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DIREITO INTERNACIONAL Tratados – Parte 2 Plano de Aula 5 1 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 1) Fases de Elaboração dos Tratados As fases internacionais de elaboração de um tratado são: 1.1) Negociação 1.2) Assinatura 1.3) Ratificação 1.4) Registro 1.5) Fases Facultativas: ⚫ Adesão ⚫ Reserva (art. 2º, “d” da Convenção de Viena de 1969) ⚫ Denuncia 1) Fases de Elaboração dos Tratados As fases internacionais de elaboração de um tratado são: negociação, assinatura, ratificação (reserva, denúncia e adesão), publicação ou registro. 1.1) Negociação: é a fase de discussão sobre o tema objeto do tratado. Se baseia na boa-fé e na reciprocidade entre as partes. 1.2) Assinatura: trata-se da fase que exterioriza a vontade e o consentimento dos Estados. Com a assinatura, os Estados devem se abster de atos que violem substancialmente o objeto do tratado (art. 18 da Conv. Viena/69). OBS.: Não obstante a previsão do art. 18 da Convenção, para alguns autores como Francisco Rezek, um tratado assinado é tão somente um projeto de tratado, para outros autores como Pontes de Miranda, a assinatura já confere ao instrumento o status de tratado, muito embora ainda dependa da ratificação e da efetiva entrada em vigor no plano internacional. 1.3) Ratificação: é ato internacional e também ato de governo. Conceito: “ato administrativo mediante o qual o chefe de estado confirma tratado firmado em seu nome ou em nome do estado, declarando aceito o que foi convencionado pelo agente signatário”. (Hildebrand Accioly, 2009, p. 140). Em regra a ratificação é escrita, irretroativa e irretratável, salvo nos casos de denúncia e retardamento indevido da entrada em vigor do tratado, conforme art. 18, b da Convenção de Viena de 1969. OBS.: RATIFICAÇÃO Não é propriamente a ratificação que dá efeito ao tratado, mas sim a troca ou o depósito da carta ou dos instrumentos de ratificação. 7 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 1.4) Registro: é a fase final de elaboração de um tratado. Artigo 80 Registro e Publicação de Tratados 1. Após sua entrada em vigor, os tratados serão remetidos ao Secretariado das Nações Unidas para fins de registro ou de classificação e catalogação, conforme o caso, bem como de publicação 2. A designação de um depositário constitui autorização para este praticar os atos previstos no parágrafo anterior. OBS.: O artigo 80 e o artigo 102 da Carta das Nações Unidas buscam coibir a diplomacia secreta dando publicidade aos tratados internacionais. O registro deve ser solicitado por um dos signatários. Só após o registro na ONU o tratado pode ser invocado como prova na Corte Internacional de Justiça (art. 102 da CNU). 1.5) Fases Facultativas ⚫ Adesão: ocorre quando um Estado que não participou da negociação de um tratado aberto deseja dele fazer parte. Esses Estados são denominados membros secundários. ⚫ Reserva: é a manifestação unilateral da vontade com o objetivo de excluir ou modificar o efeito jurídico de certas disposições do tratado em sua aplicação a esse Estado (art. 2º, “d” da Convenção de Viena de 1969) ⚫ Denuncia: é manifestação de vontade que suspende os efeitos do Tratado para o Estado denunciante. 2) DUALISMO E MONISMO Ambas as doutrinas tentam resolver o problema de eficácia e de aplicabilidade do Direito Internacional no plano interno dos Estados. 10 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 2.1) DUALISMO • Existem dois sistemas independentes e distintos, embora igualmente válidos: o do Direito Internacional que regula as relações entre os Estados e as OI; e o do Direito interno que regula relações entre Estado e indivíduos. • A aplicação do Direito Internacional no âmbito interno só é possível por meio da incorporação ou recepção dessa norma pelo Direito Interno, transformando-a em lei nacional ou equivalente. 11 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 2.2) MONISMO • O Direito Internacional e o Direito interno são dois ramos um só sistema jurídico, inexistindo, assim, a necessidade de recepção do DI pelo Direito interno. • Uma norma internacional, quando aceita por um Estado possui em si aptidão de ser aplicada sem a necessidade de ser recepcionada em norma interna. • No Brasil é corrente majoritária entre os internacionalistas. 12 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 3) INCORPORAÇÃO DOS TRATADOS NO BRASIL • Regra: princípio da obrigatoriedade do referendum legislativo para todos os tratados; • Exceção: acordos de forma simplificada que correspondam à expressão da diplomacia e sejam baseados no costume extra legem. Exemplos: cessar fogo, preservação de certas áreas, ou troca de prisioneiros. OBS.: “treaty-making power” = competência dos poderes constituídos para a celebração de tratados. 13 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 3.1) Procedimento de Incorporação dos Tratados no Brasil >> Poder Executivo assina o Tratado (art. 84, VIII CRFB); >> Ministério das Relações Exteriores remete para o Congresso Nacional (art. 49, I CRFB); >> CN edita decreto legislativo (59, VI CRFB) aprovando o tratado. O Presidente da República está autorizado a ratificá-lo; >> Não aprovação: mensagem ao chefe do Poder Executivo. Ex.: tratado argentino—brasileiro de 25 de janeiro de 1890, sobre a fronteira das Missões, rejeitado pelo Plenário do Congresso Nacional em 18 de agosto de 1891, por cento e quarenta e dois votos contra cinco >> Poder Executivo promulga e publica o Decreto Executivo. 14 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 3.2) Hierarquia dos Tratados no Brasil >> Tratados comuns possuem status de Lei Ordinária. Assim, conflitos entre tratados internacionais comuns e lei interna devem ser resolvidos pelo critério cronológico. >> Possibilidade de treaty override: derrogação de tratado por lei interna, sob pena de se inviabilizar o exercício de sua atividade típica. (HC 77.631- 5/SC). >> Exceção exemplo: art. 178 da CRFB/88 – Convenção de Montreal. 15 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor >> Tratados de direitos humanos (art. 5, §3º da CRFB/88 - Emenda nº 45/2004) aprovados em quórum qualificado possuem status de emendas constitucionais OBS.: Para o STF, tratados de direitos humanos incorporados até 8 de dezembro de 2004 possuem status supralegal (HC 92257-SP, HC 87.585-TO, RE 466.343-SP e 349.703). 16 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor OBS.: ENTENDIMENTO STF O STF entende que a promulgação e a publicação do decreto presidencial que internaliza o tratado são necessárias à sua aplicabilidade interna. Nesse sentido, conforme Charles Rousseau, os Tratados “são obrigatórios em virtude da ratificação, executáveis em virtude da promulgação e aplicáveis em decorrência da publicação” 17 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor OBS.: DOUTRINA SUPRALEGAL Tratados internacionais comuns possuem status supralegal, cedendo perante a Constituição (art. 102, inc. III, alínea b), não sendo revogados por lei interna posterior, sob pena de responsabilidade internacional do Estado. Tratados de direitos humanos, independentemente de aprovação qualificada,guardam nível constitucional no plano do nosso Direito interno. 18 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 4) Condições de Validade dos Tratados • Capacidade das partes (artigo 2º da CVDT) • Habilitação dos agentes signatários (artigo 7º.2 da CVDT) • Objeto lícito e possível (artigo 53 da CVDT) • Consentimento mútuo (artigos 48 ao 52 da CVDT) 19 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor OBS.: Consentimento Mútuo Atenção: O consentimento mútuo do Estado não pode sofrer vícios. Estes de acordo com a CVDT (artigos 48 a 52) podem ser: erro, dolo, coação sobre o representante do Estado, corrupção do representante do Estado e coação sobre o Estado com o uso ou ameaça da força. Neste último caso o tratado é nulo, logo não produz nenhum efeito jurídico (art. 2º a CNU). 20 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 5) EXCUÇÃO E EXTINÇÃO DOS TRATADOS 5.1) Execução Artigo 26 Pacta sunt servanda Todo tratado em vigor obriga as partes e deve ser cumprido por elas de boa fé. Artigo 27 Direito Interno e Observância de Tratados Uma parte não pode invocar as disposições de seu direito interno para justificar o inadimplemento de um tratado. Esta regra não prejudica o artigo 46. 21 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 5.2) Aplicação dos Tratados • No tempo: >> Regra: irretroatividade dos tratados (art. 28 da CVDT) >> Exceção: Tratados sobre Direitos Humanos. É entendimento de Tribunais de DH que crimes ocorridos antes da adoção e que persistirem após poderão ser julgados. Exemplo: Caso Guerrilha do Araguaia. 22 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor • No espaço (art. 29 da CVDT) >> Regra: execução territorial, salvo previsão em contrário no texto do próprio instrumento. Ex.: Tratado sobre a Proibição da Colocação de Armas Nucleares e outras Armas de Destruição em Massa no Leito do Mar e no Fundo do Oceano e em seu Subsolo de 1971. 23 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 5.3) Efeitos Internos dos Tratados • Revogar todas as disposições infraconstitucionais em contrário. OBS.: Conforme Valério Mazzuoli, o contrário não pode ocorrer, ou seja, um tratado não pode ser revogado por lei posterior. • Autorizar que os particulares reclamem, perante as instâncias judiciais ordinárias, a satisfação dos direitos neles estabelecidos. 24 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 5.4) Efeitos dos Tratados sobre Terceiros >> Regra: os tratados não podem impor obrigações nem conferir direitos a terceiros não-parte (pacta tertiis nec nocent nec prosunt). >> Exceções: a) Efeito difuso de reconhecimento de uma situação jurídica objetiva. Ex.: Tratado que modifica o curso da linha limítrofe entre dois Estados. 25 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor b) Efeito de fato de repercussão sobre terceiro Estado Ex.: Cláusula da Nação mais Favorecida do art. 2º do Acordo de Marraquexe. PARTE II - Obrigações e disciplinas gerais Artigo II Tratamento da nação mais favorecida 1 — Relativamente a todas as medidas abrangidas pelo presente Acordo, cada Membro concederá imediata e incondicionalmente aos serviços e prestadores de serviços de qualquer outro Membro um tratamento não menos favorável do que o concedido aos serviços e prestadores de serviços equivalentes de qualquer outro país. [...] 26 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor c) Efeito jurídico na atribuição de obrigações e na concessão de direitos a terceiros Estados. (art. 35 a 38 da CVDT) Exemplos: c.1: Estados criam obrigação que tem que ser aceita de forma expressa e escrita pelo terceiro Estado; c.2: Estados criam direitos para terceiros Estados que não necessitam manifestar expressamente e por escrito a sua vontade em aceitar tal direito, sendo essa presumida até manifestação em contrário. 27 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 5.5) Extinção dos Tratados (art. 54 a 64 da CVDT) • Por meio de cláusulas intrínsecas. Ex.: prazo de duração, condição resolutória ou cláusula de denúncia; • Por meio de cláusulas extrínsecas, isso é, consequência de regras do Direito Internacional como a cláusula rebus sic standibus. 28 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 6) CLÁUSULA REBUS SIC STANDIBUS • Em tradução livre: “estando as coisas assim”; • Essa regra do Direito Internacional permite a extinção ou a retirada de um tratado quando passa a existir uma mudança fundamental nas circunstâncias existentes ao tempo da estipulação do acordo, desde que o Estado não tenha dado causa (art. 61,2 e 62 da CVDT). 29 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor MATERIAL COMPLEMENTAR: • Livro Didático (páginas 46-75) • Artigos: GODINHO, Thiago José Zanini. Os Tratados e sua Relação com os Terceiros Estados. Revista da Faculdade de Direito UFMG, Belo Horizonte, n. 54, p. 213-248, jan./jun. 2009. MAZZUOLI, Valério de. O treaty-making power na Constituição brasileira de 1988: uma análise comparativa do poder de celebrar tratados à luz da dinâmica das relações internacionais. Revista Brasileira de Política Internacional. 44 (2): 82-108, 2001. RAMOS, André de Carvalho. Pluralidade das ordens jurídicas: uma nova perspectiva na relação entre o Direito Internacional e o Direito Constitucional. Revista da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, v. 106/107, jan./dez. 2011/2012, p. 497 – 524. 30 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor 31 É proibida a reprodução, a divulgação, a comercialização ou qualquer outro uso sem o consentimento da autora. Professora Maíla Bianor
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