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DOS DEFEITOS DO NEGOCIO JURIDICO ⇾ aqueles em que a vontade não é expressada de maneira absolutamente livre-> vícios de consentimento ⇾ em que a vontade manifestada não tem, na realidade, a intenção pura e de boa-fé que enuncia -> vícios sociais Vícios de Consentimento sociais a) erro a) simulação b) dolo b) fraude contra credores c) coação d) lesão e) estado de perigo ↳ erro ou ignorância “Quando o agente, por desconhecimento ou falso conhecimento das circunstâncias, age de um modo que não seria a sua vontade, se conhecesse a verdadeira situação, diz- se que procede com erro” Erro -> é um estado de espirito positivo, qual seja, a falsa percepção da realidade Ignorância -> é um estado de espirito negativo, o total desconhecimento do declarante a respeito das circunstâncias do negocio O erro só é considerado como causa de anulabilidade se for: a) essencial (substancial) b) escusável (perdoável) “Art. 138. São anuláveis os negócios jurídicos, quando as declarações de vontade emanarem de erro substancial que poderia ser percebido por pessoa de diligência normal, em face das circunstâncias do negócio” ↳ substancial é o erro que incide sobre a essência (substância) do ato que se pratica, sem o qual este não teria de realizado O CC enumerou as seguintes hipóteses de erro substancial: a) quando interessa à natureza do negócio, ao objeto principal da declaração, ou a alguma das qualidades a ele essenciais; b) quando concerne à identidade ou à qualidade essencial da pessoa a quem se refira a declaração de vontade, desde que tenha influído nesta de modo relevante; c) sendo de direito e não implicando recusa à aplicação da lei, for o motivo único ou principal do negócio jurídico Esquema relação espécie de erro ao inciso: a) error in negotio (art. 139, I, do CC/2002) – é o erro que incide sobre a natureza do negócio que se leva a efeito, como ocorre quando se troca uma causa jurídica por outra (a enfiteuse com a locação, o comodato com a doação) b) error in corpore (art. 139, I, do CC/2002) – aquele que versa sobre a identidade do objeto, é o que ocorre quando, por exemplo, declara-se querer comprar o animal que está diante de si, mas acaba-se levando outro, trocado; c) error in substantia (art. 139, I, do CC/2002) – é o que versa sobre a essência da coisa ou as propriedades essenciais de determinado objeto. É o erro sobre a qualidade do objeto. É o caso do sujeito que compra um anel imaginando ser de ouro, não sabendo que se trata de cobre; d) error in persona (art. 139, II, do CC/2002) – é o que versa sobre a identidade ou as qualidades de determinada pessoa. É o caso de o sujeito doar uma quantia a Caio, imaginando-o ser o salvador de seu filho, quando, em verdade, o herói foi Tício. A importância desta modalidade de erro avulta no campo do Direito de Família, uma vez que o erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge é causa de anulação do casamento (arts. 1.556 e 1.557 do CC/2002 + O erro invalidante há que ser, ainda, escusável, dentro do que se espera do homem médio que atue com grau normal de diligencia. Ou seja, não se admite a alegação de erro por parte daquele que atuou com acentuado grau de displicência. + O erro de direito (error juris) (que não se confunde com a ignorância da lei) não é causa de anulabilidade do negócio, mas... ↳ Desde que não se pretenda descumprir preceito de lei, se o agente, de boa-fé, pratica o ato incorrendo em erro substancial e escusável, há que reconhecer, por imperativo de equidade, a ocorrência do erro de direito “Art. 144. O erro não prejudica a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, se oferecer para executá-la na conformidade da vontade real do manifestante” ↳princípio da conservação: segundo o qual deve o intérprete, desde que não haja prejuízo, e respeitadas as prescrições legais, empreender todos os esforços para resguardar a eficácia jurídica do ato acoimado de invalidade. ↳ Dolo ⇾ todo artificio malicioso empregado por uma das partes ou por terceiro com o propósito de prejudicar outrem, quando da celebração do negócio jurídico ↳o sujeito que aliena a caneta de cobre, afirmando tratar-se de ouro, atua com dolo, e o negócio poderá ser anulado Não se presume das circunstancias de fato, devendo ser provado por quem o alega, quando a extensão dos seus efeitos no negócio jurídico poderá ser: a) principal (essencial, determinante ou casual) b) acidental -> quando a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo +O dolo, para invalidar o ato, deve ser principal – atacando a causa do negócio em si –, uma vez que o acidental, aquele que não impediria a realização do negócio, só gera a obrigação de indenizar Elementos que tornam o dolo principal vicio de consentimento: a) finalidade de levar o declarante a praticar um ato jurídico b) gravidade do artificio fraudulento utilizado c) o artificio como causa da declaração de vontade Quanto à atuação do agente, o dolo poderá ser: a) positivo -> decorre de uma atuação comissiva b) negativo (omissivo) -> fruto de uma omissão, traduz uma abstenção maliciosa juridicamente relevante, são requisitos: a) intenção de levar o outro contratante a se desviar de sua real vontade, induzindo-o a erro; b) silencio sobre circunstancia desconhecida pela outra parte c) relação de essencialidade entre a omissão dolosa intencional e a declaração de vontade d) omissão do próprio contraente e não de terceiro + “Art. 148. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou” ↳ se a parte a quem aproveita o dolo não sabia, nem tinha como saber do expediente astucioso, subsiste o negócio, embora o terceiro responda civilmente perante a parte ludibriada +se tratando de representação legal – tutela ou curatela, por exemplo –, o representado só responderá civilmente até a importância do proveito que obteve. Se a representação for convencional – efetivada por meio do contrato de mandato – ambas as partes (representante e representado), além da obrigatoriedade de devolver aquilo que indevidamente receberam, responderão solidariamente por perdas e danos + se ambas as partes do negócio procederam com dolo, pelo princípio que veda a alegação da própria torpeza em juízo (nemo propriam turpitudinem allegans), a lei proíbe que se possa anular o negócio ou pleitear indenização -> Dolo bilateral não pode ser oficialmente amparado ↳ Coação ⇾ toda violência psicológica apta a influenciar a vítima a realizar negócio jurídico que a sua vontade interna não deseja efetuar, classificam-se em dois tipos: a) física (“vis absoluta”) ↳ é aquela que age diretamente sobre o corpo da vítima, esse tipo de coação neutraliza completamente a manifestação de vontade, tornando o negócio jurídico inexistente, e não simplesmente anulável b) moral (“vis compulsiva”) ↳ é aquela que incute na vítima um temor constante e capaz de perturbar seu espirito, fazendo com que ela manifeste seu consentimento de maneira viciada, ou seja, a vontade do coagido não está completamente neutralizada, mas sim viciada pela ameaça que lhe é dirigida pelo coator. É causa de invalidade (anulabilidade) do negócio, e não da inexistência “Art. 151. A coação, para viciar a declaração da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente fundado temor de dano iminente e considerável à sua pessoa, à sua família, ou aos seus bens” Requisitos para a caracterização da Coação: a) violência psicológica; b) declaração de vontade viciada; c) receio sério e fundado de gravedano à pessoa, à família (ou pessoa próxima) ou aos bens do paciente “Art. 152. No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela” Não se considera coação: a) a ameaça de um mal impossível, remoto, evitável, ou menor do que o mal resultante do ato; b) o temor vão, que procede da fraqueza de ânimo do agente; “Art. 154. Vicia o negócio jurídico a coação exercida por terceiro, se dela tivesse ou devesse ter conhecimento a parte a que aproveite, e esta responderá solidariamente com aquele por perdas e danos” ↳ só se admite a anulação do negócio jurídico se o beneficiário soube ou devesse saber da coação, respondendo solidariamente com o terceiro pelas perdas e danos. Se a parte não coagida de nada sabia, subsiste o negócio jurídico respondendo o autor da coação por todas as perdas e danos que houver causado ao coacto. ↳Lesão ⇾ O prejuízo resultante da desproporção existente entre as prestações de um determinado negócio jurídico, em face do abuso da inexperiência, necessidade econômica ou leviandade de um dos declarantes, compõe de dois requisitos básicos: a) objetivo ou material- desproporção das prestações avençadas; b) subjetivo, imaterial ou anímico- a premente necessidade, a inexperiência ou a leviandade (da parte lesada) e o dolo de aproveitamento da parte beneficiada; ⇾ Características gerais do instituto a) a lesão só é admissível nos contratos comutativos, porquanto nestes há uma presunção de equivalência entre as prestações; por conseguinte, ela não se compreende nos ajustes aleatórios onde, por definição mesmo, as prestações podem apresentar considerável desequilíbrio. b) a desproporção entre as prestações deve se verificar no momento do contrato e não posteriormente. Pois, se naquele instante não houver disparidade entre os valores, incorreu lesão c) a desproporção deve ser considerável. ⇾não se confunde lesão com a aplicação da teoria da imprevisão, pois a lesão é vicio que surge concomitantemente com o negócio; já a teoria da imprevisão, por sua vez, pressupõe negócio valido que tem seu equilíbrio rompido pela superveniência de circunstancia imprevista e imprevisível. “Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta. § 1.º Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico. § 2.º Não se decretará a anulação do negócio, se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito”. ⇾ é caso de anulabilidade do negócio jurídico ↳Estado de perigo ⇾ é um defeito do negócio jurídico que guarda características comuns com o estado de necessidade, causa de exclusão de ilicitude no direito penal, configura-se quando o agente, diante de situação de perigo conhecido pela outra parte, emite declaração de vontade para salvaguardar direito seu, ou de pessoa próxima, assumindo obrigação excessivamente onerosa. “Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa. Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias”. ↳Simulação ⇾ é uma declaração enganosa de vontade, visando produzir efeito diverso do ostensivamente indicado, é considerado pelo novo código como causa de nulidade e não mais de anulação do ato jurídico ↳na simulação celebra-se um negócio jurídico que tem aparência normal, mas que, na verdade, não pretende atingir o efeito que juridicamente devia produzir + não vicia a vontade do declarante, uma vez que este põe-se de acordo de livre vontade com o declaratário para atingir fins desonestos, em detrimento da lei ou da sociedade Logo, trata-se de um VICIO SOCIAL A simulação poderá ser: a) absoluta – o negócio forma-se a partir de uma declaração de vontade ou uma confissão de dívida emitida para não gerar efeito jurídico algum. Cria-se uma situação jurídica irreal, lesiva do interesse de terceiro, por meio da prática de ato jurídico aparentemente perfeito, embora substancialmente ineficaz. b) relativa (dissimulação) – emite-se uma declaração de vontade ou confissão falsa com o propósito de encobrir ato de natureza diversa, cujos efeitos, queridos pelo agente, são proibidos por lei -> simulação relativa subjetiva Ocorre quando a declaração de vontade é emitida aparentando conferir direitos a uma pessoa, mas transferindo-os, em verdade, para terceiro, não integrante da relação jurídica -> simulação relativa subjetiva Quando as partes pretendem atingir efeitos jurídicos concretos, embora vedados por lei -> simulação absoluta “Art. 167. É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma. § 1.º Haverá simulação nos negócios jurídicos quando: I – aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitem; II – contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira; III – os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados. § 2.º Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado” Características: 1. Causa de nulidade do negócio jurídico; 2. Em caso de simulação relativa, resguardam-se os efeitos do ato dissimulado, se válido for na substância e na forma; 3. Não se resguardam os efeitos da simulação inocente, já que a lei não a distingue; 4. Admite-se a alegação da simulação em juízo, mesmo pelos próprios simuladores, resguardados os direitos do terceiro de boa-fé. ↳Fraude contra credores ⇾ também considerada vicio social, consiste no ato de alienação ou oneração de bens, assim como de remissão de dívida, praticado pelo devedor insolvente, ou à beira da insolvência, com o propósito de prejudicar credor preexistente, em virtude da diminuição experimentada pelo seu patrimônio Dois elementos compõem a fraude: a) consilium fraudis (o conluio fraudulento) – subjetivo b) eventos damni (o prejuízo causado ao credor) – objetiva ⇾ A anulação do ato praticado em fraude contra credores dá- se por meio de uma ação revocatória, “ação pauliana” ↳ Os fundamentos dessa são: a) negócios de transmissão gratuita de bens b) remissão de dívidas c) contratos onerosos do devedor insolvente, em duas hipóteses - quando a insolvência for notória - quando houver motivo para ser conhecida do outro contratante d) antecipação de pagamento feita a um dos credores quirografários, em detrimento dos demais e) outorga de garantia de dívida dada a um dos credores, em detrimento dos demais Fraude à execução X Fraude a credores Instituto de Direito Processual X Instituto de Direito Material Má-fé presumida X Ônus da prova do credor Interesse do credor e do Estado, sendo considerados Atos atentatórios à dignidade da Justiça (art. 774, I, CPC/2015; art. 600, I, CPC/1973) X Interesse somente do credor, como particular prejudicado Atos declarados ineficazes X Atos anuláveis Declarável incidentalmente X Objeto de ação anulatória, autônoma e específica Tipifica ilícito penal (CP, art. 179) X Interesse puramente particular Dos defeitos do negocio juridico
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