se configura como transmissão de bens incorpóreos, não sendo possível a utilização do termo venda. A cessão pode ser feita de maneira gratuita ou onerosa.
3.4.2 Forma e objeto
O direito à sucessão aberta é considerado juridicamente como bem imóvel, logo terá que ser feito por meio de escritura pública, independentemente do acervo hereditário deixado pelo de cujus.
Por ser bem imóvel, exige, no tocante a forma, escritura pública e outorga uxória ou autorização marital, como condição de validade do negócio. O herdeiro pode ceder todo o quinhão ou parte dele. O cedente assume o risco do acervo hereditário ser absolvido pela dividas.
Quanto à capacidade, tem-se decidido que “nula é a cessão de direitos hereditários relativa a imóveis, envolvendo interesses de herdeiro incapaz, sem assistência, tendo aindasido efetivada por instrumento particular”
O cessionário assume o lugar e a posição jurídica do cedente, ficando sub-rogado em todos os direitos e obrigações, como se fosse o próprio herdeiro, recebendo, desse modo, na partilha, o que o herdeiro cedente haveria de receber. Cabe lembra que o herdeiro cede sua quota parte em todo ou parte, mas nunca um bem certo e determinado do acervo hereditário, já que isso violaria o princípio da indivisibilidade da herança, este por sua vez no momento da pactuação pode até indicar o bem, mas isso não vincula os coerdeiros a aceitarem, salvo se os mesmo concordarem com tal cláusula.
3.4.3 Direito de preferência do coerdeiro
O art. 1794 do Código Civil disciplina o direito de preferência do coerdeiro, onde quando um herdeiro quiser alienar o seu quinhão deve dar preferência aos demais herdeiros. “O coerdeiro não poderá ceder a sua quota hereditária a pessoa estranha à sucessão, se outro coerdeiro a quiser, tanto por tanto”.
Complementa o art. 1.795 do mesmo Código: “O coerdeiro, a quem não se der conhecimento da cessão, poderá, depositado o preço, haver para si a quota cedida a estranho, se o requerer até cento e oitenta dias após a transmissão. Parágrafo único. Sendo vários os coerdeiros a exercer a preferência, entre eles se distribuirá o quinhão cedido, na proporção das respectivas quotas hereditárias”. Caso não seja respeitado o direito a preferência o coerdeiro que se sentir prejudicado pode se utilizar do art. 1795 para reaver o direito que lhe foi negado, contanto que deposite o valor pago pelo terceiro ao cedente no prazo de 180 dias, sob pena da decadência. Tal dispositivo só pode ser utilizado em cessões onerosas, não podendo ser invocado em cessão gratuita.
3.5 Abertura do Inventário 
Estabelece o art. 1.796 do Código Civil: “No prazo de trinta dias, a contar da abertura da sucessão, instaurar-se-á inventário do patrimônio hereditário, perante o juízo competente no lugar da sucessão, para fins de liquidação e, quando for o caso, de partilha da herança”. O art. 611 do Código de Processo Civil de 2015 prevê, todavia, o prazo de 2 (dois) meses, a contar da abertura da sucessão, para a instauração do inventário, que deve ser ultimado “nos 12 (doze) meses subsequentes, podendo o juiz prorrogar esses prazos, de ofício ou a requerimento de parte”. A inobservância do prazo para o início do inventário pode acarretar sanção de natureza fiscal, com a imposição de multa sobre o imposto a recolher.
A abertura de inventário deve estar presente na inicial a certidão de óbito, conjuntamente com o testamento, caso haja um.
3.5.1 Foro competente 
O foro é o lugar do último domicílio do de cujus.
3.5.2 Nomeação do inventariante
Ao despachar a inicial de abertura de inventário, o juiz nomeará o inventariante, que deverá apresentar suas primeiras declarações no prazo de 20 dias. O inventariante é aquele que administra os bens do espólio, assim como o representa legalmente. Só pode ser inventariante o sujeito capaz, e que não tenha interesses contrários ao espólio. 
As declarações do inventariante têm o efeito da presunção da verdade.
O art. 617 enumera a ordem de inventariante que deve ser seguida pelo juiz, podendo o mesmo desprezá-la desde que seja justificada, respeitando o princípio da fundamentação das decisões. “Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: I – o cônjuge ou companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao tempo da morte deste; II – o herdeiro que se achar na posse e na administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III – qualquer herdeiro, quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV – o herdeiro menor, por seu representante legal; V – o testamenteiro, se lhe tiver sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver distribuída em legados; VI – o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII – o inventariante judicial, se houver; VIII – pessoa estranha idônea, quando não houver inventariante judicial”.
Caso o cônjuge ou companheiro estivesse separado de fato do de cujus, se entende que este não poderia ser o inventariante, pois este não teria o conhecimento necessário para prestar declarações completas e fieis.
Na falta ou impedimento do cônjuge supérstite ou companheiro sobrevivente, será nomeado o herdeiro que se achar na posse e administração dos bens do espólio (CPC/2015, art. 617, II). Se nenhum preencher esse requisito, atribuir-se-á a inventariança a qualquer herdeiro (inciso III), legítimo ou testamentário, a critério do juiz 87 . Será escolhido o que, além de idôneo, demonstre aptidão para o cargo. Se todos se encontrarem nessa situação, deverá ser nomeado o mais velho, aplicandose o critério estabelecido no art. 1.797, II, do Código Civil para a indicação de administrador provisório. O herdeiro menor poderá ser o inventariante, mas será representado por seu representante legal.
Na falta de inventariante, o juiz nomeará pessoa estranha idônea, que irá administrar o espólio, mas não poderá representá-lo legalmente, cabendo à todos os sucessores do de cujus, que figurarão em sua totalidade como autores ou réus nos processos em que o espólio for parte. O inventariante dativo faz jus a uma remuneração pelos serviços prestados, que será arbitrada, por analogia, de acordo com a regra do art. 1.987 do Código Civil, que trata da vintena do testamenteiro.
3.5.3 Natureza jurídica da inventariança
O inventariante é de suma importância para o processo de inventário, já que é ele que administra e representa legalmente o espólio, garantindo a partilha ao final. Muito se discute na doutrina a natureza jurídica do inventariante, tendo visões de que este exerceria um mandato ou seria um depositário, mas para Carlos Roberto Gonsalves, este é exerce um múnus público, que é um encargo público, pois este exerce a função de auxiliar da justiça, cumulando poderes de guarda, administração e assistência do acervo hereditário, e este está sujeito a fiscalização judicial.
3.5.4 Remoção do Inventariante
O inventariante poderá ser removido em determinadas hipóteses, que podem ser arguidas por qualquer interessado: a) se não prestar, no prazo legal, as primeiras ou as últimas declarações; b) se não der ao inventário andamento regular, se suscitar dúvidas infundadas ou se praticar atos meramente protelatórios; c) se, por culpa sua, bens do espólio se deteriorarem, forem dilapidados ou sofrerem dano; d) se não defender o espólio nas ações em que for citado, se deixar de cobrar dívidas ativas ou se não promover as medidas necessárias para evitar o perecimento de direitos; e) se não prestar contas ou as que prestar não forem julgadas boas; f) se sonegar, ocultar ou desviar bens do espólio. Esta hipóteses estão previstas no art. 995 do CPC, e o STF decidiu que este é um rol exemplificativo, podendo outras praticas levar a remoção do inventariante.	Comment by Jéffte Freitas: É necessário que o inventariante seja o culpado pela demora da partilha.
Se o juiz remover o inventariante, deverá nomear outro, seguindo a ordem de preferência estabelecida pelo art. 617 do CPC, devendo-se respeitar o princípio do contraditório, e dar oportunidade de defesa ao inventariante antes que o mesmo seja removido.
3.6 Administração provisória da herança
Até que não seja nomeado um inventariante, é jus dá a devida importância ao administrador provisório que é aquele que está na posse da herança, assim enlucida o art. 613 do CPC. Representa ativa e passivamente o espólio, é obrigado a trazer ao acervo os frutos que desde a abertura da sucessão percebeu, tem direito ao reembolso das despesas necessárias e úteis que fez e responde pelo dano a que, por dolo ou culpa, der causa (CPC/2015, art. 614).
Caberá ao juiz indicar o administrador provisório sempre que tal encargo tiver sido assumido por pessoa que não integra o rol estabelecido no art. 1.797 do Código Civil, que assim dispõe: “Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá,sucessivamente: I – ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão; II – ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho; III – ao testamenteiro; IV – a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz”
Nada obsta, que a nomeação do inventariante recai sobre o administrador provisório. O administrador provisório que tiver obrado em prejuízo do espólio pode ser substituído pelo juiz.
4. Da vocação hereditária
4.1 Legitimação para suceder
O art. 1798 do Código Civil dispõem “legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão”. Como expressa o artigo, apenas pessoas podem suceder, não sendo possível os animais, o código ainda resguarda o direito do nascituro, que são os sujeitos concebidos no momento da abertura da sucessão. Podem ser beneficiadas tanto as pessoas físicas ou jurídicas, não sendo possível o chamamento a sucessão de um morto, por impossibilidade lógica, sendo que tal disposição, caso haja, irá caducar de imediato, já que a nomeação testamentária tem caráter pessoal.
O código trouxe a possibilidade do chamamento nascituro, que só de fato será beneficiado, caso nasça com vida, já que este é um requisito para o adquirimento da personalidade jurídica, se este nascer morto, não haverá como este ser beneficiado, nesse caso, a herança ou quota hereditária será devolvida aos herdeiros legítimos do de cujus, ou ao substituto testamentário, se tiver sido indicado, retroagindo a devolução à data da abertura da sucessão, cabe ressaltar que o nascituro é o ser já concebido, que se encontra no ventre materno. 
Outro princípio que aplica ao herdeiro e o legatário é que estes tem de sobreviver ao de cujus, pois a herança não se transmite ao vazio, se naquele instante o herdeiro já é morto, defere-se a herança aos outros de sua classe, ou aos da imediata, se ele for o único. O herdeiro ou legatário devem coexistir conjuntamente coexistir com o de cujus em vida, não basta que ele esteja vivo no momento da morte hereditando, mas que sobreviva após esta.
4.2 Legitimação para suceder por testamento
Preceitua o art. 1.799 do Código Civil: “Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder: 
I – os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão; 
II – as pessoas jurídicas; 
III – as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação”.
O inciso I do artigo traz uma regra diferente dos herdeiros necessários, onde o testamento pode atingir os filhos ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, os concepturos, a curadoria dos bens do concepturo ficará com seu genitor, ou seja, seu pai ou mãe, “a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775”. A curadoria ficará com o genitor que o testador indicou, caso não seja possível, o juiz nomeara um curador.
Quando houver previsão testamentária de nascituro ou concepturo, a herança será posta sob administração, permanecendo assim até que a condição se cumpra ou quando haja certeza de que não cumprir-se, como por exemplo o genitor indicado pelo testador falecer ou ficar impotente, um detalhe sobre o concepturo é que este deve ser concebido em até dois anos, contados após a abertura da sucessão, Se, “decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos ”, os bens também serão destinados aos herdeiros legítimos caso o herdeiro venha à nascer morto. 
No caso de prole eventual, onde há adoção para o recebimento do quinhão deixado em testamento, a doutrina entende ser possível, tendo em vista o princípio da igualdade dos filhos, onde a Constituição proíbe qualquer distinção entre os filhos, o processo de adoção deve ser iniciado no prazo de até dois após a abertura da sucessão.
Em princípio não se pode falar em direitos sucessórios daquele que foi concebido por inseminação artificial post mortem, uma vez que a transmissão da herança se dá em consequência da morte (CC, art. 1.784) e dela participam as “pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão” (art. 1.798). Este seria o caso de ser o filho do morto, onde utilizaram seu esperma que foi congelado para a geração de um filho, mas este só foi concebido após a sua morte, a princípio este não teria direito à herança.
O inciso II permite que o testador beneficie pessoas jurídicas, sendo necessário para a concretização a inscrição da pessoa jurídica do ato constitutivo. O Código não traz distinção da pessoa jurídica, podendo ser simples, empresária, de direito público ou privado, havendo uma limitação de pessoas jurídicas de direito público externo, já que as mesmas estão impedidas de adquirir bens imóveis no Brasil.	Comment by Jéffte Freitas: Caso não haja tal registro, a doutrina entende que a pessoa jurídica deveria se aplicar a regra do nascituro, que deve ser inscrito então no prazo de até dois anos, onde após sua criação é que deverá ser feita a transmissão.
O inciso III permite que o testador crie uma fundação por meio de seu testamento, onde seria mais uma possibilidade de benefício a pessoa jurídica, o testador deve indicar uma pessoa responsável para criação da fundação, onde está ficará com a guarda provisória dos bens destinados a está fundação, cabe ressaltar que este inciso se destina à criação de uma fundação, onde caso o testador queira deixar para uma entidade já existente, deverá se utilizar da hipótese trazida pelo inciso II.
A sucessão de bens de estrangeiros situados no País será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhe seja mais favorável a lei pessoal do de cujus.
4.3 Os que não pode ser nomeados herdeiros testamentários nem legatários
O art. 1.801 do Código Civil menciona outras pessoas que não podem ser nomeadas herdeiras nem legatárias: “Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários: 
I – a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos; 
II – as testemunhas do testamento;
 III – o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
 IV – o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento”
Este dispositivo traz impedimentos a pessoas que não podem ser herdeiros testamentários e nem legatários por serem consideradas suspeitas, a falta de legitimação, pois as pessoas mencionadas não podem ser beneficiadas em determinado testamento, conquanto possam sê-lo em qualquer outro em que não existam os apontados impedimentos.
O inciso I, traz o impedimento a que escreve o testamento do testador, onde está poderia certamente modificar a o teor da última vontade do testador, não podendo a mesma ser beneficiada pelo testamento, a lei também impede que o testamento beneficie o cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos, pois a pessoa que escreveu, visando se esquivar de possíveis suspeitas, poderia alterar a vontade do testador, para beneficiar alguém próximo a ela, o código em seu art.1802 traz o impedimento também aos descendentes da pessoa que escreveu. 
O inciso II, traz o impedimento as testemunhas do testador, visando evitar influência, para garantir a segurança e a veracidade das disposições causa mortis melhor se asseguram, efetivamente, mediante o testemunho de pessoas despidas de interesse nas liberalidades do testador.
O concubino do testador casado também não pode ser beneficiado em ato causa mortis (CC, art. 1.801, III). Constituem concubinato, segundo estatui o art. 1.727 do novodiploma, “as relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar”, mas nada impede que o testador beneficie um filho seu com o concubino, que caso este seja de menor, exercera a curadoria sobre os bens deixados. Além do mais o código traz uma exceção ao concubino, onde ele poderá receber caso não tenha culpa na separação de fato do cônjuge há mais de cinco anos. Este impedimento visa a proteção da família legítima e coibir a prática de adultério, caso haja a o beneficio ao concubino, é passível de anulação. A doutrina entende que não razão para discutir culpa, sendo apenas necessário a avaliação do prazo de cinco anos.
Além do já citado, a vedação é apenas para o testador casado, não se estendo ao testador divorciado ou separado, também não atingindo o testador solteiro que deixa bens por testamento a sua concubina.
O inciso IV, traz o impedimento ao tabelião civil ou militar, nem o comandante ou escrivão, perante quem se fez, assim como o que fez, ou aprovou o testamento, com o objetivo de que aqueles que fizeram o testamento não o adulterem em beneficio próprio, por tal motivo, o legislador criou tal dispositivo legal.
4.4 Simulação de contrato oneroso e interposição de pessoa 
Dispõe o art. 1.802 do Código Civil: “São nulas as disposições testamentárias em favor de pessoas não legitimadas a suceder, ainda quando simuladas sob a forma de contrato oneroso, ou feitas mediante interposta pessoa. 
Parágrafo único. Presumem-se pessoas interpostas os ascendentes, os descendentes, os irmãos e o cônjuge ou companheiro do não legitimado a suceder”.
Mesmo havendo os impedimentos citados no art. 1801, alguns dos considerados impedidos se tornar legatário ou herdeiro testamentário, de modo direito ou mediante simulação, se tornarão nulas as disposições testamentárias.
Caso seja uma simulação, o art 167 do Código já enlucida o efeito jurídico da simulação, “é nulo o negócio jurídico simulado”.
O art. 1802 traz hipóteses mais abrangestes, onde são consideradas nulas as pessoas não legitimadas, ou feitas por pessoa interpostas, incluindo-se ai os ascendentes, descendentes, irmãos e o cônjuge ou companheiro do impedido, onde também serão impedidos de suceder.
A nulidade da deixa testamentária pode revestir-se de duas formas: a) o testador dissimula a liberalidade sob a aparência de contrato oneroso; ou b) recorre a interposta pessoa para beneficiar o proibido de suceder. Na primeira hipótese, exemplifica WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO, confessa o testador “ser devedor de obrigação inexistente ou alega haver prometido a venda de certo bem, tendo recebido do não legitimado o preço respectivo. No segundo, ele se vale de testa de ferro, realizando assim obliquamente a operação que tinha em mente.
A presunção de impedimento trazida pelos art.1802 e 1801, em uma presunção absoluta, não havendo como prova em contrário, assim entende a doutrina majoritária, portanto as cláusulas testamentárias serão consideradas nulas de pleno direito.
Súmula 447 do Supremo Tribunal Federal, verbis: “É válida a disposição testamentária em favor de filho adulterino do testador com sua concubina”, sendo necessário que o filho seja do testador da concubina, pois caso contrario haveria a imposição trazida pelo art. 1802.
5. Da Aceitação e Renúncia da Herança
A aceitação da herança é o ato pelo qual o herdeiro aceita a transmissão dos bens do de cujus, ocorrida por lei com a abertura da sucessão.
A aceitação é apenas uma anuência do herdeiro para que este possa recebe-la, onde segundo a ficção jurídica, a herança já foi transmitida aos herdeiros, desde o momento da abertura da sucessão.
A doutrina conceitua que o período onde o herdeiro tem que aceitar ou renunciar a herança, é chamado de tempo de deliberação. Sendo esse período necessário, pois ninguém é obrigado a fica numa situação patrimonial contra sua vontade, além de que o tempo de deliberação não pode se tornar extenso, já que o patrimônio não pode ficar sem titular.
O art. 1804 do Código Civil, afirma “Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança”.
O sistema adotado pelo direito brasileiro afirma ser necessário a renúncia ou aceitação, para que o processo de inventário possa fluir.
5.1 Espécies de aceitação
A aceitação é o ato pelo qual o herdeiro confirma sua intenção de ficar, e que o mesmo está interessado em participar da sucessão.
É um negócio jurídico unilateral e não receptício, ou seja, não precisa ser comunicado a que quer seja para que produza efeitos
5.2 Quanto à sua forma
A aceitação pode ser feita de maneira tácita ou expressa, assim como preceitua o art. 1805 do Código Civil. Sendo possível uma aceitação presumida, conforme disposição do art. 1807 do referido código, onde exige que o mesmo declare, em prazo não superior a 30 dias, se aceita ou não a herança.
Dispõe o art. 1.805 do Código Civil: 
“A aceitação da herança, quando expressa, faz-se por declaração escrita; quando tácita, há de resultar tão somente de atos próprios da qualidade de herdeiro. 
§ 1º Não exprimem aceitação de herança os atos oficiosos, como o funeral do falido, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória. 
§ 2º Não importa igualmente aceitação a cessão gratuita, pura e simples, da herança, aos demais coerdeiros”.
Vale lembrar que atualmente o herdeiro não assume os débitos do hereditando, caso sua herança não salde suas dívidas, assim conforme o art. 1792 do Código Civil, mas é possível que o mesmo queira assumir está dividas, uma hipóteses está muito remota, já que não se vê sua aplicação prática.
A aceitação expressa é feita de maneira escrita, já a aceitação tácita resulta de qualquer ato que demonstre intenção de adir a herança, como a intervenção no inventário, representado por advogado, concordando com as declarações preliminares e avaliações; a cessão de seus direitos a outrem; a participação em defesa dos interesses do espólio; o apossamento de bens a este pertencentes ou outros atos, sendo está aceitação a mais comum. Esta aceitação acontece quando o sucessor pratica atos que ultrapassam a simples conservação da herança e que implicam necessariamente a intenção de aceitar e que só poderia praticar na qualidade de herdeiro.
A disposição trazida pelo §1, afirma que não se configuram aceitação tácita, os atos oficiosos, como funeral do finado, os meramente conservatórios, ou os de administração e guarda provisória, pois estes atos são considerados como benevolentes, sendo o que se espera dos herdeiros.
Já a disposição no §2, traz a cessão gratuita, pura e simples da herança aos demais coerdeiros.
Já a aceitação presumida que está prevista no art. 1807, acontece quando algum interessado na herança, vai até o Juiz requerer, depois de 20 dias da abertura da sucessão, que assinale ao herdeiro prazo razoável, não maior que 30 dias, para este se pronunciar, sendo que a não resposta caracteriza aceitação da herança.
Desse modo, enquanto não intimado a manifestar-se em prazo certo, o herdeiro tem a faculdade de aceitar a herança a todo tempo, até que se consume a prescrição ao cabo de dez anos (CC, art. 205). Esgotado o prazo do ius deliberandi, extingue-se a faculdade de optar e a situação permanece inalterada, ou seja, a herança está adquirida, sem possibilidade de alterar-se o statu quo.
5.2 Quanto ao agente 
Em relação ao agente ou pessoa que a manifesta, a aceitação pode ser feita de maneira direta ou indireta, sendo a direta a que vem do próprio herdeiro e a indireta quando alguém faz por ele, sendo possível quatro hipóteses:
a) Aceitação pelos sucessores: Está previsto no art. 1809, do Código Civil, onde prevê “falecendo o herdeiro antes de declarar se aceita a herança, o poder de aceitar passa-lhe aos herdeiros, a menos que se trate de vocação adstrita a uma condição suspensiva, ainda não verificada”, onde o herdeiro morre primeiro do que o hereditando, e os herdeiros do de cujus, também herdamo direito a renúncia da herança que o mesmo receberia se estivesse vivo, ou seja, os direitos sucessórios são transmissíveis.
b) Aceitação por mandatário: É aceitação e renúncia feitas pelo procurador, desde que este tenha poderes específicos para tanto, foi é exigido poderes especiais. A doutrina entende ser possível a aceitação ou renúncia pelo gestor de negócios.
c) Aceitação pelo tutor ou curador de heranças, legados ou doações, o art. 1748 do Código civil, onde o representante do incapaz pode aceitar a herança, desde que com autorização do juiz.
d) Aceitação pelos credores: O art. 1813 do Código Civil traz está hipótese, onde os credores do herdeiro renunciante podem aceita a herança, pois tal renúncia seria lesiva a estes, os credores podem aceitar a herança do renunciante nos autos do processo de inventário não encerrado, os credores receberão a herança conforme o tamanho de seu crédito, onde caso a herança ultrapasse a dívida, está por sua vez será redistribuída entre os demais herdeiros, não sendo dada ao renunciante, caso seja inferior, os credores “ficaram com mãos abanando”, já que a quota dos demais herdeiros não poderão ser prejudicadas. Está hipótese evita uma fraude a credores, por meio da renúncia da herança.
“A habilitação dos credores se fará no prazo de trinta dias seguintes ao conhecimento do fato” (art. 1.813, § 1º). A aceitação valerá somente até a concorrência dos créditos, não podendo os habilitantes beneficiar-se além de seu montante. Na hipótese trazida aqui não é necessária a comprovação de má-fé.
5.3 Características da aceitação 
Como já foi dito, a aceitação é um ato unilateral, que se aperfeiçoa com uma única manifestação de vontade. O código também traz uma restrição em seu art. 1808, onde “Não se pode aceitar ou renunciar a herança em parte, sob condição ou a termo”. Onde a aceitação ou renúncia não pode ser feita em parte, mas sempre em sua totalidade.
Caso o herdeiro também seja legatário, não haverá impossibilidade deste aceitar um e renuncia ao outro, assim afirma o código: “O herdeiro, a quem se testarem legados, pode aceitá-los, renunciando a herança; ou, aceitando-a, repudiá-los”.
Segundo o art. 1812 do Código Civil, a renúncia e aceitação da herança são irretratáveis, onde não se pode volta atrais, até pela busca de uma maior segurança nas relações sucessórias. Sendo que existe uma ficção jurídica, onde se aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão. “semel heres semper heres”
5.3 Anulação da aceitação 
Mesmo está sendo irretratável a aceitação pode ser anulada, onde após manifestada, verificar-se que o sujeito não é herdeiro, portanto, não tem direito a herança deixada pelo de cujus, onde o por exemplo, um ascende é chamada À sucessão, mas verifica-se a existência de um descendente, que até aquele momento não se sabia a existência. Nestes casos declara-se a ineficácia da aceitação, isto no decorrer do processo de inventário, após a partilha só será possível por ação de petição de herança.
5.6 Conceito de renúncia
A renúncia, assim como a aceitação, é um negócio jurídico unilateral, pelo qual o herdeiro demonstra sua intenção de não querer receber a herança, onde o herdeiro não é obrigado a receber a herança (il n’est héritier qui ne veut). A renúncia, assim como a aceitação, tem uma ficção jurídica, onde se considera que o herdeiro renunciante, na realidade nunca foi herdeiro, sendo está uma ficção trazida pela legislação.
A renúncia só pode ser feita de um único e exclusivo modo, que é o expresso, não sendo admitido por meio tácito ou presumido, sendo que o art. 1806 do Còdigo Civil dispõem que e “a renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial”.
A renúncia poderá ser assinada pela parte ou pelo seu procurador, desde que o mesmo seja detentor de procuração com direitos especiais.
Mesmo a renúncia em favor de terceiro pode ser feita mediante termo nos autos. Nesse sentido, decidiu o Superior Tribunal de Justiça: “Ainda que se trate de renúncia em favor de pessoa determinada, é ela suscetível de formalizar-se mediante termo nos autos (art. 1.581 do CC de 1916).
A meação dada em favor dos herdeiros se configura uma verdadeira doação, não sendo possível a caracterização de renúncia. Vale citar que o Código Civil não exigem a homologação da renúncia por sentença, mas tal prática é recomendável pela doutrina.
5.7 Espécies de renúncia 
A renúncia pode ser de duas espécies: abdicativa ou propriamente dita e translativa, também denominada cessão ou desistência.
A primeira que é abdicativa acontece quando herdeiro manifesta sua vontade de renunciar, logo ao se iniciar o inventário ou até antes, está seria uma renuncia pura e simples, onde não indicação de beneficiário, sendo o beneficiado o monte.
A outra hipótese é a renúncia em favor de determinada pessoa, onde tecnicamente a uma aceitação, que é seguida por uma doação, muitos doutrinadores entendem isto como uma cessão ou desistência da herança.
A distinção se mostra relevante em virtude dos tributos devidos. Na renúncia abdicativa, o único imposto devido é o causa mortis. Na translativa, é devido também o inter vivos.
5.8 Restrições legais ao direito de renunciar 
Para que haja renuncia é necessário a presença de determinados requisitos:
a) Capacidade jurídica plena do renunciante: É necessário a capacidade jurídica plena do renunciante, já que a renúncia traz efeitos irreversíveis, além de ser de certa forma impactante. A renúncia do incapaz só será permitida mediante renúncia prévia do juiz, onde será necessário a comprovação da necessidade ou evidente utilidade do requerente, uma hipótese extremamente remota.
b) Anuência do cônjuge, se o renunciante for casado, este necessitará de uma outorga marital, que poderá ser dispensa, caso o mesmo seja casado no regime de separação absoluta. Essa outorga é necessária, já que a herança é considerada bem imóvel, por determinação legal (art. 80, II). A necessidade desta outorga é questionada pela doutrina, que pode ser suprida pelo juiz, caso o outro cônjuge não de a anuência, o cônjuge que deseja renunciar poderá ir ao juiz, e o mesmo suprirá a autorização, caso o outro cônjuge não apresente um motivo justo.
c) Que não prejudique os credores: O art. 1813, afasta a possibilidade a renúncia que lese credores, onde caso haja, os credores poderão ingressar no processo pleiteando no limite de seu credito a dívida do renunciante.
5.9 Efeitos da Renúncia 
Da renúncia decorrem alguns efeitos, são os seguintes:
a) Exclusão da sucessão, do herdeiro renunciante, que após a renúncia será tratado como se nunca houvesse sido chamado, pois os efeitos da renuncia retroagem até o momento da abertura da sucessão. Logo um dos efeitos da renúncia é afasta o herdeiro renunciante da sucessão.
b) Acréscimo da parte do renunciante à dos outros herdeiros da mesma classe, onde conforme o art. 1810 “na sucessão legítima, a parte do renunciante acresce à dos outros herdeiros da mesma classe”
Assim, se o de cujus tinha vários filhos e um deles é premorto, a sua parte passará aos seus filhos, netos do primeiro. Se não morreu, mas renunciou à herança, a sua quota passará aos seus irmãos, em prejuízo de seus filhos, pois o renunciante e sua estirpe são considerados como se nunca houvessem existido. Na segunda parte, estabelece o aludido art. 1.810 que, sendo o renunciante o único da sua classe (a dos descendentes), devolve-se a herança “aos da subsequente”. Se o de cujus tinha apenas um filho e este, não tendo descendentes, renuncia a herança, esta é devolvida aos ascendentes do falecido, em concorrência com o cônjuge deste (CC, art. 1.829, II).
c) Proibição da sucessão por direito de representação: A sucessão por representação acontece quando a lei chama certos parentes do falecido a suceder em todos os direitos, em que ele sucederia, se vivo fosse. Mas em regra é proibido sucessão por representação, se sucede por direito próprio, conforme o art. 1811 do Código Civil, “ninguém pode suceder, representandoherdeiro renunciante”. A ideia é que o renunciante desapareça da sucessão, não podendo assim ser representado. . Se um filho do renunciante lhe tomasse o lugar na sucessão, representando-o, não teria ele, na verdade, saído da herança, pois continuaria nela, representado por seu filho 176 .
A parte do renunciante, portanto, somente passará aos seus filhos se for o único legítimo de sua classe, ou se todos da mesma classe renunciarem. Todavia, os filhos herdarão por direito próprio e por cabeça, ou seja, a herança será dividida em partes iguais entre os netos, mesmo que o finado tenha deixado vários filhos, todos renunciantes, cada qual com diversa quantidade de filhos. Na sucessão testamentária, a renúncia do herdeiro acarreta a caducidade da instituição, salvo se o testador tiver indicado substituto (CC, art. 1.947) ou houver direito de acrescer entre os herdeiros (art. 1.943).
5.10 Ineficácia e invalidade da renúncia 
A renúncia pode ser ineficaz a pedido dos credor, onde haverá uma suspensão temporária de seus efeitos, determinada pelo juiz.
Dá-se invalidade absoluta se não tiver sido feita por escritura pública ou temo judicial, ou quando manifestada por pessoa absolutamente incapaz, não representada, e sem a devida autorização judicial e relativa, quando proveniente de erro, dolo ou coação, a ensejar a anulação do ato por vício de consentimento, ou quando realizada sem a anuência do cônjuge, se o renunciante for casado em regime que não seja o da separação absoluta de bens.
A renúncia é anulável quando concedida sem a devida autorização marital, podendo o outro cônjuge pleitear sua anulação, até dois anos depois de terminada a sociedade conjugal, assim preceitua o art. 1649 do CC. A anulabilidade – e não nulidade – do ato praticado sem a outorga uxória é ratificada no parágrafo único do aludido artigo, ao estatuir que a aprovação ou confirmação “torna válido o ato”. Só a anulabilidade pode ser sanada pela confirmação (CC, arts. 169 e 172), limitada a determinadas pessoas.
5.11 Irretratabilidade da renúncia
O Código Civil afirma em seu art. 1812, que a renúncia é irrevogável, assim como a aceitação, pois as mesma retroagem à data da abertura da sucessão. Por ser um negócio jurídico unilateral, se aperfeiçoa desde o momento da solene manifestação de vontade, gerando, desde então, todos os efeitos dele decorrentes. 
6. Dos excluídos da sucessão 
6.1 Conceito e fundamentação da indignidade
A sucessão hereditária assenta em uma razão ética, onde se presume uma afeição entre o herdeiro e o hereditando, a quebra desta afetividade, ou o menosprezo do herdeiro em relação ao autor da herança, torna o herdeiro ou o legatário indigno de recolher os bens hereditários.
O Código Civil, apresenta em seu art. 1815, os excluídos da sucessão, onde o herdeiro ou legatário pode, ser privado do direito sucessório se praticar contra o de cujus atos considerados ofensivos, de indignidade, atos que podem causar está consequência, estão previstos no art. 1814, que podem ser assim resumidos: atentado contra a vida, contra a honra e contra a liberdade de testar do de cujus. Dispõe o aludido dispositivo:
I – que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; 
II – que houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrerem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro; 
III – que, por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade”.
A indignidade traz um determinado efeito, que é a privação do direito, cominada por lei, a quem cometeu certos atos ofensivos à pessoa ou ao interesse do hereditando, assim afirma Clovis Beviláqua.
A lei traz uma presunção de vontade do de cujus, onde está presume que o hereditando teria excluído o herdeiro, caso tivesse feito uma declaração de última vontade. Podendo o hereditando perdoa o herdeiro, onde seria a reabilitação do indigno, que seria feito por testamento ou outro ato autêntico.
6.2 Causas de exclusão por indignidade 
A exclusão por indignidade pressupõe: a) seja o herdeiro ou legatário incurso em casos legais de indignidade; b) não tenha ele sido reabilitado pelo de cujus; e c) haja uma sentença declaratória da indignidade.
O código traz as hipóteses de atos ofensivos que ocasionam a indignidade, sendo este um rol taxativo trazido pelo art. 1814 do Código Civil.
O inciso I do 1814 traz a seguinte hipótese, onde consideram indignos os que “houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio dolosos, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente”. Onde nesta situação os autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, sendo necessário que seja doloso, não se admitindo homicídio culposo, faz-se necessária a referencia a um provérbio alemão: mão ensanguentada não apanha herança.
Foi ainda ampliada a configuração da indignidade capaz de excluir da sucessão o herdeiro, para também contemplar a ofensa a “cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente”.
Entende-se que é necessário a condenação criminal para que o indigno seja excluído da sucessão, tendo doutrinadores que entendem diferente, como meu doutrinador favorito, Carlos Roberto Gonsalves, que entende ser possível processos autônomos no criminal e cível, sendo que se haja sentença criminal condenatória, com trânsito em julgado, sempre faz coisa julgada no cível.
O inciso II do art. 1814 do Código Civil exclui da sucessão os que “houverem acusado caluniosamente em juízo o autor da herança ou incorrem em crime contra a sua honra, ou de seu cônjuge ou companheiro.
Contempla o dispositivo duas hipóteses: a) denunciação caluniosa do de cujus em juízo; e b) prática de crime contra a sua honra. Em nenhuma delas é prevista a tentativa, mencionada apenas no inciso I, já comentado.
Expressiva corrente doutrinária entende que o emprego do verbo incorrer (“incorrerem”), no tocante aos crimes contra a honra, conduz à conclusão de que o reconhecimento da indignidade, nesses casos, depende de prévia condenação no juízo criminal. Outros, no entanto, com maior razão, a dispensam, com fundamento no art. 935 do Código Civil, bem como por não possuir o termo o alcance mencionado.
O inciso III do art. 1.814, por fim, cogita de hipótese difícil de ocorrer: afasta da sucessão os que, “por violência ou meios fraudulentos, inibirem ou obstarem o autor da herança de dispor livremente de seus bens por ato de última vontade”
Este dispositivo tem com objetivo proteger a liberdade de testar, já que este é o último pedido do falecido. A doutrina aponta determinadas condutas: : “a) o herdeiro constrange o de cujus a testar; b) ou então impede-o de revogar testamento anterior; c) suprime testamento cerrado ou particular dele; d) urde ou elabora um testamento falso; e) cientemente, pretende fazer uso de testamento contrafeito”
6.3 Falta de legitimação para suceder 
Enfim, a exclusão por indignidade somente obstaculiza a conservação da herança, enquanto a falta de legitimação para suceder impede que surja o direito à sucessão. Neste caso, a base de tal impedimento é sempre de ordem objetiva, ao passo que a exclusão se baseia numa circunstância eminentemente subjetiva.
O herdeiro pode ser deserdado, conforme disposição do art. 1962 e 1963, que traz outras causas delituosas de deserdação, mas o fundamento é o mesmo do não pode herdar do indigno. As distinções estão abordadas abaixo:
a) Pela sua causa eficiente. A indignidade decorre da lei, que prevê a pena somente nos casos do art. 1.814, já comentado. Na deserdação, é o autor da herança quem pune o responsável, em testamento, nos casos previstos no aludido dispositivo, bem como nos constantes do art. 1.962. A indignidade, pois, resulta de causa impessoal, conquanto se lastreie em vontade presumida, podendo o autor da herança apenas arredar a causa de incapacidade. Já a deserdaçãoadvém da vontade direta do testador, limitando-se a lei a reconhecer e regular o exercício do poder de deserdar a este atribuído. 
b) Pelo seu campo de atuação. O Código Civil de 2002 continua a tratar a deserdação como um instituto da sucessão testamentária. Assim, pode-se afirmar que a indignidade é instituto da sucessão legítima, malgrado possa alcançar também o legatário, enquanto a deserdação só pode ocorrer na sucessão testamentária, pois depende de testamento, com expressa declaração de causa (art. 1.964).
“Convém insistir que a deserdação é instituto da sucessão necessária. Só são deserdáveis herdeiros obrigatórios, herdeiros reservatários. Deserdação, no direito brasileiro, só existe como pena, traduzindo-se na manifestação expressa do testador, excluindo da herança um herdeiro necessário seu. Deserdação é privação da legítima”.
b) Pelo modo de sua efetivação. A exclusão por indignidade é postulada por terceiros interessados em ação própria e obtida mediante sentença judicial (CC, art. 1.815). A deserdação, todavia, como foi dito, dá-se por testamento, com expressa declaração da causa (art. 1.964).
6.4 Procedimento para obtenção da exclusão 
Proclama o art. 1.815 do Código Civil: “A exclusão do herdeiro ou legatário, em qualquer desses casos de indignidade, será declarada por sentença. 
§ 1º O direito de demandar a exclusão do herdeiro ou legatário extinguese em quatro anos, contados da abertura da sucessão. 
§ 2º Na hipótese do inciso I do art. 1.814, o Ministério Público tem legitimidade para demandar a exclusão do herdeiro ou legatário” (acrescentado pela Lei n. 13.532, de 7-12-2017).
A doutrina discute quem teria legitimidade para propor a indignidade, entendendo ser necessário interesse na sucessão, para que haja tal propositura.
Pode-se dizer que têm interesse em propor a aludida ação o coerdeiro e o donatário favorecidos com a exclusão do indigno, bem como o Município, o Distrito Federal ou a União, na falta de sucessores legítimos e testamentários. Não o tem, todavia, aquele que, embora sucessor do autor da herança, não se beneficiar diretamente da exclusão, como o irmão do indigno, por exemplo, quando este tiver filhos, que herdarão no lugar do ofensor uma vez proclamada a exclusão.
Por razões óbvias, a ação de indigno só pode ser proposta com a morte do hereditando, se o herdeiro morrer antes da propositura da ação ou no decorrer da mesma, seu quinhão hereditário será destinado aos seus sucessores.
6.5 Reabilitação do indigno
O art. 1.818 do Código Civil prevê a reabilitação ou perdão do indigno, pelo ofendido: “Aquele que incorreu em atos que determinem a exclusão da herança será admitido a suceder, se o ofendido o tiver expressamente reabilitado em testamento, ou em outro ato autêntico”
Esta é hipótese do perdão, onde o hereditando concede perdão ao indigno, sendo necessário que este faça isto pela forma do testamento, ou em outro ato autêntico. Mesmo que seja revogado o testamento que contém o perdão, permanece válida a cláusula que reabilita o indigno.
Ato autêntico é qualquer declaração, por instrumento público ou particular, autenticada pelo escrivão. Não têm valor, para esse fim, escritura particular; declarações verbais ou do próprio punho, embora corroboradas por testemunhas; cartas, ou quaisquer outros atos que revelem reconciliação ou propósitos de clemência. Não é necessário que o ato seja lavrado exclusivamente para reabilitar o indigno.
Vem-se admitindo na doutrina o perdão tácito, onde o hereditando não perdoa o indigno expressamente, mas lhe contempla em testamento, mas este só irpa suceder no limite da disposição testamentária.
6.6 Efeitos da exclusão
O reconhecimento judicial da indignidade traz vários efeitos:
a) ) São pessoais os efeitos da exclusão. Dispõe nesse sentido o art. 1.816 do Código Civil, aduzindo que “os descendentes do herdeiro excluído sucedem, como se ele morto fosse antes da abertura da sucessão”. Essa é uma disposição que tem como fundamento o princípio da pessoalidade da pena. Onde o indigno é considerado como morto fosse na abertura da sucessão, repassando seu quinhão hereditário a seus sucessores, que especificamente nesta disposição do código são seus descendentes.
Sendo o indigno o único da sua classe, defere-se a sucessão aos da seguinte; se não o for, aos coerdeiros, da sua classe, pelo direito de acrescer, ressalvado, contudo, aos seus descendentes herdar por estirpe ou representação.
b) Os efeitos da sentença retroagem à data da abertura da sucessão, por uma ficção legal, onde este é obrigado a restituir os frutos e rendimentos que dos da herança houver percebido, mas tem direito a ser indenizado das benfeitorias com a conservação deles”.
c) O indigno não terá direito ao usufruto e administração dos bens que passem aos filhos menores, assim dispõe o art. 1816 do Código Civil que “o excluído da sucessão não terá direito ao usufruto ou à administração dos bens que a seus sucessores couberem na herança, nem à sucessão eventual desses bens”. Essa é uma disposição de decorrência óbvia, onde não teria sentido deixar sob administração do indigno bens herdados por seus descendentes, pois este estaria tirando proveito dos bens dos quais não teve direito de herdar. Além de que o indigno não pudera receber estes bens em uma eventual sucessão.
6.7 Validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente
Preceitua o art. 1.817, caput, do Código Civil: “São válidas as alienações onerosas de bens hereditários a terceiros de boa-fé, e os atos de administração legalmente praticados pelo herdeiro, antes da sentença de exclusão; mas aos herdeiros subsiste, quando prejudicados, o direito de demandar-lhe perdas e danos”
A regra decorre da necessidade de privilegiar a boa-fé daquele que, vendo no ingrato um herdeiro, presume que a aquisição que efetivar lhe será definitiva e válida. Na proteção da boa-fé, o legislador acaba atribuindo efeitos à aparência. A validade dos atos praticados pelo herdeiro aparente só é reconhecida se se tratar de negócio a título oneroso, como expressamente mencionado no dispositivo em apreço, e na hipótese de os adquirentes estarem de boa-fé. Não se pode exigir que estes tenham conhecimento da indignidade. Mas, se dela tiverem ciência e, ainda assim, efetuarem a aquisição onerosa, terão de devolver o bem à herança, para ulterior sobrepartilha.
Para ZENO VELOSO, herdeiro aparente é “o que se encontra na posse de bens hereditários como se fosse legítimo sucessor do de cujus, assumindo posição notória, ostensiva, sendo por todos considerado, por força de erro comum ou geral, como verdadeiro herdeiro” 230 .
O art. 1.828, por sua vez, estabelece que “o herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a pagar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu”. A justificativa para o preceito encontra-se no fato de que, ao pagar o legado, de boa-fé, o herdeiro aparente está cumprindo disposição de última vontade do autor da herança, de modo que contra ele nada tem o verdadeiro sucessor, que poderá, contudo, voltar-se contra o legatário. Caberá, desse modo, ao verdadeiro herdeiro, a tarefa de reagir contra o legatário, para a restituição daquilo que ele indevidamente recebeu.
7 Herança Jacente e Da Herança Vacante 
Quando se faz a abertura da sucessão, identificando a inexistência de testamento ou de qualquer herdeiro, diz-se que a herança é jacente (CC, art. 1819).
A doutrina em geral considera jacente a herança quando não há herdeiro certo e determinado, ou se não sabe da existência dele, ou quando a herança é repudiada. O Código Civil de 2002, inovando, considera a herança vacante desde logo, no caso de repúdio por parte de todos os chamados a suceder, proclamando: “ Quando todos os chamados a suceder renunciarem à herança, será esta desde logo declarada vacante” (art. 1.823). Nesse caso, não há a fase da jacência.
A jacência não se confunde com vacância, sendo que a jacência antecede a vacância, sendo a herança jaz quando não se apresentam herdeiros para reclama-la,sendo vacante quando após as diligências legais, a herança é declarada vacante, sendo que neste meio tempo o Estado preserva o patrimônio deixado, para que o mesmo não pereça.
7.1 Natureza jurídica de herança jacente
A herança jacente não tem personalidade jurídica nem é patrimônio autônomo sem sujeito, dada a força retro-operante que se insere à eventual aceitação da herança. Na verdade está herança é fiscalizada por um autoridade judiciaria, até que se habilitem os herdeiros.
Releva salientar que a herança jacente distingue-se do espólio, malgrado tenham em comum a ausência de personalidade. No espólio, os herdeiros legítimos ou testamentários são conhecidos.
7.2 Hipóteses de jacência
Dispõe o art. 1.819 do Código Civil: “Falecendo alguém sem deixar testamento nem herdeiro legítimo notoriamente conhecido, os bens da herança, depois de arrecadados, ficarão sob a guarda e administração de um curador, até a sua entrega ao sucessor devidamente habilitado ou à declaração de sua vacância”.
A jacência acontecera quando não houver testamento ou herdeiros conhecidos, sendo possível a jacência pela renúncia por parte dos herdeiros ou legatário, não sobrando mais ninguém para ficar com a herança.
Herdeiros notoriamente conhecidos são os presentes no lugar em que se abre a sucessão, que podem ser facilmente localizados por serem conhecidos de todos.
A ponta a doutrina outros casos de jacência, que podem configurar-se por não se encontrar o herdeiro ainda em condições de se tornar titular do patrimônio que se lhe deseja transferir. Um deles, não raro, verifica-se quando se espera o nascimento de um herdeiro. Pode suceder, por exemplo, de o testador nomear, como herdeiro universal, o filho já concebido e ainda não nascido de determinada pessoa. Com o falecimento do testador, a herança é arrecadada como jacente, aguardando-se o nascimento com vida do beneficiário. Admite-se nesse caso que seja retirado do acervo, ou de sua renda, o necessário para a manutenção da mãe do nascituro, se ela não tiver meios próprios de subsistência 238 . Outro caso de jacência verifica-se enquanto se aguarda a formação ou constituição da pessoa jurídica, a que se atribuíram os bens. Do mesmo modo, se se tratar de instituição de herdeiro sob condição suspensiva,enquanto pender a condição 239 . Preceitua o art. 28, § 2º , do Código Civil que, “não comparecendo herdeiro ou interessado para requerer o inventário até trinta dias depois de passar em julgado a sentença que mandar abrir a sucessão provisória, proceder-se-á à arrecadação dos bens do ausente pela forma estabelecida nos arts. 1.819 a 1.823”
7.3 Conceito de vacância da herança 
Segundo o art. 1.820 do Código Civil: “Praticadas as diligências de arrecadação e ultimado o inventário, serão expedidos editais na forma da lei processual, e, decorrido um ano de sua primeira publicação, sem que haja herdeiro habilitado, ou penda habilitação, será a herança declarada vacante”.
Não havendo herdeiro aparente o juiz promovera a arrecadação dos bens, para que os mesmo não se deteriorem, e consequentemente percam seu valor, sendo a herança declarada vacante, serão publicados editais, com o prazo de seis meses, contado da primeira publicação, reproduzidos três vezes, com o intervalo de 30 dias, para que venham a habilitar-se os sucessores, conforme disposição do art. 741 do CPC. Passado um ano da primeira publicação e não havendo herdeiro habilitada nem habilitação pendente, a herança será declarada vacante, assim afirma o art.. 743 do CPC e art. 1280 do CC)
Quando a herança é declarada vacante, o estado de jacência se encerra, e está em regra permanece vacante, até que se incorpore ao Poder Público.
A herança, como já referido, é considerada jacente quando não há herdeiro certo, ou não se sabe de sua existência; e vacante, quando é devolvida ao Município, por ter-se verificado, depois de praticadas todas as diligências, não haver herdeiro. Segundo SILVIO RODRIGUES, “herança vacante é a que não foi disputada, com êxito, por qualquer herdeiro e que, judicialmente, foi proclamada de ninguém”.
7.4 Efeitos da declaração de vacância 
Prescreve o art. 1.822 do Código Civil:“A declaração de vacância da herança não prejudicará os herdeiros que legalmente se habilitarem; mas, decorridos cinco anos da abertura da sucessão, os bens arrecadados passarão ao domínio do Município ou do Distrito Federal, se localizados nas respectivas circunscrições, incorporandose ao domínio da União quando situados em território federal. Parágrafo único. Não se habilitando até a declaração de vacância, os colaterais ficarão excluídos da sucessão”.
A sentença que converte a herança jacente em herança vacante promove a transferência dos bens, ainda que resolúvel, para o Poder Público. O curador é obrigado a entregá-los, quando se complete um ano da primeira publicação dos editais (CC, art. 1.820), mas o prazo de aquisição definitiva não se conta desse fato, senão da abertura da sucessão. A declaração de vacância não impede que herdeiro sucessível reivindique a herança, enquanto não decorrido o prazo de cinco anos contado da abertura da sucessão, a menos que seja colateral e não se tenha habilitado até a declaração de vacância.
Estatui o art. 743, § 2º , do Código de Processo Civil de 2015 que, “transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, o companheiro, os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta”. Mas o Código Civil veda a reivindicação do colateral depois de declarada a vacância.
O Superior Tribunal de Justiça tem admitido a aquisição por usucapião de herança jacente, se não houve declaração de vacância, já que após a vacância, o patrimônio está sob administração do poder público, sendo que após o decorrer dos cincos anos da abertura da sucessão, o patrimônio é incorporado ao poder público.
Não se confundem bens vacantes com coisas ou bens vagos. Estes constituem coisa alheia perdida, que deve ser devolvida ao dono por quem a encontrar.

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