ligadas a uma percepção de desvalorização profissional (FERRARI, 2014). O trabalho, que deveria ser uma fonte de alegria e realização, torna-se, cada vez mais, um fator de stress (TELES, 1993). Isso significa que não se pode reduzir a causa a fatores individuais como a personalidade ou algum tipo de propensão genética, apesar destas também influenciarem na incidência da síndrome. O ambiente de trabalho e as condições de realização podem também determinar o adoecimento ou não do sujeito (FERRARI, 2014). Existem alguns fatores de risco que podem elevar a chance da ocorrência do burnout. Esses fatores podem estar no ambiente ou serem características do indivíduo. Entre os fatores ambientais, estão: Burocracia Falta de autonomia Normas institucionais rígidas Mudanças organizacionais frequentes Falta de confiança e respeito entre membros da equipe Comunicação ineficiente Acúmulo de tarefas (sobrecarga) Impossibilidade de subir na carreira Ambiente físico insalubre Problemas de relacionamento com colegas, clientes e chefes, a falta de cooperação entre funcionários, de equilíbrio entre a vida profissional e a pessoal e também de autonomia são grandes causadores do nível máximo de stress. Fortes candidatos são aqueles conhecidos como workaholics, que se identificam bastante com o trabalho, vivem para ele e têm níveis de exigência muito altos (ALBERT EINSTEIN, 2009). 4. DIAGNÓSTICO A síndrome de Burnout não é o tipo de doença em que os sintomas iniciais vão alarmar o indivíduo, uma vez que muitas pessoas acham que se trate de um ‘simples estresse’, por tanto quando as pessoas portadoras procuram ajuda estresse’, por tanto quando as pessoas portadoras procuram ajuda médica os sintomas já se encontram avançados. Essa doença só é detectada a partir do momento que o cliente passa pelo clínico geral ou um profissional especializado. (BALLONE, 2005). Estes profissionais avaliam seus pacientes através da escala LIKERT de a 5, e de acordo com as respostas do indivíduo as perguntas da Maslach Burnout Inventory (MBI), que é o primeiro instrumento usado para avaliar a incidência da síndrome de Burnout, ele é diagnosticado dentro das três fases do Burnout Segundo a escala LIKERT a resposta deve ser 1 nunca; 2 algumas vezes ao ano; 3 algumas vezes ao mês; 4 algumas vezes na semana e 5 diariamente. (MASLACH, JACKSON, 1981). É importante ressaltar que cada item do MBI corresponde a uma das três dimensões da síndrome, sendo Exaustão Emocional existem 9 itens (1, 2, 3, 6, 8,13, 14, 16 e 20) e Despersonalização 5 itens (5, 10, 11, 15 e 22) e Baixa Realização Pessoal 8 itens (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19, 21) conforme o Quadro 1. (CODO, VASQUES, 1999). Uma vez que a tabela MBI foi respondida, serão somados os pontos das respectivas respostas, e de acordo com o resultado obtido o paciente será diagnosticado. (MASLACH, JACKSON, 1981). Fonte: Benevides-Pereira (2001) Quadro 2- Resultado da tabela MBI Níveis Exaustão emocional Despersonalização Baixa realização pessoal Nível Baixo 0 a 15 0 a 02 0 a 33 Níveis Médio 16 a 25 03 a 08 34 a 42 Níveis Alto 26 a 54 09 a 30 43 a 48 Fonte: maslach (2001) 5. SINTOMAS DA SÍNDROME DE BURNOUT A Síndrome de Burnout Envolvem sintomas, físicos, psíquicos, defensivos compartimentais. O estresse e a falta de vontade de sair da cama ou de casa, quando constantes, podem indicar o início da doença. (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Quadro 1- Variáveis do MBI SB1 Sinto-me emocionalmente esgotado (a) com o meu trabalho. SB2 Sinto-me esgotado (a) no final de um dia de trabalho. SB3 Sinto-me cansado (a) quando me levanto pela manhã e preciso encarar outro dia de trabalho. SB4 Posso entender com facilidade o que sentem as pessoas. SB5 Creio que trato algumas pessoas como se fossem objetos. SB6 Trabalhar com pessoas o dia todo me exige um grande esforço. SB7 Lido eficazmente com o problema das pessoas. SB8 Meu trabalho deixa-me exausto (a). SB9 Sinto que através do meu trabalho influencio positivamente na vida dos outros. SB10 Tenho me tornado mais insensível com as pessoas. SB11 Preocupa-me o fato de que este trabalho esteja me endurecendo emocionalmente. SB12 Sinto-me com muita vitalidade. SB13 Sinto-me frustrado (a) com meu trabalho. SB14 Creio que estou trabalhando em demasia SB15 Não me preocupo realmente com o que ocorre às pessoas a que atendo. SB16 Trabalhar diretamente com as pessoas causa-me estresse. SB17 Posso criar facilmente uma atmosfera relaxada para as pessoas. SB18 Sinto-me estimulado (a) depois de trabalhar em contato com as pessoas. SB19 Tenho conseguido muitas realizações em minha profissão. SB20 Sinto-me no limite de minhas possibilidades. SB21 Sinto que sei tratar de forma adequada os problemas emocionais no meu trabalho SB22 Sinto que as pessoas culpam-me de algum modo pelos seus problemas. 5.1 Sintomas Físicos: Fadiga constante e progressiva: a sensação de falta de energia, vazio interno, é o sintoma mais citado na literatura e pela maioria das pessoas acometidas pelo Burnout. Muitas vezes as pessoas relatam que, mesmo depois de uma noite de sono, acordam cansadas e sem ânimo para nada. Dores musculares ou osteomusculares: as mais frequentes são dores na nuca e ombros. As dores na coluna (cervicais e lombares) também possuem alta incidência. Por vezes, o profissional se vê “travado” por dias. Distúrbios do sono: apesar do cansaço e da sensação de peso nas pálpebras, a pessoa não consegue conciliar o sono ou dorme imediatamente, acordando poucas horas depois e permanecendo desperta apesar do cansaço. Sono agitado, pesadelos. Cefaléias, enxaquecas: em geral, as dores de cabeça são do tipo tensional. Há relatos desde latejar das têmporas, até dores persistentes e intensas em que a pessoa não suporta nem um mínimo de som ou qualquer fio de luz. Perturbações gastrointestinais: podem ter intensidade que vai desde uma “queimação” estomacal, gastrites, podendo evoluir até mesmo a uma úlcera. Náuseas, diarreias e vômitos são citados na literatura. Em algumas pessoas observa-se perda do apetite, levando a emagrecimento significativo, enquanto em outras há aumento no consumo de alimentos, consequência oposta. Imunodeficiência: diminuição da capacidade de resistência física, acarretando resfriados ou gripes constantes, afecções na pele como pruridos, alergias, herpes, queda de cabelo, aparecimento ou aumento de cabelos brancos. Transtornos cardiovasculares: nesse item, há relatos desde hipertensão arterial, palpitações, insuficiência cardiorrespiratória, até mesmo infartos e embolias. Distúrbios do sistema respiratório: dificuldade para respirar, suspiros profundos, bronquite, asma. Disfunções sexuais: diminuição do desejo sexual, dores nas relações e anorgasmia (no caso das mulheres), ejaculação precoce ou impotência (nos homens). Alterações menstruais nas mulheres: atraso ou até mesmo suspensão da menstruação. 5.2 Sintomas Psíquicos Falta de atenção, de concentração: a pessoa denota dificuldade de ater-se no que está fazendo. Parece estar sempre “distante”. Por vezes, sua atenção é seletiva, isto é, mostra-se distraída, sem interesse, concentrando-se por alguns instantes quando o assunto ou acontecimento tenha alguma importância pessoal, voltando ao estado anterior em seguida. Alterações de memória: tanto evocativa como fixação.