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Problema 2: Intermediária Pro���m� 2 - In�e�m���ári� 2. Diagnósticos sindrômicos de doenças exantemáticas VISÃO GERAL FONTES: Veronesi, Livro: Síntese de Doenças Infecciosas e Parasitárias O exantema é uma erupção geralmente avermelhada que aparece na pele devido à dilatação dos vasos sanguíneos ou inflamação. Sua causa pode ser infecciosa, alérgica, tóxica, física, etc. Os exantemas podem se manifestar desde manchas planas até pequenas vesículas ou bolhas. Doenças exantemáticas, também conhecidas como febres eruptivas, são as doenças infecciosas agudas que têm como principal característica o exantema (mas também apresentam manifestações sistêmicas). São bastante comuns, principalmente na infância, e sua principal importância é que algumas delas apresentam alto risco de contágio e de potenciais complicações. Podem-se prevenir algumas doenças exantemáticas através da vacinação e evitando contato com doentes. Na maioria das vezes o diagnóstico é apenas clínico. Alguns exemplos de doenças exantemáticas infecciosas são: sarampo, escarlatina, rubéola, eritema infeccioso, exantema súbito e varicela. As alérgicas manifestam-se como urticárias, vermelhidão ou pequenos carocinhos ou bolhas na pele. A análise do tipo de lesão, dos sinais e sintomas concomitantes e a epidemiologia permite inferir o diagnóstico etiológico sem a necessidade de exames laboratoriais. A grande maioria das doenças são viroses, mas também podem ser causadas por bactérias, outros agentes infecciosos ou não, como doenças reumatológicas. CLASSIFICAÇÃO DE EXANTEMAS Fonte: Doenças Exantemáticas Febris (DIVE) Exa���m� ma����pa����r: manifestação cutânea mais comum nas doenças infecciosas sistêmicas. Mais comumente associado a vírus, porém também observado em várias doenças de etiologia bacteriana, parasitária, riquetsioses, micoplasmose e intoxicações medicamentosas ou alimentares. Pode ser caracterizado em diversos tipos: • Morbiliforme: pequenas maculo-pápulas eritematosas (3 a 10 mm), avermelhadas, lenticulares ou numulares, permeadas por pele sã, podendo confluir. É o exantema típico do sarampo, porém pode estar presente na rubéola, exantema súbito, nas enteroviroses, riquetsioses, dengue, leptospirose, toxoplasmose, hepatite viral, mononucleose, síndrome de Kawazaki e reações medicamentosas. • Escarlatiniforme: eritema difuso, puntiforme, vermelho vivo, sem solução de continuidade, poupando a região perioral e áspero (sensação de lixa). Pode ser denominado micropapular. É a erupção típica da escarlatina; porém, pode ser observada na rubéola, síndrome de Kawazaki, reações medicamentosas, miliária e em queimaduras solares. • Rubeoliforme: semelhante ao morbiliforme, porém de coloração rósea, com pápulas um pouco menores. É o exantema presente na rubéola, enteroviroses, viroses respiratórias e micoplasma. UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� https://www.medicina.ufmg.br/observaped/erupcao/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/calendario-vacinal/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/sarampo/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/escarlatina/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/rubeola%e2%80%af%e2%80%af/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/eritema-infeccioso-2/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/exantema-subito/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/catapora/ https://www.medicina.ufmg.br/observaped/urticaria/ Pro���m� 2 - In�e�m���ári� • Urticariforme: erupção papuloeritematosa de contornos irregulares. É mais típico em algumas reações medicamentosas, alergias alimentares e em certas coxsackioses, mononucleose e malária. Exa���m� pa����ve����la�: presença de pápulas e de lesões elementares de conteúdo líquido (vesicular). É comum a transformação sucessiva de maculo-pápulas em vesículas, vesico-pústulas, pústulas e crostras. Pode ser localizado (ex. herpes simples e zoster) ou generalizado (ex. varicela, varíola, impetigo, estrófulo, enteroviroses, dermatite herpetiforme, molusco contagioso, brucelose, tuberculose, fungos, candidíase sistêmica). Exa���m� pe����i�l o� pu��úri��: alterações vasculares com ou sem distúrbios de plaquetas e de coagulação. Pode estar associado a infecções graves como meningococcemia, septicemias bacterianas, febre purpúrica brasileira e febre maculosa. Presente também em outras infecções como citomegalovirose, rubéola, enteroviroses, sífilis, dengue e em reações por drogas. COMPONENTES MORFOLÓGICOS DOS EXANTEMAS Eri����: vermelhidão da pele, difuso ou salpicado, que desaparece à pressão Mácu�� (ma��h�): lesão plana, não palpável, constituída por uma alteração circunscrita da cor da pele Pápu��: lesão firme e elevada, com bordas nítidas e diâmetro que varia de 1 a 5 milímetros (até 1 cm, segundo alguns autores), Pla��: lesão achatada, semelhante à pápula, mas com diâmetro superior a 1 cm Vesícu��: lesão papular preenchida com líquido claro Pús�u��: elevação da pele contendo pus, de até 1 cm de diâmetro Petéqu��: lesão hemorrágica, que não desaparece à pressão, cujo tamanho não ultrapassa alguns milímetros Púr�u��: lesão hemorrágica de cor vinhosa, que não desaparece à pressão, com diâmetro superior a 1 cm, SARAMPO Sarampo é uma doença infecciosa aguda, causada pelo Morbillivirus da família Paramyxoviridae, que se transmite de pessoa a pessoa, principalmente crianças, caracterizando-se por febre alta, coriza, tosse, conjuntivite, sinal de Koplik na mucosa oral, exantema maculopapular generalizado, podendo apresentar várias complicações como pneumonia intersticial, encefalite, laringite obstrutiva (empe), miocardite, estomatites, lesões oculares e diarréia. A resposta celular específica ao vírus do sarampo é o motivo de surgir a lesão maculopapular. Em pacientes desnutridos, a baixa imunidade celular leva a infecções prolongadas, com aumento de infecções pneumônicas por vírus e bactérias, assim como às complicações gastrointestinais. 1. EP����I�L��I�: Em 2019, foram notificados 49.613 casos suspeitos de sarampo. Desses, foram confirmados 10.429 (21,0%) casos, sendo 8.235 (79,0%) por critério laboratorial e 2.194 (21,0%) por critério clínico epidemiológico. São Paulo foi o estado com mais casos (90%), enquanto a Bahia foi o sétimo estado a apresentar mais casos (0.39%). A faixa etária mais prevalente foi de 20-29 anos (30%). Prevalência: 2- 9 anos e pessoas não imunizadas; Primavera e inverno. 2. QU���� C�ÍNI��: O período de incubação varia de 7 a 18 dias, quando se iniciam febre e mal-estar do pródromo do sarampo. A evolução clínica apresenta três períodos bem definidos: ● Prodrômico ou catarral: UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� ➢ Presença de febre moderada, tosse, lacrimejamento, coriza e às vezes diarréia. ➢ Nesse período já aparece o sinal de Koplik, uma pequena lesão da mucosa oral próxima aos molares, considerada patognomônica do sarampo, com curta duração e antecedendo de dois ou três dias o exantema. ● De estado ou exantemático: ➢ Se caracteriza por um rash maculopapular eritematoso irregular com áreas de pele sã (figura abaixo), disseminando-se de forma descendente, face, tronco e membros. ● De convalescença ou de descamação furfurácea: ➢ Tem-se febre alta, tosse produtiva e outras manifestações respiratórias; tem a duração média de cinco dias. ➢ Com a regressão do exantema a febre também regride mas a tosse produtiva pode persistir por períodos mais longos. 3. DI���ÓS�I��: O diagnóstico do sarampo é feito pelo quadro clínico e evidências epidemiológicas nas epidemias. O diagnóstico diferencial deve ser feito com outras doenças exantemáticas, particularmente rubéola, escarlatina, eritema infeccioso, exantema súbito, farmacodermias, dengue entre outras. O sinal de Koplik é muito importante no diagnóstico precoce do sarampo. O hemograma na fase exantemática revela leucopenia, linfopenia e neutrofilia. Diagnóstico Laboratorial: ● Exa�� Hem����ógi��: No período de incubação ou no prodrômico, é frequente a leucocitose moderada comdesvio à esquerda, própria dos processos agudos. Porém, já na fase de exantema, a tendência é leucopenia de doença por vírus e surgimento de linfocitose no período de convalescença. A medula óssea apresenta reatividade do sistema granulocítico com desvio à esquerda de neutrófilos e aumento da maturação dos eosinófilos. ● Es��eg�ço da Nas����in��: Podem ser encontrados indícios das células cilíndricas epiteliais (de 3 até 15 células), na fase prodrômica. ● O diagnóstico laboratorial pode ser feito pela sorologia através da inibição da hemaglutinação, imunofluorescência para IgM e IgG em soros pareados na fase aguda e na convalescência e detecção de IgM na saliva. O isolamento do vírus em culturas de células ou do seu ácido nucléico pelo RT-PCR são técnicas usadas em pesquisas. RUBÉOLA UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� A rubéola ou “sarampo alemão” é uma doença infecciosa aguda causada pelo Rubivirus da família Togaviridae, que se transmite de pessoa a pessoa, principalmente crianças, causando uma doença febril eritematopapulosa benigna. Pode se transmitir também por via congênita causando diversas lesões no concepto, principalmente quando incide no primeiro trimestre da gravidez. 1. EP����I�L��I�: Na Bahia, em 2020, até a Semana Epidemiológica (SE) no 27 (até 04/07/2020) foram notificados 109 casos suspeitos de sarampo, 25 de rubéola, totalizando 134 casos de doenças exantemáticas. Desse total, 07 casos foram confirmados para sarampo (5,22%), 90 foram descartados (67,16%) e 37 (27,6%) permanecem em investigação. Os casos confirmados em 2020 não estão associados às cadeias de transmissão iniciadas em 2019, e estão assim distribuídos: 02 em Lauro de Freitas, 02 em Paripiranga, 01 em Belo Campo, 01 em Juazeiro e 01 em Camaçari. Não ocorreram óbitos pela doença na Bahia. Prevalência: Crianças maiores, adolescentes e pessoas não imunizadas; Inverno e primavera. 2. QU���� C�ÍNI��: ● Rubéol� Pós-na��� �u Ad����id�: A maioria dos casos de rubéola pós-natal evolui de forma assintomática, subclínica ou oligossintomática. Os casos sintomáticos, a maioria em adultos, apresentam um período prodrômico com mal-estar, febres, anorexia por vários dias antes do rash cutâneo do tipo eritematopapuloso (figura abaixo) tipo descendente (face, tronco e membros), acompanhado de adenomegalia e ocasionalmente esplenomegalia e mais raramente hepatomegalia. A adenopatia que pode permanecer por várias semanas acomete principalmente os gânglios cervicais e auriculares posteriores e suboccipitais. O rash cutâneo se acompanha de coriza, conjuntivite, febre e dor de garganta no período catarral que dura de três a cinco dias; lesões petequiais no palato mole são frequentes nessa fase. Tardiamente a rubéola pós-natal pode apresentar manifestações articulares, hemorrágicas e encefálicas. ● Rubéol� C���êni��: A rubéola congênita é uma doença grave, que pode causar morte fetal, aborto, parto prematuro e lesões orgânicas. O vírus da rubéola atinge a placenta durante a viremia materna com lesões nas vilosidades coriônicas e nas células endoteliais vasculares, atingindo as células embrionárias fetais e em conseqüência causando diversos defeitos congênitos, principalmente quando incide nos dois primeiros meses da gestação. Pode ocorrer alterações congênitas como: ● retardo do crescimento ● persistência do canal arterial ● outras lesões cardíacas como estenose da artéria pulmonar, ● surdez bilateral ● catarata uni ou bilateral ● glaucoma ● meningoencefalite ● retardo mental ● alterações ósseas ● pneumonia ● hepatite ● púrpura trombocitopênica UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� ● hepatoesplenomegalia. 3. DI���ÓS�I��: O diagnóstico clínico diferencial deve ser feito com escarlatina, sarampo, dengue, mononucleose infecciosa, eritema súbito, toxoplasmose e outras doenças exantemáticas às vezes difíceis de serem distinguidas clinicamente. O diagnóstico laboratorial pode ser feito pelo isolamento do vírus através da coleta por swabs de orofaringe, isolamento da urina, do líquido sinovial e amniótico (rubéola congênita). O diagnóstico também pode ser feito pela PCR naquelas secreções. Entretanto as reações sorológicas são as mais usuais pelo menor custo e facilidade de execução. As técnicas mais comuns são inibição da hemaglutinação, ensaio imunoenzimático (EIE), imunofluorescência, fixação do complemento, hemaglutinação passiva e aglutinação do látex, a maioria para medir os títulos de IgM e IgG. ERITEMA INFECCIOSO ● Eti����i� e fo��� de t�a�s���são: Doença viral de evolução benigna, causada pelo parvovírus humano B19. ● Tra��m���ão: A via respiratória é a mais importante, principalmente em comunidades fechadas. A transmissibilidade máxima ocorre antes do exantema. ● Gru�� etári�: acomete preferencialmente crianças de 2 a 14 anos. 1. EP����I�L��I�: 5 – 15 anos (pico em 7anos); Inverno e primavera. 2. QU���� C�ÍNI��: Geralmente sem pródromos, podendo surgir alguns sinais inespecíficos como: febrícula, mialgia e cefaleia. O exantema inicia-se pela face sob a forma de eritema difuso, com distribuição em “vespertilho” e edema de bochechas (fácies esbofeteada). As outras regiões da face são poupadas. Figura 1: Eritema infeccioso O exantema é tipo maculopapular, com palidez central que confere rendilhado à lesão (figura abaixo). Acomete o tronco e a face extensora dos membros, podendo regredir em até 3 semanas. Pode haver recorrência da doença pela ação de estímulos como o sol, o estresse e variação de temperatura. Além do eritema, o paciente pode ter: ● Crise aplástica transitória (CAT): é uma anemia transitória resultante de interrupção da eritropoiese por quatro a oito dias como explicado na patogenia. ● Anemia persistente em imunodeficientes: Nesse caso a infecção se toma crônica pela persistência do UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/eritema_infeccioso.htm Pro���m� 2 - In�e�m���ári� eritrovírus B19 com anemia grave e prolongada nos casos de imunossupressão. ● Infecção durante a gestação: Neste caso o vírus BI9 pode acarretar lesões placentárias, atingir o feto produzindo graves lesões, particularmente no segundo trimestre da gravidez, quando o concepto infectado é incapaz de manter a grande demanda de eritropoiese, com grave anemia intra-uterina, ocorrendo o abortamento espontâneo, morte fetal ou anemia congênita. ● Síndrome das meias e luvas: Trata-se de uma síndrome purpúrica papular ou síndrome petequial cujo exantema atinge principalmente os pés e as mãos, daí o nome “meias e luvas”. Os sintomas iniciais são edema, eritema, parestesias e prurido. Há remissão espontânea em algumas semanas com descamação cutânea. São muito poucos os casos descritos na literatura. Podem ocorrer manifestações sistêmicas como febre, astenia, cefaléia, anorexia, mialgia e artralgias, linfoadenopatia e erosão das mucosas. ● Artropatias: Tanto as artropatias como o eritema infeccioso parecem decorrentes de depósito de complexos antígeno-anticorpo nas articulações e na pele respectivamente, causando as artralgias nas diversas articulações e o exantema purpúrico. Esse processo é autolimitado nos indivíduos com o sistema imune normal. 3. DI���ÓS�I��: Sorologia para detecção de anticorpos Igm (ensaio imunoenzimático-Elisa) 4. T�A��M���O E P�E��NÇÃO: Não há tratamento específico, apenas de suporte com antiinflamatórios, imunoglobulina, correção da imunossupressão quando possível, transfusões sanguíneas inclusive intra-útero. Existe uma vacina em fase experimental, em fase I, a qual mostrou-se segura e eficaz (fonte do livro) EXANTEMA SÚBITO Pode ser chamada de Roseola infantum, sexta doença, pseudorrubéola, exantema crítico, febre dos três dias. ● Eti����i� e fo��� de t�a�s���são: Doença viral de evolução benigna causada pelo herpesvírus humano tipo 6 e 7. (HHV- 6 e HHV-7) ● Tra��m���ão: Secreção oral do portador sadio para contatospróximos. ● Gru�� Etári�: Ocorre tipicamente na infância, em especial nos menores de quatro anos. 1. EP����I�L��I�: 6-36 meses (95%); Primavera e outono. 2. QU���� C�ÍNI��: Início súbito, febre alta (39º/40ºC) e extrema irritabilidade. O exantema é do tipo maculopapular, com lesões discretas de 2 a 3 cm de diâmetro, não coalescentes. Em geral, acomete inicialmente o tronco e em seguida a face, a região cervical e a raíz dos membros, sendo de curta duração (24 a 72 horas sem descamação). Figura 2: Exantema súbito Veronesi: O exantema súbito classicamente descrito caracteriza-se por um pródromo febril que UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� https://www.medicinanet.com.br/pesquisas/exantema_subito.htm Pro���m� 2 - In�e�m���ári� dura de 3 a 5 dias, seguido pelo surgimento de exantema logo após a defervescência da febre. A febre no período prodrômico da doença clássica tende a ser elevada (não raramente, acima de 40°C), principalmente em crianças que se infectam após o 6º mês de vida. As crianças podem se manter febris por períodos tão longos quanto nove dias, embora a média seja de 3,8 dias. A infecção primária por HHV-6 pode se manifestar somente como uma doença febril aguda, sem outros achados clínicos. A irritabilidade é outro achado frequente nesse período, mas o bom estado geral e o nível de atividade praticamente normais da criança sugerem uma doença não grave. Outro sintoma que pode estar associado à febre é a hiperemia de orofaringe, por vezes acompanhada de pápulas eritematosas em palato mole, base da úvula e tonsilas ou, ainda, lesões exsudativas nas tonsilas. Tosse, coriza, edema palpebral, abaulamento de fontanela, adenomegalia cervical, hiperemia e abaulamento de membrana timpânica podem ser observados. O alto nível de ansiedade dos pais em relação ao quadro febril, associado a alguns dos achados clínicos citados, pode levar o socorrista a diagnósticos equivocados, entre os quais o mais comum é a otite média aguda bacteriana (OMA), com a consequente prescrição de antibióticos. O exantema aparece normalmente ao término do quadro febril (desde poucas horas até 1 a 2 dias após). Trata-se de exantema maculopapular morbiliforme, não pruriginoso, por vezes indistinguível daquele da rubéola ou do sarampo. Acomete preferencialmente tronco, face e região cervical, iniciando-se normalmente no tronco ou na face, estendendo- -se, por vezes, até as extremidades ou mesmo a toda superfície corpórea. O rash persiste por 24 a 48 horas, havendo relatos de duração de poucas horas. Foram descritos casos com exantema vesicular. 3. DI���ÓS�I��: Captura de anticorpos Igm e IgG para HHV-6 (ensaio imunoenzimatico-Elisa). 4. P�E��NÇÃO E T�A��M���O: Tratamento de suporte e administração de medicação sintomática, bem como a vigilância das complicações, especialmente às relacionadas ao sistema nervoso. Não existe vacina disponível. Em imunodeprimidos com doença grave (como encefalite ou pneumonite) devem receber ganciclovir. ESCARLATINA ● Eti����i� e fo��� de t�a�s���são: causada pelo Streptococcus pyogenes, uma bactéria beta hemolítica do Grupo A, produtora de toxina eritogênica. ● Tra��m���ão: A transmissão ocorre através do contato com secreções respiratórias. ● Gru�� etári�: acomete preferencialmente crianças de 2 a 10 anos de idade. 1. EP����I�L��I�: Idade/Estação do ano/Período de Incubação: 5 – 12 anos; Inverno e primavera; 2- 4 dias. A escarlatina pode ocorrer em qualquer idade, sendo mais freqüente em escolares entre 5 e 18 anos. É rara no lactente, provavelmente devido à transferência de anticorpos maternos contra a toxina eritrogênica. Acomete igualmente ambos os sexos. A maior taxa (11,3%) de portadores sadios ou assintomáticos de estreptococos do grupo A encontra-se na faixa etária de crianças, de ambos os sexos, enquanto para adultos a taxa é de 0,8%. Em estudo realizado na cidade de Recife com 753 escolares de 5 a 19 anos foi encontrada uma taxa baixa, de 0,8%, e a freqüência foi maior na faixa etária de 7 anos. Em estudo realizado em Minas Gerais, a prevalência de febre reumática entre escolares foi de 3,6/1.000. A distribuição é universal, com maior incidência no final do inverno e início da primavera. 2. QU���� C�ÍNI��: Período de incubação de 2-5 dias. Concomitante ou após faringoamigdalite membranosa, apresenta-se com febre alta e mal-estar, exantema UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� eritematoso puntiforme (pele áspera como uma lixa), palidez peribucal (Sinal de Filatov), linhas marcadas nas dobras de flexão (Sinal de Pastia) e língua em framboesa. Descamação extensa em mãos e pés (em dedos de luva), inicia após uma semana. Transmissibilidade de 10-21 dias em pacientes não tratados e sem complicações. Complicações podem ocorrer dentro de 1-5 semanas e incluem glomerulonefrite aguda e febre reumática aguda. Complicações tardias incluem coreia de Sydenham e cardiopatia reumática. 3. DI���ÓS�I�� L��O��T��I��: O diagnóstico laboratorial pode ser realizado através de teste rápido (aglutinação de Látex) em secreção colhida de orofaringe. 4. T�A��M���O � P���ENÇÃO Tratamento específico com antibióticos. Não há vacina. Contactantes portadores devem ser tratados. VARICELA ● Eti����i� e fo��� de t�a�s���são: doença viral aguda, altamente contagiosa, causada pelo vírus Varicela-Zoster (VVZ). ● Tra��m���ão: A transmissão ocorre através de aerossóis respiratórios, gotículas, saliva ou pelo contato com o liquido das lesões cutâneas. ● Gru�� etári�: mais comum na infância, sendo suscetíveis todas as pessoas não vacinadas e/ou que não tiveram a doença. Costuma determinar imunidade duradoura, porém pode se manifestar como Herpes-Zoster, pela reativação do vírus latente em gânglios do sistema nervoso, por diferentes motivos. 1. EP����I�L��I�: Idade/Período do ano/Período de incubação: 2- 8 anos; Inverno e primavera; 10-21 dias (média de 15 dias). Entre 2007 e 2013, a incidência de varicela variou de 168,4 a 104,5 casos por 100.000 habitantes, e a cobertura vacinal tem apresentado uma média anual de 69% (63,5% a 74,2%) entre 2013 e 2016. A incidência vem diminuindo expressivamente desde 2013, quando foi inserida no calendário vacinal brasileiro a vacina tetraviral (sarampo, rubéola, caxumba e varicela). Houve redução na incidência em todas as faixas etárias após a implementação da vacina 2. QU���� C�ÍNI��: Após um período de incubação em média de 2 semanas, inicia-se quadro de febre, cefaleia, astenia, irritabilidade e rash crânio caudal, pruriginoso, com manchas avermelhadas, que evoluem para vesículas, pústulas e crostas, sendo típico a presença de lesões em seus diversos estágios de evolução concomitantemente. Pode acometer mucosas, levar ao aumento de gânglios. O quadro costuma ser benigno, com duração de 10 dias, mas pode evoluir com pneumonia pelo próprio vírus, afecção no sistema nervoso, infecções bacterianas cutâneas. A doença pode ser mais grave em adultos, imunodeprimidos, gestantes ou recém-natos. O Herpes Zoster costuma ocorrer anos após a exposição ao VVZ, com vesículas agrupadas sobre base eritematosa, associada à sensação de dor, queimação e aumento da sensibilidade local, ocupando um ou mais dermátomos. UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� 3. DI���ÓS�I�� L��O��T��I��: O quadro típico costuma dispensar o recurso laboratorial, pode se detectar VVZ por PCR no liquido das vesículas, ou utilizar reações sorológicas IgM ou IgG. 4. P�E��NÇÃO � T���AM����: Tratamento do prurido com soluções e creme tópicos, antialérgicos orais, cuidados de higiene para reduzir risco de infecções cutâneas secundárias e antibióticos. Antivirais sistêmicos podem ser utilizados nos casos de maior risco de complicação, ou na presença de doença mais grave. A vacina para varicela previne a ocorrência de casos. DENGUE ● Eti����i� e fo��� de t�a�s���são: : É uma infecção causada por um flavivirus, que apresenta quatro sorotipos diferentes, DENV1,DENV2, DENV3, DENV4. A imunidade é permanente para um mesmo sorotipo. ● Tra��m���ão: Transmitida pela picada da fêmea Aedes aegypti. ● Gru�� etári�: Gestantes, menores de 2 anos, adultos com idade acima de 65 anos e pacientes com comorbidades. 1. EP����I�L��I�: De 2001 a 2012 foram notificados 194.446 casos suspeitos de dengue. Os anos epidêmicos foram: 2001, 2006, 2008, 2011 e 2012. Houve aumento progressivo da incidência (587,0/100 mil hab. [2001] e 1.561,1/100 mil hab [2012]), com cocirculação de até três sorotipos e elevada infestação vetorial, principalmente em depósitos para armazenar água. Os meses de abril, maio e junho concentraram mais de 70% dos casos confirmados, com destaque para maio de 2001 (30,1%) e maio de 2008 (33,8%). Em todos os meses dos anos epidêmicos, foram confirmados casos. O mês de maio de 2012 concentrou mais de 52% dos casos confirmados naquele ano. Houve uma predominância de casos no sexo feminino, variando de 54,4% (2011) a 60,4% (2001). Em todos os anos epidêmicos, proporcionalmente, notificou-se maior número de casos na faixa etária de 20 a 49 anos. Houve importante aumento da infecção entre os menores de nove anos (23,7%) durante a epidemia de 2008. Em geral, o sexo feminino predominou entre os casos graves, com destaque para o ano de 2001 (62,1%); a exceção coube a 2011, com 48,5% dos casos no sexo feminino. A taxa de incidência da doença foi sempre maior no sexo feminino, variando entre 662,0 casos/100 mil habitantes em 2006 e 1.675,5 casos/100 mil habitantes em 2012. Destacou-se aumento importante na faixa etária <9 anos, chegando a 2.331,3 casos/100 mil habitantes na epidemia de 2008. 2. QU���� C�ÍNI��: Febre alta (acima de 38ºC) de início abrupto que geralmente dura de 2 a 7 dias, acompanhada de cefaleia, mialgia, artralgia, prostração, astenia, dor retro-orbital, exantema e prurido cutâneo. Anorexia, náuseas e vômitos são comuns. UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� Nessa fase febril inicial da doença, pode ser difícil diferenciá-la de outras doenças febris, por isso uma prova do laço positiva aumenta a probabilidade de dengue. No período de defervescência da febre, geralmente entre o 3º e o 7º dia da doença pode ocorrer o aumento da permeabilidade capilar, em paralelo com o aumento dos níveis de hematócrito. Isto marca o início da fase crítica da doença. Leucopenia progressiva seguida por uma rápida diminuição na contagem de plaquetas precede o extravasamento de plasma. O período médio de incubação da doença é de 5 a 6 dias (podendo variar de 4 a 10 dias). 3. DI���ÓS�I�� L��O��T��I��: É realizado por exames laboratoriais (testes que detectam fragmentos do vírus: NS1, PCR ou anticorpos IgM ou pela elevação de IgG pareado. 4. T�A��M���O: O tratamento baseia-se principalmente em hidratação adequada, levando em consideração o estadiamento da doença (grupos A, B, C e D), segundo os sinais e sintomas apresentados pelo paciente. Não devem ser usados medicamentos à base de ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios, pois podem aumentar o risco de hemorragias. DOENÇA DE NOTIFICAÇÃO COMPULSÓRIA. FEBRE AMARELA Fonte: Febre Amarela: reflexões sobre a doença, as perspectivas para o século XXI e o risco da reurbanização. ● Eti����i�: A febre amarela é uma doença infecciosa não contagiosa. A doença ocorre sob duas modalidades epidemiológicas: silvestre e urbana. A diferença entre as mesmas está na natureza dos transmissores e dos hospedeiros vertebrados. Sob o aspecto clínico, a infecção é a mesma e pode se apresentar como assintomática, oligossintomática, moderada e grave. O vírus da febre amarela pertence ao gênero Flavivirus (Flavus = amarelo) da família Flaviviridae, sendo o protótipo dessa família, daí a associação com ele ● Tra��m���ão: transmitida ao homem mediante picada de insetos hematófagos após um período de incubação extrínseco, para que o vírus se reproduza em seus tecidos. ● Gru�� ��ári�: Homens entre 14-35 anos. 1. EP����I�L��I�: Sendo uma arbovirose que se adquire no meio da floresta, uma pergunta freqüente e que deve estar sempre na mente do médico é que grupos populacionais estão sob risco de adoecer por febre amarela? Neste particular, podemos considerar que todas as pessoas não vacinadas e que se submetem às picadas dos transmissores infectados em áreas de floresta, dentro da área endêmica da virose (especialmente onde esteja ocorrendo circulação do vírus) podem vir a adoecer com febre amarela. Em outras palavras, as áreas florestais e rurais da América do Sul e África, que correspondem às bacias dos rios Amazonas, Paraná e Araguaia-Tocantins, na América do Sul, e Nilo e Congo na África. No Brasil, as áreas de risco (endêmica e epizoótica ou de emergência) incluem as regiões Norte, Centro Oeste, o estado do Maranhão e mais a parte UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� ocidental dos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Nestas áreas, a doença ocorre principalmente entre lenhadores, seringueiros, vaqueiros, garimpeiros, caçadores, ribeirinhos dos rios amazônicos e em turistas (praticantes do turismo ecológico) do sexo masculino com idade variando entre 14 a 35 anos. Essa preferência se deve à maior exposição e não a uma possível maior susceptibilidade ao vírus. A letalidade global da febre amarela situa-se entre 5-10%, mas, nos casos graves que necessitam de hospitalização, oscila entre 40%-60%. 2. QU���� C�ÍNI��: A resposta à infecção amarílica é ampla e variável. Estima-se que cerca de 90% dos casos com expressão clínica sejam das formas classificadas como leve e oligossintomática (com poucos sintomas) e que somente 10% sejam das formas graves. Ademais, algumas pessoas desenvolvem quadros assintomáticos. Estas formas assintomáticas, e os casos sub-clínicos e formas leves da doença, costumam ocorrer em crianças de baixa idade cujas mães foram vacinadas e transmitiram (via transplacentária durante a gestação) anticorpos maternos do tipo IgG. Índios que geralmente adquirem imunidade materna e também ao longo de sua vida, constituem grupos que se infectam com formas leves da enfermidade. Outros indivíduos desenvolvem formas severas da doença. Aí se incluem as pessoas nunca vacinadas, portanto completamente indefesas à doença. Estas pessoas desenvolvem quadros clássicos, severos e extremamente graves da enfermidade (Quadro I). Nas formas leves e moderadas, a sintomatologia é indiferenciada, não característica, e se confunde com muitas doenças comuns nas áreas endêmicas, tais como malária, hepatites virais, febre tifóide, mononucleose infecciosa, etc. Em geral, os sintomas na forma leve se restringem a febrícula ou febre moderada, acompanhada de cefaléia discreta e astenia ou indisposição passageira. Evolui por até dois dias, findos os quais o paciente se recupera sem seqüelas. Na forma moderada, o paciente além desses sintomas pode apresentar náuseas sem vômitos, bem como, mialgias e artralgias que não incomodam o paciente nem dificultam sua locomoção. A cefaléia costuma ser mais duradoura. A febre só cede mediante o uso de antitérmicos e a astenia já mais pronunciada. Acompanha este quadro pelo menos um dos sintomas clássicos da doença: hematêmese (vômito negro), icterícia ou oligúria/anúria. O período de estado é de dois a três dias e a recuperação é completa. Nas formas graves da febre amarela os pacientes apresentam os três sintomas clássicos que caracterizam a falência hepato-renal. O quadro evolui em duas fases ou períodos, com um período de remissão entre as mesmas. Ressalte-se, no entanto que nem sempre é possível se separar tais fases. A sintomatologia da forma clássica (grave) da febre amarela é caracterizada por início abrupto, após um período de incubação médio de 6 dias (período de tempo que vai da picada infectante até o início dos sintomas) e que pode ser de até duas semanas. Inicialmente surge febre elevada, em que o paciente reporta ter-se sentidobem e executado seus afazeres algumas horas antes. A febre não é acompanhada de elevação da pulsação. Ao contrário, é comum observar-se febre elevada com redução da pulsação, o que é conhecido como sinal de Faget. Pouco tempo depois do aparecimento da febre surge cefaléia holocraniana de tal intensidade que o paciente UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� https://www.scielosp.org/article/rbepid/2002.v5n3/244-258/#qua1 Pro���m� 2 - In�e�m���ári� muitas vezes sente necessidade de pedir o uso de analgésicos. Junto com esses sintomas surge icterícia (dessa cor amarela da pele e das escleróticas dos olhos e da febre, resulta o nome da doença). A icterícia é basicamente do tipo verdínica e se deve, sobretudo, ao aumento da fração direta. Por volta do 5° ao 7° dia do período de estado, se instala a insuficiência renal, que se manifesta inicialmente pela diminuição do volume urinário, e se não tratada rapidamente pode evoluir para anúria e parada completa da diurese devido à necrose tubular aguda generalizada que se instala. Neste período é que mais freqüentemente ocorrem os óbitos. 3. DI���ÓS�I��: Exames Específicos: O diagnóstico definitivo da febre amarela pode ser feito pelo isolamento (exame de cultura) do vírus, detecção de antígenos virais e do RNA viral, e por métodos sorológicos - dosagem de anticorpos específicos pelo método de MAC ELISA (captura de IgM em ensaio enzimático) ou conversão sorológica em testes de inibição da hemaglutinação (IH). O isolamento do vírus pode ser feito utilizando-se diferentes sistemas: camundongos recém nascidos ou cultivo celular (células VERO, clone C6/36). Após a inoculação da amostra suspeita, obtém-se evidências da replicação viral em torno do 5° ao 7° dia de cultura. Ao ser isolada, a amostra viral é identificada em testes de imunofluorescência indireta, usando-se anticorpos monoclonais ou alternativamente mediante testes de fixação do complemento. Os métodos sorológicos que detectam IgM específica, como é o caso do MAC ELISA, podem dar um diagnóstico presuntivo rápido com uma amostra sorológica, se a mesma for obtida do paciente a partir do 5° dia de doença. A presença de IgM pode ser decorrente de infecção recente (2-3 meses) ou corrente (atual), daí a importância de se ter a história clínica e epidemiológica completa para a interpretação do resultado laboratorial. É pertinente lembrar que a vacinação anti-amarílica também induz à formação de IgM e, por isso, é importante saber os antecedentes vacinais do suspeito. Quando o paciente sobrevive, é usual comparar-se os resultados sorológicos das amostras aguda e convalescente. Títulos de anticorpos aumentados quatro vezes ou mais na amostra convalescente em comparação com os títulos da amostra da fase aguda, são conclusivos para infecção recente pelo vírus amarílico. É claro que os dados da história clínica e os antecedentes vacinais também são importantes e devem ser sempre valorizados. Nos casos fatais em que não se dispõe de sangue para sorologia e a pesquisa de vírus foi negativa ou prejudicada, pode-se realizar a detecção de antígenos específicos por imunohistoquímica em tecidos hepáticos conservados em formalina tamponada25, ou detectar o genoma viral por RT-PCR do sangue (células e soro) e fígado, preservado sob refrigeração. Exames Inespecíficos: Hemograma: nos primeiros dias da doença, ocorre leucopenia com neutropenia e linfocitose, com valores de 3.000 a 4.000 células por mm3 de sangue. Não raro, entretanto, se observam pacientes com leucogramas exibindo 1.000 a 2.000 leucócitos/mm3. À medida que progride o quadro se acentua a leucopenia, salvo nos casos em que ocorre infecção bacteriana. Nesses casos e nos pacientes terminais, ocorre inversão com leucogramas exibindo contagens de 15.000 a 20.000 leucócitos por mm3 de sangue. Quando isto ocorre pode gerar dúvidas, confundindo o diagnóstico, e sugerir a ocorrência de septicemia. A série vermelha usualmente se encontra normal, salvo nos casos com sangramento severo em que há queda do hematócrito e da hemoglobina. As plaquetas, como comentado no período dos aspectos clínicos, usualmente se encontram com valores em torno de 50.000/mm3 de sangue, mas podem apresentar valores ainda menores. Diversos fatores de coagulação são consumidos e quando dosados apresentam-se alterados. Os mais consumidos durante a infecção pelo vírus amarílico são a protrombina, fator VIII e tromboplastina. Em conseqüência disso, os tempos de sangria e de coagulação se encontram alterados. No sumário de urina se observa presença de bilirrubina e de hemácias, mas o que mais chama a atenção é a proteinúria. Com efeito, as proteínas são encontradas com valores elevados. É comum encontrar-se proteínas com valores acima de 500mg/100ml de urina. A densidade pode estar UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� alterada, mas não é raro apresentar valores normais. Di�g�ós�i�� D�fe���c�a�: Durante episódios epidêmicos é relativamente fácil diagnosticar clinicamente a febre amarela, pois a existência prévia de casos aumenta a suspeita. Entretanto, quando ocorre esporadicamente é mais difícil se realizar o diagnóstico clínico, pois a clínica da enfermidade lembra a de outras doenças, especialmente as que evoluem com quadros de febre hemorrágica, febres ictero-hemorrágicas e com comprometimento hepato-renal. As enfermidades infecciosas que devem ser incluídas no diagnóstico diferencial da febre amarela incluem necessariamente a malária, hepatites virais, febre tifóide, dengue hemorrágico e septicemias12,14. Entre as não infecciosas, deve-se lembrar da púrpura trombocitopênica idiopática e algumas formas de envenamento, inclusive a picada de cobras com peçonha que induz a presença de hemorragias. A história clínica, os antecedentes epidemiológicos e a realização precoce de alguns exames laboratoriais podem dirimir as dúvidas na maioria dos casos. 1. P�E��NÇÃO: O método mais eficaz para se prevenir a ocorrência de febre amarela é a vacinação com a amostra 17D. Recomenda-se que sejam vacinadas todas as pessoas hígidas com mais de seis meses de idade que estejam expostas ou que venham a se expor à infecção. Uma única dose da vacina protege o indivíduo por pelo menos 10 anos, quando então se recomenda a revacinação. No entanto, estudos têm mostrado que pessoas vacinadas uma única vez e vivendo fora das áreas de risco, mostram anticorpos neutralizantes por até 35 anos, o que pode indicar que a imunidade conferida pela vacinação anti-amarílica pode ser por toda a vida. ZIKA FALCÃO, M. et al. Guia de manejo da infecção pelo vírus zika. Sociedade Brasileira de Infectologia. 2016. O vírus zika é uma arbovírus do gênero Flavivírus, família Flaviviridae. É transmitido primariamente pela picada de mosquitos do gênero Aedes infectados, sobretudo o Aedes aegypti e o Aedes albopictus. Além da transmissão vetorial, outras formas de transmissão até então teóricas ou anedóticas passaram a receber maior atenção. O RNA do vírus da zika já foi detectado no sangue, urina, sêmen, saliva, líquor, líquido amniótico e leite materno (importante para diagnóstico). A infecção foi detectada no Brasil em 2015, mas algumas pesquisas apontam para 2013/2014. Regiões acima de 2000 metros são menos propensos a essa infecção pois os vetores nessas regiões são raros. Em 2016 foram registrados 215.319 casos suspeitos de infecção por ZIKV no país, (incidência de 105,3 casos/100 mil habitantes), distribuídos em 2.306 municípios, tendo sido confirmados 130.701 casos (60,7%). A maior incidência ocorreu na região centro-oeste com 222 casos/100 mil habitantes. Destacaram-se os Estados do Mato Grosso (671 casos/100 mil habitantes), do Rio de Janeiro (414,2 casos/100 mil habitantes) e da Bahia (340,5 casos/100 mil habitantes) e confirmados oito óbitos por ZIKV. QU���� C�ÍNI��: As manifestações clínicas ocorrem em 20% dos infectados e geralmente os sintomas são leves. O período de incubação é estimado entre 2-14 diasapós a picada do vetor. O quadro típico inclui rash maculopapular (face, tronco, extremidades, palmas das mãos e plantas) frequentemente acompanhado de prurido, febre baixa (37,8 - 38,5º C) quando presente, artralgia + edema (principalmente em pés e mãos) e conjuntivite não purulenta. A doença clínica é consistente com a doença pelo zika se 2 ou mais desses sintomas estiverem presentes. Outras manifestações comumente reportadas são mialgia, cefaléia, dor retro orbitária e astenia. Pode haver também edema periarticular, linfonodomegalia, úlceras orais, uveíte, dor abdominal, náuseas e diarreia. Na maioria dos pacientes, os sintomas são usualmente leves e apresentam resolução espontânea após cerca de 2 a 7 dias. No entanto, em alguns pacientes a artralgia pode persistir por cerca de um mês. A infecção durante a gravidez tem sido associada a microcefalia congênita, malformações fetais e perdas fetais. Em alguns grupos, a febre pelo ZIKV apresenta certas peculiaridades. Nas crianças, o quadro cutâneo pode ser atípico, caracterizado, por exemplo, de lesões maculares com tendência à confluência, lesões vesiculares, e até mesmo tendência à recorrência sob determinados fatores UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� precipitantes, como estresse. Em imunosuprimidos, é possível a ocorrência de quadros com complicações viscerais graves, prolongados ou fatais. DI���ÓS�I��: O diagnóstico pode ser feito por isolamento viral, detecção do RNA viral por RT-PCR ou sorologia IgM - ELISA (em populações onde há a cocirculação do vírus da dengue há uma alta chance de ocorrer reações falso positivas). Podemos encontrar achados inespecíficos em exames laboratoriais como discreta a moderada leucopenia e trombocitopenia, ligeira elevação da dosagem de desidrogenase lática sérica, gama glutamiltransferase e de marcadores de atividade inflamatória (proteína, fibrinogênio e ferritina). TRA����N�O: Não existe tratamento antiviral específico. O tratamento consiste em repouso, hidratação oral e uso de medicamentos sintomáticos. Analgésicos e antitérmicos como paracetamol e dipirona podem ser usados. Podem ser usados anti-histamínicos orais e calamina tópico para o controle do prurido. Antiinflamatórios (AINE) não devem ser usados até que seja descartado o diagnóstico de dengue. Evitar em gestantes com > 32 semanas de gestação pelo risco de fechamento precoce do ducto arterial. OBS: tratar todos os casos como dengue até que seja descartado o diagnóstico. CHINKUNGUNYA BRASIL. Chikungunya: manejo clínico. Ministério da Saúde. 2017. A chikungunya é uma arbovirose causada pelo vírus chikungunya (CHIKV). A transmissão se dá através da picada de fêmeas dos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus infectadas pelo CHIKV. Casos de transmissão vertical podem ocorrer quase que exclusivamente no intraparto de gestantes virêmicas e, muitas vezes, provoca infecção neonatal grave. Em 2017, foram registrados 10.294 casos prováveis de febre chikungunya no país e uma taxa de incidência de 5,0 casos/100 mil habitantes, destes 2.178 (21,2 %) foram confirmados. A análise da taxa de incidência de casos prováveis (número de casos/100 mil habitantes), por regiões geográficas, demonstra que a região Norte apresentou a maior taxa de incidência, 13,0 casos/100 mil habitantes, seguida da região Nordeste, com 10,0 casos/100 mil habitantes. Os sinais e sintomas se parecem muito com a dengue, mas a principal manifestação que a difere são as fortes dores nas articulações, que podem estar acompanhadas de edema. O nome chikungunya deriva de uma palavra em Makonde, língua falada por um grupo que vive no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique. Significa “aqueles que se dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com a artralgia característica. QU���� C�ÍNI��: O período de incubação dura em média 3-7 dias, podendo variar de 1-12 dias. Já o período de viremia pode perdurar por até 10 dias e geralmente se inicia 2 dias antes da apresentação dos sintomas. 70% dos pacientes são sintomáticos. A doença pode evoluir em três fases: aguda, subaguda e crônica. Após o período de incubação inicia-se a fase aguda ou febril, que dura até o 14º dia. Alguns pacientes evoluem com persistência das dores articulares após a fase aguda, caracterizando o início da fase subaguda, com duração de até três meses. Quando a duração dos sintomas persiste além dos três meses, atinge a fase crônica. FASE AGUDA: é caracterizada por febre de início súbito e intensa poliartralgia (grandes e pequenas articulações), geralmente acompanhada de dores nas costas, rash cutâneo, cefaléia e fadiga, com duração de 7 dias. A febre pode ser contínua, intermitente ou bifásica, possui curta duração e sua UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� queda não se associa a piora dos sintomas como na dengue. O exantema normalmente é macular ou maculopapular, acomete cerca de metade dos doentes e surge do segundo ao quinto dia de febre. Atinge tronco e as extremidades, incluindo palmas e plantas, podendo atingir a face. O prurido está presente em 25% dos pacientes e pode ser generalizado ou apenas localizado na região palmo-plantar. Outras manifestações cutâneas também têm sido relatadas nesta fase: dermatite esfoliativa, lesões vesículobolhosas, hiperpigmentação, fotossensibilidade, lesões simulando eritema nodoso e úlceras orais. Pode haver dor retro-ocular, calafrios, conjuntivite sem secreção, faringite, náuseas, vômitos, diarreia, dor abdominal, linfonodomegalia cervical, retroauricular, inguinal. As formas graves são frequentes nesta faixa etária, como o surgimento de complicações neurológicas, hemorrágicas e acometimento miocárdico FASE SUBAGUDA: a febre desaparece, pode haver persistência ou agravamento da artralgia. Pode ocorrer a síndrome do túnel do carpo. Podem estar presentes também, nesta fase, astenia, recorrência do prurido generalizado e exantema maculopapular, além do surgimento de lesões purpúricas, vesiculares e bolhosas. Alguns pacientes podem desenvolver doença vascular periférica, fadiga e sintomas depressivos. FASE CRÔNICA: costuma atingir mulheres acima de 45 anos. Gera acometimento articular persistente ou recidivante nas mesmas articulações da fase aguda, limitação dos movimentos, deformidade e ausência de eritema. Também há relatos de dores nas regiões sacroilíaca, lombossacra e cervical. Alguns pacientes poderão evoluir com artropatia destrutiva semelhante à artrite psoriática ou reumatoide. Outras manifestações descritas durante a fase crônica são: fadiga, cefaleia, prurido, alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, disestesias, parestesias, dor neuropática, fenômeno de Raynaud, alterações cerebelares, distúrbios do sono, alterações da memória, déficit de atenção, alterações do humor, turvação visual e depressão. Alguns trabalhos descrevem que esta fase pode durar até três anos, outros fazem menção a seis anos de duração. DI���ÓS�I��: Em lugares onde ocorrem epidemias por outros arbovírus, com sinais e sintomas semelhantes, o diagnóstico específico é importante. O diagnóstico laboratorial pode ser feito de forma direta, por meio do isolamento viral e da pesquisa do RNA viral em amostras clínicas, ou de forma indireta pela pesquisa de anticorpos específicos. Para a pesquisa do RNA, podem ser usados RT-PCR e qRT-PCR. Esses proporcionam diagnóstico rápido e sensível, o qual o RNA é detectado até o oitavo dia após o aparecimento dos sintomas (1º ao 5º dia tem maior viremia). Para detectar anticorpos se usa ELISA e teste imunocromatográfico. O IgM é detectado a partir do 2º dia após sintomas e o IgG a partir do 6º dia. Pode apresentar reação cruzada com o vírus mayaro, assim onde esse vírus circula, testes adicionais são necessários. No hemograma pode haver leucopenia com linfopenia menor que 1.000 cels/mm3. A trombocitopeniainferior a 100.000 cels/mm3 é rara. A velocidade de hemossedimentação e a Proteína C-Reativa encontram-se geralmente elevadas, podendo permanecer assim por algumas semanas. Outras alterações podem ser detectadas como elevação discreta das enzimas hepáticas, da creatinina e da creatinofosfoquinase (CPK). T�A��M���O: Até o momento, não há tratamento antiviral específico para chikungunya. A terapia utilizada é de suporte sintomático, hidratação e repouso. Na fase aguda os AINEs não devem ser prescritos como primeira linha devido ao risco de sangramentos. Podem ser usados dipirona e paracetamol para alívio da dor. Também não se deve usar corticoides na fase aguda da viremia devido ao risco de complicações. SÍNDROME MONO LIKE UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� BOTTIEAU, E. M. D. et al. Infectious Mononucleosis–Like Syndromes in Febrile Travelers Returning From the Tropics. Journal of Travel Medicine, Volume 13, Issue 4, 2006. DOI: 10.1111/j.1708-8305.2006.00049.x A síndrome semelhante à mononucleose infecciosa é definida por analogia às características clínicas e biológicas da mononucleose infecciosa clássica, resultante da infecção pelo Epstein-Barr. Nesse caso os agentes infecciosos são citomegalovírus, Toxoplasma gondii, vírus da hepatite, adenovírus, HIV e vírus da rubéola. Esses patógenos são responsáveis por 10% das síndromes de mononucleose. As marcas da MI são febre, faringite, linfadenopatia e contagem de células mononucleares e morfologia atípica dos linfócitos. As características adicionais incluem esplenomegalia ou exantemas e podem contribuir para o diagnóstico. Entre os adultos jovens da maioria dos países tropicais, a soroprevalência de infecção por EBV e CMV chega a 90%, enquanto às vezes chega a 30% para infecção por HIV e varia de 30% a 90% para toxoplasmose. Além disso, a transmissão é principalmente devida ao contato íntimo para EBV e CMV (eliminação salivar especialmente em crianças), ato sexual para HIV e CMV (eliminação sexual) e ingestão oral de T gondii (alimentos contaminados com oocistos ou água ou cisto de tecido contendo carne crua ou mal cozida). CITOMEGALOVÍRUS: Pode causar infecções que variam desde quadros subclínicos até quadros fatais, uma expressão fenotípica que dependerá da idade em que o indivíduo adquire a primoinfecção e do seu estado imunológico. A maioria dos adultos é soropositiva para o CMV e, na literatura médica, encontramos taxas que variam de acordo com o nível socioeconômico da população estudada. Por exemplo, nos países em desenvolvimento, como alguns do continente Africano e Asiático, é comum encontrarmos uma prevalência de quase 100% na população; por outro lado, nos países desenvolvidos, as taxas de soropositividade variam de 40 a 60%. A transmissão se dá por diversas formas, pois o vírus é encontrado em qualquer líquido corporal como saliva, leite materno, sêmen, secreções vaginais, sangue e urina). As manifestações clínicas variam de acordo com a idade da primoinfecção e com as condições imunológicas do hospedeiro. Crianças imunocompetentes geralmente não apresentam sintomatologia importante ou, mesmo, são assintomáticas. As crianças mais velhas e os adultos podem apresentar uma síndrome da mononucleose-like similar àquela descrita para o EBV e, caracteristicamente, a pesquisa de anticorpos heterófilos será negativa. Isso acontece devido a resposta vigorosa dos linfócitos T. Tem um período de incubação que varia de 20-60 dias. A doença dura geralmente 2-6 semanas. Caracteriza-se por febre alta, prolongada, calafrios, fadiga e mal-estar. Mialgia, cefaléia e hepato ou esplenomegalia são comuns, mas a faringite e a linfadenopatia cervical são raras. Entretanto na infância a linfadenopatia cervical e exsudato tonsilar semelhante à mononucleose clássica são comuns. O diagnóstico é feito pela identificação do RNA viral em líquidos corporais pelo PCR. Também pode ser feita a detecção de anticorpos IgM e IgG. TOXOPLASMOSE: É uma zoonose causada por um protozoário. O agente etiológico é o Toxoplasma gondii. O período de incubação pode ser de 10-23 dias quando há contaminação pela ingestão de carne e 5-20 dias após contaminação pelas fezes de gatos. É uma doença comum em todo o mundo e sua soroprevalência aumenta com a idade. Existe uma grande variabilidade de apresentações clínicas, desde casos assintomáticos até quadros graves e disseminados, espectro fenotípico dependente de dois fatores principais: virulência do parasita e estado imunológico do hospedeiro. É necessária uma boa resposta imune humoral e celular para conter a doença e evitar a multiplicação do patógeno. Geralmente é uma infecção assintomática, mas quando isso não acontece temos manifestações como linfadenopatia cervical, mais comum, suboccipital, supraclavicular, inguinal… a linfadenopatia generalizada também pode estar presente. Alguns pacientes podem apresentar cefaléia, mal-estar, febre e fadiga. Uma quantidade pequena de pacientes podem apresentar mialgia, dor de garganta, dor abdominal, exantemas, meningoencefalite e confusão. Os sinais e sintomas regridem dentro de várias semanas, a linfadenopatia pode persistir por alguns meses. O diagnóstico de da por Isolamento do parasita a partir de amostras de sangue ou líquidos corporais; ● Detecção de cistos em análise histológica de tecidos (ex.: placenta, tecidos orgânicos); UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� ● Detecção de taquizoítas em análise histológica de tecidos ou líquidos corporais; ● Detecção do DNA do parasita através da técnica de PCR (ex.: líquido amniótico, sangue, urina e liquor); ● Sorologias para detecção de anticorpos específicos (IgM, IgG e IgA). As técnicas utilizadas são muito variadas e incluem reação de SabinFeldman, imunofluorescência indireta, teste da aglutinação, ELISA e teste da imunoabsorção. SÍNDROME DA MONONUCLEOSE INFECCIOSA A mononucleose infecciosa causada pelo Epstein-Barr Vírus (EBV). No passado era conhecida como a doença do beijo ou a doença das mil faces. O EBV é responsável por 90% dos casos de síndrome de mononucleose. Cerca de 95% da população mundial já foi infectada pelo EBV. Nos países em desenvolvimento, a infecção ocorre durante as fases iniciais da vida, como lactância e pré-escola. Nos países desenvolvidos, a infecção ocorre mais tardia. A síndrome clássica da mononucleose não é comum antes de quatro anos, fase em que grande parte das infecções ou se passa de forma assintomática ou o faz de modo indistinguível das demais doenças virais da infância. A tríade clássica da mononucleose (fadiga + faringite + linfadenopatia) é mais comumente identificada entre os adolescentes e adultos jovens durante a primoinfecção pelo EBV, ocorrendo em 50% dos casos. Esse vírus é transmitido através de gotículas de saliva e pelo intercurso sexual. Os infectados podem eliminar o vírus por cerca de até 6 meses após a doença aguda, e de forma intermitente durante a vida. As reativações periódicas podem ocorrer em pessoas saudáveis em 30% dos casos, sendo mais frequente dentro do grupo dos imunodeprimidos, constatando-se em até 60-90% dos indivíduos. Isso acontece porque assim como os demais vírus da família Herpesviridae, o EBV possui a capacidade de permanecer latente nas células epiteliais da orofaringe e nos linfócitos B de memória, o que lhes permite reativar a replicação a qualquer momento, garantindo, assim, a eliminação para o meio ambiente e transmissão para outras pessoas. QU���� C�ÍNI��: O período de incubação da mononucleose infecciosa é de 30-50 dias em adolescentes, mas pode ser menor em crianças. O início dos sintomas pode ser súbito ou gradativo (+ comum). Na maior parte dos casos, os sintomas se desenvolvem ao longo de vários dias e persistem por período variável, resolvendo-se gradualmente em torno de duas a quatro semanas. Os sintomáticosapresentam-se com fadiga, febre aguda ou prolongada (+ de 1 semana), mal-estar, odinofagia, náuseas, dores abdominais e mialgia. Ao exame físico podemos encontrar linfadenopatia generalizada, esplenomegalia (pode causar dor no quadrante sup. esq. do abdome) e hepatomegalia. Uma peculiaridade que sugere o diagnóstico é a linfadenopatia epitroclear. A faringite apresentada por estes pacientes é bastante semelhante a uma faringite estreptocócica e cursa com aumento amigdaliano, com ou sem exsudato, e petéquias no palato. O edema nas pálpebras é outra alteração e recebe o nome de sinal de Hoagland. Um dado interessante é o surgimento de exantema após o uso de amoxicilina ou ampicilina. O exantema pode estar em até 3-15% de todos os pacientes, mas se desenvolve em um percentual maior de pessoas que usam esses medicamentos. A síndrome de Gianotti-Crosti é também causada pela infecção por EBV e caracteriza-se por um exantema papular eritematoso localizado em bochechas, extremidades e nádegas, com tendência à coalescência e duração de 15 a 50 dias. Pode assemelhar-se a uma dermatite atópica. DI���ÓS�I��: O diagnóstico clínico, porém confirmado por sorologia. Como dados inespecíficos temos leucocitose (>10.000-20.000 cels/mm3), atipia linfocitária (segunda semana), trombocitopenia leve (50.000-100.000 plaquetas/mm3), aumento das transaminases hepáticas. Os anticorpos heterófilos são IgM que reagem com antígenos de superfície de hemácias de carneiro e cavalo, ou seja, quando incubados com estas células, são capazes de aglutiná-las. Entretanto, os anticorpos heterófilos encontrados na mononucleose infecciosa não aglutinam hemácias de algumas cobaias, o que os diferencia de anticorpos heterófilos encontrados em outras condições. UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa� Pro���m� 2 - In�e�m���ári� A reação é dita positiva quando o soro do paciente, após incubação com células de rins de cobaias (que removeria o anticorpo heterófilo encontrado em outras condições que não a mononucleose infecciosa), é capaz de aglutinar hemácias de carneiro, cavalo ou boi em títulos que variam conforme o sistema de diluição utilizado. A presença de uma reação positiva em indivíduos com clínica compatível, somada à leucocitose com linfocitose e presença de atipia linfocitária, estabelece o diagnóstico. Quando a suspeita ainda existe mas o teste de anticorpos heterófilos dá negativo é possível solicitar os anticorpos anti-EBV (IgM e IgG). O IgM e IgG estão presentes na fase aguda na maioria dos pacientes. O IgM persiste por 4 semanas e eventualmente por 3 meses e depois desaparecem gradualmente. O IgG tem pico no final da fase aguda, declina lentamente ao longo de semanas e meses e persiste em níveis estáveis por toda a vida. T�A��M���O: É feito com sintomáticos. Para febre usamos paracetamol e dipirona. Deve-se evitar usar AAS, pois há relação entre a doença e a síndrome de Reye (encefalopatia e degeneração gordurosa das vísceras). Esportes de contato devem ser evitados pelas primeiras duas a três semanas ou até o desaparecimento da esplenomegalia. O uso de glicocorticoide deve ser considerado nos casos de obstrução de vias aéreas por hipertrofia das amígdalas, anemia hemolítica, trombocitopenia com hemorragia, convulsões e meningite. A dose de prednisona é de 1 mg/kg/dia por via oral por sete dias, com redução progressiva por mais uma semana. UN��� – 5º Sem���r� – 2021.1 Mód. XI� Gru�� �� Sal��ção #pa�