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Imunoterapia para o câncer Universidade Federal de Pelotas Centro de Desenvolvimento Tecnológico Curso de Graduação em Biotecnologia Disciplina de Seminários I Graziella Martins Guimarães Pelotas, 11 de agosto de 2020 Efeitos colaterais da imunoterapia Conclusão Referências bibliográficas 2 Introdução à imunoterapia Hallmarks do câncer Estratégias imunoterápicas 01 Sumário 02 03 05 06 04 1. Introdução à imunoterapia DEFINIÇÃO: uso de medicamentos para potencializar o sistema imune do indivíduo e, assim, fazer com que o próprio organismo combata a doença. A imunoterapia é utilizada para o tratamento de diversas outras patologias, tais como: asma, doença de Crohn, lúpus e artrite reumatóide. O tratamento imunoterápico pode ser personalizado às características do tumor de cada pessoa. 3 Figura 1. Tipos de câncer que podem ser tratados com imunoterapia. Fonte: Adaptado de Sociedade Americana contra o Câncer e Instituto de Investigação contra o Câncer. Figura 2. Vias de administração de medicamentos. Fonte: Adaptado de Le, Jennifer, 2019. Figura 3. Terapias que podem ser associadas à imunoterapia. Fonte: Adaptado de Sociedade Americana contra o Câncer e Instituto de Investigação contra o Câncer. 1. Introdução à imunoterapia 4 Subcutânea Intravenosa As principais vias de administração dos medicamentos imunoterápicos são: A imunoterapia pode estar ou não associada a outros tratamentos, tais como: Outras imunoterapias Terapias-alvo Quimioterapias Há 5 principais vias para o tratamento imunoterápico 1. Introdução à imunoterapia 5 Estratégias de imunoterapia Anticorpos alvo-dirigidos Imunoterapia celular Imunomodu- ladores Vacinas Terapia viral oncolítica 02. Hallmarks do câncer 6 Desregulação do metabolismo energético celular Resistência à morte celular Instabilidade genômica e mutabilidade de células Capacidade de invasão e metástase Indução da angiogênese Inflamação promovendo a tumorigênese Potencial replicativo ilimitado Escape da destruição pelo sistema imune Silenciamento dos sinais de anticrescimento Autossuficiência em sinais de crescimento Figura 4. Hallmarks do câncer: a próxima geração. Fonte: Traduzido de Hanahan D, Weinberg RA. 03. Estratégias imunoterápicas - Anticorpos alvo dirigidos 7 São proteínas do sistema imunológico criadas em laboratório para se ligar a alvos específicos nas células cancerosas. Anticorpos monoclonais “nús” Figura 5. Desenvolvimento de anticorpos monoclonais por meio de hibridomas. Fonte: Traduzido de BioNinja. 03. Estratégias imunoterápicas - Anticorpos alvo dirigidos 8 Anticorpo Droga antitumoral Anticorpo monoclonal droga-conjugado Anticorpos monoclonais conjugados Anticorpo monoclonal unido a uma droga antitumoral ou quimioterápica. Figura 6. Desenvolvimento de anticorpo droga-conjugado. Fonte: Traduzido de Cancer Research Institute. 9 Anticorpo liga-se à célula tumoral Anticorpo monoclonal Anticorpo conjugado com radionuclídeo Anticorpo-radioativo liga-se à célula tumoral Células NK com receptores Fc (CD16) são ativadas para matar as células tumorais Os conjugados são internalizados, matando a célula tumoral Anticorpos radioativos matam a célula tumoral e células da vizinhança Figura 7. Esquema de ação dos anticorpos monoclonais. Fonte: Adaptado de Kenneth, 2010. Anticorpo conjugado com toxina Anticorpo-toxina liga-se à célula tumoral 03. Estratégias imunoterápicas - Anticorpos alvo dirigidos 10 Anticorpo biespecífico Anticorpos biespecíficos Anticorpo monoclonal no qual um braço tem como alvo o antígeno da superfície tumoral e outro da célula T. Anticorpo de interesse #2 (fragmento) Figura 8. Desenvolvimento de anticorpo biespecífico. Fonte: Traduzido de Cancer Research Institute. Anticorpo de interesse #1 (fragmento) 03. Estratégias imunoterápicas - Imunoterapia celular 11 Terapia do receptor de antígeno quimérico (CAR) com células T (CAR T) Figura 9. Desenvolvimento de célular CAR T. Fonte: Traduzido de Cancer Research Institute. As células T do paciente são: 1. Coletadas; 2. Selecionadas as que têm maior capacidade antitumoral; 3. Enriquecidas com o CAR; 4. Reinfundidas no paciente. Célula T CAR Célula CAR T 03. Estratégias imunoterápicas - Imunomoduladores 12 Inibidores de checkpoints imunes Quando os inibidores ligam-se em sítios específicos: o sistema de escape é bloqueado; linfócito T é reativado; linfócito T volta a identificar as células tumorais e as ataca novamente. Figura 10. Inibição da ativação dos linfócitos T via PD-1. Fonte: Adaptado de Teixeira et al. Inibidores de checkpoint e câncer. Figura 11. Bloqueio da inibição via tratamento com anticorpos anti-PD-1 ou anti-PD-L1/2. Fonte: Adaptado de Teixeira et al. Inibidores de checkpoint e câncer. 03. Estratégias imunoterápicas - Vacinas 13 Vacinas preventivas Vacinas preventivas são dadas a pessoas saudáveis com o objetivo de evitar que elas se infectem caso entrem em contato com determinado microrganismo. Exemplo: Cervarix (contra HPV). Vacinas terapêuticas Vacinas terapêuticas são administradas a pessoas já doentes com objetivo de estimular ou recuperar a capacidade de o sistema imune combater a doença. Exemplo: Bacillus Calmette–Guérin (BCG). 14 1. Ligação do BCG pelas células da bexiga, reconhecimento do BCG como patógeno e apresentação do BCG ao sistema imune adaptativo pelas células dendríticas. 2. Internalização do BCG pelas células neoplásicas uroteliais. 3. Apresentação do BCG e liberação de citocinas pelas células. 4. Recrutamento de células do sistema imune inato e adaptativo. 5. Citotoxicidade imuno-mediada, ocasionando a morte das células tumorais. 03. Estratégias imunoterápicas - Vacinas terapêuticas Figura 12. Esquema do uso do BCG no tratamento do câncer de bexiga. Fonte: Adaptado de Redelman-Sidi, Glickman e Bochner, 2014. 03. Estratégias imunoterápicas - Terapia viral oncolítica 15 O oncovírus: 1. Identifica e invade seletivamente as células tumorais por conta do oncotropismo; 2. Começa a se replicar; 3. Mata a célula cancerosa por meio de lise celular. Figura 13. Desenvolvimento de oncovírus. Fonte: Adaptado de Cancer Research Institute. (+) INSERIR Genes imunoestimulantes (-) REMOVER Genes patogênicos Oncovírus 04. Efeitos colaterais da imunoterapia 16 Os principais efeitos adversos são relacionados à: Os efeitos colaterais variam de acordo com o tipo de imunoterapia utilizada, o antígeno e o tipo/qualidade da reação imunológica provocada pela terapia. Os efeitos adversos causados pela imunoterapia são mais toleráveis do que os causados por oncoterapias convencionais. Olhos Boca e cabeça Garganta e peito Pele e cabelo Estômago e intestino Rins Músculos e nervos Geral Figura 14. Principais efeitos colaterais da imunoterapia. Fonte: Adaptado de Cancro online. 07. Conclusão O tratamento imunoterápico serve para estimular o sistema imune a combater doenças. A imunoterapia funciona para vários tipos de tumores e, apesar do alto custo já está começando a ser disponibilizada pelo SUS. A imunoterapia pode ser utilizada sozinha ou associada a outras terapias. Há vários mecanismos de ação da imunoterapia que devem ser escolhidos com base no tipo tumoral e no caso clínico de cada paciente. Além disso, a biotecnologia está presente na produção de todas as vias de ação imunoterápicas. 17 08. Referências bibliográficas 18 A.C.Camargo Cancer Center – Orientações para pacientes (Imunoterapia). Disponível em: <https://www.accamargo.org.br/sites/default/files/2018-07/manual-imunoterapia.pdf> American Cancer Society. Immunotherapy to Treat Cancer. 4 pages. September 24, 2019. Disponível em: <https://www.cancer.gov/about-cancer/treatment/types/immunotherapy#q4> American Cancer Society. Treating Acute Lymphocytic Leukemia (ALL). 29 pages. October 17, 2018. 1.800.227.2345 Disponível em: <https://www.cancer.org/content/dam/CRC/PDF/Public/8672.00.pdf> Cancer ResearchInstitute. How Oncolytic Virus Therapy is Changing Cancer Treatment. 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As principais estratégicas imunoterapêuticas são: Imunoterapia celular Vacinas Imunomoduladores Terapia viral oncolítica Anticorpos alvo-dirigidos VANTAGENS DA IMUNOTERAPIA Os efeitos adversos são mais brandos do que em tratamentos como quimio e radioterapia. DESVANTAGENS DA IMUNOTERAPIA O alto custo do tratamento imunoterápico é a principal desvantagem. A imunoterapia é a utilização de medicamentos com o objetivo de estimular o sistema imunológico e, assim, fazer com que o corpo consiga combater a doença. As principais estratégicas imunoterapêuticas são: 1. Imunomoduladores: são moléculas que atuam nas vias que regulam a atividade do sistema imunológico; 2. Imunoterapia celular: é um tipo de tratamento que usa as células do sistema imunológico para eliminar o câncer.; 3. Anticorpos alvo-dirigidos: interrompem a atividade das células tumorais e alertam o sistema imunológico para atacar o câncer; 4. Terapia viral oncolítica: ao entrar no organismo, o vírus identifica as células tumorais, começa a se replicar dentro delas e, com isso, as destrói; 5. Vacinas: dividem-se entre vacinas preventivas (antes de adquirir o câncer, por exemplo vacina contra HPV) e vacinas terapêuticas (depois do desenvolvimento da neoplasia, por exemplo vacina BCG) e são utilizadas para estimular a resposta imune do organismo. A principal vantagem é que os efeitos adversos causados por este tipo de terapia são menos severos do que os efeitos colaterais de terapias convencionais, tais como quimio e radioterapia. Por outro lado, a principal desvantagem de se usar esta abordagem clínica é o alto custo para a manutenção do tratamento. Fonte: Cancer Research Institute. IMUNOTERAPIA PARA O CÂNCER: