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O Papel da Escola Pública no Ensino Fundamental

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ISSN 2176-1396 
 
 
PAPEL DA ESCOLA PÚBLICA DE ENSINO FUNDAMENTAL: 
ENCONTROS E DESENCONTROS ENTRE A LEGISLAÇÃO E O 
CONTEXTO ESCOLAR 
 
Karlliny Martins da Silva1 - FCT - UNESP 
Vanda Moreira Machado Lima2 - FCT - UNESP 
 
Eixo – Políticas Públicas e Gestão da Educação 
Agência Financiadora: não contou com financiamento 
Resumo 
 
A partir do estudo da legislação educacional é possível conhecer a história de um sistema, 
desvelar sentidos e interesses dos diversos grupos envolvidos, saber quem são os responsáveis 
pelas suas variáveis, analisar os avanços, as contradições, refletir sobre possíveis retrocessos, 
conhecer os direitos e deveres, ter uma visão oficial da educação. A pesquisa de mestrado tem 
como objetivo investigar os encontros e desencontros entre o papel atribuído à escola pública 
de Ensino Fundamental nas políticas públicas e a complexidade do cotidiano escolar. Este 
artigo visa apresentar resultados parciais dessa pesquisa, enfatizando uma análise do papel da 
escola pública no ensino fundamental na legislação educacional e em alguns autores. A 
pesquisa, de abordagem qualitativa, utiliza a pesquisa bibliográfica, análise documental da 
legislação e de documentos da escola pública pesquisada, análise de conteúdo de entrevista 
reflexiva. Os resultados até o presente momento evidenciam que a formação integral dos 
sujeitos, capacitação para o trabalho, formação para a cidadania, são atribuições e 
expectativas concedidas à escola pela legislação educacional e que estas refletem os interesses 
de diferentes grupos. Os autores defendem que a escola pública deve ser espaço de formação 
crítica, emancipação dos sujeitos, formação para a cidadania, porém, a estrutura da escola 
pública não contribui para que a escola cumpra o seu papel. Contudo, faz-se urgente discutir o 
significado do papel da escola como espaço de formação integral de seus sujeitos pela 
 
1 Mestranda em Educação, no Programa de Pós Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia 
(FCT), Campus de Presidente Prudente, SP. Membro do Grupo de Pesquisa de Formação de Professores, 
Políticas Públicas e Espaço Escolar da Faculdade de Ciências e Tecnologia- UNESP/Presidente Prudente, SP 
(GPFOPE). E-mail: karlliny@outlook.com. 
2 Doutora pela USP/SP. Membro integrante do Grupo de Pesquisa de Formação de Professores, Políticas 
Públicas e Espaço Escolar da Faculdade de Ciências e Tecnologia- UNESP/Presidente Prudente, SP (GPFOPE) e 
do Grupo de Estudos e Pesquisas sobre a Formação de Educadores da Faculdade de Educação da Universidade 
de São Paulo (USP), São Paulo (GEPEFE/FEUSP). Atualmente é Professora Assistente Doutor na Universidade 
Estadual Paulista (UNESP) na Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT), Campus de Presidente Prudente, SP, e 
professora do Programa de Pós Graduação em Educação da FCT/UNESP. Coordenadora do curso de Pedagogia 
da FCT/UNESP desde julho/ 2015. E-mail: vandalima@fct.unesp.br. 
 
 
21740 
 
ISSN 
apropriação dos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade e a formação da 
cidadania, além de refletir sobre suas reais possibilidades no contexto educacional. 
 
Palavras-chave: Papel da escola. Escola pública. Ensino Fundamental. 
Introdução 
A legislação educacional constituída pelos decretos, pareceres, resoluções e portarias 
são políticas que organizam, influenciam e estabelecem diretrizes para a organização e gestão 
das escolas de educação básica no Brasil, ou seja, tais documentos oficiais constituem-se “[...] 
um referencial privilegiado para a análise crítica da organização escolar porque, enquanto 
mediação entre situação real e aquela que é proclamada como desejável, reflete as 
contradições objetivas [...]” (SAVIANI, 2009, p.202). 
A legislação é importante referência para aqueles que, de uma forma ou de outra, 
lidam com a educação no âmbito acadêmico ou nas diferentes esferas do Poder 
Público. Tanto por seu valor em si como pelo seu significado histórico, as leis 
oferecem um registro ímpar de ideias e valores que circulam em determinada época. 
Por isso mesmo, são objeto de permanente atenção e análise, sobretudo, por parte 
dos pesquisadores no campo da política educacional. (VIEIRA, 2009, p. 32). 
Como exigir um direito se não o conheço? Como cumprir um dever se o desconheço? 
Como falar, pesquisar em educação sem conhecer a sua história, suas marcas, seu legado? 
Libâneo; Oliveira;Toschi (2012, p.534), ao descreverem sobre as “Competências 
profissionais do pessoal da escola”, indicam que a legislação, assim como os planos e 
diretrizes oficiais, são um dos três campos apontados que “ [...]os professores precisam estar 
muito bem informados [...]”. 
Várias legislações, a partir de 1996, estabelecem o papel da escola pública, mas será 
que há relações entre as leis e a realidade, entre as leis e as condições de trabalho na escola? 
Enfim, o papel da escola pública de Ensino Fundamental tornou-se objeto de estudo 
dessa pesquisa de mestrado que se encontra em andamento desenvolvida no Programa de Pós 
Graduação em Educação da Faculdade de Ciências e Tecnologia-UNESP, cujo problema de 
pesquisa é: há relação entre o papel da escola de Ensino Fundamental presente na legislação e 
o contexto atual das escolas públicas? Quais relações entre o papel dessa escola e as reais 
condições de trabalho dos seus profissionais? É possível desenvolver uma formação integral 
aos nossos alunos, formando para a cidadania, continuidade de estudos e para o trabalho no 
contexto das escolas públicas? Quais são as reais condições de alcançarmos esse objetivo? 
ISSN 
Diante dessas questões temos como objetivo central na pesquisa investigar os 
encontros e desencontros entre o papel atribuído à escola pública de Ensino Fundamental na 
legislação educacional e na complexidade do cotidiano escolar. 
Metodologia 
A fim de analisar criticamente os objetivos atribuídos à escola de Ensino 
Fundamental recorremos a Saviani (2009) que apresenta um roteiro de análise crítica da 
organização escolar brasileira a partir de duas leis evidenciando que para compreender a lei é 
preciso captar o seu espírito; examinar o contexto e ler nas entrelinhas. 
Ao captar o espírito da lei, “o que se pretende saber é qual a sua fonte inspiradora, 
qual a sua doutrina, quais os princípios que a enformam” (SAVIANI, 2009, p.175). Examinar 
o contexto de uma lei implica trazer à tona seu contexto histórico e, ler nas entrelinhas, o 
autor é “[...] examinar a gênese da lei em questão” (SAVIANI, 2009, p.195). 
A pesquisa de mestrado visa analisar quatro leis e uma resolução que abordam a 
educação brasileira de 1827 a 2010, a saber: a Lei de 15 de outubro de 1827 que regulamenta 
as escolas de primeiras letras; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional n. 4.024 de 20 
de dezembro de 1961 (BRASIL, 1961) que fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
considera esta a primeira LDB, a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 nos 
artigos que focam o objeto de estudo desta pesquisa; Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional n. 9.394 de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996) que estabelece as Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional, e da Resolução CNE nº 4 de 13 de julho de 2010 (BRASIL, 
2010), a qual define as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. 
Buscaremos, também, analisar o que dizem alguns autores sobre o papel da escola pública, 
enfatizando o ensino fundamental, foco dessa pesquisa. 
A pesquisa se desenvolverá na rede municipal de Birigui, SP, o que exigirá uma 
análise documental em legislações municipais, no Regimento Escolar e Projeto Político 
Pedagógico (PPP) da escola pesquisada e outros documentos que forem necessários. Além de 
realizar entrevistas reflexivas (SZYMANSKI, 2002) junto aos professores que lecionam nas 
séries iniciais do ensino fundamental e profissionais da equipegestora. 
Essa pesquisa de abordagem qualitativa buscará analisar as mensagens, os enunciados 
das falas dos sujeitos entrevistados, descrever ações que caracterizam as funções da escola, os 
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significados atribuídos pelos professores e gestores, a partir da análise de conteúdo 
(FRANCO, 2005). 
A seguir apresentamos de modo ainda preliminar o que as legislações enfocam sobre o 
papel da Educação Básica e os autores: Silveira (1995), Paro (2007), Lima (2007), Lima e 
Leite (2008) sobre o papel da escola pública. 
Papel da escola do Ensino Fundamental: Legislação e autores 
Este subtítulo aborda a educação formal no Brasil, subdividido em três partes. Na 
primeira parte está descrito um breve percurso histórico do ensino Jesuítico até 1980. A 
segunda parte apresenta uma análise preliminar do papel da escola pública de Ensino 
Fundamental na Constituição de 1988, LDB/96 e Resolução 4/2010 e a terceira e última parte, 
abrange o papel da escola pública a partir da concepção de alguns autores. 
Educação no Brasil: dos jesuítas até 1980 
Ao revisitarmos a história da educação formal brasileira, nos deparamos com o Ensino 
Jesuítico (1549-1759) que pode ser considerado como marco inicial da educação formal 
brasileira, mas não como o início da educação pública. 
Segundo Saviani (2014, p.16), o ensino para ser considerado público, além de ser 
ofertado para todos, precisa ser mantido com recursos materiais e pedagógicos pelo Estado. 
No Ensino Jesuítico, “os prédios assim como sua infraestrutura, os agentes, as 
diretrizes pedagógicas, os componentes curriculares, as normas disciplinares e os mecanismos 
de avaliação se encontravam sob o controle da ordem dos jesuítas, portanto, sob o domínio 
privado”. Após o fechamento dos colégios jesuítas surgiram as “Aulas Régias” (1759- 1827), 
em que somente o salário do professor e as diretrizes curriculares eram de responsabilidade da 
Coroa. 
Percorrendo um pouco mais da história, nos deparamos com a criação dos Grupos 
Escolares (1890-1896). Estes reuniram todas as “escolas isoladas”, originando o que temos 
até hoje como classes/séries. Neste período temos os primeiros passos da escola pública. 
Após treze anos de discussões parlamentares e públicas sobre normatização e 
regulamentação, centralização e descentralização, obrigatoriedade e gratuidade, do projeto de 
lei que tinha por objetivo estabelecer normas para a educação nacional, foi promulgada a 
ISSN 
reformulação do sistema educacional brasileiro com a Lei de Diretrizes e Bases nº 4024 de 20 
de dezembro de 1961(BRASIL, 1961). 
O ensino primário, “obrigatório a partir dos sete anos” de idade (Art. 27) era 
ministrado em “quatro séries anuais” (Art. 26) e poderia ser realizado na escola ou no lar, e 
tinha por objetivo o “desenvolvimento do raciocínio e das atividades de expressão da criança 
e a sua integração no meio físico e social” (Art. 25). 
A partir do novo quadro político do Brasil (golpe de 64), a LDB de 61 foi parcialmente 
reformada pela lei 5540/68 conhecida como a lei da reforma universitária, em atendimento a 
ideologia do governo, e o ensino primário e ginasial, também foram reformulados, pela lei 
5692/71, na qual passou a denominar o ensino em 1º grau, com duração de oito anos e a este 
competia o ensino geral e 2º grau, ao qual foi direcionado todo o ensino profissionalizante. 
As reformas instituídas pela ditadura militar tornaram-se alvos de críticas dos 
educadores (anos 70-80), uma vez que para estes ficou a incumbência de executar o que era 
decidido para a educação, não podendo participar dos processos decisórios exercidos por 
técnicos da economia. 
Papel da escola pública de Ensino Fundamental: nas legislações atuais 
A atual Constituição considera em seu artigo 6º a educação como um dos direitos 
sociais do cidadão, ou seja, um serviço público que é dever do Estado ofertá-la, e dedica a 
Seção I do Capítulo III Da Educação, Da Cultura e do Desporto à Educação para tratar desse 
direito. 
O texto traz como dever do Estado a garantia da gratuidade e obrigatoriedade de 
educação básica dos quatro aos dezessete anos, com “atendimento ao educando em todas as 
etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático escolar, 
transporte, alimentação e assistência à saúde” (Art.208, Inciso VII). Nela consta que a 
educação deve visar “o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho” (Art. 205). 
Essa Carta Magna abriu caminho para a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
n.9394, que começou a ser elaborada e discutida em 1987 e foi promulgada somente oito anos 
depois, em 20 de dezembro de 1996. Esta nova LDB normatizou e regulamentou em apenas 
uma lei o ensino do país, o que antes ocorria a partir da Lei n. 4014/61, Lei n. 5540/68 e Lei 
n.5692/71. 
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Ao analisar o papel atribuído à educação escolar na LDB/96 consta “desenvolver o 
educando, assegurar-lhe a formação comum indispensável para o exercício da cidadania e 
fornecer-lhe meios para progredir no trabalho e em estudos posteriores” (Art.22). 
A Resolução 4/2010, traz em seu objetivo para o Ensino Fundamental alguns 
acréscimos em comparação ao objetivo definido na LDB/ 96. Abaixo transcrevemos o artigo 
24 da Resolução 4/2010 e grifamos os trechos em acréscimos. 
Art 24-Os objetivos da formação básica das crianças, definidos para a Educação 
Infantil, prolongam-se durante os anos iniciais do Ensino Fundamental, 
especialmente no primeiro, e completem-se nos anos finais, ampliando e 
intensificando, gradativamente, o processo educativo, mediante: 
I - desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno 
domínio da leitura, da escrita e do cálculo; 
II –foco central na alfabetização, ao longo dos 3 (três) primeiros anos; 
III- compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da economia, da 
tecnologia, das artes, da cultura e dos valores em que se fundamenta a sociedade; 
IV - o desenvolvimento da capacidade de aprendizagem, tendo em vista a aquisição 
de conhecimentos e habilidades e a formação de atitudes e valores; 
V - fortalecimento dos vínculos de família, dos laços de solidariedade humana e de 
respeito recíproco em que se assenta a vida social. (BRASIL, 2010, art 24). (grifos 
nossos). 
É possível notar que há uma concepção de continuidade do ensino e de 
aprofundamento dos conhecimentos a serem adquiridos pelos alunos no decorrer das etapas 
da educação básica, o que indica a ideia de que o ensino deve proceder de maneira espiral, ou 
seja, não haveria conteúdos e saberes específicos da educação infantil, ou de determinada fase 
do ensino fundamental que seriam trabalhados e esgotados em cada etapa ou ano. 
No inciso II, do Art. 24 da Resolução nº4/2010, fica também estabelecido que a 
alfabetização deva ser o foco dos três primeiros anos do ensino fundamental, o possibilita 
interpretar que há idade limite para o processo de aquisição da escrita, o que é contraditório ao 
respeito ao ritmo dos alunos, seus “tempos mentais, socioemocionais, culturais e identitários”, 
expressos nesta mesma resolução no artigo 20, além de indicar uma maior importância ao 
saber escrever em detrimento de tantas outras habilidades necessárias a formação integral de 
direito do aluno. 
Papel da escola pública a partir de autores 
Considerando que o principal papel da escola é a formação integral do sujeito a partir 
da sistematização dos conhecimentos historicamente construídos pela humanidade e a 
formação para a cidadania. Como afirma Paro (2007, p. 39): 
ISSN 
[...] o que muitos estranham é que hoje a escola não deve mais se restringir à mera 
veiculação de informações a que ela se dedicava no passado. As chamadas “novas” 
funções da escola são necessárias e importantes não apenas porque os tempos 
mudaram, mas porque se supõe que a educação é formaçãodo cidadão em sua 
integralidade, não apenas na dotação de informações. 
Para Lima e Leite (2008, [p.2]) o papel da escola pública é “formar pessoas críticas e 
reflexivas, que assumam seu espaço na sociedade como sujeitos históricos, que refletem sobre 
a contemporaneidade histórica da escola, compreendem o mundo e escolhem o modo de atuar 
na sociedade”. 
A escola deve ser espaço de uma formação problematizadora, transformadora, 
emancipadora. Silveira (1995, p.25) salienta que a função transformadora da escola “consiste 
na sua possibilidade de proporcionar às massas populares o acesso aos conhecimentos e 
habilidades teóricos e práticos necessários para uma compreensão científica, rigorosa e crítica 
da realidade em que vivem, tornando-as, assim, melhor instrumentalizadas para a luta pela sua 
libertação”. 
Conforme afirma Lima (2007, [p.42]) o papel da escola pública de educação básica se 
resume em dois objetivos: “educar e instruir, socializar e formar”. Como diz Paro (2007, p.33-
34): 
[...] a escola fundamental é entendida como agência educativa em seu sentido mais 
radical, tomada a educação como apropriação da cultura, e entendida esta como o 
conjunto de conhecimentos, valores, crenças, arte, filosofia, ciência, tudo, enfim, 
que é produzido pelo homem em sua transcendência da natureza e que constitui 
como ser histórico. No contexto de uma sociedade democrática, a função da escola 
sintetiza-se na formação do cidadão em sua dupla dimensão: individual e social. 
No entanto, Paro (2016, p.14) afirma que “a estrutura da escola atual não se tem 
mostrado adequada aos fins educativos”, com organização curricular que preza pela 
transmissão de conteúdos, minimiza a importância do protagonismo do sujeito em seu 
aprendizado, desconsidera as fases de desenvolvimento, culpa o aluno por não aprender, não é 
democrática, apresenta uma concepção acrítica de educação e, se tratando do trabalho do 
professor, evidencia a ausência da concepção de escola como lócus formativo, condições 
adequadas à docência, que além de questões de infraestrutura, materiais pedagógicos, 
quantidade de alunos por turma, inclui tempo dedicado ao estudo, planejamento e avaliação 
do trabalho na carga horária do professor, dentre outros fatores. 
Algumas considerações 
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ISSN 
Ao analisar o percurso da educação formal no Brasil, observa-se que a instrução 
formal era entendida como meio para dominar os povos e disseminar a cultura desejada pela 
classe dominante. 
Em 1932, ocorreram manifestos, lutas e reivindicações por uma escola com o papel de 
formação para a cidadania, formação humana, porém, com a ditadura, a escola voltou a ser 
dividida entre formação integral, para os ricos e, ensino profissionalizante para os pobres. 
Silveira (1995, p.22) afirma: 
[...] não é difícil perceber porque os interesses da classe capitalista são antagônicos 
aos da classe trabalhadora e ambos inconciliáveis entre si. Enquanto a primeira 
busca conservar a situação social que a beneficia, a segunda anseia pela 
transformação da sociedade visando sua libertação. A este conflito de interesses 
entre classes chamamos de luta de classes (grifo do autor). 
 
Na Constituição de 1988, o papel da escola pública é formar para a cidadania, a partir 
do desenvolvimento integral dos sujeitos e da qualificação para o trabalho. 
A LDB/96 mantém a escola o papel atribuído na Constituição/88, porém, acrescenta 
que a escola deve assegurar a formação comum para que a cidadania, progressão no trabalho e 
nos estudos, atribuindo à União, em parceria com o estado, distrito federal e municípios, o 
dever de estabelecer as diretrizes e competências que assegurem essa formação comum. 
Atualmente observa-se que o papel da escola pública vem sofrendo alterações que 
ficam entre: lidar com questões sociais, desenvolver projetos das secretarias, realizar 
avaliações externas. Várias legislações, a partir de 1996, estabelecem o papel da escola 
pública, mas será que há relações entre as leis e a realidade, entre as leis e as condições de 
trabalho na escola? 
Há um descontentamento com o ensino público revelando incoerência entre o que 
declara as políticas públicas e a realidade das escolas, explicitando um desencontro entre o 
papel atribuído nos documentos legais e a realidade escolar. 
Lima (2007, [p.42]) salienta ser necessário assegurar alguns fatores para que a escola 
possa cumprir com seu papel, dentre eles ter, “professores bem preparados com formação 
inicial e contínua [...]; instigante organização do processo de ensino e aprendizagem que 
motive a maioria dos alunos; disponibilidade de condições físicas e materiais que possibilitem 
oportunidades concretas para aprender”. 
Salvo algumas exceções, nas escolas o que encontramos são professores, com total 
despreparo para a docência, o que demanda intenso trabalho de formação continuada. No 
ISSN 
entanto, há docentes que dizem ter ingressado na carreira porque a pedagogia era o único 
curso acessível financeiramente, e se negam a participarem do processo formativo. 
Se não há condições físicas e materiais que contribuam ao processo de ensino e 
aprendizagem e assim o professor não se sente motivado para estar na escola, como motivará 
seus alunos? O que vemos e vivenciamos, são escolas em condições precárias, em prédios 
improvisados ou em péssimo estado, além da falta de materiais e recursos pedagógicos. 
O principal papel da escola é a formação integral de seus sujeitos e a formação para 
cidadania, o que vai ao encontro do que diz a legislação atual, porém, as condições reais das 
escolas dificultam que esses objetivos se concretizem no contexto escolar, uma vez que a 
legislação educacional estabelece o papel da escola, mas não assegura as condições para que 
esse papel se efetive com sucesso. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ISSN 
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