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AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 1.969-4 
DECRETO 20.098/99,
OFENSA AO ART. 5º, XVI, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL.
I. A liberdade de reunião e de associação para fins lícitos constitui uma das mais importantes conquistas da civilização, enquanto fundamento das modernas democracias políticas.
II. A restrição ao direito de reunião estabelecida pelo Decreto distrital 20.098/99, a toda evidência, mostra-se inadequada, desnecessária e desproporcional quando confrontada com a vontade da Constituição (...).
III. Ação direta julgada procedente para declarar a inconstitucionalidade do Decreto distrital 20.098/99.
O decreto distrital nº20.098/99 que proíbe manifestações na Avenida principal da cidade, está fundamentado no fato de que nenhum direito é absoluto. No entanto colide com um direito fundamental, promulgado na cláusula pétrea, artigo 5º da constituição, que garante o direito de reunião como instrumento para a concretização do princípio da liberdade de manifestação de pensamento, com duas condicionantes: reunir-se pacificamente, sem uso de armas, e que haja aviso prévio quanto à sua realização para autoridade competente.
Devemos levar em consideração que os direitos fundamentais só terão valor e/ou respeito quando outro interesse coletivo não os sobrepor. Para a solução desse litígio de colisão de dois direitos à serem garantidos, a hermenêutica constitucional – que deve ser aplicada através do princípio da proporcionalidade, para que se verifique se as vantagens pretendidas no decreto distrital superam as desvantagens, não se excedendo ao fim legítimo.
É correto afirmar que o decreto 20098/99 contraria o texto constitucional pois o mesmo assegura à todos o direito de reunir-se em local aberto ao público, e descumpri	também ao direito de manifestação – que exige que qualquer restrição ao seu exercício seja fundamentada, por argumentos consistentes, por fatos e provas que indiquem a necessidade de tal intervenção estatal. É fato de que não há provas contundentes de que a saúde dos enfermos dos hospitais da região estará efetivamente em risco apenas em decorrência do simples fato dos manifestantes transitoriamente poderem exercer com liberdade o direito de manifestar seus pensamentos. As hipóteses e conjecturas do decreto distrital são desproporcionais, e não podem proibir o exercício de um direito fundamental com base só em suposições, que leva à anulação da proteção constitucional desse direito. Se a liberdade é o pressuposto de todos os direitos, e a Constituição consagra o livre direito a reunião em locais públicos e garante a manifestação do pensamento, silenciar a voz do povo, significa amordaçar a democracia, colocando-a em cheque, e desrespeitando os direitos fundamentais. A democracia faz barulho. As passeatas, os comícios, as procissões, o direito de críticas e protestos são atos essenciais que exaltam a expressão da democracia. O silêncio oprimido nos remete aos regimes ditatoriais. Uma ameaça ao Estado Democrático de direito. Sendo assim, julgo procedente a ação direta de inconstitucionalidade do decreto 20.098 de 15 de Março de 1999.

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