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INTRODUÇÃO ❖ Existem mais de 200 tipos de HPV com tropismo para diferentes áreas do corpo como pele e mucosas de diferentes locais do corpo. Ex: HPV 1 (cutâneo – pés); HPV 45 e 18 (mucosa cervical – cancro); HPV 6 e 11 (cutâneo – região genital); HPV 31 e 16 (mucosa cervical- cancro); HPV 2 (cutâneo – mãos). ❖ As lesões causadas por HPV podem estar associadas a lesões de alto risco como o HPV 16 e 18, geralmente estão associados ao câncer de colo de útero (outras cepas também estão associadas). Ou estar associado a lesões benignas como o HPV 6 e 11. ESTRUTURA VIRAL ❖ Vírus pequenos; ❖ Não envelopados e possuem capsídeos icosaédricos. ❖ Material genético – DNA circular. Os HPVs são distinguidos e agrupados por homologia da sequência de DNA. ❖ Genoma viral: - Genes precoces (E): varia de E1 a E7, dependendo do vírus. E1: replicação do DNA viral; E2: Controle da transcrição e replicação; E4: Maturação do vírus e alteração da matriz extracelular; E5, E6, E7: Estímulo da proliferação e transformação celular, principalmente E6 e E7. - Genes tardios ou estruturais (L): L1 e L2, estão associados a estrutura do capsídeo. Inclusive, a vacina contra HPV é montada a partir dessas estruturas de genes tardios, é como se fosse feita com “estruturas virais vazias”, já que tem o capsídeo, mas não tem a região que relaciona com a de replicação viral, a região precoce. L1: Codifica a proteína principal do capsídeo. L2: Codifica a proteína secundária do capsídeo. *A relação em algumas lesões serem benignas e outras poderem causar lesões de alto risco, está relacionado com a estrutura genética viral. * A integração do DNA viral com o DNA humano, ocorre na região E2 viral, isto é, ocorre uma ruptura (DNA interrompido) entre o E1 e E2 para haver a incorporação do DNA viral, já que ele é circular. Essa ruptura causa um prejuízo no E2 viral (Controle da transcrição e replicação), responsável pela repressão da transcrição das proteínas E6 e E7 viral. Sendo assim, como a expressão do E2 está prejudicada/bloqueada, quando os vírus invadem a nossa célula, há um super expressão do E6 e E7 do HPV 16 e 18 (alto potencial oncogênico), principalmente, sendo mais possível o desenvolvimento de um câncer. *Quando não ocorre a integração do DNA viral com o DNA humano, a região E2 está ativa e controla a expressão das proteínas E6 e E7. (Lesões benignas/ infecções latentes). ❖ HPV de alto risco: 16,18,31,33, 35... (integração do material genético viral com a célula). ❖ HPV de baixo risco: 06,11, 42... (não integração do material genético viral com a célula). ❖ As proteínas E6 e E7 atuam/inibem nos genes supressores de tumor (controlam o ciclo celular) como: - Gene RB da proteína PRB; + A proteína PRB se liga a um fator de transcrição das nossas células, chamado de E2F e controla a divisão celular. + Ela só libera o processo de divisão celular, quando essa proteína for fosforilada, e isso só ocorre quando recebe sinais (fatores de crescimento) para liberação do E2F ativarem as quinases dependentes de ciclina para realização da fosforilação. Quando ocorrer a liberação desse fator, ocorre a transcrição. + Quando ocorre algum problema nessa PRB, pode ocorrer uma proliferação descontrolada. + O fator de crescimento se liga a um receptor específico da célula, essa célula irá ativas as quinases dependentes de ciclinas, e essas quinases vão fosforilar a PRB, fazendo com que haja a liberação do fator E2F para transcrição e proliferação celular. Caso não haja fator de crescimento, todo esse processo não ocorrerá. - Gene da proteína P53: guardião do genoma. + A proteína p53 faz o 1° checklist para ver se o material genético apresenta falhas e precisa ser alterado antes de ir da fase G1 para fase S (replicação do material genético). Se a célula não for capaz de corrigir esse erro, a p53 ativa gene Bax, por exemplo, que induz a apoptose dessa célula para que esse erro não seja passado. A p53 pode induzir também a expressão das proteínas p21 que levam a inibição da célula. + Quando ocorre uma mutação nessa p53, um erro pode passar e a cada divisão celular, vai espalhando essas células com erro mutacional, e quanto mais mutações, maior probabilidade de desenvolver câncer. + Nas cepas de HPV de alto risco estão relacionados com uma mutação na p53, levando a uma probabilidade de desenvolvimento de câncer. - Gene da proteína P21 + Controla a ativação das quinases dependentes de ciclinas e o processo de fosforilação da PRB. Atenção: Esses genes controlam a proliferação celular, mas não impedem a formação do tumor. Todavia, quando inativados ocorre a formação tumoral. E7 E E7 NO CICLO CELULAR ❖ Proteínas E6 viral pode atuar na P53, na presença do E6 a p53 não irá ter funcionamento e a célula com erro vai progredir e passar esse erro a diante, e não ocorre a apoptose dessa célula pela ação dos genes bax. ❖ A proteína E7 viral inibe a função da proteína P53, P21 e PRB, gerando uma proliferação desordenado das células, promovendo um acúmulo de mutações, aumentando a chance de desenvolver câncer. ❖ Lembrando que isso ocorre quando há integração do material genético viral com o humano. HISTÓRIA NATURAL DA INFECÇÃO PELO HPV ❖ Infecções com regressão espontânea na maioria das pessoas, isso ocorre geralmente nas pessoas onde não ocorreu a integração do DNA viral. O nome do DNA não integrado é epissomal. As situações de DNA não integrado podem caracterizar as infecções latentes em pele e mucosas com aspectos normais. ❖ Pode ocorrer a persistência da infecção em indivíduos com sistema imune comprometido, idade avançado, tabagistas,etilista. ❖ Integração do DNA viral no DNA da célula, que leva a uma transformação maligna, devido a super expressão do E6 e E7, que atuam inibindo a ação das proteínas P53, P21 e Proteína RB. ❖ HPV 16 e 18: estão associados a 76% dos casos de câncer de colo de útero. HPV 45,31 e 52 estão relacionados em 9% dos casos e 15% (outros tipos oncogênicos). LESÕES BENIGNAS – GENOMA NÃO INTEGRADO ❖ Verrugas benignas nas regiões dos órgãos genitais externos e regiões perianais e lesões pré- neoplásicas (podem evoluir para o câncer), geralmente estão associadas ao HPV 6 E 11 (a vacina também inclui contra esses). As verrugas têm aspecto de “crista de galo”. Possuem alto risco. ❖ Verruga é uma proliferação benigna e autolimitada da pele que regride com o tempo. A maioria das pessoas com infecção pelo HPV tem os tipos mais comuns do vírus (de HPV-1 a HPV-4), que infectam as superfícies ceratinizadas, geralmente as mãos e os pés. A infecção inicial ocorre na infância ou no início da adolescência. LESÕES MALIGNAS – GENOMA INTEGRADO ❖ Câncer de colo de útero. + As alterações citológicas indicando infecção por HPV (células coilocitóticas) são detectadas em esfregaços cervicais com coloração de Papanicolaou (exame de Papanicolaou). A infecção do trato genital feminino por HPV do tipo de alto risco está associada a neoplasia cervical intraepitelial e câncer. As primeiras alterações neoplásicas observadas à microscopia óptica são denominadas de displasia. Aproximadamente 40% a 70% das displasias leves regridem espontaneamente. FORMAS DE TRANSMISSÃO ❖ Contato direto com a lesão; ❖ Relações sexuais (mais frequente); ❖ Superfícies contaminadas (uso de banheiros públicos, evitar o compartilhamento de roupas íntimas); ❖ Parto (contato da criança com lesões na área vaginal da mãe). DIAGNÓSTICO ❖ Clínico: visualização das verrugas. * microscopicamente com base em sua aparência histológica característica, consiste em hiperplasia de células espinhosas e excesso de produção de ceratina (hiperceratose).❖ Citopatologia: Papanicolau (presença de células epiteliais coilocitóticas escamosas (citoplasma vacuolizado perinuclear), que são arredondadas e ocorrem em aglomerados). Murray, Patrick R. Microbiologia médica / Patrick R. Murray, Ken S. Rosenthal, Michael A. Pfaller. - 8. ed. - [Reimpr.] - Rio de Janeiro : GEN | Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Guanabara Koogan Ltda., 2020. 848 p. : il. ; 27 cm. ❖ Colposcopia: maior sensibilidade, vulvoscopia, peniscopia e anuscopia de alta resolução. - Indicado quando o exame de Papanicolau apresenta alguma alteração sugestiva de lesão pré-maligna na mucosa da vagina ou do colo do útero. É utilizada para uma análise mais detalhada e para que o ginecologista consiga fazer uma biópsia da região suspeita. - Uso lugol: áreas com muito glicogênio (áreas saudáveis) vão se corar fortemente com o lugol na cor marrom. Quando não corar, provavelmente existe células atípicas ali. + Teste de Schiller positivo: presença de área amarelada no colo uterino que não fica corada com lugol, sugerindo a presença de células atípicas. + Teste de Schiller negativo: ocorre quando todo o cérvix uterino se cora com a cor marrom, evidenciando a presença de tecido rico em glicogênio, sendo saudável. - Uso do ácido acético: usado em pessoas alérgicas ao iodo. O ácido acético desidrata as células sendo o seu efeito mais pronunciado nas células atípicas (coloração bem esbranquiçada). ❖ Histopatologia ❖ Captura híbrida: identificação do DNA do HPV TRATAMENTO ❖ Fatores que podem influenciar a escolha do tratamento: - Tamanho da lesão/ número de lesões/ morfologia e local das lesões; - Preferência do paciente, efeitos adversos e custos; - Experiência do profissional de saúde. ❖ Tratamentos disponíveis para condilomas: - Crioterapia - Eletrocoagulação: desidratação, ruptura e carbonização das células; - Uso de Podofilina/ Interferon; - Uso de Ácido Tricloroacético (ATA) (mais barato). - Exérese cirúrgica (geralmente utilizada em verrugas na mucosa oral). PREVENÇÃO ❖ Não usar toalhas e roupas íntimas emprestadas; ❖ Evitar ter mais de um parceiro; ❖ Utilização da camisinha (proteção parcial porque pode ter lesões em outras áreas). ❖ Vacina (voltada para a neutralização da estrutura de capsídeo viral, desenvolvem anticorpos contra esses capsídeos, pois os receptores que irão se ligar a célula e posteriormente invadi-la estão no capsídeo). + 2 doses (público)/ particular (3 doses): meninos e meninas de 9-13 anos (proteger já que ainda não iniciaram sua vida sexual provavelmente, não teve contato com o HPV) + Vacina tetravalente: Proteção contra os tipos 6 e 11 responsáveis pela aparição em 90% das verrugas genitais e dos tipos 16 e 18 existente em 70% dos casos de câncer de colo de útero, de pênis e anal. REFERÊNCIAS: Murray, Patrick R. Microbiologia médica / Patrick R. Murray, Ken S. Rosenthal, Michael A. Pfaller. - 8. ed. - [Reimpr.] - Rio de Janeiro : GEN | Grupo Editorial Nacional. Publicado pelo selo Editora Guanabara Koogan Ltda., 2020. 848 p. : il. ; 27 cm.
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