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FILME - MENTES PERIGOSAS

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FILME: MENTES PERIGOSAS
  
  
Iniciando em preto e branco, o filme Mentes Perigosas apresenta um bairro pobre com casas grafitadas e pichadas, ao som de um Rap, como fundo musical, mostrando se tratar de uma história de jovens que vivem na periferia, em um gueto, de uma grande cidade norte-americana, onde latinos e afrodescendentes coabitam. 
Passando diversos ônibus escolares diante da escola Parkmont High School, o filme passa a ter cor. O ambiente é bem diferente das imagens anteriores, perceptível na pintura do prédio escolar, envolto de árvores com som de falatório dos estudantes.
Lou Anne Johnson, interpretada por Michelle Pfeiffer, é uma ex-oficial da marinha norte americana que, recebida em seu primeiro dia de trabalho pela assessora da direção da escola, vê-se contratada, porém largada à mercê de seus próprios esforços e entendimentos, buscando encontrar a sala de aula em que lecionará inglês, onde percebe estar diante dos novos desafios que escolheu ao aceitar ocupar a vaga de professora da turma da sala 107 dos bangalôs da Parkmont High School.
Dividida em duas alas, Lou Anne ministrará suas aulas na ala chama Academia, onde se localizam os bangalôs, afrodescendentes e latinos. Estando na ala mais quente da escola, Lou Anne não se vê intimidada com os desafios que tem ao se deparar com a realidade de seus alunos, que tem a classe de aula como ponto de encontro, onde dançam, escutam música, namoram, conversam como se estivessem na sala de suas próprias casas. O desinteresse dos alunos para com o ensino é gritante e todas as formulações de aulas, preparadas com antecedência pela professora dissipam-se diante deste novo cenário. 
Sozinha, porém cônscia da amizade de um velho professor efetivo da escola, o qual lhe apresentou à Parkmont High School para que ela pudesse realizar um sonho antigo, o de lecionar, Lou Anne se vê diante da difícil tarefa de transformar a indisciplina, falta de respeito aos professores e pouco caso de seus alunos para com os estudos em uma nova realidade.
Caracterizados como pobres, rebeldes, problemáticos, violentos, delinquentes e com alto índice de reprodução escolar, os estudantes afrodescendentes e latinos que frequentam a Parkmont High School compõem um ‘sui generis’ e triste quadro sociocultural: os fracassados e párias da sociedade, cujas vidas estão fardadas ao fracasso como refugos humanos.  
Esses mesmos estudantes são apresentados pela assessoria da direção como um grupo de jovens passionais, inteligentes, desafiadores, especiais, e, apenas, com alguns problemas sociais, escamoteando as reais condições de vida e aprendizagem dos alunos.
Conquistar a confiança, assegurar a atenção dos alunos, facilitar o processo ensino-aprendizagem e cuidar do equilíbrio psicológico e social dessa turma é o desafio proposto à nova docente, que tem ciência que a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso escolar é de inteira responsabilidade do educador e que o exercício da docência pode ser, além de solitário, com inúmeras responsabilidades e vertentes que não se restringem somente à formação acadêmica. 
Diante deste quadro tão incomum e repleto de dificuldades, como a falta de material didático, Lou Anne pensa em desistir, porém resiste à tentação e aceita o desafio. Procurando por respostas, vasculha livros e manuais de disciplina, porém nada parece se adequar à realidade que está vivenciando. Após refletir a situação, encontra em sua mente uma saída: muda a sua forma de vestir, traz à tona a sua própria experiencia profissional vivida na marinha, abre as portas de sua vida particular e até ensina técnicas de lutas, entre outras. Seu programa educacional é baseado na lei da recompensa e valorização do potencial de cada discente. A partir deste instante os alunos começam a mudar seu comportamento, sua forma de falar e agir e já não veem a professora como uma intrusa, querendo ser melhor do que eles por ser de raça branca e de um outro nível sociocultural financeiro. Lou Anne experimenta uma nova fase, onde a aprendizagem é viva, de mão dupla e que o ambiente escolar se constitui de um ‘lócus’ de constante estudo, pesquisa, inovação e interação entre mestre e alunos.
Duramente criticada e advertida pelo diretor da escola, um afrodescendente, fica claro que ela sofreria um processo disciplinar caso ela não siga a política e currículo preestabelecido pela secretaria da educação.
Ciente deste fato e sem apoio do corpo docente da escola, com exceção de seu amigo, Lou Anne continua a lecionar baseada na metodologia desenvolvida dentro das quatro paredes de sua sala de aula e a cada novo dia, ela se vê envolvida nas histórias de vida dos alunos, buscando soluções e aprimoramento para uma melhor qualidade de vida deles.
A dinâmica estabelecida por Lou Anne revela que o cotidiano escolar está repleto de inter-relações, como por exemplo: a escola e a comunidade, o conteúdo escolar e as experiências de vidas, o relacionamento entre professor e aluno, o relacionamento dos alunos entre si, o relacionamento entre os professores, o relacionamento com as estruturas de poder e a burocracia escolar. Percebe-se, consequentemente, que existe um entrelaçamento entre subjetividade, valores, emoções, crenças e preconceito, ou seja, tensões significativas, evidenciando na escola a complexidade da qual se reveste a prática pedagógica e a as condições de vida da maioria da população. 
Cônscia deste engendramento, a professora procura a assessoria da direção para entender por que uma de suas alunas, que está grávida, será transferida para outra instituição educacional. A par do programa específico que adolescentes grávidas adentram, entende que a instituição prefere deixar de fora, sem esperanças de estudo para uma vida melhor este tipo de problemática, a enfrentá-la, trazendo consciência às consequências de atos realizados.
Outro fator que chama atenção neste filme é a concepção de filhos trazerem dinheiro para casa e que o estudo é um luxo desnecessário, informação esta vinda de uma mãe que não deixou seus dois filhos irem à escola, quando visitada e questionada pela professora. 
Lou Anne apresenta músicas de Bob Dylan e as compara com a poesia de Thomas Dylan, sendo que os alunos, além de aprender a pesquisar e fazer uso da biblioteca, incrementam seu conhecimento, alargando seus horizontes, quebrando estigmas culturais, onde a classe menos favorável tem acesso à cultura, desenvolvendo hábitos que outrora pertenciam somente à classe dominante.
	Com a morte de um aluno viciado em crack, tanto a professora como a turma de alunos ficam desolados. Se retirar do meio letivo foi o primeiro impulso de Lou Anne, porém os alunos questionam sua decisão através da letra das músicas de Bob Dylan e através deste ato ela permanece no meio letivo e seu programa pedagógico é introduzido nas escolas públicas norte-americanas. 	
Lou Anne Johnson conseguiu vencer as barreiras de sua própria limitação, conquistando o impossível para ela, mas a Deus, não.
Mudar e criar novas condições de estudo para uma classe estudantil exige esforços, dedicação e ciência de que nem sempre será um mar de rosas. Desafios, batalhas, tanto no meio estudantil, como na docente e direção podem desanimar, ou até mesmo esgotar as forças, mas é na persistência do dia a dia que as transformações vêm à tona. É no plantar hoje e colher amanhã que o ensino está pautado e fundamentado. O processo de aprendizagem é vivo e mutável. Não se parte de uma premissa única de educação, mas é necessário deixar a mente aberta para conquistar novos terrenos e despertar interesses. A aprendizagem é uma via de mão dupla: quanto mais ensino, mais aprendo, portanto viva e passível de mudanças simples ou drásticas. 
Como futuros mestres que seremos, uma única certeza temos diante mão: “sabemos que nada sabemos, pois, o saber vem de uma fonte de águas límpidas que nos enche conforme nos colocamos à disposição”.

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