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Apostila Processo III

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APOSTILA 
 DE 
 DIREITO PROCESSUAL PENAL 
 
VOLUME III 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. Dra. Maria da Penha Meirelles Almeida Costa 
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I - DOS PROCEDIMENTOS EM ESPÉCIE 
 
 
1. Processo e Procedimento 
 
 
1.1. Processo: é o conjunto de atos coordenados e sucessivos que 
objetivam a solução do litígio, 
 
1.2. Procedimento: é o modo, a forma pela qual os atos processuais devem ser 
praticados. 
 
A noção de procedimento é eminentemente formal, devendo o legislador emprestar 
ao procedimento notável funcionabilidade, isto é, adequá-lo e apropriá-lo a uma perfeita 
discussão da causa, de modo a permitir ao Estado-Juiz uma resolução justa ao litígio, 
com razoável celeridade. 
 
Desse modo, pode o legislador, considerando a natureza da causa, por exemplo, 
fixar procedimentos diversos. 
 
Feitas essas colocações, vejamos as várias formas procedimentais estabelecidas no 
nosso diploma processual penal. 
 
 
 
PROCEDIMENTOS COMUNS 
 
 
 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 
 Aplicável aos crimes cuja sanção máxima cominada seja igual ou superior a 
quarto anos de pena privativa de liverdade (art. 394, I, CPP) 
 
 
 PROCEDIMENTO SUMÁRIO 
Aplicável aos crimes cuja sanção máxima cominada seja inferior a quatro anos 
de pena privativa de liberdade. (art. 394, II, CPP) 
 
 
 PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 
 aplicável às contravenções e aos crimes de competência dos Juizados Especiais 
 Criminais - Lei n. 9.099/95. (art. 394, III, CPP) 
 
 
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PROCEDIMENTOS ESPECIAIS 
 
 
Os denominados procedimentos especiaisencontram-se arrolados no Código de 
Processo Penal (Lvro II, Título II) e na legislação extravagante que, normalmente, 
encontra-se incorporada no Codigo de Processo Penal sob a denominação Legislação 
Complementar. 
 
 
 
 
2. Quadro sinótico 
 
Para maior esclarecimento, pode-se apresentar o seguinte quadro sinótico das 
formas procedimentais. 
 
 
 
 
 COMUM ordinário - arts. 394/405 do CPP; 
 sumário – arts. 531/538 do CPP; 
sumaríssimo – arts. 77/83 da Lei 9.099/95. 
 
 
 
 Crimes dolosos contra a vida – Júri- arts. 406/497 do CPP; 
 
 Crimes ambientais – Lei n. 9.605, de 12-2-1995 
 ESPECIAL Crimes eleitorais – Lei. n. 9.504, de 30-0-1997 
 Lei de Tóxico – 11.343, de 23-8-2006 
 Crimes falimentares – Lei n.11.101, de 9-2-2005 
 Abuso de autoridade - Lei 4.898, de 9-12-1965 
 Crimes contra a economia popular - Lei 1.521, de 26-12-1951 
 Crimes de responsabilidade de funcionários - arts. 513/518 do CPP 
 Crimes contra a honra - arts.519/523 do CPP 
 Crimes contra a propriedade imaterial - arts. 524/530 do CPP 
 
 
 
OBS.:- Hoje, as contravenções que não estão sujeitas a procedimento especial, 
subordinam-se às regras contidas na Lei 9.099/95, tais como transação, 
procedimento sumaríssimo ou até mesmo suspensão condicional do processo, 
salvo se o autor do fato não for encontrado para ser citado ou se o fato 
apresentar complexidade, casos em que será observado o quadro sinótico 
supracitado. Entretanto, segundo entendimento de alguns juristas, todas as 
contravenções devem estar sujeitas ao novo procedimento. Primeiro, 
porque não são consideradas como crime e, segundo, porque atenderiam aos 
princípios maiores da nova Lei 9099/95 
 
 
 
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 PROCEDIMENTO ORDINÁRIO 
 
aplicável ao crimes cuja sanção máxima cominada seja igual ou superior a quarto anos de pena 
privativa de liberdade 
 
 
1. Seqüência dos atos processuais 
 
1.1. Oferecimento da denúncia ou queixa (art. 395) 
 prazo (art. 46): réu preso = 5 dias 
 réu solto = 15 dias 
 
1.2. Recebimento da denúncia (art. 396) 
. 
 
 1.3. Citação do acusado para responder à acusação, por escrito, em 10 
dias. ( Art. 396) 
 
Recebida a denúncia, se não for rejeitada liminarmente pelo juiz, com 
base no art. 395 do CPP, o magistrado citará o acusado para responder 
à acusação, por escrito, no prazo de dez dias (arts. 396). No caso de 
citação por edital o prazo para a defesa começará afluir com o 
comparecimento pessoal do acusado ou de seu defensor constituido.(art. 
394, parágrafo único). 
 
 FORMAS DE CITAÇÃO: 
 1ª Pessoal: regra geral (art. 351) 
 2ª por hora certa: verificando que o réu se oculta para não ser citado, o 
ofical de justiça procederá a citação por hora certa.(art. 362) 
 3ª por edital: quando o réu não é encontrado.(art. 361) 
 OBS:Se o réu, citado por edital, não comparecer, nem nomear 
procurador, será decretada a suspensão do processo com a suspensão do 
prazo prescricional (art.366 CPP). 
 
 
1.4. Resposta á acusação ( art. 396-A) 
 Na resposta à acusação, o acusado poderá arguir preliminares e tudo 
que interessar à sua defesa, arrolando testemunhas ( art. 396-A, CPP). 
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Não apresentada no prazo legal, ou se o acusado, citado, não constituir 
defensor, o juiz nomeará defensor para oferecer a resposta em dez dias. 
(art. 396-A, parágrafo segundo). 
 
. 
 
 
1.5. Absolviçao Sumária( art. 397) 
Recebida a resposta à acusação com base no art. 396-A, o juiz poderá 
absolver sumariamente o acusado, com base apenasnas condições 
estabelecidas no art. 397 do CPP. 
 
 
1.6 Confirmação do recebimento da denúncia. (art. 399) 
Não sendo o acusado absolvidosumariamente, o juiz confirmará o 
recebimento da denúnica com base no art. 399 do CPP. 
 
 
1.7 Intimação para audiência de intrução, debates e julgamentos. (art. 
399) Confirmado o recebimento da denúcia ( art. 399 do CPP) o juiz 
intimará as partes para a audiência de intrução debates e julgamento. 
 
 
1.8 Da audiência (art. 400 CPP) 
Na audiência procederá à tomada de declrações do ofendido, depois 
serão ouvidas as testemunhas de acusação e de defesa, nesta ordem, 
salvo se a testemunha residir em outra comarca, que nesses casos será 
intimada por carta precatória (a expedição da precatória suspende o 
prazo da instrução –art. 222, parágrafo primeiro), em seguida, se 
necessário, serão ouvidos os peritos ( com o prévio requerimento das 
partes), depois realizar-se-a as acareações e o reconhecimento de 
pessoas e coisas e após ocorrerá o interrogatório do acusado. As provas 
serão produzidas em única audiência. ( art. 400 CPP). 
Serão inquiridas até 8 testemunhas arroladas pela acusação e oito para 
cada réu. Ojuiz poderá querer ouvir outras testemunhas além do número 
legalmente previsto, sendo essas testemunhas do juízo e não da acusação 
nem da defesa. As partes podem desistir de quelauqer das testemunhas 
arroladas, salvo as testemunhas do Juízo, cuja as quais só o magistrados 
pode dispensá-las.( art. 401 CPP). 
Produzidas as provas, ao final da audiências, as partes poderão requer 
diligências para apuração dos fatos narrados na audiência ( art. 402 
CPP) 
Não havendo requerimento de diligências , ou sendo indeferidas, serão 
oferecidas as alegações finais orais por 20 minutos, pela acusação 
depois pela defesa, prorrogaveis por mais 10 minutos e a seguir, 
sentença.(art. 403 CPP) 
Caso sejam realizadas diligências, as partes aprresentarão, em 5 dias, 
sua legações finais por memoriais e no prazo de 10 dia so juiz proferirá 
a sentença. (art. 404 CPP) 
 
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OBS: a audiência deverá ser realizada no prazo de 60 dias (art. 400 CPP) 
1.9. Sentença (art. 403 e 404 CPP)EM RESUMO: 
 
 1º Ato: Oferecimento da denúncia ou queixa; 
 2º Ato: Recebimento da denúncia; 
 3º Ato: Citação do acusado para responder à acusação, por escrito, em 10 dias; 
 4º Ato: Resposta á acusação (defesa preliminar); 
 5º Ato: Absolviçao Sumária; 
 6º Ato: Confirmação do recebimento da denúncia; 
 7º Ato: Intimação para audiência de intrução, debates e julgamentos; 
 8º Ato: Audiência - (passos da audiência: 1-oitiva da vitima; 2-testemunha de 
acusação; 3- testemunha de desefa; 4-interrogatório; 5-diligências; 6-
debates orais/memoriais; 7-sentença); 
 9º Ato: Sentença. 
 
 
 
obs: Haverá a Suspensão Condicional do Processo, art. 89, da Lei n. 
9.099/95, sempre que a pena mínima cominada ao crime for igual ou 
inferior a um ano. Nesse caso, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por 2 a 4 anos, 
desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido 
condenado por outro crime, presentes os demais elementos que 
autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do CP). 
 
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Gráfico demonstrativo do procedimento ordinário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Modelo de Memoriais (artigo 404 do CPP) 
 
 
 
 
MEMORIAIS 
 
 
 
 
AUTORA : A Justiça Pública 
RÉU : José Pedro Filisbino 
 
 
 
 
MM.JUIZ : 
 
 
 
Preliminarmente, 
 
 
 
A defesa reitera, nesta oportunidade, a argüição de incompetência desse juízo, tal qual o 
fez na fase da defesa prévia. Se crime houvesse, ter-se-ia consumado na comarca de 
Agudos e, segundo a regra do artigo 70, caput, do CPP, a competência será firmada, de 
regra, pelo locus delicti comissi. Assim, admitida a hipótese de ter havido 
infringência da norma penal, a competência, in casu, seria do juízo de Agudos, pois o 
furto, crime instantâneo que é, consuma-se no instante em que a res sai da esfera da 
disponibilidade do dono. 
 
Ora, o veículo encontrava-se à porta da casa do seu proprietário, situada na rua XV de 
novembro, 1098, na cidade de Domélia, comarca de Agudos, quando o acusado dali o 
teria subtraído. Pouco importa houvesse sido encontrado pelas ruas desta cidade, 
dando voltas com ele. 
 
Insta acentuar que a incompetência do juízo, sendo um dos pressupostos processuais, se 
persistir, embora argüida opportuno tempore, contamina de nulidade a relação 
processual, nos termos do artigo 564, I, do CPP. 
 
Certo que, para a doutrina, tal incompetência é relativa e há, até mesmo, numerosos 
julgados neste sentido. Todavia, se a defesa, no momento oportuno - art.395 -, a 
suscita, tal como se procedeu no caso sub judice, não pode haver a prorrogatio fori. 
Ademais, a Excelsa Corte, se bem que por maioria, já decidiu que a nulidade persiste, 
tenha ou não havido argüição (cf.Revista Trimestral de Jurisprudência do STF, 
vol.52/256). 
 
Assim, espera a defesa que Vossa Excelência declare a nulidade e aplique o disposto no 
artigo 567. 
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MÉRITO 
 
Respeitante ao meritum causae, não pode subsistir a imputação feita ao acusado. Pelo que se infere dos 
autos, o acusado queria apenas dar umas voltas com o veículo, ao lado de sua namorada, aqui residente. 
Fê-lo. Ele próprio o disse no interrogatório a que o submeteu V.Exa. Todavia, sem que ninguém o 
molestasse, após o seu passeio, que durou cerca de quatro horas (cf.depoimentos de fls.38, 39 e 40), 
retornou a Domélia e deixou o veículo num posto de gasolina próximo a casa da pretensa vítima, em 
perfeito estado de funcionamento. Até mesmo a gasolina gasta foi reposta pelo acusado, conforme se 
apurou no exame pericial (fls.05). 
 
Por aí se vê que o acusado quis, apenas, gozar a utilidade que o veículo, naquele dia, lhe podia 
proporcionar. 
 
Se furtar é " subtrair coisa alheia móvel para si ou para outrem", e provado ficou, em toda a instauração 
criminal, que o acusado, embora houvesse retirado o automóvel da esfera de disponibilidade do dono, não 
o fez nem para si nem para outrem, não há falar-se em furto. 
 
Tendo-o devolvido intacto, é induvidoso inexistir, na hipótese em exame, o elemento subjetivo, que se 
traduz pela expressão incrustrada no tipo : " ...para si ou para outrem". 
 
Sem este elemento, o tipo descrito no artigo 155 do CP ficaria mutilado e, assim, a conduta do réu não 
poderia, como não pode, subsumir-se na moldura do referido dispositivo legal. Há algo a impedir possa 
a conduta do réu incrustar-se na moldura do artigo 155 : ausência do elemento subjetivo. 
 
Assim, se ela não se subsume na figura das nossas leis repressivas, sua absolvição se impõe, com 
fundamento no artigo 386, III, do CPP. Note-se que tão eloqüentes são as provas colhidas na instrução 
que a imputação que pesa sobre o réu tem um indisfarçável gosto de constrangimento ilegal. 
 
A propósito, dentre outros, vejam-se os venerandos acórdãos em Julgados do Tribunal de Alçada, 
vol.III/149; Revista Trimestral de Jurisprudência, vol.47/820 e 822., onde se lê : " O STF, 
reiteradamente, tem considerado não haver crime no uso furtivo de automóvel para passeio, seguindo-se o 
abandono do veículo, sem apropriação ou venda, ainda que seja punível o furto da gasolina consumida... 
Mas o ínfimo valor do combustível, sobretudo quando o agente é menor e primário, recomendaria, na pior 
hipótese, a aplicação do artigo 155. § 2º, última parte". 
 
Mesmo com o advento da Lei n. 9.426/96, cuidando especificamente do furto de veículo automotor e 
exasperando-lhe a pena, o furto de uso, na hipótese, continua atípico, uma vez que a circunstância que 
qualifica o furto de veículo, nos termos do § 5º do artigo 155 do CP, acrescentado pela Lei supracitada, 
consiste em transportar o veículo automotor para outro Estado ou para o exterior. Não é o caso. 
 
Se, na espécie, sequer houve o prejuízo do combustível, sua absolvição se impõe como ato de justiça. 
 
Bauru, 05 de maio de 1997. 
 
 
Francislaine T.C.Meira 
Advogada 
 
Modelo extraído do livro ' Prática de Processo Penal ' - Fernando da Costa Tourinho 
Fº - Ed.Saraiva - 1997. 
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SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO 
 (art. 89 da Lei n. 9.099/95) 
 
Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a 
um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a 
denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que 
o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, 
presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena 
(art.77 do Código Penal). 
 
§ 1º - aceita a proposta pelo acusado e seu defensor, na presença do Juiz, este, 
recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o acusado a período 
de prova, sob as seguintes condições : 
 
 I - reparação do dano salvo impossibilidade de fazê-lo; 
 II - proibição de freqüentar determinados lugares; 
 III - proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do 
Juiz; 
 IV - comparecimento pessoal obrigatório a juízo, mensalmente, para informar 
e justificar suas atividades. 
 § 2º - O Juiz poderá especificar outras condições a que fica subordinada a 
suspensão, desde que adequadas ao fato e à situação pessoal do acusado. 
 § 3º - A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário vier a 
ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do 
dano. 
 § 4º - A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no 
curso do prazo, por contravenção, ou descumprir qualqueroutra condição imposta. 
 § 5º - Expirado o prazo sem revogação, o Juiz declarará extinta a 
punibilidade. 
 § 6º - Não correrá a prescrição durante o prazo de suspensão do processo. 
 § 7º - Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo 
prosseguirá em seus ulteriores termos. 
 
Evidente que, em se tratando de crime apenado com reclusão, não existe mínimo 
inferior a um ano, mas como a lei em análise cuida, também, de mínimo igual a um ano, 
numerosas figuras delituais penais apenadas com reclusão foram atingidas pelo novo 
instituto. 
 
A suspensão condicional do processo é aplicável, ainda, aos crimes apenados 
com detenção, sujeitos ou não a procedimentos especiais, e eventualmente até as 
contravenções, pouco importando a modalidade do rito, não obstante o art. 89 da citada 
lei use apenas a palavra "crimes". Mas, se a suspensão pode ocorrer em se tratando de 
crime, nada justifica a exclusão da contravenção, se bem que em relação a esses crimes 
liliputianos, na expressão de Hungria, a melhor solução é a multa. 
 
Essa suspensão condicional do processo, verdadeiro "sursis" processual, revela-
se excelente medida alternativa para a denominada pequena e média criminalidade. 
 
A suspensão condicional do processo não ocorre apenas no procedimento-regra 
para os crimes apenados com reclusão, mas em toda e qualquer infração penal, sujeita 
ou não a procedimento especial, conquanto a pena mínima não ultrapasse um ano. 
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Assim, no estudo das formas procedimentais, não se pode olvidar essa grande novidade 
introduzida no nosso ordenamento. 
 
Na impossibilidade de se corrigir o sistema, a suspensão condicional do processo 
é alternativa de alto nível. Note-se que, somando o número de crimes de menor e médio 
potencial ofensivo, encontramos no Código Penal mais de 150 figuras delituais penais, 
tal como abaixo se enumera, sem falarmos em várias outras infrações sujeitas a 
procedimento especial: 
 
1. auto-aborto (art. 124); 
2. lesão corporal (art. 129, caput); 
3. lesão corporal culposa (art. 129, § 6º); 
4. lesão corporal grave (art. 129, § 1º); 
5. perigo de contágio venéreo (art. 130); 
6. perigo de contágio de moléstia grave (art. 131); 
7. perigo para a vida ou a saúde de outrem (art. 132); 
8. abandono de incapaz (art. 133, caput e § 3º); 
9. exposição ou abandono de recém-nascido (art. 134, caput e §1º); 
10. omissão de socorro (art. 135); 
11. maus-tratos (art. 136 e § 1º); 
12. rixa (art. 137); 
13. crimes contra a honra, se pública a ação penal (arts. 138. 139 e 
 140 c/c art. 145, parágrafo único); 
14. constrangimento ilegal (art. 146, caput e § 1º); 
15. ameaça (art. 147); 
16. seqüestro ou cárcere privado simples (art. 148); 
17. violação de domicílio (art. 150); 
18. violação de correspondência (art. 151 e § 1º, II); 
19. correspondência comercial (art. 152); 
20. divulgação de segredo (art. 153); 
21. violação de segredo profissional (art. 154); 
22. furto simples (art. 155); 
23. furto de coisa comum (art. 156); 
24. extorsão indireta (art. 160); 
25. alteração de limites (art. 161); 
26. supressão ou alteração de marcas de animais (art. 162); 
27. dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou histórico (art. 165); 
28. alteração de local especialmente protegido (art. 166); 
29. apropriação indébita (art. 168, caput); 
30. apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito ou força da natureza 
(art. 169, caput); 
31. apropriação de tesouro (art. 169, parágrafo único, I); 
32. apropriação de coisa achada (art. 169, parágrafo único, II); 
33. estelionato (art. 171); 
34. duplicata simulada (art. 172); 
35. induzimento à especulação (art. 174); 
36. fraude no comércio (art. 175); 
37. outras fraudes (art. 176); 
38. fraudes e abusos na fundação ou administração de sociedades por ações 
(art. 177); 
39. emissão irregular de conhecimento de depósito ou warrant (art. 178); 
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40. fraude à execução de natureza pública (art. 179 do CP c/c o § 2º do art.24 
do CPP); 
41. receptação dolosa ou culposa (Art. 180 e § 1º); 
42. violação de direito autoral praticado em prejuízo de entidade de direito 
público, autarquia, empresa pública, sociedade de economia mista ou 
fundação instituída pelo Poder Público (art. 184 c/c o art. 186); 
43. violação de direito autoral nas hipóteses previstas nos §§ 1º e 2º do art. 184 
c/c o Art. 186; 
44. usurpação de nome ou pseudônimo alheio (art. 185 c/c o art. 186); 
45. falsa atribuição de privilégio (Art. 188); 
46. falsa declaração de depósito em modelo ou desenho (art. 190); 
47. uso indevido de armas, brasões e distintivos públicos (art. 193); 
48. marca com falsa indicação de procedência (art. 194); 
49. corrupção de preposto (art. 197, X e XI); 
50. violação de segredo de fábrica ou negócio (art. 196, XII); 
51. atentado contra a liberdade de trabalho (art. 197); 
52. atentado contra a liberdade de contrato de trabalho e boicotagem violenta 
(art. 198); 
53. atentado contra a liberdade de associação (art. 199); 
54. paralisação de trabalho seguida de violência ou perturbação da ordem (art. 
200); 
55. paralisação de trabalho de interesse coletivo (art. 200); 
56. invasão de estabelecimento industrial, comercial ou agrícola e sabotagem 
(art. 202); 
57. frustração de direito assegurado por lei trabalhista (art. 203); 
58. frustração de lei sobre a nacionalização do trabalho (art. 204); 
59. exercício de atividade com infração de decisão administrativa (art. 205); 
60. aliciamento para o fim de imigração (art. 206); 
61. aliciamento de trabalhadores de um local para outro do território nacional 
(art. 207); 
62. ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo (art. 208); 
63. impedimento ou perturbação de cerimonia funerária (art. 209); 
64. violação de sepultura (art. 210); 
65. destruição, subtração ou ocultação de cadáver (art. 211); 
66. vilipêndio a cadáver ( art. 212); 
67. posse sexual mediante fraude (art. 215 c/c o art. 225, § 1º, II); 
68. atentado ao pudor mediante fraude (art. 216 c/c o art. 225, § 1º, II); 
69. corrupção de menor (art. 218 c/c o art. 225, § 1º, II); 
70. rapto consensual (art. 220 c/c o art. 225, § 1º, II); 
71. mediação para satisfazer a lascívia de outrem (art. 227); 
72. rufianismo (art. 230, caput); 
73. ato obsceno (art. 233); 
74. escrito ou objeto obsceno (art. 234); 
75. conhecimento prévio de impedimento (art. 237); 
76. simulação de autoridade para celebração de casamento (art. 238); 
77. simulação de casamento (art. 239); 
78. parto suposto; supressão ou alteração de direito inerente ao estado civil de 
recém-nascido, praticado por motivo de reconhecida nobreza (art. 242, 
parágrafo único); 
79. sonegação de estado de filiação (art. 243); 
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80. abandono material (art. 244); 
81. entrega de filho a pessoa inidônea (art. 245); 
82. abandono intelectual (arts. 246 e 247); 
83. induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes (art. 
248); 
84. subtração de incapazes (art. 249, caput); 
85. incêndio culposo (art. 259, § 2º); 
86. explosão culposa (art. 251, § 3º); 
87. uso de gás tóxico ou asfixiante (art. 252); 
88. fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivos ou gás 
tóxicos ou asfixiante (art. 253); 
89. perigo de inundação (art. 255); 
90. desabamento ou desmoronamento (art. 256); 
91. difusão culposa de doença ou praga (art. 259, parágrafo único); 
92. desastre ferroviário culposo (art. 260, § 2º); 
93. sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo (art. 261, § 3º); 
94. atentado contra outro meio de transporte (art. 262); 
95. arremesso de projétil (art. 264); 
96. atentado contra a segurança de serviçode utilidade pública (art. 265, 
caput); 
97. interrupção ou perturbação de serviço telegráfico ou telefônico (art. 266); 
98. epidemia culposa (art. 267, § 2º); 
99. infração de medida sanitária preventiva (art. 268); 
100. omissão de notificação de doença (art. 269); 
101. envenenamento culposo de água potável ou de substância alimentícia ou 
medicinal (art. 270, § 2º); 
102. corrupção ou poluição culposa de água potável (art. 271, parágrafo único). 
103. corrupção, adulteração ou falsificação culposa de substância alimentícia ou 
medicinal (art. 270, § 2º); 
104. emprego de processo proibido ou de substância não permitida (art. 275); 
105. invólucro ou recipiente com falsa indicação (art. 275); 
106. produto ou substância nas condições dos arts. 274 e 275 (art. 276); 
107. substância destinada à falsificação (art. 277); 
108. outras substâncias nocivas à saúde pública (art. 278); 
109. medicamento em desacordo com receita médica (art. 279); 
110. exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica (art. 282); 
111. charlatanismo (art. 283); 
112. curandeirismo (art. 284); 
113. incitação ao crime (art. 286); 
114. apologia de crime ou criminoso (art. 287); 
115. quadrilha ou bando (art. 288); 
116. moeda falsa (art. 289, § 2º); 
117. emissão de título ao portador sem permissão legal (art. 292); 
118. supressão de carimbo ou sinal indicativo de inutilização de papel público 
(art. 293, § 2º); 
119. uso de papel alterado (art. 293, § 3º); 
120. uso ou restituição à circulação de papéis alterados (art. 293, § 4º); 
121. petrechos de falsificação (art. 294); 
122. falsificação de documento particular (art. 298); 
123. falsidade ideológica (art. 299, caput); 
 13 
 
 
124. falso reconhecimento de firma ou letra (art. 300); 
125. certidão ou atestado ideologicamente falso (art. 301, caput); 
126. falsidade material de atestado ou certidão (art. 301, § 1º); 
127. falsidade de atestado médico (art. 302); 
128. reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica (art. 303); 
129. falsificação do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na 
fiscalização alfandegária ou para outros fins (art. 306, parágrafo único); 
130. falsa identidade (art. 307); 
131. usar, como próprio. passaporte, título de eleitor, caderneta de reservista etc. 
(art. 308); 
132. fraude de lei sobre estrangeiro (art. 309); 
133. atribuição de falsa identidade a estrangeiro (art. 310); 
134. falsidade em prejuízo da nacionalização de sociedade (art. 311); 
135. peculato culposo (art. 312, § 2º); 
136. peculato mediante erro de outrem (art. 313); 
137. extravio, sonegação ou inutilização de livro ou documento (art. 314); 
138. emprego irregular de verbas ou rendas públicas (art. 315); 
139. excesso de exação (art. 316, § 1º); 
140. corrupção passiva (art. 317, caput e § 2º); 
141. prevaricação (art. 319); 
142. condescendência criminosa (art. 320); 
143. advocacia administrativa (art. 321); 
144. violência arbitrária (art. 322); 
145. abandono de função (art. 323); 
146. exercício funcional ilegalmente antecipado ou prolongado (art. 324); 
147. violação de sigilo funcional (art. 325); 
148. usurpação de função pública (art. 328, caput); 
149. resistência (art. 329); 
150. desobediência (art. 330); 
151. desacato (art. 331); 
152. exploração de prestígio (art. 332, caput); 
153. corrupção ativa (art. 333, caput); 
154. contrabando ou descaminho (art. 334, caput e parágrafos); 
155. inutilização de edital ou de sinal (art. 336); 
156. reingresso de estrangeiro expulso (art. 338); 
157. denunciação caluniosa de contravenção (art. 339, § 2º); 
158. comunicação falsa de crime ou contravenção (art. 340); 
159. auto-acusação falsa (art. 341); 
160. falso testemunho e falsa perícia (art. 342, caput); 
161. corrupção de testemunha, perito, tradutor ou intérprete (art. 343, caput); 
162. coação no curso do processo (art. 344); 
163. exercício arbitrário das próprias razões (art. 345 do CP c/c o art. 24, § 2º do 
CPP); 
164. subtração de coisa própria (art. 346); 
165. fraude processual (art. 347, caput); 
166. favorecimento pessoal (art. 348); 
167. favorecimento real (art. 349); 
168. exercício arbitrário ou abuso de poder (art. 350); 
169. fuga de pessoa presa ou submetida a medida de segurança (art. 351 e §§ 3º e 
4º); 
 14 
 
 
170. evasão mediante violência contra a pessoa (art. 352); 
171. arrebatamento de preso (art. 353); 
172. motim de presos (art. 354); 
173. patrocínio infiel (art. 355); 
174. patrocínio simultâneo e tergiversação (art. 355, parágrafo único); 
175. sonegação de papel ou objeto de valor probatório (art. 356); 
176. exploração de prestígio (art. 357, caput); 
177. violência ou fraude em arrematação judicial (art. 358); 
178. desobediência a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito (art. 
359); 
179. porte de arma (art. 10 da Lei n. 9.437, de 20-2-1997). 
 
Para a suspensão é indiferente que a infração seja ou não sujeita a procedimento 
especial. É preciso, contudo, estejam satisfeitos estes requisitos: 
 
1. pena mínima cominada não superior a um ano; 
 
2. que o acusado não tenha sido condenado nem esteja sendo processado por 
outro crime; 
 
3. que estejam presentes os demais requisitos exigidos para a concessão 
condicional da pena (art. 77 do CP); 
 
A suspensão pressupõe uma denúncia, embora ainda não recebida nos moldes 
tradicionais. Uma vez ofertada, o Ministério Público, se satisfeitas as exigências legais, 
tem o dever de propor a suspensão condicional do processo, ficando o acusado com a 
faculdade de aceitar ou não. Feita a proposta, se o acusado e seu defensor a aceitarem, 
cabe ao Juiz, por primeiro, proferir despacho liminar positivo ou negativo. Rejeitada a 
denúncia, prejudicada fica a proposta da suspensão. Recebida, o Juiz pode proferir 
decisão suspendendo o curso do processo por 2 ou 4 anos, sob as seguintes condições: 
 
 reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo; 
 
 proibição de freqüentar determinados lugares; 
 
 
 proibição de ausentar-se da comarca onde reside sem autorização do 
juiz; 
 
 
 comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para 
informar e justificar suas atividades. 
 
Entendimentos diversos: 
 
Entendem alguns juristas e doutrinadores que o Ministério Público tem o poder-
dever, se preenchidos os requisitos necessários, de formular a proposta de suspensão. 
Caso não formule, o recurso cabível, segundo alguns entendimentos, é o de apelação, no 
entanto, parte da doutrina considera cabível o próprio habeas corpus pelo entendimento 
de que a omissão injustificada da proposta constitui constrangimento ilegal sanável pelo 
“mandamus”, uma vez que não se justifica a aplicação, por analogia, do artigo 28. 
Evidentemente, o pedido será apreciado pelo tribunal competente - Tribunal de Justiça 
ou Tribunal de Alçada Criminal - respeitando-se a matéria do crime em questão. 
 15 
 
 
 
Entretanto, não oferecida à proposta, entendem alguns que o juiz poderá suprir a 
vontade do Ministério Público, oferecendo a proposta e, se aceita, impondo as 
condições. Estes doutrinadores entendem que se o juiz pode o mais, que é a concessão 
do sursis com base em sentença condenatória, pode o menos também. 
 
Por outro lado, se o Ministério Público discordar da solução dada pelo Juiz, 
poderá apelar, com fundamento no art. 593, II do CPP, para o tribunal competente, ou, 
ainda, segundo outros entendimentos poderá impetrar Mandado de Segurança pelo 
direito liqüido e certo de promover a ação penal. 
 
Noutro lugar, formulada a proposta pelo Ministério Público e aceita pelo 
acusado e seu defensor, o Juiz não está obrigado à homologá-la se entendernão estar 
presente algum requisito. Neste caso, também caberá o recurso de apelação, posto que, 
embora seja decisão meramente interlocutória, não há previsão legal no texto do art. 581 
do CPP. 
 
A suspensão poderá ser revogada. Essa revogação será obrigatória se o réu vier 
a ser processado por outro crime ou, injustificadamente, deixar de reparar o dano. 
Facultativa será a revogação se, no curso do período de prova, o beneficiário vier a 
cometer contravenção ou descumprir quaisquer das outras condições impostas. 
Revogada a suspensão, o processo retoma seu andamento normal. Expirado o prazo, 
sem revogação, extinta estará a punibilidade. Urge observar que durante o período de 
prova o curso da prescrição fica suspenso. 
 
As vantagens do instituto são notáveis: após o período de provas, sem 
revogação, o Juiz decretará a extinção da punibilidade, e o réu retornará à sua condição 
de primário. Além disso, haverá extraordinária economia processual com a não-
realização do interrogatório e da instrução criminal (fase probatória e das alegações) e 
inclusive não haverá sentença. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 16 
 
 
 PROCEDIMENTO SUMÁRIO 
 
aplicável aos crimes cuja sanção máxima cominada seja inferior a 4 anos de pena privativa de 
liberdade 
 
 
 
1.Seqüência dos atos processuais 
 
 
Para a infração cuja pena máxima seja inferior a 4 anos, ainda que alternada ou 
cumulada com pena pecuniária, há duas formas procedimentais: uma comum e outra 
especial. 
 
De regra, quando a pena cominada é inferior a 4 anos, o procedimento é traçado 
nos art. 531 ao art. 538 do CPP. Aliás, toda infração apenada com pena inferior a 4 
anos que não esteja sujeita a procedimento especial obedece à forma procedimental 
estabelecida no art. 531 e seguintes. A ordem dos atos é esta: 
 
1.1. Oferecimento da denúncia ou queixa 
 
1.2. Recebimento da denúncia 
 
1.3. Citação do réu para oferecer resposta á acusação 
 
1.4. Resposta á acusação ( defesa priliminar) 
 
1.5. Possibilidade de absolvição sumário com base no art. 397 CPP 
 
1.6. Confirmação do recebimento da denúnica 
 
1.7. Intimação das partes para audiência de instrução debates e 
julgamento 
 
 1.8. Audiência de julgamento: 
 
 Declarações do ofendido; 
 
 Testemunhas de acusação e de defesa, nesta ordem; 
 
 Esclarecimentos dos peritos, ás acariações e ao 
reconhecimento de pessoas e coisas 
 
 Interrogatório do acusado 
 
 Debates orais ( 20 minutos para a acusação e depois para cada 
acusado, prorrogáveis por mais 10 minutos) 
 
 Sentença. 
 
 
 
 
 
 17 
 
 
Rito Processual 
 
Oferecida e recebida à denúncia nos termos da lei, uma vez citado o acusado, o 
mesmo deverá apresentar a defesa escrita no prazo de 10 dias. Após a citação o acusado 
oferecerá a defesa escrita, onde poderá requerer defesa preliminar, apresentar 
documentos, arrolar testemunhas ( nesse rito 5 testemunhas para cada acusado) e alegar 
o que achar necessário. 
 
Após apresentada a defesa escrita o Magistrado verificará a possibilidade de 
absolvição sumária e caso não seja este seu entendimento, confirmará o recebimento da 
denúnica. 
 
Confirmando o recebimento da denúncia o Juiz intimará as partes para a 
audiência de instrução, debates e julgamentos, que deverá ser realizada no prazo de 30 
dias. 
 
Na audiência, será tomada as declarações do ofendido, serão ouvidas as 
testemunhas de acusação ( nesse rito 5 testemunhas), em seguida serão ouvidas as 
testemunhas de defesa ( como ja visto, 5 para cada acusado), após, se necessário, será 
ouvido os esclarecimentos do peritos às acareações e ao reconhecimento de pessoas e 
coisas, depois será o acusado integorrados, após ocorrerá os debates orais ( 20 minutos 
para a acusação e 20 minutos para cada réu, prorrogáveis por mais 10 minutos) e por 
fim, o juiz sentenciará 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
 
 
Gráfico demonstrativo do procedimento sumário 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 19 
 
 
Modelo de debates orais 
 
 
AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO E JULGAMENTO 
 
Aos dois (02) dias do mês de agosto, do ano de mil, novecentos e noventa e seis (1996), nesta Cidade de 
Jaú, Estado de São Paulo, no Edifício Fórum local, sala das audiências, onde às 13:00 horas se encontrava 
o Exmo.Sr.Dr.Fernando Eric Tourinho Östlund, MM.Juíz de Direito desta Comarca, comigo escrevente 
habilitado, no final assinado, aí sendo, realizou-se a audiência de instrução e julgamento, nos autos do 
processo-crime promovido pela Justiça Pública contra Pedro dos Santos (Processo n.111/84). Na hora 
designada e feitos os pregões, verificou-se o comparecimento do Dr.Marcelo de Almeida Bonatti, 
DD.Promotor de Justiça, do réu Pedro dos Santos, do Dr.Luiz Gonzaga Furtado, defensor, das 
testemunhas João da Silva, José de Oliveira e Pedro José de Oliveira. Iniciados os trabalhos, foram 
tomados os depoimentos das três testemunhas presentes, em separado, conforme adiante se vê. Em 
seguida, determinou o MM.Juíz se procedessem aos debates orais. Pelo Dr.Promotor de Justiça foi dito o 
seguinte : " MM.Juiz, insta esclarecer que a Promotoria não diligenciou a transação com o acusado, nos 
termos da Lei n.9.099/95, porquanto se trata de reincidente em crime doloso. A denúncia imputou ao 
réu o crime de lesão corporal leve, cometido contra a sua própria esposa, fato este que teria ocorrido por 
volta das 17:30 horas do dia 23 de novembro de 1996, nesta cidade, no interior do prédio da residência do 
casal, na rua Pedro Barros n.10. Nos autos do inquérito, como prova acusatória, há, apenas, a palavra da 
vítima, alegando ter sido agredida, sem motivo. O acusado, na fase das investigações policiais, negou o 
fato. O laudo de fls. mostra que a vítima sofrera leves escoriações no joelho. Segundo a versão dada 
pelo acusado, na fase do inquérito, a vítima, indignada porque ele não lhe dera dinheiro para ir a um salão 
de beleza, saiu correndo de casa, dizendo que ia buscar o numerário em casa dos pais e, nervosa como 
estava, tropeçou e se machucou, fato que provocou risos do acusado. Ninguém resistiu à cena. Sem 
embargo disto, foi oferecida denúncia, a fim de que, em juízo, os fatos passassem pelo crivo da Justiça. 
entretanto, no interrogatório a que o submeteu V.Exa., o réu reiterou a sua versão, que, diga-se de 
passagem, não é de todo descabida. A vítima, embora reafirmando o que disse na Polícia, adiantou 
que... ' de lá para cá seu marido tem se portado bem...' (cf.fl.36). Condenar o réu, como num jogo de ' 
cara ou coroa ', seria ' data venia ', ato inominável que V.Exa. não praticaria. Assim, sem suporte 
probatório, mínimo que seja amparar a versão da vítima, não pode a Promotoria, em sã consciência, pedir 
a condenação. Sua absolvição se impõe com fundamento no artigo 386, Inc.VI, do CPP". A seguir, com 
a palavra o Dr.Luiz Gonzaga Furtado, pelo mesmo foi dito o seguinte : " MM.Juiz : preliminarmente, é 
de se observar que o laudo de exame de corpo de delito é imprestável. Sua imprestabilidade descansa em 
duas razões : a) os peritos que o subscreveram não forma compromissados, como se constata às fls.; e b) 
prestando esclarecimentos a esse juízo, à fl.36 e verso, o segundo perito, Dr.Edmundo Stanislau da Silva, 
informou que não vira a vítima e se limitou apenas a subscrever o laudo que lhe apresentara seu colega. 
Assim, em face da exigência de dois peritos, ainda que oficiais, conforme a disposição do artigo 159 do 
CPP com a redação dada pela Lei m.8862/94, é nulo o exame de corpo de delitoquando elaborado por um 
só perito, ou mesmo quando realizado por dois peritos inoficiais sem prestarem compromisso, e ' quod 
nullum est, nullum produxit effectum ', é evidente que a nulidade deve ser reconhecida. Caso V.Exa. 
não acolha a preliminar de nulidade, no mérito, pouco há a acrescentar às ponderadas palavras do 
DD.Promotor de Justiça. Ninguém assistiu aos fatos. Existem, nos autos, apenas a palavra da vítima e a 
do acusado. Pelo laudo de fls.3, percebe-se que a vítima sofrera ligeira escoriação em seu joelho. Se o 
acusado houvesse empurrado a vítima e ela caído de costas, tal como relatou em suas declarações, 
como poderia surgir a escoriação do joelho ? Pela sua localização, tudo está a indicar que a versão dada 
pelo réu, de que vítima tropeçaria, parece ser a mais correta. Assim, é evidente que um decreto 
condenatório deve ser amparado num mínimo de prova e, ' in casu ', nem este mínimo existe. Pelos 
depoimentos das testemunhas de fls. e fls., vizinhas do casal, a vítima é pessoa nervosa, e o acusado, 
embora não despreze seus aperitivos, é homem calmo e dedicado ao trabalho. Adiantou a testemunha de 
fls.34 que a vítima, certa feita, lhe dissera que se arrependera de haver casado, pois, quando solteira, seu 
pai fazia-lhe todas as vontades. Ante o exposto, pelo acervo probatório, não se pode desprezar a versão 
dada pelo réu no sentido de que a vítima saíra correndo, toda nervosa, pelo fato de lhe ter sido negado 
numerário e, ao tropeçar, caído e sofrido a lesão. Desse modo, em face da ausência de suporte 
probatório, espera a defesa seja o réu absolvido, por ser de justiça.”em seguida, pelo MM.Juiz de Direito, 
foi proferida a seguinte sentença : - " Vistos, etc...”“. 
Modelo extraído do livro ' Prática de Processo Penal ' - Fernando da Costa Tourinho Fº - Ed.Saraiva 
- 1997. 
 
PROCEDIMENTO SUMARÍSSIMO 
 20 
 
 
 
aplicável às contravenções e aos crimes de competência dos Juizados Especiais Criminais - Lei 9.099/95 
 
 
 
O JUIZADO ESPECIAL CRIMINAL, O TERMO 
CIRCUNSTANCIADO, A TRANSAÇÃO. 
 
 
 
O legislador constituinte instituiu no art. 98, I, da Constituição Federal, os Juizados 
Especiais Criminais, com competência para processar e julgar as infrações de menor 
potencial ofensivo e, em 26-11-1995, surgiu a Lei 9.099/95, regulando esses Juizados. 
 
 
 
1. Competência dos Juizados Especiais: 
 
Art. 60 - conciliação, o processo, o julgamento e a execução das infrações de 
menor potencial ofensivo. 
 
 
 
2. Composição dos Juizados Especiais: 
 
 Juizes togados, ou togados e leigos. 
 
 
 
3.. Critérios da Lei: 
 
 princípio da oralidade; 
 princípio da informalidade; 
 princípio da economia processual; e 
 princípio da celeridade. 
 
 
 
4. Conceito e aplicabilidade 
 
Consideram-se infrações de menor potencial ofensivo as contravenções e os 
crimes apenados no seu grau máximo com pena privativa de liberdade até um ano, não 
sujeitos a procedimento especial. Obviamente, estão excluídos os apenados com 
reclusão, posto inexistir, entre nós, pena de reclusão com o mínimo inferior a um ano. 
 
Consoante entendimento majoritário dos doutrinadores e juristas, as 
contravenções relativas ao jogo do bicho, apostas sobre corrida de cavalos feitos fora do 
hipódromo e as contravenções contra a flora não foram atingidas pelo novo 
procedimento, uma vez que tem rito especial. Entretanto, alguns doutrinadores refutam 
esta posição, esclarecendo que se a nova lei atinge os crimes, por que não atingir todas 
as contravenções, independentemente dos ritos, já que, pela sua própria natureza, é uma 
infração de pouca monta, de bagatela. 
 21 
 
 
 
Tratando-se, pois, de infração de menor potencial ofensivo, a autoridade que 
tomar conhecimento da ocorrência lavrará termo circunstanciado e o encaminhará 
imediatamente ao Juizado, com o autor do fato e a vítima. Esse termo circunstanciado 
não passa de um Boletim de Ocorrência mas sofisticado, com qualificação das partes, 
um resumo de suas versões e, se possível, versões de eventuais testemunhas. Não 
haverá, pois, necessidade de inquérito. Se houver flagrância, comprometendo-se o autor 
comparecer ao Juizado, dispensa-se até a lavratura do auto de prisão, inclusive, eventual 
fiança. 
 
Se por acaso os envolvidos não comparecerem, a Secretaria do Juizado, ou quem 
suas vezes fizer, diligenciará a intimação de todos eles, inclusive do responsável civil se 
for o caso. Essa intimação é feita de maneira simples: carta com aviso de recebimento 
(AR) ou por outro meio idôneo, como o telefone, por exemplo. 
 
 
 
5. Fase preliminar ou audiência preliminar 
 
 
Presentes os envolvidos na Sala de Audiências, ou em lugar destinado para tal 
fim, o Juiz fará os devidos esclarecimentos sobre a possibilidade de composição dos 
danos e da aceitação da proposta de aplicação imediata de pena não privativa de 
liberdade (prestação de serviços à comunidade, interdição ou limitação de fim de 
semana) ou multa, mostrando, inclusive, a vantagem da transação por não gerar 
reincidência. 
 
Conseguida a composição dos danos, será ela reduzida a escrito e homologada 
pelo Juiz, mediante sentença irrecorrível, e terá eficácia de título executivo a ser 
executado no juízo cível competente. Se o valor não exceder 40 salários mínimos, a 
execução, nos termos do art. 53 da Lei 9.099/95, será feita no Juizado Especial Cível. 
Se maior, no lugar do fato ou domicílio do autor, ex vi do parágrafo único do art. 100 do 
CPC. 
 
Insta esclarecer que a composição dos danos devidamente homologada implica 
renúncia ao direito de queixa ou representação e, como sabido, a renúncia é causa 
extintiva da punibilidade. 
 
 
 
6. Da transação 
 
 
Não havendo a composição, a vítima informará se deseja ou não representar 
contra o autor do fato, reservando-se o seu direito de promover a ação civil competente. 
Assim, manifestado o desejo de representação, o membro ministerial terá vistas aos 
autos para verificar se é ou não caso de denúncia e, a partir daí, o procedimento da 
transação será o mesmo dos crimes de ação pública incondicionada, podendo o 
Promotor formular a proposta de aplicação de pena não privativa de liberdade, desde 
que: 
 
 22 
 
 
a) o autor do fato não tenha sido condenado pela prática de crime, à pena 
privativa de liberdade, por sentença definitiva; 
 
b) não tenha sido beneficiado, nos últimos cinco anos, pela Lei n.º 9.099/95; 
 
c) se seus antecedentes, conduta social, personalidade, motivos e 
circunstâncias do fato indicarem que a proposta é medida suficiente. 
 
Aceita a proposta pelo autor do fato e seu defensor (com predomínio da vontade 
daquele), será imposta a pena restritiva de direitos ou multa, o que vale dizer, será 
homologado o consenso. Se o autor do fato não aceitar a proposta, observar-se-á o 
procedimento sumaríssimo. 
 
Se o autor do fato não efetuar o pagamento da multa, parece-nos que a solução é 
mesmo determinar a remessa do termo de transação, com a nota de inadimplemento à 
Procuradoria do Estado, para a inscrição como dívida ativa. 
 
Por outro lado, se o autor do fato não cumprir, injustificadamente, a pena 
restritiva de direito, parece-nos que a transação fica sem efeito, sem possibilidade de 
renovação, instaurando-se o competente processo contra o autor do fato, seguindo-se o 
procedimento comum para os crimes apenados com detenção. Se se tratar de 
contravenção, observar-se-á o procedimento previsto em lei. 
 
Se o autor do fato não comparecer à audiência preliminar, ou se não for possível 
a transação, e desde que não haja maior complexidade nem exigência de maiores 
esclarecimentos, observar-se-á o procedimentosumaríssimo. 
 
 
 
7. Do procedimento sumaríssimo 
 
 
O procedimento sumaríssimo desenvolve-se da seguinte forma: 
 
O Promotor oferecerá denúncia oral (que será reduzida a escrito), cuja cópia será 
entregue ao acusado, que ficará ciente da designação de dia e hora para audiência de 
instrução e julgamento, da qual também tomarão ciência o Promotor de Justiça, o 
ofendido, o responsável civil e seus advogados. 
 
Se o acusado não estiver presente será citado por mandado, cientificado, ainda, 
de que poderá apresentar suas testemunhas ( no máximo três) ou requerimento para 
intimá-las no mínimo cinco dias antes da audiência. Se a ausência for do ofendido e do 
seu responsável, serão intimados. 
 
No dia e hora designados, se na fase preliminar não tiver havido possibilidade de 
tentativa de conciliação e de oferecimento de proposta, serão tomadas tais providências. 
Não sendo possível, por qualquer razão, será aberta a audiência. 
 
Antes de receber a denúncia, a palavra será dada à defesa para o oferecimento de 
resposta aos termos da peça acusatória. 
 
Com a acusação e a resposta, o Juiz receberá ou não a peça acusatória. 
 
 23 
 
 
Com o recebimento da denúncia ou queixa, terá início à instrução (art. 81), 
quando serão ouvidas as testemunhas arroladas pelas partes, e como último ato o 
interrogatório. 
 
Encerrada a instrução teremos os debates entre as partes, após o que o Juiz 
proferirá sua sentença, para a qual a lei dispensa a feitura de relatório, observando o 
princípio da oralidade que rege a nova lei, registrada apenas em fita magnética. 
 
 
 
8. Sistema recursal 
 
 
Turmas de recurso: é composta por 3 (três) juízes togados em exercício no 
primeiro grau de jurisdição, sendo vedada a participação do 
magistrado que prolatou a decisão em exame. 
 
Apelação: interponível no prazo de 10 dias e já com a apresentação das 
razões, isto é, além da manifestação de inconformismo, a aprte 
deverá apresentar os motivos pelos quais pede a reforma, pelo 
reexame. 
 
 Cabe apelação: 
 
a) rejeição de denúncia ou queixa; 
b) da sentença homologatória de transação; 
c) da sentença de mérito. 
 
 
 
Embargos declaratórios: oponíveis no prazo de 5(cinco) dias, suspendendo o 
prazo de interposição dos demais recursos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 24 
 
 
9. MODELO DE TERMO CIRCUNSTANCIADO 
 
_____________________________________________________________ 
 
TERMO CIRCUNSTANCIADO DE OCORRÊNCIA nº_______/ 98 
(Lei 9099, de 26.09.1995) 
____________________________________________________________ 
 
Comarca : 
Estado : 
_____________________________________________________________ 
 
Local : 
Data do fato : 
Data da Elaboração : 
Horário do fato : 
Horário da comunicação : 
 
POLICIAL que apresentou a ocorrência : (CONDUTOR, qualificação completa ou no 
caso de Policial Militar o nº de RE) 
 
Aos ........ dias do mês de ..........................., do ano de mil, novecentos e noventa e oito, 
onde presente se achava a Autoridade Policial, Sr. Dr.,............................., Delegado de 
Polícia, respectivo comigo, Escrivão de seu cargo, aí compareceu : 
 
{ qualificação completa da (s) vítima (s) } 
Vítima : 
Nome 
RG 
Filiação 
Data de nascimento naturalidade nacionalidade 
Endereço residencial : tel. 
Endereço comercial : tel. 
 
{ qualificação completa do (s) autor (es) } 
Autor : 
Nome 
RG 
Filiação 
Data de nascimento naturalidade nacionalidade 
Endereço residencial : tel. 
Endereço comercial : tel. 
 
{ qualificação completa da (s) testemunha (s) } 
Testemunha : 
Nome 
RG 
Filiação 
Data de nascimento naturalidade nacionalidade 
Endereço residencial : tel. 
Endereço comercial : tel. 
 
Exames periciais requisitados : (IML, IC, quantidade e tipo de exames) 
 25 
 
 
 
Veículos : (quando houver) 
 
Objetos : (relacionados ao delito - apreendidos ou encaminhados à perícia) 
 
Histórico : (Histórico circunstanciado, constando versão separada de todos os 
envolvidos no evento) 
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
.............................................................................................................................................
................................................................................................................................. 
 
 
 
TERMO DE COMPROMISSO 
 
A vítima ....................................., retroqualificada, compromete-se a comparecer no 
Juizado Especial Criminal da Comarca de ............................, na data de ....../....../......, as 
...:... horas, para audiência preliminar. 
 
Assinatura :................................................................ 
 
O autor do fato, ................................., retroqualificado, compromete-se a comparecer no 
Juizado Especial Criminal da Comarca de ............................, na data de ....../....../......, as 
...:... horas, para audiência preliminar. 
 
Assinatura :................................................................. 
 
E, nada mais havendo, determinou a Autoridade o encerramento do presente que, lido e 
achado conforme, segue devidamente assinado, segue devidamente assinado por todos e 
por mim, Escrivão que o digitei. 
 
Autoridade : 
 
Vítima (s). 
 
Autor (es) 
 
Testemunha (s) 
 
Condutor (es) 
 
Escrivão : 
 
 
 26 
 
 
 PROCEDIMENTO ESPECIAL 
 
aplicável a determinados crimes assim estabelecidos em lei especial 
 
 
 
1 - DOS CRIMES DE COMPETÊNCIA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI (arts. 406/497 do CPP). 
 
 
 
A Constituição Federal, no art. 5º, inciso XXXIV, estabelece que: 
 
“é reconhecida a instituição do júri, com organização que lhe der a lei, assegurados: 
 
a) a plenitude de defesa; 
 
b) o sigilo das votações; 
 
c) a soberania dos vereditos; 
 
d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida, tentados 
ou consumados”. 
 
 
 
Crimes de competência do Tribunal do Júri (crimes tipificados nos artigos 121, 
excluido seu parágrafo 3ª, 122, 123,124,125,126 e 127, todos do Código Penal 
 
 homicídio; 
 
 infanticídio; 
 
 instigação, induzimento ou auxilio ao suicídio; 
 
 aborto; e 
 
 conexos. 
 
Os crimes de competência do tribunal do júri, são apenados, via de regra, com 
reclusão. Entretanto, o infanticídio e o aborto provocado pela gestante ou com o seu 
consentimento, com detenção, embora o procedimento seja idêntico. 
 
Entendeu o legislador que, para estes crimes, melhor seria que o julgamento fosse 
feito pelos membros da sociedade, por meio de um órgão colegiado, especialmente 
escolhido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 27 
 
 
 
Assim,embora esteja encravado no Livro II, Título I, que cuida do Processo 
Comum, o processo do júri é integralmente especial, obedecendo um procedimento 
escalonado ou bifásico. A primeira fase encerra-se com a decisão de pronúncia, e a 
segunda inicia-se e termina com o julgamento pelo Tribunal do Júri. Na primeira etapa, 
a acusação procura demonstrar que houve o crime doloso contra a vida, consumado ou 
tentado, e que o réu foi o seu autor. Sendo assim, evidente que a decisão de pronúncia, 
que encerra essa primeira fase, limitar-se a julgar procedente o iudicium accusationis 
do Estado, levando o acusadoá segunda fase, cujo julgamento competirá ao júri, 
representado pelo iudicium causae. 
 
 
 
 PROCEDIMENTO - 1ª FASE - (judicium accusationis ou sumário de culpa) 
 
1. Inicia-se com o oferecImento da denúncia ou queixa, que poderão ser rejeitada 
pelo juiz com fulcro no art. 395 do CPP, desde que ausente um de seus 
pressupostos, podendo o acusador opor Recurso em Sentido Estrito, com 
fundamento no art. 581, I, do CPP. 
2. Recebendo-a, ordenará o juiz seja o réu citado para “responder” a acusação no 
prazo de dez dias, conforme art. 406. Esse prazo começa a fluir a partir do 
efetivo cumprimento do mandado ou do comparecimento em juízo do acusado 
ou do Defensor constituído, no caso de citação inválida ou por edital. 
3. Não apresentada a defesa no prazo legal, o Juiz nomeará Defensor para oferecê-
la, observando-se o mesmo prazo. 
4. Na resposta o acusado poderá arguir preliminares, alegar tudo que interesse a 
sua defesa, oferecer documentos e justificações, especificar as provas 
pretendidas e arrolar até o máximo de 8(oito) testemunhas, requerendo sua 
intimação, quando necessário, conforme arts. 407/408) 
5. Se na “resposta”houver preliminares e juntada de documentos, o Juiz 
determinará a abertura de vista ao Acusador (MP ou querelante) para que sobre 
eles se manifeste em 5 (cinco) dias, conforme art. 409. 
6. Não havendo qualquer contratempo, o Juiz determinará sejam realizadas as 
diligências por acaso requeridas e designará, no prazo máximo de dez dias, a 
audiência de instrução. 
7. Na audiência, tomam-se as declarações do ofendido (se possível), os 
depoimentos das testemunhas de acusação e da defesa, bem como procedem-se a 
eventuais esclarecimentos de peritos, acareações e ao reconhecimento de pessoas 
ou coisas, o réu é qualificado e interrogado, seguindo-se os debates. O prazo 
para a acusação será de vinte minutos, prorrogáveis por mais dez. O mesmo 
ocorrerá com a Defesa. Se houver assistente, este falará por dez minutos. Dentro 
de dez dias deverá o Juiz proferir sua decisão. 
8. Essa primeira fase do procedimento do júri deverá ser encerrada em noventa 
dias. 
9. No sumário de culpa busca-se saber se houve crime e se o réu foi seu autor. Se 
isso ficar demonstrado, o julgamento ficará a cargo do Tribunal do Júri. 
10. Encerrando a primeira fase, o Juiz do Júri decidirá por uma das quatro decisões, 
a saber: 
 
 
 28 
 
 
Impronúncia (art. 414, CPP) 
 
 
 Se o Magistrado não se convencer da existência do crime ou de indício 
suficiente de autoria, julgará a peça acusatória improcedente. É o que se 
denomina impronúncia. Dessa decisão poderão interpor recurso de Apelação 
as partes, nos termos do art. 416. 
 Impronunciado o acusado, nem por isso ficará ele livre de noo processo pelo 
mesmo fato. Enquanto não estiver extinta a punibilidade, se surgirem novas 
provas, novo processo poderá ser-lhe instaurado. 
 
impronúncia é uma sentença terminativa de inadimissibilidade da imputação, 
com a extinção do processo, absolvendo tão-somente o imputado da relação 
jurídico-processual, porém com efeito limitado; 
 
quando a decisão se fundamentar na prova de inexistência do fato (art. 386, I) 
ou não constituir o fato infração penal (art. 386, III), a decisão de 
impronúncia, segundo Mirabete, equivalerá a verdadeira sentença absolutória, 
ocorrendo o trânsito em julgado formal, o que impede novo processo pelo 
mesmo fato. Todabia, Frederico Marques é de opinião contrária, afirmando 
que esta jamais transita em julgado, estando esta tão-só a incidência da 
preclusão temporal, posto que se trata de decisão de caráter meramente 
processual; 
 
a intimação da sentença de pronúncia poderá ser feita somente ao defensor, 
uma vez que esta não gera nenhum ônus ao acusado; 
 
 
Despronúncia 
 
Esta equivale à impronúncia. Quando o Juiz pronuncia o réu, cabe RESE (art. 
581, IV, do CPP). Se, interposto o recurso postulando a impronúncia, o 
Magistrado, no juízo de retratação, acolher o pedido do recorrente, fala-se em 
despronúncia. Se o Juiz mantiver a sua decisão e o Tribunal der provimento ao 
recurso, também haverá despronúncia. 
 
 
 
 
Desclassificação (art. 419, CPP) 
 
 
 Poderá o Juiz, tambem, se convencer da existência de crime que não seja da 
competência do Júri, oportunidade em que proferirá decisão nesse sentido e 
remeterá os autos ao juízo competente. É claro que nessa decisão não deve o 
Juiz dar qualificaçã jurídico-penal ao fato, mesmo porque o juízo competente 
poderá dele discordar, criando uma situação deliada e embaraçosa, o que 
revelaria antecipação do julgamento. Aliás, não se exige que a decisão 
desclassificatória relata perfeita qualificação jurídico-penal do fato, a menos que 
 29 
 
 
essa especificação tenha por objetivo atribuir a competência exata do foro 
competente, como, por exemplo, a comarca de São Paulo, que divide jurisdição 
entre os foros regionais e o central. Assim, após a preclusão deverá o Juiz 
determinar a remessa dos autos ao juízo competente 
 
 
para que haja desclassificação é necessário que a prova encartada nos autos 
seja plena e absoluta, se houver dúvida deverá pronunciar, é o in dubio pro 
societate que impera e jamais em prol do réu. 
 
esta sentença tem caráter meramente declaratório, declarando que o fato não é 
da competência do júri, mas do juízo comum, momento em que poderá 
ocorrer até um conflito negativo de jurisdição; 
 
a intimação da sentença de declassificação será feita ao próprio defensor, já 
que não causa prejuízo ao acusado; 
 
da decisão de declassificação cabe Recurso em Sentido Estrito, com base no 
art. 581, II, do CPP. 
 
 
 
 
 Absolvição Sumária (art. 415, CPP) 
 
 O Juiz poderá também decretar a absolvição sumária do acusado se estiver 
convencido, nos termos do art. 415: 
 
 I – da inexistência do fato; 
 II – de não ser o réu autor ou partícipe do delito; 
 III – de o fato não constituir infração penal; ou 
 IV – se demonstrada causa de exclusão do crime ou de isenção de pena. 
 
 Assim, o réu será sumariamente absolvido se o juiz verificar que: 
 
 o fato não existiu; que, mesmo existido o fato, o acusado não concorreu 
para a prática delituosa; 
 que o fato é atípico; 
 houve erro de tipo(art. 20 do CP); 
 erro sobre a ilicitude do fato (art. 21 do CP); 
 coação moral irresistível ou estrita obediência hierárquica (art. 22 do 
CP); legítima defesa, estado de necessidade, estrito cumprimento do 
dever legal ou exercício regular de direito (art. 23 do CP); 
 inimputabilidade do agente decorrente de doença mental ou 
desenvolvimento mental incompleto ou retardado, se a defesa cingir-se a 
apenas esta tese (art. 26, caput, do CP); e 
 embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior (art. 
28, § 1º, do CP) 
 
 
 
 30 
 
 
o rol é taxativo, não se podendo estender para outras hipóteses; 
 
a prova deverá ser extreme de dúvida, cristalina, incontroversa. Se houver 
dúvida deverá o juiz pronunciar o acusado, pois, nesta fase, na dúvida, pro 
societate; 
 
é sentença de mérito, fazendo coisa julgada formal e material, pois nesta o juiz 
decide a matéria a fundo, reconhecendo a situação fática que diz respeito à 
existência de causa excludente de ilicitude ou dirimentes de culpabilidade. 
 
 Da sentença de absolvição sumária cabe recurso de Apelação, conforme 
previsão do art. 416 e nos termos do art. 593, do CPP. 
 
 
 
 Pronúncia (art. 413, CPP) 
 
 
 
 Por fim, tem-se a decisão de pronúncia que encerra a fase do iudiciun 
accusationes, decidindo questão processual relevante, mas não põe fim ao 
processo nem decide sobre o mérito da causa. 
 
 Após essa decisão, o processo segue, automaticamente,com a fase do 
iudicium causae até o julgamento definitivo do merito no plenário do júri. 
 
 Para a decisão de pronúncia, bastam apenas dois elementos: 
 
a) Provas da existência do crime; 
b) Indícios suficientes de autoria ou participação. 
 
Essa decisão, como toda decisão judicial, deve ser fundamentada pelo juiz, 
seguindo o que determina o art. 413 do CPP. Todavia, a fundamentação deverá 
ficar adstrita tão-só aos seus requisitos: prova de materialidade, eventual 
qualificadora e os indícios capazes de convencer o Magistrado ter sido o 
acusado o autor do crime. 
 
Ao pronunciar o acusado, além de demonstrar a existência do crime e os 
indícios de autoria, o juiz deverá também apreciar todas as circunstâncias 
qualificadoras do delito, incluindo-as, se for o caso, na decisão. Todavia, as 
atenuantes, agravantes, causas de diminuição denpena etc não devem constar 
da pronúncia, seja porque nada tem a ver com a certeza material do crime, seja 
porque não interferem na classificação jurídico-penal do fato. Quanto as 
agravantes, embora não constem da pronúncia, deverão ser mencionadas na 
denúncia ou queixa, sob pena de impedir-se que a acusação a elas se refira em 
plenário, tomando de surpresa a defesa do acusado. 
 
A decisão de pronúncia não é de mérito, pois mesmo reconhecendo ser o réu o 
autor do crime, não aplica nenhuma sanctio juris. A decisão ai, tem, por 
evidente, caráter nitidamente processual. Por meio dela se encerra a primeira 
etapa do procedimento escalonado do processo da competência do Júri. Da 
 31 
 
 
decisão de pronúncia podem as partes recorrer, conforme art. 581, IV, do CPP. 
Se o juiz, em razão do recurso, se retratar para impronunciar, ou se mantiver a 
sentença e o Tribunal vier a impronunciar o réu, tais decisões são chamadas, 
como acima já menionado, de “despronúncia”, cujos efeitos são idênticos aos 
da impronúncia. 
 
Proferida a decisão de pronúncia e preclusa a via impugnativa, não mais poderá 
ela ser alterada, a menos se verifique circunstância superveniente que 
modifique a classificação do delito (art. 421, § 1º, do CPP). Como exemplo, no 
caso de pronunciado o réu por tentativa, vindo a vítima a óbito em razão dos 
ferimentos, far-seá pequena instrução, visando demonstrar que a morte 
decorreu daqueles ferimentos e, por isso, nova pronúncia será proferida. 
 
 
Efeitos da pronúncia 
 
a) Ser o réu levado a julgamento pelo Tribunal do Júri; 
b) Se preso estiver, poderá o Juiz recomendar que preso fique; 
c) Se estiver solto, contra ele será expedido mandado de prisão, se o Juiz 
entender necessário e assim bem fundamentar sua decisão. 
 
 
 Intimação da sentença de pronúncia 
 
Proferida a decisão de pronúncia, a intimação far-se-á nos nos seguintes 
termos, conforme art.420do CPP: 
 
Pessoalmente : ao acusado, ao defensor nomeado e ao MP; 
Imprensa : ao defensor constituído, ao querelante e ao assistente; 
Edital : ao acusado solto que não for encontrado. 
 
 
 
 
 
PREPARAÇÃO DO PROCESSO - 2ª fase - (judicium 
causae) 
 
Nos termos do art. 421do CPP, preclusa a decisão de pronúncia, os autos são 
encaminhados ao Juiz Presidente do Tribunal do Júri, cabendo a este 
determinar a intimação do órão do Ministério Público ou do querelante, no 
caso de queixa, e do Defensor, para que, no prazo de cinco dias, apresentem o 
rol de testemunhas máximo 5 para cada uma das partes), requeiram juntada de 
documentos e diligênias, se for o caso. 
 
Em seguida, nos termos do art. 423, o juiz fará um relatório sucinto do 
processo, o qual será incluído na pauta da reunião do Júri e cuja cópia entregue 
aos jurados. 
 
 32 
 
 
 
Desaforamento 
 
Nos termos dos arts. 427/428, se o interesse da ordem pública o reclamar, ou 
houver dúvida sobre a imparcialdade do júri ou dúvida sobre a segurança 
pessoal do réu, o Tribunal de Justiça, a requeriento do Ministério Público, do 
assistente, do querelante ou do acusado, ou mediante representação do juiz 
competente, poderá determinar o desforamento do julgamento para comarca da 
mesma região onde não existam aqueles motivos, preferindo-se as mais 
próximas. 
 
O desaforamento também poderá ser determinado em razão de comprovado 
excesso de serviço, ouvidos o juiz e a pate contrária, se o julgamento não puder 
ser realizado no prazo de seis meses, contato do “transito em julgado” da 
decisão de pronúncia, salvo se a demora for decorrente de adiamentos, 
diligências de interesse da defesa. 
 
O desaforamento somente poderá ser formulado após o “transito em julgado” 
da decisão de pronúncia, além de se apresentar enquanto medida excepcional 
que somente será levada a efeito se houver elementos concretos acerca dos 
motivos elencados nos artigos supracitados. 
 
 
Organização e funcionamento do Júri 
 
O Júri é um Tribunal composto de um juiz togado, que o preside e de sete 
cidadãos, de notória idoneidade, sorteados na própria sessão de jugamento, 
dentre uma lista de vinte e cinco nomes. 
 
Entre nós,a lei não exige, para o exercício da função de jurado, outras 
condições senão: 
 
a) Brasileiro nato ou naturalizado; 
b) Maior de 18 anos; 
c) Idoneidade; 
 
 Conforme preceitua o § 1º do art. 436 do CPP: “Nenhum cidadão poderá ser 
excluído dos trabalhos do júri ou deixar de ser alistado em razão de cor ou 
etnia, raça, credo, sexo, profissão, classe social ou econômica, origem ou grau 
de instrução”. É intuitivo que os analfabetos não poderão ser incluídos na lista. 
Muito menos os surdos-mudos. Igualmente aqueles que não estiverem no gozo 
dos direitos políticos. 
 
 
O serviço do Júri será obrigatório 
 
É o dispõe o art. 436 do CPP, desde que o cidadão satisfaça as exigências legais, 
podendo o Juiz Presidente do Júri incluílo na lista geral a que se refere o art. 425 do 
CPP. 
 
 33 
 
 
A inclusão é inescusável, se uma vez alistado, porém se quiser ser excluído resta-lhe 
apontar o motivo. Se a recusa se prender a razões de convicção religiosa, política ou 
filosófica, importará no dever de prestar serviço alternativo, sob pena de suspensão dos 
direitos políticos, enquanto não prestar o serviço imposto 
 
 
Cidadãos que não podem ser alistados. Da lista e suas impugnações 
 
Não devem ser alistadas as pessoas referidas nos incisos I a X do art. 437 do 
CPP. Se o forem. Deverão ser excluídas. 
 
O alistamento é feito anualmente, nos termos do art. 425 do CPP, o qual deverá 
ser publicado no mês de outubro de cada ano, no Fórum ou na imprensa, no qual 
indicará os nomes e profissões. Alterações poderão ser feitas até a sua 
publicação definitiva que se dará na segunda quinzena de novembro. 
 
Insta ressaltar que da decisão que incluir ou excluir jurado da lista cabe Recurso 
em Sentido Estrito, art. 581, inc. XIV, do CPP. 
 
 
Importância da função de jurado 
 
A função de jurado é importantíssima, pois além de constituit serviço público 
relevante, estabelecerá presunção de idoneidade. Ademais, garante ao jurado, 
que tenha efetivamente participado, prisão especial, no caso de crime comum, 
até o efetivo julgamento definitivo, bem como preferência, em igualdade de 
condições, nas concorrências públicas. 
 
 
Sorteio dos jurados 
 
O sorteio é feito pelo próprio Juiz Presidente, que retirará da urna geral, uma a 
uma, as vinte e cinco cédulas com os nomes dos jurados, as quais ficará 
recolhidas a outra urna, ficando a chave em seu poder (art. 433). 
 
Concluído o sorteio o Juiz determinará se proceda a publicação do edital de 
convocação dos vinte e cinco jurados que tiverem de servir na reunião do júri. 
 
 
Abertura da sessão 
 
a) verificação das cédulas: cumpre ao Juiz, na sessão, verificar se na urna 
contém a cédulas pertinentesaos vinte e cinco jurados sorteados para aquela 
sessão. Os ausentes terão seus nomes excluídos. 
b) chamada dos jurados: determinará o Juiz ao Escrivão proceda a chamada 
nominal dos jurados, oportunidade em que deverão responder presente. 
c) instalação: comparecendo no mínimo quinze jurados, o Juiz Presidente 
declarará instalada a sessão. Nessa oportunidade, eventual nulidade sanável, 
que haja ocorrido após a fase do art. 411, deverá ser arguida, nos termos do 
art. 571. 
 34 
 
 
d) ausência: se não comparecerem pelo menos quinze jurados, mínimo legal 
para a instalação da sessão (art. 463), cumprirá o Juiz convocar nova sessão 
para o primeiro dia útil imediato (art. 464 e 497), procedendo ao sorteio de 
tantos jurados suplentes quantos necessários. 
 
 
 Multa aos jurados 
 
a) o jurado que, sem causa justificada, deixar de comparecer, incorrerá na 
multa de um a dez salários mínimos, de acordo com a sua condição 
econômica. Na mesma multa, se houver comparecido e se retirar antes de 
ser dispensado pelo Juiz (art. 442); 
b) a imposição da multa decorre do simples não-comparecimento, 
independentemente de ato do Juiz Presidente ou termo especial (art. 442); 
 
Escusas: Somente seão aceitas as escusas apresentadas até o momento da 
abertura dos trabalhos da sessão (art. 454) e, obviamente, se fundadas em 
motivo relevante, devidamente comprovado (art. 443). 
 
 
 
Comparecimento das partes e das testemunhas 
 
Não-comparecimento do Advogado: se o Advogado do réu não comparecer, 
sem escusa legítima, e se outro não for por este constituído, o fato será 
imediatamente comunicado ao presidente da seccional da Ordem dos Advogados 
do Brasil, com a data designada para a nova sessão (art. 456). 
 
Não-comparecimento do Ministério Público: se o representante do Ministério 
Público deixar de comparecer por motivo de força maior, o Juiz adiará o 
julgamento para o primeiro dia desimpedido da mesma sessão periódica (art. 
455). Se o não-comparecimento não for justificado, o fato será comunicado 
imediatamente ao Procurador-Geral de Justiça, com a data designada para a nova 
sessão. 
 
Não-comparecimento do réu: o julgamento não será adiado pelo não-
comparecimento do acusado que esteja solto e tenha sido devidamente intimado 
(art. 457). 
 
Acusador particular: quando a ação penal se iniciar por meio de queixa (art. 29, 
do CPP) e o acusador particular deixar de comparecer, é preciso fazer uma 
distinção: 
 
a) se houver escusa legítima, comprovada a justificação perante o Juiz 
Presidente (art. 457, § 1º, do CPP), o julgamento será adiado para a 
próxima sessão, se não puder ser realizado na que estiver em curso; 
b) se não houver escusa legítima, far-se-á o julgamento, ficando a 
acusação a cargo do representante do Ministério Público. 
 
 35 
 
 
Advogado do assistente: se o não comparecimento for injustificado, far-se-á o 
julgamento (art. 457). Todavia, se houver justificação, aceita pelo Juiz, o bom 
senso aconselha o adiamento da sessão. 
 
Testemunhas: se a testemunha não comparecer, imotivadamente, o Juiz, sem 
prejuízo da ação penal por desobediência, aplicar-lhe-á multa de um a dez 
salários mínimos, dependendo da situação econômica daquele (art. 458). Mas 
nem por isso será o julgamento adiado, a menos que qualquer das partes tenha 
requerido a intimação da testemunha por mandado, na oportunidade do art. 422, 
declarando não prescindir do depoimento e indicando a sua localização. Nesse 
caso, não comparecendo, a despeito de intimada, ou o Juiz suspende a sessão e 
determina a condução coercitiva da testemunha ou adia o julgamento, ordenando 
sua condução. 
 
 
Providências iniciais para a constituição do Conselho 
 
a) antes da formação do Conselho, cumpre ao Juiz, nos termos do art. 466, 
fazer aos jurados presentes advertência sobre os motivos legais de suspeição, 
impedimentos e incompatibilidades, nos termos dos arts. 448 e 449, ambos 
do CPP. 
b) Advertí-los-á, também, nos termos do art. 466, § 1º, no sentido de que, um 
vez sorteados, não poderão comunicar-se com outrem, nem manifestar sua 
opinião sobre o processo, sob pena de exclusão do Conselho e da multa 
prevista no § 2º do art. 436. 
 
 
 Recusas 
 
Feitas as advertências supracitadas, o Juiz passa a proceder o sorteio dos sete 
nomes que deverão integrar o Conselho. Nessa oportunidade, à proporção que 
os nomes forem sendo sortedos e lidos em voz alta (art. 468), a Defesa e, depois 
dela, a Acusação poderão recusar até três jurados (3 cada uma), sem dar os 
motivos da recusa. São as chamadas peremptórias. Nada obsta que, além dessas 
recusas imotivadas, qualquer das partes suscite a exceçao de suspeição ou 
impedimento de qualquer jurado (art.s 458, 462 ou 254), ou até mesmo de todos, 
se for o caso. 
 
 
Formação do Conselho. O juramento 
 
Sorteados os sete jurados e formado o Conselho de Sentença, o Juiz, de pé, far-
lhe-á a seguinte exortação: 
 
“ Em nome da lei, concito-vos a examinar esta causa com imparcialidade e a proferir 
a vossa decisão de acordo com a vossa consciência e os ditames da Justiça” (art. 472). 
 
A seguir, procederá à chamada nominal de cada jurado, que responderá: “Assim 
o prometo”. 
Nulidade 
 36 
 
 
 
Observe-se que eventual nulidade que surja a partir da abertura da sessão (art. 
463), tão logo se apresente, deverá ser argüida, sob pena de preclusão (art. 571, 
VIII, do CPP). 
 
 
Da instrução em plenário 
 
O Juiz determinará seja entregue a cada um dos jurados cópia da pronúncia e do 
relatório sucinto do processo, já anteriormente elaborado pelo Juiz. 
 
A instrução inicia-se com a tomada das declarações do ofendido, se possível, e 
inquirição das testemunhas arroladas pela acusação e, em seguida as da defesa. 
Primeiramente as perguntas sao formuladas pelo Juiz, passando-se a palavra em 
seguida para as partes e assistente, se habilitado. Os jurados também poderão 
formular perguntas, mas por intermédio do Juiz-Presidente (art. 473). 
 
A seguir será o réu interrogado, se estiver presente, observando-se os arts. 185 a 
196 do CPP, por primeiro pelo Juiz e depois o MP, o advogado do assistente e 
do querelante e defensor, nessa ordem, poderão formular diretamente perguntas 
ao réu. Os jurados também podem, mas por intermédio do Juiz. 
 
 
Debates. Réplica e tréplica 
 
 Debates. Primeiro, a acusação, por prazo de 1 hora e meia, depois, em igual 
prazo, a defesa sustentará a sua tese (arts. 477); 
 
 Réplica. Terminados os debates, será facultada a acusação fazer uso da réplica. 
Se fizer, será aberto prazo para a defesa sustentar a tréplica, sendo que em 
qualquer caso o tempo é de uma hora (art. 477); 
 
 Encerramento dos debates. Ao término dos debates, o Juiz-Presidente 
perguntará ao Conselho de Sentença se está preparado para o julgamento, ou se 
precisam de maiores esclarecimentos. (Em caso negativo, o Juiz passará a 
leitura dos quesitos que serão formulados na sala secreta (arts. 480); 
 
 Votação. Votados aqueles, o Juiz dará por quebrada a incomunicabilidade e 
passará a calcular a dosimetria da pena. No caso de condenação, prolatará a 
sentença, que será datilografada pelo escrivão. No caso de absolvição, o Juiz 
ditará e o escrivão datilografará o decreto absolutório. Em qualquer dos casos a 
sentença será lida, publicamente, em plenário (art. 492). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 37 
 
 
Gráfico demonstrativo do procedimento do júri - 1ª fase 
 
 
Inquérito Policial ou peças 
de informação 
 
 
Denúncia ou queixa 
 
 
 
 
 Recurso 
 Recebimento Rejeição no sentido 
 art. 406 art.395

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