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Certificações de Qualidade Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Fernando Leonel Revisão Textual: Prof. Me. Luciano Vieira Francisco Sistema de Gestão da Qualidade • Certificação de Sistema da Qualidade ISO 9001; • Processo de Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade; • Benefícios de Implantação de um Sistema de Certificações em Gestão da Qualidade. · Compreender a integração das normas de sistemas de gestão da qualidade; · Analisar e desenvolver sistemas integrados de gestão; · Entender o processo de certificação de sistemas de gestão da qualidade; · Compreender e aplicar o processo de certificação de produtos e de processos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Sistema de Gestão da Qualidade Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Sistema de Gestão da Qualidade Certificação de Sistema da Qualidade ISO 9001 Chegamos a um momento importante do sistema de gestão da qualidade, afinal, agora que já foram estabelecidos todos os procedimentos, processos, as ferramentas de avaliação, os registros de todos os fluxos, as funções e os desvios, é chegado o momento de solicitar a avaliação de uma empresa certificadora, devidamente habilitada para examinar se os processos estão de acordo com as normativas ISO 9001:2015 – no caso, 2015 porque é a norma mais recente, de modo que em uma atualização ou modificação, essa norma deixará de vigorar e será substituída pela mais recente. A certificação de um sistema de qualidade é um processo de avaliação que será de responsabilidade de uma empresa externa habilitada, no caso do Brasil, atualmente 38 instituições (Quadro 1) estão acreditadas pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) a certificar o sistema de qualidade ISO 9001. Basi- camente, a empresa certificadora avaliará duas situações na organização solicitante: 1. Atestar que o sistema de gestão da qualidade esteja de acordo com os requisitos estabelecidos pela norma ISO 9001. Ou seja, levantar toda a documentação pertinente ao sistema de gestão da qualidade que a empresa possui e compará-lo ao modelo descrito na norma ISO 9001. Geralmente, a organização contrata um serviço de pré-avaliação, isto é, outra empresa ou mesmo auditoria interna que faça tal checagem antes da verificação oficial. O que se pretende com essa verificação é bem traduzido pela frase diga o que você faz para garantir a qualidade; assim, nesta fase é testada a aderência do modelo encontrado com o que está descrito na norma; 2. Atestar que foram evidenciados diversos fatos de que a organização realiza as atividades de gestão de qualidade de acordo com os requisitos dos clientes, dentro dos princípios descritos na norma ISO 9001:2015, tais como foco no cliente, liderança, melhoria contínua, entre outros aspectos. 8 9 Quadro 1 – Organismos credenciados pelo Inmetro para certifi car sistemas de gestão da qualidade Nome do Organismo País UF Cidade IBAMETRO - Instituto Baiano de Metrologia e Qualidade Brasil BA Simões Filho LHS CERTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO LTDA - ME Brasil CE Fortaleza ICV BRASIL INSPEÇÃO, CERTIFICAÇÃO E VISTORIA LTDA Brasil DF Brasília ICQ Brasil - Instituto de Certificação Qualidade Brasil Brasil GO Goiânia SAS Certificadora Ltda Brasil MG Belo Horizonte Rina Brasil Serviços Técnicos Ltda Brasil MG Nova Lima Instituto de Tecnologia do Paraná - TECPAR Brasil PR Curitiba ITAC - Instituto Tecnológico de Avaliação e Certificação da Conformidade Ltda Brasil PR Curitiba ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas Brasil RJ Rio de Janeiro ACTA CERTIFICAÇÕES LTDA. - EPP. Brasil RJ Rio de Janeiro ASQCERT AVALIAÇÕES E CERTIFICAÇÕES LTDA ME ASQC SC Criciúma CBG CERTIFICADORA BRASILEIRA DE GESTÃO LTDA ME Brasil SC Joinville BRTÜV Avaliações da Qualidade S.A. Brasil SP Barueri SGS ICS Certificadora Ltda Brasil SP Barueri Associação NCC Certificações do Brasil Brasil SP Campinas BRICS CERTIFICAÇÕES DE SISTEMAS DE GESTÃO E PRODUTOS LTDA Brasil SP Guarulhos ALC - América Latina Certificações Brasil SP Indaiatuba CCB - Centro Cerâmico do Brasil Brasil SP Santa Gertrudes CONCEITOS SERVIÇOS DE CERTIFICAÇÃO LDTA. Brasil SP São Bernardo do Campo INSTITUTO DE FOMENTO E COORDENAÇÃO INDUSTRIAL - IFI Brasil SP São José dos Campos ABRACE - AVALIAÇÕES BRASIL DA CONFORMIDADE E ENSAIOS LTDA. Brasil SP São Paulo ABS Group Services do Brasil Ltda Brasil SP São Paulo APCER BRASIL CERTIFICAÇÕES LTDA Brasil SP São Paulo Baluarte Certificações e Avaliações LTDA Brasil SP São Paulo BSI BRASIL SISTEMAS DE GESTÃO LTDA Brasil SP São Paulo BVQI do Brasil Sociedade Certificadora Ltda Brasil SP São Paulo DNV GL BUSINESS ASSURANCE AVALIAÇÕES E CERTIFICAÇÕES BRASIL LTDA Brasil SP São Paulo DQS do Brasil Ltda Brasil SP São Paulo FCAV - Fundação Carlos Alberto Vanzolini Brasil SP São Paulo ICEPEX - INSTITUTO DE CERTIFICAÇÃO PARA EXCELÊNCIA NA CONFORMIDADE Brasil SP São Paulo Instituto Falcão Bauer da Qualidade - IFBQ Brasil SP São Paulo INSTITUTO TOTUM DE DESENVOLVIMENTO E GESTÃO EMPRESARIAL LDTA. Brasil SP São Paulo IQA - Instituto da Qualidade Automotiva Brasil SP São Paulo Lloyd’s Register do Brasil Ltda Brasil SP São Paulo MSC - MANAGEMENT SYSTEMS CERTIFICAÇÕES LTDA Brasil SP São Paulo NCC CERTIFICAÇÕES DO BRASIL LTDA Brasil SP São Paulo QMS DO BRASIL SERVIÇOS DE CERTIFICAÇÃO LTDA Brasil SP São Paulo TÜV RHENLAND DO BRASIL LTDA. Brasil SP São Paulo Fonte: inmetro.gov.br A empresa certificadora realiza uma auditoria externa conhecida como de tercei- ra parte, porque a avaliação possui valor oficial e é realizada por uma organização 9 UNIDADE Sistema de Gestão da Qualidade independente – terceira –; enquanto que as outras partes que podem avaliar é a própria empresa que deseja a certificação – primeira parte – e/ou algum cliente da organização – segunda parte. Ao término da avaliação, a empresa que atender a todos os requisitos previstos na norma receberá o certificado de sistema de gestão da qualidadetal como o seguinte modelo: Figura 1 – Exemplo de certificado ISO 9001:2015 (meramente ilustrativo) Fonte: Carpinetti e Gerolamo, 2016 O certificado é válido por três anos, porém, as empresas certificadas devem passar por auditorias de manutenção semestral ou anualmente; nas quais a organização certificada deve fornecer evidências de que o sistema de gestão da qualidade está funcionando plenamente e de que todos os requisitos da norma ISO 9001:2015 são atendidos – no caso de alguma não conformidade que não tenha sido solucionada em auditoria passada, então sanada nesta nova verificação. Perceba que o certificado não é emitido pela ISO, mas, no Brasil, apenas pelos organismos certificadores – atualmente, somente as empresas listadas no Quadro 1 estão acreditadas pelo Inmetro a certificar. 10 11 Importante! O credenciamento de empresas certifi cadoras junto ao Inmetro é voluntário, portanto, não obrigatório. Outro ponto importante é a descrição do certifi cado, conforme o modelo da Figura 1, segundo a NBR ISO 9001:2015. Ademais, uma recomendação da ISO é a atualização da norma, descrevendo de maneira completa a ISO 9001:2015. Importante! O Inmetro é uma autarquia federal que, entre as suas responsabilidades, cre- dencia laboratórios, organismos certificadores; promove a inspeção de produtos e outros; sendo também responsável por credenciar as empresas certificadoras que atuam com o sistema de gestão da qualidade ISO 9001 e outras normas; ademais, coordena o sistema nacional de certificação e segue a tendência mundial de ser o único no País. Adicionalmente ao credenciamento junto ao Inmetro, as empresas certificadoras podem ser credenciadas junto ao International Accreditation Forum, uma associação internacional que mantém um sistema global de reconhecimento dos organismos certificadores em vários países. Importante! Existe a norma NBR ISO/IEC 17021:2007 – avaliação de conformidade – requisitos para organismos que fornecem auditoria e certifi cação de sistemas de gestão, ou seja, a “norma da norma”. O padrão ISO 9001 não é um certifi cado de qualidade de produto; afi nal, o certifi cado atesta que a empresa implementa um sistema de gestão da qualidade baseado no modelo normativo ISO 9001:2015, com o objetivo principal de atendimento aos requisitos dos clientes. Importante! Mesmo o padrão ISO 9001 não certificando a qualidade de produtos, indireta- mente a certificação contribui para a qualidade superior dos itens produzidos por uma empresa certificada; de modo que dificilmente uma organização que passa pelo rigoroso processo de adequação às normas e certificação terá dificuldades em conduzir o seu fluxo produtivo de maneira adequada. Uma recomendação que a ISO faz na divulgação do certificado ISO 9001 é que não se deve sugerir que o pro- duto tenha a qualidade garantida, dado que tal certificação se refere ao processo de fabricação do produto – e não ao artigo em si. Ainda sobre o escopo do certificado, ou seja, aquilo que é certificado, ou mesmo a abrangência do sistema da qualidade, o padrão de gestão da qualidade não pode abranger diversas empresas ou várias linhas de produtos, mesmo que sejam do mes- mo grupo empresarial; porém, caso a organização tenha decidido certificar todos os 11 UNIDADE Sistema de Gestão da Qualidade processos ou linhas de produtos, não é permitida a exclusão desses. Isto é, uma vez certificado, o sistema de gestão da qualidade deve alcançar todas as atividades pri- márias e de suporte da cadeia de valor que fazem parte daquele processo produtivo. A fase de escolha da empresa certificadora e o processo de certificação de fato correspondem ao último estágio do processo de sistema de gestão da qualidade, que se inicia na decisão da organização em implementar o sistema de gestão da qualidade e todos os seus requisitos. No processo de escolha de uma empresa certificadora, deve-se considerar a reputação no mercado, principalmente no concernente ao segmento da empresa atual estar de acordo com o da organização contratante; a adequação do preço cobrado pela certificação estar na média do mercado e dentro das possibilidades da empresa, entre outros fatores. Nesse sentido, a NBR ISO/IEC 17021 – aquela que trata das empresas certi- ficadoras – estabelece que a certificação inicial deve acontecer em duas fases, em um tipo de pré-auditoria, a fim de que sejam levantadas as lacunas dos processos e eventuais falhas. Assim, a empresa terá tempo para corrigir eventuais não conformidades que poderiam dificultar ou impedi-la na obtenção do certificado nas próximas fases de auditoria. Processo de Certificação de Sistemas de Gestão da Qualidade Diversas são as formas que levam ao caminho da implementação do sistema de gestão da qualidade ISO 9001; porém, independente da maneira escolhida, o planejamento é fundamental para que o sistema de gestão da qualidade seja implementado de forma completa e correta; de modo que veremos algumas sugestões para uma implementação eficaz e conforme à certificação ISO 9001. Como todo trabalho que envolve a gestão da qualidade, o pré-teste se faz ne- cessário antes da implementação; assim, a empresa saberá o grau de adequação das práticas de gestão da qualidade em relação aos requisitos da ISO 9001:2015. Na proposta elaborada por Carpinetti e Gerolamo (2016), o processo de im- plementação é dividido em cinco etapas, a saber: 1. Diagnóstico da gestão da qualidade – pré-implementação; 2. Levantamento de necessidades e planejamento do sistema; 3. Projeto do sistema; 4. Implantação; 5. Auditoria de certificação. 12 13 Veja, no Quadro 2, um modelo de avaliação pré-implementação que poderá ser aplicado em qualquer empresa, observando que cada item possui um campo para pontuação; enquanto que as instruções estão presentes no Quadro 3, na sequên- cia. Ademais, as etapas estão de acordo com o processo já implementado, isto é, o que a organização já realiza – a ideia não é interferir no andamento rotineiro da organização, mas identificar em todos os aspectos a sua real situação e, com a aju- da da norma, conseguir alcançar um modelo de gestão de excelência em qualidade. Quadro 2 – Modelo de implementação de sistema de gestão da qualidade Etapas do modelo proposto Se qu ên cia Di fi c ul da de Pa rti cip aç ão da al ta ad m in ist ra çã o Tre in am en to Es tru tu ra da eq ui pe Te m po di sp on ib ili za do Et ap a 1 Conscientização da alta administração Estabelecimento da política da qualidade Estabelecimento dos objetivos e das metas do sistema da qualidade Definição do organograma Designação do representante da administração Definição da responsabilidade e autoridade Definição dos processos-chave Definição das exclusões Definição da estrutura do manual da qualidade Estabelecimento da equipe de implementação Formulação de um plano de implementação formal Et ap a 2 Mapeamento dos processos a serem padronizados Elaboração do procedimento de documentação Elaboração do procedimento de controle de registros Elaboração e aprovação dos procedimentos Elaboração do procedimento de treinamento Distribuição e controle dos procedimentos Treinamento de acordo com os procedimentos Et ap a 3 Registrar os treinamentos Elaboração e implantação do procedimento de ações corretivas Elaboração e implantação do procedimento de ações preventivas Elaboração e implantação do procedimento de auditoria interna Elaboração e implantação do procedimento de controle de produção e não conformidades Elaboração e implantação do procedimento de medição da satisfação do cliente Et ap a 4 Realização de auditorias internas Elaboração do planode ações corretivas Elaboração do plano de ações preventivas ou de melhoria Fonte: adaptado de Prancic e Turrioni, 2002 13 UNIDADE Sistema de Gestão da Qualidade No preenchimento do modelo de pré-implementação, o avaliador poderá utili- zar o seguinte Quadro como referência e, de acordo com a pontuação atribuída, identificar os pontos que precisam de rápida intervenção e os itens que serão cor- rigidos pela nova cultura trazida pelo sistema de gestão da qualidade, engajamento das pessoas, papel da liderança, abordagem por processos, decisões baseadas em evidências, foco no cliente e melhoria contínua. Quadro 3 – Pontuação para análise do modelo de implementação do sistema de gestão da qualidade Item Pontuação Sequência Dificuldade Participação da alta administração Treinamento Estrutura da equipe Tempo dedicado 0 Fora do planejado 1 Inexistente Nenhuma Nenhum Sem estrutura Nenhum 2 Pequena Pequena Insuficiente Inadequada Insuficiente 3 Média Média Regular 4 Média-alta Regular Regular 5 Comoplanejado Alta Alta Adequado Adequada Adequado NO Não observado Fonte: adaptado de Prancic e Turrioni, 2002 Agora que já temos o diagnóstico da organização, no que se refere ao modelo de gestão da qualidade, poderemos avançar para a Etapa 1 – levantamento de necessidades. Tudo se inicia com a designação de uma equipe responsável pela condução da im- plementação do sistema, sendo fundamental que um membro da alta direção participe dessa equipe e que os demais colaboradores possuam papéis bem definidos acerca de qual área cada qual atuará. A presença do membro do corpo diretivo na equipe tem duplo objetivo: fornecer à equipe a visão da organização sobre as atividades da gestão da qualidade; comunicar aos outros membros da direção o andamento dos trabalhos e garantir o envolvimento da alta direção com a implementação do sistema. Até a edição anterior da norma ISO 9001 (2008), era exigido que a organização indicasse um representante da direção para assuntos de qualidade; porém, na atualização dessa norma (2015) tal exigência foi retirada, mas ainda é comum a empresa indicar um membro do corpo diretivo para coordenar a implementação. Iniciando a etapa de levantamento das necessidades, consulte as cláusulas 4 e 6 da ISO 9001:2015. · Análise do contexto da organização: identificar e revisar questões in- ternas e externas relativas aos objetivos estratégicos da organização e que devam ser considerados para a implementação do sistema de gestão da qualidade; · Identificação das necessidades dos clientes e outras partes interessadas – stakeholders: analisar os produtos e serviços oferecidos aos mercados e 14 15 seus contextos internos e externos, assim como as necessidades e expec- tativas de todos os stakeholders, conforme a cláusula 4.2 da norma ISO 9001:2015. Uma recomendação é classifi car as necessidades e expecta- tivas de acordo com o stakeholder, do qual gera maior impacto ao que possui menor infl uência no negócio; · Análise de riscos e oportunidades – item 6.1 da norma: no momento da análise do contexto da organização, faz-se necessária uma avaliação de riscos e oportunidades, uma vez que é o momento no qual a organização passará por uma mudança signifi cativa em todos os seus processos. Chegamos à Etapa 2 – projeto de sistema –, que pode ser dividida em três fases: 1. Escopo, política e objetivos: • Defi nição do escopo do sistema da qualidade: consta no item 4.3 da norma ISO 9001:2015, iniciando com a identifi cação dos produtos, mercados e suas respectivas necessidades e expectativas, de modo que a empresa pode defi nir o escopo do sistema, ou seja, a abrangência do sistema de gestão da qualidade, incluindo toda a empresa ou apenas processos específi cos; • Defi nição da política e dos objetivos da qualidade – itens 5.2 e 6.2 da norma: para a elaboração da política e dos objetivos da qualidade é fundamental que os objetivos estratégicos com o sistema de gestão da qualidade já estejam defi nidos na etapa anterior e que estejam coerentes e alinhados com a visão e estratégia macro da organização. 2. Mapeamento dos processos da organização: com forte embasamento na abordagem por processos e previsto na cláusula 4.4 da norma, é estabelecido que a organização possibilite à sua liderança que determine os processos necessários ao sistema de gestão da qualidade e à sua respectiva aplicação em toda a empresa.Os processos do sistema de gestão da qualidade, os quais podem ser agrupados em: • Planejamento; • Suporte; • Operação; • Avaliação de desempenho; • Melhoria. Qualquer semelhança com o ciclo Plan, Do, Check, Act (PDCA) não é mera coincidência, afinal, muitos desses processos devem ser integrados aos outros já existentes na organização e, se possível for, a empresa deverá adotar um único modelo de gestão para todas as suas funções, por exemplo, gerenciar recursos de medição e monitoramento, os quais devem ser integrados aos processos da gestão de produção. Portanto, durante a fase de projeto de sistema é essencial que ocorra a integração entre os processos e que não figurem lacunas ou gaps, 15 UNIDADE Sistema de Gestão da Qualidade ou seja, processos soltos que não têm continuidade ou integração. Nesse sentido, a ISO sugere como sequência das atividades do projeto de sistema: • Os mapeamentos de processos primários e de suporte: listar os processos que auxiliam as atividades da cadeia interna de valor, tais como estoques, logística, recebimento, manutenção, vendas, desen- volvimento de produtos, produção, entrega, entre outros; • O mapeamento da estrutura funcional: identificar as áreas principais para o funcionamento da empresa e as pessoas consideradas pontos focais, isto é, responsáveis em representar determinados departamentos; • A identificação dos processos críticos à gestão da qualidade: proces- sos críticos são aqueles que afetam diretamente o negócio da empresa, ou seja, que podem prejudicar ou interromper as atividades cotidianas. Comumente, diversos processos são considerados críticos, mas é im- portante que no levantamento seja classificado esse grau de criticidade. Agora que já mapeamos os processos realizados pela organização, podemos iniciar o planejamento e detalhamento dos processos do sistema de gestão da qualidade, atentando-se que os novos processos estejam integrados às atividades que a empresa já desempenha. 3. Projeto dos processos de gestão da qualidade: chegamos, então, à fase que possui a maior duração, onde são produzidos todos os documentos que serão utilizados para registrar todas as atividades da empresa, passo a passo, que estejam relacionadas ao sistema de gestão da qualidade, desenvolver todos os fluxos e registrar as evidências. Devem fazer parte dessa definição os critérios para a codificação de documentos e elaboração, aprovação, validação e distribuição dos quais. Ao término dessa atividade, a organização terá um procedimento padrão de controle de documentos e registros e, uma vez definido tal procedimento padrão, poderá planejar o conteúdo do sistema da qualidade, observando os requisitos 4.4 e 8 – planejamento da operação – da ISO 9001:2015. Vejamos as principais atividades: • Estabelecer as atividades, a sequência e interação entre as quais, como serão as entradas e saídas de cada qual, dado que o detalhamento é fundamental; • Determinar as técnicas e os métodos que sejam necessários à correta operação, assim como os critérios de controle das atividades; • Indicar os recursos necessários; • Informar o responsável por cada processo, ou seja, a pessoa com auto- ridade e responsabilidade por determinada atividade; • Caracterizar quais serão os documentos, procedimentos e registros ne- cessários à implementação das atividades de gestão. Faz parte desta fase possíveisrevisões nos documentos, pois ainda não há visão completa das atividades – as revisões também devem ser registradas e evidenciadas. 16 17 Abordemos a Etapa 3 – implantação –, quando finalmente saímos da fase do papel e vamos à prática – mais ou menos. A implantação deve ocorrer conforme os procedimentos são desenvolvidos; assim, é possível realizar ajus- tes conforme a necessidade. Portanto, na fase de implantação acontecerão as seguintes atividades: 1ª. Treinamento nos procedimentos de trabalho; 2ª. Implantação dos processos, procedimentos e outros documentos; 3ª. Revisão dos processos, procedimentos e documentos; 4ª. Treinamento de auditores internos; 5ª. Auditoria interna; 6ª. Análise de auditorias e defi nição de planos de ação; 7ª. Acompanhamento de ações de melhoria – análise crítica. A área de qualidade da empresa – nem sempre popular – é responsável por garantir que o sistema de gestão da qualidade funcione perfeitamente e que todas as atividades estejam estabelecidas conforme os manuais e documentos da organização. Ex pl or Chegamos ao final da caminhada com a Etapa 4 – auditoria de certificação –, em que o processo é concluído com a certificação do sistema de qualidade por meio da realização das seguintes atividades: • Defi nição do organismo certifi cador; • Planejamento e realização das auditorias; • Análise de resultados e tomada de ações para a melhoria do sistema. Após a auditoria externa sempre são identificados pontos fortes e outros passí- veis de melhoria, estes deixados como observações para correção imediata ou ava- liação seguinte – manutenção – a atividades que possuam baixo grau de criticidade; contudo, não impedindo que a organização seja certificada. 17 UNIDADE Sistema de Gestão da Qualidade Benefícios de Implantação de um Sistema de Certificações em Gestão da Qualidade Como você já deve ter percebido, não há desvantagens em se ter a certificação em gestão da qualidade. A empresa muda completamente de patamar, onde será possível saber com detalhes em quais atividades o desempenho não está adequado, onde estão os “gargalos” da operação e as fontes de desperdício; de modo que veremos, a seguir, alguns benefícios obtidos com o sistema de gestão da qualidade. · Equipe ciente e consciente – a fonte de diferencial competitivo: como um dos principais requisitos da norma é o engajamento das pessoas, a empresa terá o desafio de envolver os colaboradores em uma cultura de fazer o melhor, manter o foco no cliente, enfim, de melhoria contínua. Assim, cada trabalhador saberá exatamente o que e como fazer, pois já estará descrito nos processos criados na fase de planejamento, assim como será medido o desempenho, pontos fortes e a melhorar. Ademais, as suas ideias de contribuição serão ouvidas e incentivadas, de modo que a empresa conseguirá dar um salto de qualidade para o futuro; · O foco principal do negócio – satisfação do cliente: como vimos durante todas as unidades, a norma ISO 9001 traz como fator principal o foco no cliente. Assim, o passo anterior de entender as suas necessidades e expectativas e moldar as suas atividades com esse foco possibilitam grande diferencial em relação à concorrência que não adotou o sistema de gestão da qualidade como base para as suas operações; · Diferencial perante o mercado e a conquista de novos negócios: ter o selo da norma ISO 9001 mostra ao mercado que a empresa é dife- renciada, que suas atividades foram testadas e aprovadas conforme um rigoroso conjunto de padrões, e que recebe auditorias externas regular- mente. Para atuar em alguns segmentos específicos, tal certificação é exigida, ou mesmo para organizações multinacionais que prezam por esse patamar de qualificação; · Redução ou eliminação de desperdícios: já a curto prazo, o sistema de gestão da qualidade possibilita identificar fontes de desperdícios e a ime- diata correção do processo, trazendo grandes ganhos à organização, que poderá investir mais na modernização de seus maquinários e capa- citação de pessoal, criando, assim, um modelo de crescimento virtuoso. Ademais, para as áreas das empresas certificadas, os benefícios são os seguintes: · Maior organização interna; · Melhor desempenho do negócio; · Melhor controle do negócio. Com todas as evidências geradas pela organização e com o controle proporcionado pelo sistema de gestão da qualidade, a direção da empresa terá facilmente em suas mãos ferramentas para controlar e melhorar o desempenho da instituição. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Gestão da qualidade ISO 9001:2015 Para conhecer detalhadamente o processo de certificação do sistema de gestão da qualidade, não deixe de ler o livro Gestão da qualidade ISO 9001:2015, de Carpinetti e Gerolamo (2016), publicação que é praticamente um manual de operações sobre o que e como fazer para obter tal certificado. Leitura Benefícios da ISO 9001 para sua empresa Confira no link um texto mais detalhado sobre os benefícios em se obter um certificado ISO 9001 para a empresa. https://goo.gl/PG4xVp A Exportação de Carne Bovina e o Sistema de Gestão de Qualidade ISO 9001:2008 No texto disponível no link, veja como foi o processo de certificação de uma empresa frigorífica que buscava exportar os seus produtos. https://goo.gl/cwq3gK 19 UNIDADE Sistema de Gestão da Qualidade Referências CARPINETTI, L. Gestão da qualidade: conceitos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2016. ______.; GEROLAMO, M. Gestão da qualidade ISO 9001:2015: requisitos e integração com a ISO 14001:2015. São Paulo: Atlas, 2016. PRANCIC, E.; TURRIONI, J. Modelo de implementação de sistema de gestão da qualidade baseado na ISO 9000:2000: uma aplicação prática. In: ENEGEP, 22., 2002. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP2002_ TR23_0928.pdf>. Acesso em: 20 abr. 2018. 20
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