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CURSO - FISIOTERAPIA Material de estudo para realização das provas de DP/ADAP Disciplina: Fisiologia do Exercício 2020-1 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO INTRODUÇÃO O estudo dessa matéria é importante para que possamos entender como e quais são os mecanismos envolvidos durante a prática de uma atividade física e como isso pode implicar no contexto clínico, tendo em vista que durante o processo de reabilitação são realizados exercícios de diversos tipos (fortalecimento, aeróbicos, metabólicos, etc.) Dessa forma, vale a pena revisar as vias metabólicas que estão envolvidas no decorrer do processo de atividades. Sabemos que existem 3 vias principais: Via ATP-CP, Anaeróbica Alática e Anaeróbica Lática. As principais características de cada uma delas está no substrato que será utilizado para fornecer energia para que o organismo consiga se manter ativo sem prejuízo na sua homeostase. Dessa forma, podemos colocar em uma escala de prioridade de utilização desses substratos. O primeiro são os carboidratos, que é o único substrato utilizado pelo tecido nervoso (encéfalo) para poder gerar energia para se manter ativo em segundo plano vem os lipídeos (gorduras) com um poder de gerar energia muito grande e em terceiro as proteínas, que ao serem utilizadas possivelmente o organismo está em sofrimento por uma demanda metabólica além do normal. VIAS METABÓLICAS ATP-CP É a via metabólica de ação rápida, onde ela irá durar entre 5 e 10 segundos. Tem como características o uso de um substrato chama creatina, que ao se ligar ao um íon fosfato gera uma molécula de fosfocreatina. Essa nova molécula que foi criada só pode ser hidrolisada por uma enzima específica chamada fosfocreatinaquinase, que tem o poder de gerar energia através de 1 ATP. Anaeróbica Alática Uma via mais complexa, porém, de ação curta cerca de 2 minutos de atividade. Nessa condição a glicose é utilizada como substrato, mas não existe a formação de lactato. Uma outra característica dessa via metabólica é que não precisa de oxigênio para acontecer, por isso o seu nome ser anaeróbica alática O processo pelo qual a glicose é quebrada para formação de energia é um tanto simples. Inicialmente, por ser uma molécula mais complexa ela precisa se transformar em uma mais simples que é a frutose, nesse ponto existe o consumo de 1 ATP. Com essa molécula mais simplificada, uma enzima (fosfofrutoquinase) entra em ação para realizar a quebra, gerando duas moléculas mais simples com três carbonos, consumindo mais um ATP. Essas moléculas de 3 carbonos passam por diversas mudanças gerando uma molécula de piruvato, cada. Nesse processo temos a formação de 4 ATP´s. Dessa forma, o saldo final da via anaeróbica lática são de 2 ATP´s. Com o substrato final sendo dois piruvatos, para cada molécula de glicose, existem dois caminhos que esse piruvato pode seguir, um deles é se manter no citosol podendo gerar lactato ou ir para as mitocôndrias onde se inicia o processo oxidativo desse substrato conhecido como glicólise aeróbica lática. Aeróbica Lática A principal característica dessa via metabólica é a presença de oxigênio em seu metabolismo. Isso é possível devido a continuidade do piruvato entrando na mitocôndria. Dessa forma, ela é oxidada através do ciclo de Krebs que ao final desse processo gera um saldo positivo de 38 ATP´s, todos advindos da formação do NADH´s, FADH´s e do processo anterior da glicólise anaeróbica. Um ponto importante pra e falar nesse momento é que nem todo o piruvato que é produzido pela quebra da glicose vai ser utilizado pela via respiratória celular, muitas vezes esse processo necessita de transportadores específicos, porém esses transportadores têm se número e velocidade limitado. Para que possamos mudar esse processo e aumentar a demanda metabólica para uma produção mais efetiva, o treinamento é o melhor caminho pois aumenta a velocidade de transporte como também aumenta a densidade mitocondrial (aumento do número de mitocôndrias) no citoplasma celular. Por isso a diferença entre pessoas sedentárias e atletas no que se diz respeito a efetividade e manutenção do treinamento. Quebra dos Lipídeos Um outro substrato que é muito utilizado para gerar energia são os lipídeos (gorduras). Por ser uma molécula maior a via metabólica utilizada para gerar energia é a aeróbica lática, porém com diversas etapas a mais quando comparado com a síntese da glicose. A principal molécula utilizada é o triglicerídio, que sofre ação de quebra pelos hormônios glucagon e adrenalina, ambos liberados após o início da prática da atividade física. Esse triglicerídeo quando quebrado forma um glicerol e três moléculas de ácidos graxos livres. Esses últimos que serão utilizados para geração de energia. Os ácidos graxos livros invadem o citosol através de proteínas responsáveis pelo seu transporte. Por ser uma molécula mais densa e complexa ele precisa ser modificado através da acilação, onde ser transforma em Acil-CoA. Com isso, fica mais fácil a penetração para a mitocôndria através da ação da CTPI e CTPII. Quando a Acil-Coa está na mitocôndria ela precisa passar por um processo de quebra, chamado de beta- oxidação (cadeia respiratória), onde tem como resultado 8 Acetil-Coa e 7 NADH´s e 7 FADH´s. Somente depois dessa quebra é possível entrar no ciclo de Krebs com um saldo final de 129 ATP´s. CURIOSIDADES Muitas vezes podemos pensar que as dietas com pouca ingesta de carboidratos seria a melhor opção para controlar a massa corporal. Se fossemos analisar apenas as vantagens metabólicas sim, pois eles geram menor substrato energético (ATP´s). Porém, em primeiro lugar nosso sistema nervoso central é dependente exclusivo de carboidratos e como vimos para que exista a quebra de gorduras ela precisa ser lançada no clico de Krebs e para que o ciclo comece a funcionar necessitamos de piruvato, substrato vindo exclusivamente da quebra de glicose, talvez o principal composto do carboidrato. Sendo assim, a ingesta de carboidratos em nossa dieta deve ser realizada, porém com controle para demanda que será necessária. Um outro ponto interessante de ser falado é a fadiga resultado de uma atividade física extrema. O principal mecanismo que isso acontece é a acidose metabólica, pois o organismo é incapaz de suportar o nível de ácido gerado pelas vias metabólicas (ácido lático ou corpos cetônicos). Esse processo pode ser revertido com o repouso da atividade, mas existem características bem marcantes desse processo. Uma delas é a dor que muitas vezes vem com a sensação de queimação. Esse fenômeno é visto devido a ativação das fibras neuronais do tipo C, que tem como resposta essa sensação de queimação. Uma outra característica da acidose metabólica muscular é perda da função muscular, devido a acidose na placa motora impedindo assim a passagem do estímulo nervoso que diminuirá a oferta de íons de cálcio principal responsável pela contração muscular efetiva e controlada e por último a falta de substrato energético devido a inativação da fosfofrutoquinase. Uma outra condição interessante são as interações entre as vias metabólicas, muitas vezes pensamos que um determinado esporte tem somente uma demanda metabólica específica e isso não é verdade. De fato, existe uma predileção para uma determinada via, porém as demais estão sendo sempre utilizadas. Um exemplo claro é no futebol, onde um jogo tem duração média de 90 minutos, ao pensar no tempo de jogo se pensa diretamente numa via mais aeróbica, porém nesse processo existem momentos de alta intensidade similares a uma prova de curta distância gerando assim um padrão da via ATP-CP ou até mesmo uma via aeróbica lática. Então, devemos ter estímulos das diversas vias metabólicas quando pensamos em atividade física, mesmo que a predominância do esporte seja seletivade uma. CONTRAÇÃO MUSCULAR Muito do que foi falado no tópico passado tem relação direta com a atividade muscular, pois ao se falar em atividade física precisamos ter a ação direta dos músculos esqueléticos. Porém, muitas vezes não é dado a importância devida a esse processo que interfere diretamente nas atividades físicas. O músculo esquelético tem em sua constituição fibras que se aglomeram em fascículos e esses fascículos quando se unem formam o ventre muscular. Todas essas estruturas têm sua cobertura específica que tem como objetivo principal dar proteção para o estresse mecânico de tração. As fibras musculares têm em sua formação estruturas microscópicas chamadas de sarcômero, que são compostos basicamente por duas bandas Z e por filamentos grossos (Miosina) e filamentos finos (Actinia, Troponina e Tropomiosina). Essa estrutura são as conhecidas como a porção contrátil do músculo. A contração muscular é um mecanismo de extrema importância e necessita de diversos controles que variam desde um controle metabólico ideal para conseguir realizar e manter a contração durante as atividades e controle neurológico, pois o início da contração é necessário um impulso nervoso. Esse impulso nervoso é recebido na placa motora, região de contato entre o nervo e a fibra muscular. Nesse momento existe uma depolarização das membranas e o neurotransmissor é lançado (Acetilcolina). Com isso, esse estímulo nervoso é levado para dentro da fibra muscular que vai aprofundando o estímulo através dos túbulos T. Esses estímulos vão ativando outras regiões, especificamente os retículos sarcoplasmáticos que é a estrutura responsável por armazenar os íons de cálcio fora do sarcoplasma. Dessa forma os íons de cálcio são liberados no sarcoplasma e assim é possível o início da contração muscular. A contração muscular é iniciada quando os íons de cálcio se ligam a tropomiosina que por sua vez arrasta a troponina, liberando assim o sítio de ligação entre a actina e miosina. Quando acontece a ligação entre miosiona e actina chamamos essa ligação de ponte cruzada, é nesse momento que existe a utilização de um ATP. Posteriormente, existe o arraste da actina sobre a miosina e essa ponte cruzada precisa ser desfeita, onde ocorre novamente mais um gasto de ATP. Para que exista um encurtamento no sarcômero diversas ligações precisam feitas e desfeitas, gerando assim uma demanda energética significativa. SISTEMA CIRCULATÓRIO Um outro sistema que é de extrema importância para o controle durante o exercício é o sistema cardiovascular. Como sabemos, a maior parte dos substratos energéticos são produzidos em áreas diferentes das que serão utilizadas, para esse transporte o sistema circulatório é o caminho e para isso ele precisa está funcionando perfeitamente e desordens nele podem gerar déficits de rendimento ou problemas de origem sistêmica. Um dos problemas que enfrentamos nesse contexto são as hipertensões arteriais, onde diversos fatores estão influenciando nesse fenômeno entre eles o aumento da viscosidade do sangue como também o aumento da resistência periférica, onde esses problemas irão prejudicar no débito cardíaco. O débito cardíaco que é o resultado entre a frequência cardíaca e o volume sistólico. Uma variável que podemos modular para melhorar essa variável, através do exercício, é a frequência cardíaca com a modulação através do sistema nervoso autônomo. Com isso, podemos pensar em exercícios para a modulação da pressão arterial sistêmica de diversas formas desde exercícios isométrico, a exercícios aeróbicos bem como exercícios resistidos. SISTEMA ENDÓCRINO Esse sistema é de extrema importância pois a maioria das modulações do corpo humano necessita da ação hormonal advinda da ação do sistema endócrino. Os exercícios físicos são responsáveis pela ativação da principal região controladora de hormônios, a hipófise. Desse sistema hipofisário são retirados os hormônios responsáveis pelo controle da diurese (ADH), controlando assim o controle de perda de líquidos através da sudorese ou retenção hídrica. Nesse contexto, podemos pensar nesse hormônio como um controlador importante durante a prática de atividade física, pois a perda de líquido pode interferir diretamente no controle da pressão arterial, também. Um outro hormônio que é de extrema importância para ser controlado durante a atividade física é o hormônio do crescimento (GH), esse hormônio tem importância para condições de hipertrofia bem como para restauração dos limiares de lesão muscular. Outros hormônios são de extrema importância para o desempenho durante as atividades físicas, entre eles a adrenalina e noradrenalina, beta endorfinas e o cortisol. Uma variável de extrema importância para ser controlada durante as atividades físicas são os hormônios sexuais, principalmente, entre as mulheres, devido a síndrome da mulher atleta. Essa condição é comum em mulheres que atuam em alto nível de atividade física, onde os níveis hormonais são alterados gerando assim problemas no ciclo menstrual, na saúde óssea e metabólica, pois como vimos anteriormente precisamos de níveis adequados de hormônios para manter a homeostase. Outra condição que o exercício consegue atuar de forma benéfica é no controle da ação do pâncreas através da ação da insulina, principalmente em pessoas obesas, que tem a barreira lipídica que impede a ligação da insulina ao seu receptor para a utilização da glicose no sistema energético. Bioenergética O termo bioenergética refere-se às fontes de energia para a atividade muscular. O termo energia é simplesmente definido como a habilidade de fazer trabalho. A fonte de energia do organismo humano provém dos nutrientes encontrados em nossa alimentação. A energia adquirida através dos alimentos, precisa ser transformada em um composto chamado trifosfato de adenosina (ATP) antes que possa ser aproveitada pelo organismo para a ação muscular (WILLIAMS, 1995). Descubra a faculdade certa pra você em 1 minuto! O Corpo processa três tipos diferentes de sistema para a produção de energia. Os sistemas se diferem consideravelmente em complexidade, regulação, capacidade, força e tipos de exercícios para cada um dos sistemas de energia predominantes. Cada um é utilizado de acordo com a intensidade e duração dos exercícios. Eles são classificados em: ATP- CP , Sistema Glicolítico (Lático e Alático) e o Oxidativo (Aeróbico). ATP-CP Podendo se assumir que o sistema ATP-CP supriria a energia de no máximo 15-20 segundos para os exercícios de curta duração como sprints, lançamentos, chutes,etc... e de maior duração 30-45 segundos, como corridas de 100 e 200 m., provas de natação de 50 m. , saltos de grande amplitude e levantamento de peso. Este sistema tem predominantemente o uso de carboidratos, gorduras e proteínas. GLICOLÍTICO (Lático e Alático) O sistema ácido lático também proporciona uma fonte rápida de energia, a glicose. Ele é a primeira fonte para sustentar exercícios de alta intensidade . O principal fator limitante na capacidade do sistema não é a depleção de energia mas o acúmulo de lactato no sangue. A maior capacidade de resistência ao ácido lático de um indivíduo é determinado pela habilidade de tolerar esse ácido. Este sistema proporciona energia para atividades físicas que resultem em fadiga de 45 -90 segundos. Tendo como exemplo atividades tipo: corridas de 400-800 m. , provas de natação de 100-200 m., também proporcionando energia para piques de alta intensidade no futebol, róquei no gelo, basquetebol, voleibol, tênis, badmington e outros esportes. O denominador comum dessas atividades é a sustentação de esforço de alta intensidade com duração de 1-2 minutos. A principal fonte de energia desse sistema é o carboidrato (McARDLE et alii, 1992 ) . AERÓBICO O sistema aeróbico é um complexo de vários componentesdiferentes. Por causa de sua habilidade de utilizar carboidratos, gorduras e proteínas como fonte de energia e porque produz somente o CO2 e água como produto final , esse sistema tem capacidade ilimitada de produzir ATP. Sua complexidade e necessidade por constante suprimento de O é que limita a produção de ATP . Esse sistema fornece energia para exercícios de intensidade baixa para moderada. Fornece energia para atividades como dormir, descançar, sentar,andar e outros. Quando a atividade vai se tornando um pouco mais intensa a produção de ATP fica por parte do sisrtema ácido lático e ATP-CP . Atividades mais intensas como caminhada, ciclismo,fazer compras e trabalho em escritório também são supridas em parte pelo sistema aeróbico, até que a intensidade atinja o nível moderado-alto (acima de 75%-85% da Freqüência Cardíaca Máxima), depois é recrutado para suprir energia suplementar. Os melhores exemplos de exercícios que recrutam o sistema aeróbico são: aulas de aeróbica e hidroginástica de 40-60 min., corridas mais longas que 5000 m., natação ( mais que 1500 m.) , ciclismo (mais que 10 km.), caminhada e triathlon. Qualquer atividade sustentada continuamente em um mínimo de 5 min. pode ser considerada aeróbica. LIBERAÇÃO DE ENERGIA PELO ALIMENTOS Carboidrato: Sua função primária é fornecer energia para o trabalho celular , segundo McARDLE et alii (1983) . Ele é o único nutriente cuja energia armazenada pode ser usada para gerar ATP anaerobicamente,ou melhor ,são utilizadas nos exercícios vigorosos que requerem a liberação de energia rápida (anaeróbicos). Neste caso o glicogênio acumulado e a glicose sanguínea terão que fornecer maior parte de energia para a ressíntese de ATP. Em exercícios leves e moderados , os carboidratos atendem cerca de metade das necessidades energéticas do organismo. E são também necessários alguns carboidratos para que se processe nutrientes das gorduras e então sejam transformados em energia para os exercícios de longa duração ( aeróbicos). 1 MOL de carboidrato é capaz de produzir : 38 ATP Gordura: A gordura armazenada representa a fonte mais abundante de energia potencial. Essa fonte comparada aos outros nutrientes é quase ilimitada. Existe alguma gordura armazenada em todas as células , porém , seu maior fornecedor são os adipócitos - células gordurosas especializadas para a síntese e armazenamento de triglicerídeos - elas compreendem cerca de 90% das células. Depois que os ácidos graxos se difundem para dentro da circulação, eles são entregues aos tecidos ativos onde são removidos do tecido adiposo e assim são transferidos para os músculos (particularmente as fibras de contração lenta) onde a gordura é desintegrada e transformada em energia, dentro das mitocôndrias ,para poderem ser utilizadas como combustível. Dependendo do estado de nutrição, treinamento do indivíduo e duração da atividade física, de 30% `a 80% da energia para o trabalho biológico derivam das moléculas adiposas intra e extracelulares (McARDLE et alii , 1988) . 1 MOL de gordura é capaz de produzir : 142 ATP Proteínas: A proteína pode desempenhar um papel importante como substrato energético durante o exercício constante e treinamento pesado. Mas não é capaz de proporcionar mais que 10% à 15% da energia exigida na atividade , como o carboidrato e gordura . Para proporcionar energia, as proteínas são primeiro transformadas em aminoácidos de forma que possam penetrar prontamente nas vias para a liberação de energia através da remoção de nitrogênio dos ácidos graxos e assim serem transferidos para outros compostos. Dessa maneira, certos aminoácidos podem ser usados diretamente no músculo para obtenção de energia ( McARDLE et alii , 1992) . 1 MOL de proteína é capaz de produzir : 15 ATP O QUE É UTILIZADO PRIMEIRO: A GORDURA OU O CARBOIDRATO ? Segundo AFAA (1992) , Esse tem sido um assunto de grande preocupação entre os estudiosos. Sob condições de repouso, os ácidos graxos livres estão disponíveis e proporcionam a primeira fonte de combustível, ou seja , o metabolismo de gordura se acelera enquanto o de carboidrato é inibido. Durante exercícios de intensidade moderada (com mais de 85 % da Freqüência Cardíaca Máxima), súbitas mudanças são observadas no nível de excreção de certos hormônios. A excreção de adrenalina , por exemplo, se eleva ao mesmo tempo que é reduzido a excreção da insulina no organismo. Esses hormônios influenciam diretamente na taxa de utilização de gordura e carboidrato pelos músculos , de tal maneira que o metabolismo dessa gordura tenha predominância e tenda a se elevar com o trabalho prolongado. Ao se elevar a intensidade do exercício ( mais que 85% da F.C.M.), ocorrem mudanças estimulam a inibição da utilização da gordura pelo organismo. O maior inibidor da gordura chama-se Ácido lático. Como resultado, o metabolismo da gordura é reduzido e o carboidrato se torna a fonte mais solicitada de energia sendo utilizada pelos sistemas ácido lático e aeróbico. ASPECTOS DA PRODUÇÃO ENERGÉTICA - SEGUNDO Dr. JOSÉ MARIA SANTARÉM Quando uma pessoa realiza uma atividade considerada suave por ela, ou porque a atividade necessita de pouca energia ou porque a pessoa está bem condicionada, apenas algumas fibras musculares são utilizadas. Nesse caso a produção de energia ocorrerá pela via aeróbia, porque o oxigênio que chega pelo sangue é suficiente, e alcança todas as fibras musculares ativas. Essas atividades são chamadas aeróbias e utilizam como substratos energéticos predominantes o glicogênio muscular e os ácidos graxos livres provenientes do tecido adiposo. Atividades mais intensas utilizam maior número de fibras musculares. Quando aproximadamente 30% das fibras musculares disponíveis são recrutadas, está-se em um nível de gasto energético de transição, chamado limiar anaeróbio. Acima desse nível de contração muscular começa a ocorrer oclusão parcial da circulação sanguínea, impedindo a adequada perfusão de todas as fibras musculares e assim precipitando o metabolismo anaeróbio. Nas fases iniciais de qualquer exercício a produção de energia é anaeróbia, mesmo que a intensidade não seja alta, porque os mecanismos de captação, transporte e utilização do oxigênio levam algum tempo para aumentar a eficiência. Nas fases iniciais do metabolismo anaeróbio o substrato energético predominante é a fosfocreatina, que não forma ácido lático, e portanto, a via metabólica é denominada anaeróbica aláctica. Nas atividades mais intensas, após alguns segundos de anaerobiose aláctica, a produção energética passa a depender mais do glicogênio, que decomposto parcialmente leva à produção do lactato. Sempre que ocorre aumento de lactato a atividade é chamada anaeróbia, mas as atividades muito curtas e intensas, dependentes da fosfocreatina, também são anaeróbias mas sem produção de lactato. A produção aeróbia de energia sempre está presente mesmo nos exercícios anaeróbios, embora nas atividades intensas e muito curtas seja desprezível. No caso de exercícios contínuos intensos como pedalar ou correr com velocidade, a produção aeróbia de energia pode chegar à sua eficiência máxima, conhecida como VO2máx. Nesses casos a produção energética depende da glicólise anaeróbia, da oxidação da glicose do músculo e do sangue, e também da oxidação dos lipídeos intramusculares. Estes exercícios são acompanhados de altos níveis de lactato sanguíneo e tecidual, caracterizando atividades anaeróbias muito intensas, toleradas apenas por pessoas hígidas. Os exercícios com pesos são sempre anaeróbios porque a oclusão da circulação sanguínea intramuscular é grande. Assim sendo, a aerobiose ocorre apenas nas fases de relaxamento muscular que permitem a circulação do sangue, e é menor do que nos exercícios anaeróbios contínuos. Embora os exercícios com pesos sejam sempre anaeróbios,a intensidade somente será alta quando o grau de esforço também o for. IMPORTÂNCIA DO VO2 O VO2 máximo também chamado de consumo máximo de oxigênio representa a capacidade aeróbica máxima de um indivíduo. Na tradução, o VO2 seria a maior capacidade de oxigênio que uma pessoa consegue utilizar do ar inspirado enquanto faz um exercício físico aeróbico. Ele pode ser estimado por uma série de testes e fórmulas, mas seu valor exato só pode ser medido através do Teste Cardiopulmonar do Exercício (TCPE) também conhecido como Ergoespirometria. Esse exame feito pelo Cardiologista ou Médico do Esporte, acopla os dados obtidos no tradicional Teste Ergométrico, a análise dos gases expirados durante o exercício. Além do consumo direto do oxigênio, o TCPE fornece variáveis que adicionam diversas informações sobre as respostas dos sistemas cardiovascular, respiratório, vascular pulmonar e muscular esquelético ao estresse físico, tendo especial valor na prescrição mais precisa de exercícios físicos aeróbicos e em pacientes com doenças cardiovasculares. Qual o valor normal do VO2? Para explicar melhor vamos considerar um indivíduo em repouso, lendo um livro, por exemplo. O VO2 desse indivíduo em repouso poderia ser estimado em aproximadamente 3,5 ml/(kg.min) o que é também chamado de 1 MET (do inglês “Metabolic Equivalent of Task”) é uma medida para estimar o custo energético da atividade física, independente do peso, em que 1 MET = 1 kcal/kg/h. Esportes que mais gastam calorias: conheça o MET, seu aliado na dieta. O MET ou equivalente metabólico é uma unidade que representa o consumo de oxigênio no repouso, ou seja, 1 MET = 3,5 ml/(kg.min). No entanto, esse valor pode variar muito entre as pessoas devido a idade, sexo, hábitos, hereditariedade e condicionamento cardiovascular. Espera-se de um homem saudável que ele alcance no esforço um VO2 máximo em torno de 35 a 40 ml/(kg.min), ou seja, 10 vezes o VO2 de “repouso“ (ou 10 METS). Atletas de elite chegam a alcançar um VO2 máximo de 70 ml/(kg.min), ou seja, conseguem aumentar em até 20 vezes o VO2 de repouso. Já as mulheres possuem tipicamente um VO2 40-60% menor do que os homens, em torno de 27 a 30 ml/(kg.min). Vale lembrar que o VO2 máximo pode aumentar com o treinamento e diminuir com a idade. VO2 máximo é a mesma coisa que Limiar Anaeróbio? Não, o Limiar Anaeróbio (LA) ou 1º Limiar Ventilatório é o ponto do exercício no qual inicia-se o acúmulo de lactato no sangue, com consequente tamponamento pelo sistema do bicarbonato, elevação da produção de gás carbônico (VCO2) e necessidade de aumento da ventilação para a sua excreção. Ao contrário do que se pensa, no exercício respiramos mais rápido não porque precisamos de mais oxigênio mas para retirar o CO2 produzido pelas células. Há também o 2º Limiar Ventilatório, ou Ponto de Compensação Respiratória, que é o momento no qual se detecta a incapacidade do sistema metabólico em tamponar a acidose progressiva, resultando na necessidade de se excretar maior quantidade de CO2 através de maior hiperventilação. Porque o VO2 e o Limiar Anaeróbio (LA) são importantes para prescrever o exercício? Os limiares 1º e 2º são importantes para a prescrição do exercício pois realizá-lo muito abaixo do 1º Limiar não promove condicionamento, e muito próximo ou acima do 2º Limiar traz o risco de se trabalhar em acidose descompensada, o que não é saudável. O percentual do VO2 no LA está em torno de 50% do VO2 máximo em indivíduos normais, elevado a mais de 70% em atletas e rebaixado a cerca de menos de 30% em doentes graves. O Teste Cardiopulmonar do Exercício só serve para medir o VO2? Não, além da avaliação do VO2 máximo, do LA e do Ponto de Compensação respiratória, o exame avalia o comportamento da pressão arterial antes, durante e após o exercício. Avalia também a variação da frequência cardíaca no esforço e na recuperação, podendo ajudar no diagnóstico da asma induzida pelo exercício e as alterações patológicas cardiovasculares como o infra-desnivelamento do segmento ST e as arritmias cardíacas malignas. Além disso, diversas variáveis são avaliadas pelo médico no TCPE como o Pulso de Oxigênio, os equivalentes ventilatórios a Reserva Ventilatória, Vou iniciar um treinamento ou quero emagrecer, vale a pena fazer um TCPE? Sim, o mais importante é que o TCPE vai excluir possíveis contra- indicações que você possa ter para fazer exercício, principalmente os de alta intensidade. O Teste agregará segurança não somente para você, mas também para toda equipe de profissionais que lhe acompanham (médicos, nutricionistas, educadores físicos e o fisioterapeutas). Além disso, com a realização de exames seriados é possível que você avalie e quantifique a melhora da sua performance. Quem precisa fazer um Teste Cardiopulmonar do Exercício para medir o VO2? • Atletas amadores para prescrição adequada de exercícios • Atletas profissionais para acompanhamento de treinamento • Pessoas com queixas de cansaço ou falta de ar no exercício. • Avaliação de resposta de medicamentos (em hipertensos, por exemplo) • Para prescrição de exercícios para cardiopatas ou pneumopatas • Seleção de pacientes para transplante cardíaco ou pulmonar • Avaliação da gravidade e prognóstico da insuficiência cardíaca ou pneumopatias crônicas. • Grandes obesos e aqueles que vão ser submetidos a cirurgia bariátrica • Para risco cirúrgico ou pré-operatório Pacientes com doenças arteriais dos membros inferiores com um VO2 baixo podem ter alguma doença no coração? Durante o esforço é normal que o consumo de oxigênio suba progressivamente em qualquer indivíduo. Quando isso não acontece, o médico deve investigar, principalmente, doenças como a insuficiência cardíaca e as doenças pulmonares (pneumopatias crônicas). Segundo a classificação da American Heart Association (AHA) um VO2 pico <20 ml/(kg.min) já pode significar doença. Percepção de Esforço Físico Esforço físico, por definição: ação de forçar o corpo e os músculos. É o que acontece quando fazemos atividades que exigem bastante do nosso corpo, como carregar peso, subir muitos lances de escada, subir uma ladeira bem inclinada, correr, nadar, jogar futebol e quando praticarmos qualquer tipo de exercício físico. O que ocorre durante o esforço físico? As fibras dos músculos se esforçam para realizar a tarefa que demandamos a elas, e quanto mais força elas fazem, mais oxigênio elas consomem. Esse oxigênio é transportado pela corrente sanguínea e ao abastecerem as fibras musculares, os pulmões começam a trabalhar num ritmo bem acelerado e por consequência o coração também acelera, bombeando o sangue com mais força. Esse é o motivo pelo qual a frequência respiratória e os batimentos cardíacos aumentam durante a prática de exercícios ou quando fazemos algum esforço físico. Temos um limite, como saber? Se fizermos uma corrida e ficarmos ofegantes, significa que não temos condicionamento físico para aquela atividade. O que fazer? Começar aos poucos e buscar exercícios que ajudam a melhorar o condicionamento físico. Mas antes de tudo, antes de começar a praticar exercícios físicos, uma coisa é importante: uma criteriosa avaliação médica, pois se a nossa capacidade física não suportar determinados exercícios, isso acaba prejudicando nosso coração. O esforço excessivo pode trazer problemas também a jovens e crianças, por isso os pais devem ter o cuidado de não incentivá-los a ser “sempre melhor que o colega” em esportes, pois isso acabará fazendo com que ele se esforce intensamente para superar o colega ou um amigo, o que pode acabar gerando um esforço físico além do que o corpo dele aguenta. Gestantes devem ter muito cuidado, pois o esforço físico muito intenso pode causar um aumento no tônus uterino, que pode acabar levando a um parto prematuro.Para sabermos o nosso limite, o médico irá indicar que se faça um teste de esforço físico, chamado teste Ergométrico. O que é o teste de esforço físico – o teste ergométrico? É um teste que avalia amplamente o funcionamento cardiovascular, quando a pessoa é submetida a esforço físico progressivo, e é feito em uma esteira, ou às vezes em uma bicicleta ergométrica. É o registro da atividade do coração durante um esforço físico, através de um eletrocardiograma, que também avalia o comportamento da pressão arterial e a aptidão física. Como é feito um teste de esforço físico? O teste ergométrico é realizado por um médico especializado, em uma sala equipada com a aparelhagem adequada e com algumas medidas de precaução, como ter um equipamento para desfibrilação em caso de emergência – parada cardiorrespiratória. Não se assuste, é precaução, pois é raro que algo do tipo aconteça. A pressão arterial e os batimentos cardíacos são medidos primeiramente, em repouso. Depois são colocados eletrodos no paciente, estes ligados a um eletrocardiograma. O paciente então começa a caminhar na esteira e começa a ser feito com o protocolo escolhido. Durante o teste de esforço, perguntas vão sendo feitas ao paciente com relação aos sintomas e respostas ao esforço, como cansaço, falta de ar, dor no peito, fadiga nas pernas, sensação de perder os sentidos, desmaio, tonturas, entre outras – o paciente vai quantificando, com valores de 1 a 10. Após a primeira parte do esforço, há um descanso de 5 minutos e novamente a pressão arterial e os batimentos cardíacos são medidos. O exame dura aproximadamente uma hora e é interrompido caso o paciente fique muito cansado ou apresente exaustão, caso apresente sintomas cardiovasculares anormais ou muita alteração no ritmo cardíaco. O resultado é rápido – aproximadamente 30 minutos após o teste, já fica disponível ao paciente. Os riscos de complicações graves – como arritmias, parada cardíaca ou infarto – são muito baixos, estima-se que sejam na proporção de 1 a cada 20 mil exames. Mas não há motivos para deixar de fazer o exame por receio de complicações, uma vez que há o acompanhamento pelo médico especialista e há todos os recursos disponíveis e ao alcance para um atendimento imediato caso seja necessário. PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO EM REABILITAÇÃO 1. INTRODUÇÃO Por muitos anos os padrões de cuidado com pacientes com doenças pulmonares incluíam inatividade e descanso. Os pacientes eram considerados receptores passivos de medicamentos. Entretanto, o Programa de Reabilitação Pulmonar (PRP) encoraja justamente o contrário – a volta à vida. Make (1986) sustentou que “depois de otimizar a medicação é possível produzir melhorias na DPOC grave com Reabilitação Pulmonar”. A análise do custo-benefício tem sido investigada. Já se conhece a vantagem econômica da implantação de um PRP, uma vez que a reabilitação reduz o número de internações e proporciona condições ao retorno às atividades dos pacientes antes incapacitados e afastados de seus empregos. 2. REABILITAÇÃO PULMONAR: Conforme o I Consenso Brasileiro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) de 1999, Reabilitação Pulmonar é um programa multiprofissional de cuidados a pacientes com alteração respiratória crônica que é individualmente delineado e modelado para otimizar o desempenho físico, social e a autonomia, e também para diminuir a ansiedade, a depressão e a dependência de profissionais da saúde. É um programa de tratamento que visa devolver a independência do paciente com disfunção respiratória frente às atividades de vida diária, melhorando sua qualidade de vida. É importante salientar que a limitação ao exercício, nesses pacientes, é eminentemente ventilatória, e secundária ao desequilíbrio entre diminuição da capacidade ventilatória e ao aumento da demanda ventilatória. Sabe-se por outro lado, que em pacientes com DPOC podem interferir diversos fatores que de algum modo contribuem para o desenvolvimento de limitação ao exercício: mecânica respiratória, função muscular respiratória, hipoxemia, dispnéia, sedentarismo, função cardíaca, acidose metabólica/respiratória, disfunção muscular de membros inferiores (MMII). A maioria dos programas de reabilitação pulmonar tem uma duração de três a seis meses, com, três vezes por semana. O paciente deve ter uma avaliação integral no início e final do programa, para se avaliar a evolução da sua capacidade física e para a prescrição de um programa de manutenção domiciliar de exercício. A Reabilitação Pulmonar baseia-se em exercícios aeróbicos, que condicionam o paciente, gerando diminuição da fadiga respiratória e da dispnéia, além de alongamentos e musculação leve. O Programa de Reabilitação Pulmonar com condicionamento aeróbico melhora a função cardiorrespiratória. O efeito do treinamento parece ser decorrente das alterações da capacidade aeróbia dos músculos esqueléticos locomotores, o que acarreta menor produção de ácido lático e, provavelmente, menor retroalimentação aferente dos músculos para estimular o aumento da ventilação. O objetivo global é aumentar sua capacidade funcional e diminuir o impacto da incapacidade sobre o individuo, sua família e a comunidade, favorecendo a reintegração do paciente à sociedade. Estudos recentes têm demonstrado que os benefícios obtidos em termos de tolerância ao exercício e de qualidade de vida não são atribuídos a uma melhora nos parâmetros fisiológicos tais como: valores espirométricos, gasometria arterial e função pulmonar e cardiovascular. Como o processo patólogico é progressivo e irreversível nos pacientes com distúrbios pulmonares crônicos, a Reabilitação Pulmonar não é capaz de interfirir na deterioração progressiva da função pulmonar, no entanto pode melhorar a capacidade do paciente em realizar atividades cotidianas e a tolerância aos exercícios, atuando diretamente na melhora da qualidade de vida. Ao vencer os limites impostos pela patologia, retornando inclusive a atividades de lazer, conseguimos romper um ciclo que teria tendência a se agravar cada vez mais. O paciente se sente mais capaz e supera o quadro de depressão, muito comum nesses casos. Objetivos: -‐aumento da capacidade física -‐melhora da habilidade nas AVDs -‐diminuir sintomas pulmonares -‐diminuir o número de internações -‐melhorar habilidade no emprego -‐melhorar qualidade de vida -‐promover a integração dos pacientes -‐redução do grau de dependência em relação aos cuidados médicos Seleção: -Paciente não ser tabagista ou estar sem fumar há pelo menos 03 meses - o cigarro é o responsável por cerca de 90% dos casos da doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), caracterizada por bronquite crônica e enfisema pulmonar em proporções variáveis. - Devem estar estáveis do ponto de vista clínico - Estar motivado a participar do programa. - Estar livre de infecção pulmonar no momento de iniciar o programa. - Não devem ter outra condição incapacitante que limite sua participação no programa - Estar recebendo acompanhamento médico e ter liberação do mesmo para sua inclusão no programa. -Apresentar exame de ergoespirometria, cujos dados permitem identificar o limiar anaeróbio e conhecer o valor de índices como VO2max ou pico, VCO2, VE por minuto, etc. A Reabilitação Pulmonar (RP) é direcionada basicamente a pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entretanto mais recentemente pacientes com asma perene e fibrose cística também têm se beneficiado pelo tratamento de RP. Os pacientes com asma perene ou crônica sofrem de hiperinsulflação, aumento do tônus dos músculosrespiratórios e limitação ao exercício. Pacientes com fibrose cística apresentam, precocemente, perda de massa muscular, pelas infecções de repetição e conseqüente diminuição da capacidade física. Os pacientes com DPOC são os que mais se beneficiam, pois apresentam obstrução e destruição acinar, o que leva ao aumento do trabalho ventilatório e à fadiga da musculatura respiratória, resultando em uma diminuição da capacidade ventilatória. O desequilíbrio entre o aumento da necessidade ventilatória e a redução da capacidade respiratória levam a uma importante limitação do exercício por dispnéia. Essa dispnéia gera ansiedade e como o paciente não tem conseguido vencê-la, entra em depressão. Começa então um ciclo vicioso para a inatividade que precisa ser revertido. A DPOC atinge 8 milhões de brasileiros. Em 1998, foi responsável por 40% das mortes por doenças respiratórias em pessoas acima de 40 anos. A RP está indicada a todos os pacientes com pneumopatia que já estejam sob terapêutica adequada, mas que continuam apresentando dispnéia. Devem ainda estar estáveis do ponto de vista clínico de qualquer doença da qual possam ser portadores. Por fim, devem estar motivados e ter pleno conhecimento das dificuldades iniciais de adaptação aos exercícios. É essencial que assumam a RP como um instrumento que vai ajudá-los a recuperar muito do que a doença os privou de fazer, sabendo, entretanto que não se trata de uma terapia passiva, mas que seus benefícios terão que ser conquistados. 3. AVALIAÇÃO: Uma vez selecionados os pacientes, segundo os critérios mencionados acima, deve-se proceder às avaliações. Com base nelas será investigado como a doença influi na vida dos pacientes. Sendo essenciais os seguintes tópicos: a) Avaliação músculo-esquelética É imperativo que o fisioterapeuta entenda claramente qual é o problema que está produzindo o fator limitante à tolerância ao exercício e às atividades funcionais, se o paciente estiver sofrendo de problemas músculo-esqueléticos ou dor de qualquer tipo, é importante que isso seja avaliado e tratado, preferencialmente antes de entrar no programa. A pouca flexibilidade torácica, muito comum em pneumopatas, por exemplo, levará a uma redução na capacidade funcional e, portanto, necessitará ser tratada com exercícios suaves. Também é necessário avaliar a força da musculatura respiratória, com o manovacuômetro. b) Grau de obstrução: Através do peak flow, ou exame espirométrico. c) Tolerância ao exercício: O exercício físico proporciona a avaliação funcional do organismo em condições de sobrecarga metabólica. Portanto, vão ocorrer ajustes metabólicos, termorregulador, endócrino, celulares, cardiovascular e pulmonar adequados ao esforço (aumento do VO2 e do VCO2) que são fundamentais para manutenção do equilíbrio ácido básico e das pressões parciais de oxigênio e dióxido de carbono no sangue arterial (PaO2 e PaCO2), a níveis similares ao do repouso. O paciente deve ser submetido a um teste cardiorrespiratório de esforço, que irá fornecer ao terapeuta os dados necessários para a prescrição segura e adequada de exercícios, visando oferecer ao paciente os benefícios do treinamento aeróbio. Há muitas maneiras de proceder à avaliação da capacidade física para pacientes pneumopatas. É necessário que o paciente tenha uma certa coordenação motora, por que pode atrapalhar o desempenho final dos testes que vão ser realizados, durante a atividade física. Os testes em bicicleta ergométrica e em esteira rolante permitem maior controle sobre as variáveis de intensidade e maior precisão para prescrever o exercício, além de eliminar a preocupação com grandes áreas físicas como as que são necessárias nos testes de caminhada. A bicicleta ergométrica é mais barata do que a esteira, entretanto a última pode ser eleita se levarmos em conta que o ato de caminhar é mais funcional, proporcionando, possivelmente, melhorias mais diretas e efetivas sobre a qualidade de vida desses pacientes. Um dos maiores impasses em se prescrever a intensidade da atividade é escolher uma variável fisiológica para utilizar como marcador. O limiar anaeróbio é o parâmetro mais aceito para a prescrição de intensidade, por ser esse um ponto de estresse metabólico, refletindo as adaptações ao exercício. Contudo, não é um marcador simples de controlar do ponto de vista prático. Como marcadores mais simples podem ser usados : FC max, FC de reserva. Entretanto para indivíduos com DPOC, é difícil determinar quais os percentuais de intensidade que tenham correspondência com o limiar anaeróbio. d) Qualidade de vida: A qualidade de vida relacionada à saúde refere-se à visão subjetiva do paciente sobre seu estado de saúde, porém esta medida pode contrastar com avaliações fisiológicas, como espirometria, ou a interpretação clinica relativa ao bem estar do paciente e sua capacidade funcional. A qualidade de vida pode ser avaliada de forma quantitativa e qualitativa. A avaliação qualitativa consiste em uma entrevista com o paciente a fim de obter informações sobre o impacto da doença em sua vida. Através deste método pode-se identificar aspectos únicos e individuais dos benefícios de uma intervenção. Essa avaliação é feita através de questionários. A aplicação destes questionários pode estender o campo de informações e prover uma avaliação mais completa sobre os benefícios da Reabilitação Pulmonar. Existem dois tipos de questionários de qualidade de vida, os genéricos e os específicos. Os genéricos são formulados para avaliar pacientes com quaisquer doenças, detectando diferentes aspectos do estado geral de saúde. Os questionários específicos foram desenvolvidos para obter uma alta sensibilidade dentro de uma condição clínica específica. O primeiro questionário específico a ser publicado foi o CRQ Chronic Respiratory Questionnaire. Ele é constituído de 20 itens distribuídos em 4 domínios: dispnéia, função emocional, fadiga e compreensão da doença. As questões são formuladas para serem aplicadas sob forma de entrevista. Mostrou-se sensível às mudanças ao longo de um programa de intervenção terapêutica, entretanto não é padronizado entre pacientes ou grupo, o que impossibilita comprar populações ou resultados de estudos diferentes. A seguir estão alguns estudos feitos com o CRQ: AUTOR PACIENTES INTERVENÇÃO RESULTADO CAMBACH ET AL. 1997 HOLANDA N: 66 pacientes ambulatoriais (29 intervenção, 37 controle) idade: 37 e 66 anos VEF1: 1,4 a 3,01 Duração: 6 meses (3 de intervenção, 3 controle) Período 90 dias em 3x/ semana Programa: desobstrução, reeducação da respiração, educação, exercício físico, relaxamento e atividades recreativas Melhora na qualidade de vida e tolerância ao exercício. Após 6 meses, os ganhos na qualidade de vida foram mantidos, enquanto o mesmo não aconteceu com a tolerância ao exercício GUELL ET AL. 2000 ESPANHA N: 60 pacientes ambulatoriais e internados (30 intervenção, 30 controle) idade: 57 -71anos, VEF1: 19 a 53 % Duração: 12 meses Período variável Programa: educação, exercício físico e reeducação da respiração. Melhora da dispnéia, da capacidade de exercício e da qualidade de vida. Redução do número de hospitalizações. Os ganhos obtidos se mantiveram por 24 meses após o início do programa. Protocolo da UNIFESP- EPM No programa de Reabilitação do Lar Escola São Francisco UNIFESP- EPM, o paciente e avaliado pelos seguintes testes 1 Teste ergométrico: realizado em bicicleta ou esteira ergométrica do qual se obtém a analise do consumo Maximo de oxigênio VO2 2 Teste incremental: o paciente realiza um máximo esforço com incremento de carga e é limitado por sintomas. Neste teste são monitorizadas a freqüência cardíaca FC, pressão arterial PA ,freqüência respiratória f , saturação de oxigênio SatO2 e escala de Borg. 3 Teste endurance: baseado em 90% da carga máxima obtida no teste incremental (isocarga).Utiliza-se o controle da freqüência cardíaca submáxima e são monitorizados os mesmos parâmetros do incremental. 4 Teste de caminhada de 6 minutos: muito bem utilizado na medida do desempenho para exercícios em programas de reabilitação. Há todavia necessidade da padronização na metodologia, especialmente quanto ao tipo de intensidade de incentivo dado ao paciente durante sua realização. Estudos têm demonstrado o efeito do aprendizado em relação ao teste da caminhada, principalmente se repetidos em curto espaço de tempo (McGavin , Gripta , McHardy). Por outro lado, se o teste é realizado incentivando-se o paciente, o resultado pode ser melhor (American Thoracic Society). Pode-se utilizar as seguintes frases de incentivo padronizadas: "Você está indo bem", "Continue fazendo um bom trabalho" , há ainda as frases de incentivo padronizadas que buscam sempre melhorar e não manter o desempenho do paciente, e o teste pode ainda acontecer com ou sem acompanhamento do paciente, passo a passo. Se o examinador for caminhar à frente do paciente ele deve ter a sensibilidade e a experiência para sentir o quanto o paciente consegue acompanhá-lo, para que não haja necessidade de parar para descansar Também são avaliados os mesmos parâmetros do teste incremental. Na UNIFESP, o teste da caminhada é realizado, no mínimo, 2 vezes, sendo que a primeira vez serve para conscientizar o paciente de como deve ser realizado o teste e a segunda vez para confirmar o resultado. 5 Teste incremental para membros superiores: verifica o peso máximo que o individuo consegue levantar com seu braço dominante. Após esta avaliação ele treina com 50% da carga máxima obtida. O treinamento é feito com movimentos em diagonais para que ele treine o maior número de músculos possíveis, já que o benefício do treinamento é e músculo específico. 6 Avaliação das atividades de vida diária: feita com oxímetro de dedo para obter os valores de saturação da hemoglobina pelo oxigênio com o paciente executando suas atividades de vida diária como higiene pessoal, alimentar-se, vestir-se, trabalhos domésticos, subir e descer escadas etc. 7 Avaliação psicológica: indica o grau de motivação do paciente em relação ao programa e quanto sua doença o incomoda. 8 Avaliação nutricional UNIFESP/ ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA: Exercícios intervalados: têm como objetivo realizar um aquecimento prévio para o treinamento de membros superiores e inferiores através de uma série de doze exercícios que abordam os diversos segmentos corporais de forma intervalada. Cada exercício tem a duração de um a três minutos, com o mesmo intervalo de repouso entre eles, tendo uma duração total de TRINTA MINUTOS. Treinamento de membros inferiores: é realizado na esteira, com o objetivo de aumentar a tolerância à caminhada através da melhora da capacidade aeróbia e condicionamento físico. Esta atividade tem a duração de TRINTA MINUTOS, com freqüência de TRÊS VEZES POR SEMANA, sob a supervisão direta do fisioterapeuta que monitora a saturação de pulso de oxigênio, pressão arterial e escala de sensação de dispnéia e fadiga de membros inferiores. A carga de treinamento é individualizada e corresponde a oitenta por cento da velocidade nesse teste. Treinamento de membros superiores: tem como objetivo dessensibilizar a dispnéia para atividades que envolvam os membros superiores e a cintura escapular. É realizado através de halteres, com carga correspondente A CINQÜENTA POR CENTO do peso máximo atingido no teste incremental para membros superiores. São utilizados para este treinamento a primeira e a segunda diagonais do Método de Facilitação Neuroproprioceptiva de Kabat, pela funcionalidade e por solicitar a ação de vários grupos musculares, utilizados na realização de Atividades de Vida Diária que envolvam os membros superiores. Cada diagonal é realizada duas vezes por dois minutos cada, com intervalo de repouso de um minuto entre elas. É solicitado aos pacientes que realizem a expiração durante o movimento para que estes músculos sejam apenas utilizados para esta atividade motora, diminuindo, assim, a dispnéia. Este treinamento é realizado TRÊS VEZES POR SEMANA, com a duração de TRINTA MINUTOS CADA SEÇÃO. Alongamento: é realizado DUAS VEZES POR SEMANA, após o treinamento de membros superiores e inferiores. Composto por uma série de doze exercícios de alongamento que envolvem membros superiores, cintura escapular, tronco e membros inferiores. Esta atividade tem duração de VINTE MINUTOS. Programa de Educação: como parte de um programa de reabilitação pulmonar, a educação dos pacientes tem como objetivo principal fornecer subsídios para o paciente exercer maior controle sobre a doença . A educação isoladamente tem alcance limitado, mas como parte de um programa de reabilitação pulmonar exerce importante papel pois fornece elementos que lhe permitem aumentar sua compreensão sobre os sinais e sintomas, o que ele pode fazer em termos de auto-cuidado e de conservação de energia, quando procurar um serviço de saúde e como utilizar a medicação, deste modo melhorando sua capacidade de autonomia e cuidados próprios. O aprendizado e a educação são importantes a medida em que ajudam o paciente a desenvolver a convicção da necessidade de mudança e aumentar o seu compromisso. A educação também deve ser estendida aos familiares e cuidadores, pois vai permitir que estes tenham uma melhor compreensão sobre a doença, o impacto que ela causa no paciente e como vai ser possível auxiliá-lo. O programa de educação desenvolvido atualmente como parte do programa de reabilitação pulmonar se baseia em uma série de nove aulas teóricas realizadas semanalmente pela manha e QUINZENALMENTE à tarde. As aulas são dirigidas aos pacientes e abertas aos familiares. As aulas são ministradas pela equipe (médicos, fisioterapeutas, nutricionista, enfermeira e terapeuta ocupacional) e abordam temas relativos a doença, suas possibilidades de tratamento e como lidar com ela: conceito de DPOC, medicamentos, oxigenioterapia, reabilitação/exercício, fisioterapia respiratória, técnicas de conservação de energia, nutrição, stress/relaxamento, tabagismo/programa PREV-FUMO. De modo que os novos hábitos e atitudes adquiridos no programa sejam incorporados de maneira mais definitiva a sua vida, os conceitos aprendidos nas aulas teóricas são reforçados durante as sessões de exercício. Assim, as técnicas de conservação de energia são repetidas durante as sessões de exercício e uma vez por semana ha uma sessão de relaxamento supervisionada. Treinamento em técnica de relaxamento: esta técnica permite ao paciente descansar fisicamente, além de prepará-lo para mudança de hábitos. As sessões de relaxamento diminuem gradualmente o estado de tensão dos pacientes pneumopatas, conduzindo-os a um estado de equilíbrio, diminuindo a freqüência cardíaca e respiratória e, conseqüentemente, diminuindo o gasto energético. Outros propósitos da técnica de relaxamento têm sido a de orientar o paciente a nunca entrar em pânico, controlar o estresse, criar um novo padrão postural, ajudando-o, portanto, a diminuir a sensação de dispnéia nos períodos de exacerbação. Sessões semanais de relaxamento podem interferir positivamente sobre o esquema corporal, orientação espacial e aspectos sensoriais, perceptivos e cognitivos, como a memória, atenção e concentração. O relaxamento atua no círculo vicioso dispnéia-hipóxia-ansiedade e o seu conhecimento pode capacitar o paciente a lidar mais adequadamente com os momentos de cansaço e situações de tensão que podem ocorrer durante o dia. É realizado após o final das sessões de exercícios, UMA VEZ POR SEMANA. Prevenção:Aspectos fisiológicos: adaptações ao treinamento físico A realização do exercício constitui um estresse fisiológico para o organismo em função do grande aumento da demanda energética em relação ao repouso, o que provoca grande liberação de calor e intensa modificação do ambiente químico muscular e sistêmico. Conseqüentemente, a exposição regular ao exercício ao longo do tempo (treinamento físico) promove um conjunto de adaptações morfológicas e funcionais que conferem maior capacidade ao organismo para responder ao estresse do exercício. Desta forma, após essas adaptações, um exercício de mesma intensidade absoluta (mesma velocidade e inclinação na esteira, por exemplo), provocaria menores efeitos agudos após um período de treinamento. É importante destacar que os efeitos crônicos do exercício dependem, fundamentalmente, de uma adaptação periférica, que envolve tanto um melhor controle e distribuição do fluxo sangüíneo, como adaptações específicas da musculatura esquelética. Ocorrem modificações histoquímicas na musculatura treinada dependentes do tipo de treinamento, fazendo com que a atividade enzimática seja predominantemente oxidativa (aeróbica) ou glicolítica (anaeróbica lática). Nesta seção, apresentaremos as adaptações típicas ao treinamento físico, lembrando que elas podem ser muito heterogêneas, dependendo não só das características do exercício a ser realizado, mas também do tipo de cardiopatia e da sua gravidade, da presença de outras condições médicas associadas e da capacidade funcional prévia do paciente. Os dados que serão apresentados nesta seção são resultados de estudos clássicos que avaliaram processos fisiológicos. Em geral, são estudos experimentais presentes na grande maioria dos livros-texto de fisiologia do exercício. Sendo assim, essas informações apresentam nível de evidência B. Adaptações ao treinamento aeróbico Freqüência cardíaca - O treinamento aeróbico reduz tanto a freqüência cardíaca em repouso como durante o exercício realizado em cargas submáximas de trabalho. Esses efeitos parecem ser devidos à redução da hiperatividade simpática, aumento da atividade parassimpática, mudança no marca-passo cardíaco ou mesmo melhora da função sistólica. Apesar de o treinamento físico induzir melhora da potência aeróbica máxima, ele não modifica, de modo apreciável, a freqüência cardíaca máxima. Ou seja, pacientes treinados aerobicamente alcançarão a mesma freqüência cardíaca máxima de antes do treinamento, porém serão necessários níveis mais intensos de esforço para que essa freqüência cardíaca máxima seja alcançada 7. Pressão arterial - O treinamento físico reduz a pressão arterial de repouso e durante exercício submáximo 8. Da mesma forma que ocorre com a freqüência cardíaca, o treinamento físico parece provocar pouca alteração na pressão arterial máxima aferida no pico do esforço. Consumo de oxigênio - O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) avalia de forma específica a capacidade aeróbica de um indivíduo. O sistema de transporte do oxigênio sofre uma adaptação favorável com o treinamento físico, que se exterioriza através de maiores valores de VO2 máx. O consumo de oxigênio é determinado pelo débito cardíaco e pela diferença arteriovenosa de oxigênio. O treinamento físico aumenta a diferença arteriovenosa de oxigênio através do aumento da volemia, da densidade capilar, do débito cardíaco e da extração periférica de oxigênio durante o exercício. Nos pacientes portadores de cardiopatia, o treinamento aumenta em 10% a 30% o VO2 máx, sendo este aumento mais evidente nos primeiros três meses de treinamento 7. A melhora da potência aeróbica máxima costuma ser inversamente proporcional à capacidade física antes do treinamento, sendo os pacientes mais comprometidos os que, proporcionalmente, obtêm as melhorias mais significativas. Função ventricular - Para uma mesma intensidade de esforço submáximo, o indivíduo treinado apresenta o mesmo débito cardíaco, porém às custas de freqüência cardíaca mais baixa e volume sistólico maior 7. A maior extração periférica de oxigênio durante o exercício pode permitir que o indivíduo treinado atinja a mesma intensidade de exercício com menor débito cardíaco. Como a freqüência cardíaca no esforço máximo é semelhante no indivíduo treinado e no destreinado, o aumento do débito cardíaco ocorre devido a aumento no volume sistólico. A maioria dos estudos mostra mínima ou nenhuma melhora da fração de ejeção do ventrículo esquerdo em resposta ao treinamento físico. Nos pacientes portadores de insuficiência cardíaca, a melhora da classe funcional obtida com o treinamento físico é secundária às adaptações periféricas ao exercício, não havendo correlação entre a fração de ejeção do ventrículo esquerdo em repouso e a capacidade funcional 9,10. Metabolismo - Com o treinamento físico, a musculatura esquelética desenvolve grandes adaptações na densidade capilar, na estrutura protéica miofibrilar e na sua composição enzimática. Isso resulta em maior eficiência na utilização de lipídios como substrato energético, retardando a utilização de glicogênio muscular, prolongando o tempo de exercício e aumentando a intensidade de esforço que pode ser sustentado. Considerando as adaptações aqui apresentadas, podemos concluir que um indivíduo treinado aumenta o volume sistólico máximo, o débito cardíaco máximo e a tolerância à acidose muscular, permitindo atingir um VO2 máximo mais elevado. Desta forma, mesmo que o limiar anaeróbico (intensidade do esforço a partir da qual a produção do lactato muscular suplanta a capacidade do organismo em removê-lo) continue a ocorrer no mesmo percentual do esforço máximo, este ocorrerá durante um consumo absoluto de oxigênio mais elevado. Sendo assim, o desencadeamento de acidose ocorrerá em intensidade mais elevada de exercício. Com o treinamento aeróbico, o aumento do limiar anaeróbico pode ser proporcionalmente maior que os aumentos obtidos do VO2 máximo, caracterizando um aumento da tolerância ao exercício submáximo. Essas adaptações têm repercussões práticas, permitindo ao indivíduo treinado suportar cargas submáximas maiores por mais tempo, retardando o desenvolvimento de acidose e fadiga. Adaptações ao treinamento de força A maioria das atividades físicas que envolve contração muscular não é puramente dinâmica ou estática. Os dois tipos de contração produzem diferentes respostas hemodinâmicas, conforme será descrito a seguir. As atividades com componente estático envolvem movimentos de baixa repetição contra resistências elevadas, em que predominam contrações do tipo estáticas ou isométricas, nas quais se desenvolve tensão sem encurtamento do ventre muscular. Essa tensão muscular aumentada leva à restrição do fluxo sangüíneo muscular durante a contração, devido à compressão das arteríolas e capilares que perfundem o leito muscular, desencadeando resposta pressórica desproporcional ao consumo de oxigênio local 11-13. A pressão arterial sobe bruscamente ao início de uma contração estática, quando esta tende a limitar o fluxo sangüíneo arterial, na tentativa de manter a pressão de perfusão para a musculatura em atividade. Essa elevação ocorre tanto na pressão arterial sistólica quanto na diastólica, resultando em maior pós-carga e menor pré- carga por diminuição do retorno venoso 11-13, sendo observadas pressões arteriais médias de até 320/250 mmHg em contrações máximas dos membros inferiores. A marcada elevação da pressão diastólica é uma das principais diferenças fisiológicas entre estes dois tipos básicos de contração 11-13. Durante a contração isométrica, observa-se aumento da freqüência cardíaca, que varia de acordo com a massa muscular envolvida na contração, com a força voluntária máxima e com a duração da contração 14. Esse aumento, que não costuma ultrapassar valores entre 62,7% e 85,2%da freqüência cardíaca atingida durante um teste de esforço máximo em esteira, é o responsável pela elevação do DC, já que o volume sistólico, em geral, não se eleva durante a contração isométrica, podendo, inclusive, diminuir. Durante a contração isométrica, o aumento da pressão arterial diastólica aumenta a perfusão coronariana durante a diástole, reduzindo os episódios de isquemia miocárdica durante esse tipo de treinamento. Uma revisão de 12 estudos sobre o uso do treinamento de força em programas de reabilitação cardíaca mostrou que, em portadores de doença arterial coronariana estável, já em treinamento aeróbico por pelo menos três meses, adicionar o treinamento de força (resistência muscular localizada) parece ser bastante seguro (A), promovendo melhora da força muscular e da endurance, sem desencadear episódios de isquemia miocárdica, anormalidades hemodinâmicas, arritmias ventriculares complexas ou outras complicações cardiovasculares 15 (IIa). A força muscular é fundamental para a saúde, para a manutenção de boa capacidade funcional e para atingir qualidade de vida satisfatória. Ela pode ser aumentada através de exercícios contra sobrecargas progressivas de trabalho com componente estático cada vez mais elevado (sem ultrapassar 50-60% da força de contração voluntária máxima). Nos últimos anos, o treinamento complementar de força passou a fazer parte dos programas de reabilitação cardíaca, ajudando a melhorar a endurance muscular, a função cardiovascular, o metabolismo, os fatores de risco coronariano e o bem estar geral 16. A tabela I resume estes benefícios. Apesar de os mecanismos de melhora serem diferentes, tanto o treinamento aeróbico quanto o treinamento de força produzem efeitos favoráveis sobre a densidade mineral óssea, tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina. Para o controle do peso corporal, o treinamento de força aumenta o gasto calórico através do aumento da massa muscular magra e do metabolismo basal 16. Em indivíduos jovens, o treinamento de força eleva a resistência muscular, mas afeta pouco o VO2 máx. Em idosos, Vincent e cols. 17 demonstraram aumento superior a 20% na capacidade aeróbica após o treinamento de força durante 24 semanas, provavelmente secundário à elevação da atividade das enzimas oxidativas e por diminuição da fraqueza da musculatura nos membros inferiores, permitindo o prolongamento do tempo de exercício. Limitações cardiovasculares ao exercício Limitações fisiológicas O exercício físico caracteriza-se, fundamentalmente, pela contração muscular esquelética. A contração muscular é um processo ativo que requer energia para a movimentação das miofibrilas e pode chegar a aumentar, em muitas vezes, a demanda energética em repouso, que equivale a um consumo de oxigênio de 3,5 ml.kg-1.min-1, ou 1 equivalente metabólico (MET). Os mecanismos fisiológicos que limitam a capacidade funcional durante a realização de exercícios dinâmicos podem estar relacionados à intensidade ou à duração do exercício. Durante exercícios com cargas progressivas de trabalho, como no teste de esforço, a intensidade máxima de esforço é determinada por fatores de natureza hemodinâmica e metabólica muscular, responsáveis pela transferência de oxigênio do ar atmosférico para as células musculares. A intensidade máxima possível de exercício é definida pelo débito cardíaco e pelo volume sistólico máximo e pela concentração das enzimas oxidativas, particularmente aquelas que participam do ciclo de Krebs. Muito embora seja adequado considerar o consumo máximo de oxigênio como indicador da potência aeróbica máxima, a intensidade de esforço máximo atingida no teste de esforço depende também da potência anaeróbica, dependente da concentração de enzimas glicolíticas. Quando consideramos exercícios submáximos sustentados por longos períodos de tempo, a integridade dos mecanismos termorregulatórios e a depleção do glicogênio muscular adquirem maior importância na limitação do esforço. No treinamento de força, os mecanismos anaeróbicos da ressíntese de adenosina tri-fosfato (ATP) são mais importantes na limitação do esforço do que os aspectos hemodinâmicos. Desta forma, as funções anaeróbicas alática e lática são os principais determinantes da intensidade de esforço nos exercícios estáticos e resistidos. Além dos mecanismos metabólicos periféricos envolvendo a musculatura em atividade, a fadiga muscular também sofre grande influência da capacidade subjetiva de sustentar a contração, fazendo da motivação para o exercício outro determinante da capacidade funcional. Limitações relacionadas à presença de doenças cardiovasculares Grande parte dos pacientes com doença cardiovascular estabelecida refere diminuição da capacidade funcional, a qual se relaciona com redução no VO2 máximo obtido durante realização de teste ergométrico (B). Nesses pacientes, a capacidade de exercício é determinada pela complexa interação entre os sistemas cardiovascular, respiratório, metabólico e muscular, somada à modulação pelo sistema nervoso autônomo. Dessa forma, qualquer desequilíbrio nessa interação pode diminuir a capacidade funcional do indivíduo (B). Nos pacientes portadores de insuficiência cardíaca, a perda da capacidade funcional é dependente de alterações centrais e periféricas. As alterações centrais são decorrentes da incapacidade desses pacientes em aumentar adequadamente o volume sistólico e a freqüência cardíaca, resultando em menor fração de ejeção e menor débito cardíaco. Nos portadores de cardiopatia isquêmica, o exercício também é limitado pelo eventual desencadeamento de isquemia miocárdica (B). Do ponto de vista periférico, a perda da capacidade funcional resulta da diminuição da capacidade oxidativa do músculo esquelético, da menor perfusão muscular, da presença de disfunção endotelial, favorecendo o aparecimento de acidose ainda nas fases iniciais do exercício. A intolerância ao exercício observada nos pacientes com função sistólica preservada e déficit diastólico pode ser explicada pela redução do débito cardíaco secundária à limitação ao enchimento ventricular, com conseqüente prejuízo do mecanismo de Frank Starling (B). Pacientes com insuficiência cardíaca e hiperatividade simpática apresentam maior intolerância ao exercício quando comparados a pacientes sem disautonomia (B). Outro importante fator de limitação durante o exercício é a presença de sintomas. Pacientes portadores de cardiopatias referem mais sensação subjetiva de cansaço e de dispnéia quando comparados a indivíduos saudáveis de mesma idade e peso, (B). Muitos destes pacientes também apresentam atrofia e falta de condicionamento da musculatura respiratória. Benefícios da reabilitação cardiovascular Isquemia miocárdica Entre os benefícios fisiológicos proporcionados pelo exercício, em pacientes com doença arterial coronariana estável, incluem-se a melhora da angina em repouso (I), a atenuação da gravidade da isquemia induzida pelo esforço (IIa), a melhora da capacidade funcional (I) e o controle de alguns dos fatores de risco para doença cardiovascular (IIa). A melhora da isquemia miocárdica resulta do aumento do volume sistólico (A), da atenuação da taquicardia durante o exercício para cargas submáximas de esforço (B), da melhora na resposta vasodilatadora dependente do endotélio (B) e no aumento de perfusão na microcirculação coronariana (B). Esse último benefício deve-se, provavelmente, ao recrutamento de vasos colaterais durante o exercício, clinicamente evidenciado pela atenuação da depressão do segmento ST durante o exercício (IIa, B) 18,19 e melhora na perfusão miocárdica observada durante a cintilografia com tálio (B) 20. Além disso, o treinamento físico associado à dieta pobre em gorduras pode reduzir a progressão da placa aterosclerótica, após um ano de acompanhamento(IIa, B), ou até regredir a placa aterosclerótica em pacientes coronarianos que realizam atividade física com gasto calórico de 1784 kcal 7 a 2200 kcal/semana, após 6 anos de seguimento (B) 20. A melhora da isquemia miocárdica com o treinamento pode elevar os limiares isquêmicos relativo (limiar isquêmico atingido com carga mais elevada) e absoluto (surgimento de isquemia miocárdica com duplo produto maior). Insuficiência cardíaca Em pacientes portadores de insuficiência cardíaca, o surgimento de fadiga muscular e dispnéia durante o esforço limita a execução das atividades diárias, reduzindo a qualidade de vida. Após um período de treinamento físico regular, ocorre melhora na relação ventilação/perfusão pulmonar, na atenuação da hiperativação de receptores musculares quimiossensíveis e melhora da função respiratória por fortalecimento da musculatura respiratória (B). Nesses pacientes, o treinamento ajuda a reverter a disfunção endotelial (B), aumenta o consumo de oxigênio de pico (A) e a potência aeróbica máxima (B), melhora a capacidade oxidativa do músculo esquelético (B) e reduz a exacerbação neuro- humoral (B). Devido a esses efeitos, o exercício físico regular foi incorporado às medidas não-farmacológicas para o tratamento da insuficiência cardíaca (I, B), resultando em redução da resposta ventilatória durante o esforço, melhora da qualidade de vida e do prognóstico (I, B) 21,22. Dislipidemia A atividade física exerce uma ação favorável sobre o perfil lipídico (D), principalmente nos casos de hipertrigliceridemia, níveis diminuídos de HDL- colesterol e alterações nas subfrações do LDL-colesterol 23 (B). Triglicérides e HDL-colesterol - Uma única sessão de exercício pode diminuir os níveis de triglicérides e aumentar os níveis de HDL-colesterol de forma fugaz (B), desaparecendo o efeito num período em torno de dois dias. Isso ressalta a importância da realização regular de exercício físico no combate às dislipidemias (B). Programas de treinamento físico com um gasto calórico semanal de 1200 a 2200 kcal são suficientes para provocar um efeito favorável nos níveis de lípides séricos (B). Mesmo com mudanças mínimas no peso corporal, quanto maior o gasto calórico semanal, maiores os benefícios para a lipemia 23 (I, B). LDL-colesterol - O exercício não parece alterar os níveis plasmáticos de LDL- colesterol total, mas provoca uma diminuição das partículas pequenas e densas de LDL-colesterol e um aumento do seu tamanho médio (B). A carga de treinamento necessária para obter esse benefício equivale a um gasto calórico equivalente a 23 kcal/kg por semana, o que para uma pessoa com 75 kg equivaleria a um gasto semanal de 1700 kcal. A mudança nas partículas do LDL-colesterol provocada pelo exercício é independente de alterações nos valores do LDL-colesterol total 22 (B). Hipertensão arterial Estudos epidemiológicos têm revelado uma associação entre o baixo nível de atividade física e a presença de hipertensão arterial. Por outro lado, grandes ensaios clínicos aleatórios e metanálises 24 têm confirmado que o exercício físico regular pode reduzir os níveis pressóricos (A). Dessa forma, a partir dos "anos 1990", diversas diretrizes passaram a recomendar a prática de atividade física como meio de prevenção e tratamento da hipertensão arterial (I). Esse efeito hipotensor do exercício pode ser observado após uma única sessão aguda de exercício dinâmico, perdurando por até 24 horas (B) 25. Resultados recentes de uma metanálise, envolvendo 53 estudos clínicos controlados, mostraram que o exercício aeróbio regular leva a uma redução de 4,9 e 3,7 mmHg nos níveis de pressão sistólica e diastólica de repouso, respectivamente. Esta redução é ainda mais dramática em indivíduos de etnia negra e asiática que apresentam redução da pressão arterial sistólica em torno de 10,9 e 6,2 mmHg, respectivamente, e da pressão arterial diastólica em torno de 3,2 e 6,6 mmHg, respectivamente 24. Obesidade Embora a obesidade esteja relacionada a fatores genéticos, estudos comportamentais associam o crescimento do número de indivíduos obesos ao estilo de vida adotado pelo mundo moderno, incluindo como fator importante o estilo de vida sedentário (A). A obesidade está fortemente relacionada à prevalência de diabetes mellitus tipo II, hipertensão e doenças cardiovasculares, entre outras doenças 26 (A). Está bem estabelecido que o exercício físico regular tem efeitos favoráveis sobre as co-morbidades da obesidade, particularmente naquelas relacionadas às doenças cardiovasculares e ao diabetes mellitus Tipo II 27 (B). Indivíduos com sobrepeso ou obesos que se mantêm ativos apresentam menores níveis de mortalidade quando comparados aos indivíduos com sobrepeso ou obesos que não se exercitam (B). O exercício aumenta o metabolismo basal e a oxidação de lipídios e glicose (B), aumenta a sensibilidade à insulina, favorecendo o tratamento da síndrome metabólica muitas vezes associada à obesidade 28 (B). Portanto, dieta hipocalórica com baixo teor de gorduras associada ao exercício físico regular constitui a base do tratamento não-farmacológico para o controle das co-morbidades associadas ao sobrepeso e obesidade, com conseqüente diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares 29 (I, D). Mortalidade cardiovascular Estudos epidemiológicos indicam que o estilo de vida sedentário associa-se a um risco duplamente elevado de doença arterial coronariana 30 (I, B). Foi observada uma redução em torno de 20% a 25% no risco de morte nos pacientes pós-infarto do miocárdio que estavam em programa de reabilitação cardiovascular, quando comparados aos pacientes submetidos a tratamento convencional, não utilizando exercício (I, B). Em 1999, Belardinelli e colaboradores realizaram o primeiro ensaio clínico randomizado a demonstrar que a reabilitação cardíaca tem impacto sobre a mortalidade, como desfecho duro nesse subgrupo de pacientes 31. Dos 99 sujeitos que participaram do estudo, os cinqüenta indivíduos randomizados para programa de exercício físico por 14 meses apresentaram redução na mortalidade por todas as causas (42%), por causas cardíacas (22%), além de diminuição consistente na taxa de re-internação hospitalar por insuficiência cardíaca (19%), quando comparados aos 49 arrolados para o grupo controle (A). Tanto em pacientes portadores de cardiopatia, como em indivíduos saudáveis, observa-se uma forte associação entre baixa capacidade física e risco de morte 32 (I, B). Osteomusculares Além de melhorar o condicionamento aeróbio dos pacientes, os programas de reabilitação cardiovascular também desenvolvem a coordenação motora, aumentam a amplitude de movimentos, a flexibilidade, a resistência e a força muscular (I, B). Como resultado, pode melhorar o padrão de movimento, diminuir o gasto energético e reduzir os distúrbios músculo-esqueléticos, freqüentemente encontrados em pacientes com doenças cardiovasculares, melhorando muito o bem-estar e a qualidade de vida 33 (II, B). Diabetes mellitus Indivíduos ativos apresentam diminuição dos fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus 34 (I, A), sendo este risco diminuído em 32% quando o gasto calórico semanal é equivalente a 2.000 kcal 35 (B). Adicionalmente, a realização de 150 minutos de exercício por semana, associada à dieta, redução ponderal e controle de estresse, reduz em 53% o desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 em indivíduos intolerantes à glicose 36 (A). O treinamento físico melhora a sensibilidade à insulina e o controle glicêmico em diferentes populações, independentemente de sexo, idade e peso corporal 37 (IB). Em pacientes diabéticos tipo 2, a melhora na sensibilidade à insulina possibilita diminuição da dose ou até mesmo eliminação de hipoglicemiantes orais 38 (B). Em pacientes diabéticos tipo 1 ou tipo 2 insulino-dependentes,
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