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Apostila Fisiologia do Exercício

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CURSO - FISIOTERAPIA 
 
 
 
Material de estudo para realização das provas de 
DP/ADAP 
 
 
Disciplina: Fisiologia do Exercício 
 
 
 
2020-1 
	
   
FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 
INTRODUÇÃO 
O estudo dessa matéria é importante para que possamos entender como 
e quais são os mecanismos envolvidos durante a prática de uma atividade 
física e como isso pode implicar no contexto clínico, tendo em vista que durante 
o processo de reabilitação são realizados exercícios de diversos tipos 
(fortalecimento, aeróbicos, metabólicos, etc.) 
Dessa forma, vale a pena revisar as vias metabólicas que estão 
envolvidas no decorrer do processo de atividades. Sabemos que existem 3 vias 
principais: Via ATP-CP, Anaeróbica Alática e Anaeróbica Lática. As principais 
características de cada uma delas está no substrato que será utilizado para 
fornecer energia para que o organismo consiga se manter ativo sem prejuízo 
na sua homeostase. Dessa forma, podemos colocar em uma escala de 
prioridade de utilização desses substratos. O primeiro são os carboidratos, que 
é o único substrato utilizado pelo tecido nervoso (encéfalo) para poder gerar 
energia para se manter ativo em segundo plano vem os lipídeos (gorduras) 
com um poder de gerar energia muito grande e em terceiro as proteínas, que 
ao serem utilizadas possivelmente o organismo está em sofrimento por uma 
demanda metabólica além do normal. 
 
VIAS METABÓLICAS 
ATP-CP 
É a via metabólica de ação rápida, onde ela irá durar entre 5 e 10 
segundos. Tem como características o uso de um substrato chama creatina, 
que ao se ligar ao um íon fosfato gera uma molécula de fosfocreatina. Essa 
nova molécula que foi criada só pode ser hidrolisada por uma enzima 
específica chamada fosfocreatinaquinase, que tem o poder de gerar energia 
através de 1 ATP. 
 
Anaeróbica Alática 
Uma via mais complexa, porém, de ação curta cerca de 2 minutos de 
atividade. Nessa condição a glicose é utilizada como substrato, mas não existe 
a formação de lactato. Uma outra característica dessa via metabólica é que não 
precisa de oxigênio para acontecer, por isso o seu nome ser anaeróbica alática 
O processo pelo qual a glicose é quebrada para formação de energia é 
um tanto simples. Inicialmente, por ser uma molécula mais complexa ela 
precisa se transformar em uma mais simples que é a frutose, nesse ponto 
existe o consumo de 1 ATP. Com essa molécula mais simplificada, uma 
enzima (fosfofrutoquinase) entra em ação para realizar a quebra, gerando duas 
moléculas mais simples com três carbonos, consumindo mais um ATP. Essas 
moléculas de 3 carbonos passam por diversas mudanças gerando uma 
molécula de piruvato, cada. Nesse processo temos a formação de 4 ATP´s. 
Dessa forma, o saldo final da via anaeróbica lática são de 2 ATP´s. 
Com o substrato final sendo dois piruvatos, para cada molécula de 
glicose, existem dois caminhos que esse piruvato pode seguir, um deles é se 
manter no citosol podendo gerar lactato ou ir para as mitocôndrias onde se 
inicia o processo oxidativo desse substrato conhecido como glicólise aeróbica 
lática. 
 
Aeróbica Lática 
A principal característica dessa via metabólica é a presença de oxigênio 
em seu metabolismo. Isso é possível devido a continuidade do piruvato 
entrando na mitocôndria. Dessa forma, ela é oxidada através do ciclo de Krebs 
que ao final desse processo gera um saldo positivo de 38 ATP´s, todos 
advindos da formação do NADH´s, FADH´s e do processo anterior da glicólise 
anaeróbica. 
Um ponto importante pra e falar nesse momento é que nem todo o 
piruvato que é produzido pela quebra da glicose vai ser utilizado pela via 
respiratória celular, muitas vezes esse processo necessita de transportadores 
específicos, porém esses transportadores têm se número e velocidade limitado. 
Para que possamos mudar esse processo e aumentar a demanda metabólica 
para uma produção mais efetiva, o treinamento é o melhor caminho pois 
aumenta a velocidade de transporte como também aumenta a densidade 
mitocondrial (aumento do número de mitocôndrias) no citoplasma celular. Por 
isso a diferença entre pessoas sedentárias e atletas no que se diz respeito a 
efetividade e manutenção do treinamento. 
 
Quebra dos Lipídeos 
Um outro substrato que é muito utilizado para gerar energia são os 
lipídeos (gorduras). Por ser uma molécula maior a via metabólica utilizada para 
gerar energia é a aeróbica lática, porém com diversas etapas a mais quando 
comparado com a síntese da glicose. 
A principal molécula utilizada é o triglicerídio, que sofre ação de quebra 
pelos hormônios glucagon e adrenalina, ambos liberados após o início da 
prática da atividade física. Esse triglicerídeo quando quebrado forma um 
glicerol e três moléculas de ácidos graxos livres. Esses últimos que serão 
utilizados para geração de energia. Os ácidos graxos livros invadem o citosol 
através de proteínas responsáveis pelo seu transporte. Por ser uma molécula 
mais densa e complexa ele precisa ser modificado através da acilação, onde 
ser transforma em Acil-CoA. Com isso, fica mais fácil a penetração para a 
mitocôndria através da ação da CTPI e CTPII. Quando a Acil-Coa está na 
mitocôndria ela precisa passar por um processo de quebra, chamado de beta-
oxidação (cadeia respiratória), onde tem como resultado 8 Acetil-Coa e 7 
NADH´s e 7 FADH´s. Somente depois dessa quebra é possível entrar no ciclo 
de Krebs com um saldo final de 129 ATP´s. 
 
CURIOSIDADES 
Muitas vezes podemos pensar que as dietas com pouca ingesta de 
carboidratos seria a melhor opção para controlar a massa corporal. Se 
fossemos analisar apenas as vantagens metabólicas sim, pois eles geram 
menor substrato energético (ATP´s). Porém, em primeiro lugar nosso sistema 
nervoso central é dependente exclusivo de carboidratos e como vimos para 
que exista a quebra de gorduras ela precisa ser lançada no clico de Krebs e 
para que o ciclo comece a funcionar necessitamos de piruvato, substrato vindo 
exclusivamente da quebra de glicose, talvez o principal composto do 
carboidrato. Sendo assim, a ingesta de carboidratos em nossa dieta deve ser 
realizada, porém com controle para demanda que será necessária. 
Um outro ponto interessante de ser falado é a fadiga resultado de uma 
atividade física extrema. O principal mecanismo que isso acontece é a acidose 
metabólica, pois o organismo é incapaz de suportar o nível de ácido gerado 
pelas vias metabólicas (ácido lático ou corpos cetônicos). Esse processo pode 
ser revertido com o repouso da atividade, mas existem características bem 
marcantes desse processo. Uma delas é a dor que muitas vezes vem com a 
sensação de queimação. Esse fenômeno é visto devido a ativação das fibras 
neuronais do tipo C, que tem como resposta essa sensação de queimação. 
Uma outra característica da acidose metabólica muscular é perda da função 
muscular, devido a acidose na placa motora impedindo assim a passagem do 
estímulo nervoso que diminuirá a oferta de íons de cálcio principal responsável 
pela contração muscular efetiva e controlada e por último a falta de substrato 
energético devido a inativação da fosfofrutoquinase. 
Uma outra condição interessante são as interações entre as vias 
metabólicas, muitas vezes pensamos que um determinado esporte tem 
somente uma demanda metabólica específica e isso não é verdade. De fato, 
existe uma predileção para uma determinada via, porém as demais estão 
sendo sempre utilizadas. Um exemplo claro é no futebol, onde um jogo tem 
duração média de 90 minutos, ao pensar no tempo de jogo se pensa 
diretamente numa via mais aeróbica, porém nesse processo existem 
momentos de alta intensidade similares a uma prova de curta distância 
gerando assim um padrão da via ATP-CP ou até mesmo uma via aeróbica 
lática. Então, devemos ter estímulos das diversas vias metabólicas quando 
pensamos em atividade física, mesmo que a predominância do esporte seja 
seletivade uma. 
 
CONTRAÇÃO MUSCULAR 
Muito do que foi falado no tópico passado tem relação direta com a 
atividade muscular, pois ao se falar em atividade física precisamos ter a ação 
direta dos músculos esqueléticos. Porém, muitas vezes não é dado a 
importância devida a esse processo que interfere diretamente nas atividades 
físicas. O músculo esquelético tem em sua constituição fibras que se 
aglomeram em fascículos e esses fascículos quando se unem formam o ventre 
muscular. Todas essas estruturas têm sua cobertura específica que tem como 
objetivo principal dar proteção para o estresse mecânico de tração. 
As fibras musculares têm em sua formação estruturas microscópicas 
chamadas de sarcômero, que são compostos basicamente por duas bandas Z 
e por filamentos grossos (Miosina) e filamentos finos (Actinia, Troponina e 
Tropomiosina). Essa estrutura são as conhecidas como a porção contrátil do 
músculo. 
A contração muscular é um mecanismo de extrema importância e 
necessita de diversos controles que variam desde um controle metabólico ideal 
para conseguir realizar e manter a contração durante as atividades e controle 
neurológico, pois o início da contração é necessário um impulso nervoso. Esse 
impulso nervoso é recebido na placa motora, região de contato entre o nervo e 
a fibra muscular. Nesse momento existe uma depolarização das membranas e 
o neurotransmissor é lançado (Acetilcolina). Com isso, esse estímulo nervoso é 
levado para dentro da fibra muscular que vai aprofundando o estímulo através 
dos túbulos T. Esses estímulos vão ativando outras regiões, especificamente 
os retículos sarcoplasmáticos que é a estrutura responsável por armazenar os 
íons de cálcio fora do sarcoplasma. Dessa forma os íons de cálcio são 
liberados no sarcoplasma e assim é possível o início da contração muscular. 
A contração muscular é iniciada quando os íons de cálcio se ligam a 
tropomiosina que por sua vez arrasta a troponina, liberando assim o sítio de 
ligação entre a actina e miosina. Quando acontece a ligação entre miosiona e 
actina chamamos essa ligação de ponte cruzada, é nesse momento que existe 
a utilização de um ATP. Posteriormente, existe o arraste da actina sobre a 
miosina e essa ponte cruzada precisa ser desfeita, onde ocorre novamente 
mais um gasto de ATP. Para que exista um encurtamento no sarcômero 
diversas ligações precisam feitas e desfeitas, gerando assim uma demanda 
energética significativa. 
 
SISTEMA CIRCULATÓRIO 
Um outro sistema que é de extrema importância para o controle durante 
o exercício é o sistema cardiovascular. Como sabemos, a maior parte dos 
substratos energéticos são produzidos em áreas diferentes das que serão 
utilizadas, para esse transporte o sistema circulatório é o caminho e para isso 
ele precisa está funcionando perfeitamente e desordens nele podem gerar 
déficits de rendimento ou problemas de origem sistêmica. 
Um dos problemas que enfrentamos nesse contexto são as hipertensões 
arteriais, onde diversos fatores estão influenciando nesse fenômeno entre eles 
o aumento da viscosidade do sangue como também o aumento da resistência 
periférica, onde esses problemas irão prejudicar no débito cardíaco. O débito 
cardíaco que é o resultado entre a frequência cardíaca e o volume sistólico. 
Uma variável que podemos modular para melhorar essa variável, através do 
exercício, é a frequência cardíaca com a modulação através do sistema 
nervoso autônomo. Com isso, podemos pensar em exercícios para a 
modulação da pressão arterial sistêmica de diversas formas desde exercícios 
isométrico, a exercícios aeróbicos bem como exercícios resistidos. 
 
SISTEMA ENDÓCRINO 
Esse sistema é de extrema importância pois a maioria das modulações 
do corpo humano necessita da ação hormonal advinda da ação do sistema 
endócrino. Os exercícios físicos são responsáveis pela ativação da principal 
região controladora de hormônios, a hipófise. 
Desse sistema hipofisário são retirados os hormônios responsáveis pelo 
controle da diurese (ADH), controlando assim o controle de perda de líquidos 
através da sudorese ou retenção hídrica. Nesse contexto, podemos pensar 
nesse hormônio como um controlador importante durante a prática de atividade 
física, pois a perda de líquido pode interferir diretamente no controle da 
pressão arterial, também. Um outro hormônio que é de extrema importância 
para ser controlado durante a atividade física é o hormônio do crescimento 
(GH), esse hormônio tem importância para condições de hipertrofia bem como 
para restauração dos limiares de lesão muscular. Outros hormônios são de 
extrema importância para o desempenho durante as atividades físicas, entre 
eles a adrenalina e noradrenalina, beta endorfinas e o cortisol. 
Uma variável de extrema importância para ser controlada durante as 
atividades físicas são os hormônios sexuais, principalmente, entre as mulheres, 
devido a síndrome da mulher atleta. Essa condição é comum em mulheres que 
atuam em alto nível de atividade física, onde os níveis hormonais são alterados 
gerando assim problemas no ciclo menstrual, na saúde óssea e metabólica, 
pois como vimos anteriormente precisamos de níveis adequados de hormônios 
para manter a homeostase. 
Outra condição que o exercício consegue atuar de forma benéfica é no 
controle da ação do pâncreas através da ação da insulina, principalmente em 
pessoas obesas, que tem a barreira lipídica que impede a ligação da insulina 
ao seu receptor para a utilização da glicose no sistema energético. 
 
Bioenergética 
 O termo bioenergética refere-se às fontes de energia para a atividade 
muscular. O termo energia é simplesmente definido como a habilidade de fazer 
trabalho. A fonte de energia do organismo humano provém dos nutrientes 
encontrados em nossa alimentação. 
 A energia adquirida através dos alimentos, precisa ser transformada em 
um composto chamado trifosfato de adenosina (ATP) antes que possa ser 
aproveitada pelo organismo para a ação muscular (WILLIAMS, 1995). 
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O Corpo processa três tipos diferentes de sistema para a produção de 
energia. 
 Os sistemas se diferem consideravelmente em complexidade, regulação, 
capacidade, força e tipos de exercícios para cada um dos sistemas de energia 
predominantes. Cada um é utilizado de acordo com a intensidade e duração 
dos exercícios. Eles são classificados em: ATP- CP , Sistema Glicolítico (Lático 
e Alático) e o Oxidativo (Aeróbico). 
ATP-CP 
 Podendo se assumir que o sistema ATP-CP supriria a energia de no 
máximo 15-20 segundos para os exercícios de curta duração como sprints, 
lançamentos, chutes,etc... e de maior duração 30-45 segundos, como corridas 
de 100 e 200 m., provas de natação de 50 m. , saltos de grande amplitude e 
levantamento de peso. Este sistema tem predominantemente o uso de 
carboidratos, gorduras e proteínas. 
GLICOLÍTICO (Lático e Alático) 
 O sistema ácido lático também proporciona uma fonte rápida de energia, 
a glicose. Ele é a primeira fonte para sustentar exercícios de alta intensidade . 
O principal fator limitante na capacidade do sistema não é a depleção de 
energia mas o acúmulo de lactato no sangue. A maior capacidade de 
resistência ao ácido lático de um indivíduo é determinado pela habilidade de 
tolerar esse ácido. 
 Este sistema proporciona energia para atividades físicas que resultem 
em fadiga de 45 -90 segundos. Tendo como exemplo atividades tipo: corridas 
de 400-800 m. , provas de natação de 100-200 m., também proporcionando 
energia para piques de alta intensidade no futebol, róquei no gelo, basquetebol, 
voleibol, tênis, badmington e outros esportes. O denominador comum dessas 
atividades é a sustentação de esforço de alta intensidade com duração de 1-2 
minutos. A principal fonte de energia desse sistema é o carboidrato (McARDLE 
et alii, 1992 ) . 
AERÓBICO 
 O sistema aeróbico é um complexo de vários componentesdiferentes. 
Por causa de sua habilidade de utilizar carboidratos, gorduras e proteínas 
como fonte de energia e porque produz somente o CO2 e água como produto 
final , esse sistema tem capacidade ilimitada de produzir ATP. Sua 
complexidade e necessidade por constante suprimento de O é que limita a 
produção de ATP . 
 Esse sistema fornece energia para exercícios de intensidade baixa para 
moderada. Fornece energia para atividades como dormir, descançar, 
sentar,andar e outros. Quando a atividade vai se tornando um pouco mais 
intensa a produção de ATP fica por parte do sisrtema ácido lático e ATP-CP . 
Atividades mais intensas como caminhada, ciclismo,fazer compras e trabalho 
em escritório também são supridas em parte pelo sistema aeróbico, até que a 
intensidade atinja o nível moderado-alto (acima de 75%-85% da Freqüência 
Cardíaca Máxima), depois é recrutado para suprir energia suplementar. 
 Os melhores exemplos de exercícios que recrutam o sistema aeróbico 
são: aulas de aeróbica e hidroginástica de 40-60 min., corridas mais longas que 
5000 m., natação ( mais que 1500 m.) , ciclismo (mais que 10 km.), caminhada 
e triathlon. Qualquer atividade sustentada continuamente em um mínimo de 5 
min. pode ser considerada aeróbica. 
 
LIBERAÇÃO DE ENERGIA PELO ALIMENTOS 
 Carboidrato: Sua função primária é fornecer energia para o trabalho 
celular , segundo McARDLE et alii (1983) . Ele é o único nutriente cuja energia 
armazenada pode ser usada para gerar ATP anaerobicamente,ou melhor ,são 
utilizadas nos exercícios vigorosos que requerem a liberação de energia rápida 
(anaeróbicos). 
 Neste caso o glicogênio acumulado e a glicose sanguínea terão que 
fornecer maior parte de energia para a ressíntese de ATP. Em exercícios leves 
e moderados , os carboidratos atendem cerca de metade das necessidades 
energéticas do organismo. E são também necessários alguns carboidratos para 
que se processe nutrientes das gorduras e então sejam transformados em 
energia para os exercícios de longa duração ( aeróbicos). 1 MOL de 
carboidrato é capaz de produzir : 38 ATP 
 Gordura: A gordura armazenada representa a fonte mais abundante de 
energia potencial. Essa fonte comparada aos outros nutrientes é quase 
ilimitada. Existe alguma gordura armazenada em todas as células , porém , seu 
maior fornecedor são os adipócitos - células gordurosas especializadas para a 
síntese e armazenamento de triglicerídeos - elas compreendem cerca de 90% 
das células. 
 Depois que os ácidos graxos se difundem para dentro da circulação, 
eles são entregues aos tecidos ativos onde são removidos do tecido adiposo e 
assim são transferidos para os músculos (particularmente as fibras de 
contração lenta) onde a gordura é desintegrada e transformada em energia, 
dentro das mitocôndrias ,para poderem ser utilizadas como combustível. 
Dependendo do estado de nutrição, treinamento do indivíduo e duração da 
atividade física, de 30% `a 80% da energia para o trabalho biológico derivam 
das moléculas adiposas intra e extracelulares (McARDLE et alii , 1988) . 1 MOL 
de gordura é capaz de produzir : 142 ATP 
 Proteínas: A proteína pode desempenhar um papel importante como 
substrato energético durante o exercício constante e treinamento pesado. Mas 
não é capaz de proporcionar mais que 10% à 15% da energia exigida na 
atividade , como o carboidrato e gordura . Para proporcionar energia, as 
proteínas são primeiro transformadas em aminoácidos de forma que possam 
penetrar prontamente nas vias para a liberação de energia através da remoção 
de nitrogênio dos ácidos graxos e assim serem transferidos para outros 
compostos. Dessa maneira, certos aminoácidos podem ser usados diretamente 
no músculo para obtenção de energia ( McARDLE et alii , 1992) . 1 MOL de 
proteína é capaz de produzir : 15 ATP 
O QUE É UTILIZADO PRIMEIRO: A GORDURA OU O CARBOIDRATO ? 
 Segundo AFAA (1992) , Esse tem sido um assunto de grande 
preocupação entre os estudiosos. Sob condições de repouso, os ácidos graxos 
livres estão disponíveis e proporcionam a primeira fonte de combustível, ou 
seja , o metabolismo de gordura se acelera enquanto o de carboidrato é inibido. 
 Durante exercícios de intensidade moderada (com mais de 85 % da 
Freqüência Cardíaca Máxima), súbitas mudanças são observadas no nível de 
excreção de certos hormônios. A excreção de adrenalina , por exemplo, se 
eleva ao mesmo tempo que é reduzido a excreção da insulina no organismo. 
 Esses hormônios influenciam diretamente na taxa de utilização de 
gordura e carboidrato pelos músculos , de tal maneira que o metabolismo 
dessa gordura tenha predominância e tenda a se elevar com o trabalho 
prolongado. Ao se elevar a intensidade do exercício ( mais que 85% da 
F.C.M.), ocorrem mudanças estimulam a inibição da utilização da gordura pelo 
organismo. O maior inibidor da gordura chama-se Ácido lático. Como resultado, 
o metabolismo da gordura é reduzido e o carboidrato se torna a fonte mais 
solicitada de energia sendo utilizada pelos sistemas ácido lático e aeróbico. 
ASPECTOS DA PRODUÇÃO ENERGÉTICA - SEGUNDO Dr. JOSÉ MARIA 
SANTARÉM 
 Quando uma pessoa realiza uma atividade considerada suave por ela, 
ou porque a atividade necessita de pouca energia ou porque a pessoa está 
bem condicionada, apenas algumas fibras musculares são utilizadas. 
 Nesse caso a produção de energia ocorrerá pela via aeróbia, porque o 
oxigênio que chega pelo sangue é suficiente, e alcança todas as fibras 
musculares ativas. Essas atividades são chamadas aeróbias e utilizam como 
substratos energéticos predominantes o glicogênio muscular e os ácidos 
graxos livres provenientes do tecido adiposo. Atividades mais intensas utilizam 
maior número de fibras musculares. 
 Quando aproximadamente 30% das fibras musculares disponíveis são 
recrutadas, está-se em um nível de gasto energético de transição, chamado 
limiar anaeróbio. Acima desse nível de contração muscular começa a ocorrer 
oclusão parcial da circulação sanguínea, impedindo a adequada perfusão de 
todas as fibras musculares e assim precipitando o metabolismo anaeróbio. 
 Nas fases iniciais de qualquer exercício a produção de energia é 
anaeróbia, mesmo que a intensidade não seja alta, porque os mecanismos de 
captação, transporte e utilização do oxigênio levam algum tempo para 
aumentar a eficiência. Nas fases iniciais do metabolismo anaeróbio o substrato 
energético predominante é a fosfocreatina, que não forma ácido lático, e 
portanto, a via metabólica é denominada anaeróbica aláctica. 
 Nas atividades mais intensas, após alguns segundos de anaerobiose 
aláctica, a produção energética passa a depender mais do glicogênio, que 
decomposto parcialmente leva à produção do lactato. Sempre que ocorre 
aumento de lactato a atividade é chamada anaeróbia, mas as atividades muito 
curtas e intensas, dependentes da fosfocreatina, também são anaeróbias mas 
sem produção de lactato. A produção aeróbia de energia sempre está presente 
mesmo nos exercícios anaeróbios, embora nas atividades intensas e muito 
curtas seja desprezível. 
 No caso de exercícios contínuos intensos como pedalar ou correr com 
velocidade, a produção aeróbia de energia pode chegar à sua eficiência 
máxima, conhecida como VO2máx. Nesses casos a produção energética 
depende da glicólise anaeróbia, da oxidação da glicose do músculo e do 
sangue, e também da oxidação dos lipídeos intramusculares. Estes exercícios 
são acompanhados de altos níveis de lactato sanguíneo e tecidual, 
caracterizando atividades anaeróbias muito intensas, toleradas apenas por 
pessoas hígidas. 
 Os exercícios com pesos são sempre anaeróbios porque a oclusão da 
circulação sanguínea intramuscular é grande. Assim sendo, a aerobiose ocorre 
apenas nas fases de relaxamento muscular que permitem a circulação do 
sangue, e é menor do que nos exercícios anaeróbios contínuos. Embora os 
exercícios com pesos sejam sempre anaeróbios,a intensidade somente será 
alta quando o grau de esforço também o for. 
IMPORTÂNCIA DO VO2 
 
 O VO2 máximo também chamado de consumo máximo de 
oxigênio representa a capacidade aeróbica máxima de um indivíduo. Na 
tradução, o VO2 seria a maior capacidade de oxigênio que uma pessoa 
consegue utilizar do ar inspirado enquanto faz um exercício físico aeróbico. Ele 
pode ser estimado por uma série de testes e fórmulas, mas seu valor exato só 
pode ser medido através do Teste Cardiopulmonar do Exercício (TCPE) 
também conhecido como Ergoespirometria. Esse exame feito pelo 
Cardiologista ou Médico do Esporte, acopla os dados obtidos no tradicional 
Teste Ergométrico, a análise dos gases expirados durante o exercício. 
 Além do consumo direto do oxigênio, o TCPE fornece variáveis que 
adicionam diversas informações sobre as respostas dos sistemas 
cardiovascular, respiratório, vascular pulmonar e muscular esquelético ao 
estresse físico, tendo especial valor na prescrição mais precisa de exercícios 
físicos aeróbicos e em pacientes com doenças cardiovasculares. 
 
 
 
Qual o valor normal do VO2? Para explicar melhor vamos considerar um 
indivíduo em repouso, lendo um livro, por exemplo. O VO2 desse indivíduo em 
repouso poderia ser estimado em aproximadamente 3,5 ml/(kg.min) o que é 
também chamado de 1 MET (do inglês “Metabolic Equivalent of Task”) é uma 
medida para estimar o custo energético da atividade física, independente do 
peso, em que 1 MET = 1 kcal/kg/h. 
 
 
Esportes que mais gastam calorias: conheça o MET, seu aliado na dieta. 
 
 O MET ou equivalente metabólico é uma unidade que representa o 
consumo de oxigênio no repouso, ou seja, 1 MET = 3,5 ml/(kg.min). No 
entanto, esse valor pode variar muito entre as pessoas devido a idade, sexo, 
hábitos, hereditariedade e condicionamento cardiovascular. Espera-se de um 
homem saudável que ele alcance no esforço um VO2 máximo em torno de 35 a 
40 ml/(kg.min), ou seja, 10 vezes o VO2 de “repouso“ (ou 10 METS). Atletas de 
elite chegam a alcançar um VO2 máximo de 70 ml/(kg.min), ou seja, 
conseguem aumentar em até 20 vezes o VO2 de repouso. Já as mulheres 
possuem tipicamente um VO2 40-60% menor do que os homens, em torno de 
27 a 30 ml/(kg.min). Vale lembrar que o VO2 máximo pode aumentar com o 
treinamento e diminuir com a idade. 
 
VO2 máximo é a mesma coisa que Limiar Anaeróbio? 
 
 Não, o Limiar Anaeróbio (LA) ou 1º Limiar Ventilatório é o ponto do 
exercício no qual inicia-se o acúmulo de lactato no sangue, com consequente 
tamponamento pelo sistema do bicarbonato, elevação da produção de gás 
carbônico (VCO2) e necessidade de aumento da ventilação para a sua 
excreção. Ao contrário do que se pensa, no exercício respiramos mais rápido 
não porque precisamos de mais oxigênio mas para retirar o CO2 produzido 
pelas células. 
 Há também o 2º Limiar Ventilatório, ou Ponto de Compensação 
Respiratória, que é o momento no qual se detecta a incapacidade do sistema 
metabólico em tamponar a acidose progressiva, resultando na necessidade de 
se excretar maior quantidade de CO2 através de maior hiperventilação. 
 
Porque o VO2 e o Limiar Anaeróbio (LA) são importantes para prescrever 
o exercício? 
 
 Os limiares 1º e 2º são importantes para a prescrição do exercício pois 
realizá-lo muito abaixo do 1º Limiar não promove condicionamento, e muito 
próximo ou acima do 2º Limiar traz o risco de se trabalhar em acidose 
descompensada, o que não é saudável. O percentual do VO2 no LA está em 
torno de 50% do VO2 máximo em indivíduos normais, elevado a mais de 70% 
em atletas e rebaixado a cerca de menos de 30% em doentes graves. 
 
O Teste Cardiopulmonar do Exercício só serve para medir o VO2? 
 
 Não, além da avaliação do VO2 máximo, do LA e do Ponto de 
Compensação respiratória, o exame avalia o comportamento da pressão 
arterial antes, durante e após o exercício. Avalia também a variação da 
frequência cardíaca no esforço e na recuperação, podendo ajudar no 
diagnóstico da asma induzida pelo exercício e as alterações patológicas 
cardiovasculares como o infra-desnivelamento do segmento ST e as arritmias 
cardíacas malignas. Além disso, diversas variáveis são avaliadas pelo médico 
no TCPE como o Pulso de Oxigênio, os equivalentes ventilatórios a Reserva 
Ventilatória, 
 
Vou iniciar um treinamento ou quero emagrecer, vale a pena fazer um 
TCPE? 
 
 Sim, o mais importante é que o TCPE vai excluir possíveis contra-
indicações que você possa ter para fazer exercício, principalmente os de alta 
intensidade. O Teste agregará segurança não somente para você, mas 
também para toda equipe de profissionais que lhe acompanham (médicos, 
nutricionistas, educadores físicos e o fisioterapeutas). Além disso, com a 
realização de exames seriados é possível que você avalie e quantifique a 
melhora da sua performance. 
 
Quem precisa fazer um Teste Cardiopulmonar do Exercício para medir o 
VO2? 
• Atletas amadores para prescrição adequada de exercícios 
• Atletas profissionais para acompanhamento de treinamento 
• Pessoas com queixas de cansaço ou falta de ar no exercício. 
• Avaliação de resposta de medicamentos (em hipertensos, por exemplo) 
• Para prescrição de exercícios para cardiopatas ou pneumopatas 
• Seleção de pacientes para transplante cardíaco ou pulmonar 
• Avaliação da gravidade e prognóstico da insuficiência cardíaca ou 
pneumopatias crônicas. 
• Grandes obesos e aqueles que vão ser submetidos a cirurgia bariátrica 
• Para risco cirúrgico ou pré-operatório 
 
Pacientes com doenças arteriais dos membros inferiores com um 
VO2 baixo podem ter alguma doença no coração? 
 
 Durante o esforço é normal que o consumo de oxigênio suba 
progressivamente em qualquer indivíduo. Quando isso não acontece, o médico 
deve investigar, principalmente, doenças como a insuficiência cardíaca e as 
doenças pulmonares (pneumopatias crônicas). Segundo a classificação 
da American Heart Association (AHA) um VO2 pico <20 ml/(kg.min) já pode 
significar doença. 
 
Percepção de Esforço Físico 
 
 Esforço físico, por definição: ação de forçar o corpo e os músculos. É o 
que acontece quando fazemos atividades que exigem bastante do nosso corpo, 
como carregar peso, subir muitos lances de escada, subir uma ladeira bem 
inclinada, correr, nadar, jogar futebol e quando praticarmos qualquer tipo de 
exercício físico. 
 O que ocorre durante o esforço físico? As fibras dos músculos se 
esforçam para realizar a tarefa que demandamos a elas, e quanto mais força 
elas fazem, mais oxigênio elas consomem. Esse oxigênio é transportado pela 
corrente sanguínea e ao abastecerem as fibras musculares, os pulmões 
começam a trabalhar num ritmo bem acelerado e por consequência o coração 
também acelera, bombeando o sangue com mais força. Esse é o motivo pelo 
qual a frequência respiratória e os batimentos cardíacos aumentam durante a 
prática de exercícios ou quando fazemos algum esforço físico. 
 
Temos um limite, como saber? 
 Se fizermos uma corrida e ficarmos ofegantes, significa que não temos 
condicionamento físico para aquela atividade. O que fazer? Começar aos 
poucos e buscar exercícios que ajudam a melhorar o condicionamento físico. 
 Mas antes de tudo, antes de começar a praticar exercícios físicos, uma 
coisa é importante: uma criteriosa avaliação médica, pois se a nossa 
capacidade física não suportar determinados exercícios, isso acaba 
prejudicando nosso coração. 
 O esforço excessivo pode trazer problemas também a jovens e crianças, 
por isso os pais devem ter o cuidado de não incentivá-los a ser “sempre melhor 
que o colega” em esportes, pois isso acabará fazendo com que ele se esforce 
intensamente para superar o colega ou um amigo, o que pode acabar gerando 
um esforço físico além do que o corpo dele aguenta. Gestantes devem ter 
muito cuidado, pois o esforço físico muito intenso pode causar um aumento no 
tônus uterino, que pode acabar levando a um parto prematuro.Para sabermos o nosso limite, o médico irá indicar que se faça um teste 
de esforço físico, chamado teste Ergométrico. 
 
O que é o teste de esforço físico – o teste ergométrico? 
 
 É um teste que avalia amplamente o funcionamento cardiovascular, 
quando a pessoa é submetida a esforço físico progressivo, e é feito em uma 
esteira, ou às vezes em uma bicicleta ergométrica. É o registro da atividade do 
coração durante um esforço físico, através de um eletrocardiograma, que 
também avalia o comportamento da pressão arterial e a aptidão física. 
 
Como é feito um teste de esforço físico? 
 
 O teste ergométrico é realizado por um médico especializado, em uma 
sala equipada com a aparelhagem adequada e com algumas medidas de 
precaução, como ter um equipamento para desfibrilação em caso de 
emergência – parada cardiorrespiratória. Não se assuste, é precaução, pois é 
raro que algo do tipo aconteça. 
 A pressão arterial e os batimentos cardíacos são medidos 
primeiramente, em repouso. Depois são colocados eletrodos no paciente, estes 
ligados a um eletrocardiograma. O paciente então começa a caminhar na 
esteira e começa a ser feito com o protocolo escolhido. 
 Durante o teste de esforço, perguntas vão sendo feitas ao paciente com 
relação aos sintomas e respostas ao esforço, como cansaço, falta de ar, dor no 
peito, fadiga nas pernas, sensação de perder os sentidos, desmaio, tonturas, 
entre outras – o paciente vai quantificando, com valores de 1 a 10. Após a 
primeira parte do esforço, há um descanso de 5 minutos e novamente a 
pressão arterial e os batimentos cardíacos são medidos. 
 O exame dura aproximadamente uma hora e é interrompido caso o 
paciente fique muito cansado ou apresente exaustão, caso apresente sintomas 
cardiovasculares anormais ou muita alteração no ritmo cardíaco. 
O resultado é rápido – aproximadamente 30 minutos após o teste, já fica 
disponível ao paciente. 
 Os riscos de complicações graves – como arritmias, parada cardíaca ou 
infarto – são muito baixos, estima-se que sejam na proporção de 1 a cada 20 
mil exames. Mas não há motivos para deixar de fazer o exame por receio de 
complicações, uma vez que há o acompanhamento pelo médico especialista e 
há todos os recursos disponíveis e ao alcance para um atendimento imediato 
caso seja necessário. 
 
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO E ATENDIMENTO EM REABILITAÇÃO 
 
1. INTRODUÇÃO 
 Por muitos anos os padrões de cuidado com pacientes com doenças 
pulmonares incluíam inatividade e descanso. Os pacientes eram considerados 
receptores passivos de medicamentos. Entretanto, o Programa de Reabilitação 
Pulmonar (PRP) encoraja justamente o contrário – a volta à vida. Make (1986) 
sustentou que “depois de otimizar a medicação é possível produzir melhorias 
na DPOC grave com Reabilitação Pulmonar”. 
 A análise do custo-benefício tem sido investigada. Já se conhece a 
vantagem econômica da implantação de um PRP, uma vez que a reabilitação 
reduz o número de internações e proporciona condições ao retorno às 
atividades dos pacientes antes incapacitados e afastados de seus empregos. 
2. REABILITAÇÃO PULMONAR: 
 Conforme o I Consenso Brasileiro de Doença Pulmonar Obstrutiva 
Crônica (DPOC) de 1999, Reabilitação Pulmonar é um programa 
multiprofissional de cuidados a pacientes com alteração respiratória crônica 
que é individualmente delineado e modelado para otimizar o desempenho 
físico, social e a autonomia, e também para diminuir a ansiedade, a depressão 
e a dependência de profissionais da saúde. É um programa de tratamento que 
visa devolver a independência do paciente com disfunção respiratória frente às 
atividades de vida diária, melhorando sua qualidade de vida. 
 É importante salientar que a limitação ao exercício, nesses pacientes, é 
eminentemente ventilatória, e secundária ao desequilíbrio entre diminuição da 
capacidade ventilatória e ao aumento da demanda ventilatória. Sabe-se por 
outro lado, que em pacientes com DPOC podem interferir diversos fatores que 
de algum modo contribuem para o desenvolvimento de limitação ao exercício: 
mecânica respiratória, função muscular respiratória, hipoxemia, dispnéia, 
sedentarismo, função cardíaca, acidose metabólica/respiratória, disfunção 
muscular de membros inferiores (MMII). 
 A maioria dos programas de reabilitação pulmonar tem uma duração de 
três a seis meses, com, três vezes por semana. O paciente deve ter uma 
avaliação integral no início e final do programa, para se avaliar a evolução da 
sua capacidade física e para a prescrição de um programa de manutenção 
domiciliar de exercício. 
 A Reabilitação Pulmonar baseia-se em exercícios aeróbicos, que 
condicionam o paciente, gerando diminuição da fadiga respiratória e da 
dispnéia, além de alongamentos e musculação leve. O Programa de 
Reabilitação Pulmonar com condicionamento aeróbico melhora a função 
cardiorrespiratória. O efeito do treinamento parece ser decorrente das 
alterações da capacidade aeróbia dos músculos esqueléticos locomotores, o 
que acarreta menor produção de ácido lático e, provavelmente, menor 
retroalimentação aferente dos músculos para estimular o aumento da 
ventilação. O objetivo global é aumentar sua capacidade funcional e diminuir o 
impacto da incapacidade sobre o individuo, sua família e a comunidade, 
favorecendo a reintegração do paciente à sociedade. 
 Estudos recentes têm demonstrado que os benefícios obtidos em termos 
de tolerância ao exercício e de qualidade de vida não são atribuídos a uma 
melhora nos parâmetros fisiológicos tais como: valores espirométricos, 
gasometria arterial e função pulmonar e cardiovascular. Como o processo 
patólogico é progressivo e irreversível nos pacientes com distúrbios 
pulmonares crônicos, a Reabilitação Pulmonar não é capaz de interfirir na 
deterioração progressiva da função pulmonar, no entanto pode melhorar a 
capacidade do paciente em realizar atividades cotidianas e a tolerância aos 
exercícios, atuando diretamente na melhora da qualidade de vida. 
 Ao vencer os limites impostos pela patologia, retornando inclusive a 
atividades de lazer, conseguimos romper um ciclo que teria tendência a se 
agravar cada vez mais. O paciente se sente mais capaz e supera o quadro de 
depressão, muito comum nesses casos. 
 
Objetivos: 
 
 
 
 
 
 
 
	
  -­‐aumento	
  da	
  capacidade	
  física	
  
	
  -­‐melhora	
  da	
  habilidade	
  nas	
  AVDs	
  
	
  -­‐diminuir	
  sintomas	
  pulmonares	
  
	
  -­‐diminuir	
  o	
  número	
  de	
  internações	
  
	
  	
  -­‐melhorar	
  habilidade	
  no	
  emprego	
  
	
  -­‐melhorar	
  qualidade	
  de	
  vida	
  
	
  -­‐promover	
  a	
  integração	
  dos	
  pacientes	
  
-­‐redução	
   do	
   grau	
   de	
   dependência	
   em	
  	
  	
  
relação	
  aos	
  cuidados	
  médicos	
  
Seleção: 
 -Paciente não ser tabagista ou estar sem fumar há pelo menos 03 meses - o 
cigarro é o responsável por cerca de 90% dos casos da doença pulmonar 
obstrutiva crônica (DPOC), caracterizada por bronquite crônica e enfisema 
pulmonar em proporções variáveis. 
 - Devem estar estáveis do ponto de vista clínico 
 - Estar motivado a participar do programa. 
 - Estar livre de infecção pulmonar no momento de iniciar o programa. 
 - Não devem ter outra condição incapacitante que limite sua participação no 
programa 
- Estar recebendo acompanhamento médico e ter liberação do mesmo para 
sua inclusão no programa. 
 -Apresentar exame de ergoespirometria, cujos dados permitem identificar o 
limiar anaeróbio e conhecer o valor de índices como VO2max ou pico, VCO2, 
VE por minuto, etc. 
 A Reabilitação Pulmonar (RP) é direcionada basicamente a pacientes com 
doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), entretanto mais recentemente 
pacientes com asma perene e fibrose cística também têm se beneficiado pelo 
tratamento de RP. 
 Os pacientes com asma perene ou crônica sofrem de hiperinsulflação, 
aumento do tônus dos músculosrespiratórios e limitação ao exercício. 
Pacientes com fibrose cística apresentam, precocemente, perda de massa 
muscular, pelas infecções de repetição e conseqüente diminuição da 
capacidade física. 
 Os pacientes com DPOC são os que mais se beneficiam, pois 
apresentam obstrução e destruição acinar, o que leva ao aumento do trabalho 
ventilatório e à fadiga da musculatura respiratória, resultando em uma 
diminuição da capacidade ventilatória. O desequilíbrio entre o aumento da 
necessidade ventilatória e a redução da capacidade respiratória levam a uma 
importante limitação do exercício por dispnéia. Essa dispnéia gera ansiedade e 
como o paciente não tem conseguido vencê-la, entra em depressão. Começa 
então um ciclo vicioso para a inatividade que precisa ser revertido. 
 A DPOC atinge 8 milhões de brasileiros. Em 1998, foi responsável por 
40% das mortes por doenças respiratórias em pessoas acima de 40 anos. 
 A RP está indicada a todos os pacientes com pneumopatia que já estejam 
sob terapêutica adequada, mas que continuam apresentando dispnéia. Devem 
ainda estar estáveis do ponto de vista clínico de qualquer doença da qual 
possam ser portadores. Por fim, devem estar motivados e ter pleno 
conhecimento das dificuldades iniciais de adaptação aos exercícios. É 
essencial que assumam a RP como um instrumento que vai ajudá-los a 
recuperar muito do que a doença os privou de fazer, sabendo, entretanto que 
não se trata de uma terapia passiva, mas que seus benefícios terão que ser 
conquistados. 
3. AVALIAÇÃO: 
 Uma vez selecionados os pacientes, segundo os critérios mencionados 
acima, deve-se proceder às avaliações. Com base nelas será investigado como 
a doença influi na vida dos pacientes. Sendo essenciais os seguintes tópicos: 
 
a) Avaliação músculo-esquelética É imperativo que o fisioterapeuta entenda 
claramente qual é o problema que está produzindo o fator limitante à tolerância 
ao exercício e às atividades funcionais, se o paciente estiver sofrendo de 
problemas músculo-esqueléticos ou dor de qualquer tipo, é importante que isso 
seja avaliado e tratado, preferencialmente antes de entrar no programa. A 
pouca flexibilidade torácica, muito comum em pneumopatas, por exemplo, 
levará a uma redução na capacidade funcional e, portanto, necessitará ser 
tratada com exercícios suaves. Também é necessário avaliar a força da 
musculatura respiratória, com o manovacuômetro. 
b) Grau de obstrução: Através do peak flow, ou exame espirométrico. 
c) Tolerância ao exercício: O exercício físico proporciona a avaliação 
funcional do organismo em condições de sobrecarga metabólica. Portanto, vão 
ocorrer ajustes metabólicos, termorregulador, endócrino, celulares, 
cardiovascular e pulmonar adequados ao esforço (aumento do VO2 e do VCO2) 
que são fundamentais para manutenção do equilíbrio ácido básico e das 
pressões parciais de oxigênio e dióxido de carbono no sangue arterial (PaO2 e 
PaCO2), a níveis similares ao do repouso. 
 O paciente deve ser submetido a um teste cardiorrespiratório de esforço, 
que irá fornecer ao terapeuta os dados necessários para a prescrição segura e 
adequada de exercícios, visando oferecer ao paciente os benefícios do 
treinamento aeróbio. Há muitas maneiras de proceder à avaliação da 
capacidade física para pacientes pneumopatas. 
 É necessário que o paciente tenha uma certa coordenação motora, por 
que pode atrapalhar o desempenho final dos testes que vão ser realizados, 
durante a atividade física. 
 Os testes em bicicleta ergométrica e em esteira rolante permitem maior 
controle sobre as variáveis de intensidade e maior precisão para prescrever o 
exercício, além de eliminar a preocupação com grandes áreas físicas como as 
que são necessárias nos testes de caminhada. A bicicleta ergométrica é mais 
barata do que a esteira, entretanto a última pode ser eleita se levarmos em 
conta que o ato de caminhar é mais funcional, proporcionando, possivelmente, 
melhorias mais diretas e efetivas sobre a qualidade de vida desses pacientes. 
 Um dos maiores impasses em se prescrever a intensidade da atividade é 
escolher uma variável fisiológica para utilizar como marcador. O limiar 
anaeróbio é o parâmetro mais aceito para a prescrição de intensidade, por ser 
esse um ponto de estresse metabólico, refletindo as adaptações ao exercício. 
Contudo, não é um marcador simples de controlar do ponto de vista prático. 
Como marcadores mais simples podem ser usados : FC max, FC de reserva. 
Entretanto para indivíduos com DPOC, é difícil determinar quais os percentuais 
de intensidade que tenham correspondência com o limiar anaeróbio. 
 
d) Qualidade de vida: A qualidade de vida relacionada à saúde refere-se à 
visão subjetiva do paciente sobre seu estado de saúde, porém esta medida 
pode contrastar com avaliações fisiológicas, como espirometria, ou a 
interpretação clinica relativa ao bem estar do paciente e sua capacidade 
funcional. 
 A qualidade de vida pode ser avaliada de forma quantitativa e qualitativa. 
A avaliação qualitativa consiste em uma entrevista com o paciente a fim de 
obter informações sobre o impacto da doença em sua vida. Através deste 
método pode-se identificar aspectos únicos e individuais dos benefícios de uma 
intervenção. Essa avaliação é feita através de questionários. A aplicação 
destes questionários pode estender o campo de informações e prover uma 
avaliação mais completa sobre os benefícios da Reabilitação Pulmonar. 
 Existem dois tipos de questionários de qualidade de vida, os genéricos e 
os específicos. Os genéricos são formulados para avaliar pacientes com 
quaisquer doenças, detectando diferentes aspectos do estado geral de saúde. 
Os questionários específicos foram desenvolvidos para obter uma alta 
sensibilidade dentro de uma condição clínica específica. 
 O primeiro questionário específico a ser publicado foi o CRQ Chronic 
Respiratory Questionnaire. Ele é constituído de 20 itens distribuídos em 4 
domínios: dispnéia, função emocional, fadiga e compreensão da doença. As 
questões são formuladas para serem aplicadas sob forma de entrevista. 
Mostrou-se sensível às mudanças ao longo de um programa de intervenção 
terapêutica, entretanto não é padronizado entre pacientes ou grupo, o que 
impossibilita comprar populações ou resultados de estudos diferentes. 
 
A seguir estão alguns estudos feitos com o CRQ: 
AUTOR PACIENTES INTERVENÇÃO RESULTADO 
CAMBACH ET AL. 
1997 HOLANDA 
N: 66 pacientes 
ambulatoriais 
(29 intervenção, 
37 controle) idade: 
37 e 66 anos 
VEF1: 1,4 a 3,01 
Duração: 6 
meses 
(3 de 
intervenção, 3 
controle) 
Período 90 dias 
em 3x/ semana 
Programa: 
desobstrução, 
reeducação da 
respiração, 
educação, 
exercício físico, 
relaxamento e 
atividades 
recreativas 
Melhora na 
qualidade de vida 
e tolerância ao 
exercício. Após 6 
meses, os ganhos 
na qualidade de 
vida foram 
mantidos, 
enquanto o mesmo 
não aconteceu 
com a tolerância 
ao exercício 
GUELL ET AL. 
2000 ESPANHA 
N: 60 pacientes 
ambulatoriais e 
internados (30 
intervenção, 30 
controle) idade: 57 
-71anos, VEF1: 19 
a 53 % 
Duração: 12 
meses 
Período variável 
Programa: 
educação, 
exercício físico e 
reeducação da 
respiração. 
Melhora da 
dispnéia, da 
capacidade de 
exercício e da 
qualidade de vida. 
Redução do 
número de 
hospitalizações. 
Os ganhos obtidos 
se mantiveram por 
24 meses após o 
início do programa. 
 
Protocolo da UNIFESP- EPM 
 
No programa de Reabilitação do Lar Escola São Francisco UNIFESP-
EPM, o paciente e avaliado pelos seguintes testes 
1 Teste ergométrico: realizado em bicicleta ou esteira ergométrica do 
qual se obtém a analise do consumo Maximo de oxigênio VO2 
2 Teste incremental: o paciente realiza um máximo esforço com 
incremento de carga e é limitado por sintomas. Neste teste são 
monitorizadas a freqüência cardíaca FC, pressão arterial PA ,freqüência 
respiratória f , saturação de oxigênio SatO2 e escala de Borg. 
3 Teste endurance: baseado em 90% da carga máxima obtida no teste 
incremental (isocarga).Utiliza-se o controle da freqüência cardíaca 
submáxima e são monitorizados os mesmos parâmetros do incremental. 
4 Teste de caminhada de 6 minutos: muito bem utilizado na medida do 
desempenho para exercícios em programas de reabilitação. Há todavia 
necessidade da padronização na metodologia, especialmente quanto ao 
tipo de intensidade de incentivo dado ao paciente durante sua realização. 
Estudos têm demonstrado o efeito do aprendizado em relação ao teste 
da caminhada, principalmente se repetidos em curto espaço de tempo 
(McGavin , Gripta , McHardy). Por outro lado, se o teste é realizado 
incentivando-se o paciente, o resultado pode ser melhor (American 
Thoracic Society). Pode-se utilizar as seguintes frases de incentivo 
padronizadas: "Você está indo bem", "Continue fazendo um bom 
trabalho" , há ainda as frases de incentivo padronizadas que buscam 
sempre melhorar e não manter o desempenho do paciente, e o teste 
pode ainda acontecer com ou sem acompanhamento do paciente, passo 
a passo. Se o examinador for caminhar à frente do paciente ele deve ter 
a sensibilidade e a experiência para sentir o quanto o paciente consegue 
acompanhá-lo, para que não haja necessidade de parar para descansar 
Também são avaliados os mesmos parâmetros do teste incremental. 
Na UNIFESP, o teste da caminhada é realizado, no mínimo, 2 vezes, 
sendo que a primeira vez serve para conscientizar o paciente de como 
deve ser realizado o teste e a segunda vez para confirmar o resultado. 
5 Teste incremental para membros superiores: verifica o peso 
máximo que o individuo consegue levantar com seu braço dominante. 
Após esta avaliação ele treina com 50% da carga máxima obtida. O 
treinamento é feito com movimentos em diagonais para que ele treine o 
maior número de músculos possíveis, já que o benefício do treinamento 
é e músculo específico. 
6 Avaliação das atividades de vida diária: feita com oxímetro de dedo 
para obter os valores de saturação da hemoglobina pelo oxigênio com o 
paciente executando suas atividades de vida diária como higiene 
pessoal, alimentar-se, vestir-se, trabalhos domésticos, subir e descer 
escadas etc. 
7 Avaliação psicológica: indica o grau de motivação do paciente em 
relação ao programa e quanto sua doença o incomoda. 
8 Avaliação nutricional 
 
 
UNIFESP/ ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA: 
Exercícios intervalados: têm como objetivo realizar um aquecimento prévio 
para o treinamento de membros superiores e inferiores através de uma série de 
doze exercícios que abordam os diversos segmentos corporais de forma 
intervalada. Cada exercício tem a duração de um a três minutos, com o mesmo 
intervalo de repouso entre eles, tendo uma duração total de TRINTA MINUTOS. 
Treinamento de membros inferiores: é realizado na esteira, com o objetivo 
de aumentar a tolerância à caminhada através da melhora da capacidade 
aeróbia e condicionamento físico. Esta atividade tem a duração de TRINTA 
MINUTOS, com freqüência de TRÊS VEZES POR SEMANA, sob a supervisão direta do 
fisioterapeuta que monitora a saturação de pulso de oxigênio, pressão arterial e 
escala de sensação de dispnéia e fadiga de membros inferiores. A carga de 
treinamento é individualizada e corresponde a oitenta por cento da velocidade 
nesse teste. 
Treinamento de membros superiores: tem como objetivo dessensibilizar a 
dispnéia para atividades que envolvam os membros superiores e a cintura 
escapular. É realizado através de halteres, com carga correspondente A 
CINQÜENTA POR CENTO do peso máximo atingido no teste incremental para 
membros superiores. São utilizados para este treinamento a primeira e a 
segunda diagonais do Método de Facilitação Neuroproprioceptiva de Kabat, 
pela funcionalidade e por solicitar a ação de vários grupos musculares, 
utilizados na realização de Atividades de Vida Diária que envolvam os 
membros superiores. Cada diagonal é realizada duas vezes por dois minutos 
cada, com intervalo de repouso de um minuto entre elas. É solicitado aos 
pacientes que realizem a expiração durante o movimento para que estes 
músculos sejam apenas utilizados para esta atividade motora, diminuindo, 
assim, a dispnéia. Este treinamento é realizado TRÊS VEZES POR SEMANA, com a 
duração de TRINTA MINUTOS CADA SEÇÃO. 
Alongamento: é realizado DUAS VEZES POR SEMANA, após o treinamento de 
membros superiores e inferiores. Composto por uma série de doze exercícios 
de alongamento que envolvem membros superiores, cintura escapular, tronco e 
membros inferiores. Esta atividade tem duração de VINTE MINUTOS. 
Programa de Educação: como parte de um programa de reabilitação 
pulmonar, a educação dos pacientes tem como objetivo principal fornecer 
subsídios para o paciente exercer maior controle sobre a doença . A educação 
isoladamente tem alcance limitado, mas como parte de um programa de 
reabilitação pulmonar exerce importante papel pois fornece elementos que lhe 
permitem aumentar sua compreensão sobre os sinais e sintomas, o que ele 
pode fazer em termos de auto-cuidado e de conservação de energia, quando 
procurar um serviço de saúde e como utilizar a medicação, deste modo 
melhorando sua capacidade de autonomia e cuidados próprios. 
O aprendizado e a educação são importantes a medida em que ajudam o 
paciente a desenvolver a convicção da necessidade de mudança e aumentar o 
seu compromisso. 
 
A educação também deve ser estendida aos familiares e cuidadores, pois vai 
permitir que estes tenham uma melhor compreensão sobre a doença, o 
impacto que ela causa no paciente e como vai ser possível auxiliá-lo. 
O programa de educação desenvolvido atualmente como parte do programa de 
reabilitação pulmonar se baseia em uma série de nove aulas teóricas 
realizadas semanalmente pela manha e QUINZENALMENTE à tarde. As aulas são 
dirigidas aos pacientes e abertas aos familiares. 
 
As aulas são ministradas pela equipe (médicos, fisioterapeutas, nutricionista, 
enfermeira e terapeuta ocupacional) e abordam temas relativos a doença, suas 
possibilidades de tratamento e como lidar com ela: conceito de DPOC, 
medicamentos, oxigenioterapia, reabilitação/exercício, fisioterapia respiratória, 
técnicas de conservação de energia, nutrição, stress/relaxamento, 
tabagismo/programa PREV-FUMO. 
 
De modo que os novos hábitos e atitudes adquiridos no programa sejam 
incorporados de maneira mais definitiva a sua vida, os conceitos aprendidos 
nas aulas teóricas são reforçados durante as sessões de exercício. Assim, as 
técnicas de conservação de energia são repetidas durante as sessões de 
exercício e uma vez por semana ha uma sessão de relaxamento 
supervisionada. 
 
Treinamento em técnica de relaxamento: esta técnica permite ao paciente 
descansar fisicamente, além de prepará-lo para mudança de hábitos. As 
sessões de relaxamento diminuem gradualmente o estado de tensão dos 
pacientes pneumopatas, conduzindo-os a um estado de equilíbrio, diminuindo a 
freqüência cardíaca e respiratória e, conseqüentemente, diminuindo o gasto 
energético. Outros propósitos da técnica de relaxamento têm sido a de orientar 
o paciente a nunca entrar em pânico, controlar o estresse, criar um novo 
padrão postural, ajudando-o, portanto, a diminuir a sensação de dispnéia nos 
períodos de exacerbação. Sessões semanais de relaxamento podem interferir 
positivamente sobre o esquema corporal, orientação espacial e aspectos 
sensoriais, perceptivos e cognitivos, como a memória, atenção e concentração. 
O relaxamento atua no círculo vicioso dispnéia-hipóxia-ansiedade e o seu 
conhecimento pode capacitar o paciente a lidar mais adequadamente com os 
momentos de cansaço e situações de tensão que podem ocorrer durante o dia. 
É realizado após o final das sessões de exercícios, UMA VEZ POR SEMANA. 
Prevenção:Aspectos fisiológicos: adaptações ao treinamento físico 
A realização do exercício constitui um estresse fisiológico para o organismo em 
função do grande aumento da demanda energética em relação ao repouso, o 
que provoca grande liberação de calor e intensa modificação do ambiente 
químico muscular e sistêmico. Conseqüentemente, a exposição regular ao 
exercício ao longo do tempo (treinamento físico) promove um conjunto de 
adaptações morfológicas e funcionais que conferem maior capacidade ao 
organismo para responder ao estresse do exercício. Desta forma, após essas 
adaptações, um exercício de mesma intensidade absoluta (mesma velocidade 
e inclinação na esteira, por exemplo), provocaria menores efeitos agudos após 
um período de treinamento. 
É importante destacar que os efeitos crônicos do exercício dependem, 
fundamentalmente, de uma adaptação periférica, que envolve tanto um melhor 
controle e distribuição do fluxo sangüíneo, como adaptações específicas da 
musculatura esquelética. Ocorrem modificações histoquímicas na musculatura 
treinada dependentes do tipo de treinamento, fazendo com que a atividade 
enzimática seja predominantemente oxidativa (aeróbica) ou glicolítica 
(anaeróbica lática). 
Nesta seção, apresentaremos as adaptações típicas ao treinamento físico, 
lembrando que elas podem ser muito heterogêneas, dependendo não só das 
características do exercício a ser realizado, mas também do tipo de cardiopatia 
e da sua gravidade, da presença de outras condições médicas associadas e da 
capacidade funcional prévia do paciente. 
Os dados que serão apresentados nesta seção são resultados de estudos 
clássicos que avaliaram processos fisiológicos. Em geral, são estudos 
experimentais presentes na grande maioria dos livros-texto de fisiologia do 
exercício. Sendo assim, essas informações apresentam nível de evidência B. 
Adaptações ao treinamento aeróbico 
Freqüência cardíaca - O treinamento aeróbico reduz tanto a freqüência 
cardíaca em repouso como durante o exercício realizado em cargas 
submáximas de trabalho. Esses efeitos parecem ser devidos à redução da 
hiperatividade simpática, aumento da atividade parassimpática, mudança no 
marca-passo cardíaco ou mesmo melhora da função sistólica. Apesar de o 
treinamento físico induzir melhora da potência aeróbica máxima, ele não 
modifica, de modo apreciável, a freqüência cardíaca máxima. Ou seja, 
pacientes treinados aerobicamente alcançarão a mesma freqüência cardíaca 
máxima de antes do treinamento, porém serão necessários níveis mais 
intensos de esforço para que essa freqüência cardíaca máxima seja 
alcançada 7. 
Pressão arterial - O treinamento físico reduz a pressão arterial de repouso e 
durante exercício submáximo 8. Da mesma forma que ocorre com a freqüência 
cardíaca, o treinamento físico parece provocar pouca alteração na pressão 
arterial máxima aferida no pico do esforço. 
Consumo de oxigênio - O consumo máximo de oxigênio (VO2 máx) avalia de 
forma específica a capacidade aeróbica de um indivíduo. O sistema de 
transporte do oxigênio sofre uma adaptação favorável com o treinamento físico, 
que se exterioriza através de maiores valores de VO2 máx. O consumo de 
oxigênio é determinado pelo débito cardíaco e pela diferença arteriovenosa de 
oxigênio. O treinamento físico aumenta a diferença arteriovenosa de oxigênio 
através do aumento da volemia, da densidade capilar, do débito cardíaco e da 
extração periférica de oxigênio durante o exercício. Nos pacientes portadores 
de cardiopatia, o treinamento aumenta em 10% a 30% o VO2 máx, sendo este 
aumento mais evidente nos primeiros três meses de treinamento 7. A melhora 
da potência aeróbica máxima costuma ser inversamente proporcional à 
capacidade física antes do treinamento, sendo os pacientes mais 
comprometidos os que, proporcionalmente, obtêm as melhorias mais 
significativas. 
Função ventricular - Para uma mesma intensidade de esforço submáximo, o 
indivíduo treinado apresenta o mesmo débito cardíaco, porém às custas de 
freqüência cardíaca mais baixa e volume sistólico maior 7. A maior extração 
periférica de oxigênio durante o exercício pode permitir que o indivíduo treinado 
atinja a mesma intensidade de exercício com menor débito cardíaco. Como a 
freqüência cardíaca no esforço máximo é semelhante no indivíduo treinado e 
no destreinado, o aumento do débito cardíaco ocorre devido a aumento no 
volume sistólico. 
A maioria dos estudos mostra mínima ou nenhuma melhora da fração de 
ejeção do ventrículo esquerdo em resposta ao treinamento físico. Nos 
pacientes portadores de insuficiência cardíaca, a melhora da classe funcional 
obtida com o treinamento físico é secundária às adaptações periféricas ao 
exercício, não havendo correlação entre a fração de ejeção do ventrículo 
esquerdo em repouso e a capacidade funcional 9,10. 
Metabolismo - Com o treinamento físico, a musculatura esquelética desenvolve 
grandes adaptações na densidade capilar, na estrutura protéica miofibrilar e na 
sua composição enzimática. Isso resulta em maior eficiência na utilização de 
lipídios como substrato energético, retardando a utilização de glicogênio 
muscular, prolongando o tempo de exercício e aumentando a intensidade de 
esforço que pode ser sustentado. 
Considerando as adaptações aqui apresentadas, podemos concluir que um 
indivíduo treinado aumenta o volume sistólico máximo, o débito cardíaco 
máximo e a tolerância à acidose muscular, permitindo atingir um VO2 máximo 
mais elevado. Desta forma, mesmo que o limiar anaeróbico (intensidade do 
esforço a partir da qual a produção do lactato muscular suplanta a capacidade 
do organismo em removê-lo) continue a ocorrer no mesmo percentual do 
esforço máximo, este ocorrerá durante um consumo absoluto de oxigênio mais 
elevado. Sendo assim, o desencadeamento de acidose ocorrerá em 
intensidade mais elevada de exercício. Com o treinamento aeróbico, o aumento 
do limiar anaeróbico pode ser proporcionalmente maior que os aumentos 
obtidos do VO2 máximo, caracterizando um aumento da tolerância ao exercício 
submáximo. Essas adaptações têm repercussões práticas, permitindo ao 
indivíduo treinado suportar cargas submáximas maiores por mais tempo, 
retardando o desenvolvimento de acidose e fadiga. 
Adaptações ao treinamento de força 
A maioria das atividades físicas que envolve contração muscular não é 
puramente dinâmica ou estática. Os dois tipos de contração produzem 
diferentes respostas hemodinâmicas, conforme será descrito a seguir. As 
atividades com componente estático envolvem movimentos de baixa repetição 
contra resistências elevadas, em que predominam contrações do tipo estáticas 
ou isométricas, nas quais se desenvolve tensão sem encurtamento do ventre 
muscular. Essa tensão muscular aumentada leva à restrição do fluxo 
sangüíneo muscular durante a contração, devido à compressão das arteríolas e 
capilares que perfundem o leito muscular, desencadeando resposta pressórica 
desproporcional ao consumo de oxigênio local 11-13. A pressão arterial sobe 
bruscamente ao início de uma contração estática, quando esta tende a limitar o 
fluxo sangüíneo arterial, na tentativa de manter a pressão de perfusão para a 
musculatura em atividade. Essa elevação ocorre tanto na pressão arterial 
sistólica quanto na diastólica, resultando em maior pós-carga e menor pré-
carga por diminuição do retorno venoso 11-13, sendo observadas pressões 
arteriais médias de até 320/250 mmHg em contrações máximas dos membros 
inferiores. A marcada elevação da pressão diastólica é uma das principais 
diferenças fisiológicas entre estes dois tipos básicos de contração 11-13. 
Durante a contração isométrica, observa-se aumento da freqüência cardíaca, 
que varia de acordo com a massa muscular envolvida na contração, com a 
força voluntária máxima e com a duração da contração 14. Esse aumento, que 
não costuma ultrapassar valores entre 62,7% e 85,2%da freqüência cardíaca 
atingida durante um teste de esforço máximo em esteira, é o responsável pela 
elevação do DC, já que o volume sistólico, em geral, não se eleva durante a 
contração isométrica, podendo, inclusive, diminuir. Durante a contração 
isométrica, o aumento da pressão arterial diastólica aumenta a perfusão 
coronariana durante a diástole, reduzindo os episódios de isquemia miocárdica 
durante esse tipo de treinamento. Uma revisão de 12 estudos sobre o uso do 
treinamento de força em programas de reabilitação cardíaca mostrou que, em 
portadores de doença arterial coronariana estável, já em treinamento aeróbico 
por pelo menos três meses, adicionar o treinamento de força (resistência 
muscular localizada) parece ser bastante seguro (A), promovendo melhora da 
força muscular e da endurance, sem desencadear episódios de isquemia 
miocárdica, anormalidades hemodinâmicas, arritmias ventriculares complexas 
ou outras complicações cardiovasculares 15 (IIa). 
A força muscular é fundamental para a saúde, para a manutenção de boa 
capacidade funcional e para atingir qualidade de vida satisfatória. Ela pode ser 
aumentada através de exercícios contra sobrecargas progressivas de trabalho 
com componente estático cada vez mais elevado (sem ultrapassar 50-60% da 
força de contração voluntária máxima). Nos últimos anos, o treinamento 
complementar de força passou a fazer parte dos programas de reabilitação 
cardíaca, ajudando a melhorar a endurance muscular, a função cardiovascular, 
o metabolismo, os fatores de risco coronariano e o bem estar geral 16. A tabela 
I resume estes benefícios. 
 
 
 
Apesar de os mecanismos de melhora serem diferentes, tanto o treinamento 
aeróbico quanto o treinamento de força produzem efeitos favoráveis sobre a 
densidade mineral óssea, tolerância à glicose e a sensibilidade à insulina. Para 
o controle do peso corporal, o treinamento de força aumenta o gasto calórico 
através do aumento da massa muscular magra e do metabolismo basal 16. Em 
indivíduos jovens, o treinamento de força eleva a resistência muscular, mas 
afeta pouco o VO2 máx. Em idosos, Vincent e cols. 17 demonstraram aumento 
superior a 20% na capacidade aeróbica após o treinamento de força durante 24 
semanas, provavelmente secundário à elevação da atividade das enzimas 
oxidativas e por diminuição da fraqueza da musculatura nos membros 
inferiores, permitindo o prolongamento do tempo de exercício. 
 
Limitações cardiovasculares ao exercício 
Limitações fisiológicas 
O exercício físico caracteriza-se, fundamentalmente, pela contração muscular 
esquelética. A contração muscular é um processo ativo que requer energia 
para a movimentação das miofibrilas e pode chegar a aumentar, em muitas 
vezes, a demanda energética em repouso, que equivale a um consumo de 
oxigênio de 3,5 ml.kg-1.min-1, ou 1 equivalente metabólico (MET). 
Os mecanismos fisiológicos que limitam a capacidade funcional durante a 
realização de exercícios dinâmicos podem estar relacionados à intensidade ou 
à duração do exercício. Durante exercícios com cargas progressivas de 
trabalho, como no teste de esforço, a intensidade máxima de esforço é 
determinada por fatores de natureza hemodinâmica e metabólica muscular, 
responsáveis pela transferência de oxigênio do ar atmosférico para as células 
musculares. A intensidade máxima possível de exercício é definida pelo débito 
cardíaco e pelo volume sistólico máximo e pela concentração das enzimas 
oxidativas, particularmente aquelas que participam do ciclo de Krebs. Muito 
embora seja adequado considerar o consumo máximo de oxigênio como 
indicador da potência aeróbica máxima, a intensidade de esforço máximo 
atingida no teste de esforço depende também da potência anaeróbica, 
dependente da concentração de enzimas glicolíticas. Quando consideramos 
exercícios submáximos sustentados por longos períodos de tempo, a 
integridade dos mecanismos termorregulatórios e a depleção do glicogênio 
muscular adquirem maior importância na limitação do esforço. No treinamento 
de força, os mecanismos anaeróbicos da ressíntese de adenosina tri-fosfato 
(ATP) são mais importantes na limitação do esforço do que os aspectos 
hemodinâmicos. Desta forma, as funções anaeróbicas alática e lática são os 
principais determinantes da intensidade de esforço nos exercícios estáticos e 
resistidos. Além dos mecanismos metabólicos periféricos envolvendo a 
musculatura em atividade, a fadiga muscular também sofre grande influência 
da capacidade subjetiva de sustentar a contração, fazendo da motivação para 
o exercício outro determinante da capacidade funcional. 
Limitações relacionadas à presença de doenças cardiovasculares 
Grande parte dos pacientes com doença cardiovascular estabelecida refere 
diminuição da capacidade funcional, a qual se relaciona com redução no 
VO2 máximo obtido durante realização de teste ergométrico (B). Nesses 
pacientes, a capacidade de exercício é determinada pela complexa interação 
entre os sistemas cardiovascular, respiratório, metabólico e muscular, somada 
à modulação pelo sistema nervoso autônomo. Dessa forma, qualquer 
desequilíbrio nessa interação pode diminuir a capacidade funcional do 
indivíduo (B). 
Nos pacientes portadores de insuficiência cardíaca, a perda da capacidade 
funcional é dependente de alterações centrais e periféricas. As alterações 
centrais são decorrentes da incapacidade desses pacientes em aumentar 
adequadamente o volume sistólico e a freqüência cardíaca, resultando em 
menor fração de ejeção e menor débito cardíaco. Nos portadores de 
cardiopatia isquêmica, o exercício também é limitado pelo eventual 
desencadeamento de isquemia miocárdica (B). Do ponto de vista periférico, a 
perda da capacidade funcional resulta da diminuição da capacidade oxidativa 
do músculo esquelético, da menor perfusão muscular, da presença de 
disfunção endotelial, favorecendo o aparecimento de acidose ainda nas fases 
iniciais do exercício. A intolerância ao exercício observada nos pacientes com 
função sistólica preservada e déficit diastólico pode ser explicada pela redução 
do débito cardíaco secundária à limitação ao enchimento ventricular, com 
conseqüente prejuízo do mecanismo de Frank Starling (B). Pacientes com 
insuficiência cardíaca e hiperatividade simpática apresentam maior intolerância 
ao exercício quando comparados a pacientes sem disautonomia (B). 
Outro importante fator de limitação durante o exercício é a presença de 
sintomas. Pacientes portadores de cardiopatias referem mais sensação 
subjetiva de cansaço e de dispnéia quando comparados a indivíduos saudáveis 
de mesma idade e peso, (B). Muitos destes pacientes também apresentam 
atrofia e falta de condicionamento da musculatura respiratória. 
 
Benefícios da reabilitação cardiovascular 
Isquemia miocárdica 
Entre os benefícios fisiológicos proporcionados pelo exercício, em pacientes 
com doença arterial coronariana estável, incluem-se a melhora da angina em 
repouso (I), a atenuação da gravidade da isquemia induzida pelo esforço (IIa), 
a melhora da capacidade funcional (I) e o controle de alguns dos fatores de 
risco para doença cardiovascular (IIa). A melhora da isquemia miocárdica 
resulta do aumento do volume sistólico (A), da atenuação da taquicardia 
durante o exercício para cargas submáximas de esforço (B), da melhora na 
resposta vasodilatadora dependente do endotélio (B) e no aumento de 
perfusão na microcirculação coronariana (B). Esse último benefício deve-se, 
provavelmente, ao recrutamento de vasos colaterais durante o exercício, 
clinicamente evidenciado pela atenuação da depressão do segmento ST 
durante o exercício (IIa, B) 18,19 e melhora na perfusão miocárdica observada 
durante a cintilografia com tálio (B) 20. Além disso, o treinamento físico 
associado à dieta pobre em gorduras pode reduzir a progressão da placa 
aterosclerótica, após um ano de acompanhamento(IIa, B), ou até regredir a 
placa aterosclerótica em pacientes coronarianos que realizam atividade física 
com gasto calórico de 1784 kcal 7 a 2200 kcal/semana, após 6 anos de 
seguimento (B) 20. A melhora da isquemia miocárdica com o treinamento pode 
elevar os limiares isquêmicos relativo (limiar isquêmico atingido com carga 
mais elevada) e absoluto (surgimento de isquemia miocárdica com duplo 
produto maior). 
Insuficiência cardíaca 
Em pacientes portadores de insuficiência cardíaca, o surgimento de fadiga 
muscular e dispnéia durante o esforço limita a execução das atividades diárias, 
reduzindo a qualidade de vida. Após um período de treinamento físico regular, 
ocorre melhora na relação ventilação/perfusão pulmonar, na atenuação da 
hiperativação de receptores musculares quimiossensíveis e melhora da função 
respiratória por fortalecimento da musculatura respiratória (B). Nesses 
pacientes, o treinamento ajuda a reverter a disfunção endotelial (B), aumenta o 
consumo de oxigênio de pico (A) e a potência aeróbica máxima (B), melhora a 
capacidade oxidativa do músculo esquelético (B) e reduz a exacerbação neuro-
humoral (B). Devido a esses efeitos, o exercício físico regular foi incorporado 
às medidas não-farmacológicas para o tratamento da insuficiência cardíaca (I, 
B), resultando em redução da resposta ventilatória durante o esforço, melhora 
da qualidade de vida e do prognóstico (I, B) 21,22. 
Dislipidemia 
A atividade física exerce uma ação favorável sobre o perfil lipídico (D), 
principalmente nos casos de hipertrigliceridemia, níveis diminuídos de HDL-
colesterol e alterações nas subfrações do LDL-colesterol 23 (B). 
Triglicérides e HDL-colesterol - Uma única sessão de exercício pode diminuir 
os níveis de triglicérides e aumentar os níveis de HDL-colesterol de forma 
fugaz (B), desaparecendo o efeito num período em torno de dois dias. Isso 
ressalta a importância da realização regular de exercício físico no combate às 
dislipidemias (B). Programas de treinamento físico com um gasto calórico 
semanal de 1200 a 2200 kcal são suficientes para provocar um efeito favorável 
nos níveis de lípides séricos (B). Mesmo com mudanças mínimas no peso 
corporal, quanto maior o gasto calórico semanal, maiores os benefícios para a 
lipemia 23 (I, B). 
LDL-colesterol - O exercício não parece alterar os níveis plasmáticos de LDL-
colesterol total, mas provoca uma diminuição das partículas pequenas e 
densas de LDL-colesterol e um aumento do seu tamanho médio (B). A carga 
de treinamento necessária para obter esse benefício equivale a um gasto 
calórico equivalente a 23 kcal/kg por semana, o que para uma pessoa com 75 
kg equivaleria a um gasto semanal de 1700 kcal. A mudança nas partículas do 
LDL-colesterol provocada pelo exercício é independente de alterações nos 
valores do LDL-colesterol total 22 (B). 
Hipertensão arterial 
Estudos epidemiológicos têm revelado uma associação entre o baixo nível de 
atividade física e a presença de hipertensão arterial. Por outro lado, grandes 
ensaios clínicos aleatórios e metanálises 24 têm confirmado que o exercício 
físico regular pode reduzir os níveis pressóricos (A). Dessa forma, a partir dos 
"anos 1990", diversas diretrizes passaram a recomendar a prática de atividade 
física como meio de prevenção e tratamento da hipertensão arterial (I). Esse 
efeito hipotensor do exercício pode ser observado após uma única sessão 
aguda de exercício dinâmico, perdurando por até 24 horas (B) 25. Resultados 
recentes de uma metanálise, envolvendo 53 estudos clínicos controlados, 
mostraram que o exercício aeróbio regular leva a uma redução de 4,9 e 3,7 
mmHg nos níveis de pressão sistólica e diastólica de repouso, 
respectivamente. Esta redução é ainda mais dramática em indivíduos de etnia 
negra e asiática que apresentam redução da pressão arterial sistólica em torno 
de 10,9 e 6,2 mmHg, respectivamente, e da pressão arterial diastólica em torno 
de 3,2 e 6,6 mmHg, respectivamente 24. 
Obesidade 
Embora a obesidade esteja relacionada a fatores genéticos, estudos 
comportamentais associam o crescimento do número de indivíduos obesos ao 
estilo de vida adotado pelo mundo moderno, incluindo como fator importante o 
estilo de vida sedentário (A). A obesidade está fortemente relacionada à 
prevalência de diabetes mellitus tipo II, hipertensão e doenças 
cardiovasculares, entre outras doenças 26 (A). Está bem estabelecido que o 
exercício físico regular tem efeitos favoráveis sobre as co-morbidades da 
obesidade, particularmente naquelas relacionadas às doenças 
cardiovasculares e ao diabetes mellitus Tipo II 27 (B). Indivíduos com sobrepeso 
ou obesos que se mantêm ativos apresentam menores níveis de mortalidade 
quando comparados aos indivíduos com sobrepeso ou obesos que não se 
exercitam (B). O exercício aumenta o metabolismo basal e a oxidação de 
lipídios e glicose (B), aumenta a sensibilidade à insulina, favorecendo o 
tratamento da síndrome metabólica muitas vezes associada à obesidade 28 (B). 
Portanto, dieta hipocalórica com baixo teor de gorduras associada ao exercício 
físico regular constitui a base do tratamento não-farmacológico para o controle 
das co-morbidades associadas ao sobrepeso e obesidade, com conseqüente 
diminuição dos riscos de doenças cardiovasculares 29 (I, D). 
Mortalidade cardiovascular 
Estudos epidemiológicos indicam que o estilo de vida sedentário associa-se a 
um risco duplamente elevado de doença arterial coronariana 30 (I, B). Foi 
observada uma redução em torno de 20% a 25% no risco de morte nos 
pacientes pós-infarto do miocárdio que estavam em programa de reabilitação 
cardiovascular, quando comparados aos pacientes submetidos a tratamento 
convencional, não utilizando exercício (I, B). Em 1999, Belardinelli e 
colaboradores realizaram o primeiro ensaio clínico randomizado a demonstrar 
que a reabilitação cardíaca tem impacto sobre a mortalidade, como desfecho 
duro nesse subgrupo de pacientes 31. Dos 99 sujeitos que participaram do 
estudo, os cinqüenta indivíduos randomizados para programa de exercício 
físico por 14 meses apresentaram redução na mortalidade por todas as causas 
(42%), por causas cardíacas (22%), além de diminuição consistente na taxa de 
re-internação hospitalar por insuficiência cardíaca (19%), quando comparados 
aos 49 arrolados para o grupo controle (A). Tanto em pacientes portadores de 
cardiopatia, como em indivíduos saudáveis, observa-se uma forte associação 
entre baixa capacidade física e risco de morte 32 (I, B). 
Osteomusculares 
Além de melhorar o condicionamento aeróbio dos pacientes, os programas de 
reabilitação cardiovascular também desenvolvem a coordenação motora, 
aumentam a amplitude de movimentos, a flexibilidade, a resistência e a força 
muscular (I, B). Como resultado, pode melhorar o padrão de movimento, 
diminuir o gasto energético e reduzir os distúrbios músculo-esqueléticos, 
freqüentemente encontrados em pacientes com doenças cardiovasculares, 
melhorando muito o bem-estar e a qualidade de vida 33 (II, B). 
Diabetes mellitus 
Indivíduos ativos apresentam diminuição dos fatores de risco para o 
desenvolvimento de diabetes mellitus 34 (I, A), sendo este risco diminuído em 
32% quando o gasto calórico semanal é equivalente a 2.000 kcal 35 (B). 
Adicionalmente, a realização de 150 minutos de exercício por semana, 
associada à dieta, redução ponderal e controle de estresse, reduz em 53% o 
desenvolvimento de diabetes mellitus tipo 2 em indivíduos intolerantes à 
glicose 36 (A). O treinamento físico melhora a sensibilidade à insulina e o 
controle glicêmico em diferentes populações, independentemente de sexo, 
idade e peso corporal 37 (IB). 
Em pacientes diabéticos tipo 2, a melhora na sensibilidade à insulina possibilita 
diminuição da dose ou até mesmo eliminação de hipoglicemiantes orais 38 (B). 
Em pacientes diabéticos tipo 1 ou tipo 2 insulino-dependentes,

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