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Introdução - Ainda na infância, aprende-se que a população negra foi escravizada e ponto, como se não houvesse uma história anterior de onde essas pessoas vieram. Ensinou-se que o povo negro foi passivo e não resistiu à escravidão. Além disso, também disseram que a princesa Isabel foi a grande redentora. Todavia, essa é a história contada pelos vencedores, como salienta Walter Benjamin. - Não contaram que o quilombo de Palmares foi um lugar de resistência que durou mais de um século e que se organizaram vários levantes contra a escravidão como a Revolta dos Maltês e a Revolta da Chibata. Ademais, descobre-se que os negros no Brasil não eram escravos, mas foram escravizados - uma vez que a primeira denota uma condição natural, ocultando que eles foram colocados nessa situação por alguém. - Portanto, o processo de rever estes conceitos que estão incrustados em nossa educação e aprendizagem implica perceber que, mesmo quem busca ativamente a consciência racial, já compactuou com a violência sofrida pelo povo oprimido. - Para começar, é necessário compreender que o debate sobre racismo no Brasil parte de um debate estrutural. Uma vez que é fundamental trazer a perspectiva historica da relação entre racismo e escravidão, pensando como suas consequências influenciam, até hoje, os beneficios da população branca, ao passo que a negra é tratada como mercadoria que não teve acesso aos seus direitos práticos. - Nesse sentido, é importante pontuar que a Constituição do Império de 1824, a primeira do país, determinava que a educação era um direito de todos os cidadãos, mas a escola estava vetada aos negros escravizados. A cidadnia estendia-se a todos, inclusive negros libertos, mas estava atrelada a posses e rendi8mentos, o que justamente dificultava o acesso dos libertos. - Quando vamos para a história, verifica-se que a mentalidade “casa-grande e senzala” é mantida ainda como nos quartos de empregada ou a falta de acesso à educação de qualidade, e ela é negra. - Segundo Neuma Santos, ao transformar o negro em escravo, definiu-o como uma raça, demarcou o seu lugar, a maneira de tratar e ser tratado, os padrões de interação com o branco e instituiu o paralelismo entre a cor negra e a posição social inferior. - No Brasil, há a ideia de que a escravidão foi mais branda se comparada a outros países. Entretanto, são inúmeros os fatos que a desmentem, um deles é a expectativa de vida que aqui não passava dos 25 anos para os homens escravizados, enquanto que nos EUA, para o mesmo grupo, chegava aos 35 anos. - Portanto, debate-se o racismo como uma estrutura fundamental nas relações sociais, que cria desigualdades e abismos sociais. O racismo é um sistema que nega direitos e não um simples ato moral de um indivíduo. Por isso, a pratica antirracista é urgente e se dá nas mais práticas cotidianas, já que é onde ele se estrutura.
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