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REFORMA DO SECTOR PÚBLICO

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Prévia do material em texto

MANUAL DA REFORMA 
DO SECTOR PÚBLICO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Universidade Católica de Moçambique 
Centro de Ensino á Distância 
 
 
 
 
 
 
Direitos de autor (copyright) 
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique (UCM), 
Centro de Ensino à Distância (CED) e contêm reservados todos os direitos. É 
proibida a duplicação e/ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, 
sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, 
fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade 
Católica de Moçambique – Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento 
desta advertência é passível a processos judiciais. 
 
Autoria de: FERNANDO GIL NOÉ 
Administrador Civil, 
Diplomado pela Universidade de Poitiers 
Consultor na Área de Formação em Administração Pública, Governação Local e 
Autárquica 
e colaborador do Sistema de Formação em Administração Pública e Autárquica 
(SIFAP) 
 
 
Revisão de: JOÃO GERAL PATRÍCIO 
Licenciado em Ciências Sociais pela Univercidade Técnica de Lisboa 
Mestrado em Ciências Politicas: Relações Internacionais e Governação 
Consultor na Área de Formação em Administração Pública, Governação Local e 
Autárquica 
 
 
Universidade Católica de Moçambique (UCM) 
Centro de Ensino à Distância (CED) 
Rua Correia de Brito No 613 – Ponta-Gêa 
Beira – Sofala 
 
Telefone: 23 32 64 05 
 
Cell: 82 50 18 440 
Moçambique 
 
Fax: 23 32 64 06 
E-mail: ced@ucm.ac.mz 
Website: www.ucm.ac.mz 
 
 
 
Agradecimentos 
 
A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o 
autor do presente manual, agradecem a colaboração dos seguintes 
indivíduos. 
Pela contribuição do conteúdo: a Drª Augusta Amaral 
 
Prólogo 
Este trabalho, constitui uma recolha de elementos, fruto de acções de assessoria aos 
Órgãos e instituições locais da Administração do Estado e de consultoria na área de 
formação em Administração Pública, esperando que venha a ser um valioso 
instrumento de consulta, de preparação e de esclarecimento de dúvidas aos seus 
destinatários ou utilizadores. 
Justo é, que o dedique aos meus filhos, aos com que actualmente privo mais amiúde 
e me apoiam incondicionalmente, aos meus antigos Mestres da Universidade de 
Poitiers e ainda aos estudantes para que este trabalho lhes sirva, efectivamente, de 
proveito estudantil e profissional. 
Admito a possibilidade de existir nele algumas lacunas, falta de alguns dados 
complementares nos temas e alguns estrangeirismos derivados, talvez, da tradução 
imperfeita dos pensamentos e línguas brasileira e francesa, o que corrigirei, numa 
próxima revisão, para nova edição. 
Lembro e sublinho que este trabalho não esgota as matérias nele retratadas, ele 
constitui uma porta aberta para os estudantes, do curso universitário à distância, 
 
 
entrarem em contacto com a ideia da Reforma e Modernização Administrativa do 
Sector Público, aos quais se exige uma preparação mais aprofundada e cuidada. 
 Tal facto foi determinante na escolha do título do manual, título sobre o qual o autor 
admite ser questionável dada a interdisciplinaridade dos temas apresentados no 
trabalho, mas bastante sugestivos aos olhos do grupo utilizador destinatário. 
 
 
 Fernando Gil NOÉ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Universidade Católica de Moçambique i 
 
Índice 
Visão geral 1 
Benvindo a Inserir título do curso/Módulo aqui Inserir sub-título aqui ........................... 1 
Objectivos do curso ....................................................................................................... 3 
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 4 
Como está estruturado este módulo................................................................................ 4 
Ícones de actividade ...................................................................................................... 5 
Acerca dos ícones ........................................................................................ 5 
Habilidades de estudo .................................................................................................... 5 
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 5 
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 5 
Avaliação ...................................................................................................................... 6 
Unidade Inserir aqui no. da unidade 6 
Inserir aqui o título da unidade .................................................................................... 91 
Introdução ............................................................ Erro! Marcador não definido. 
Sumário ......................................................................... Erro! Marcador não definido. 
Exercícios...................................................................... Erro! Marcador não definido. 
 
 Universidade Católica de Moçambique 1 
 
Visão geral 
Benvindo a Reforma doSsector 
Público 
 Apresentação 
Não foi fácil pensar em começar a escrever algo cuja 
base motivacional seria diversificada: a convicção da 
capacidade que me atribuo a mim mesmo, qualidade 
de trabalho acima da média, a alegria de introduzir um 
autor promissor, a satisfação do cumprimento da 
missão de, assessor, consultor, professor, facilitador e 
orientador, a identificação com a linha de pesquisa 
escolhida, a postura metodológica e a satisfação da 
Universidade Católica de Moçambique, os seus 
estudantes e tutores de Ensino à Distância. Mas 
decorrente das inúmeras dificuldades da nossa 
sociedade, também seria difícil que todos os factores 
escolhidos se conjuguem, como ora pretendo. 
O autor deste trabalho, Fernando Gil Noé, ”est un 
Maître en Administration Publique”, formado pela 
Universidade de Poitiers. na França, pretende que este 
seu trabalho seja uma empreitada bem séria e 
dedicada, uma profunda pesquisa e actualizada, uma 
colocação rigorosamente científica e técnica, um 
pensamento límpido e coerente, uma linguagem clara e 
impecável. 
Este manual tem como referência a história de vida de 
pessoas que, ao longo de uma série de encontros, 
tiveram a oportunidade de compartilhar suas 
 Universidade Católica de Moçambique 2 
 
experiências na área de assessoria e consultoria. De 
um lado, as que, dia-a-dia, estão envolvidas com uma 
nobre e de fundamental importância tarefa: liderar e 
implementar a Estratégia Global da Reforma do Sector 
Público, o Programa da Reforma do Sector Público – 
Fase II e Estratégia Anti-corrupção, no Sector Público 
moçambicano. De outro lado, o grupo de parceiros da 
cooperação estrangeira no financiamento das políticas 
públicas do Governo da República de Moçambique. 
Em função do carácter dinâmico da experiência 
educacional, o manual tem a perspectiva de referência 
e não a de receita. Esta postura sinaliza o respeito às 
especificidades da matéria nele retratada. 
É expectativa do autor que este manual seja uma 
referência rica e dinâmica, assim como vivo e 
transformador foi o processo da sua concepção. 
A publicação foi estruturada em cinco dossiers, sendo 
que os dois primeiros descrevem os conceitos e de 
referência sobre o Estado, as Organizações e 
Administração Pública. 
O terceiro dossier aborda os aspectos relacionados com 
a Reforma do Sector Público em si. 
O quarto retrata as reformas moçambicanas. 
No quinto dossier se fala de uma perspectiva para 
reforma do sector público. 
No sexto são apresentados aspectos sobre a boa 
governação e corrupção política. 
O sétimo trata da Sociedade Civil. 
E, finalmente, uma breve conclusão. 
 UniversidadeCatólica de Moçambique 3 
Tenho consciência das dificuldades a serem 
enfrentadas pelos utilizadores na localização da 
bibliografia usada, pelo autor, para os necessários 
aprofundamentos dos temas. Contudo, espero que os 
conteúdos organizados neste material, possam 
contribuir para o estudo e debates sobre a figura da 
Reforma do Sector Público, em particular a do Sector 
Público moçambicano. 
 
 Fernando Gil NOÉ 
 
 
 
Objectivos do curso 
 
Ao terminar o estudo do Módulo da Reforma do Sector Público espera-se 
que os formandos sejam capazes de: 
1. Perceber que o Estado, como uma organização, não existe 
em si ou por si, que tem fins e objectivos próprios a 
alcançar e um importante papel sobre a Sociedade; 
2. Estabelecer relações entre organizações burocráticas e 
Administração Pública; 
3. Identificar e analisar criticamente os problemas 
administrativos contemporâneos; 
4. Analisar o papel do Estado no mundo contemporâneo; 
5. Conhecer as reformas moçambicanas 
6. Usar o conhecimento para identificar e analisar os grandes 
desafios do Sector Público; 
7. Usar o conhecimento adquirido para influenciar mudanças 
no Sector Público, com vista à sua transformação e 
modernização; 
8. Fundamentar as suas opiniões sobre a importância das 
acções de simplificação de processos e procedimentos que 
 Universidade Católica de Moçambique 4 
 
imperam a celeridade no tratamento de assuntos nas 
instituições do Sector Público; 
9. Perceber a importância dos instrumentos da gestão do 
atendimento e de avaliação da satisfação dos clientes do 
Sector Público; 
10. Reconhecer a influência negativa da corrupção sobre a boa 
governação; 
11. Perceber a importância do envolvimento da Sociedade Civil 
na gestão dos assuntos públicos. 
 
 
 
 
 
 
 
Quem deveria estudar este 
módulo 
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que com nível médio de 
escolaridade, no subsistema de Ensino Secundário Geral (ESG) na 
subdivisão que contem Matemática, ou que no subsistema do Ensino 
técnico profissional (instituto comercial), profficionais em exercício na 
administração, c 
Como está estruturado este 
módulo 
 
A publicação foi estruturada em cinco dossiers, sendo que os dois 
primeiros descrevem os conceitos e de referência sobre o Estado, as 
Organizações e Administração Pública. 
O terceiro dossier aborda os aspectos relacionados com a Reforma 
do Sector Público em si. 
O quarto retrata as reformas moçambicanas. 
No quinto dossier se fala de uma perspectiva para reforma do 
sector público. 
No sexto são apresentados aspectos sobre a boa governação e 
corrupção política. 
O sétimo trata da Sociedade Civil. 
E, finalmente, uma breve conclusão. 
 Universidade Católica de Moçambique 5 
 
 
Ícones de actividade 
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das 
folhas. Estes icones servem para identificar diferentes partes do processo 
de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de texto, uma 
nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc. 
Acerca dos ícones 
Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por 
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África 
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia. 
Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para 
efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas 
foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais). 
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada 
um com uma descrição do seu significado e da forma como nós 
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao 
longo deste curso / módulo. 
Clique aqui e seleccione Inserir elementos (imagem/tabela/nova unidade) 
da janela do Modelo para Ensino à Distância. Escolha ou Todos os ícones 
abstractos ou Todos os ícones adrinka da lista dada. 
Habilidades de estudo 
Inclua aqui alguns parágrafos curtos para aconselhar os alunos a planear o 
seu tempo, dê dicas sobre tomada de notas, como estudar à distância, etc. 
Precisa de apoio? 
Apresente aqui pormenores do sistemas de apoio ao aluno: quem devem 
contactar em caso de precisarem de apoio em relação a vários tipos de 
problemas. 
Tarefas (avaliação e auto-
avaliação) 
Apresente aqui pormenores sobre as tarefas que o aluno terá de realizar. 
Por ex.: Como devem ser entregues as tarefas, a quem. Inclua também 
questões relacionadas com: utilização de materiais de pesquisa, regras de 
direitos de autor, plagiarismo, etc. 
 Universidade Católica de Moçambique 6 
Avaliação 
Apresente aqui os pormenores sobre as regras e procedimentos para a 
avaliação. Por exemplo: em que condições se irá processar a avaliação. 
 
Dossier: 1 
 
Unidade 1 
INTRODUÇÃO GERAL E PONTOS 
DE PARTIDA 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Definir o conceito do Estado; 
 2. Perceber os fins e os objectivos do Estado e o seu papel sobre a 
Sociedade; 
 3. Entender a função administração do Estado; 
 4. Identificar e explicar as funções do Estado. 
 
 
 
 
 
 
1.Conceitos e notas sobre o Estado 
 
O Estado é uma comunidade política independente, organizada de 
forma permanente sobre um determinado território, criador 
exclusivo do Direito (só o Estado pode ser legislador), 
administração pública da imposição da lei e da ordem (só o Estado 
 Universidade Católica de Moçambique 7 
 
é polícia e juiz) e da promoção da defesa armada (só o Estado pode 
fazer a guerra e a paz), com vista à realização do bem-estar social 
dos seus cidadãos. 
 
O Estado como uma organização não existe em si ou por si: 
 Existe para resolver os problemas da sociedade, 
quotidianamente; 
 Existe para garantir a segurança, fazer justiça, 
promover a comunicação entre os homens, dar-lhes 
a paz e bem-estar e progresso. É um poder de 
decisão no momento presente, de escolher entre 
opções diversas, de praticar os actos pelos quais 
satisfaz pretensões generalizadas ou 
individualizadas das pessoas e dos grupos; 
 É autoridade e é um serviço; 
 É o dever de um Estado atender ao interesse 
público, satisfazendo o comando decorrente dos 
actos normativos. O cumprimento do comando 
legal, deverá decorrer da função exercida por pessoa 
jurídica de direito público. 
 
Para alcançar os seus fins e objectivos (veja, por exemplo, os 
Objectivos Fundamentais do Estado moçambicano, artigo 11º da 
sua Constituição), qualquer Estado moderno, isto é, o Estado 
Social e de Direito (Estado social, porque visa promover o 
desenvolvimento económico, o bem-estar, a justiça social; e Estado 
de Direito, porque não prescinde do legado liberal oitocentista em 
matéria de subordinação dos poderes públicos ao Direito e o 
esforço das garantias particulares frente á Administração Pública) 
deverá contar com uma Função Administrativa muito forte, o que 
 Universidade Católica de Moçambique 8 
 
pressupõe existência de um Serviço Geral do Estado também forte 
e moderno. 
 
O tal Serviço Geral do Estado é «Administração Pública». 
Função administrativa é uma das funções básicas do Estado (ou dos 
seus delegados). 
 
 A função administrativa é activa, pois em regra é 
independente de provocação do cidadão para ser exercitada; 
 É subordinada à lei, portanto, é uma actividade infra-legal; 
 A função administrativa é actividade infra-legal, activa, 
hierarquizada, de realização do interesse público; 
 A função administrativa é o modo ordinário de realização 
dos fins públicos do Estado, em termos concretos, mais 
próximo ao cidadão. 
 
Em termos práticos a função administrativa do Estado consiste no 
desenvolvimento de actividades de forma permanente e 
homogénea, para prossecução dos objectivos que lhe são 
constitucionalmente cometidos. 
 
É comum no seio dos especialistas em Administração Pública 
designar as actividades desenvolvidas peloEstado no quadro da sua 
função administrativa de Funções do Estado. 
 
As Funções do Estado podem ser agrupadas da seguinte maneira: 
o FUNÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO e 
o FUNÇÕES DE CARÁCTER NÃO JURÍDICO 
 Universidade Católica de Moçambique 9 
 
As Funções de carácter jurídico são as que estão ligadas a criação 
de Direito: 
 Função Constituinte (por vezes chamada Poder 
Constituinte) - faculdade de criar regras de Direito que 
representam a própria definição suprema e a organização do 
Estado-Colectividade, ou seja, faculdade de criar a 
Constituição. 
 
A esta função ou poder está intimamente ligado o poder de 
revisão constitucional, que consiste na possibilidade de 
alterar as regras constantes na Constituição em sentido 
material. 
 b) Função legislativa - corresponde a prática de actos 
provenientes dos órgãos constitucionalmente competentes e 
que revestem a forma externa de lei; 
 c) Função Executiva/ Governamental e Administrativa – 
que consiste na direcção, pelo Estado (através do Governo), 
dos interesses superiores da Nação nos domínios interno e 
externo; 
 d) Função judicial ou jurisdicional - consiste no julgamento 
de litígios, resultantes de conflitos de interesses privados, 
ou privados e públicos, bem como na violação da 
Constituição e das leis, através de Tribunais e da Polícia 
Ela se traduz na aplicação da lei, e do seu exercício nasce a 
Jurisprudência. 
 
As Funções de carácter não jurídico consistem na definição de 
macro-políticas e na escolha de melhores opções sociais e na 
produção de bens materiais e imateriais, sendo: 
 Universidade Católica de Moçambique 10 
 
 Função política – se traduz na definição e prossecução pelos 
órgãos do poder político dos interesses essenciais da 
colectividade, realizando, em cada momento, as opções para 
o efeito consideradas adequadas; 
 Função técnica – consiste na produção de bens e serviços 
destinados à satisfação de necessidades colectivas de 
carácter material e cultural. 
 
 Função técnica é exercida pela Administração Pública e 
corresponde à administração pública. 
Os Bens e Serviços Materiais e Imateriais se concentram 
essencialmente nos domínios que mais interessam a vida dos 
cidadãos: 
1. Manutenção da ordem pública, baseando-se na defesa de 
diversos fins e correspondendo, a tranquilidade, segurança e 
salubridade; 
2. Satisfação de outras necessidades de interesse geral ou 
colectivo, de carácter cultural e social, por ex: educação e 
ensino, cultura, investigação científica, intervenção nos 
domínio sociais (para melhorar a saúde pública ou para 
diminuir os efeitos negativos do desemprego, etc), nos 
sectores comercial e industrial ou no sector agrícola, nas 
obras públicas e habitação, etc. 
Exercícios 
 
 
 
1. Conceituar o Estado, apresentar e explicar as suas funções. 
 Universidade Católica de Moçambique 11 
 
2. Identificar os fins da existência do Estado e a maneira como 
pode alcançá-los. 
Respostas: 
1. Designam-se funções do Estado as actividades 
desenvolvidas pelo Estado no quadro da sua função 
administrativa, podendo ser agrupadas da seguinte maneira: 
o FUNÇÕES DE CARÁCTER JURÍDICO e 
o FUNÇÕES DE CARÁCTER NÃO JURÍDICO 
 
As Funções de carácter jurídico são as que estão ligadas a criação 
de Direito: 
 Função Constituinte (por vezes chamada Poder 
Constituinte) - faculdade de criar regras de Direito que 
representam a própria definição suprema e a organização do 
Estado-Colectividade, ou seja, faculdade de criar a 
Constituição. 
 
A esta função ou poder está intimamente ligado o poder de 
revisão constitucional, que consiste na possibilidade de 
alterar as regras constantes na Constituição em sentido 
material. 
 b) Função legislativa - corresponde a prática de actos 
provenientes dos órgãos constitucionalmente competentes e 
que revestem a forma externa de lei; 
 c) Função Executiva/ Governamental e Administrativa – 
que consiste na direcção, pelo Estado (através do Governo), 
dos interesses superiores da Nação nos domínios interno e 
externo; 
 d) Função judicial ou jurisdicional - consiste no julgamento 
de litígios, resultantes de conflitos de interesses privados, 
 Universidade Católica de Moçambique 12 
 
ou privados e públicos, bem como na violação da 
Constituição e das leis, através de Tribunais e da Polícia. 
 
Ela se traduz na aplicação da lei, e do seu exercício nasce a 
Jurisprudência. 
As Funções de carácter não jurídico consistem na definição de 
macro-políticas e na escolha de melhores opções sociais e na 
produção de bens materiais e imateriais, sendo: 
 Função política – se traduz na definição e prossecução pelos 
órgãos do poder político dos interesses essenciais da 
colectividade, realizando, em cada momento, as opções para 
o efeito consideradas adequadas; 
 Função técnica – consiste na produção de bens e serviços 
destinados à satisfação de necessidades colectivas de 
carácter material e cultural. 
 Função técnica é exercida pela Administração Pública e 
corresponde à administração pública. 
 
2. O Estado como uma organização não existe em si ou por si: 
 existe para resolver os problemas da sociedade, 
quotidianamente; 
 existe para garantir a segurança, fazer justiça, 
promover a comunicação entre os homens, dar-lhes 
a paz e bem-estar e progresso. É um poder de 
decisão no momento presente, de escolher entre 
opções diversas, de praticar os actos pelos quais 
satisfaz pretensões generalizadas ou 
individualizadas das pessoas e dos grupos; 
 É autoridade e é um serviço; 
 Universidade Católica de Moçambique 13 
 
 É o dever de um Estado atender ao interesse 
público, satisfazendo o comando decorrente dos 
actos normativos. O cumprimento do comando 
legal, deverá decorrer da função exercida por pessoa 
jurídica de direito público. 
Para alcançar os seus fins e objectivos qualquer Estado moderno 
deverá contar com uma Função Administrativa muito forte, o que 
pressupõe existência de um Sector Público também forte e 
moderno. 
 
Em suma, duplo é o fim do Estado: A) garantia da soberania 
externa, B) manutenção da paz interna. No primeiro caso o 
Estado é uma pessoa jurídica, defendendo seus interesses contra a 
intromissão estrangeira, contra a turbação de terceiros. No segundo 
caso, o Estado é uma instituição social, um aparelho de organização 
social para manter império da lei, o domínio do Direito, a boa 
administração da coisa pública, a distribuição da justiça, da riqueza, 
etc. 
Dossier: 2 
 
Unidade 2 
ORGANIZAÇÕES E 
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA – 
alguns conceitos de referência 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 Universidade Católica de Moçambique 14 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Conceituar a organização; 
 2. Identificar e distinguir as organizações. 
 
 
 
 
 
 
 
 
1..Organizações e Administração Pública – alguns 
conceitos de referência 
 
Não se trata propriamente de matéria desta cadeira. Todavia, 
entendo que os estudantes precisam de alguns conceitos referência 
para melhor compreender a figura da Reforma do Sector Público. 
 
1.1..As organizações burocráticas ou burocracias 
O termo “organização” tem várias acepções ou sentidos: pode 
designar um acto ou efeito de organizar, uma das funções de 
gestão, como pode referir-se à realidades sociais como operações 
de natureza múltipla, como um banco, uma indústria, uma escola, 
um hospital, um ministério, uma ONG, um sindicato, em clube, etc. 
É com este último significado que será tratado neste manual. 
Neste caso – organização é uma colectividade instituída com 
vista a alcançar objectivos previamente definidos, tais como 
produção e/ou distribuição de bens ou serviços, formação de 
pessoas, etc. 
Em sentido geral, organização é o modo como se organiza um 
sistema. É a forma escolhida para arranjar, dispor ou classificar 
objectos, documentos,e informações. 
Em Administração organização tem dois sentidos: 
 Universidade Católica de Moçambique 15 
 
 Grupo de indivíduos associados com um objectivo comum. 
Ex.: Empresas, associações, órgãos do Estado, do Governo, 
órgãos da Administração Pública ou Privada, ou seja, 
qualquer entidade pública ou privada. As organizações são 
compostas de estrutura física, tecnologia e pessoas; 
 Modo como foi estruturado, dividido e sequenciado o 
trabalho. 
 
Segundo Idalberto CHIAVENATO, in Recursos Humanos, 7ª 
edição compacta, “ a organização é um sistema de actividades 
conscientemente coordenadas de duas ou mais pessoas. E que a 
cooperação entre elas é essencial para a existência da 
organização...” 
Existem vários tipos e tamanhos de organizações 
 Sociais, políticas, etc.; 
 Nacionais; 
 Internacionais; 
 Infra-estatais; 
 Supra-estatais; 
 Simples; 
 Complexas. 
 Etc. 
 
Mais 
o Organização – Duas ou mais pessoas trabalhando juntas de 
modo estruturado para alcançar um objectivo específico ou 
um conjunto de objectivos; 
 
o Organização é uma colectividade instituída com vista a 
objectivos definidos, tais como a produção e/ou a 
distribuição de bens ou serviços, a formação de pessoas. 
 Universidade Católica de Moçambique 16 
 
 
O estudo das organizações passou a constituir campos específicos 
de conhecimento, em virtude da complexidade e diversidade de 
problemas e conflitos criados pela burocracia, que é o modo de 
estrutura e funcionamento da quase totalidade das organizações. É 
assim que surgiram a Teoria da Administração, a Sociologia das 
Organizações, a Psicologia Organizacional, a Formação e 
Desenvolvimento de Recursos Humanos, entre outras. Os 
objectivos dessas áreas de conhecimento não é apenas o estudo das 
organizações, numa perspectiva analítica, que permita a 
compreensão dos fenómenos que nelas decorrem, mas também 
contribuir para o aperfeiçoamento da sua operacionalização e 
funcionamento, de forma a assegurar o alcance da sua eficiência, 
eficácia e efectividade. 
 
O sociólogo alemão Max Weber é até hoje reconhecido como um 
dos mais importantes estudiosos das organizações burocráticas, ou 
simplesmente burocracias. Ele demonstrou que as diferentes 
organizações sociais, desde do Estado até a uma ONG com 
vocação de salvaguardar os direitos da criança, por exemplo, 
possuem em comum o sistema de administração que tende à 
racionalidade integral e têm as seguintes características: 
i. São colectividades instituídas para administrar e 
racionalizar o trabalho de um grupo de pessoas em 
direcção a objectivos definidos e que pode estar 
relacionados à produção e/ou distribuição de bens ou de 
serviços; 
ii. São estruturas de poder, em que as relações entre as 
pessoas são definidas a partir de uma rede de mando e de 
subordinação, que reflecte a desigual distribuição de 
poder existente; 
 Universidade Católica de Moçambique 17 
 
iii. Reflectem a crença na justiça dos instrumento legais, que 
determinam a autoridade dos diferentes cargos e os 
mecanismos de acesso aos postos de maior poder ou 
responsabilidade. 
 
As organizações burocráticas ou burocracias constituem, portanto, 
uma estrutura social, na qual a direcção das actividades colectivas é 
exercida por um aparelho impessoal, hierarquicamente organizado, 
que deve agir segundo critérios e métodos racionais. Nelas as 
decisões são tomadas por um corpo de dirigentes ou gestores, que 
orientam a sua direcção, utilizando um conjunto de regras e normas 
racionais, formalmente definidas e reconhecidas, para dar 
legitimidade à sua acção. 
 
Como se pode facilmente compreender, a forma de estruturação do 
poder, as regras e normas que orientam o seu funcionamento, os 
actos administrativos, os modelos de exercício de gestão adoptados 
e todos os componentes que fazem a parte da vida organizacional 
não são instrumentos neutros: reflectem e reproduzem as formas de 
dominação e estrutura de poder vigente no sistema-organização e, 
as vezes, no ecossistema de que faz parte. 
 
Lembre-se 
Vulgarmente se chama “burocracia” as disfunções burocráticas, o 
disfuncionamento de uma burocracia, o burocratismo, ou seja os 
desvios ou as consequências imprevistos ou indesejáveis, gerados 
pelo modelo burocrático. 
 
 Universidade Católica de Moçambique 18 
 
 Exercícios 
 
EXERCÍCIOS: 
1. Apresentar o conceito de organização; 
2. Conceituar as organizações burocráticas e apresentar as 
características do seu sistema de administração. 
 
 
Respostas: 
1. Organização é uma colectividade instituída com vista a 
alcançar objectivos previamente definidos, tais como 
produção e/ou distribuição de bens ou serviços, formação 
de pessoas, etc. 
2. As organizações burocráticas são uma estrutura social, na 
qual a direcção das actividades colectivas é exercida por um 
aparelho impessoal, hierarquicamente organizado, que deve 
agir segundo critérios e métodos racionais. Nelas as 
decisões são tomadas por um corpo de dirigentes ou 
gestores, que orientam a sua direcção, utilizando um 
conjunto de regras e normas racionais, formalmente 
definidas e reconhecidas, para dar legitimidade à sua acção. 
Elas possuem, em comum, o sistema de administração que 
tende à racionalidade integral e têm as seguintes 
características: 
i. São colectividades instituídas para administrar e 
racionalizar o trabalho de um grupo de pessoas em 
direcção a objectivos definidos e que pode estar 
relacionados à produção e/ou distribuição de bens ou de 
serviços; 
ii. São estruturas de poder, em que as relações entre as 
pessoas são definidas a partir de uma rede de mando e de 
 Universidade Católica de Moçambique 19 
subordinação, que reflecte a desigual distribuição de 
poder existente; 
iii. Reflectem a crença na justiça dos instrumento legais, que 
determinam a autoridade dos diferentes cargos e os 
mecanismos de acesso aos postos de maior poder ou 
responsabilidade. 
 
Unidade 3 
Características das organizações 
burocráticas 
Introdução 
Apresente aqui uma breve introdução ao conteúdo desta unidade / lição. 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Perceber e identificar as características das organizações 
burocráticas; 
 2. Identificar e analisar criticamente “disfunções burocráticas”. 
 
 
 
1..Características das Organizações Burocráticas 
 
As burocracias modernas têm como traços mais marcantes: 
 A fonte da sua legitimidade reside num poder raciona-legal; 
nelas, a autoridade deriva de normas legais escritas, em vez 
de decorrer de tradições de qualquer natureza; 
 As atribuições dos seus funcionários são fixadas 
oficialmente, mediantes leis, regulamentos ou outros 
dispositivos formais/administrativos; 
 Universidade Católica de Moçambique 20 
 
 Uma hierarquia de funções integradas, num sistema de 
mando, de tal modo que, em todos os níveis, essa hierarquia 
toma a forma de uma pirâmide; 
 Existe, nelas, também, uma divisão horizontal de trabalho, 
pela qual, através de cargos, as actividades são distribuídas 
de forma impessoal, ou seja, independentemente das 
pessoas que vão realizá-las, o critério dessa distribuição é 
dado pelos objectivos que a organização deve atingir; 
 A administração/gestão das burocracias modernas é 
formalmente planificada e organizada; a actividade 
administrativa se realiza mediante documentos escritos, por 
vezes extremamente detalhados; 
 Nelas o exercício funcional do trabalho pressupõe algum 
tipo de pirâmide profissional. 
 Elas são dirigidas por administradores civis com as 
seguintes características: 
i. Têm alguma especialidade; 
ii. Têm como única (ou principal) actividade o 
exercício do seu cargo; 
iii. Não são possuidores dos meios de administração e 
produção (são apenas funcionários; 
iv. Identificam-se com a organização de forma 
impessoal e sãoremunerados em dinheiro; 
v. São nomeados por superiores hierárquicos, com 
mandato definido; 
vi. Segue uma carreira, tendo direito, no final desta, os 
benefícios da aposentação ou da reforma. 
Apesar de toda a racionalidade do modelo burocrático, ele 
apresenta um conjunto de desvios e anomalias, a que denominou 
“disfunções burocráticas”, que levam à sua ineficiência e à 
ineficácia. Podem-se destacar, entre elas: 
 Universidade Católica de Moçambique 21 
 
- Despersonalização do relacionamento entre os 
participantes – trata-se de uma maneira formalizada, 
levando em conta o cargo que cada um ocupa; 
- Forte internalização de directrizes, regulamentos e normas, 
concebidos inicialmente para favorecer o alcance dos 
objectivos organizacionais, que logo que entrarem em 
vigor, adquirem valor próprio e absoluto, deixando de ser 
meios para se transformarem em objectivos; 
- O funcionário que possui categoria hierárquica mais 
elevada tem a prerrogativa do processo decisório, 
independentemente da sua competência profissional sobre 
a matéria ou o assunto a ser decidido; 
- Excesso de formalismo e de “papelório”: forte tendência de 
documentar e formalizar todas as comunicações, a ponto de 
prejudicar o processamento dos trabalhos de organização; 
- Exibição de sinais de autoridade: como a hierarquia, como 
meio de controle do desempenho dos participantes, é muito 
valorizada, surge a necessidade de utilização de sinais ou 
símbolos que destaquem a autoridade e o poder; 
- Super conformidade em relação às regras e regulamentos, 
que passam a adquirir fundamental importância para o 
funcionário; 
- Resistência à mudança e tendência dos participantes a se 
defenderem de pressões (internas e/ou externas), para a 
modernização, percebidas como ameaça às posições que 
desfrutam e à estabilidade adquirida. 
Exercícios 
 
 
EXERCÍCIOS: 
 Universidade Católica de Moçambique 22 
1. Com base nos assuntos abordados nesta unidade e da sua 
experiência profissional indique algumas características 
que, até agora, vinham influenciando vossa prática como 
servidores públicos. 
2. Faça, agora, a sua lista pessoal de disfunções burocráticas 
que ocorrem na sua organização. 
Unidade 4 
Especificidades da Administração 
Pública 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Entender as especificidades da Administração Pública; 
 2. Identificar e distinguir as três categorias da Administração 
do Estado. 
 
 
1..Especificidades da Administração Pública 
 
A Administração Pública, além das características comuns a 
qualquer organização burocrática, anteriormente indicadas, tem 
suas especificidades, grande parte delas determinadas por 
variáveis de Sociedade de que faz parte e do Governo que a 
dirige. 
Os membros de uma Sociedade tendem a ter diferentes 
interesses e valores, de acordo com o grupo ou classe social a 
que pertencem, profissão que exercem, ou ainda, de acordo com 
os factores que marcam as origens ou experiência de vida de 
 Universidade Católica de Moçambique 23 
 
cada indivíduo. Esses valores se expressam, em geral, através 
das associações, sindicatos, grupos de pressão, partidos 
políticos, etc. 
O Governo, entidade formada pelo conjunto de poderes e 
órgãos constitucionais, responsável pela condução política dos 
negócios públicos e privados do Estado, tem como ponto de 
partida para a sua acção, alguns interesses e valores 
organizados, ou mesmo a resultante da interacção entre os 
diversos agrupamentos. 
É próprio do Governo ter determinados interesses e valores, 
conforme o contexto social, nos diferentes momentos 
históricos. 
Por outro lado, os governantes vinculam-se necessariamente a 
algum partido político e têm, portanto, o compromisso de 
implementar as directrizes contidas no seu programa. Essa 
vinculação partidária, bem como os instrumentos do poder de 
que se dispõem, contribuem para que se defina a acção do 
Governo como uma acção política (nunca poderá ser neutra, 
pois não poderá atender e satisfazer indistintamente a todos os 
sectores e interesses dos grupos que constituem a Sociedade). 
A Administração Pública vem a ser o sistema, ou macro-
organização, ou o conjunto dos órgãos oficiais, responsável 
pela concretização das acções do Governo; ela implementa e 
executa as decisões políticas por ele determinadas; é braço 
operacional dos actos governamentais, que a distingue das 
demais organizações da Sociedade e o confere o carácter de 
público. 
Assim, Governo e Administração Pública são entidades 
diferentes, mais indissociáveis e interdependentes. 
A Administração Pública varia no plano organizativo, segundo 
os modelos de governo, e conforme as características de cada 
país nos níveis económico, social e cultural. Actua, também de 
 Universidade Católica de Moçambique 24 
 
acordo com as formas e os limites estabelecidos pelo Direito 
Público. 
De modo geral, a Administração Pública abrange: 
 A Administração Directa centralizada, da qual fazem 
parte: o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder 
Judiciário. 
 
Lembre-se 
Poder ( do latim potere) é, literalmente, o direito de deliberar agir, 
e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de 
exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada 
circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força. 
 a possibilidade atribuída a alguém de eficazmente ou 
ineficazmente impor aos outros a respeito da própria 
conduta ou traçar a conduta alheia. 
 Numa outra formulação – poder é capacidade de influenciar 
ideias, comportamentos, atitudes de pessoas ou grupos 
através das várias formas – coerção, persuasão, recompensa, 
sanção, referência (respeito, admiração) e competência. 
Numa gestão participativa o tipo de poder que prepondera é o 
poder de competência, legitimado pelo reconhecimento do 
conhecimento e das capacidades do líder no desempenho 
eficiente e eficaz de seu papel. 
A política define o poder como a capacidade de impor algo sem 
alternativa para a desobediência. O poder político, quando 
reconhecido como legítimo e sancionado como executor da 
ordem estabelecida, coincide com autoridade, mas há poder 
político distinta com esta que até se lhe opõe, como acontece na 
revolução ou nas ditaduras. 
A Sociologia define o poder , geralmente, como a habilidade de 
impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem da 
 Universidade Católica de Moçambique 25 
 
sua maneira. Existem, dentro do contexto sociológico, diversos 
tipos de poder: o poder social, o poder económico, o poder militar, 
o poder político, o poder tradicional, entre outros. Foram 
importantes para o desenvolvimento da actual concepção de poder 
os trabalhos de Michel Foucault, Max Weber, Pierre Bourdieu. 
Dentre as principais teorias sociológicas relacionadas ao poder 
podemos destacar a teoria dos jogos, o feminismo, o machismo, o 
campo simbólico, o especismo, etc. 
 OS PRINCIPAIS PODERES DO ESTADO 
A. Poder Legislativo 
O Poder Legislativo é o poder de legislar, criar e sancionar as leis. 
No sistema de três poderes proposto por Montesquieu, o poder 
legislativo é representado pelos legisladores, homens que devem 
elaborar as leis que regulam o Estado. O poder legislativo na 
maioria das repúblicas e monarquias é constituído por um 
congresso, parlamento, assembleias ou câmaras. 
O objectivo do poder legislativo é elaborar as normas de direito de 
abrangência geral ou individual que são aplicadas a toda sociedade, 
objectivando a satisfação dos grupos de pressão; a administração 
pública; em causa própria e distender a sociedade. 
Em regimes ditatoriais o poder legislativo é exercido pelo próprio 
ditador ou por uma câmara legislativa nomeada por ele. 
Entre as funções elementares do poder legislativo está a de 
fiscalizar o poder executivo, votar leis orçamentárias, e, em 
situaçõesespecíficas, julgar determinadas pessoas, como o 
Presidente da República ou os próprios membros da assembleia. 
B. Poder Executivo 
O Poder Executivo é o poder do Estado que, nos moldes da 
Constituição de um país, possui a atribuição de governar o povo e 
administrar os interesses públicos, cumprindo fielmente as 
 Universidade Católica de Moçambique 26 
 
ordenações legais. 
O executivo pode assumir diferentes faces, conforme o local em 
que esteja instalado. 
No presidencialismo o líder do poder executivo, denominado 
Presidente é escolhido pelo povo para mandatos regulares 
acumulando a função de chefe de Estado e de chefe de governo. 
No parlamentarismo o poder executivo depende do apoio directo 
ou indirecto do parlamento para ser constituído e para governar. 
Este apoio costuma ser expresso por meio de voto de confiança. 
Não há, neste sistema de governo, uma separação nítida entre os 
poderes Executivo e Legislativo, ao contrário do que acontece no 
Presidencialismo. 
No semipresidencialismo no qual o chefe de governo (geralmente 
com o título de primeiro-ministro) e o chefe de Estado (geralmente 
com o título de presidente) compartilham em alguma medida o 
poder executivo, participando ambos, do quotidiano da 
administração pública de um Estado. O Presidente cuida das 
relações exteriores, o Primeiro-Ministro das relações internas, sob 
observação do Presidente. 
C. Poder Judicial 
O Poder Judicial ou Poder Judiciário é um dos três poderes do 
Estado moderno na divisão preconizada por Montesquieu em sua 
teoria de separação dos poderes. 
É exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de 
julgar, de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo 
Poder Legislativo em determinado país. 
O suíço Benjamin Constant idealizou a existência de quatro 
poderes; ao lado do Poder Executivo, Poder Legislativo e Poder 
Judiciário, o poder moderador que seria responsável pelo 
equilíbrio entre os demais. Da forma como foi concebido, situa-
 Universidade Católica de Moçambique 27 
 
se hierarquicamente acima dos demais poderes do Estado. 
Esse poder seria pessoal e privativo do imperador, assessorado 
por um Conselho de Estado. 
Em termos do âmbito territorial do seu exercício, o poder do 
Estado pode ser Central ou Local. 
 Poder Central resulta da aspiração de um povo unido 
em torno de ideais mobilizadores comuns, tais como a 
nação e vontade de viver em colectividade. Esta 
tendência chama apelo ao regime centralizado ou ao 
globalismo. 
 Poder Local resulta da necessidade dos indivíduos de 
se exprimir no seio de estruturas de proximidade e de 
dimensões modestas directamente ligadas ao 
tratamento de certos assuntos ditos locais. Trata-se de 
uma situação acordada ao regime descentralizado e ao 
localismo. 
Portanto, é central o poder que emana de um órgão ou de um 
conjunto de órgãos investidos de atribuições, competências ou 
funções, conforme o tipo de órgão, com respeito a uma 
colectividade inteira, isto é, a todos os seus membros sem 
distinção, como o é o caso dos poderes exercidos pelos órgãos 
centrais. 
Inversamente, é poder local um poder que emana de um órgão 
investido de uma função ou competência para somente uma parte 
dos seus membros, por exemplo os poderes exercidos pelos órgãos 
autárquicos ou pelos órgãos locais do Estado. 
Princípio de Separação de Poderes 
Trata-se de um princípio preconizado por John Locke e celebrizado 
por Montesquieu, consistindo na dupla distinção: 
1) Distinção das funções do Estado; 
2) Distinção política dos órgãos que devem desempenhar ou 
 Universidade Católica de Moçambique 28 
 
exercer tais funções. Entende-se que para cada função deve 
existir um órgão próprio, diferente dos demais ou um 
órgãos próprios. 
O Princípio de Separação de Poderes teve a sua consagração 
efectiva no séc. XVIII, primeiro na Revolução americana e depois 
na Revolução francesa. 
O princípio se encontra traduzido nos planos do Direito 
Constitucional e do Direito Administrativo. 
 No plano do Direito Constitucional, o princípio visa retirar 
ao rei e aos seus ministros a função de legislar, deixando-os 
apenas com a função política e a função administrativa. E 
foi assim que se deu a separação entre o Executivo e o 
Legislativo; 
 No plano do Direito Administrativo, o princípio visa retirar 
à Administração Pública a função judicial e aos tribunais a 
função administrativa. Foi a separação entre a 
Administração Pública e a Justiça. 
 
Consequência directa do princípio 
1. Separação dos órgãos administrativo (executivo), 
legislativo e judicial, e a cada órgão com atribuições 
próprias; 
2. Aparecimento de incompatibilidades das 
magistraturas; 
3. Independência recíproca da Administração e da 
Justiça, etc. 
Em Moçambique a Constituição consagra o princípio de separação 
de poderes e interdependência ( artº 134º ). 
 
 
 Universidade Católica de Moçambique 29 
 
 A Administração descentralizada, composta por órgãos 
e unidades componentes, com personalidade jurídica de 
Direito Público e com autonomia administrativa e 
financeira, como as autarquias locais e institutos; 
 
 A Administração Indirecta, integrada por instituições e 
organizações com personalidade jurídica de Direito 
Privado que actuam por concessão da Administração 
Pública, como as Empresas Públicas. 
 
 
Lembre-se 
 
1. No Direito Administrativo e na Administração Pública a 
autarquia administrativa ou local é uma entidade da 
Administração Descentralizada do Estado; 
2. Administração Indirecta do Estado é conjunta de pessoas 
administrativas que, vinculadas à Administração Directa do 
Estado, têm objectivo de desempenhar actividades 
administrativas de forma descentralizada; 
3. Quando o Estado cria pessoas administrativas o seu 
objectivo é a execução de algumas tarefas do seu interesse 
por outras pessoas jurídicas; 
4. Isto é, quando não pretende executar certa actividade 
através de seus próprios órgãos (Administração Directa do 
Estado – SPA`s – Serviços Públicos Administrativos) o 
PODER PÚBLICO/ESTADO transfere a sua titularidade ou 
execução a outras entidades. 
5. Tal delegação quando é feita por contrato ou mero acto 
administrativo dá lugar ao aparecimento da figura de 
concessionário; 
6. Quando é lei que cria entidades administrativas, surge a 
 Universidade Católica de Moçambique 30 
 
Administração Descentralizada e Indirecta: autarquias 
locais e SPIC`s – Serviços Públicos Industriais e 
Comerciais; 
7. Algumas categorias de entidades administrativas (ligadas ao 
Estado) dotadas de personalidade jurídica própria: 
o Autarquias; 
o Empresas Públicas; 
o Sociedades de economia mista; 
o Fundações Públicas; 
o Institutos Públicos, Universidades, etc. 
 
 
 
 
Ao conjunto de todas essas organizações ou seja, à Administração 
Pública (também denominado por Aparelho do Estado), como 
braço executor do Governo, compete a gestão eficiente, eficaz e 
efectiva das políticas públicas em todos os sectores: saúde, 
educação cultura, economia, administração, agricultura, 
habitação, saneamento do meio, meio ambiente, etc. 
Exercícios 
 
 
EXERCÍCIOS: 
1. A Administração Pública pode variar segundo alguns 
factores. Comente. 
2. Indique os três tipos da Administração Pública. 
Respostas: 
 Universidade Católica de Moçambique 31 
 O comentário que pode fazer é de concordar com a 
afirmação. Pois, a Administração Pública varia no plano 
organizativo, segundo os modelos de governo, e 
conforme as características de cada país nos níveis 
económico, social e cultural. E, actua também de acordo 
com as formas e os limites estabelecidos pelo Direito 
Público. 
 Os três tipos de Administração Pública são: 
 A Administração Directa centralizada, da qual fazem 
parte: o Poder Legislativo, o Poder Executivo e o Poder 
Judiciário; 
 
 A Administração descentralizada,composta por órgãos 
e unidades componentes, com personalidade jurídica de 
Direito Público e com autonomia administrativa e 
financeira, como as autarquias locais e institutos; 
 
 A Administração Indirecta, integrada por instituições e 
organizações com personalidade jurídica de Direito 
Privado que actuam por concessão da Administração 
Pública, como as Empresas Públicas. 
Unidade 5 
Agentes Públicos Administrativos 
e Agentes Públicos Políticos 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 1. Identificar as duas categorias de pessoas que trabalham no 
Estado; 
 2. Diferenciar os agentes públicos administrativos dos agentes 
públicos políticos. 
 Universidade Católica de Moçambique 32 
 
 
 
 
 
 
1..Agentes Públicos Administrativos e Agentes Públicos 
Políticos 
 
O Estado exerce a sua Função Administrativa e desenvolve as suas 
actividades através: 
1. Da Administração Pública; 
2. De pessoas. 
O conjunto de pessoas que trabalham no Estado e/ou ao serviço 
deste ou da Colectividade se chama FUNÇÃO PÚBLICA. 
A Função Pública é a massa humana que trabalha no Estado e para 
o Estado, ou seja no interesse deste. 
Essa massa é constituída por: 
 Agentes Públicos Administrativos – Funcionários e Agentes 
do Estado; 
 Agentes Públicos Políticos – Políticos. 
a. Agentes Públicos Administrativos – Funcionários e 
Agentes do Estado 
 
A maioria das pessoas que trabalham na Administração Pública são 
funcionários ou agentes do Estado de carreira, exercendo as suas 
funções, independentemente de quem assume o Governo, são os 
agentes públicos administrativos ou funcionários 
administrativos. 
É funcionário todo aquele que é empregado de uma administração 
estatal. Sendo uma designação geral, engloba todos aqueles que 
 Universidade Católica de Moçambique 33 
 
mantêm vínculos de trabalho com entidades governamentais, 
integrados em cargos ou empregos das entidades político-
administrativas, bem como em suas respectivas autarquias, 
fundações, institutos, universidades, … de Direito Público, ou 
ainda, é uma definição a todo aquele que mantém um vínculo 
laboral com o Estado, e seu pagamento provém da arrecadação 
pública de impostos, sendo sua actividade chamada de "Típica de 
Estado", geralmente é originário de concurso público pois é 
defensor do sector público, que é diferente da actividade do 
Político, detentor de um mandato público, que está directamente 
ligado ao Governo e não necessariamente ao Estado de Direito, 
sendo sua atribuição a defesa do Estado de Direito, principalmente 
contra a Corrupção Política ou Governamental de um eleito, que 
costuma destruir o Estado (Historicamente); 
Pois um Estado corrompido demonstra geralmente que essa função, 
cargo ou serventia não funciona adequadamente. 
b. Agentes Públicos Políticos – Políticos 
Há, no entanto, outras pessoas que chegam ao poder e ao serviço do 
Estado (?) mediante mecanismos instituídos pelo sistema político. 
São os responsáveis pela ligação entre a definição e a 
implementação das acções do Governo. São os agentes públicos 
políticos. Cabe a eles a condução e a gestão estratégicas da 
Administração Pública e dos negócios do Estado em geral e, por 
consequência, a tomada das macro-decisões, a formulação das 
políticas públicas e das directrizes e o controlo da sua execução. 
São os dirigentes superiores do Estado: o presidente, os ministros, 
os secretários a todos os níveis e instituições, os governadores, os 
administradores de unidades territoriais. Eles estão no topo da 
pirâmide organizacional do Estado e têm a particularidade de ter 
alcançado o poder por intermédio de uma coalizão de forças 
políticas. Em geral cumprem um mandato de cinco anos e actuam 
no nível estratégico. 
 Universidade Católica de Moçambique 34 
 
Abaixo desse grupo, estão, como acima indico, os funcionários e 
agentes do Estado que actuam nas funções de implementação e 
execução administrativas, de acordo com a distribuição piramidal, 
própria das burocracias, actuando nos níveis táctico, técnico e 
operacional. 
Note 
 Governo 
Esta palavra pode, antes de mais, significar a acção de governar 
ou a maneira de governar. É neste sentido que Montesquieu 
distinguia várias formas do governo. 
Na linguagem mais corrente, o termo governo designa o órgão 
que governa. Tomado neste sentido, o termo cobre realidades 
diferentes, partindo de uma significação sem conteúdo jurídico 
preciso evocando de maneira vaga o conjunto de pessoas e de 
instituições que exercem o poder político e executivo, até aos 
sentidos técnicos apropriados aos diversos regimes políticos. 
Num regime presidencial do tipo americano, o governo é 
composto por chefe de Estado ( o Presidente) e os seus 
colaborares(Secretários e Sub-secretários). 
Em regime parlamentar, o termo tem um conteúdo delicado a 
precisar. 
No sentido constitucional estrito, o governo é um órgão colegial 
composto por Primeiro-Ministro, Ministros, Ministros-
Delegados ou Secretários de Estado. Neste regime (parlamentar) 
o chefe de Estado não faz parte do governo. 
Todavia, noutros regimes similares, o chefe de Estado preside o 
Conselho de Ministros, e neste sentido estima-se que ele 
participa no governo. 
Para além dessa abordagem global deve-se reter o seguinte: 
 Que o governo é um órgão de condução da política geral 
 Universidade Católica de Moçambique 35 
 
do Estado e órgão superior da Administração Pública. 
 É uma instituição complexa, variando de País para País 
ou de regime em regime, normalmente, fazendo parte 
dela os seguintes órgãos singulares: 
A. O chefe de Estado (o presidente), quando é 
igualmente chefe do governo (regime 
presidencialista); 
B. Primeiro-Ministro (como chefe do governo ou 
não e/ou chanceler); 
C. Os Ministros, Ministros-Delegados, Secretários 
e Sub-secretários de Estado; 
 É órgão encarregado da aplicação das leis e da direcção 
política do Estado. É braço executivo do Estado. 
O governo possui as seguintes competências: 
 Política, regulamentar (legislativa?) e administrativa. 
O governo é, portanto, instância máxima de administração 
executiva, geralmente reconhecida como a liderança de um 
Estado ou uma nação. Normalmente chama-se o governo ou 
gabinete ao conjunto dos dirigentes executivos do Estado, ou 
ministros ( por isso, também se chama Conselho de Ministros ). 
 
 
Governo da República de Moçambique – arts. 200º e 
seguintes – C.R. 
 Definição e composição: definição, composição, 
convocação e presidência; 
 Competência e responsabilidade (colectivas e 
individuais?): competências, do Primeiro-Ministro, 
relacionamento com Assembleia da República, 
responsabilidade e competências do Conselho de Ministros, 
responsabilidade política dos membros do CM, 
 Universidade Católica de Moçambique 36 
 
Solidariedade governamental, forma dos actos e imunidades. 
 
 
A forma ou regime do governo pode ser República ou 
Monarquia. 
A forma de governo é um conceito que se refere à maneira como 
se dá a instituição do poder na Sociedade e como se dá a relação 
entre governantes e governados. 
É a maneira como, num determinado Estado, o poder político 
está distribuído e é exercido. 
 
 
As formas do governo sobressaem quando é analisada a posição 
ou a participação do chefe de Estado neste órgão e, quando é 
analisado o seu funcionamento. 
Sistema do governo diz respeito ao modo como se relacionam os 
poderes ( Legislativo, Executivo e Judicial ). 
 
 
 
 
 
Exercícios 
EXERCÍCIO: 
 
“A Política é arte ou ciência da organização, direcção e 
governação/administração de Nações, Estados ou partes 
deste; 
 Universidade Católica de Moçambique 37 
 
Esta arte é aplicada nos negócios internos(Política Interna) 
e nos negócios externos (Política Externa). 
A política como forma de actividade ou de praxis humana,está estreitamente ligada ao do poder. 
O poder político é o poder do homem sobre outro homem 
descartado do exercício deste poder. 
O exercício da política deve alcançar pela acção dos 
políticos, em cada situação e em cada momento: 
 a satisfação das necessidades de carácter 
colectiva/ as prioridades das 
populações/cidadãos. 
 nas convulsões sociais - a unidade do Estado; 
 em de estabilidade interna e externa - o bem-estar; 
 em tempos de agressão ou de ditadura - a liberdade, os 
direito civis e políticos; 
 em tempo de dependência - a independência; 
O exercício da Política não se compadece com a exclusão e 
com corrupção; 
O seu correcto exercício política deve resultar em Boa 
Governação. 
A esfera política é da relação amigo – inimigo. 
A origem e o exercício da política é o antagonismo. 
Nas relações sociais e sua função se liga à actividade de associar e 
defender os amigos e desagregar e combater os inimigos. 
O exercício da política gera conflitos políticos nas relações entre as 
pessoas e entre grupos/partidos. 
Esses conflitos instigam os homens, os grupos, mas porque a 
democracia multipartidária o exige, as pessoas e os grupos 
antagónicos se agregam internamente, formando órgãos onde se 
confrontam entre si. Por exemplo uma assembleia. 
 Universidade Católica de Moçambique 38 
As crises políticas resultantes do mau relacionamento político 
sugerem uma reflexão sobre o problema da ética na Política. 
Nenhuma profissão é mais nobre do que a Política, porque quem a 
exerce assume responsabilidades que só são compatíveis com 
grandes qualidades morais e de competência. 
O exercício político só se justifica se o político tiver uma visão e 
um espírito republicanos, ou seja, se as suas acções, para além de 
procurar conquistar o poder, forem dirigidas na busca do bem 
público – do bem-estar dos cidadãos. 
Um político corrupto, ladrão ou que influência negativamente as 
decisões fragiliza e destrui as instituições do Estado, perpetua o 
subdesenvolvimento e a pobreza, influenciando de forma grave a 
vida dos cidadãos”. 
- Discutir e analisar, em grupos, os aspectos mais salientes 
apresentados no texto e encontrar uma perspectiva que 
possa tornar a Administração Pública uma organização 
constituída por equipas de alto desempenho, mesmo 
sabido que ela conta com o concurso de duas categorias 
de agentes, cujas directrizes de actuação nem sempre 
são os mesmos. 
o Apresentar uma síntese. 
Unidade 6 
Administração Pública nos Países 
em Desenvolvimento 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 - Analisar os desafios da Administração Pública nos países em via 
de desenvolvimento. 
 
 Universidade Católica de Moçambique 39 
 
 
 
 
1..Administração Pública nos Países em 
Desenvolvimento 
Nesses países, as políticas públicas são formuladas no 
sentido de superar enormes carências básicas, 
especialmente relacionadas às áreas sociais: na área 
de alimentação, da saúde, da educação, do trabalho. 
Um projecto político de desenvolvimento requer 
vontade política dos governantes, uma formulação 
cuidadosa e adequada das políticas públicas e a criação 
de uma Administração Pública eficiente, eficaz e efectiva, capaz 
de: 
• Perceber um cidadão como seu “cliente” e a própria razão 
da existência da organização; 
• Priorizar a relação com o cidadão, isto é, considerar sua 
participação no desenvolvimento dos trabalhos do Aparelho 
do Estado; 
• Contribuir para o aumento da produtividade; 
• Prestar serviços com qualidade; 
• Contar com espaços políticos para a gestão participativa; 
• Promover a desconcentração; 
• Promover a descentralização; 
• Ser transparente, o que se associa directamente com a 
democratização das informações. 
Em resumo, o grande desafio para a Administração Pública é 
desenvolver suas competências técnica e administrativa para, 
num amplo esforço, juntamente com a Sociedade (os cidadãos 
clientes) e Governo, contribuir para a democratização e o 
desenvolvimento da Sociedade em todos os níveis e aspectos. 
 Universidade Católica de Moçambique 40 
 
Lembre-se 
Fora de outras tantas ideias, opiniões e visões que possam 
existir, sugiro que a Política Pública seja entendida como 
uma “linha condutora e/ou directora, ou ainda uma 
tendência de uma acção colectiva que procura concretizar 
direitos sociais declarados e garantidos em leis. É 
mediante as políticas públicas que são distribuídos ou 
redistribuídos bens sociais, em resposta às demandas da 
Sociedade. Por isso, o direito que as fundamenta é direito 
colectivo e não individual”. (Pereira, citada por 
Degennszaij, 2000: 59). 
Ao se pensar em política pública torna-se necessária a 
compreensão do termo público e sua dimensão. Nesse 
sentido, Pereira destaca: 
O termo público, associado à política, não é uma 
referência exclusiva do Estado, como muitos pensam, 
mais sim a coisa pública, ou seja, de todos, sob a égide de 
uma mesma lei e o apoio de uma comunidade de 
interesses. Portanto, embora as políticas públicas sejam 
reguladas e frequentemente providas pelo Estado, elas 
também englobam preferências, escolhas e decisões 
privadas podendo (e devendo) ser controladas pelos 
cidadãos. A política pública expressa, assim, a conversão 
de decisões privadas em decisões e acções públicas, que 
afectam a todos. (Pereira, 1994). 
 
Exercícios 
EXERCÍCIO: 
Foi dito que o grande desafio para a Administração Pública é 
desenvolver suas competências técnica e administrativa para, num 
 Universidade Católica de Moçambique 41 
amplo esforço, juntamente com a Sociedade (os cidadãos clientes) 
e Governo, contribuir para a democratização e o desenvolvimento 
da Sociedade em todos os níveis e aspectos. 
Sendo você um futuro administrador civil, equipado com todas as 
ferramentas necessárias para o desempenho das suas funções, e, 
sabido que Moçambique é um país em via de desenvolvimento, 
apresentar um projecto de que possa desenvolver as competências 
técnica e administrativas da instituição onde trabalha. 
 
Unidade 7 
REFORMA DO SECTOR PÚBLICO 
E MODERNIZAÇÃO 
ADMINISTRATIVA 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Identificar os grandes problemas administrativos do mundo 
contemporâneo; 
 3. Discutir sobre o impacto dos problemas da Administração na 
vida do cidadão. 
 
 
1..Os Grandes Problemas Administrativos do Mundo 
Contemporâneo 
 
Largamente ligados ao crescimento de intervenções, tais (esses) 
problemas não param de se agravar, sobretudo nos países em via de 
desenvolvimento, entre eles Moçambique. O aumento contínuo de 
Agentes Públicos Administrativos (os Funcionários e agentes do 
Estado) e dos Agentes Públicos Políticos (os Políticos na 
Administração Pública ou no Sector Público) é neles o reflexo mais 
 Universidade Católica de Moçambique 42 
 
notável. Mais insidiosa e mais preocupante é o aumento do grau da 
complexidade de estruturas administrativas. A multiplicação de 
serviços antigos, pela cissiparidade, se duplicou devido a uma 
criação política de novos organismos. As razões invocadas são 
diversas e muitas vezes justificadas a priori, embora as 
consequências afectem, de forma grave, o funcionamento geral do 
aparelho administrativo, o que suscita muitas e duras críticas. As 
dificuldades de coordenação, a má circulação de informação, por 
causa da compartimentalização, a diluição de responsabilidades, as 
práticas corruptivas e desvios colossais, falta de transparência e 
integridade, nos servidores públicos, o desperdício de energia em 
reuniões intermináveis ou em relatórios muitas vezes vazios e 
rapidamente arquivados e esquecidos, conduzem a opinião pública 
a pôr em causa ou a acusar a Administração Pública ou o Sector 
Público. Geralmente as palavras mestras usadas nesse requisitório 
são: Potência e opressão. 
 
É verdadeque ao longo do séc. XX o respeito do Direito pelas 
autoridades administrativas, sobretudo nos Estados mais modernos, 
visivelmente foi reforçado, com um desenvolvimento de sistemas 
de controlo das suas acções ou decisões e, particularmente, do 
controlo jurisdicional. Contudo, a Administração Pública ou o 
Sector Público são visados pela contestação que abala todos os 
poderes, especialmente os poderes políticos. A sua extensão, a sua 
complexidade senão o seu hermetismo a transforma num universo 
kafkaїano. Os administrados ou os clientes sofrem mas eles não 
sabem nem como a Administração age nem porquê ele lhes impõe 
esta ou aquela decisão ou medida. E mesmo que nos últimos 
decénios ela não para de apresentar uma vontade aparente de querer 
agir com transparência, mas a sua opacidade parece aumentar ainda 
mais a distância que separa os cidadãos das instâncias de que tanto 
necessitam ou dependem, levando-os a uma situação de cativos ou 
reféns. 
 Universidade Católica de Moçambique 43 
 
 
 A procura de solução para essa situação passa, antes de tudo, por 
uma reflexão sobre os Poderes Públicos e sobre as instituições da 
Administração Pública ou do Sector Público e seu lugar na 
Sociedade. A ideia de Poderes Públicos e da Administração Pública 
nos remete, particularmente, à questão fundamental e complexa do 
poder normativo do Estado: quais são fundamentos, o conteúdo e 
os limites de tal poder de editar regras jurídicas? Qual é o papel do 
Direito na regulação da Sociedade, da vida em Sociedade ou na 
Sociedade e qual é, hoje, o lugar do Direito do Estado? Se o Estado 
intervém demasiadamente, então que intervenha menos! Mas então 
que o Estado deve fazer exactamente? Primeiro a questão da 
redefinição do seu papel se coloca ao tanto que a da reforma ou da 
modernização dos seus serviços. 
O Direito do Estado é uma etapa superior do Direito 
Público, fixada em instituições permanentes, ao contrário 
do Direito Público governativo, vinculado a grupos 
políticos determinados ou a orientações políticas 
contingentes. 
O Direito do Estado denota o direito de cidadania, pois é o 
direito garantidor da cidadania. As normas que o 
condensam reclamam crescente participação popular na sua 
produção e vigorosa submissão a critérios materiais de 
legitimação, como o respeito aos direitos fundamentais e os 
valores da democracia, da igualdade e da segurança 
jurídica. 
O Direito Público é o conjunto de normas que dispõem 
sobre interesses ou utilidades imediatas da comunidade, 
como: o Direito Constitucional ou Político, o Direito 
Administrativo, o Direito Criminal ou Penal, o Direito 
Processual ou Judiciário, o Direito Fiscal ou Tributário, o 
Direito Económico ou Financeiro, o Direito Público 
 Universidade Católica de Moçambique 44 
 
Internacional. 
Regula as relações e interesses do Estado entre seus agentes 
e a colectividade. 
Visa o bem-estar comum, especificado em normas 
aprovadas por representantes do Povo, escolhidos 
democraticamente. 
Sob perspectiva da cidadania, como conjunto de normas de 
protecção contra o abuso, a arrogância, a demagogia, a 
prepotência, o autoritarismo, a ditadura do poder do 
governo ou dos políticos, o Direito Público também é 
denominado Direito do Estado ( em contraposição do 
direito do governo ou direito especial do poder ). 
Outro ponto que distingue o Direito Público é o princípio 
que o rege: o Princípio da Supremacia do interesse 
público em face do interesse individual. Com isso será 
sempre priorizado o interesse geral em detrimento do 
interesse individual de cada pessoa, devendo este submeter-
se àquele. 
 
 
A Administração Pública moçambicana não está isenta dos 
problemas administrativos do mundo contemporâneo. 
 
Exercícios 
EXERCÍCIO: 
Discutir e analisar o impacto dos problemas administrativos do 
mundo contemporâneo na vida do cidadão. 
o Apresentar uma síntese. 
 Universidade Católica de Moçambique 45 
 
Unidade 8 
O PAPEL DO ESTADO 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Identificar e perceber o papel do Estado; 
 2. Analisar criticamente o papel do Estado. 
 
 
 
 
1..O Papel do Estado 
 
Não se trata, evidentemente, de uma questão própria ou unicamente 
de Moçambique. As intervenções do Estado têm tendências de 
aumentar quase em todas as esferas da vida dos cidadãos. Foi assim 
nos Estados Socialistas que realizaram mais ou menos a 
apropriação colectiva dos meios de produção. Nos jovens Estados 
surgidos da descolonização, incluindo o nosso, também foi assim, 
tiveram grandes dificuldades de abandonar totalmente iniciativas 
públicas nas tarefas do desenvolvimento, a favor do sector privado. 
Mesmo nos países industrializados que escolheram as democracias 
pluralistas, se o estatismo ou a intervenção demasiada do Estado foi 
condenado por alguns, podia-se pensar que a acção do Estado foi 
necessária devido à dificuldades de conjuntura económica. Acima 
de tudo, ela pareceu indispensável para atingir, por meio de 
políticas sociais apropriadas, o “bem-estar” (welfare state). 
 
 Universidade Católica de Moçambique 46 
 
Na verdade, o papel do Estado constitui um debate antigo e actual 
pelo mundo fora, e, também em Moçambique. Quando de ninguém 
se perguntam o que deve fazer – se ele deve, mais precisamente, 
«fazer ou mandar fazer» - muitos estão sempre prontos a denunciar 
o intervencionismo demasiado do Estado. Em Moçambique o 
debate se tornou particularmente vivo em 1976, quando o país se 
engaja no processo de intervencionismo. Com efeito, as 
nacionalizações atingiram o papel económico do Estado. Metendo-
lhe ao lado das suas principais funções de assistência (segurança 
social, ajuda ou apoio social...), passando, mais do que nunca, a ser 
banqueiro, segurador, transportador, construtor, montador, 
importador, distribuidor, comerciante, agricultor, carpinteiro, 
mecânico, pescador, etc. Na mesma época, outros países davam o 
exemplo contrário e a tendência geral foi mais refluxo. A senhora 
Margaret Thatcher no Reino Unido, o senhor Ronald Reagan nos 
Estados Unidos, confiaram apenas nos mecanismos do mercado, 
lutaram por desregulamentação e reduzir ao mínimo estrito as 
prestações asseguradas, indo na limitação de esforço de 
solidariedade a favor dos mais desfavorecidos. 
 
Em Moçambique, com o início, em 1986, da segunda geração das 
reformas moçambicanas novos discursos e tendências aparecem. O 
unilateralismo do Estado deixou de ser credível e o «tudo Estado», 
sobretudo após o desmoronamento dos regimes comunistas da 
Europa do Leste, não era mais defensável. Um consenso parece que 
se impõe para se ultrapassar a alternativa de mais ou de menos 
intervenção. «Melhor fazer», diga, tudo nele se acordando sobre a 
necessidade do recuo do Estado produtor e da necessidade da sua 
centragem nas missões essenciais de protecção, regulação e 
solidariedade. 
 
 Universidade Católica de Moçambique 47 
 
Nesta perspectiva, o «posicionamento» do Estado é analisado ou 
deve ser analisado a partir de duas questões (1) sobre a 
legitimidade própria da acção pública e (2) sobre o nível de 
pertinência que ela deve ser conduzida. 
 
Tratando-se da legitimidade da acção pública, é claro que se o 
Estado não tem a vocação de administrar a economia, de substituir 
as empresas, o seu papel resta neste domínio considerado 
indispensável. Ele (o papel do Estado) é duplo: (1) regular os 
mercados, que como sabemos, com a mundialização económica se 
generaliza a lógica de concorrência desleal e de confrontações, (2) 
promover a competitividade nacional. A regulamentação e a 
incitação se afiguram instrumentos privilegiados, mesmo se o 
primeiro necessite de ser completado pela criação de uma entidade 
reguladora com uma certa autonomia, de carácter jurisdicional, 
para exercer um controlo a posterior, sobre o funcionamentodos 
mercados, enquanto o Estado se ocupa da regulamentação a priori. 
Também é reafirmada a responsabilidade do Estado em matéria de 
«repartição do risco social… solidariedade social… difusão do 
saber». O Estado deve-se manter como o garante do interesse geral, 
garante da solidariedade, livre de tarefas fora do seu principal 
negócio, de forma a poder repensar a sua acção e ultrapassar a crise 
do Estado-providência que se mostra mais aguda do que nunca. 
Como, com efeito, em diante poderá o Estado financiar as despesas 
sociais? Enquanto a população activa não para de aumentar e 
também o aumento do número de excluídos, a criação ou invenção 
de novos mecanismos de redistribuição de riquezas se torna 
necessária. 
 
A questão sobre o nível de pertinência no qual deve ser conduzida a 
acção pública não é menos decisiva. A construção comunitária 
(SADC) e do Estado de Direito e de Justiça Social de um lado, a 
 Universidade Católica de Moçambique 48 
descentralização e a desconcentração do outro, nos levam a nos 
perguntarmos se os Estados da Comunidade, pouco a pouco, não 
virão a ser inúteis. Se recusarem de admitir e considerar que a 
transferência de competências em proveito da SADC deve ser 
limitada ao estrito necessário e que em respeito das colectividades 
descentralizadas e desconcentradas dos Estados permaneçam o 
garante da unidade nacional – não dispensa, ao contrário, uma 
reavaliação do seu papel. O muito solicitado, nos últimos anos, o 
princípio de subsidiariedade nos dá um quadro de um raciocínio 
aplicável a todos os níveis. É necessário, ainda, decidir que cada 
nível (local ou municipal) pode fazer da melhor forma possível. 
Exercícios 
o Em grupos ou individualmente discutir o papel do Estado e 
apontar uma perspectiva para o futuro dos papeis dos 
Estados membros da SADC. Apresentar uma síntese. 
 
Unidade 9 
O SECTOR PÚBLICO 
 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Conceituar o Sector Público; 
 2. Identificar o objectivo e a missão do sector público; 
 3. Identificar e discutir os problemas e os desafios do sector público. 
 
1..O Sector Público 
 Universidade Católica de Moçambique 49 
 
O Sector Público é o conjunto de instituições e agências que sendo 
directa ou indirectamente pelo Estado têm como objectivo final a 
provisão de serviços públicos. Isto é, serviços para a satisfação de 
necessidades de carácter colectivo, nomeadamente: 
 Manutenção da ordem pública, baseando-se na defesa de 
diversos fins e correspondendo, a tranquilidade, segurança e 
salubridade; 
 Satisfação de outras necessidades de interesse geral ou 
colectivo, de carácter cultural e social, por ex: educação e 
ensino, cultura, investigação científica, intervenção nos 
domínio sociais (para melhorar a saúde pública ou para 
diminuir os efeitos negativos do desemprego, etc ), nos 
sectores comercial e industrial ou no sector agrícola, nas 
obras públicas e habitação, etc. 
 
Ao conjunto de todas as Instituições e Agências do Estado ou seja, 
à Administração Pública em sentido orgânico (também 
denominado por Sector Público), como braço executor do Governo, 
compete a gestão eficiente, eficaz e efectiva das políticas 
públicas em todos os sectores: saúde, educação cultura, 
economia, administração, agricultura, habitação, saneamento 
do meio, meio ambiente, etc. 
 
Como foi dito, apesar de toda a racionalidade do modelo 
administrativo do Estado, ele apresenta um conjunto de desvios e 
anomalias, a que se denominou “disfunções burocráticas”, que 
levam à sua ineficiência e à ineficácia. Podendo-se destacar, entre 
elas: 
- Despersonalização do relacionamento entre os 
participantes – trata-se de uma maneira formalizada, 
levando em conta o cargo que cada um ocupa; 
 Universidade Católica de Moçambique 50 
 
- Forte internalização de directrizes, regulamentos e normas, 
concebidos inicialmente para favorecer o alcance dos 
objectivos organizacionais, que logo que entrarem em 
vigor, adquirem valor próprio e absoluto, deixando de ser 
meios para se transformarem em objectivos; 
- O funcionário que possui categoria hierárquica mais 
elevada tem a prerrogativa do processo decisório, 
independentemente da sua competência profissional sobre 
a matéria ou o assunto a ser decidido; 
- Excesso de formalismo e de “papelório”: forte tendência de 
documentar e formalizar todas as comunicações, a ponto de 
prejudicar o processamento dos trabalhos de organização; 
- Exibição de sinais de autoridade: como a hierarquia, como 
meio de controlo do desempenho dos participantes, é muito 
valorizada, surge a necessidade de utilização de sinais ou 
símbolos que destaquem a autoridade e o poder; 
- Superconformidade em relação às regras e regulamentos, 
que passam a adquirir fundamental importância para o 
funcionário; 
- Resistência à mudança e tendência dos participantes a se 
defenderem de pressões (internas e/ou externas), para a 
modernização, percebidas como ameaça às posições que 
desfrutam e à estabilidade adquirida. 
 
Também importa sublinhar que nos países como Moçambique, as 
políticas públicas são formuladas no sentido de superar enormes 
carências básicas, especialmente relacionadas às áreas sociais: na 
área de alimentação, da saúde, da educação, do trabalho. 
Nesses países um projecto político de desenvolvimento requer 
vontade política dos governantes, uma formulação cuidadosa e 
adequada das políticas públicas e a criação de uma Administração 
Pública eficiente, eficaz e efectiva, capaz de: 
 Universidade Católica de Moçambique 51 
 
• Perceber um cidadão como seu “cliente” e a própria razão 
da existência da organização; 
• Priorizar a relação com o cidadão, isto é, considerar sua 
participação no desenvolvimento dos trabalhos do Aparelho 
do Estado; 
• Contribuir para o aumento da produtividade; 
• Prestar serviços com qualidade; 
• Contar com espaços políticos para a gestão participativa; 
• Promover a desconcentração; 
• Promover a descentralização; 
• Ser transparente, o que se associa directamente com a 
democratização das informações. 
 
Em resumo, o grande desafio para a Administração Pública é 
desenvolver suas competências técnicas e administrativas para, 
num amplo esforço, juntamente com a Sociedade (os cidadãos 
clientes) e Governo, contribuir para a democratização e o 
desenvolvimento da Sociedade em todos os aspectos e níveis. 
Para vencer esse desafio o Sector Público precisa de realizar 
reformas. 
Exercícios 
 
1. Conceitue o Sector Público. 
2. Diga que entende por uma Administração Pública eficiente, 
eficaz e efectiva. 
Respostas: 
1. O Sector Público é o conjunto de instituições e agências que 
sendo directa ou indirectamente pelo Estado têm como 
objectivo final a provisão de serviços públicos. Isto é, 
 Universidade Católica de Moçambique 52 
serviços para a satisfação de necessidades de carácter 
colectivo. 
2. Uma Administração Pública eficiente, eficaz e efectiva, é 
aquela que é capaz de: 
- Perceber um cidadão como seu “cliente” e a própria razão 
da existência da organização; 
- Priorizar a relação com o cidadão, isto é, considerar sua 
participação no desenvolvimento dos trabalhos do Aparelho 
do Estado; 
- Contribuir para o aumento da produtividade; 
- Prestar serviços com qualidade; 
- Contar com espaços políticos para a gestão participativa; 
- Promover a desconcentração; 
- Promover a descentralização; 
- Ser transparente, o que se associa directamente com a 
democratização das informações. 
Unidade 10 
REFORMA DO SECRO PÚBLICO 
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: 
 
 
Objectivos 
 
 
 
 1. Definir a reforma do sector público; 
 2. Identificar os objectivos da reforma do sector público. 
 
 
 
1..Reforma do Sector Público 
A Reforma do Sector Público é um conjunto de acções de carácter 
transversal e

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