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LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE CURSO DE DIREITO DIREITO CIVIL II (OBRIGAÇÕES) 4º PERÍODO PROF. WALBER CUNHA LIMA Pagamento com sub-rogação 1. Conceito O termo sub-rogação advém do latim subrogatio e significa, em nossa ciência, substituição. Pode ser empregado no sentido de substituição de uma coisa por outra com os mesmos ônus e atributos (sub-rogação real) ou substituição de uma pessoa por outra que terá os mesmos direitos e ações daquela, hipótese em que se configura a sub-rogação pessoal de que trata o Código Civil no capítulo referente ao pagamento com sub-rogação (DINIZ, 2018). Segundo Carlos Roberto Gonçalves (2018), na linguagem jurídica fala-se em sub-rogação para designar determinadas situações em que uma coisa se substitui a outra coisa ou uma pessoa a outra pessoa. Nesse sentido, destaca ele que a sub-rogação pessoal, consiste na substituição do credor, como titular do crédito, pelo terceiro que paga (cumpre) a prestação em lugar do devedor. Ressalta ainda, que o pagamento com sub-rogação constitui uma exceção à regra de que o pagamento extingue a obrigação, para o citado jurista, a sub-rogação é uma figura jurídica anômala, pois o pagamento promove apenas uma alteração subjetiva da obrigação, mudando o credor. A extinção obrigacional ocorre somente em relação ao credor, que nada mais poderá reclamar depois de haver recebido do terceiro interessado, o seu crédito. Nada se altera para o devedor, pois o terceiro que paga toma o lugar do credor satisfeito e passa ter direito de cobrar a dívida com todos os acessórios (GONÇALVES, 2018) Assim, a sub-rogação pessoal é a substituição, nos direitos creditórios, daquele que solveu obrigação alheia ou emprestou a quantia necessária para o pagamento que satisfez o credor. Efetivado o pagamento por terceiro, o credor ficará satisfeito e não mais terá o poder de reclamar do devedor o adimplemento da obrigação; todavia, como o devedor não solveu o débito, continuará a ter o dever de prestá-lo ante o terceiro solvente, alheio à relação negocial primitiva, até que o pagamento de sua parte extinga o liame obrigacional (DINIZ, 2018). Portanto a sub-rogação é aquela operação pela qual a dívida se transfere ao terceiro que a pagou, com todos os acessórios e garantias que a guarneciam. Resta claro que, a sub-rogação é uma exceção à regra geral de que o pagamento extingue a obrigação, pois, havendo sub-rogação, a dívida paga, em vez de extinguir, transfere-se com todos os seus acessórios para as mãos do sub-rogado. Não se terá, portanto, extinção da obrigação, mas substituição do sujeito ativo, tendo em vista que o credor passará a ser o terceiro que pagou a dívida. 2. Espécies de sub-rogação Duas são as modalidade de sub-rogação (pessoal) juridicamente admitidas: a legal e a convencional, conforme a substituição do sujeito ativo se opere por lei ou por convenção das partes (DINIZ, 2018) . Sub-rogação legal – É a imposta por lei, que contempla vários casos em que terceiro solve dívida alheia, conferindo-lhe a titularidade dos direitos do credor ao incorporar, em seu patrimônio, o crédito por eles resgatado. Encontra-se previsto no art. 346, incisos I, II e III do CC, que são os seguintes: I) O credor que paga a dívida do devedor comum; II) Do adquirente do imóvel hipotecado, que paga a credor hipotecário, bem como do terceiro que efetiva o pagamento para não ser privado de direito sobre imóvel; III) Do terceiro interessado que paga a dívida pela qual era ou podia ser obrigado, no todo ou em parte; Sub-rogação convencional – Emana da vontade das partes. Seu caráter é puramente contratual. Encontra- se prevista no CC em seu art. 347, incisos I e II. Se dá quer por ajuste entre credor e sub-rogado, quer por avença entre o mesmo sub-rogado e o devedor. Na primeira hipótese (CC, art. 347, inciso I) a sub-rogação assemelha-se a cessão de crédito, considerando que a própria lei determina que quanto a ela vigorará os princípios deste último instituto (CC, art. 348); Na segunda hipótese (CC, art. 347, inciso II), a sub-rogação convencional ocorre quando terceira pessoa empresta ao devedor a quantia precisa para solver a dívida, sob a condição expressa de ficar o mutuante sub-rogado nos direitos do credor satisfeito. 3. Efeitos da sub-rogação Segundo Maria Helena Diniz (2018) tanto a sub-rogação legal ou convencional passam ao novo credor todos os direitos, ações, privilégios e garantias do primitivo, em relação à dívida, contra o devedor principal e os fiadores (CC, art. 349), Embora na convencional as partes possam restringir alguns direitos do sub- rogado. Daí decorre dois efeitos: a) liberatório (exonera o devedor do credor originário); b) translativo (transmite ao terceiro, que satisfez o credor originário, os direitos de crédito que este desfrutava, com todos os seus acessórios) “Na sub-rogação legal o sub-rogado não poderá exercer os direitos e as ações do credor, senão até à soma que tiver desembolsado para desobrigar o devedor.” - (CC, art.350). Conclui-se, assim, que na convencional predomina a autonomia da vontade, de forma que nada impede que as partes estipulem o que lhes aprouver a respeito. Sendo a sub-rogação parcial, “o credor originário, só em parte reembolsado, terá preferência ao sub-rogado, na cobrança da dívida restante, se os bens do devedor não chegarem para saldar inteiramente o que a um e outro dever.” (CC, art. 351). O crédito dividir-se-á, portanto, entre o antigo credor e o sub-rogado, mas a preferência concedida ao primeiro se baseia no fato de que não poderá ser prejudicado por ter concordado com o parcelamento do débito. Isto porque o pagamento parcial depende de consentimento do credor originário, ante a regra geral de não ser o credor obrigado a receber em partes, se assim não se ajustou (DINIZ, 2018).
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