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䤀一匀唀䘀䤀䌀䤀쨀一䌀䤀䄀 䌀䄀刀䐀촀䄀䌀䄀 SUMÁRIO Introdução e Definição Epidemiologia Etiologia Fisiopatologia Quadro Clínico Diagnóstico Tratamento 03 03 05 06 08 11 14 INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 3 1 . Introdução e Definição A insuficiência cardíaca (IC), também chamada falência cardíaca, é definida como uma incapacidade do coração de conseguir cumprir sua função de bomba e atender à demanda tecidual, ou a necessidade de aumentar a pressão de enchimento ventricular (pressão diastólica final) para atender a essa demanda. Isso normalmente ocorre devido à alterações das funções sistólica (mais comumente) e/ou diastólica dos ventrículos, no entanto em situações menos comuns também pode ser causada por um aumento da demanda tecidual de perfusão. A IC pode ocorrer em pacientes com fun- ção sistólica preservada, o que é avaliado pela fração de ejeção (FE) do pacien- te. Pacientes com FE≥50%, apresentam insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada (ICFEp), enquanto pacientes com FE≤40% apresentam in- suficiência cardíaca com fração de eje- ção reduzida (ICFEr). O grupo de pesso- as com FE entre 40 e 50% não é definido como tendo FE reduzida ou aumentada, no entanto alguns estudos apontam que eles apresentam prognóstico e quadro clíni- co semelhante ao dos pacientes com ICFEp. O termo insuficiência cardíaca congesti- va (ICC) é muito usado na prática clínica por descrever uma consequência muito comum da IC, o aumento da pressão hi- drostática nos capilares que causa extra- vasamento de líquido para o interstício e, portanto, o fenômeno de congestão. Você entenderá melhor esse fenômeno mais a frente, quando discutiremos a fisiopatolo- gia e apresentação clínica da doença. RELEMBRANDO: a IC é defini- da pela incapacidade do coração de cumprir sua função de bomba ou uma sobrecarga cardíaca para atender uma demanda tecidual au- mentada, podendo apresentar-se com FE preservada ou reduzida. 2. Epidemiologia A IC apresenta uma enorme carga de morbimortalidade em todo o mundo, e sua importância na saúde pública tem aumentado nos últimos anos com o en- velhecimento da população. A American Heart Association (AHA) estimou que em 2006 nos EUA existiam 5 milhões de pessoas com IC. O Framingham Study, uma das maiores coortes já realizadas na cardiologia, estima a epidemiologia da IC como 8 casos por 1000 homens entre 50 e 59 anos, chegando a 66 por 1000 entre homens e 79 por mil entre mulheres dos 80 aos 89 anos. Os estudos norte-ameri- canos também indicam maior prevalência entre a população negra do que na branca. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 4 Diuréticos, Digitálicos, DVA Demanda tecidual Função cardíaca Falência do VE • Dispneia • DPN • Ortopneia • EAP • A: Quente e seco • B: Quente e úmico • L: Frio e seco • C: Frio e úmido I; II; III; IV Falência do VD • Edema • Estase de jugulares • Esplenomegalia • Ascite IECA, BRA, B-BLOQ, Hidralazina, Nitratos[...] TRATAMENTO Drogas DM Obesidade Tabagismo Alteração de ventrículo Síndrome Clínica Preservada ≥ 50% Diminuída ≤ 40% Isquêmica Esquerda NYHA (Classe funcional) Direita Hipertensiva Sec. À valvulopatia CMD Chagas Desequilíbrio DAC HAS BNP ECG ECOTT Critérios de Framingham RX Sintomáticos Funcional Estrutural Aumento Sobrevida PERFIS FATORES DE RISCO QUADRO CLÍNICO DEFINIÇÃO ETIOLOGIA FRAÇÃO DE EJEÇÃO DIAGNÓSTICO INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 5 Um estudo americano de 2003 avaliou 16 milhões de internações para estimar as causas mais comuns de admissão hospitalar e indicou que a IC foi a segunda principal causa de admissão foi a ICC, atrás apenas da pneumonia. Esses estudos evidenciam o imenso custo social e econômico causado pela IC, muito agravado pelo envelhecimento da população. Apesar de existirem divergências na literatura, a ICFEp parece apresentar mortalidade menor que a iCFEr, em virtude da função sistólica preservada (mortalidade anual 8% contra 19% na ICFEr). SE LIGA! Com o envelhecimento da população e hábitos de vida sedentários, o aumento da prevalência de doenças como HAS, diabetes e obesidade se correlaciona com o aumento da prevalência da IC, principalmente entre idosos. 3. Etiologia A IC pode ser resultado de uma doença intrínseca do coração (cardiomiopatia), ou mais comumente em virtude de outras doenças crônicas que causam um processo de alteração da função cardíaca, seja ela sistólica ou diastólica. As principais causas de IC no Brasil são cardiopatia isquêmica, cardiopatia hipertensiva, cardiopatia secundária a valvopatias, cardiomiopatia dilatada (CMD), cardiomiopatia alcóolica e doença de Chagas. Nem sempre é fácil, no entanto, identificar uma etiologia para a IC, uma vez que muitos pacientes com doença arterial coronaria (DAC), por exemplo, também hipertensos e etilistas, havendo dessa forma uma sobreposição entre fatores de risco. Sempre que um paciente com IC não for hipertenso, não apresentar DAC, valvopatia ou outros fatores de risco, é importante pensar na possibilidade de CMD. No Brasil, especificamente, é importante levar em conta a Doença de Chagas que é endêmica principalmente em estados do Nordeste e em Minas Gerais, além da doença valvar de etiologia reumática. Ambas podem causar IC em pacientes mais jovens e não acometidos por outras comorbidades que são as principais causadoras de IC no resto do mundo, como DAC e HAS. Entre os fatores de risco para IC, DAC se apresenta com um aumento de risco rela- tivo (RR) de 8,1; diabetes com RR 1,9; ta- bagismo com RR 1,6; valvopatias com RR 1,5; hipertensão arterial sistêmica (HAS) com RR 1,4; obesidade com RR 1,3. Des- sa forma, a DAC se apresenta como o fator individual que acarreta no maior aumen- to de risco para desenvolvimento de IC, e também como a principal etiologia de IC. A CMD, uma das principais cardiomiopa- tias, é considerada idiopática na maioria dos casos. Entretanto, têm sido demons- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 6 tradas importantes alterações bioquími- cas, celulares, moleculares e imunológicas em portadores de CMD, além de infecções virais e drogas cardiotóxicas que partici- pam de sua gênese. Estudos em adultos demonstraram que a principal causa de CMD é idiopática (47%), seguida de mio- cardite (12%), doença coronariana (11%) e outras causas (30%). 4. Fisiopatologia Para entender o quadro clínico da IC, primeiro relembraremos alguns conceitos da fisiologia do sistema cardiovascular. A função sistólica é a capacidade que os ventrículos possuem de bombear o sangue para a circulação, seja ela sistêmica ou pulmonar. Já a função diastólica é a capacidade que os ventrículos possuem de relaxar (através de um processo ativo, ou seja, que requer o gasto de energia por parte das células), para se encherem de sangue sem um aumento exagerado da pressão ventricular. Frequentemente, a função sistólica é avaliada através da fração de ejeção, a qual é calculada através da relação entre o volume no final da diástole e o volume ejetado pelo ventrículo durante a sístole, sendo a FE considerada adequada entre 50-70% e reduzida quando abaixo de 40%. Os casos em que há IC sem redução do débito cardíaco ou aumento da pressão de enchimento do ventrículo por disfunção diastólica, são chamados de IC de alto débito, sendo o tipo menos comum de IC. A IC de alto débito é causada por doenças como anemia grave, tireotoxicose e fístulas arteriovenosas, principalmente. Nesses casos, apesar do débito cardíaco ser adequado, configura-se IC pois o coração não consegue atender a demanda tecidual, seja pela falta de hemoglobina no caso da anemia, aumento da demanda tecidual de nutrientes em virtude da tireotoxicose, ou desvio do sangue ejetado, impedindo a chegada deste aos tecidos, caso das fístulas arteriovenosas. As diferentes doenças contribuem de forma diferente para o prejuízo da função cardíaca. Na DAC, a perda da perfusão coronariana causa a morte de cardiomiócitos e, comisso, alterações da função diastólica do ventrículo em estágios mais iniciais (lembre-se que a função diastólica também demanda ATP dos cardiomiócitos, portanto, a isquemia miocárdica pode causar disfunção diastólica). Por outro lado, a DAC também pode causar hipocinesia ou acinesia de paredes mal perfundidas do coração – particularmente após episódios de infarto agudo do miocárdio (IAM) – resultando em disfunção sistólica. Um dos principais motivos pelo qual a diabetes e HAS se correlacionam com o desenvolvimento de IC, é porque essas doenças são fatores de risco para o desenvolvimento de DAC. Por sua vez, a HAS causa aumento da pós-carga através do aumento da resis- tência vascular periférica. Isso passa a sobrecarregar o coração, que precisa ele- var a pressão produzida através da sístole para vencer a resistência dos vasos. Esse INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 7 aumento da resistência muitas vezes tam- bém resulta em um aumento do volume do volume sistólico final (volume de san- gue que permanece nos ventrículos no fim da contração ventricular), o que distende os sarcômeros dos cardiomiócitos. Pela lei de Frank-Starling, o coração responde a essa distensão com um aumento da sua força de contração de forma que quanto maior for o retorno venoso, maior seria o volume sistólico, no entanto, a capacidade cardíaca de se adaptar a essa distensão é limitada, e quando as fibras são exage- radamente distendidas, ocorre um efeito paradoxal em que a força e eficácia da sís- tole se tornam reduzidas. Figura 1- representação gráfica da Lei de Frank- Starling, retirada de Alves, D. and Ribeiras, R. (2019). Does fasting influence preload responsiveness in ASA 1 and 2 volunteers?. Rev. Bras. Anestesiol. vol.67 no.2 Campinas, 2017. Além disso, com o início da redução do débito cardíaco, barorreceptores (recep- tores de pressão) detectam a redução da função sistólica e buscam aumentar o inotropismo e cronotropismo cardíacos, principalmente por meio da ativação do sistema simpático, aumentando a libe- ração de noradrenalina e adrenalina. Ao mesmo tempo, nos rins a diminuição da função cardíaca diminui a quantidade de sódio filtrado, o que faz a mácula densa ativar o sistema renina-angiotensina-al- dosterona (SRAA). Através do SRAA, o rim passa a reter sódio e água, aumentan- do assim a volemia, e consequentemente a pré-carga, determinada pelo retorno ve- noso ao coração. RELEMBRANDO: Cronotropismo e inotropismo são propriedades do co- ração e representam, respectivamente, frequência cardíaca e força de contra- ção. Alguns dos medicamentos que ve- remos adiante, utilizados no tratamento da IC, agem como agentes inotrópicos e cronotrópicos positivos, como é o caso da dobutamina, uma droga vasoativa, utilizada em pacientes mais graves. Só pra relembrar, os barorreceptores são receptores mecânicos, presentes principalmente no arco aórtico e no seio carotídeo, relacionados a regulação da PA. São constituídos por canais iônicos mecanossensíveis, que detectam alte- rações mecânicas e transmitem infor- mações aos centros vasomotores car- diovasculares no tronco encefálico, que por sua vez desencadeiam uma respos- ta autônoma sobre o cronotropismo e o inotropismo cardíacos. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 8 Inicialmente, esses mecanismos adapta- tivos auxiliam o sistema cardiovascular a manter o débito cardíaco e a perfusão te- cidual. No entanto, com a persistência das alterações que reduziram a função cardía- ca, e ativação persistente do sistema sim- pático e do SRAA, ocorre um processo de remodelamento cardíaco, que pode causar a sua hipertrofia. Essa hipertrofia pode ser concêntrica, quando a parede ventricular tem sua espessura aumenta- da sem aumentar a cavidade ventricular, evento principalmente relacionado à HAS. Em casos de sobrecarga de pré-carga, o que ocorre em muitos casos de insuficiên- cia valvar, ocorre hipertrofia excêntrica (aumento da parede e da cavidade ven- tricular). Esse coração aumentado apre- senta função diastólica prejudicada, é mais suscetível a isquemias e arritmias. SE LIGA! Apesar da ativação do sis- tema simpático e do SRAA ser impor- tante para adaptações fisiológicas do corpo a alterações do débito cardíaco, a sua ativação crônica é prejudicial ao sistema cardiovascular e colabora para a progressão da IC. Agir sobre essa des- regulação dos mecanismos adaptativos será importante para o tratamento da IC. 5. Quadro Clínico Quanto a apresentação clínica, a IC pode ser dividida didáticamente em IC direita e IC esquerda. Na IC esquerda, a falência do ventrículo esquerdo (VE) causa um aumento da pressão do enchimento deste ventrículo, o que diminui a eficácia da pas- sagem do sangue do átrio esquerdo (AE) para o VE causa aumento da pressão no AE, dificultando o retorno do sangue da circulação pulmonar para o AE. Isso resulta em sintomas como dispneia aos esforços (que tende a piorar progres- sivamente sem o tratamento da IC), tosse seca ou com secreção rosácea, dispneia paroxística noturna (DPN), sintoma em que o paciente relata acordar durante a noite com falta de ar, que tende a melho- rar após alguns minutos sentado ou em pé. Em estágios mais avançados, pode ser relatada ortopneia, onde o paciente relata dispneia ao deitar, o que é causa- do pelo aumento da pré-carga com a re- distribuição do volume sanguíneo que se acumulava nos membros inferiores por gravidade. Em casos mais graves, o pa- ciente pode apresentar edema agudo de pulmão (EAP) em virtude do aumento da pressão hidrostática nos capilares da cir- culação pulmonar, causando extravasa- mento de fluidos para os alvéolos e preju- dicando a respiração. Já na IC direita, o processo de falência ocorre no ventrículo direito (IC), e atra- vés dos mesmos mecanismos explicados no caso da IC direita, ocorre congestão, no entanto, nesse caso é dificultado o retorno da circulação sistêmica, e não a circulação pulmonar. Dessa forma, o paciente costu- ma apresentar edema em membros infe- riores, estase de jugulares, pode apresen- tar esplenomegalia por congestão (que INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 9 pode evoluir até mesmo para insuficiência hepática) e ascite. A principal causa de IC direita, é uma IC esquerda que pas- sou a causar aumento da resistência pulmonar, no entanto há outras causas como estenose da valva mitral, Cor pul- monale, hipertensão pulmonar primária e tromboembolismo pulmonar. SE LIGA! A principal causa de IC direita é uma IC esquerda prévia. Casos extremos de IC, principalmente aqueles relacionados à IC de apresentação aguda, como pode ocorrer no caso de IAM extenso, podem cursar com choque cardiogênico, caracterizado pela hipoperfusão tecidual e PAM≤65mmHg, que não responde à ressucitação volêmica, exigindo muitas vezes o uso de drogas vasoativas. Esse quadro apresenta altíssima mortalidade! De acordo com a apresentação da IC, ela pode ser classificada em diferentes perfis. O perfil A é caracterizado pelo paciente “quente e seco”, ou seja, bem perfundido e sem congestão. Esse perfil é o alvo terapêutico do paciente com IC. Já no perfil B, a apresentação mais comum dos pacientes hospitalizados com IC, o paciente se apresenta “quente e úmido”, ou seja, apresenta-se bem perfundido, porém congesto. O perfil L apresenta-se “frio e seco”, ou seja, com hipoperfusão tecidual, no entanto sem congestão. Esse é o perfil mais incomum de apresentação da IC. Já o perfil C descreve o paciente “frio e úmido”, tratando-se do paciente com maior mortalidade na IC, pois apresenta ao mesmo tempo hipoperfusão e congestão, apresentando dessa forma. A avaliação do perfil do paciente é útil para a definição do tratamento, mas fique atento, o perfil do paciente pode mudar rapidamente. SE LIGA! O perfil do paciente com IC, além de ter valor prognóstico, é muito útil para que você guie o tratamento dele durante episódios de descompensação da doença. Há também a classificação funcional daNew York Heart Association (NYHA), que o classifica de acordo com a limitação do paciente para desempenhar suas atividades, além da escala de estágio da ICC desenvolvida pela American Heart Association (AHA). • Dispneia • DPN • Ortopneia • EAP IC ESQUERDA IC DIREITA MAPA MENTAL QUADRO CLÍNICO HIPOFONESE B2 (HIPERTENSÃO PULMONAR) B3 E B4 PODEM ESTAR PRESENTES HIPOFONESE B1 (REDUÇÃO FUN- ÇÃO SISTÓLICA) • Edema • Estase de jugulares • Hepato/ Esplenomegalia • Ascite • Crepitações pulmonares INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 10 Quente + seco (alvo terapêutico) Sem sintomas aos esforços Quente + úmido (mais comum) Sintomas aos esforços habituais Frio + seco (mais raro) Frio + úmido (mais letal) Intervenção especializada Tratamento + sintomáticos Sintomas em repouso Sintomas aos mínimos esforços Prevenir lesão Evitar progressão + tratamento específico NYHA PERFIS AHA MAPA MENTAL - CLASSIFICAÇÕES: I A III L II B IV C A B C D INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 11 CRITÉRIOS MAIORES CRITÉRIOS MENORES Dispneia paroxística noturna Tosse noturna Perder 4,5kg em 5 dias de tratamento Capacidade vital reduzida a 1/3 do normal Turgência jugular patológica Edema bilateral em tornozelos Estertores crepitantes Dispneia aos esforços Edema agudo de pulmão Hepatomegalia Pressão venosa central > 16cm H20 Taquicardia com FC > 120bpm Refluxo hepatojugular Cardiomegalia na radiografia Terceira bulha (B3) Ao exame físico, é importante avaliar fenômenos que indiquem congestão, como a presença de estase de jugulares a 45º, hepatomegalia, ascite, edema de membros inferiores e creptações à aus- culta pulmonar, principalmente na base e terço médio dos pulmões. Na ausculta cardíaca, a hipofonese de B1 pode indicar a redução da função sistólica, enquanto a hiperfonese de B2 pode ser encontrada em pacientes com hipertensão pulmonar. A presença das bulhas extras deve le- vantar o alerta para a presença de IC. B3 é auscultada em na fase da desacele- ração do enchimento rápido ventricular, principalmente quando há um aumento do volume sistólico final. Já B4 pode ser ouvida logo após a contração atrial, e ape- sar de menos comum, também é associa- do a disfunção ventricular. É possível também observar o refluxo he- patojugular, quando o paciente apresen- ta um fígado congesto, uma das possíveis consequências da falência do ventrícu- lo direito. Para observar esse sinal, você deverá manter seu paciente deitado em decúbito dorsal sobre o leito, com a cabe- ceira elevada a 45º e pressionar o hipo- côndrio direito dele, observando a região cervical. Em caso de ingurgitamento da veia jugular à manobra, ela é considera- da positiva. Além disso, a respiração de Cheynes-Stokes é observada em alguns pacientes com ICFEr, principalmente du- rante o sono. Ela é causada pelo baixo débito e lentificação da detecção das va- riações da pCO2 pelos centros respirató- rios no tronco encefálico, e é caracterizada pela alternância de períodos de taquipneia e bradipneia. 6. Diagnóstico O diagnóstico da ICC é guiado primaria- mente pelo método clínico, no entanto, diversos exames complementares podem auxiliar no diagnóstico e também na ava- liação da gravidade da doença. Os crité- rios de Framingham são critérios clínicos, exceto apenas pela cardiomegalia ao Raio X de tórax. Com 1 critério maior e 2 cri- térios menores ou 2 critérios maiores é possível indicar o diagnóstico de IC. Eletrocardiograma: Pode auxiliar a de- tectar sinais de sobrecargas de câmeras, bloqueios ou atrasos da condução do es- tímulo elétrico podem ser avaliados, alte- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 12 rações da repolarização ventricular e até mesmo arritmias cardíacas (pacientes com aumento atrial, por exemplo, apresentam maior incidência de fibrilação atrial). As alterações presentes no ECG vão depen- der da etiologia da IC e das comorbidades associadas. Radiografia de tórax: Um exame barato e disponível, que além de ser o único exame complementar que pode fechar um crité- rio maior de Framingham (a cardiomega- lia), pode apresentar informações valiosas sobre o estado do paciente. O índice car- diotorácico > 50% define a cardiomegalia na radiografia. É possível também avaliar sinais de congestão pulmonar, como a cefalização da trama vascular pulmonar, presença de linhas B de Kerley, que são linhas dispostas na horizontal e indicam congestão. A radiografia também permi- te a avaliação da gravidade do quadro de congestão pulmonar, detecção de cisuri- tes pelo acúmulo de líquido nas cisuras pulmonares e permite a visualização de derrames pleurais. Figura 2 Imagem disponível em https://radiopaedia. org/images/2208535?lang=gb, disponibilizada pelo Dr. Roberto Schubert. SE LIGA! Na radiografia anterior pode- mos ver vários sinais de congestão e al- terações estruturais do coração, como o sinal da bailarina (deslocamento su- perior do brônquio fonte esquerdo), ce- falização da trama vascular pulmonar e cardiomegalia. Na aula de Insuficiência Cardíaca Parte 2, o professor Thiago Aragão mostra uma radiografia de tó- rax com diversas alterações causadas pela IC. Vale a pena conferir! Ecocardiograma transtorácico: Um exa- me cada vez mais disponível no nosso país, o ECO é uma das melhores ferramentas para avaliação complementar da IC, uma vez que ele fornece informações quanti- tativas que permitem avaliar a dimensão das câmeras cardíacas, presença de val- vopatias associadas e através do cálculo da FE, permite diferenciar a ICFEp e ICFEr, que apresentam particularidades no que tange ao tratamento e prognóstico. SE LIGA! O ecocardiograma é reco- mendado em todos os pacientes com suspeita de IC, afinal ele será seu grande aliado para guiar o tratamen- to do paciente, ao diferenciar a ICFEp e ICFEr. Além disso, frequentemente o ECO esclarecerá sobre a etiologia das doenças, ao detectar alterações de contração segmentar que podem su- gerir causa isquêmica ou detectar alte- rações valvares. BNP (peptídeo natriurético cerebral) e NT-proBNP: Com a dilatação das câme- ras cardíacas, há estímulo à produção do BNP e ANP (peptídeo natriurético cerebral e atrial, respectivamente) no intuito de au- INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 13 mentar a excreção de sódio e água e as- sim reduzir a pré-carga. Isso permite que o BNP seja útil no diagnóstico diferencial de pacientes que se apresentam com qua- dros de dispneia e tosse seca, e há dúvida entre etiologia cardíaca e pulmonar (pa- cientes tabagistas, por exemplo, em que há a suspeita de doenças obstrutivas ou restritivas pulmonares). O valor preditivo negativo do exame é elevado, de forma que pacientes que em pacientes cujos ní- veis de BNP são baixos, a dispneia prova- velmente não apresenta etiologia cardíaca. Em pacientes ambulatoriais, o valor de corte do BNP varia de 35-50ng/ml, de acordo com a fonte da literatura. Valores abaixo disso, sugerem que os sintomas respiratórios não tem origem cardíaca. Também pode ser dosado o NT-proBNP, molécula de BNP na sua forma inativa após clivagem. O NT-proBNP apresenta a vantagem de ser mais estável in vitro e apresentar meia-vida mais longa. O valor de corte do NT-proBNP no ambulatório é de 125ng/ml. Em pacientes agudos, os valores de corte do BNP e pro-BNP são diferentes, como você verá na tabela abaixo. Dessa manei- ra, esses exames laboratoriais passam a a ter grande valor e te auxiliarão a realizar o diagnóstico diferencial entre IC e outras causas. Diversos outros exames complementares podem ser necessários na avaliação de um paciente com ICC, a depender do quadro clínico. Frequentemente esses pacientes podem apresentar, por exemplo, doença renal crônica associada à ICC, ou podem ter a sua ICC descompensada na vigência de uma infecção. Dessa maneira, a neces- sidade de outros exames complementares deve ser avaliada de forma individualiza- da nos pacientes com ICC, principalmente naqueles que estão hospitalizados. Em pacientes emque a etiologia da ICC não é clara (não hipertensos, diabéticos, jovens, sem valvopatias), em que se sus- peita de cardiomiopatia dilatada, é neces- sário obter evidência de dilatação e con- tração deficiente do ventrículo esquerdo ou de ambos os ventrículos. A doença é considerada idiopática se as causas pri- márias e secundárias da doença cardí- aca (por exemplo, miocardite e doença arterial coronariana) forem excluídas por avaliação incluindo história e exame físico, exames laboratoriais, angiografia corona- riana, ecocardiograma e biópsia endomio- cárdica, quando indicado. O ecocardiograma na DCM mostra dilata- ção cavitária do VE, espessura da parede normal ou diminuída, espessamento de parede deficiente e/ou redução do movi- mento sistólico endocárdico interno. Além dessas alterações no VE, outros achados incluem aumento do átrio esquerdo e, me- nos frequentemente, aumento do volume do ventrículo direito e disfunção. Em tais pacientes, todas as quatro câmaras po- dem estar dilatadas. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 14 7. Tr atamento Uma parte do tratamento é focada no alí- vio dos sintomas, no entanto, algumas classes de medicamento tem o potencial de diminuir o fenômeno de remodela- mento cardíaco, que ocorre principal- mente devido à hiperativação do SRAA (Sistema Renina-Angiotensina-Aldoste- rona) e sistema simpático. Excluindo ca- sos de insuficiência cardíaca aguda grave, antes de iniciar o tratamento farmacológi- co é importante uma completa avaliação da função ventricular. A ICC tem um cará- ter progressivo e inicia antes de os sinais e sintomas se tornarem evidentes. A terapêutica busca melhorar a função sistólica ventricular, aliviar os sintomas, regular as alterações neuro-humorais da insuficiência cardíaca, reduzir o fe- nômeno de remodelamento ventricular, minimizar complicações como trombo- embolismo e arritmias. Nos pacientes que se apresentam com ICC descompen- sada, os objetivos primários são preven- ção de morte, manutenção da função e perfusão tecidual e alívio da congestão. A classificação do paciente de acordo com os perfis previamente citados, são impor- tantes para definir a terapêutica na des- compensação. O paciente com perfil B, por exemplo, precisa do uso de diuréticos para reduzir o excesso de volume e ede- ma, melhorando o quadro congestivo, en- quanto no perfil L os diuréticos não seriam indicados. • Tosse noturna • Edema (tornozelos) • Dispneia (esforços) • CV reduzida a 1/3 do normal • FC > 120 bpm • Hepatomegalia 2 maiores ou 1 maior + 2 menores • PVC > 16cmH2O • DPN • EAP • B3 • Turgência de jugulares • Crépitos • Refluxo hepato-jugular • Cardiomegalia (Rx) • Perda de 4,5Kg/5 dias de tratamento RX Tórax NT-proBNP BNP ECG ECOTT Critérios de Framingham Fração de rejeição≥ 35pg/mL ≥ 125pg/mL Congestão Cardiomegalia Dimensão de câmaras Presença de valvulo- patias associadas Maiores Menores MAPA MENTAL - DIAGNÓSTICO: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 15 O primeiro passo para o tratamento da IC consiste nas mudanças comportamen- tais, que deve ser indicado para todos os pacientes com IC, independentemente da fração de ejeção. É necessário reduzir a in- gesta hídrica (menos de 1 litro e meio por dia), ingesta de sal (menos de 5g de NaCl por dia), cessação do tabagismo e etilismo (não se esqueça! O álcool é cardiotóxico!) e tratamento da obesidade. Esses pacien- tes também devem ser vacinados para in- fluenza e pneumococos, devido à morbi- mortalidade aumentada dessa população. Medicamentos que aumentam sobrevida: Há um grupo de medicamentos muito im- portantes para o tratamento da IC a longo prazo, pela sua capacidade de aumen- tar a sobrevida dos pacientes. A maioria desses medicamentos inibe a desregu- lação do sistema simpático e SRAA. Os medicamentos que apresentam essas ca- racterísticas são os inibidores da enzima conversora da angiotensina (iECA), blo- queadores dos receptores da angiotensi- na (BRA), beta-bloqueadores, antagonis- tas da aldosterona, hidralazina e nitratos, valsartana-sacubitril e novas classes de anti-diabéticos No caso dos iECA, ensaios clínicos ran- domizados indicaram redução da mortali- dade com o uso do enalapril, estabelendo hoje a indicação de uso de iECA em todos pacientes com IC que não apresentem contraindicações. Apesar de alguns estu- dos indicarem eficácia semelhante entre BRA e iECA, normalmente os BRA são re- servados aos pacientes que apresentam alguma intolerância ao iECA (como tosse seca, um dos principais efeitos colaterais dessa classe de medicamentos). Uma possibilidade terapêutica promissora é a combinação de valsartana e sacubi- tril. A valsartana é um antagonista do re- ceptor de angiotensina, que é combinado ao sacubitril, um inibidor da neprisilina. A neprilisina é uma enzima responsável pela degração do BNP e ANP, que apre- sentam efeito natriurético benéfico para o paciente com IC, dessa forma o sacubitril aumenta a disponibilidade do BNP e ANP. A combinação de valsartana-sacubitril apresentou resultados superiores ao dos iECA em pacientes com IC, com redução de 16% da mortalidade, por isso esse me- dicamento passou a ser indicado em pa- cientes com ICFEp que persistem sinto- máticos apesar de tratamento otimizado com beta-bloqueadores, iECA ou BRA e antagonistas da aldosterona. Valsartana-sacubitril deve ser prescrito substituindo os BRA ou iECA, na dose ini- cial de 49/51mg em pacientes que man- tém pressão sistólica acima de 100mmHg. Em pacientes com níveis mais baixos da pressão arterial, a dose inicial deverá ser de 24/26mg. É necessário ficar atento para a possibilidade de angioedema, um dos principais efeitos colaterais do me- dicamento, e é necessário suspender os iECA 36 horas de iniciar o uso do valsar- tana-sacubitril, para evitar a sobreposição das drogas, o que aumentaria o risco de hipotensão e angioedema. Os beta-bloqueadores são indicados em todos os pacientes com IC apresentando INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 16 disfunção sistólica, desde que não apre- sentem contraindicações como asma gra- ve e bradicardias. Os beta-bloqueadores também reduzem a mortalidade dos pa- cientes com IC, reduzem o mecanismo de remodelamento cardíaco e a demanda de O2 dos cardiomiócitos, sendo espe- cialmente vantajosos nos pacientes que apresentam DAC associada. SE LIGA! Os estudos só comprovam redução de mortalidade com o uso de bisoprolol, carvedilol, metoprolol e ne- bivolol, dessa forma outros beta-blo- queadores como propranolol e atenolol não apresentam benefício comprova- do. É necessário ficar atento à tolerân- cia do paciente ao introduzir a droga, devido ao efeito inotrópico negativo da classe. Os antagonistas da aldosterona também auxiliam na redução da pré-carga e são in- dicados nos pacientes com IC e disfunção sistólica na classe III e IV da NYHA. Deve- -se ter atenção para a possibilidade de hi- percalemia, principalmente nos pacientes que usam antagonistas da aldosterona e BRA ou iECA. O medicamento deve ser suspenso em caso de hipercalemia. A combinação da hidralazina com um nitrato (como a isossorbida) apresentou redução de mortalidade em pacientes negros com IC classe II-IV da NYHA. Há evidência de maior qualidade indicando o benefício do uso dos beta-bloqueadores, iECAs ou BRAs e antagonistas do recep- tor da aldosterona, dessa forma, eles não devem ser suspensos para a introdução da hidralazina associada ao nitrato, e sim associados a ela. Há novos estudos que sugerem vantagem do uso da hidralazina também em pacientes brancos que apre- sentam sintomas apesar da terapia já oti- mizada com outras classes. Em pacientes diabéticos, inibidores do SGLT-2 (como a dapagliflozina e em- pagliflozina), uma nova classe de anti- -diabéticos que inibem a reabsorção da glicose nos túbulos proximais, apresentou redução da mortalidade por causas car- diovasculares e redução das internações hospitalares. Dessa forma, essa classe de medicamentos se apresenta como uma possibilidadepromissora para pacientes com DM2. É preciso ficar atento, no en- tanto, pois há estudos indicando que es- sas drogas estão associadas com maior risco de cetoacidose diabética. SE LIGA! Os medicamentos citados acima só apresentam redução compro- vada da mortalidade para pacientes com ICFEr. Apesar disso, estudos indicam que antagonistas da aldosterona e BRA estão associados à redução dos interna- mentos dos pacientes com ICFEp. Medicamentos para alívio dos sintomas: Outras drogas, como os diuréticos tiazí- dicos, diuréticos de alça, drogas vaso- ativas e digitálicos também podem ser indicados nos pacientes com ICC, princi- palmente em episódios de descompensa- ção, no entanto é imporante ter em mente INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 17 que apesar do efeito importante dessas drogas no alívio dos sintomas do pacien- te, eles não apresentam redução compro- vada da mortalidade. Os diuréticos de alça, representados ba- sicamente pela furosemida, representam a classe mais efetiva para alívio do quadro de congestão nos pacientes com IC des- compensada (IC perfil B ou C). A dose de furosemida deve ser avaliada de acordo com o quadro clínico do paciente, e mui- tas vezes precisará de ajustes até atingir uma dose otimizada. É necessário avaliar a função renal dos pacientes, principal- mente daqueles que já apresentam DRC, uma vez que os diuréticos de alça podem auxiliar a compensar o quadro de conges- tão do paciente, no entanto, piorar de for- ma concomitante a função renal. Os diuréticos tiazídicos são muito menos eficientes que os diuréticos de alça, no entanto são uma alternativa terapêutica usada principalmente em associação com a furosemida nos pacientes que já fazem uso de altas doses dessa droga, no entan- to, continuam congestos. No caso de diu- réticos de alça e tiazídicos, é importante estar atento para o risco de desenvolvi- mento de hiponatremia, hipocalemia e ou- tros distúrbios hidroeletrolíticos. A digoxina, da classe dos digitálicos, é uma droga usada principalmente com a intenção de aumentar o inotropismo. Ela bloqueia a Na+/K+ ATPase, e de forma in- direta, aumenta a concentração de Cálcio no citoplasma, aumentando a força con- trátil do cardiomiócito. No entanto, os di- gitálicos são drogas que apresentam um importante potencial arritmogênico e tam- bém uma ação anticolinérgica que reduz a excitabilidade do nó sinoatrial. Essa classe é considerada uma alternativa para o tra- tamento de pacientes com IC sintomáticos que não conseguiram atingir otimização clínica apesar de terapia otimizada com as drogas que reduzem mortalidade na IC. Os digitálicos apresentam uma janela te- rapêutica estreita e podem apresentar muitos efeitos colaterais, principalmente em pacientes hipocalêmicos ou com hipo- magnesemia. Os sintomas da intoxicação digitálica são principalmente náuseas, vô- mitos, alterações visuais e arritmias cardí- acas (podendo apresentar taquiarritmias ou bradiarritmias. Em pacientes muito graves, pode ser ne- cessário fazer uso de drogas vasoativas, principalmente a dobutamina e noradre- nalina. A noradrenalina apresenta princi- palmente efeito vasoconstrictor, e pode ser necessária em pacientes em choque cardiogênico. A dobutamina apresenta efeito inotrópico positivo, agindo em re- ceptores adrenérgicos alfa-1, beta-1 e beta-2. Anticoagulantes: Nos pacientes que apresentam histórico pessoal ou familiar de primeiro grau, pode ser avaliado o uso de anticoagulação com antagonistas da vitamina K (warfarin) ou novos anticoagulantes, e o uso de antico- agulantes como a heparina ou enoxapari- na é indicado para prevenção de trombose venosa profunda e tromboembolismo pul- monar nos pacientes com ICC internados, com mobilidade reduzida. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 18 Dispositivos: Nos pacientes refratários ao tratamento clínico otimizado, apresentando FE≤35% e bloqueio de ramo completo (QR- S≥120ms), o ressincronizador biventri- cular, um tipo de marcapasso que sincro- niza a sístole dos ventrículos, é indicado. Pacientes com IC apresentam risco maior de morte súbida por causa cardiovascu- lar e de desenvolvimento de arritmias as- sociadas a instabilidade hemodinâmica, como taquicardia ventricular (TV) e fibri- lação ventricular (FV). Pacientes com IC que apresentam alto risco para morte súbita de causa cardiovascular podem fazer uso de cardiodesfibriladores im- plantáveis (CDI) como forma de preven- ção primária. Os pacientes que já apresen- taram TV ou FV e sobreviveram, podem fazer uso do CDI como forma de preven- ção secundária. Como o nome sugere, o dispositivo identifica essas arritmias e realiza cardioversão elétrica, reduzindo o risco de morte súbita cardiovascular. Nos pacientes com ICFEr estágio D da AHA, é possível fazer uso de dispositivos de assistência ventricular, uma bomba mecânica que é conectada no VE e à aorta ascendente, realizando a função de bom- ba que deveria ser desempenhada pelo coração. Esse dispositivo pode aumentar muito a qualidade de vida dos pacientes com ICFEr e reduzir muito ou até eliminar sintomas de baixo débito, no entanto es- ses dispositivos são caros e pouco dispo- níveis no nosso meio. Em pacientes com indicações específicas, o transplante car- díaco é uma alternativa. DROGAS Refratários ao TTO clínico Ressincroniza- dor (Bloqueios, FE < 35% CDI (alto risco de morte súbita) Aumento sobre- vida - Inibem desregulação do sistema simpático e SRAA Beta bloquea- dores BRA Diurético tiazídico Inibidores do SGLT-2 IECA Droga vasoativa Pacientes muito graves • Dobutamina • Noradrenalina Antagonistas aldosterona Diurético de alçaAnticoagulação Hidralazina + nitrato Dígitálicos Sintomáticos MAPA MENTAL - TRATAMENTO: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 19 PACIENTE SUSPEITO FLUXOGRAMA DE IC GERAL Um ou mais achados Dosagem BNP/ECOTT Achados positivos? Suspeita confirmada Sistólica ou diastólica? Há quanto tempo? Estadiamento Causas de descompensação • Coronária (SCA) • Hipertensão (emergência) • Arritmia • Mecânica (causa aguda) • Pulmão (TEP) NÃO NÃO SIM SIM SIM NÃO SIM NÃO • HAS • Disfunção valvar • Cardiomiopatia/DAC Perfil clínico- hemodinâmico Tem congestão? Perfusão tecidual adequada? Perfusão tecidual adequada? Quente + Úmido Frio + Úmido Quente + Seco Frio + Seco • Considerar volume • Considerar inotrópico • Vasodilatadores • Diuréticos • Inotrópico • Inotrópico • Vasopressor • Diurético • Suporte circula- tório mecânico • Vasodilatador • Diurético NYHA Seco AHA Úmido Fator causal Anamnese Exame físico Rx Tórax ECG Critérios diagnósticos Nenhum dos achados Considerar outro diagnóstico INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 20 Referências Bocchi EA, Braga FGM, Ferreira SMA, Rohde LEP, Oliveira WA, Almeida DR et al. III Diretriz Bra- sileira de Insuficiência Cardíaca Crônica. Arq Bras Cardiol 2009; 93 (1 Suppl 1): 3-70. Bochi EA, Marcondes-Braga FG, Bacal F, Ferraz AS, Albuquerque, D, Rodrigues D, et al. Socieda- de Brasileira de Cardiologia. Atualização da Diretriz Brasileira de Insuficiência Cardíaca Crônica – 2012 Arq Bras Cardiol 2012; 98 (1 supl.1): 1-33. Braunwald E, Fauci AS, Kasper DL, Hauser SL, Longo DL, Jameson JL. Harrison Medicina Interna. 15ª edição. McGraw-Hill Interamericana, 2002. Magalhaes CC, Serrano Jr CV, Consolim-Colombo FM, Nobre F, Fonseca FAH, Ferreira JFM. Tra- tado de Cardiologia da SOCESP. 3ª edição. Manole, 2015. MW Montera, RA Almeida, EM Tinoco, RM Rocha, LZ Moura, Réa-Neto A et al. II Diretriz Brasilei- ra de Insuficiência Cardíaca Aguda. Arq. Bras. Cardiol. 2009; 93 (3 Suppl 3): 2-65. Oremus M, McKelvie R, Don-Waudrope A, Santaguida PL, Ali U, Balion C, et al. A systematic review of BNP and NT-proBNP in the management of heart failure: overview and methods. Heart Fail Rev. 2014; 19 (4): 413–419. INSUFICIÊNCIA CARDÍACA 19HIPERTIREOIDISMO 1919HIPERTIREOIDISMOHIPERTIREOIDISMO
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