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Atividade Prática Supervisionada – Processo Penal – Rito Comum OPÇÃO DE ATIVIDADE 1: No caso desta disciplina será prevista como tal atividade a leitura e discussão interpretativa de precedentes jurisprudenciais sobre a matéria do Direito Processual Penal, especificamente sobre os princípios que norteiam o processo penal, que serão devidamente indicados pelo professor em sala de aula. A familiarização com o julgado será realizada em horário não presencial pelos alunos, seguido da elaboração pelo aluno de texto descritivo que será postado no ambiente virtual (Blackboard). O primeiro acórdão selecionado versa sobre o princípio da Presunção de Inocência. No caso, a decisão foi proferida pela 11ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, Embargos de Declaração Criminal Nº 0000264-61.2017.8.26.0603, autos de origem do Foro de Araçatuba /SP, relatado pelo Desembargador Xavier de Souza, sendo a Ementa colacionada abaixo, vejamos: [...] Sustenta, em resumo, o embargante, que a prisão somente pode ser decretada após o trânsito em julgado da condenação, em face do princípio constitucional da presunção de inocência. Busca a acolhimento Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 11ª Câmara – Seção Criminal dos embargos para que seja revogada a determinação de expedição de mandado de prisão. É o relatório. Não há omissão, contradição ou obscuridade a ser sanada nesta via. No julgamento do Habeas Corpus nº 126.292, o Supremo Tribunal Federal firmou entendimento de que a execução provisória da reprimenda, após a edição de acórdão condenatório, mesmo ainda não alcançado pela coisa julgada, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência.[...] 1. Em regime de repercussão geral, fica reafirmada a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal no sentido de que a execução provisória de acórdão penal condenatório proferido em grau recursal, ainda que sujeito a recurso especial ou extraordinário, não compromete o princípio constitucional da presunção de inocência afirmado pelo artigo 5º, inciso LVII, da Constituição Federal. 2. Recurso extraordinário a que se nega provimento, com o reconhecimento da repercussão geral do tema e a reafirmação da jurisprudência sobre a matéria.” (ARE 964246 RG, Relator(a): Min. TEORI ZAVASCKI, julgado em 10/11/2016, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-251 DIVULG 24- 11-2016 PUBLIC 25-11-2016 ). A jurisprudência da Suprema Corte, cujo entendimento foi adotado pela maioria de seus membros, não foi alterada, e vem sendo seguida por todas as Cortes do país, até porque firmada no âmbito de repercussão geral. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo 11ª Câmara – Seção Criminal Assim, nenhum reparo merece o acórdão impugnado. Diante do exposto, os embargos são conhecidos, pois tempestivos, mas rejeitados, promovendo-se a imediata expedição do mandado de prisão. (TJSP; Embargos de Declaração Criminal 0000264- 61.2017.8.26.0603; Relator (a): Xavier de Souza; Órgão Julgador: 11ª Câmara de Direito Criminal; Foro de Araçatuba - 3ª Vara Criminal; Data do Julgamento: 23/01/2019; Data de Registro: 28/01/2019) A decisão acima tratou do princípio constitucional da Presunção de Inocência. Tal princípio é no Brasil um dos princípios basilares do Direito, responsável por tutelar a liberdade dos indivíduos, sendo previsto pelo art. 5º, LVII da Constituição de 1988, que enuncia: “ninguém será considerado culpado até trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Tendo em vista que a Constituição Federal é nossa lei suprema, toda a legislação infraconstitucional, portanto deverá absolver e obedecer a tal princípio. A importância da presunção da inocência no processo penal consiste em garantir o direito de só ser punido caso o acusado seja realmente culpado, visando garantir que ninguém seja condenado injustamente. Trata-se de embargos de declaração criminal interposto pelo réu contra decisão que determinou a expedição de mandado de prisão contra sua pessoa, pedindo que tal decisão seja revogada, alegando desrespeito ao princípio da presunção de inocência, pois não havendo trânsito em julgado não há em se falar em prisão. Infere-se, portanto, que apesar do embargante alegar que a prisão somente pode ser decretada após o trânsito em julgado da condenação, em face do princípio constitucional da presunção de inocência. A Colenda Câmara acertou em negar provimento do recurso, firmando-se no entendimento do STF de que a execução provisória da reprimenda, após a edição de acórdão condenatório, mesmo ainda não alcançado pela coisa julgada, não viola o princípio constitucional da presunção de inocência. O segundo Acórdão escolhido versa sobre os princípios do Contraditório e da Ampla Defesa, neste caso, tratasse de acórdão proferido pela 15ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, Embargos de Declaração Nº 9007840- 93.2009.8.26.0000/50001, autos de origem da comarca do Itapetininga/SP, decidido pelo Desembargador Manoel Mattos, sendo a Ementa colacionada abaixo: EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO / CAUÇÃO / CONTRACAUTELA: Recebimento dos primeiros embargos com efeitos infringentes Julgamento que não foi precedido de intimação da parte contrária para manifestação Infringência dos princípios do devido processo legal e do contraditório Precedentes Nulidade reconhecida Embargos acolhidos para esse fim. 1.Cuida-se de embargos declaratórios ofertados mediante alegação de vício insanável verificado no v. acórdão de fls. 135/141, visando o prequestionamento para a interposição de Recurso Especial. Recurso tempestivo e bem processado. É o relatório. Com efeito, a nulidade está caracterizada nos autos. Nos primeiros embargos, afinal acolhidos com efeitos infringentes, não foi oportunizada a manifestação da então embargada, ora embargante, circunstância que determina a ocorrência de infringência ao princípio do contraditório e do devido processo legal. 2. No mesmo sentido está firmada a jurisprudência da Corte Especial do C. STJ: “PROCESSO CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. EFEITOS INFRINGENTES DOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO: NECESSIDADE DO CONTRADITÓRIO. A atribuição de efeitos infringentes aos embargos de declaração supõe a prévia intimação da contraparte; sem o contraditório, o respectivo julgamento é nulo. Embargos de divergência conhecidos e providos” (STJ, Corte Especial, EAg Embargos de Divergência em Agravo nº 778.452/SC, Rel. Min. Ari Pargendler, j. 02.08.2010, DJe 23.08.2010). 3.Sendo assim, necessário reconhecer a nulidade havida no julgamento dos primeiros embargos declaratórios, para que outro julgamento se faça depois de manifestação da primitiva embargante, em 10 dias, e da então embargada, no mesmo prazo, subindo, ao depois, à conclusão para julgamento daqueles embargos. Posto isso, acolhem os embargos, com reconhecimento de nulidade. (Embargos de Declaração Nº 9007840-93.2009.8.26 .0000/50001, Relator: Desembargador MANOEL MATTOS, 15ª Câmara de Direito Privado, julgado em 25/06/2013, PUBLIC. 09/08/2013). A decisão em questão tratou dos princípios constitucionais do contraditório e da ampla defesa. O princípio do contraditório é consequência do princípio do devido processo legal, significa que todo acusado terá direito de resposta contra acusação que lhe foi feita, utilizando, para tanto, todos os meios de defesa admitidos em direito. Já o princípio da ampla defesa tem base legal no artigo 5º inciso LV da carta Magna de 1988, o qual menciona que: as partes tem para apresentarem argumentos em seu favor, nos limites, em que seja possível conectar-se, portanto aos princípios da igualdade, do contraditório e do devido processo legal, reforçando a importância da resposta à acusação no processo penal que consiste em garantir o direito de defesa, o direitode se defender das acusações imputadas contra o acusado. Trata-se de embargos de declaração interposto pelo paciente contra Acórdão anterior que julgou o caso sem que houvesse ocorrido a devida intimação da parte contrária, não permitindo que a parte se manifestasse a respeito dos embargos com efeitos infringentes interposto, antes da análise do caso que culminou com o Acórdão. Infere-se, portanto, que no caso em questão houve uma inequívoca violação do princípio do contraditório e da ampla defesa, uma vez que não ocorreu a intimação da parte contrária para se manifestar a respeito dos embargos infringentes, interposto pela outra parte. Mediante a tal alegação o Relator decidiu por acolher os presentes embargos reconhecendo a nulidade da decisão anterior. Determinando ainda que outro julgamento se faça da manifestação de primitiva embargante, no mesmo prazo, para que somente então haja o devido julgamento. Portando, levando em considerando tal princípio constitucional a decisão exposta foi correta.
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