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RESUMOS DE DIREITO PENAL_A Intervenção Mínima e a Subsidiariedade das normas penais

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1 
 
 
 
 
RESUMOS DE DIREITO 
PENAL 
 
 
Quem Sou? 
Advogada, especialista em Direito Penal, Processo Penal e Direito Tributário. 
Apaixonada pela produção de conteúdo jurídico online. 
Entusiasta na confecção de materiais jurídicos práticos para estudantes e profissionais 
do Direito. 
 
https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/ 
 
https://www.linkedin.com/in/anna-paula-cavalcante-g-figueiredo/
 
 
2 
A Intervenção Mínima e a 
Subsidiariedade das normas penais1 
 
O princípio da intervenção mínima surge da inquietação dos juristas e filósofos 
modernos com as penas cruéis, corporais e infamantes que eram usualmente 
empregadas durante a Idade Medieva, quando o poder punitivo estatal se 
confundia com o poder espiritual da Igreja Católica. Nesse contexto, temos o 
destaque da célebre obra de Beccaria, que buscava dar ao Direito Penal uma 
concepção mais racionalista e proporcional, de modo que o infrator de normas 
penais passou a ser vislumbrado como um sujeito que deveria ser penalizado de 
acordo com a proporcionalidade do mal causado à sociedade. 
Tem-se, portanto, a evocação do necessário caráter humanitário da pena e do 
Direito Penal como um todo. Tais ideias contidas em “Dos Delitos e Das Penas” 
foram absorvidas e desenvolvidas pelos Iluministas, ganhando relevo no 
universo jurídico por meio da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, 
datada de 1789, que 
(...) estatuiu (...) em seu art. 8.º, que a lei somente deve 
prever as penas estrita e evidentemente necessárias. 
Surgia o princípio da intervenção mínima ou da 
necessidade, afirmando ser legítima a intervenção penal 
apenas quando a criminalização de um fato se constitui 
meio indispensável para a proteção de determinado bem 
ou interesse, não podendo ser tutelado por outros ramos 
do ordenamento jurídico. 2 
 
 
1 Título adaptado do Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade Damásio para a 
obtenção do título de Especialista em Direito Penal. 
2 MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado – parte geral. 9. ed. rev. atual. e ampl. 
Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015. v. 1. p 177,5. E-book. 
 
 
3 
Observe-se que, a partir de então, passa-se a conceber que ao direito criminal 
compete a proteção dos bens que são vitais para a sociedade, que não possam 
ter uma proteção menos rigorosa. Por essa razão, a pena se faz justa quando 
imprescindível para garantir a manutenção da ordem jurídica e da segurança da 
sociedade. 
Em nosso ordenamento jurídico o princípio, embora não seja verificado de 
maneira explicita, é vislumbrado como uma derivação do princípio da dignidade 
da pessoa humana, conforme já dito, insculpido no artigo 1º, inciso III, do texto 
constitucional. Decerto, a proteção à dignidade da pessoa humana impõe o 
reconhecido da máxima liberdade conferida às pessoas e, por conseguinte, tem-
se a limitação da intervenção estatal nas mesmas. Some-se que o princípio da 
intervenção mínima também é verificado pela inteligência do artigo 5º, caput, 
da Constituição Federal, que consagra a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à segurança e à propriedade, os quais são de essencial proteção no 
Estado Democrático de Direito. 
No Estado Democrático de Direito, inaugurado com a promulgação da 
Constituição Federal de 1988, a dignidade da pessoa humana passou a ser 
considerada como o centro do nosso sistema jurídico, de modo que toda e 
qualquer norma nele existente deve verificar a proteção da pessoa, sob pena de 
ser declarada inconstitucional. Também o sistema criminal passou a ser 
concebido sobre uma dupla perspectiva, a saber, a de proteção social e a de 
proteção do próprio agente infrator das normas jurídicas, uma vez que as 
normas penais são vislumbradas como limitadoras do direito estatal de punir. 
Nesse contexto, passa-se a compreender que o Direito Penal deve ter uma 
aplicabilidade restrita, resguardada a situações excepcionais, quando outros 
ramos menos gravosos da ciência jurídica não apresentarem uma tutela apta e 
eficaz. Daí a ideia de um Direito Penal de ultima ratio, isto é, sendo a última 
forma de controle social a ser utilizada pelo Estado. E, assim o é, porque o 
 
 
4 
Direito Penal possui o condão de cercear a liberdade das pessoas de maneira 
gravosa, traduzindo-se na imposição da força estatal sobre os indivíduos. 
Em razão da força limitadora que o Direito Penal exerce sobre as liberdades 
individuais é que se verifica a necessidade de que ele seja empregado em 
situações excepcionais e restritas. A justiça criminal deve ter seu emprego tão 
somente em situações nas quais outros ramos do Direito não sejam capazes de 
fazer cessar os conflitos hodiernamente verificados em sociedade, sendo “(...) 
meio necessário para a prevenção de ataques contra bens jurídicos importantes” 
3. 
É por essa razão que se diz em uma intervenção mínima do Direito Penal, pois 
ele somente será utilizado em situações específicas e restritas, quando se 
verificar que apenas a criação de uma norma penal incriminadora é capaz de 
solver as lides sociais. Essa é a posição sedimentada em nossos Tribunais 
pátrios, tendo o Superior Tribunal de Justiça já se manifestado nos seguintes 
termos: “(...) De acordo com o princípio da intervenção mínima, o direito penal 
não deve interferir em demasia na vida em sociedade, devendo ser utilizado 
somente quando os demais ramos do direito não forem suficientes para 
proteger os bens de maior importância (...)” 4. 
Com o brilhantismo que lhes são comuns, os professores Gustavo Junqueira e 
Patrícia Vanzolini, ratificam o supracitado e afirmam que 
em uma expressão mais moderna, o referido princípio 
significa que o Direito Penal, pela violência que lhe é 
imanente, deve ser reservado como última medida de 
controle social. Dito de outra forma, o Direito Penal deve 
ser o último recurso ao qual o Estado recorre para proteger 
determinados bens jurídicos e somente quando outras 
 
3 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – parte geral. 17. ed. rev. ampl. e atual. 
São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1. p. 98,5. E-book. 
4 Enxerto retirado do HC 215.522/RS, Rel. Min. Gurgel de Faria, Quinta Turma, Julgado em 
20/10/2015, DJe 10/11/2015. 
 
 
5 
formas de controle não forem suficientes para alcançar tal 
resultado 5. 
 
Registre-se que o princípio da intervenção mínima tem como destinatários o 
legislador e o intérprete do Direito. Àquele, porque lhe compete observar os 
anseios sociais e criminalizar condutas que se mostrem lesivas; em sua atividade 
deve ter temperança e moderação. De outro modo, aos operadores do Direito 
exige-se que se pautem no princípio da intervenção mínima para que tenham a 
sensibilidade de perceber situações em que o tratamento jurídico por sanções 
não penais se mostrem suficientes, ainda que seja possível a incidência de um 
tipo penal incriminador. 
Para Nucci a noção de ultima ratio do Direito Penal é necessária para que não 
haja a banalização e o esvaziamento das sanções penais. O ilustre jurista 
argumenta no sentido de que se as sanções penais fossem aplicadas de forma 
generalizada, poderiam cair em descrédito e ineficácia diante da sociedade, 
sendo reiteradamente descumpridas. Para justificar seu raciocínio, Guilherme 
de Souza Nucci nos cita as penalidades impostas pelo Código de Trânsito 
Brasileiro (Lei n. 9.503/1997) aos condutores de veículos automotores que 
infringem suas normas. Por certo, as penalidades administrativas que podem, 
inclusive, culminar com a cassação da carteira nacional de habitação são mais 
temidas que eventuais multas penais que pudessem ser impostas quando do 
cometimento de infrações de trânsito. 
Registre-se, ainda, que além de impor a seleção da incidência das normas penais 
apenas para a proteção daqueles bens mais caros à sociedade, sobre outra 
perspectiva, pode-se conceber o princípio da intervençãomínima como 
justificante de medidas despenalizadoras. Ora, é imperioso que se reconheça 
 
5 JUNQUEIRA, Gustavo Octaviano Diniz; VANZOLINI, Patrícia. Manual de direito penal – parte 
geral. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. p. 38. 
 
 
6 
que a valoração dos bens jurídicos na sociedade é variante, sofrendo mutações 
ao longo do desenvolvimento social e, por essa razão, ao longo do tempo 
mudam-se conceitos, valores e bens sociais que são considerados mais 
estimados. Assim diz Rogério Greco: 
O legislador, por meio de um critério político, que varia de 
acordo com o momento em que vive a sociedade, sempre 
que entender que os outros ramos do direito se revelem 
incapazes de proteger devidamente aqueles bens mais 
importantes para a sociedade, seleciona, escolhe as 
condutas, positivas ou negativas, que deverão merecer a 
atenção do direito penal (...) 
O princípio da intervenção mínima, ou ultima ratio, é o 
responsável não só pela indicação dos bens de maior 
relevo que merecem a especial atenção do Direito Penal, 
mas se presta, também, a fazer com que ocorra a 
chamada descriminalização. Se é com base neste princípio 
que os bens são selecionados para permanecer sob a 
tutela do Direito Penal, porque considerados como os de 
maior importância, também será com fundamento nele 
que o legislador, atento às mutações da sociedade, que 
com a sua evolução deixa de dar importância a bens que, 
no passado, eram da maior relevância, fará retirar do 
nosso ordenamento jurídico-penal certos tipos 
incriminadores. 6 
 
Lembre-se, por exemplo, que quando da criação do Código Penal brasileiro em 
1941 houve a criminalização do adultério no artigo 240, do Código Penal, 
inserido no capítulo dos Crimes Cometidos Contra a Família. À época previa-se a 
pena de detenção de quinze dias a seis meses para aqueles que praticassem o 
adultério. Com a evolução da sociedade brasileira o crime em questão viu-se 
esvaziado de eficácia jurídica, de modo que a Lei n. 11.106/2005 retirou-o do 
nosso ordenamento jurídico. Explique-se que dizer da revogação do crime de 
 
6 GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral. 19. ed. rev. amp. atual. Até 1º de janeiro 
de 2017. Rio de Janeiro: lmpetus, 2017. v. 1. p. 127. E-book. 
 
 
7 
adultério não implica em dizer da aceitação de tal prática em nossa sociedade, 
pois, inclusive, os Tribunais pátrios vêm reconhecendo na contemporaneidade a 
possibilidade de indenização por danos morais em casos de adultério 7. Veja-se, 
portanto, que embora haja a repressão do adultério, ela não se faz por meios 
penais, mas sim por leis civis que se mostram aptas e suficientes para solver a 
lide criada no seio familiar. 
Também se observa a influência de um Direito Penal mínimo quando da edição 
da Lei n. 11.343/2006, conhecida no meio jurídico como a nova Lei de Drogas, 
que veio para substituir a Lei n. 6.368/1976, que tratava do tema até então. Na 
lei revogada o tratamento dispensado ao usuário previa a privação de sua 
liberdade, ainda que de forma menos rigorosa do que aquela prevista para os 
traficantes. Com efeito, o artigo 16 da referida lei prescrevia o seguinte: 
Lei n. 6.368/1976 (revogada) 
(...) 
Artigo 16. Adquirir, guardar ou trazer consigo, para o uso 
próprio, substância entorpecente ou que determine 
 
7 Nesse sentido, tem-se o julgado a seguir: “DANO MORAL. INFIDELIDADE CONJUGAL. DEVER 
DE FIDELIDADE E LEALDADE. VIOLAÇÃO PELO CÔNJUGE. ESPOSA TRAÍDA. MOTIVO DE 
CHACOTA. DEPRESSÃO. ABALO PSICOLÓGICO. EXTENSÃO. CARACTERIZAÇÃO. VALOR DA 
CONDENAÇÃO. MAJORAÇÃO. POSSIBILIDADE. Viola os deveres de fidelidade e lealdade o 
cônjuge que - após uma relação extraconjugal, da qual advém uma gravidez - ocasiona imenso 
sofrimento à esposa, até mesmo quadro de depressão, donde emerge o dano moral. No 
tocante ao quantum indenizatório por dano moral, o valor da condenação deve ser majorado 
quando não se coaduna com a extensão dos danos sofridos pela vítima. O juiz deve primar pela 
razoabilidade na fixação dos valores de indenização, dependendo sempre do grau de culpa, 
intensidade da repercussão e condições do ofensor e do ofendido”. (TJRO, AP 
02623247520088220001/RO, 0262324-75.2008.822.0001, Rel. Des. Miguel Monico Neto, 
Segunda Câmara Cível, Julgamento em 20/01/2010, DJ 29/03/2010). 
Em igual sentido: “APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE DIVÓRCIO C/C PARTILHA DE BENS E DANO 
MORAL. VIOLAÇÃO DOS DEVERES DO CASAMENTO. INFIDELIDADE CONJUGAL. ADULTÉRIO. 
RECURSO DO RÉU (...) PROVA INEQUÍVOCA DA TRAIÇÃO CONJUGAL. SITUAÇÃO GERADORA DE 
CONSTRANGIMENTO. DANO MORAL CONFIGURADO. PRECEDENTES DE DIVERSOS TRIBUNAIS 
PÁTRIOS. VERBA ARBITRADA EM QUANTIA ADEQUADA, DIANTE DA EXTENSÃO DA OFENSA E 
CAPACIDADE ECONÔMICA DAS PARTES, ALÉM DO CARÁTER DIDÁTICO (...)”. (TJSC, AP Cível n. 
2013.062427-1, Rel. Des. Domingos Paludo, Julgado em 26/06-2014). 
 
 
8 
dependência física ou psíquica, sem autorização ou em 
desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Pena - Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e 
pagamento de (vinte) a 50 (cinquenta) dias-multa. 
 
Com a evolução da sociedade brasileira e das discussões criminais sobre o 
tráfico de drogas no Brasil, passou-se a conceber a necessidade de uma justiça 
restaurativa para o usuário; isto é, para aquele indivíduo compreendido como 
um dependente químico que necessita de tratamento para superar seu vício, 
sendo desnecessária e quiçá prejudicial sua inserção no sistema prisional. 
Diante dessa nova compreensão a Lei n. 11.343/2006 trouxe um tratamento 
diferenciado para usuários e traficantes, estando esses incursos nas iras do 
artigo 33, ao passo que aqueles possuem o tratamento diferenciado previsto no 
artigo 28 da lei. Veja-se: 
Lei n. 11.343/20006 
(...) 
Artigo 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, 
transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, 
drogas sem autorização ou em desacordo com 
determinação legal ou regulamentar será submetido às 
seguintes penas: 
I - advertência sobre os efeitos das drogas; 
II - prestação de serviços à comunidade; 
III - medida educativa de comparecimento a programa ou 
curso educativo. 
§1º. Às mesmas medidas submete-se quem, para seu 
consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas 
destinadas à preparação de pequena quantidade de 
substância ou produto capaz de causar dependência física 
ou psíquica. 
§2º. Para determinar se a droga destinava-se a consumo 
pessoal, o juiz atenderá à natureza e à quantidade da 
substância apreendida, ao local e às condições em que se 
 
 
9 
desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, 
bem como à conduta e aos antecedentes do agente. 
§3º. As penas previstas nos incisos II e III do caput deste 
artigo serão aplicadas pelo prazo máximo de 5 (cinco) 
meses. 
§4º. Em caso de reincidência, as penas previstas nos 
incisos II e III do caput deste artigo serão aplicadas pelo 
prazo máximo de 10 (dez) meses. 
§5º. A prestação de serviços à comunidade será cumprida 
em programas comunitários, entidades educacionais ou 
assistenciais, hospitais, estabelecimentos congêneres, 
públicos ou privados sem fins lucrativos, que se ocupem, 
preferencialmente, da prevenção do consumo ou da 
recuperação de usuários e dependentes de drogas. 
§6º. Para garantia do cumprimento das medidas 
educativas a que se refere o caput, nos incisos I, II e III, a 
que injustificadamente se recuse o agente, poderá o juiz 
submetê-lo, sucessivamente a: 
I - admoestação verbal; 
II - multa. 
§7º. O juiz determinará ao Poder Público que coloque à 
disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de 
saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento 
especializado. 
(...) 
Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, 
fabricar, adquirir, vender, expor à venda, oferecer, ter em 
depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, 
ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda 
que gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com 
determinaçãolegal ou regulamentar: 
Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e 
pagamento de 500 (quinhentos) a 1.500 (mil e quinhentos) 
dias-multa. 
 
Perceba-se, portanto, que partindo da concepção de uma intervenção mínima 
tem-se a destinação da sanção criminal mais severa exclusivamente aos 
 
 
10 
traficantes, pois estes são os grandes alimentadores do tráfico de drogas no 
país. Por essa razão, a eles deve-se destinar um tratamento penal mais severo e 
repressor, que vise aniquilar sua atividade nociva à sociedade. De outro modo, 
ao simples usuário devem-se garantir meios de libertar-se de seu vício, 
recebendo gratuitamente tratamento de saúde especializado, sendo afastada a 
possibilidade de lhe serem aplicadas penas restritivas de sua liberdade. Para 
Renato Brasileiro a premissa adotada é a de que 
(...) o melhor caminho é o da educação, e não o da prisão, 
que, nesse caso, traz poucos senão nenhum benefício à 
saúde do indivíduo. De mais a mais, é fato que a prisão de 
usuários não traz nenhum benefício à sociedade. A uma 
porque impede que a eles seja dispensada a atenção 
necessária, inclusive com tratamento eficaz para eventual 
dependência química. A duas porque a imposição de pena 
de prisão ao usuário faz com que este passe a conviver 
com agentes de crimes muito mais graves, oque pode 
funcionar como fator de profissionalização de criminosos. 8 
 
Seguindo. Da concepção da intervenção mínima surge a ideia da subsidiariedade 
ou da necessidade das normas penais, que somente podem intervir no seio da 
sociedade quando medidas civis ou administrativas se mostrarem ineficazes. 
Assim, permite-se ao Estado fazer o uso do Direito Penal e de suas graves 
sanções somente em situações que outros instrumentos jurídicos não penais se 
mostrem infrutíferos para punição e composição de conflitos. Nesse sentido, o 
Direito Penal “deve servir como a derradeira trincheira no combate aos 
comportamentos indesejados, aplicando-se de forma subsidiária e racional à 
preservação daqueles bens de maior significação e relevo” 9. 
 
8 LIMA, Renato Brasileiro de. Legislação criminal especial comentada. 3. ed. rev. e atual. 
Salvador/BA: JusPodivm, 2015. p. 705-706. 
9 CUNHA, Rogério Sanches. Manual de direito penal: parte geral (arts. 1º ao 120). 4. ed. rev. 
ampl. atual. Salvador, BA: JusPodivm, 2016. v. único. p. 70. 
 
 
11 
É indiscutível que o Direito Penal, em conjunto com outros ramos da ciência 
jurídica, a exemplo do Direito Civil e Administrativo, destina-se ao controle 
social. Todavia, também é inquestionável que as sanções aplicadas pela seara 
criminal são mais gravosas, pois envolvem, inclusive, a privação da liberdade do 
indivíduo. Daí surge sua necessária subsidiariedade, pois aplicável apenas 
quando outras formas de controle social não forem suficientes. Por isso, pode-
se dizer que “o Direito Penal não deve buscar a maior prevenção possível, mas o 
mínimo de prevenção indispensável” 10. Pode-se dizer que o Direito Penal atua 
como um “soldado de reserva”, 
(...) entrando em cena somente quando outros meios 
estatais de proteção mais brandos, e, portanto, menos 
invasivos da liberdade individual não forem suficientes 
para a proteção do bem jurídico tutelado. Caso não seja 
necessário dele lançar mão, ficará de prontidão, 
aguardando ser chamado pelo operador do Direito para, aí 
sim, enfrentar uma conduta que coloca em risco a 
estrutura da sociedade. 11 
 
Para Cleber Masson em um Estado Democrático de Direito a subsidiariedade do 
Direito Penal é vislumbrada quando são selecionados bens jurídicos relevantes 
para a vida social, os quais, por sua imprescindibilidade, recebem uma tutela 
penal. Essa tutela penal, visando reprimir lesões ou perigosos, impõe a 
utilização de “(...) rigorosas formas de reação, quais sejam, penas e medidas de 
segurança” 12. 
 
 
10 SALIM, Alexandre; AZEVEDO, Marcelo André de. Direito penal: parte geral. 7. ed. rev. ampl. e 
atual. Salvador/BA: JusPodivm, 2017. (Coleção sinopses para concursos; v.1/coordenação: 
Leonardo de Medeiros Garcia). p. 52. 
11 MASSON, Cleber Rogério. Direito penal esquematizado – parte geral. 9. ed. rev. atual. e 
ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2015. v. 1. p. 184,8. E-book. 
12 Idem. Código penal comentado. 2. ed. rev. atual. ampl. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
Método, 2014. p. 26. E-book. 
 
 
12 
REFERÊNCIAS 
 
BECCARIA, Cesare Bonesana. Dos delitos e das penas. Tradução J. Cretella Jr. e 
Agnes Cretella 2. ed. rev., 2. Tiragem. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. 
BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal – parte geral. 17. ed. rev. 
ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. v. 1. E-book. 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Promulgada 
em 05. out. 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. 
________. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 de dezembro de 1940. Código Penal. 
Publicado no Diário Oficial da União de 31. dez. 1940. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm>. 
________. Lei n. 6.368, de 21 de setembro de 1976. Dispõe sobre medidas de 
prevenção e repressão ao tráfico ilícito e uso indevido de substâncias 
entorpecentes ou que determinem dependência física ou psíquica, e dá outras 
providências. Publicada no Diário Oficial da União de 22. out. 1976. Disponível 
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6368.htm>. 
________. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Institui o Código de Trânsito 
Brasileiro. Publicada no Diário Oficial da União de 24. set. 1997 e retificado em 
25. set. 1997. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9503.htm>. 
________. Lei n. 11.106, de 28 de março de 2005. Altera os arts. 148, 215, 216, 
226, 227, 231 e acrescenta o art. 231-A ao Decreto-Lei no 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 – Código Penal e dá outras providências. Publicada no Diário 
Oficial da União de 29. mar. 2005. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11106.htm>. 
________. Lei n. 11.343, de 23 de agosto de 2006. Institui o Sistema Nacional 
de Políticas Públicas sobre Drogas - Sisnad; prescreve medidas para prevenção 
do uso indevido, atenção e reinserção social de usuários e dependentes de 
drogas; estabelece normas para repressão à produção não autorizada e ao 
tráfico ilícito de drogas; define crimes e dá outras providências. Publicada no 
Diário Oficial da União de 24. ago. 2006. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11343.htm>. 
________.________. Habeas Corpus n. 215522/RS. Relator: Ministro Gurgel de 
Faria. Quinta Turma. Julgado em 20. out. 2015. Publicado em 10. nov. 2015. 
Disponível em: 
<http://www.stj.jus.br/SCON/jurisprudencia/toc.jsp?livre=%28interven%E7%E3
 
 
13 
o+m%EDnima%29+E+%28%22GURGEL+DE+FARIA%22%29.min.&processo=2155
22&&b=ACOR&thesaurus=JURIDICO&p=true>. 
________. Tribunal de Justiça de Rondônia. Apelação n. 0262324-
75.2008.822.0001. Relator: Desembargador Miguel Monico Neto. Segunda 
Câmara Cível. Julgado em 20. jan. 2010. Publicado em 29. mar. 2010. Disponível 
em: <https://tj-ro.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/295229645/apelacao-apl-
2623247520088220001-ro-0262324-7520088220001>. 
________. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Apelação Cível n. 
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