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Herpes Zóster. Vírus Varicela-Zoster Também chamada de herpes tipo 3, causa duas formas de doença = varicela e herpes zoster. Varicela: Transmissibilidade. Doença adquirida quando o vírus entra em contato com as mucosas do trato respiratório superior. Transmissão ocorre por contato direto com pessoas com varicela ou herpes- zoster → inalação de partículas virais ou contato direto com o conteúdo vesicular da lesão. Apresenta uma taxa alta de transmissão. Aquisição da doença depende de = idade, condição imunológica, intensidade da exposição e número de lesões cutâneas. Vírus de DNA pertencente à família Herpesviridae. Período de incubação = varia entre 10 a 21 dias. Pessoas previamente saudáveis suscetíveis à varicela = 2 ou 3 dias após a exposição → vírus replica nos linfonodos regionais. Viremia 1ª = 4 a 6 dias após a exposição. Vírus passa a replicar no fígado, baço e outros tecidos. Viremia 2ª = 10 a 14 dias após a infecção e coincide com o aparecimento do exantema vesicular. Em imunocompetentes replicação viral cessa em 72h após o aparecimento do exantema vesicular. Período prodrômico = curto ou ausente. Consiste em febre e mal-estar, 1 ou 2 dias antes do início das lesões cutâneas. Exantema característico da varicela = distribuição central/lesões pruriginosas, surgem em grupos e evoluem rapidamente de máculas – pápulas – vesículas e crostas. Lesões cutâneas da varicela e herpes- zoster = histopatologicamente idênticas e o VVZ infectante presente em ambas. Varicela estimula tanto a imunidade humoral como a celular (altamente pro- tetora contra reinfecção sintomática). Supressão da imunidade celular ao VVZ correlaciona-se com risco maior de reativação como herpes-zóster. VZV determina uma infecção latente nas células dos gânglios sensoriais em todos os indivíduos que sofrem infecção 1ª. Durante a latência pode ocorrer a reativação diante de algum estímulo = VZV se espalha dentro do gânglio. Qualquer gânglio da medula espinhal e dos pares cranianos (trigêmeo e geniculado) podem conter o vírus. A partir dos gânglios = vírus desce pelos nervos periféricos ou pares cranianos = infecção na pele com erupção cutânea típica → respeitando um determinado dermátomo. Gânglio sensitivo = intensa inflamação + necrose hemorrágica das células nervosas. Dano neuronal = dor neuropática típica do zoster. Resposta imune do hospedeiro = limita a replicação viral e facilita a recuperação a infecção. Quadro Clínico PRINCIPAL CARACTERÍSTICA – se manifesta em um dermátomo unilateral → raramente ultrapassa a linha média. Pródromo de dor em queimação/latejamento na área do dermátomo acometido (precede erupção cutânea em 2 – 3 dias) + mal estar + febre baixa + prurido e sensibilidade localizada. Dor pode estar acompanhada de sintomas neurosensoriais = parestesia, disestesia, alodínia e hiperestesia. Erupção cutânea = inicialmente máculas e pápulas, evoluindo para vesículas, pústulas (3 – 4 dias) e crostas. Vesículas se tornam crostas em 7 – 10 dias e as lesões tendem a desaparecer em 2 – 4 semanas. Nervos mais frequentemente atingidos = intercostais (50%), trigêmeo (15%), cervical, lombar e lombossacro. Diagnóstico Clínico – baseado na característica das lesões. Mais provável em pacientes com história prévia conhecida de varicela e com manifestações clássicas: pródromos de dor, erupção cutânea e distribuição em dermátomo. PCR = método preferível, rápido e sensível. Diagnóstico em fluido vesicular, secreções respiratórias e LCR. Usado em lesões de todos os estágios. Quando não disponível = teste de anticorpo ou cultura. Menor sensibilidade. Tratamento 1. Terapia antiviral – acelerar a cicatrização das lesões, diminuir a duração e a gravidade da neurite aguda. Aciclovir – 800mg, 5x ao dia, por 7 dias. Valaciclovir – 1g, 3x ao dia, por 7 dias. Fanciclovir – 500mg, 3x ao dia, por 7 dias. Indicações para o uso do aciclovir = Crianças sem comprometimento imunológico – 20mg/kg, via oral, 5 vezes ao dia, durante 5 dias. Crianças com comprometimento imunológico ou casos graves – deve-se fazer uso de aciclovir endovenoso na dosagem de 10mg/kg, a cada 8 horas, infundido durante uma hora, durante 7 a 14 dias. Adultos sem comprometimento imunológico – 800mg, via oral, 5 vezes ao dia, durante 7 dias. Adultos com comprometimento imunológico – 10 a 15mg de aciclovir endovenoso, 3 vezes ao dia por no mínimo 7 dias. 2. Analgesia – pacientes com neurite aguda moderada/grave. Amitriptilina. Gabapentina. Corticoide. Deve ser iniciada até 72h do início dos sintomas para que os efeitos benéficos sejam alcançados. Após esse período = terapia antiviral SÓ é iniciada se aparecerem novas lesões no momento da apresentação, indicando replicação viral. Profilaxia Deve ser feita preferencialmente pré- exposição, por vacina. Também pode ser utilizada pós- exposição para indivíduos imunocompetentes suscetíveis. Para imunodeprimidos é indicado profilaxia pós-exposição = uso de imunoglobulina humana específica. Vacina Varicela Produzidas com vírus vivo atenuado. No Brasil = apresentação monovalente ou combinada com a vacina tríplice sarampo, caxumba e rubéola (tetraviral). Recomendada a partir dos 12 meses de idade. 1ª dose aos 12 meses de idade e 2ª entre 15 – 24 meses. Na pós-exposição = a partir de 9 meses de idade. Dose = 0,5 mL SC. Conservada entre + 2ºC e + 8ºC. Recomendada para TODAS as pessoas > 60 anos em DOSE ÚNICA, mesmo aquelas que já apresentaram quadro de herpes-zoster. Eficácia em Imunocompetentes Varicela em vacinados tende a ser menos intensa quanto às manifestações clínicas. Poucas lesões de pele e se recuperam mais rapidamente. Esquemas Crianças imunocompetentes suscetíveis entre 1 e 12 anos, em convívio domiciliar com imunodeprimidos = 2 doses de 0,5 mL, SC, com intervalo mínimo de 3 meses entre doses. Pessoas imunocompetentes suscetíveis ≥ 13 anos, em convívio domiciliar com imunodeprimidos = 2 doses de 0,5 mL, SC, com intervalo de 4 a 8 semanas entre as doses. Pessoas imunodeprimidas em qualquer idade = 2 doses de 0,5 mL, SC, com intervalo de 3 meses entre as doses, desde que as condições para vacinação sejam atendidas. Pode ser aplicada simultaneamente a outras vacinas do PNI, ou com qualquer intervalo, à exceção das vacinas tríplice viral e febre amarela. Nesses casos = vacinação simultânea com intervalo de 30 dias entre as duas. < 2 anos = tetraviral ou tríplice viral e FA devem ser administradas com intervalo de 30 dias e não simultaneamente. Contraindicações a. Durante o período de 3 meses após a terapia imunossupressora ou 1 mês, em corticoterapia. b. Gestação (mulheres em idade fértil vacinadas devem evitar gestação durante 1 mês após vacinação). c. Reação anafilática à dose anterior da vacina ou a algum de seus componentes. d. Administração recente de sangue, plasma ou imunoglobulina (recomenda- se intervalo de 3 meses entre a administração desses e a vacina). Não é contraindicada para pessoas que convivem com imunodeprimidos e mulheres grávidas. Eventos Adversos Locais: dor, hiperestesia ou rubor nas primeiras horas após aplicação. Erupção leve semelhante a varicela por surgir no local de aplicação 8 a 19 dias após. Sistêmicos: febre, até 40 dias depois. Erupção variceliforme, com 5 lesões, em média, 5 a 26 dias após. Alérgicos: anafilaxia é rara. Imunoglobulina Humana Específica (IGHAVZ). Profilaxia pós-exposição em imunodeprimidos. Obtida de plasma humano contendoIgG contra o vírus da varicela. 125 unidades por frasco, volume varia de 1,25 mL a 2,5 mL. Dose = 125 UI para cada 10 kg. Dose mínima = 125 UI e dose máxima = 625 UI. Administrada nas primeiras 96h após contato. Via IM. Indicações 1. Suscetibilidade: a) Pessoas imunocompetentes/deprimida sem história bem definida da doença e/ou vacinação anterior. b) Pessoas com imunodepressão grave, independentemente de história de vacinação anterior. 2. Contato significativo com o VVZ: a) Contato domiciliar contínuo – permanência pelo menos 1h em ambiente fechado. b) Contato hospitalar – internadas no mesmo quarto do doente ou contato direto prolongado por pelo menos 1h. 3. Risco especial de varicela grave: a) Crianças ou adultos imunodeprimidos. b) < 1 ano em contato hospitalar com VVZ. c) Gestantes. Contraindicações Anafilaxia à dose anterior. Efeito adversos Locais: eritema, enduração e dor de intensidade leve são comuns. Sistêmicos: febre, sintomas gastrointestinais, mal-estar, cefaleia e exantema, ocasionalmente. Alérgicos: anafilaxia é rara. Complicações Neuralgia pós-herpética Dor neuropática crônica com persistência mínima de 1 mês no trajeto do nervo afetado. Se inicia entre 1 e 6 meses após a cura das erupções cutâneas, podendo durar anos. Dividida em três fases distintas: 1. Fase aguda: dor que se instala dentro de 30 dias após o início das erupções cutâneas. 2. Fase subaguda: dor que persiste além da fase aguda, mas que resolve antes do diagnóstico de NPH ser feito. 3. Terceira fase: NPH propriamente dita, com a dor persistindo por 120 dias ou mais após o exantema. Dor crônica em queimação, formigamento ou ardor e pode estar associada à hiperalgesia, hiperestesia ou alodínia. Distribuição anatômica da segue o padrão dos dermátomos envolvidos no HZ. Diagnóstico é clínico. TTO deve ser feito com fármacos para o controle e alívio da dor. 1ª linha para tto = anticonvulsivantes (gabapentina e pregabalina) e os antidepressivos tricíclicos (principalmente amitriptilina). 2ª linha = opioides. Síndrome de Ramsay Hunt Paralisia facial periférica acompanhada de um rash eritematoso e vesicular no pavilhão auricular ou na boca, causado por HZ. Pode alcançar sua máxima intensidade dentro da primeira semana de início dos sintomas. O VVZ tem tropismo por tecido ganglionar causando intensa reação inflamatória. Após a primo-infecção = latente nos gânglios nervosos. Imunidade celular = previne a reativação. Em determinadas situações o vírus latente recorre ao nervo produzindo uma erupção cutânea no dermátomo afetado. Quando a reativação ocorre nos pares cranianos, mais especificamente no gânglio geniculado = síndrome de Ramsay Hunt. O diagnóstico da síndrome é na maioria das vezes clínico. HZ Oftálmico Reativação do VVZ comumente afeta a região do ramo oftálmico do trigêmeo, acometendo também a córnea e outras estruturas do olho, com risco de amaurose. Sinal de Hutchinson Envolvimento do ramo nasociliar leva à formação de vesículas no lado ou na ponta do nariz.
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