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Agravo Jaqueline x Editora Cruzeiro

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DESEMBARGADOR (A) PRESIDENTE DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
EDITORA CRUZEIRO LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ n° 23.084.258/0001-37, com sede no endereço Av. Higienópolis, 852, Bairro Itaim Bibi, São Paulo/SP, CEP 96350-050, apresentada por seu administrador Marcelo Siqueira, CPF n° 088.638.512-70, residente e domiciliado no enderenço Rua Abelardo Ubirajara, 725, Centro, Guarulhos/SP, neste ato por seu procurador ao final identificado, vem perante Vossa Excelência, tempestivamente, nos termos do artigo 994, inciso II, e artigo 1.015, inciso I do Código de Processo Civil, interpor
AGRAVO DE INSTRUMENTO com pedido liminar e efeito suspensivo
Contra decisão interlocutória proferida pelo juízo “a quo” da 1° Vara Cível da comarca da capital do estado de São Paulo nos autos do processo n° 000458-70.2019.8.16.369, da ação de indenização por danos morais cumulada com obrigação de fazer, que lhe move Jaqueline, já qualificada na exordial dos autos retro citados, pelas razões de direito a seguir expostas, requerendo a sua distribuição a uma das câmaras cíveis.
Termos em que pede deferimento
São Paulo, 14 de setembro de 2020
Renata de Campos Silva
OAB-SP: 85.77
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO
PROCESSO DE ORIGEM Nº 000458-70.2019.8.16.369
COMARCA DE ORIGEM: 1ª VARA CÍVEL DA CAPITAL DE SÃO PAULO
AGRAVANTE: EDITORA CRUZEIRO LTDA
AGRAVADO: JAQUELINE
1. DOS FATOS
A autora, ora agravada, ingressou com Ação de danos morais cumulada com obrigação de fazer, em face da ré, ora agravante, em razão desta haver lançado uma biografia onde relata sua vida. 
Importa frisar aqui, que a Agravada foi uma cantora de muito sucesso na década de 1980 e 1990, sendo que, após seu auge de sucesso, iniciou consumo exagerado de drogas, dentre outros excessos, fato que ensejou seu afastamento da vida artística, passando a viver reclusa em uma chácara no interior de Minas Gerais, há quase 20 (vinte) anos. Os fatos relatados constam na biografia lançada pela agravante, objeto da questão em discussão. 
A agravada em petição inicial alega que a obra revela fatos de sua imagem e vida provada, sem que tenha havido sua autorização prévia, o que lesionaria seu direito de personalidade, causando-lhe dano moral, e que, sem a imediata interrupção da divulgação da biografia, essa lesão se ampliaria e se consumaria de forma definitiva, aduzindo, então, perigo de dano irreparável e o risco ao resultado útil do processo. 
O D. Juízo “a quo” acatou os argumentos da agravada e concedeu-lhe a antecipação de tutela para condenar a agravante a não mais vender exemplares da biografia, bem como a recolher todos aqueles que já estivessem sido remetidos a pontos de vendas e ainda não tivessem sido comprados, no prazo de 72 (setenta e duas) horas, sob pena de multa diária de R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais).
Contudo a agravante, entende que os fatos relatados na biografia são verídicos e que trata sobre a vida de uma pessoa pública, sendo que o cancelamento do evento de divulgação, antecipadamente programado, causará prejuízos significativos à Editora.
Assim, diante dos fatos relatados e da decisão proferida interpõe-se o presente Agravo de Instrumento. Em síntese, eis os fatos. 
2. DO JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE
2.1 Do preparo
O agravante, conforme dispõe o Art 1007 e 1017, §1º do CPC acosta o comprovante do recolhimento do preparo, cuja guia segue em anexo. 
2.2 Do cabimento
Em conformidade com o CPC em seu art. 1.015, inciso I, cabe agravo de instrumento contra decisões interlocutórias que versam sobre tutelas provisórias, fato que represente o presente processo, tendo em vista a antecipação de tutela proferida pela decisão do juízo da 1ª Vara Cível da Comarca da Capital do estado de São Paulo, que deferiu a proibição do lançamento e venda da biografia da agravada e ordena o recolhimento dos exemplares distribuídos nos postos de vendas, sob pena de multa diária R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais). 
2.3 Da tempestividade 
Trata-se de agravo tempestivo, tendo em vista que a agravante foi intimada por oficial de justiça no dia 8 de setembro de 2020, realizado a juntada aos autos no dia 11 de setembro de 2020. 
Nesse sentido, conforme dispõe o CPC em seu art. 1.003 e § 5º, o prazo para interpor agravo é de 15 dias úteis. Ademais, ainda de acordo com a norma processual em seu art. 231, II, o data para início do prazo quando a intimação ocorre por oficial de justiça é a data da juntada nos autos do retorno do mandado cumprido, fato que enseja em um prazo final para a interposição do presente agravo no dia 02 de outubro de 2020. 
2.4 Dos documentos essenciais
Cabe salientar, que atento à norma do artigo 1.017, §5º do Código de Processo Civil, deixa o Agravante de juntar a cópia integral dos autos originários nº 000458-70.2019.8.16.369, onde consta a decisão agravada (evento 12), e demais documentos requeridos pelo artigo 1.017, incisos I e II do CPC, uma vez que o processo na origem tramita no meio eletrônico.
2.5 Da apresentação dos patronos das partes
Em cumprimento ao disposto no artigo 1.016, inciso IV do CPC, a Agravante informa que está sendo representada pela Advogada Renata de Campos Silva, brasileira, casada, inscrita na OAB-SP: 85.779, com endereço profissional na rua Independência, n° 400, sala 1.501, Bairro Centro, São Paulo – Estado de São Paulo, CEP: 87.584-010, Fone: (11) 3333-2222. O Agravado está representado pelo advogado Rubens de Sá Moraes, OAB/SP 75.558, com endereço na Rua Crystal, 500, Bairro Itaquera, São Paulo-SP. 
3. DAS RAZÕES RECURSAIS
3.1 Da ausência da probabilidade do direito
Nossa Constituição Federal assegura o acesso à informação e a liberdade de expressão e entende-se que tais garantias são direitos fundamentais e devem ser asseguradas a todos independentemente de censura ou licença. 
O primeiro é assegurado no art. 5º, XIV, que diz:
CF, art. 5º, XIV: é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional;
Já o segundo, assegurado nos incisos IV e IX, com as seguintes redações:
CF, art. 5º, IV: é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;
Contudo, apesar de serem garantias fundamentais, fundamentadas em texto constitucional, a liberdade de expressão e o direito à informação na maioria das vezes encontra-se em dissonância com outras garantias e princípios igualmente assegurados pela Constituição, como no caso do presente recurso, o direito à privacidade e intimidade.
A agravada teve seu pedido de tutela antecipado deferido fundamentado na inviolabilidade de sua vida privada e a exposição de fatos sobre sua vida que afirma causar-lhe lesão a sua honra. Porém, sobre a matéria em que se trata esse processo, no que diz respeito à biografia de uma pessoa pública que não manifestou-se sobre a permissão de divulgação de tais fatos sobre sua vida, o Supremo Tribunal Federal (STF) por meio de uma AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE nº 4.815, desconsidera a autorização da pessoa sobre o qual a biografia retrata. 
Vejamos trecho do voto da ministra Carmem Lúcia:
 “[...] em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de pensamento e de sua expressão, de criação artística, produção científica, declarar inexigível o consentimento de pessoa biografada relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais, sendo por igual desnecessária autorização de pessoas retratadas como coadjuvantes (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas) [...]” 
Ainda sobre a referida ADI, temos o conflito entre o direito à informação e a violação da vida privada, dispondo: 
 [...] A Constituição brasileira assegura as liberdades de maneira ampla. Não pode, pois, ser anulada por outra norma constitucional, por emenda tendente a abolir direitos fundamentais (inc. IV do art. 60), menos ainda por norma de hierarquia inferior (leicivil), ainda que sob o argumento de se estar a resguardar e proteger outro direito constitucionalmente assegurado, qual seja, o da inviolabilidade do direito à intimidade, à privacidade, à honra e à imagem. Pela biografia não se escreve apenas a vida de uma pessoa, mas o relato de um povo, os caminhos de uma sociedade. Se o pensar, investigar, produzir e divulgar a história de um ou de várias pessoas é livre, como se poderia fazer conformar-se à Constituição o que lhe atinge a essência, qual seja, o direito de liberdade de pensar e divulgar o pensado, máxime em se cuidando de produção intelectual decorrente de investigação sobre vida que se impõe como referência a uma sociedade? [...]” 
É nítido o posicionamento do STF sobre a ponderação entre os princípios e a garantia da divulgação de biografia não autorizada de pessoa que projeta-se notoriamente na sociedade, de modo que a ADI 4815 traz interpretação aos dispositivos da Constituição de modo que impugnar a produção de biografias que não tivessem autorização, uma vez que isso iria de encontro ao interesse público.
Ainda, há que se considerar que a referida ADI trouxe nova interpretação aos arts. 20 e 21 do Código Civil, interpretação esta conforme a Constituição, que segue:
CC, Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. (Vide ADIN 4815) Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes. 
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma
Temos que à luz do Direito brasileiro, é nula a probabilidade de êxito da agravada em conseguir impedir definitivamente a venda de sua biografia, sob a alegação de que não autorizou a sua publicação, posto que absolutamente dispensável no caso em tela, pois conforme entendimento do STF a intepretação a ser seguida sobre biografias publicadas que não passaram pela aprovação do biografada não devem sem impedidas de comercialização desde que os fatos mostrem-se verídicos.
3.2 Do pedido liminar e efeito suspensivo
É evidente que a manutenção da decisão agravada acarretará graves danos de difícil reparação para o agravante, dada a dimensão da sanção imposta. Ora, conforme os fatos narrados, o agravante afirma que o recolhimento dos livros lhe causará significativos prejuízos, especialmente com o cancelamento do evento de divulgação programado para ser realizado em 30 dias, produzindo risco de dano grave e de difícil reparação.
Importa frisar que o artigo 1.019 do CPC em seu inciso I dispõe sobre a possibilidade de deferimento de antecipação de tutela, total ou parcial, a pretensão recursal, comunicando ao juiz sua decisão. 
A norma nos mostra que para o deferimento da tutela provisória de urgência é necessário a demonstração aos autos do risco e dano ao resultado útil ao processo, senão concedida em conformidade com o artigo 300 do Código de Processo Civil. Podemos verificar no caso em tela tal risco e dano notório, uma vez que a Editora programou-se para a realização de um evento nacional, no qual seria lançada a obra, além das vendas que ali seriam realizadas.
Ante os fatos e fundamentos expostos, é notório caber ao agravado a tutela provisória com o intuito de assegurar-lhe o direito de realização do evento previamente organizado com data determinada o que requereu investimentos e compromisso firmado com os clientes, sendo surpreendida dias antes da realização do evento com mandado judicial que proíbe sua realização e a venda dos exemplares, ordenando, ainda, o recolhimento dos exemplares nos postos de vendas. 
 Desse modo, tendo em vista os prejuízos que lhe serão acarretados em caso de não realização e da iminência de sofrer danos irreparáveis é necessário a atribuição de efeito suspensivo a este recurso, na forma do Art. 995, parágrafo único do CPC, para desse modo evitar que tais danos concretizem-se, uma vez que a agravada foi surpreendida dias antes da realização do evento. 
4. DOS PEDIDOS
Ante o exposto, considerando que a pretensão da Requerente encontra fundamento nas disposições legais acima arguidas, requer de Vossa Excelência:
a. Que seja o presente agravo processado na forma de instrumento, requerendo, preliminarmente, seja deferido antecipadamente a tutela recursal, na forma autorizada pelo artigo 1.019, inciso I, do CPC, em face da urgência da medida postulada, mediante ordem liminar, haja vista grande prejuízo que ocasionará à Agravante, concedendo a suspensão do processo originário e, por consequência, do curso do prazo de contestação até o julgamento final deste recurso;
b. Requer tenha continuidade o presente recurso, requerendo, ainda, que o presente seja conhecido e provido, confirmando a tutela recursal pretendida, tudo para o fim revogar a decisão e determinar o restabelecimento regular dos procedimentos de lançamento das biografias e a manutenção dos exemplares à venda;
c. A intimação do agravado para responder o presente recurso no prazo legal conforme ART 1019, II do CPC;
d. Condenar do agravado ao pagamento de honorários advocatícios recursais, nos termos do art. 85, §1º do CPC, a ser fixado pelo juízo.
Termos em que pede deferimento
São Paulo, 14 de setembro de 2020
Renata de Campos Silva
 OAB-SP: 85.77
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