Prévia do material em texto
Acessibilidade e Informática Inclusiva UNIDADE II: TIPOLOGIA DAS DEFICIÊNCIAS, RECURSOS TECNOLÓGICOS E MULTIFUNCIONAIS Prof. Me. Marconi de Jesus Santos Especialização em Informática na Educação Objetivos desta unidade • Conhecer as características e tipos de deficiência; • Compreender o uso das tecnologias assistivas a serviço da aprendizagem; • Identificar recursos multifuncionais que auxiliam no processo ensino aprendizagem da pessoa com deficiência. Conteúdo 1. Características e tipos de deficiência 2.Recursos Multifuncionais 3.Tecnologia Assistiva Relembrando Segundo a LBI, considera-se pessoa com deficiência, aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. (BRASIL, 2015) Tipos de deficiência Deficiência física: Locomoção Deficiência visual: Orientação Deficiência auditiva: Comunicação Deficiência Intelectual : Raciocínio Deficiência Múltipla: . Associação de duas ou mais deficiências ATENÇÃO! Recursos Multifuncionais • RECEBER/ACOLHER • CONHECER/AVALIAR • PLANEJAR • SELECIONAR RECURSOS E ESTRATÉGIAS PARA ACESSO AO CONHECIMENTO - Dificuldades /necessidades - Possibilidades/habilidades “Segundo Vygotsky, atribuímos uma série de qualidades negativas à pessoa com deficiência e falamos muito sobre as dificuldades de seus desempenhos, por pouco conhecermos das suas particularidades positivas. Desse modo, homogeneizamos características, falamos muito sobre suas faltas e esquecemos de falar sobre as características positivas que as constituem como pessoas” (MONTEIRO, 1998). Salas de Recursos Multifuncionais São espaços localizados nas escolas de educação básica, onde se realiza o Atendimento Educacional Especializado - AEE. O Ministério da Educação com o objetivo de apoiar as redes públicas de ensino na organização e na oferta do AEE e contribuir com o fortalecimento do processo de inclusão educacional nas classes comuns de ensino, instituiu o Programa de implantação de Salas de Recursos Multifuncionais, por meio da Portaria Nº. 13, de 24 de abril de 2007. Salas de Recursos Multifuncionais Tipo I São construídas de microcomputadores, monitores, fones de ouvido e microfones, scanner, impressora laser, teclado e colmeias, mouse e acionador de pressão, laptop, materiais e jogos pedagógicos acessíveis, software para comunicação alternativa, lupas manuais e lupa eletrônicas, plano inclinado, mesas, cadeiras, armários, quadro melânico. Salas de Recursos Multifuncionais Tipo II Tipo II: São constituídas dos recursos da sala Tipo I, acrescidos de outros recursos específicos para o atendimento de alunos com cegueira, tais como impressora Braille, máquina de datilografia Braille, reglete de mesa, punção, soroban, guia de assinatura, globo terrestre acessível, kit de desenho geométrico acessível, calculadora sonora, software para produção de desenhos gráficos e táteis. Tecnologia Assistiva Segundo a LBI, a tecnologia assistiva ou ajuda técnica é composta por: produtos, equipamentos, dispositivos, recursos, metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivem promover a funcionalidade, relacionada à atividade e à participação da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida, visando à sua autonomia, independência, qualidade de vida e inclusão social. (BRASIL, 2015) Tecnologia Assistiva - TA: classificação, recursos e serviços A TA pode ampliar e modificar significativamente a condição de vida da pessoa com deficiência no que se refere a sua autonomia e melhoria da qualidade de vida, uma vez que são pensadas para minimizarem as limitações da vida diária (Brasil, 2009). A seguir veremos as classificações dos recursos de TA: Auxílios para a vida diária e vida prática Materiais e produtos que favorecem desempenho autônomo e independente em tarefas rotineiras ou facilitam o cuidado de pessoas em situação de dependência de auxílio, nas atividades como se alimentar, cozinhar, vestir-se, tomar banho e executar necessidades pessoais. Auxílios para atividades Escolares CAA - Comunicação Aumentativa e Alternativa Destinada a atender pessoas sem fala ou escrita funcional ou em defasagem entre sua necessidade comunicativa e sua habilidade em falar e/ou escrever. Uso de gestos, expressões faciais, pranchas de alfabeto, símbolos gráficos como a escrita, desenhos, gravuras, fotografias. Recursos de acessibilidade ao computador Conjunto de hardware e software especialmente idealizado para tornar o computador acessível a pessoas com privações sensoriais (visuais e auditivas), intelectuais e motoras. Inclui dispositivos de entrada (mouses, teclados e acionadores diferenciados) e dispositivos de saída (sons, imagens, informações táteis). Sistemas de controle de ambiente Através de um controle remoto as pessoas com limitações motoras, podem ligar, desligar e ajustar aparelhos eletroeletrônicos como a luz, o som, televisores, ventiladores, executar a abertura e fechamento de portas e janelas, receber e fazer chamadas telefônicas, acionar sistemas de segurança, entre outros, localizados em seu quarto, sala, escritório, casa e arredores. Projetos arquitetônicos para acessibilidade Projetos de edificação e urbanismo que garantem acesso, funcionalidade e mobilidade a todas as pessoas, independente de sua condição física e sensorial. Órteses e próteses Próteses são peças artificiais que substituem partes ausentes do corpo. Adequação Postural Ter uma postura estável e confortável é fundamental para que se consiga um bom desempenho funcional. Fica difícil a realização de qualquer tarefa quando se está inseguro com relação a possíveis quedas ou sentindo desconforto. Auxílios de mobilidade A mobilidade pode ser auxiliada por bengalas, muletas, andadores, carrinhos, cadeiras de rodas manuais ou elétricas, scooters e qualquer outro veículo, equipamento ou estratégia utilizada na melhoria da mobilidade pessoal. Auxílios para qualificação da habilidade visual e recursos que ampliam a informação a pessoas com baixa visão ou cegas. São exemplos: Auxílios ópticos, lentes, lupas manuais e lupas eletrônicas; os softwares ampliadores de tela. Material gráfico com texturas e relevos, mapas e gráficos táteis, software OCR em celulares para identificação de texto informativo, etc. Auxílios para pessoas com surdez ou com déficit auditivo Auxílios que incluem vários equipamentos (infravermelho, FM), aparelhos para surdez, telefones com teclado-teletipo (TTY), sistemas com alerta táctil- visual, celular com mensagens escritas e chamadas por vibração, software que favorece a comunicação ao telefone celular transformando em voz o texto digitado no celular e em texto a mensagem falada. Mobilidade em veículos Acessórios que possibilitam uma pessoa com deficiência física dirigir um automóvel, facilitadores de embarque e desembarque como elevadores para cadeiras de rodas (utilizados nos carros particulares ou de transporte coletivo), rampas para cadeiras de rodas, serviços de autoescola para pessoas com deficiência. Esporte e Lazer Recursos que favorecem a prática de esporte e participação em atividades de lazer. Nomenclatura Correta Pessoa portadora de Deficiência? Pessoa portadora de necessidades especiais? Pessoa com necessidades especiais? Termo correto : Pessoa com Deficiência - PcD Terminologia Termo errado Explicação Termo correto Pessoa normal Muitas pessoas utilizam a expressão “normal” para se referir a pessoas que não tem deficiência. Normal, todas as pessoas são. Adolescente/ criança/adulto sem deficiência ou não deficiente sem deficiência ou não deficiente. “Apesar de deficiente, ele é um ótimo funcionário” Nesta frase há um preconceito embutido: a pessoa com deficiência não pode ser um ótimo funcionário? “Eletem deficiência e é um ótimo funcionário”. Aleijado; defeituoso; incapacitado; inválido Estes termos são incorretos e pejorativos. No termo pessoa com deficiência, o acréscimo da palavra pessoa, passando o vocábulo deficiente para a função de adjetivo, remete respeito às pessoas com deficiência. O que vem antes é a pessoa. Pessoa com deficiência Cadeira de rodas elétrica Trata-se de uma cadeira de rodas equipada com um motor. Cadeira de rodas motorizada. Ceguinho O diminutivo “ceguinho” denota que o cego não é tido como uma pessoa completa. Cego, pessoa cega ou pessoa com deficiência visual. Pessoa surda-muda Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não necessariamente corresponde à realidade dessa pessoa. Pessoa surda ou, dependendo do caso, pessoa com deficiência auditiva. Mudinho “Quando se refere ao surdo, a palavra mudo não necessariamente corresponde à realidade dessa pessoa. O diminutivo “mudinho” denota que o surdo não é tido como uma pessoa completa. Surdo, pessoa surda ou pessoa com deficiência auditiva. Como lidar com pessoas com deficiência física Quando acompanhar uma pessoa com deficiência, ande conforme o ritmo dela. Elimine barreiras físicas nos locais de circulação. Evite apoiar objetos em cadeira de rodas, bengalas e muletas. Não mude bengalas ou muletas de lugar sem o consentimento da pessoa. Empurre uma cadeira de rodas somente com a permissão da pessoa. Não é necessário alterar o tom de voz. Ao falar com uma pessoa numa cadeira de rodas, se possível sente-se. Palavras como: andar, correr podem ser empregadas naturalmente. Nunca segure o braço de uma pessoa para conduzir, ofereça o seu braço. Quando guiar uma pessoa com DV avise-a sobre obstáculos. Coloque a mão da pessoa na cadeira para indicar o assento. Evite deixar barreiras físicas nas áreas de circulação. Em palestras, indique o posicionamento do publico em relação ao palco. Não distraia, alimente ou acaricie um cão guia Sempre que abordar uma DV, identifique-se. Não é necessário falar mais alto Não exclua DVs das atividade, deixe que Como lidar com pessoas com deficiência visual Para iniciar uma conversa, acene ou toque em seu braço. Jamais arremesse objetos para chamar sua atenção. Fale de maneira mais clara, pronunciando bem as palavras. Não é necessário falar mais alto. Se tiver dificuldades para entende-lo, não tenha vergonha de pedir que repita. Se necessário, comunique-se por meio da escrita e, caso conheça alguns sinais em Libras, utilize-os, pois isso ajudará na integração. Nunca fale que pessoa é muda ou surda-muda, pois ela possui o aparelho fonético preservado, só não aprendeu a falar por não ser capaz de escutar. Como lidar com pessoas com deficiência auditiva Aja naturalmente ao dirigir-se à pessoa. Trate-a com respeito e consideração, de acordo com sua idade. Não a superproteja; ajude apenas quando ela solicitar. Não subestime sua capacidade. Deixe que ela faça ou tente fazer sozinha tudo que puder. Deficiência intelectual não deve ser confundida com doença mental Como lidar com pessoas com deficiência intelectual Converse normalmente com a pessoa com deficiência. Trate a PCD como alguém com limitações específicas da deficiência. Permita que a PCD desenvolva ao máximo suas potencialidades. Chame a pessoa com deficiência pelo nome. Quando quiser ofereça ajuda mas aguarde que ela seja aceita. Quando julgar necessário, faça perguntas sobre a deficiência e como a pessoa realiza as tarefas. Quando quiser alguma informação de uma pessoa com deficiência dirija-se a ela. Atitudes que fazem a diferença Aja com naturalidade e bom senso! Elogiar ou depreciar uma pessoa com deficiência. Ser paternalista. Chamar o deficiente por apelido. Chamar o deficiente por apelido relativo à sua deficiência. Demonstrar pena. Conversar com o deficiente de maneira infantilizada. Atitudes que devem ser evitadas Temos o direito de ser iguais quando a nossa diferença nos inferioriza; e temos o direito de ser diferentes quando a nossa igualdade nos descaracteriza. Daí a necessidade de uma igualdade que reconheça as diferenças e de uma diferença que não produza, alimente ou reproduza asdesigualdades. Boaventura Santos Sousa Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988 ______. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: UNESCO, 1994. ______. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação (PNE) e dá outras providências. 2. ed. Brasília: Câmara dos Deputados, Edição Câmara, 2015. Disponível em: http://bd.camara.gov.br/bd/bitstream/handle/bdcamara/20204/plano_nacional_educacao_ 2014- 2024_2ed.pdf?sequence=8. Acesso em: 21 jan.. 2021. ______. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. LDB 9.394, de 20 de dezembro de 1996. ______. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Especial. Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008. ______. Ministério da Educação. DECRETO Nº 10.502, DE 30 DE SETEMBRO DE 2020. Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. Brasília:2020. ______. Lei 13.146 de 06 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Referências CARVALHO, R. E. Educação inclusiva: com os pingos nos “is”. Porto Alegre: Mediação, 2007. MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão escolar: pontos e contrapontos, Rosangela Gavioli Prieto: Valeria Amorim Arantes (Org.). 5. Ed. São Paulo: Summus, 2006. PACHECO, J. Caminhos para inclusão: um guia para o aprimoramento da equipe escolar. Porto Alegre. Artmed, 2007. QUADROS, Ronice. A escola que os surdos querem e a escola que o sistema “permite” criar: estudo de caso estado de Santa Catarina. UFSC, 2005. SASSAKI, R. K. Inclusão: construindo um mundo para TODOS. Rio de Janeiro: WVA, 1997 (Coleção Inclusão). UNESCO. Declaração mundial sobre educação para todos. Plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem.Tailândia, 1990.