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Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII CEFALOSPORINA As cefalosporinas são antibióticos beta-lactâmico, por isso vamos recordar algumas características dos antibióticos e dos beta-lactâmicos. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS: Os antimicrobianos podem ser classificados por: (1) por sua estrutura química; (2) por seu mecanismo de ação. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS QUANTO AO MECANISMO DE AÇÃO: • Podem ser classificados da seguinte maneira: → Inibidores da síntese da parede celular: beta-lactâmicos (inclui penicilina, cefalosporina, monobactamicos e carbapenemicos), vancomicina, daptomicina, telavancina, fosfomicina. → Inibidores das funções da membrana celular: isoniazida, anfotericina, B Polimixina; → Inibidores da síntese de proteínas: tetraciclinas, aminoglicosídeos, macrolidos, clindamicina, linezolida, cloranfenicol. → Inibidores da função ou síntese dos ácidos nucleicos: Rifampicina, Fluroquinolonas. → Inibidores do metabolismo: Sulfonamidas, Trimetoprima. BETA-LACTÂMICOS: • Têm em comum uma estrutura e um mecanismo de ação: a inibição da síntese da parede celular bacteriana de peptidoglicano. • Os beta-lactâmicos constituem a classe maior e mais amplamente prescrita de antibióticos. • As principais características dos fármacos que compõem este grupo são as que seguem: ✓ São drogas bactericidas, para ambos os tipos de microrganismos, seja Gram positivos ou negativos; ✓ Diferem pelo tipo de micro-organismo inibido; ✓ Apresentam mesmo mecanismo de ação. • Química → O elemento-chave desse mecanismo de ação consiste na presença de um anel beta-lactâmico de quatro membros. É esta estrutura que confere à droga a sua característica antibiótica bactericida. E, portanto, se porventura algum fator do meio quebrar este anel, a droga torna-se inativa. • Famílias→ Subclasses dos agentes beta-talâmicos, divididos em 4 famílias, são eles: ✓ Penicilinas; ✓ Cefalosporinas; ✓ Monobactâmicos e ✓ Carbapenêmicos Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII CEFALOSPORINAS: • São antimicrobianos β-lactâmicos muito relacionados estrutural e funcionalmente com as penicilinas.→ Diferem estruturalmente das penicilinas pela presença de um anel acessório de seis membros, em lugar de cinco membros, fixado ao anel betalactâmico. • A maioria das cefalosporinas é produzida semissinteticamente pelo acréscimo de cadeias laterais ao ácido 7-amino-cefalosporânico. • As cefalosporinas têm o mesmo mecanismo de ação das penicilinas e são afetadas pelos mesmos mecanismos de resistência. Contudo, elas tendem a ser mais resistentes a certas β-lactamases do que as penicilinas. ESPECTRO MICROBIANO – GERAÇÕES: • As cefalosporinas são classificadas de acordo com as gerações, com base principalmente no padrão de suscetibilidade bacteriana e resistência às β-lactamases. PRIMEIRA GERAÇÃO: As cefalosporinas de primeira geração atuam como substitutas da benzilpenicilina. Cefazolina e cefalexina: → Mostram-se ativas contra espécies gram-positivas, bem como contra os bacilos gram-negativos Proteus mirabilis e E. coli, que causam infecções do trato urinário, e Klebsiella pneumoniae, que provoca pneumonia, além de infecções do trato urinário. → Esses agentes são sensíveis a muitas betalactamases, porém não são degradados pela betalactamase de K. pneumoniae codificada por cromossomo, nem pela betalactamase estafilocócica comum. → Tanto a cefalexina quanto a cefazolina são utilizadas no tratamento de infecções de pele e tecidos moles; a cefazolina é também utilizada para profilaxia cirúrgica. SEGUNDA GERAÇÃO: As cefalosporinas de segunda geração exibem, em geral, resistência a maior quantidade de betalactamases que as cefalosporinas de primeira geração As cefalosporinas de segunda geração podem ser divididas em dois grupos: 1. Cefuroxima: → Apresenta atividade aumentada contra H. influenzae, em comparação com as cefalosporinas de primeira geração; → Também age contra M. catarrhalis e N. gonorrhoeae, devido a sua estabilidade ás beta-lactamases produzidas por essas bacteriais → Também é eficaz contra N. meningitidis → Frequentemente utilizada no tratamento de pneumonia contraída na comunidade → Podemos encontrar os fármacos Cefuxorime axetil, Cefaclor e Cefprozil que são semelhantes aos cefuroxime e podem ser administrados por via oral. 2. Cefotetana e Cefoxitina → Exibem atividade aumentada contra Bacteroides. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII → A cefotetana é prescrita no tratamento de infecções intra-abdominais e pélvicas, incluindo doença inflamatória pélvica; Os efeitos adversos desses fármacos incluem diarreia, discreta elevação das enzimas hepáticas e reações de hipersensibilidade; raramente podem ocorrer agranulocitose ou nefrite intersticial. TERCEIRA GERAÇÃO: Ceftriaxona e Cefotaxima: → São as cefalosporinas de terceira geração resistentes a muitas beta-lactamases e mostram-se, portanto, altamente ativas contra Enterobacteriaceae (E. coli, Proteus indol-positivo, Klebsiella, Enterobacter, Serratia e Citrobacter) e contra Neisseria e H. influenzae. → São menos ativas contra microrganismos gram-positivos que os fármacos de primeira geração; apesar disso, exibem boa atividade contra S. pneumoniae de sensibilidade intermediária à penicilina (embora possa ocorrer resistência às cefalosporinas). → Os usos comuns incluem: ✓ Tratamento de infecções de vias respiratórias inferiores, ✓ Meningite por S. pneumoniae adquirida na comunidade, ✓ Infecção gonocócica não complicada, ✓ Endocardite com cultura negativa e ✓ Doença de Lyme complicada. → A ceftriaxona pode, ainda que raramente, causar hepatite colestática. Ceftazidima: → É a terceira cefalosporina de terceira geração comumente utilizada; → Seu espectro de ação difere do dos outros dois agentes, na medida em que apresenta significativa atividade antipseudomonas e mínima atividade contra microrganismos gram-positivos. → É utilizada predominantemente no tratamento de infecções hospitalares por bactérias gram-negativas e documentadas infecções por P. aeruginosa, bem como na terapia empírica de pacientes neutropênicos com febre. → As bactérias gram-negativas que adquiriram atividade betalactamase de espectro ampliado mostram-se resistentes a cefalosporinas de terceira geração. QUARTA GERAÇÃO: Possuem o espectro antimicrobiano de todos os fármacos de terceira geração, com o aumento da estabilidade á hidrólise por beta-lactamases cromossômicas induzíveis; Cefepima: → É a única cefalosporina de quarta geração atualmente disponível. → À semelhança da Ceftriaxona (3ª geração), mostra-se altamente ativa contra Enterobacteriaceae, Neisseria, H. influenzae e microrganismos gram-positivos. → Além disso, é tão ativa quanto à ceftazidima contra P. aeruginosa. A cefepima também é mais resistente às betalactamases de Enterobacter codificadas por cromossomos que as cefalosporinas de terceira geração. Entretanto, diferentemente da ceftazidima, a cefepima não foi aprovada para o tratamento da meningite. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII → Um efeito adverso incomum consiste no desenvolvimento de autoanticorpos contra antígenos eritrocitários, geralmente sem hemólise significativa. QUINTA GERAÇÃO OU GERAÇÃO AVANÇADA: Ceftarolina e Ceftobiprol: → São cefalosporinas de quinta geração. → A ceftarolina foi aprovada para tratamento de pneumonia adquirida na comunidade e infecções de pele; → Ceftobiprol está em fase de avaliação pela agência americana U.S. Food and Drug Administration (FDA). → Esses fármacos são distintos, uma vez que apresentam atividade antimicrobiana contra S. aureus resistente a múltiplos fármacos, incluindo S. aureus resistente à meticilina e de resistência intermediaria à vancomicina e cepas resistentes a vancomicina, bem como S. pneumoniae e patógenos gram-negativos dasvias respiratórias, como Moraxella catarrhalis e H. influenzae, incluindo cepas que expressam a betalactamase. → Ambos precisam de administração IV. Obs: Golan chama de 5ª geração, entretanto o farmacologia ilustrada chama de geração avançada. MECANISMO DE AÇÃO: • As cefalosporinas, assim como as penicilinas, interferem na última etapa da síntese da parede bacteriana (transpeptidação ou ligações cruzadas), resultando em exposição da membrana osmoticamente menos estável. • Então pode ocorrer lise celular, seja pela pressão osmótica, seja pela ativação de autolisinas. • Esses antibacterianos são bactericidas e atuam de modo tempo-dependente. • As cefalosporinas, assim como as penicilinas são eficazes somente contra microrganismos em crescimento rápido, que sintetizem a parede celular de peptidoglicano. Consequentemente, elas são inativas contra microrganismos sem essa estrutura, como micobactérias, protozoários, fungos e vírus. • Proteínas ligadoras de penicilina (PLPs): As cefalosporinas, assim como as penicilinas, inativam também diversas proteínas na membrana celular da bactéria. Essas PLPs são enzimas bacterianas envolvidas na síntese da parede celular e na manutenção das características morfológicas das bactérias. A exposição a esses antimicrobianos pode, portanto, não somente bloquear a síntese da parede celular, mas também levar a alterações morfológicas ou lise das bactérias suscetíveis. O número de PLPs varia conforme o tipo de microrganismo. Alterações em algumas dessas PLPs faz surgir microrganismos resistentes à penicilina, como também a cefalosporina. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII • Inibição da transpeptidase: Algumas PLPs catalisam a formação de ligações cruzadas entre as cadeias de peptidoglicano; As cefalosporinas, assim como as penicilinas inibem a reação catalisada pela transpeptidase, inibindo, assim, a formação das ligações cruzadas essenciais para a integridade da parede celular. • Produção de autolisinas: Várias bactérias, particularmente os cocos gram-positivos, produzem enzimas degradativas (autolisinas) que participam da remodelagem normal da parede celular bacteriana. Na presença de penicilina ou de cefalosporina, a ação degradativa das autolisinas ocorre na ausência de síntese da parede celular. Assim, o efeito antibacteriano de uma penicilina resulta da inibição da síntese da parede celular e da destruição da parede celular existente pelas autolisinas. RESISTENCIA: • Os mecanismos de resistência bacteriana às cefalosporinas são essencialmente os mesmos descritos para as penicilinas. → Embora não sejam suscetíveis à hidrólise pelas penicilinases estafilocócicas, as cefalosporinas podem ser suscetíveis à β-LEE. → Microrganismos como E. coli e K. pneumoniae são particularmente associados com β-LEE. ATIVIDADE BETA-LACTAMASE: Essa família de enzimas hidrolisa a ligação amida cíclica do anel β-lactâmico, resultando em perda da atividade bactericida; Ela é a principal causa de resistência às penicilinas e as cefalosporinas e é um problema crescente. Alguns dos antimicrobianos β-lactâmicos são maus substratos para as β-lactamases e resistem à hidrólise, mantendo, assim, a sua atividade contra os microrganismos produtores de β-lactamases. ATENÇÃO: certos microrganismos podem ter β-lactamases associadas a cromossomos que são induzidos pelos antimicrobianos β-lactâmicos (ex: a segunda e a terceira geração - ceftriaxona está na 3ª geração - de cefalosporinas) Os microrganismos gram-positivos secretam as β-lactamases extracelularmente, ao passo que as bactérias gram-negativas inativam os fármacos β-lactâmicos no espaço periplasmático. DIMINUIÇÃO DA PERMEABILIDADE AO ANTIMICROBIANO: A diminuição da penetração do antimicrobiano por meio da membrana celular externa da bactéria o impede de alcançar as PLPs-alvo. A presença de uma bomba de efluxo também pode diminuir a quantidade de fármaco dentro da célula (ex: Klebsiella pneumoniae). PLPS ALTERADAS: PLPs modificadas têm menor afinidade pelos antimicrobianos β-lactâmicos, exigindo concentrações impossíveis de alcançar clinicamente para inibir o crescimento bacteriano. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII Isso explica a resistência dos MRSAs à maioria dos antimicrobianos β-lactâmicos disponíveis comercialmente. FARMACOCINÉTICA ADMINISTRAÇÃO: Várias das cefalosporinas precisam ser administradas por via IV ou IM, devido à sua escassa absorção oral; POSOLOGIA: DISTRIBUIÇÃO: • Todas as cefalosporinas se distribuem bem nos líquidos corporais. Contudo, níveis terapêuticos adequados no LCS, independentemente de inflamação, são alcançados apenas com poucas cefalosporinas. Por exemplo, ceftriaxona (Rocefin) ou cefotaxima (Claforam) (3ª geração) são eficazes no tratamento da meningite neonatal e da infância causada por H. influenzae. A cefazolina (1ª geração) é usada comumente em dose simples profilática antes das cirurgias devido à sua meia-vida de 1,8 hora e à sua atividade contra S. aureus, produtor de penicilinase. É eficaz para a maioria dos procedimentos cirúrgicos, incluindo cirurgias ortopédicas, por sua propriedade de entrar nos ossos. • Todas as cefalosporinas atravessam a placenta. ELIMINAÇÃO: • As cefalosporinas são eliminadas por meio de secreção tubular e/ou filtração glomerular. → Portanto, as doses precisam ser ajustadas no caso de disfunção renal para evitar acúmulo e toxicidade. • A ceftriaxona é uma exceção, pois é excretada por meio da bile pelas fezes e, portanto, empregada com frequência em pacientes com insuficiência renal. EFEITOS ADVERSOS • Como as penicilinas, as cefalosporinas são geralmente bem toleradas. Contudo, as reações alérgicas são um problema. • Pacientes que tiveram resposta anafilática, síndrome de Stevens-Johnson ou necrólise epidermal tóxica a penicilinas não devem receber cefalosporinas. • As cefalosporinas devem ser evitadas ou usadas com cautela em pessoas com alergia a penicilina. Nayara Brandão – MEDICINA UNIME VIII Dados atuais sugerem que a reatividade cruzada entre penicilinas e cefalosporinas é ao redor de 3 a 5% → A maior taxa de alergias cruzadas é entre as penicilinas e as cefalosporinas de primeira geração.
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