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DIREITOS DE PROPRIEDADE INDUSTRIAL LEGISLAÇÃO APLICADA - Lei de Propriedade Industrial (LPI) - Lei n. 9.279/96. - Convenção da União de Paris (CUP), internalizada pelo Decreto n. 75.572/75. em Matéria de do Decreto n. - Tratado de Cooperação Internacional Patentes, internalizado no Brasil por meio 81.742/78. - O Protocolo de Madri (Tratado Internacional) PROPRIEDADE INDUSTRIAL A Propriedade Industrial é o ramo da propriedade intelectual que trata das criações intelectuais voltadas para as atividades de indústria, comércio e prestação de serviços. O conceito de indústria é bem amplo e inclui toda a atividade humana geradora de bens e serviços. A Lei nº 9.279 de 1996, tem como objetivo tornar mais eficaz a tutela da propriedade industrial e incentivar as empresas a utilizar os títulos da propriedade industrial. Esses direitos podem ser divididos da seguinte forma: a) Concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade; b) Concessão de registro de desenho industrial; c) Concessão de registro de marca; d) Repressão a falsas indicações geográficas; e) Repressão à concorrência desleal. INVENÇÕES INDUSTRIAIS A invenção é uma ideia de solução original, que pode residir no modo de colocar o problema, nos meios empregados ou, ainda, no resultado ou efeito técnico obtido pelo inventor. À originalidade da concepção do inventor deve-se unir a utilidade da invenção, entendida como a propriedade ou a aptidão para servir ao seu fim e corresponder à exigência ou à necessidade a cuja satisfação visa o inventor. ATENÇÃO - A Lei de Propriedade Industrial (LPI) não protege todas as invenções técnicas, mas apenas as invenções industriais, ou seja, as que consistem em um novo produto ou processo industrial. Entende-se a invenção como um “ato humano de criação original, lícito, não compreendido no estado da técnica e suscetível de aplicação industrial”. (NEGRÃO, 2020, p. 139) São requisitos para o deferimento do pedido de patente, nos termos do art. 11, da Lei n. 9.279/96: a novidade - pode ser entendido como o pressuposto de determinada invenção ou modelo de utilidade que o qualifique como inédito no campo específico de determinado ramo do conhecimento. a capacidade inventiva - deverá corresponder à ideia original, e não apenas derivada de criações anteriores. Trata-se de conceito que gravita também em torno do estado da técnica, do conhecimento científico compartilhado e documentado. a aplicação industrial - condiciona a concessão da patente à possibilidade de que a ideia possua viabilidade econômica, no sentido de probabilidade de sua produção. desimpedimento - Além dos requisitos de ordem técnica, a doutrina também elenca como requisito para o reconhecimento da patente a ausência de impedimento, desdobramento do exame formal do pedido, tendo em vista a enumeração dos impedimentos nos termos do art. 18, da Lei n. 9.279/96, não sendo patenteável: “o que for contrário à moral, aos bons costumes e à segurança, à ordem e à saúde públicas; as substâncias, matérias, misturas, elementos ou produtos de qualquer respectivos processos de obtenção ou modificação, quando resultantes espécie, bem como a modificação de suas propriedades físico-químicas e os de transformação do núcleo atômico; e o todo ou parte dos seres vivos, exceto os micro- organismos transgênicos que atendam aos três requisitos de patenteabilidade - novidade, atividade inventiva e aplicação industrial - previstos no art. 8º e que não sejam mera descoberta” CRIAÇÕES DE FORMA: O MODELO DE UTILIDADE E OS DESENHOS INDUSTRIAIS Modelo de utilidade, também chamado “pequena invenção”, é “o objeto de uso prático, ou parte deste, não compreendido no estado da técnica, suscetível de aplicação industrial, que apresente nova forma ou disposição, envolvendo ato inventivo, que resulte em melhoria funcional no seu uso ou em sua fabricação” (LPI, arts. 9º e 11). O MODELO DE UTILIDADE: Possui em comum com a invenção o fato de visar a uma finalidade utilitária. Já os desenhos industriais são criações de forma. O modelo de utilidade comunga com a natureza das invenções e as criações de design. Os desenhos industriais constituem invenções de forma, destinadas a produzir efeito meramente visual, não sendo requisito essencial dessas criações o cunho artístico, mas apenas a sua novidade. A LPI em seu art. 95 informa que “considera-se desenho industrial a forma plástica ornamental de um objeto ou o conjunto ornamental de linhas e cores que possa ser aplicado a um produto, proporcionando resultado visual novo e original na sua configuração externa e que possa servir de tipo de fabricação industrial”. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO DESENHO INDUSTRIAL: Forma de caráter ornamental aplicável a qualquer classe de objeto e que possa ser industrializado. Invenção de forma, de efeito visual, não necessariamente de cunho artístico, e que introduz um elemento novo. O objeto poderá ser útil ou não. O resultado original poderá ser a consequência da combinação de elementos conhecidos e destinados a decoração ou entretenimento. Não se considera desenho industrial a obra de caráter puramente artístico. O objeto do registro do desenho industrial é o prazer estético. REGISTRO E CESSÃO DO DESENHO INDUSTRIAL O autor do desenho industrial tem o direito de obter o registro sobre sua criação e existe a presunção de autoria em relação ao requerente. Para gozar da proteção legalmente conferida a um desenho industrial, no Brasil, o interessado deve obter um registro perante o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI - https://www.gov.br/inpi/pt-br). https://www.gov.br/inpi/pt-br Aplicam-se ao desenho industrial as exceções de prioridade e do período de graça das patentes, limitadas ao prazo de 180 dias. Admite-se a cessão da criação e, portanto, o registro poderá ser requerido pelos sucessores do autor. A novidade e a originalidade constituem pré-requisito para a obtenção de um registro válido. Faculta-se ao autor a opção de não divulgar o seu nome. PROCEDIMENTO PARA PEDIDO DE PATENTE PERANTE O INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL (INPI) A Lei n. 9.279/96 delimitou o procedimento necessário para alcançar o deferimento do pedido de patente, tendo como etapas importantes: a) o depósito do pedido; b) o pedido de exame; c) a elaboração do relatório após a feitura do exame. o interessado deverá por escrito instruir o pedido com: Peranto Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), a) requerimento; b) relatório descritivo; c) reivindicações; d) desenhos (se for o caso); e) resumo; f) comprovante do pagamento da retribuição relativa ao depósito. O pedido trata-se, portanto, de arrazoado em que o inventor deverá pormenorizar os possibilitar ao tecnólogo detalhes avaliar de sua invenção, para a possibilidade de sua execução, o que se tornará possível com o relatório descritivo. Os desenhos servirão para esmiuçar e esclarecer o relatório apresentado, sendo que a retribuição compensará parte do custo administrativo da avaliação do pedido. Efetuado o depósito, haverá exame preliminar, e eventual irregularidade quanto à instrução do pedido poderá ser corrigida em um prazo de 30 (trinta) dias, sob pena de arquivamento do procedimento. Uma vez admitido o depósito, será mantido em sigilo pelo prazo de 18 meses, findo o qual será publicado, salvo tratar-se de pedido de patente de interesse nacional, cujo processamento, por razões de segurança, não será publicizado. A divulgação oficial da invenção ou do modelo de utilidade proporcionará a discussão técnica sobre eles, inclusive a contestação dos requisitos de sua constituição. A lei delimitou um período, não inferior a 60 (sessenta dias) a partir da publicação, nem superior a 36 (trinta e seis meses) da data do depósito, para que os interessados requeiram o exame do pedido, sob pena, novamente, de arquivamentodo procedimento. Tipo de Registro Prazo de depósito Prazo Suplementar Invenções (PATENTE) 20 anos ou 10 anos de concessão Modelos de utilidade (PATENTE) 15 anos ou 07 anos de concessão Desenho Industrial (REGISTRO) 10 anos Prorrogável por 3 períodos sucessivos de 05 anos Marcas (REGISTRO) 10 anos Prorrogável por períodos sucessivos PRAZO DE VIGÊNCIA DA EXTINÇÃO DA PATENTE A extinção natural dos direitos de patente ocorrerá: a) Com a expiração do prazo de vigência - a partir de então, outros interessados poderão explorar economicamente as invenções e os modelos de utilidade; b) Com a renúncia de seu titular, ressalvado o direito de terceiros; c) A caducidade (nos termos do art. 80 e a depender de procedimento administrativo instaurado pelo INPI: Art. 80. “Caducará a patente, de ofício ou a requerimento de qualquer pessoa com legítimo interesse, se, decorridos 2 (dois) anos da concessão da primeira licença compulsória, esse prazo não tiver sido suficiente para prevenir ou sanar o abuso ou desuso, salvo motivos justificáveis); d) A falta de pagamento da retribuição anual; e) A inobservância da exigência constante do art. 217, da LPI, que corresponde à designação de procurador para o titular de patente domiciliado no exterior; f) Existe a possibilidade de extinção da patente em virtude de sua anulação, seja por meio de processo administrativo ou judicial. MARCAS Todo nome ou sinal hábil para ser acrescentado a uma mercadoria ou um produto, ou para indicar determinada prestação de serviço e estabelecer a identificação entre o consumidor ou usuário e a mercadoria, produto ou serviço, constitui marca. Assim, a natureza da marca decorre de sua finalidade. O sinal deve simplesmente ser capaz de preencher tal finalidade. Em suma, a marca é um sinal que se acresce ao produto para identificá-lo e deve ser suficientemente característica para preencher tal finalidade. O art. 122 da LPI adota uma definição negativa para as marcas nos seguintes termos: “São suscetíveis de registro como marcas os sinais distintivos visualmente perceptíveis, não compreendidos nas proibições legais.” OBSERVAÇÕES SOBRE AS MARCAS: * Benefícios do uso da marca para o titular e para o consumidor: a) Para o titular da marca, representa o meio eficaz para a constituição de uma clientela; b) Para o consumidor, representa a orientação para a compra de um bem. * A marca registrável pode apresentar-se sob a forma nominativa, figurativa, mista ou tridimensional. * Para a obtenção do Registro da Marca, é necessário apresentar o pedido ao INPI, que o examinará com base nas normas legais estabelecidas pela Lei de Propriedade Industrial e das resoluções administrativas. * A marca registrada é protegida, pelo prazo de 10 (dez) anos, renováveis. * A marca registrada garante ao titular o direito exclusivo e absoluto em relação ao produto, serviço ou atividade. * Aplicam-se às marcas, como a todos os outros institutos da Propriedade intelectual, o princípio da “territorialidade”, isto é, a exclusividade é garantida apenas no territorio nacional. * Aplica-se à marca o princípio da “especialidade”, que constitui outro limite protetivo. O limite do princípio da especialidade é o ramo de atividade no qual a marca é usada e foi registrada, sendo que a única exceção é a Marca de Alto Renome. * Embora não registráveis, as marcas olfativas, sonoras e as marcas em movimento podem ser protegidas pela repressão à concorrência desleal. * A Marca de Fato é a marca registrada e não utilizada, pois ainda que não utilizada, a marca registrada gera direitos exclusivos e é considerada bem imaterial de exclusividade relativa. AS INDICAÇÕES GEOGRÁFICAS Conforme do art. 177, da LPI: “Considera-se indicação de procedência o nome geográfico de país, cidade, região ou localidade de seu território, que se tenha tornado conhecido como centro de extração, produção ou fabricação de determinado produto ou de prestação de determinado serviço”. As indicações geográficas especificam a procedência ou origem de determinado produto ou serviço. Tal discriminação agregará valor ao produto ou serviço, bem como poderá cativar os consumidores. A Denominação de Origem é a mais específica das indicações. São nomes geográficos que se relacionam a produtos cujas características principais são atribuídas ao meio geográfico de origem, seja por fatores naturais ou humanos. Esses produtos recebem uma influência direta dos fatores naturais ou humanos como qualidade do solo, clima ou técnicas de preparo ou manufatura típica. Como exemplos: Champagne ou Cognac franceses, queijos e presuntos italianos, como Gorgonzola, Parmiggiano, Presunto de Parma, entre outros. 0163710-42.2014.4.02.5101 (TRF2 2014.51.01.163710-6) Ementa: PROPRIEDADE INDUSTRIAL - APELAÇÃO CÍVEL - REGISTRO DE MARCA COMPOSTA POR INDICAÇÃO GEOGRÁFICA - IMPOSSIBILIDADE - APLICAÇÃO DA VEDAÇÃO PREVISTA NO ART. 124, IX DA LEI 9.279/96. 1- O cerne do recurso consiste em decidir se a marca "CUBA PARIS" da apelante incide na proibição estabelecida no art. 124, X da Lei 9.279/96, tendo em vista que a sentença guerreada entendeu pela legalidade do ato administrativo que indeferiu o registro da referida marca, uma vez que é formada pelo termo "PARIS" que induz o consumidor a pensar que o produto da apelante é de origem francesa; 2- A marca mista da apelante "CUBA PARIS" (registro 822.634.813) pertence à classe NCL (7) 03 (... perfumaria, óleos essenciais, cosméticos, loções para os cabelos, dentifrícios), possuindo a seguinte especificação: "Cosméticos, produtos de higiene humana, de perfumaria e toucador"; 3- A marca da apelante encontra-se inserida na proibição do inciso IX do art. 124 da Lei 9.279/96, na medida em que é formada pelo o termo "PARIS" que constitui uma indicação geográfica, caracterizando uma indicação de procedência, pois a cidade de Paris na França é conhecida como o celeiro das grandes lojas de perfumes que são conhecidos no mundo todo, sendo sede, inclusive, do famoso Museu do Perfume; 4- Saliente-se que o inciso IX do art. 124 da Lei 9.279/96 não contém nenhuma ressalva que viabilize o registro formado por indicação geográfica, não se aplicando, ainda, as hipóteses estabelecidas nos artigos 180, 181 e 182 do mesmo diploma legal; 5- Recurso conhecido e desprovido. CONCORRÊNCIA DESLEAL Concorrência desleal é todo e qualquer ato praticado por um industrial, comerciante ou prestador de serviço contra um concorrente direto ou indireto, ou mesmo um não concorrente, independentemente de dolo ou culpa, utilizando-se de meios ilícitos com vistas a manter ou incrementar sua clientela, podendo ou não desviar, em proveito próprio ou de terceiro, direta ou indiretamente, clientela de outrem. Esses atos são contrários às práticas e usos honestos perpetrados na indústria, comércio e serviços. Os atos de concorrência desleal podem atingir inclusive empresas, estabelecimentos, marcas e outros sinais distintivos não concorrentes com as atividades do agente intencionais praticados com o desleal, através de expedientes intuito de usurpar, indevida e parasitariamente, a fama e o prestígio alheios, soerguendo os seus negócios com muito menos esforço e energia do que seriam naturalmente demandados em situações normais naquelas atividades mercantis. A repressão à concorrência desleal visa tutelar a probabilidade para quem explora a empresa de lograr resultados econômicos que adviriam com o desenvolvimento salutar das atividades em regime de livre concorrência. O empresário lesado, com fulcro no direito substantivo e suporte em amplo instrumental processual, além de estar apto a propor medidas judiciais reclamando tutela inibitória, igualmente pode requerer reparação das perdas e danos e lucros cessantes, em razão dos atos predatórios perpetrados por concorrentes desleais. das. Direito Empresarial Esquematizado. 7ª ed. Bibliografia: CHAGAS, Edilson Enedino Saraiva, São Paulo,2020. MAMEDE, Gladston. Direito Empresarial Brasileiro: Empresa e atuação empresarial. 12ª ed. Atlas, São Paulo, 2020. NEGRÃO, Ricardo. Manual de Direito Empresarial. 10ª ed. Saraiva, São Paulo, 2020. PAESANI, Liliana Mainardi. Manual de Propriedade Intelectual. 2º ed. Atlas, São Paulo, 2015.
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