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6 Quedas em Idosos

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1 FPM III – aula 6 
Quedas em Idosos 
OBJETIVOS 
• Reconhecer os fatores de risco para quedas 
• Alertar sobre as consequências das quedas para os idosos 
• Reconhecer e indicar medidas de intervenções e 
prevenção de quedas em idosos 
DEFINIÇÃO 
Deslocamento não-intencional para um nível inferior à 
posição inicial, com incapacidade de correção em tempo 
hábil, determinado por circunstância multifatoriais, 
comprometendo a estabilidade 
EPIDEMIOLOGIA 
✓ Estudos prospectivos: 
• Aproximadamente 1/3 das pessoas acima de 65 anos e 
metade daqueles acima de 80 anos caem anualmente 
• Aqueles que já caíram possuem incidência maior de 
quedas (60 a 70%) 
• Projeto SABE (7 cidades latino-americanas, inclusive São 
Paulo): prevalência de 21,6 % a 34% de quedas em idosos 
a cada ano 
• Aproximadamente 95% das fraturas de quadril são 
causadas por quedas 
• Entre os idosos da comunidade que sofrem de quedas, 25 
a 75% não retomam ao estado funcional prévio 
IMPORTÂNCIA CLÍNICA 
Consequências mais citadas por idosos: 
• Medo de cair 88,5% 
• Abandono de atividades 26,9% 
• Fraturas 24,3 % 
• Imobilização 19% 
 
• Lesões orgânicas: escoriações, hematomas, contusões 
fraturas, sangramentos intracranianos 
 
 
SÍNDROMES PÓS-QUEDA: 
- redução de suas atividades (entre 60 e 15% dos 
pacientes reduzem suas atividades depois que caem) 
- sintomas de ansiedade e depressão 
- isolamento social, sentimento de inutilidade 
- Fobia (ptofobia): mais de 50% dos idosos que tem 
fratura de quadril tem esse medo de cair novamente 
- pode levar a alteração na marcha 
• Ciclo vicioso 
• Leva a Institucionalização 
• Risco elevado de morte: as quedas constituem 2/3 das 
causas de mortes acidentais entre os idosos e a maioria é 
em consequência de fratura de colo de fêmur (30% de 
chance do paciente morrer no primeiro ano pós-fratura) 
• Fatores de risco: idade, sexo feminino, viúvos/ solteiro/ 
divorciados, história prévia de fratura, múltiplas 
comorbidades, déficit cognitivo, doença de Parkinson, 
depressão e/ou ansiedade 
• Existem também os fatores precipitantes: o que leva o 
paciente a cair no momento da queda 
 
2 FPM III – aula 6fatores de risco - alterações sensoriais 
FATORES DE RISCO - ALTERAÇÕES 
SENSORIAIS 
• Visão 
• Propriocepção 
• Sistema vestibular 
• Marcha 
FATORES DE RISCO - MEDICAMENTOS 
• Ansiolíticos, hipnóticos 
• Antipsicóticos 
• Antidepressivos 
• Anti-hipertensivos 
• Diuréticos 
• Anticolinérgicos 
• Anti-arrítmicos 
• Hipoglicemiantes 
• Polifarmácia: uso excessivo de medicamentos 
CAUSAS AMBIENTAIS 
• Iluminação inadequada 
• Superfícies escorregadias 
• Tapetes soltos e com sobras 
• Degraus altos ou estreitos 
• Obstáculos no caminho 
• Ausência de corrimãos em corredores e banheiros 
• Prateleiras excessivamente baixas ou elevadas 
• Calçados inadequados 
• Roupas excessivamente compridas 
• Via pública mal conservada 
ANAMNESE 
• Pergunta-chave: Por que alguém sofreu queda em uma 
ocasião particular em um lugar específico? 
AMERICAN GERIATRICS SOCIETY recomenda: 
• História clínica (prévias, medicamentos) 
• Exame físico (marcha, equilíbrio, mobilidade, acuidade 
visual, exame neurológico) 
• Avaliação cognitiva 
• Avaliação funcional e 
• Avaliação ambiental 
 
Perguntas na anamnese: 
• Onde caiu? 
• O que fazia no momento da queda? 
• Alguém presenciou a queda? 
• De quais medicações está em uso? 
• Houve introdução de alguma medicação nova ou 
alteração das dosagens? 
• Faz uso de bebida alcoólica? 
• Houve convulsão ou perda de consciência? 
• Houve mudança recente no estado mental? 
• Fez avaliação oftalmológica recente? 
• Há fatores de risco ambientais? 
• Há problemas nos pés ou calçados inadequados? 
• Houve quedas anteriores? 
EXAME FÍSICO 
• Sistema cardiovascular: avaliar hipotensão postural 
• Sistema neurológico: estado mental, sintomas 
depressivos e função vestibular 
• Sistema osteomuscular: marcha, órteses, dores, pés 
• Avaliação sumária de visão e audição 
TESTES DE DESEMPENHOS FÍSICO 
• Teste de Tinetti 
• Escala de equilíbrio de Berg 
• Teste do alcance funcional: distância de menos de 6 
polegadas (15 cm) indica aumento do risco de quedas 
 
 
 
 
 
 
• Get up test: avaliar equilíbrio, transferência, estabilidade 
de marcha, habilidade de retornar --. Avaliação subjetiva 
• Time get up and go: avalia o tempo 
INTERVENÇÕES E PREVENÇÃO 
• Atuar nos fatores intrínsecos modificáveis: força, 
equilíbrio e marcha 
• Fortalecimento muscular e alongamentos específicos 
• Reeducação postural 
• Equilíbrio e reabilitação vestibular 
• Analgesia 
• Considerar melhorar a socialização e o encorajamento 
• Envolver a família 
• Manuseio das repercussões psicológicas 
• Tratar as condições clínicas subjacentes 
• Racionalização da prescrição e correção de doses e de 
combinações inadequadas 
• Avaliação: audição, visão e pés 
 
3 FPM III – aula 6prevenindo complicações de quedas 
• Reposição de vitamina D 
• Correção de fatores de risco ambientais 
• Avaliação do domicílio: desníveis, iluminação, banheiro, 
acesso a objetos, móveis sem apoio, obstáculos, crianças e 
animais, altura de sofá/cama 
• Mais de 70% as quedas ocorrem em casa! 
PREVENINDO COMPLICAÇÕES DE QUEDAS 
• Protetores de quadril 
• Triagem para osteoporose 
• Dispositivos auxiliares de marcha 
• Tempo no chão: 47% não se levantam em menos de 1 
hora 
• Anticoagulação: o uso deve ser avaliado, uma vez que 
aumenta o risco de sangramento diante de uma queda 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
• Quedas mostram-se como um grave problema de saúde 
pública 
• Suas consequências são diversas e tão graves que podem 
levar inclusive à morte 
• A prevenção é a principal arma que temos para sua 
abordagem 
• A abordagem interdisciplinar é primordial 
SÍNDROME DE 
FRAGILIDADE 
• Fragilidade: é um estado de vulnerabilidade fisiológica 
relacionado à idade, resultante de reservas homeostáticas 
comprometidas e uma capacidade reduzida do organismo 
de resistir a estressores 
CONCEITO 
• É uma síndrome biológica de diminuição da capacidade 
de reserva homeostática do organismo e da resistência aos 
estressores em declínios cumulativos em múltiplos 
sistemas fisiológicos, causando vulnerabilidade e 
desfechos clínicos adversos 
EPIDEMIOLOGIA 
• Atinge 10 a 20% acima dos 65 anos 
• Presente em aproximadamente 46% dos pacientes com 85 
anos ou mais 
• Risco aumentado de hospitalização, quedas, 
institucionalização e óbito 
 
CARACTERÍSTICAS DA FRAGILIDADE NO 
IDOSO 
• Perda de peso, fadiga, fraqueza, inatividade e redução da 
ingesta alimentar 
• Sarcopenia, redução do equilíbrio, do condicionamento e 
osteopenia 
• Desregulação neuroendócrina e disfunção imunológica 
FISIOPATOLOGIA DA SARCOPENIA 
• Diminuição da massa muscular com o envelhecimento 
• Ingesta alimentar deficiente, declínio na produção de 
proteína muscular mista, cadeia pesada de miosina e 
proteínas mitocondriais 
• Fatores genéticas: receptores de IGF-1 (15q), receptor do 
neuropeptídeo Y e do hormônio liberador de GH no 7P 
• Declínio da testosterona 
CRITÉRIOS PARA DIGNÓSTICOS DE 
FRAGILIDADE (FRIED E COLS) 
1. Perda de peso não intencional: maior de 4,5kg ou 
superior a 5% do peso corporal no último ano 
2. Diminuição da força de preensão palmar, medida 
com dinamômetro e ajustada para gênero e índice de 
massa corporal (IMC) 
3. Diminuição da velocidade de marcha em segundos 
4. Exaustão à queixas “eu sinto que faço todas as 
minhas atividades com muito esforço” e/ou “eu não 
consigo continuar minhas atividades” 
5. Baixo nível de atividade física à medida pelo 
dispêndio semanal de energia em kcal (com base no 
autorrelato das atividades e exercícios físicos 
específicos realizados) e ajustada conforme o gênero 
3 OU MAIS CRITÉRIOS → FRÁGIL 
1 OU 2 CRITÉRIOS → PRÉ-FRÁGIL 
0 CRITÉRIOS → NÃO FRÁGIL 
Fragilidade
Nurição
Fatorneuroendócrino
 
4 FPM III – aula 6modificações fisiológicas relacionadas a idade, centrais para a síndrome de fragilidade 
 
• É preciso agir na nutrição e nos fatores neuroendócrinos 
MODIFICAÇÕES FISIOLÓGICAS 
RELACIONADAS A IDADE, CENTRAIS PARA 
A SÍNDROME DE FRAGILIDADE 
 
EXAME CLÍNICO DO IDOSO FRÁGIL 
• Manifestações atípica de doenças agudas 
• Polifarmácia 
• Exame da mobilidade 
• Questionário dirigido sobre cognição, humor, 
comunicação, mobilidade, equilíbrio, eliminações, 
funções e recursos sociais e ambientais 
OLHAR GERIÁTRICO 
1. Avaliação da boca 
2. Medicações com potencial impacto sobre a fragilidade: 
metformina, amiodarona, aminofilina, glifozinas, 
análagos de GLP-1, BZD, corticoesteróides, estatinas, 
AINEs → diminuem o apetite, menor ingestão de carne 
3. Acesso à alimentação 
4. Controle das doenças crônicas e busca de novas 
TRATAMENTO 
• Exercício contra resistência 
• Testosterona nos pacientes com hipogonadismo 
• Suporte nutricional agressivo 
• Tratamento da dor 
• Suporte social 
SÍNDROME DE 
IMOBILIDADE 
• A imobilidade é um dos 5 Is da geriatria 
• Definição: indivíduos que têm mais de 75 anos, 
dependem de terceiros para AVDs, vivem geralmente em 
instituições, são incapazes de se movimentar, usam 
múltiplos fármacos, são incapazes de se movimentar, 
usam múltiplos fármacos, são desnutridos e apresentam 
alterações nos exames laboratoriais. São geralmente 
mantidos confinados no leito e, devido a esta imobilidade, 
adquirem e evoluem para outras complicações, que 
chamamos de síndrome de imobilidade 
• Definição por Pietro de Nicola: Síndrome de 
Imobilidade deriva principalmente do fato de que todos os 
órgãos e aparelhos podem ressentir-se, gravemente, da 
própria imobilidade e de suas consequências, a começar 
pela deterioração intelectual e comportamental, dos 
estados depressivos, dos distúrbios cardiovasculares, 
respiratórios, digestivos e metabólicos, constipação 
intestinal, hipotonia muscular, osteoporose, desnutrição, 
distúrbios metabólicos, contratura e negativação do 
balanço nitrogenado. Trata-se, portanto, de todo um 
complexo de alterações que repercutem negativamente 
sobre o organismo, tendo origem na imobilidade 
• Síndrome: conjunto ou complexo de sinais e sintomas 
que ocorrem ao mesmo tempo, que individualizam uma 
entidade mórbida e podem ter mais de uma etiologia 
• Imobilidade: ato ou efeito resultante da supressão de 
todos os movimentos de uma ou mais articulações em 
decorrência da diminuição das funções motoras, 
impedindo a mudança de posição ou translocação 
corporal 
• Síndrome de imobilização: complexo de sinais e 
sintomas resultantes da supressão de todos os movimentos 
articulares, que, por consequente, prejudica a mudança 
postural, compromete a independência, leva à 
incapacidade, à fragilidade e à morte 
CRITÉRIOS PARA IDENTIFICAR A 
SÍNDROME DE IMOBILIZAÇÃO 
I. Repouso: permanência no leito de 7 a10 dias 
II. Imobilização: 10 a 15 dias 
III. Decúbito de longa duração: mais de 15 dias 
 
• Critério maior: déficit cognitivo moderado a grave e 
múltiplas contraturas (fica encolhido) 
• Critérios menores: 
- sinais de sofrimento cutâneo ou úlceras de decúbito 
 
5 FPM III – aula 6causas de imobilidade 
- disfagia leve a grave 
- dupla incontinência 
- afasia 
Para a síndrome de imobilidade é preciso que tenha a 
presença do critério maior e pelo menos duas características 
dos critérios menores 
CAUSAS DE IMOBILIDADE 
• Podem ser várias, desde doença osteoarticular, 
cardiorrespiratórias, vasculares, muscular, neurológicas, 
psíquica, dos pés, medicamentosa, neurossensorial 
PREVALÊNCIA E MORTALIDADE 
• Canadá e Austrália: 
- 25% dos idosos que vivem na comunidade e 75% dos 
que vivem em ILPI tem deficiência ou incapacidade grave 
- não há dados específicos para SI 
• Custos elevados: 
- necessidade de dieta especial por sonda 
- uso de antibióticos de última geração (ITU, PNM, 
ÚLCEERAS) 
- requerem curativos especiais 
• Mortalidade entre idoso confinados ao leito: 
- alta: ~40% 
- causa mortis: quase sempre falência múltipla de órgãos, 
mas também PNM, TEP, sepse 
CONCLUSÃO 
• É um momento de grande sofrimento para o paciente e 
familiares 
• Fase de degradação da qualidade de vida ao limite 
tolerável ou aceitável 
• É um quadro irreversível 
• Cabe à equipe multiprofissional o máximo de empenho a 
fim de trazer certo conforto para os familiares e para 
aquele que está próximo da morte 
• Ortotanásia X distanásia X eutanásia 
• Uso de O2, sondas para hidratação e alimentação, 
analgésicos, bom aquecimento, posicionamento adequado 
no leito, higiene, opioides e a presença constante de 
familiares dividindo os últimos cuidados são essenciais 
• Não se deve isolar o paciente num ambiente frio e distante 
(CTI), entubá-lo, ressuscitá-lo, indicar procedimento 
cirúrgicos ou hemotransfusão a fim de evitar o óbito 
 
 
equilíbrio 
precário
quedas
limitação de 
marcha
perda da 
independência
imobilidade 
no leito
síndrome de 
imobilidade

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