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BARROCO Termo aplicado à arte e arquitetura europeias dos séculos XVII e XVIII. A palavra “Barroco” apresenta uma história complexa e tem sido usada em várias acepções. Foi cunhada numa época em que grande parte da arte do século XVII era desprestigiada e tinha um sentido de abuso, sugerindo a ideia de grotesco. Em estudos históricos sérios, o termo hoje descreve o estilo dominante na arte europeia, entre o maneirismo e o rococó, isto é, localiza-se entre cerca de 1600 até o início do século XVIII. Do estilo Maneirista, o barroco herdou o movimento e a explosiva emoção, e do Renascimento a solidez e a grandeza, fundindo as duas influências num conjunto novo e dinâmico. Este estilo teve origem em Roma, sendo associado à contra-reforma católica romana; suas características preponderantes de exagero de retórica e de movimentos dinâmicos se adaptaram muito bem para expressar a autoconfiança revigorada da Igreja Católica Romana. Pintura: Caravaggio e Annibale Carraci Arquitetura: Carlo Moderno ( 1556-1629) Logo o movimento se espalhou para além do continente. O Barroco sofreu alterações em cada país em que chegou, encontrando gostos e panoramas diversos e se mesclando com as tradições locais. Em algumas áreas tornou-se mais extravagante (como na Espanha e na América Latina, onde se desenvolveu um estilo luxuoso de decoração arquitetônica chamado “churrigueresco”); em outras foi atenuado de acordo com o gosto local mais conservador. Na França, o Barroco encontrou sua maior expressão quando a serviço da monarquia e não da Igreja. Luiz XIV era um patrono que gostava do luxo e tinha consciência da importância das Artes como meio de propaganda na promoção da glória real. Charles Lebrum era seu conselheiro e condutor do exército de artistas e decoradores que trabalhavam no palácio de Luiz XIV, em Versalhes. Com sua grandiosa combinação de arquitetura, escultura, pintura, decoração e paisagismo, Versalhes representa um dos exemplos mais significativos da fusão das Artes Barrocas para criar um conjunto impressionante e esmagador. Outro aspecto peculiar da arte barroca é a importância do uso da luz. Para a arquitetura barroca, a luz é um elemento fundamental. Os fortes contrastes entre partes vivamente iluminadas e partes quase na escuridão, são típicos dos edifícios da época e contribuem para dar dramaticidade à atmosfera. Características: Suas características gerais são: Emocional sobre o racional; seu propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio. Busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas retorcidas; Entrelaçamento entre a arquitetura e escultura; Violentos contrastes de luz e sombra; Pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a aparência de profundidade conseguida. Fervor religioso; Energia dinâmica; Habilidade ilusionista; Exagero de retórica. PINTURA As características da pintura barroca são: Composição assimétrica, em diagonal – que se revela num estilo grandioso, monumental, retorcido, substituindo a unidade geométrica e o equilíbrio da arte renascentista; Acentuado contraste de claro-escuro (expressão dos sentimentos) – era um recurso que visava a intensificar a sensação de profundidade; Realista, abrangendo todas as camadas sociais; Escolha de cenas no seu momento de maior intensidade dramática; A decoração em “trompe l’oeil”. MÚSICA BARROCA Música barroca é toda música ocidental correlacionada com a época cultural homônima na Europa, que vai desde o surgimento da ópera por Claudio Monteverdi no século XVII, até a morte de Johann Sebastian Bach, em 1750. Trata-se de uma das épocas musicais de maior extensão, fecunda, revolucionária e importante da música ocidental, e provavelmente também a mais influente. As características mais importantes são o uso do baixo contínuo, do desejo e da harmonia tonal, em oposição aos modos gregorianos até então vigente. Na realidade, trata-se do aproveitamento de dois modos: o modo jônico (modo "maior") e o modo eólio (modo "menor"). Do Período Barroco na música surgiu o desenvolvimento tonal, como os tons dissonantes por dentro das escalas diatônicas como fundação para as modulações dentro de uma mesma peça musical; enquanto em períodos anteriores, usava-se um único modo para uma composição inteira causando um fluir incidentalmente consonante e homogêneo da polifonia. Durante a música barroca, os compositores e intérpretes usaram ornamentação musical mais elaboradas e ao máximo, nunca usada tanto antes ou mais tarde noutros períodos, para elaborar suas ideias; fizeram mudanças indispensáveis na notação musical, e desenvolveram técnicas novas instrumentais, assim como novos instrumentos. A música, no Barroco, expandiu em tamanho, variedade e complexidade de performance instrumental da época, além de também estabelecer inúmeras formas musicais novas. Inúmeros termos e conceitos deste Período ainda são usados até hoje. O barroco foi a época de máximo desenvolvimento de instrumentos como o cravo e o órgão, mas também surgiram várias peças para grupos pequenos de instrumentos, que iam de três até nove instrumentistas. Particularidades do Barroco Desenvolvimento extenso do uso da polifonia e contraponto . Os acordes tem uma ordem hierárquica em suas progressões tonais, tanto funcional como cadencial.que definem a tonalidade progressiva do barroco musical. A harmonia era acompanhada e definida pelo basso continuo criando uma necessidade do intérprete de ser um virtuoso na arte do período para não deixar a musicalidade se desviar do aspecto tonal da época- --visto que quase sempre o basso continuo não era escrito e chamava pela improvisação, dando então o dom de virtuosidade a quem melhor improvisasse. O contraponto era intenso, especialmente na forma de tema e variação. A modulação tonal na música barroca é frequente. Devido a incapacidade física de um cravo prover dinâmicas variadas a arte da música barroca voltava a habilidade da performance em termos de articulação. Entre outras particularidades dos estilos desenvolvidos na música barroca, incluem-se: Monodia; homofonia com uma voz diferente cantando por cima do acompanhamento, como nas árias italianas; Expressões mais dramáticas, como na ópera. Combinações de Instrumentações e vozes mais variadas em conjunto a oratórios e cantatas Notes inégales (Francês para "notas desiguais") usadas. Técnica barroca que envolvia o uso de notas pontuadas que eram usadas para substituir notas não pontuadas, dentro de um mesmo tempo que alternavam entre duração de valores longos e curtos; a ária (curta peça cantada em uma cantata, ou instrumental na suíte); o Ritornello (simbolo que significa o retorno a certo trecho da música); o concertante (o estilo que contrasta entre a orquestra e os instrumentos solo, ou pequeno grupo de instrumentistas); instrumentação precisa anotada (no período anterior, a Renascença, a partitura raramente listava os instrumentos); Escrita Idiomática (Linha melódica escrita para um instrumento específico) Notação musical para interpretação virtuosa, tanto instrumental como vocal ornamentação Desenvolvimento profuso na tonalidade da música ocidental (escala maior e menor) cadenza, uma seção ad lib nas cadências das partituras para o virtuoso improvisar. Estilos Compositores barrocos escreveram em diversos gêneros musicais; incluem-se diversos estilos inovadores para a época. A ópera foi inventada na Renascença, mas foi no Barroco que Alessandro Scarlatti, Handel e outros desenvolveram grandes obras. O oratório chegou a grande popularidade com Bach e Handel; ambos a opera e o oratório usavam forma musical semelhantes, tal como o uso da ária da capo. Na música litúrgica,a Missa e os motetos não foram tão importantes, mas a cantata prosperou, principalmente nos trabalhos de Bach e outros compositores protestantes. Música para o organista virtuoso floriu, com o uso das tocatas, fugas, e outros trabalhos. Sonatas instrumentais e suítes para dança foram escritas para instrumentos individuais, para grupos de música de câmara, e pequenas orquestras. O concerto emergiu, tanto na forma para o intérprete solista como para orquestra, assim como o concerto groso qual um grupo pequeno de solistas criam simultaneamente um contraste com um grupo maior que intercalam suas partes com perguntas e respostas do diálogo melódico. A Abertura francesa com o seu típico contraste de seções rápidas e outras lentas, adicionaram grandeza a muitas cortes nas quais eram apresentadas. As obras para teclado eram algumas vezes escritas para grupos maiores. Novamente, existe um grande número de obras de Bach escrita tanto para os instrumentos solo, como concertos e o mesmo tema se apresenta em arranjos de concerto para orquestra, ou suíte. Grandes trabalhos de Bach que culminaram na música da Idade Barroca inclui: o Cravo bem temperado, as Variações Goldberg, e a Arte da Fuga. BARROCO BRASILEIRO O Barroco no Brasil tem início no final do século XVII. No país, essa tendência artística teve grande destaque na arquitetura, escultura, pintura e literatura. Na literatura, o marco inicial do barroco é a publicação da obra “Prosopopeia” (1601) de Bento Teixeira. Na escultura e arquitetura, Aleijadinho foi sem dúvida um dos maiores artistas barrocos brasileiros. Contexto Histórico: Resumo Influenciado pelo barroco português, no Brasil este estilo se desenvolveu durante o período colonial no chamado “Século de Ouro”. Foi durante o ciclo do ouro que a exploração desse minério foi a principal atividade econômica desenvolvida no país. Minas Gerais foi o grande foco onde muitas jazidas foram encontradas. Nessa época, a primeira capital do Brasil, Salvador, foi transferida para o Rio de Janeiro. Diante disso, o número de habitantes no Brasil aumentou consideravelmente o que propiciou uma época de forte desenvolvimento econômico no país. No barroco mineiro, merece destaque o escultor e arquiteto brasileiro: Aleijadinho. Características do Barroco As principais características do barroco brasileiro são: Linguagem dramática; Racionalismo; Exagero e rebuscamento; Uso de figuras de linguagem; União do religioso e do profano; Arte dualista; Jogo de contrastes; Valorização dos detalhes; Cultismo (jogo de palavras); Conceptismo (jogo de ideias). Principais Autores e Obras Os principais autores e obras escritas no Brasil são: Bento Teixeira (1561-1618): autor de “Prosopopeia” (1601), poema épico com 94 estrofes que exalta a obra de Jorge de Albuquerque Coelho, terceiro donatário da capitania de Pernambuco. Gregório de Matos (1633-1696): um dos maiores representantes da literatura barroco no Brasil, que se destacou com sua poesia lírica, religiosa, erótica e satírica. É conhecido como “Boca do Inferno”, uma vez que sua poesia ironizava diversos aspectos da sociedade. Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711): foi o primeiro brasileiro a publicar versos no estilo barroco. De sua obra destaca-se: “Música do Parnaso” (1705). Frei Vicente de Salvador (1564-1636): historiógrafo e o primeiro prosador do país. De sua obra destacam-se: “História do Brasil” e “História da Custódia do Brasil”. Frei Manuel da Santa Maria de Itaparica (1704-1768): autor de “Eustáquios” e “Descrição da Ilha de Itaparica”. Cultismo e Conceptismo O cultismo e o conceptismo são dois estilos literários que foram muito explorados no período do barroco. Enquanto o primeiro valoriza a forma textual, o segundo valoriza o conteúdo. Cultismo O cultismo significa “jogo de palavras”. Também é chamado de Gongorismo, pois foi inspirado nos textos do poeta espanhol Luis de Góngora (1561-1627). Esse estilo utiliza a descrição, termos cultos (preciosismo vocabular), linguagem rebuscada e ornamental para expressar as ideias. Além do uso desses termos, o cultismo valoriza os detalhes e a forma textual. É comum o uso de diversas figuras de linguagem (hipérbole, sinestesia, antítese, paradoxo, metáfora, etc.). Para compreender melhor essa tendência literária, veja abaixo um soneto do escritor barroco Gregório de Matos: Nasce o sol, e não dura mais que um dia, Depois da luz se segue a noite escura, Em tristes sombras morre a formosura, Em contínuas tristezas a alegria. Porém se acaba o sol, por que nascia? Se formosa a luz é, por que não dura? Como a beleza assim se transfigura? Como o gosto da pena assim se fia? Mas no Sol, e na Luz, falte a firmeza, Na formosura não se dê constância, E na alegria sinta-se tristeza. Começa o mundo enfim pela ignorância, E tem qualquer dos bens por natureza A firmeza somente na inconstância. Conceptismo O conceptismo significa “jogo de ideias”. Também é chamado de Quevedismo, pois foi inspirado na poesia do poeta espanhol Francisco de Quevedo (1580-1645). Nessa vertente literária, a retórica aprimorada bem como a imposição de conceitos é notória, a qual se produz através da apresentação de diversas ideias. Sendo assim, o conceptismo é definido pelo uso de argumentos racionais, ou seja, do pensamento lógico, valorizando sempre o conteúdo textual. O objetivo principal dos escritores conceptistas era o de convencer o leitor além de instruí-lo por meio de diversos argumentos. Em relação ao cultismo, que prezava pela descrição e o exagero, o conceptismo preferia a concisão. Além do raciocínio lógico, duas importantes características desse estilo eram: Silogismo: baseado na dedução, o silogismo apresenta duas premissas que geram uma terceira proposição lógica. Sofisma: baseado no argumento lógico, o sofisma gera uma ilusão de verdade. Isso porque está associado a algo enganoso que parece real, uma vez que utiliza argumentos verdadeiros. Entenda mais sobre esse estilo literário com o exemplo abaixo em que Padre Antônio Vieira critica o estilo cultista: “(...) Será porventura o estilo que hoje se usa nos púlpitos? Um estilo tão empeçado, um estilo tão dificultoso, um estilo tão afetado, um estilo tão encontrado toda a arte e a toda a natureza? Boa razão é também essa. O estilo há de ser muito fácil e muito natural. Por isso Cristo comparou o pregar ao semear. (...) Não fez Deus o céu em xadrez de estrelas, como os pregadores fazem o sermão em xadrez de palavras. Se uma parte está branco, da outra há de estar negro (...). Basta que não havemos de ver um sermão de duas palavras em paz? Todas hão de estar sempre em fronteira com o seu contrário? (...) Como hão de ser as palavras? Como as estrelas. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação, muito distinto e muito claro”. (“Sermão da Sexagésima” de Padre Antônio Vieira) PRINCIPAIS ARTISTAS DO BARROCO NO BRASIL A arte barroca no Brasil esteve presente, basicamente, nas igrejas católicas da época: na arquitetura, nos ornamentos, nas esculturas e nas pinturas. Mestre Ataíde Manuel da Costa Ataíde foi um pintor do Barroco mineiro. Nasceu em Mariana, Minas Gerais, por volta de 1762, e morreu em 1830. Mestre Ataíde, como era conhecido, costumava representar madonas e anjos com traços bem brasileiros. Suas obras encontram-se, principalmente, nos tetos das igrejas. No teto da Igreja de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, ele retratou uma madona mulata, muito parecida com sua namorada, Maria do Carmo. Nos anjos, colocou a aparência dos garotos mulatos de Vila Rica e de seus filhos. As cores usadas para pintar o teto dessa igreja são muito mais vivas e quentes do que as pinturas do Barroco português. O anjo que aparece pintado com um cajado aos pés da madona é o artista Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1730-1814), que eraamigo de Mestre Ataíde e também um dos grandes representantes da obra barroca no Brasil. Aleijadinho Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, é o artista brasileiro mais conhecido do Barroco brasileiro. Foi escultor, arquiteto e entalhador, e sua vida é envolta de mistérios. Suas obras mais famosas são o conjunto do Santuário de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas do Campo, um patrimônio histórico e artístico com 66 imagens esculpidas em madeira de cedro (1796-1799), e os 12 profetas em pedra-sabão (1800- 1805). Muitos especialistas afirmam que foi Aleijadinho que fez o projeto arquitetônico da Igreja de São Francisco de Assis, além de todos os ornamentos em seu interior. Aos 40 anos, atacado por uma doença que o deixou deformado, sua obra ganhou contornos góticos, e sua técnica tornou-se ainda mais diferenciada e única. PRINCIPAIS AUTORES DO BARROCO BRASILEIRO Gregório de Matos Considerado o iniciador da poesia brasileira, Gregório de Matos, o “Boca do Inferno”, assim denominado por sua veia satírica e crítica, nasceu na Bahia, provavelmente em 1623. Estudou Direito em Portugal e permaneceu na metrópole por um longo período. Retornou ao Brasil definitivamente apenas em 1681. Graças à irreverência de seus textos criou inimizades e acabou sendo exilado para Angola. Já bastante debilitado, retornou ao Brasil sob duas condições: não voltar à Bahia e não mais escrever suas sátiras. Morreu no Recife em 1696. Padre Antônio Vieira Nascido em Lisboa, em 1608, com 6 anos veio para o Brasil. Ordenado padre em 1634, logo se destacou por sua oratória e seus sermões eloquentes. Vieira viajou muitas vezes para a Europa. Mas regressou definitivamente ao Brasil em 1681, onde faleceu em 1697. Além de seus famosos Sermões (quase duzentos), Vieira ainda escreveu inúmeras Cartas (aproximadamente quinhentas) que versavam sobre a situação da colônia e os rumos da Inquisição, entre outros assuntos. Ficou conhecido pelo rigoroso estilo de suas produções. Seus sermões eram estruturados com maestria e arte e são considerados a expressão máxima do Barroco em língua portuguesa. Sabia prender a atenção de seus ouvintes por meio da clareza e simplicidade, do rigor sintático e dialético, do raciocínio lógico, intercalando trechos mais vigorosos com trechos mais descontraídos.
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