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QUEDAS EM IDOSOS DEFINIÇÃO Deslocamento não-intencional para um nível inferior à posição inicial, com incapacidade de correção em tempo hábil, determinado por circunstâncias multifatoriais, comprometendo a estabilidade. EPIDEMIOLOGIA Estudos prospectivos: 1/3 das pessoas >65 anos e metade dos >80 anos caem anualmente; aqueles que já caíram possuem incidência maior de quedas (60- 70%). • Projeto SABE (7 cidades latino-americanas): prevalência de 21,6%-24% em idosos/ano. Aproximadamente 95% das fraturas de quadril são causadas por quedas. Entre os idosos da comunidade que sofrem de quedas, 25-75% não retornam ao estado funcional prévio. CONSEQUÊNCIAS MAIS CITADAS POR IDOSOS (RJ) Medo de cair: 88,5% Fraturas: 24,3% Abandono de atividades: 26,9% Imobilização: 19,5% IMPORTÂNCIA CLÍNICA 1. Lesões orgânicas: escoriações, hematomas, contusões, fraturas, sangramentos intracranianos. 2. Síndrome pós-queda: idoso após cair; redução das atividades, sintomas de ansiedade e depressão, isolamento social/sentimento de inutilidade, fobia ("ptofobia"), alteração na marcha. 3. Institucionalização. 4. Morte: 2/3 das mortes acidentais em idosos; a maioria é consequência de fratura de colo de fêmur. FATORES DE RISCO Idade; sexo feminino; viúvos, solteiros, divorciados; história prévia de fratura; múltiplas comorbidades; déficit cognitivo; doença de Parkinson; depressão e/ou ansiedade. Fatores de risco intrínsecos: disfunção de marcha e equilíbrio; neuropatia periférica; disfunção vestibular; fraquezaz muscular; déficit visual; comorbidades; idade avançada; comprometimento de ABVD; demências. Fatores de risco extrínsecos: ambientes; calçados; métodos assistivos; medicamentos. Fatores precipitantes: aqueles que levam o idoso a cair no momento da queda → síncope, desequilíbrio, tropeços, vertigem, doença aguda (infecção, entre outros). Geralmente, a associação de fatores é o que leva à queda. ALTERAÇÕES SENSORIAIS Visão: indivíduos com problemas de visão tem maior propensão a quedas. Propriocepção: maneira com que o indivíduo se percebe no ambiente. Sistema vestibular: mal funcionamento pode levar à vertigem. Marcha: deve-se avaliar para determinar se há algum comprometimento. MEDICAMENTOS Ansiolíticos/hipnóticos, antipsicóticos, antidepressivos (hipotensão ortostática), anti-hipertensivos, diuréticos, anticolinérgicos, antiarrítmicos, hipoglicemiantes, polifarmácia. CAUSAS AMBIENTAIS Iluminação, superfícies escorregadias, tapetes soltos ou com dobras, degraus altos ou estreitos, obstáculos no caminho, ausência de corrimões em corredores e banheiro, prateleiras excessivamente baixas ou elevadas, calçados inadequados, roupas compridas, via pública mal conservada. AVALIAÇÃO CLÍNICA ANAMNESE Pergunta-chave: "por que alguém sofreu queda em uma ocasião particular em um lugar específico?". American Geriatrics Society: história clínica (quedas prévias, medicamentos); exame físico (marcha, equilíbrio, mobilidade, acuidade visual, exame neurológico); avaliação cognitiva, funcional, ambiental. Deve-se perguntar se: cai muito (quantas vezes no último ano – se for >1 vez por ano = risco excessivo), por que caiu, o que fazia no momento da queda, alguém presenciou a queda, quais medicações está em uso, houve introdução de alguma medicação nova ou alteração de dosagens, uso de álcool, houve convulsão ou perda de consciência, houve mudança recente no estado mental, fez avaliação oftalmológica recente, há fatores de risco ambientais, há problemas nos pés ou calçados inadequados. EXAME FÍSICO Sistema cardiovascular: avaliar hipotensão postural (avaliar a PA deitado, após 5 min em repouso, sentar o paciente, esperar 3-5 min, aferir novamente, pôr o paciente em pé, esperar 3-5min e aferir novamente); deve-se avaliar nos 2 braços; se houver diferença de 20mmHg na PA sistólica ou 10mmHg na diastólica, confirma-se hipotensão ortostática. Sistema neurológico: estado mental (delirium), sintomas depressivos, função vestibular. Sistema osteomuscular: marcha, órteses, dores, pés. Avaliação sumária de visão e audição. Teste de desempenho físico: Teste de Tinetti, Escala de equilíbrio de Berg, Teste do alcance funcional, Get up and go. Teste do alcance funcional: distância menos de 6 polegadas (15cm) indica aumento do risco de quedas. Get Up And Go: avaliação de equilíbrio, transferência, estabilidade de marcha, habilidade de retornar. INTERVENÇÕES E PREVENÇÃO • Atuar nos fatores intrínsecos modificáveis (força, equilíbrio, marcha). O QUE DEVE SER FEITO Fortalecimento muscular e alongamentos específicos. Reeducação postural. Equilíbrio e reabilitação vestibular. Analgesia de dores. Considerar melhorar a socialização e o encorajamento. Envolver a família nos cuidados. Manuseio das repercussões psicológicas (medo e insegurança, depressão, ansiedade). Tratar as condições clínicas subjacentes. Racionalização da prescrição e correção de doses e de combinações inadequadas. Avaliação: audição, visão, pés. Reposição de vitamina D (quanto menor a vitamina D, maior o risco de quedas; evitar osteoporose). Correção de fatores de riscos ambientais. Avaliação do domicílio: desníveis, iluminação, banheiro, acesso a objetos, móveis sem apoio (barras fixas), obstáculos, crianças e animais, altura de sofá/cama (90 graus no joelho) – mais de 70% das quedas ocorrem em casa. FALLS PREVENTION ALGORITHM PREVENINDO COMPLICAÇÕES DE QUEDAS Protetores de quadril; dispositivos auxiliares de Triagem para osteoporose (risco maior de fraturas). marcha (bengala, andador). Tempo no chão (47% não se levantam em menos de 1h). Anti-coagulação: pacientes que caem muito, não é recomendado. INTERVENÇÕES E PREVENÇÃO Quedas mostram-se como um grave problema de saúde pública. Suas consequências são diversas e tão graves que podem levar inclusive à morte. A prevenção é a principal arma que temos para sua abordagem. A abordagem interdisciplinar é primordial.
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