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Adaptação e Crescimento Celular Bibliografia Recomendada ● Patologia - Bogliolo (cap. 8 – fonte desse resumo) ● Patologia Básica - Robbins ● Patologia: bases patológicas das doenças - Robbins & Cotran As lesões teciduais que se acompanham de morte celular e/ou destruição da matriz extracelular sofrem um processo de cura que se dá por regeneração ou cicatrização. • Na regeneração, o tecido morto é substituído por outro morfofuncionalmente idêntico; • Na cicatrização, um tecido neoformado, originado do estroma (conjuntivo ou glia), substitui o tecido perdido. Ciclo celular e controles As células regulam o ciclo celular por mecanismos muito conservados na natureza, razão pela qual são semelhantes em diferentes espécies. A regulação é feita por: (1) sinais externos, chamados fatores de crescimento; Numerosas substâncias têm a propriedade de controlar a taxa de divisão celular. As mais importantes são os chamados fatores de crescimento (FC) polipeptídicos, que têm a capacidade de estimular ou de inibir a multiplicação celular. Alguns atuam em células específicas; outros agem sobre vários tipos celulares. Os fatores de crescimento atuam por mecanismo autócrino (uma mesma célula produz e responde ao FC), parácrino (uma célula recebe a ação do FC produzido por uma célula vizinha) ou endócrino (o FC secretado por uma célula age em células distantes). Os FC mais importantes estão listados no quadro abaixo. (2) moléculas da própria célula capazes de: (a) perceber ameaças para a estabilidade do genoma (moléculas guardiães do genoma); Quando uma célula é estimulada (p. ex., por fatores de crescimento), ocorre um pulso de produção de ciclinas D, e a célula inicia a fase G1 do ciclo celular. O complexo ciclina D/CDK prepara a síntese do DNA por meio, inicialmente, de fosforilação da proteína pRB (proteína do retinoblastoma). Na sua forma hipofosforilada, a pRB liga-se ao fator de transcrição E2F. O complexo pRB/E2F recruta a histona desacetilase, que promove compactação da cromatina, impedindo a transcrição gênica. Quando fosforilada, a pRB dissocia-se do complexo pRB/E2F e libera a histona desacetilase, permitindo que o E2F se ligue ao DNA e estimule numerosos genes cujos produtos (ciclina E, DNA polimerases, helicases etc.) promovem a replicação do DNA, ou seja, a entrada da célula na fase S do ciclo celular (b) promover o início e a progressão da divisão celular (ciclinas e CDK) A regulação do ciclo celular é feita, sobretudo, por duas classes de proteínas: (1) CDK (cyclin dependent kinases); (2) ciclinas, que se ligam às CDK e controlam a taxa de fosforilação das proteínas responsáveis pelos inúmeros fenômenos que ocorrem na divisão celular. As ciclinas são assim denominadas por serem produzidas e degradadas de maneira cíclica em diferentes etapas do ciclo celular e recebem nomes diferentes (A, B, D, E), de acordo com propriedades funcionais e momentos em que atuam. Após a ativação do complexo ciclina/CDK, a ciclina é degradada no sistema ubiquitina- proteassomos. Cada complexo ciclina com CDK regula determinada fase do ciclo. As CDK têm inibidores (CDKI) que pertencem a dois grupos: (1) proteínas p15, p16, p18 e p19, conhecidas como INK4; (2) proteínas p21, p27 e p57. Os genes ativados em G1 são chamados genes precoces da mitose e incluem o JUN, o FOS e o MYC (genes mestres que regulam genes codificadores de proteínas necessárias para a síntese do DNA). As ciclinas A e B ativam as CDK necessárias para a progressão da fase S e G2, para a entrada em mitose. A progressão da mitose depende do complexo APC (anaphase promoter complex). A figura ao lado resume a participação das ciclinas e das CDK no ciclo celular, além de indicar os inibidores de CDK. Células-tronco e renovação de tecidos Células-tronco (CT) são células indiferenciadas capazes de proliferar, autorrenovar e produzir descendentes (células progenitoras) que, após número variável de divisões, se diferenciam e renovam células de diferentes tecidos. As CT têm, ainda, a propriedade de interagir com o meio onde estão (o nicho) e de modificar suas propriedades. As células-tronco podem permanecer quiescentes nos tecidos por longo período, após o qual podem entrar em divisão e voltar ao estado de quiescência. Quanto à origem, as CT podem ser embrionárias, adultas ou induzidas a partir de células já diferenciadas (iSC, de induced stem cells). Quanto à capacidade de originar descendentes, podem ser totipotentes, pluripotentes e multipotentes. • As CT embrionárias são totipotentes, pois podem originar o embrião e os tecidos extraembrionários. • As CT pluripotentes são capazes de gerar células dos três folhetos embrionários. • CT multipotentes originam apenas um número limitado de células. • As CT adultas são multipotentes e dão origem a células progenitoras nos órgãos em que residem. • As CT induzidas podem ser pluri ou multipotentes. Tipos celulares ● Células lábeis - estão em constante renovação e se dividem continuamente a fim de substituir células destruídas fisiologicamente - ”velhas”. Apresentam alto índice MITÓTICO. Exemplo: pele, mucosa gástrica, unha, cabelo, tecido hematopoético. ● Células estáveis - Quando estimuladas, apresentam capacidade proliferativa. Apresentam baixo índice MITÓTICO. Exemplos: fígado, fibroblastos, osteoclasto. ● Células perenes - não se divide mais, não possui capacidade replicativa - estágio terminal de diferenciação. SEM PODER MITÓTICO. Exemplo: neurónios, cardiomiócitos. Ciclo Celular • Em tecidos com renovação contínua (lábeis), encontram-se células em mitose, células nas fases G1, S e G2 e células que estão se diferenciando. • Em tecidos estáveis, as células se diferenciam e deixam o ciclo (fase G0), mantendo, no entanto, a capacidade de entrar em G1 se forem devidamente estimuladas (células quiescentes). • Em tecidos perenes, as células atingem a diferenciação terminal e não mais se dividem. Se estimuladas por fatores de crescimento em quantidade elevada, podem entrar em G1 e sintetizar DNA, mas permanecem em G2 ou completam a divisão nuclear, mas sem realizar a divisão celular. Formam-se, assim, núcleos poliploides, como acontece com neurônios e células musculares estriadas ou cardíacas. Homeostasia ● Órgãos e tecidos mantém constante seu tamanho e conservação o número de células. ● Sinais específicos para a divisão ou para a morte celular (apoptose) ● Agentes estimuladores ou inibidores de divisão produtos da própria célula, de células vizinhas ou distantes e do microambiente extracelular Numerosas substâncias têm a propriedade de controlar a taxa de divisão celular. As mais importantes são os chamados fatores de crescimento. Os FC atuam por mecanismo autócrino (uma mesma célula produz e responde ao FC), parácrino (uma célula recebe a ação do FC produzido por uma célula vizinha) ou endócrino (o FC secretado por uma célula atua em células distantes). É possível fazer verificação de quais fatores de crescimento estão sendo utilizados por determinada célula. Adaptação celular • Mecanismo reversível de resposta celular a estímulos fisiológicos, injúria ou estímulos patológicos. • Tem por objetivo a obtenção de um novo patamar de equilíbrio, tentando manter a capacidade funcional do tecido ou órgão afetado. • Sem induzir o processo de lesão celular. É bom lembrar que: quanto maior a atipia (diferenças morfológicas das células) das células de determinado tecido pior é o processo patológico. ATENÇÃO! Quando há lesão no DNA, o organismo a reconhece por meio de um sensor complexo formado por produtos de genes. Em seguida, esse mesmo sistema estimula a síntese da proteína p53, a qual estimula genes que codificam outras proteínas que param o ciclo em G1, S ou G2 ou induzemapoptose. Obs.: METAPLASIA • É uma adaptação celular • Reversível • Resposta estrutural e funcional reversível às alterações fisiológicas ou a alguns estímulos patológicos • Novo estado de equilíbrio alterado é alcançado, permitindo a sobrevivência e a atividade funcional da célula. • Podem evoluir, conforme a permanência do agente lesivo, para processos displásicos que são preditores importantes, na maior parte das vezes, de neoplasia. • Metaplasia = diferenciação respeitando o limite do tecido • Displasia = diferenciação com proliferação desordenada (para muitos considerado um carcinoma in situs) • A displasia pode evoluir para o câncer; pode estacionar ou pode regredir PROLIFERAÇÃO CELULAR • Alteração do volume celular Taxa de divisão celular • Responsável pela formação de um conjunto de células que compõem os indivíduos • Desenvolvimento e reposição celular DIFERENCIAÇÃO CELULAR • Responsável pela especialização morfológica e funcional das células • Desenvolvimento integrado Influenciados por muitos agentes externos. Tipos de adaptação celular 1. Alteração do volume celular ○ Hipotrofia ○ Hipertrofia 2. Alteração da taxa de divisão celular ○ Hiperplasia ○ Hipoplasia 3. Alteração da diferenciação ○ Metaplasia 4. Alteração do crescimento e diferenciação celular ○ Displasia OBSERVAÇÃO: Todas as adaptações são potencialmente reversíveis, mas na displasia esse processo é dificultado e pode ainda pode desencadear uma neoplasia maligna (lesão pré-cancerígena) Hipertrofia Quando uma célula sofre estímulo acima do normal, aumentando a síntese de seus constituintes básicos e o seu volume o As células estáveis e permanentes são as únicas células que podem hipertrofiar. o Hipertrofia (do grego hyper = excesso, além, trophos = nutrição, metabolismo) o Aumento do volume é acompanhado de aumento das funções células o Contudo, se sofrer agressão que resulte em diminuição da nutrição, do metabolismo e da síntese necessária para renovação de suas estruturas, a células fica menor → HIPOTROFIA (do grego hypo = pouco, sob) o ↑ do tamanho das células, que resulta no ↑ do tamanho do órgão afetado: o Síntese de proteínas o Incorporação de novos componentes estruturais intracelulares o Acontece por aumento da demanda funcional, estímulo hormonal e de fatores de crescimento o Exemplo: músculo esquelético (também acontece em crianças) o Hipertrofia fisiológica: útero gravídico (se distende durante a gravidez mais de 30 vezes o seu próprio tamanho - depois que a mulher pari, até um ano depois da gestação ela é considerada puérpera devido às mudanças que o corpo teve que fazer para gravidez) o Hipertrofia patológica: no caso do coração, em situações de hipertensão arterial aumenta-se a pós-carga e por isso é necessário aumentar a força de ejeção e para isso o coração se adapta sofrendo hipertrofia que pode ser excêntrica (cresce as beiradas do miocárdio para fora) e concêntrica (onde aumenta a parede do coração como tudo) → SOBRECARGA HEMODINÂMICA CRÔNICA, HIPERTENSÃO ARTERIAL OU VALVAS DEFICIENTES o Hipertrofia precisa de um desencadeante mecânico → integrinas, ajudam nesse processo o MECANISMOS: desencadeantes mecânicos ou tróficos (mediadores solúveis) Rabdomiólise → processo de degeneração dos músculos Redução quantitativa dos componentes estruturais das funções celulares, resultando em diminuição do volume das células Tudo indica que o aumento da degradação de proteínas celulares (em lisossomos e pelo sistema ubiquitina- proteassomos) é o principal mecanismo de hipotrofia. Agressão a proteínas por radicais livres é também mecanismo importante de hipotrofia Hipotrofia Redução quantitativa dos componentes estruturais e das funções celulares, resultando em diminuição do volume das células (função diminuída pela hipotrofia é DIFERENTE de morte celular) o Hipotrofia é um processo de perda que é passível de restituição da funcionalidade anterior à degradação; já na atrofia é um processo irreversível Tudo indica que aumento da degradação de proteínas celulares (em lisossomos e pelo sistema ubiquitina-proteassomos) é o principal mecanismo de hipotrofia. Agressão a proteínas por radicais livres é também mecanismo importante de hipotrofia Mecanismos ● Síntese de proteínas diminuída e degradação proteica aumentada ● Degradação de proteínas celulares via ubiquitina-proteassoma ● Aumento da autofagia, aumento do número de vacúolos autofágicos Exemplos: o Fisiológica: ATROFIA SENIL – diminuição das atividades metabólicas e do ritmo de proliferação celular. Não há prejuízo funcional porque afeta o indivíduo como todo perda de estimulação endócrina o Patológica: Acontece por inanição, desuso, compressão, obstrução vascular, substâncias tóxicas/hormônios, perda da inervação e inflamação crônica (doença: poliomielite) Hiperplasia Aumento do número de células de um órgão ou parte dele por aumento da proliferação ou por diminuição da apoptose o Células lábeis e estáveis passam por esse processo o ↑ do número de células em um órgão ou tecido em resposta a um estímulo o Pode ocorre hiperplasia simultânea com a hipertrofia em resposta ao mesmo estímulo o Hiperplasia compensatória = crescimento tecido residual após remoção ou perda de um órgão. Exemplo: fígado, testículos, nos rins Exemplos o (FISIOLÓGICA) Hormonal - proliferação epitélio glandular da mama feminina na puberdade e gravidez. o (PATOLÓGICA) o Estimulação excessiva hormonal ou fatores de crescimento ▪ Período menstrual anormal = proliferação do epitélio uterino = sangramento anormal o Hiperplasia prostática o Obs.: pode ocorrer por infecção viral Hipoplasia o Redução da população celular de um tecido, órgão ou parte do corpo o Padrão arquitetural básico mantido o Diminuição do ritmo de renovação celular e aumento da taxa de destruição das células Exemplos o FISIOLÓGICA o Involução do timo o Involução das gônadas no climatério o Senilidade: hipotrofia e hipoplasia por aumento da apoptose o Células-tronco migram continuamente da medula óssea, carregadas pelo sangue, e se alojam no =mo, onde proliferam e se diferenciam em linfócitos T. O Timo é um local de formação e de seleção de linfócitos T. Durante esse processo, os linfócitos proliferam ativamente, passando por diversos ciclos mitóticos à mais de 95% dos linfócitos formados são eliminados por apoptose. São eliminados os linfócitos que não reagem a antígenos e os que reagem a antígenos do próprio organismo (autoantígenos). Quando persistem linfócitos T que reagem com autoantígenos, eles causam doenças autoimunes o PATOLÓGICA o Hipoplasia da medula óssea provocada por agentes o Tóxicos ou infecção o Anemias aplásicas (hipoplásicas) Metaplasia o Mudança de um tipo de tecido adulto (mesenquimal ou epitelial) em outro da mesma linhagem o Alteração da diferenciação celular o Persistência das influências que induzem a transformação metaplásica = transformação maligna do epitélio Mecanismos o Reprogramação de células-tronco existentes nos tecidos normais ou células mesenquimais indiferenciadas no tecido conjuntivo o Células precursores diferenciam-se para uma nova linhagem particular devido a sinais gerados por citocinas, fatores de crescimento e componentes da MEC presentes no ambiente extracelular o EXPRESSÃO DE GENES → VIA DE DIFERENCIAÇÃO ESPECÍFICA Exemplos o FUMANTES o EPITÉLIO RESPIRATÓRIO: EPITÉLIO COLUNAR CILIADO → EPITÉLIO PAVIMENTOSO ESTRATIFICADO o ESÔFAGO DE BARRETT o Causado pela exposição crônica ao ácido estomacal no REFLUXO GÁTRICO CRÔNICO o EPITÉLIO PAVIMENTOSO ESTRATIFICADO → EPITÉLIO COLULAR GÁSTRICO OU INTESTINAL Displasia Alteração da proliferação eredução ou perda de diferenciação celular o Displasias epiteliais – aumento da proliferação celular e redução da maturação das células o Atipias celulares e arquiteturais o Cariomegalia = alteração no teor de DNA o Alterações na expressão de genes que regulam a proliferação e diferenciação o Displasias são reversíveis – já que podem estacionar ou mesmo regredir o Podem preceder ao câncer Exemplo: Hamartomas: erros locais do crescimento o Tecido se desenvolve mais que o devido, com células maduras e normais, mas com arquitetura tissular anormal Resumo do Robbins o Hipertrofia: aumento do tamanho da célula e do órgão, sempre em resposta ao aumento da carga de trabalho; induzida por fatores de crescimento produzidos em resposta ao estresse mecânico ou outros estímulos; ocorre em tecidos incapazes de divisão celular. o Hiperplasia: aumento do número de células em resposta a hormônios e outros fatores de crescimento; ocorre em tecidos cujas células são capazes de se dividir ou que contenham abundantes células-tronco. o Atrofia: diminuição da célula e do órgão, como resultado da diminuição do suprimento de nutrientes ou por desuso; associada à diminuição de síntese celular e aumento da quebra proteolítica das organelas celulares. o Metaplasia: alteração do fenótipo em células diferenciadas, sempre em resposta a irritação crônica que torna as células mais capazes de suportar o estresse; geralmente induzida por via de diferenciação alterada das células- tronco nos tecidos; pode resultar em redução das funções ou tendência aumentada para transformação maligna.
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