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1 2 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5 1 HEMATOLOGIA .......................................................................................... 6 1.1 O SANGUE: Considerações Gerais ..................................................... 6 1.2 Composição do Sangue ....................................................................... 7 1.3 Formação do Sangue ........................................................................... 7 2 HEMATOPOESE ........................................................................................ 8 3 FISIOLOGIA DOS ERITRÓCITOS E LEUCÓCITOS .................................. 9 3.1 Eritrócitos ............................................................................................. 9 3.2 Hemoglobina ...................................................................................... 10 3.3 Leucócitos .......................................................................................... 11 4 HEMOGRAMA COMPLETO ..................................................................... 13 4.1 Eritrograma ......................................................................................... 13 4.2 Contagem de Hemácias na Câmara de Neubauer ............................. 13 4.3 Dosagem da Hemoglobina pelo Método da Cianometemoglobina ..... 14 4.4 Determinação do Hematócrito pelo Método do Microhematócrito ...... 15 4.5 Determinação do Microhematócrito .................................................... 15 4.6 Leitura dos Resultados ....................................................................... 15 4.7 Índices Hematimétricos ...................................................................... 16 4.8 V.C.M – Volume Corpuscular Médio .................................................. 16 4.9 H.C.M. – Hemoglobina Corpuscular Média: ....................................... 16 4.10 C.H.C.M. – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média: .... 17 4.11 Leucograma .................................................................................... 17 4.12 Contagem Global de Leucócitos com Câmara de Neubauer .......... 17 4.13 Forma Leucocitária Relativa ............................................................ 18 4.14 Forma Leucocitária Absoluta ........................................................... 18 3 5 ALTERAÇÕES DO ERITROGRAMA ........................................................ 19 5.1 Anemias ............................................................................................. 19 5.2 Anisocitose ......................................................................................... 21 5.3 Macrocitose ........................................................................................ 21 5.4 Microcitose ......................................................................................... 22 5.5 Hipocromia ......................................................................................... 23 5.6 Policromatocitose ............................................................................... 23 5.7 Eritroblásto ......................................................................................... 23 6 ALTERAÇÕES DO LEUCOGRAMA ......................................................... 24 6.1 Neutrocitose ou Neutrofilia ................................................................. 25 6.2 Neutropenia ou Neutrocitopenia ......................................................... 25 6.3 Eosinofilia ........................................................................................... 26 6.4 Eosinopenia ........................................................................................ 27 6.5 Linfocitose .......................................................................................... 27 6.6 Linfopenia ........................................................................................... 27 6.7 Monocitose ......................................................................................... 28 6.8 Basofilia .............................................................................................. 28 7 HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO ............................................................. 29 7.1 Causas das Hemorragias e Investigação Laboratorial ....................... 31 7.2 Tempo de Sangramento (Método de Duke) ....................................... 32 7.3 Tempo de Coagulação (Método de Lee - White) ................................ 33 7.4 Medida de Retração do Coágulo ........................................................ 34 7.5 Prova de Resistência Capilar ou Prova do Laço (Rumpel-Leed) ....... 35 7.6 Determinação do Tempo de Protrombina (TP) ................................... 36 7.7 Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPa) ............................. 36 7.8 Contagem de Plaquetas ..................................................................... 37 7.9 Método de Fônio................................................................................. 38 4 7.10 Método de Rees - Ecker.................................................................. 38 8 OUTROS EXAMES EM HEMATOLOGIA ................................................. 40 8.1 Contagem de Reticulócitos ................................................................. 40 8.2 Hemossedimentação (VHS) ............................................................... 41 8.3 Pesquisa de Células LE (Lúpus Eritematoso) .................................... 42 8.4 Teste Citomorfológico ......................................................................... 43 8.5 Pesquisa de Drepanócitos (Hemácias Falciformes) ........................... 43 BIBLIOGRAFIA ............................................................................................... 45 9 LEITURA COMPLEMENTAR .................................................................... 46 5 INTRODUÇÃO Prezado aluno! O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em tempo hábil. Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que lhe convier para isso. A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser seguida e prazos definidos para as atividades. Bons estudos! 6 1 HEMATOLOGIA1 1.1 O SANGUE: Considerações Gerais Fonte: lh6.ggpht.com O sangue é a porção líquida do meio interno que circula rapidamente dentro de um sistema fechado de vasos denominado sistema circulatório. É constituído por um fluido no qual existem células em suspensão, moléculas e íons dissolvidos em água, apresentando propriedades das soluções coloidais. Uma característica importante do sangue é a constância da sua composição química e propriedades físicas, assegurando condições físicas para o funcionamento das células. Ele é constantemente renovado pela entrada e saída de substâncias que modificam discretamente sua composição. A constância da composição do sangue, com estreita faixa de variação, é o resultado mantido pela rapidez pela qual as substâncias deixam e entram no sangue quando estão em excesso ou em concentrações abaixo do normal respectivamente.1 Apostila elaborada com base no texto de Wanessa Lordêlo P. Vivas 7 1.2 Composição do Sangue O sangue é constituído de duas frações combinadas, sendo 55% para o plasma e 45% para as células. A porção acelular ou plasma é constituído de 91,5% de água que serve de solvente das substâncias orgânicas e minerais e ainda de veículo para as células, moléculas e íons. Os restantes 8% são formados por proteínas, sais e outros constituintes orgânicos em dissolução. A porção celular apresenta três tipos de células em suspensão no plasma: Glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos. Glóbulos brancos ou leucócitos. Plaquetas ou trombócitos. Fonte: fotos.sapo.pt 1.3 Formação do Sangue Plasma: é a porção fluida do sangue não coagulado; contém os fatores da coagulação, exceto aquele removido pelo anticoagulante; é formado à custa da ingestão de água, de alimentos, da difusão e trocas líquidas entre os vários compartimentos do organismo. Soro: é a porção líquida amarelada do sangue que resta após a coagulação e remoção do coágulo. Não contém elementos celulares nem a maioria dos fatores da 8 coagulação. Apresenta em solução sais minerais, vitamina, glúcides, prótides, lípides, enzimas, hormônios, produtos anabólicos e catabólicos, substâncias também encontradas no plasma. A porção do sangue que não é o plasma ou seja, a parte celular, consiste de elementos figurados. Os elementos figurados incluem os eritrócitos (células vermelhas), vários tipos de leucócitos (células brancas) e plaquetas (trombócito). Fonte: adbss.no.sapo.pt 2 HEMATOPOESE A palavra hematopoese significa formação das células do sangue. Abrange o estudo de todos os fenômenos relacionados com a origem, com a multiplicação e a maturação das células primordiais ou precursora das células sanguíneas, em nível da medula óssea. A hematopoese se divide em dois períodos: 1.Período Embrionário e Fetal: Iniciando no primeiro mês de vida pré-natal, surgem as primeiras células fora do embrião, são os eritroblastos primitivos. Na sexta semana, tem início a hematopoese no fígado; o principal órgão hematopoiético nas etapas inicial e intermediária da vida fetal. Na fase intermediária da vida fetal, o baço e os nodos linfáticos desempenham um papel menor na hematopoese, mas o fígado continua a dominar essa função. Na segunda metade da vida fetal, a medula óssea torna-se cada vez mais importante para a produção de células sanguíneas. 9 2. Período Pós-natal: Logo após o nascimento, cessa a hematopoese no fígado, e a medula passa a ser o único local de produção de eritrócitos, granulócitos e plaquetas. As células-tronco e as células progenitoras são mantidas na medula óssea. Os linfócitos B continuam a ser produzidos na medula e órgãos linfoides secundários e os linfócitos T são produzidos no timo e também nos órgãos linfoides secundários. Ao nascer o espaço medular total é ocupado pela medula vermelha; na infância apenas parte desse espaço será necessária para a hematopoese; o espaço restante fica ocupado pelas células de gordura. Mais tarde apenas os ossos chatos (crânio, vértebras, gradil torácico, ombro e pelve) e as partes proximais dos ossos longos (fêmures e úmeros) serão locais de formação de sangue. 3 FISIOLOGIA DOS ERITRÓCITOS E LEUCÓCITOS 3.1 Eritrócitos Fonte: www.afh.bio.br São células pequenas, circulares, com forma aproximada de discos bicôncavos, com 7,5 mm de diâmetro e sem núcleo. São os mais numerosos tios celulares no sangue. Embora seu número seja variável, um milímetro cúbico de sangue contém cerca de 4.5 a 6.1 milhões dessas células nos homens e cerca de 4.1 10 a 5.3 milhões nas mulheres. Essas células circulam pelo sangue circulante durante o período de aproximadamente 120 dias antes que sejam destruídas. 3.2 Hemoglobina Fonte: 3.bp.blogspot.com É uma substância pigmentada, formada por duas partes: (1) porção que contém ferro denominada heme e (2) porção proteica, denominada globina. A globina consiste de quatro cadeias polipeptídicas, cada uma das qual ligada a um grupo heme. Cada grupo heme contém um átomo de ferro que se combina reversivelmente com uma molécula de oxigênio. Dessa forma, cada molécula de hemoglobina pode potencialmente associar-se com quatro moléculas de oxigênio. A principal função da hemoglobina e o transporte de oxigênio e gás carbônico, permitindo as trocas gasosas necessárias ao metabolismo orgânico. 11 3.3 Leucócitos Fonte: queconceito.com.br São elementos figurados do sangue que estão envolvidos no sistema de defesa do organismo contra doenças e infecções. Por meio de fagocitose, eles defendem os tecidos contra invasão de organismos ou substâncias estranhas, removendo também os restos resultantes da morte ou de ferimentos celulares. Alguns leucócitos são capazes de passar através da parede intacta dos vasos chamada de diapedese; agindo assim principalmente no tecido conjuntivo frouxo. São transportados pelo sangue para todo o corpo, a partir da medula óssea, onde são formados. Os leucócitos estão presentes no sangue em muito menor número que os eritrócitos, com cerca de 4.000 a 10.000 leucócitos por milímetro cúbico de sangue. 1. Neutrófilos: são conhecidos também como polimorfonucleares e correspondem cerca de 50 a 70% das células circulantes; possuem grânulos citoplasmáticos pequenos corados fracamente em púrpura-avermelhado. Os neutrófilos são capazes de deixar os vasos sanguíneos e entrar nos tecidos, onde protegem o corpo e fagocitando bactérias e substâncias estranhas ao organismo. 12 Existe uma célula precursora do neutrófilo segmentado, é o Bastão. São assim chamados porque seu núcleo não amadureceu completamente, embora seu citoplasma tenha características de célula madura. Em infecções bacterianas agudas pode-se encontrar um desvio a esquerda, ou seja, uma elevação do número de bastões. 2. Eosinófilos: possuem grânulos corados em laranja-avermelhado e fagocitam complexos antígeno-anticorpo. Seus núcleos geralmente têm dois lobos conectados por um filamento. O número de eosinófilos circulantes aumenta de forma muito acentuada no sangue circulante durante as reações alérgicas, e durantes as infestações parasitárias. 3. Basófilos: possuem grânulos relativamente grandes corados em azul púrpura; liberam histamina (contribui para as respostas alérgicas dilatando e permeabilizando os vasos sanguíneos) e heparina (previne a coagulação do sangue). Os basófilos funcionam similarmente aos mastócitos, que são encontrados no tecido conjuntivo. 4. Monócitos: possuem um único núcleo; são células grandes. São formados por monoblastos; São capazes de entrarem no tecido conjuntivo frouxo, onde se desenvolvem em grandes células fagocíticas denominadas macrófagos, que podem ingerir bactérias e outras substâncias estranhas ao organismo. 5. Linfócitos: são o segundo tipo mais abundante de leucócitos (após os neutrófilos), compreendendo cerca de 30% dos glóbulos brancos em circulação; a maioria se localiza no tecido linfoide e são formados por linfoblastos. São leucócitos pequenos, sendo apenas um pouco maiores que os eritrócitos, e cada um deles têm um núcleo que é circular ou algo recortado num dos lados. São importantes nas respostas imunes específicas do corpo, incluindo a produção de anticorpos. 13 4 HEMOGRAMA COMPLETO Fonte: www.mycmllife.eu 4.1 Eritrograma Constitui o estudo da séria vermelha, revelando alguns tipos essenciais de alterações patológicas do sistema eritropoético como eritrocitoses e anemias. 4.2 Contagem de Hemácias na Câmara de Neubauer Os métodos para contagem global das células sanguíneas consistem geralmente em diluir o sangue, em proporção conhecida, com um líquido diluidor chamado Hayem, permitindo a conservação das células em estudo. 1. Pipetar 4 ml do líquido diluidor em um tubo deensaio. 2. Com a pipeta transferir 0,02 ml de sangue. Limpar a parede externa da ponteira com auxílio de papel absorvente. 14 3. Transferir os 0,02 ml de sangue para o tubo com o líquido diluidor, lavando com ele o interior da ponteira por aspiração e expulsão do líquido. A diluição é de 1:200. 4. Agitar suavemente por inversão para uma correta homogeneização. 5. Com uma pipeta preencher os retículos da câmara de contagem, evitando excesso de líquido e bolhas de ar sob a lamínula aderida firmemente à câmara. 6. Deixar repousar por dois minutos para sedimentação dos glóbulos. 7. Focalizar a preparação com pequeno aumento no microscópio para localizar o retículo e observar a distribuição uniforme das hemácias. Observar então, com aumento de 100X ou 400X, conforme necessidade. 8. Fazer a contagem de todas as hemácias encontradas nos quadros marcados “H” na figura relativa ao retículo de Neubauer, ou seja, 1/5 de mm2. Sistematizar a contagem segundo a figura abaixo. Contar os elementos em negro. Cálculos: Hemácias por ml de sangue = H.c. x 5 x 10 x 200 4.3 Dosagem da Hemoglobina pelo Método da Cianometemoglobina É o método de referência para a dosagem de hemoglobina. Dosam todas as suas formas exceto a sulfemoglobina. A desvantagem reside na extrema toxidade do cianeto usado no preparo do reagente (solução de Drabkin), mas pode ser resolvida pela aquisição já preparada, de concentração mínima. Temos usado, com bons resultados, os reagentes Labtest; a solução de Drabkin modificada e o padrão de hemoglobina de concentração conhecida. Calcula- se um fator determinado a absorbância de 0,02 ml do padrão em 5ml da solução de cianeto, através da fórmula: Fonte: www.mycmllife.eu O zero é estabelecido com água destilada em 540nm. O sangue em estudo, diluído de modo idêntico a padrão (0,02 ml para 5 ml de Drabkin) fornece outro valor 15 de absorbância, que multiplicando pelo fator de g% de hemoglobina pela multiplicação de cada unidade de leitura pelo fator. Fonte: www.mycmllife.eu 4.4 Determinação do Hematócrito pelo Método do Microhematócrito Hematócrito é o volume de hemácias expresso como percentagem do volume de uma amostra de sangue total, ou seja, mililitros de hemácias por decilitro de sangue. 4.5 Determinação do Microhematócrito 1. Encher com o sangue o tubo para microhematócrito, até dois terços do seu volume. Para tubos heparinizados o sangue capilar pode ser usado. 2. Selar o tubo, introduzido a extremidade vazia na massa própria, com movimentos de rotação, até aproximadamente 5mm de profundidade. 3. Encher os demais tubos de modo idêntico. 4. Coloca-os na microcentrifuga em posição diametralmente opostas com a parte selada voltada para fora. Observar a numeração evitando a troca de resultados. 5. Após tampar convenientemente a microcentrifuga, coloca-a em movimento por cinco minutos. Tempo superior a este não altera a sedimentação dos glóbulos. 6. Desligar o aparelho. Retirar os tubos e fazer a leitura usando a escala própria. 4.6 Leitura dos Resultados 1. Colocar o tubo sobre a escala, fazendo coincidir a extremidade inferior das células centrifugadas com a linha zero. 2. Deslocar o tubo paralelamente às linhas verticais fazendo coincidir o menisco superior do plasma com a linha 100. 3. Ler a percentagem do volume hematócrito na escala graduada ao nível da superfície das hemácias no tubo. 16 4.7 Índices Hematimétricos Índices hematológicos ou hematimétricos são determinados a partir da contagem global dos eritrócitos, taxa de hemoglobina e determinação do hematócrito. Tais elementos, deverão ser padronizados pelo laboratório, fornecendo-se sempre resultados na unidade de percentagem do normal. 4.8 V.C.M – Volume Corpuscular Médio É o volume médio das hemácias expresso em fentolitros. Representa, portanto, o quociente de um determinado volume de hemácias pelo número de células contidas no mesmo volume. Fonte: s3.amazonaws.com 4.9 H.C.M. – Hemoglobina Corpuscular Média: É o conteúdo médio de hemoglobina nas hemácias expresso em picogramas. Representa, portanto, o quociente de conteúdo de hemoglobina em um determinado volume de hemácias pelo nº de células contidas no mesmo volume. Fonte: s3.amazonaws.com 17 4.10 C.H.C.M. – Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média: É a percentagem de hemoglobina em 100ml de hemácias. Fonte: s3.amazonaws.com 4.11 Leucograma O leucograma corresponde à contagem global e específica dos leucócitos, representados pela leucometria e pelo estudo quantitativo e qualitativo dos glóbulos brancos. O quadro leucocitário que se apresentará após ser concluído o exame hematológico, permitirá ao médico tirar conclusões diagnósticas e prognósticas importantes. 4.12 Contagem Global de Leucócitos com Câmara de Neubauer 1. Pipetar 0,4 ml do líquido de Turk no tubo 2. Com pipeta automática, pipetar 0.02 ml de sangue. Limpar a ponteira com papel de filtro. 3. Transferir os 0,02 ml de sangue para o tubo com o líquido diluidor, lavando com ele o interior da pipeta por aspiração e expulsão do líquido. A diluição é de 1:20. 4. Agitar suavemente por dois minutos. 5. Encher os dois retículos da câmara de contagem, evitando excesso de líquido e bolhas de ar sob a lamínula, aderida firmemente à câmara por compressão daquela sobre esta, cobrindo ambos os retículos. 6. Deixar repousar de um a dois minutos para sedimentação dos glóbulos. 7. Focalizar a preparação com pequeno aumento no microscópio para localizar o retículo e observar a distribuição uniforme dos leucócitos. Em seguida, observar com aumento de 100 x ou 400 x, a desejar. 18 8. Fazer a contagem de todos os leucócitos encontrados nos quadros marcados “L” na figura relativa de Neubauer, ou seja, 4mm2. Fonte: s3.amazonaws.com 4.13 Forma Leucocitária Relativa Determina a relação percentual entre as distintas variedades de leucócitos. Se, em 100 leucócitos contados no esfregaço, 60 são neutrófilos, estes representam 60% do total de leucócitos. 4.14 Forma Leucocitária Absoluta Fornece o número de cada tipo de leucócito por microlitro de sangue. Considerando para o caso anterior que a contagem global de leucócitos foi de 8.000 por micro- litro de sangue, uma relação pode ser estabelecida: - Em 100 leucócitos, 60 são neutrófilos. Em 8.000 leucócitos, 4.800 serão neutrófilos. Dessa forma, um microlitro de sangue contém 4.800 neutrófilos. Para cada um dos tipos contados o mesmo raciocínio será seguido, estabelecendo a fórmula leucocitária relativa e absoluta para todas as variedades de leucócitos. 19 5 ALTERAÇÕES DO ERITROGRAMA 5.1 Anemias Anemia é a diminuição da taxa de hemoglobina abaixo de níveis mínimos, ou seja, se estiver abaixo de 95% do intervalo de referência para idade, sexo e localização geográfica (altitude) do indivíduo. As causas de anemias se encontram divididas entre três categorias fisiológicas principais: produção de eritrócitos deficientes, perda sanguínea ou destruição acelerada dos eritrócitos (hemólise) além da capacidade da medula de compensar estas perdas. 20 Fonte: s3.amazonaws.com É um subproduto da medida eletrônica do volume dos eritrócitos; ou seja, só Pode ser detectado através da automação. O seu valor normal está entre 11 e 14 %. Valores encontrados abaixo do normal indicariam população eritroide mais homogênea que a usual, o que parece ser apenas um extremo da normalidade. Valores acima de 14 indicam excessiva heterogeneidade da população (anisocitose), sendo notada ao microscópio. Segundo Failace, se houver anemia e/ou índices hematimétricos anormais, o profissional deverá: 1. Confirmar visualmente as alterações numéricas e julgar sua compatibilidade com o grupo etário do paciente. 2. Pesquisar os dados morfológicos das células do paciente. 3. Nada observando de esclarecedor,os resultados numéricos e a lâmina do paciente são separados para reexame; se a distensão não estiver perfeita, faz-se uma nova. As principais alterações morfológicas a serem avaliadas são: Pecilocitose: também conhecida como poiquilocitose, diz respeito à presença de formas anormais dos eritrócitos. Deve ser sempre mencionado quando observado na lâmina. O melhor é definir cada um dos aspectos celulares notados através de suas características morfológicas. Dentre as principais formas anormais existentes, temos: Eliptócitos ou ovalócitos: são eritrócitos ovais, elípticos ou com forma de charutos; são mais abundantes em casos de eliptocitose hereditária. Podem ser observados em anemia microcíticas e megaloblásticas e nas síndromes mieloproliferativas. Estomatócitos: são eritrócitos cuja membrana retraiu-se em cúpula; distendidos na lâmina, a concavidade unilateral é vista como uma fenda alongada. A estomatocitose é geralmente um artefato de preparação das zonas delgadas da distensão de sangue; há estomatócitos nas doenças hepáticas e no sangue do recém-nascido. Esferócitos: são eritrócitos praticamente esféricos, em contradição com os discos bicôncavos normais. Seu diâmetro é menor que o normal e não 21 possuem a área central pálida. Esferócitos são encontrados em casos de esferocitoses hereditária, anemias hemolíticas autoimune. Drepanócitos ou eritrócitos falciformes: são eritrócitos que decorrentes da hemoglobina S, têm a forma de foice ou banana, caracterizando as síndromes falcêmicas. Dacriócitos: são eritrócitos em forma de lágrima. Deformam-se principalmente no baço, ao passarem pelas fenestrações entre cordões e sinus medulares; Encontrados em anemias megaloblásticas e mieloesclerose. Esquizócitos: são pedaços de eritrócitos, cortados pelo trauma; podem ser triangulares, em meia lua, etc. Tem curta sobrevida no sangue. Indicam presença de hemólise, anemia megaloblástica, queimaduras graves. Células-alvo: são eritrócitos mais delgados que o normal (leptócitos), e que, quando corados, exibem uma borda periférica de hemoglobina com uma área central escura, contendo hemoglobina. São encontradas em caso de obstrutiva, em qualquer tipo de anemia hipocrômica, sobretudo na talassemia. Equinócitos: também conhecidos como hemácias crenadas, podem ocorrer como artefatos durante a formação dos esfregaços. In vivo, podem ser vistos na uremia, no hipotireoidismo, no tratamento com heparina IV. 5.2 Anisocitose É uma característica da maioria das anemias; quando ocorre em grau significativo, habitualmente estarão presentes tanto macrócitos e/ou micrócitos. É de suma importância para o clínico que seja relatado no laudo a predominância da forma na anisocitose. 5.3 Macrocitose É a elevação do VCM acima de 98 (ou 100) fL. Segundo Failace, a macrocitose só é notada quando houver uma população normocítica ou microcítica concomitante; ou quando o VCM estiver acima de 110 fL. 22 Condições onde pode ser encontrada a macrocitose: Alcoolismo: o VCM nunca excede 110fL e os eritrócitos são redondos, de aspecto normal. Uso de drogas: AZT (atualmente lidera a estatística das drogas causais); os macrócitos são redondos costumando haver anemia; o RDW é elevado. Anemia aplástica: na maioria dos casos há macrocitose; persiste mesmo após recuperação, se houver. Hepatopatias: há macrocitose com rouleux, leptocitose, acantocitose. Esplenectomia: causa macrocitose em pequenas percentagem de pacientes. Anemias megaloblásticas: os macrócitos são ovalados e enormes. O VCM se encontra entre 110 e 130 fL porque há anisocitose e pecilocitose acentuadas. Hiper-regeneração eritróide: é causa comum de macrocitose, notada pelos macrócitos polocromáticos e confirmada pela coloração de reticulócitos. 5.4 Microcitose A microcitose representa uma evidência morfológica de uma capacidade diminuída dos precursores das hemácias de produção de hemoglobina. Isto pode resultar de ferro insuficiente como na anemia ferropriva; através de defeitos genéticos hereditários como nas síndromes talassêmicas, etc. Assim a microcitose pode ser encontrada quando o VCM se encontra abaixo de 80 fL; porém, segundo Failace, ela só é notada ao microscópio quando está abaixo de 70 fL, ou quando há uma população normo ou macrocítica contrastante. Condições onde pode ser encontrada a microcitose: Grupo etário: é normal ser encontrada a microcitose na infância. Anemia ferropênica: a microcitose é proporcional ao grau de anemia, ou seja, quanto mais acentuada a anemia ferropênica maior será a microcitose. Anemia das doenças crônicas: Costuma ser normocítica, mas pode ser microcítica como na artrite reumatoide. 23 Hemoglobinopatias: Em todas as hemoglobinopatias pode haver micro ou normocitose; sempre há outras características morfológicas sugestivas do defeito. Ovalocitose: é normal ser encontrada a microcitose. Talassemia minor: Há uma acentuada microcitose com o VCM muito baixo e a contagem de eritrócitos muito alta. 5.5 Hipocromia É a redução da coloração do eritrócito; há um aumento da palidez central, que ocupa a área superior ao terço do diâmetro do eritrócito. A hipocromia pode ser geral ou pode existir em algumas células do paciente. Esta característica pode ser retratada através da redução do CHCM. Qualquer uma das condições que leva a microcitose pode causar hipocromia, embora alguns paciente com anemias como b-talassemia a distensão sanguínea apresenta microcitose sem hipocromia. 5.6 Policromatocitose São eritrócitos acinzentados ou azulados considerados uns dos dados mais importantes na microscopia do sangue anêmico. Não é notada pela automação e é fundamental para a interpretação. A policromatocitose está presente também após o 40 dia na regeneração pós-hemorrágica, sempre nas anemias hemolíticas. 5.7 Eritroblásto São eritrócitos nucleados que aparecem no sangue no decurso de grandes regenerações eritroides, principalmente em crianças, acompanhando a policromatocitose; como também em sangue do recém- nascido, na primeira semana. Os eritroblastos circulantes podem apresentar uma frequência aumentada nas intoxicações por chumbo, e em certos estados diseritropoéticos , como na eritroleucemia, e mesmo na anemia ferropênica grave. 24 Os eritroblastos são contados como leucócitos nos contadores eletrônicos. Quando ultrapassam 5% justifica-se descontá-los na contagem de leucócitos. Essa correção deve ser feita através da seguinte fórmula: Fonte: s3.amazonaws.com 6 ALTERAÇÕES DO LEUCOGRAMA Fonte: 3.bp.blogspot.com Em processos infecciosos agudos três fases são desenvolvidas: A. Fase Neutrofílica ou Luta: Leucocitose com Neutrofilia, desvio à esquerda, eosinopenia e linfopenia. B. Fase Monocítica ou Defesa: Leucocitose com Neutrofilia ou normal, monocitose, eosinopenia e linfopenia. C. Fase Linfocitária ou Cura: Leucócitos normais ou elevados, neutropenia, ausência e desvio a esquerda, linfocitose com presença de eosinófilos normais ou elevados 25 6.1 Neutrocitose ou Neutrofilia É a elevação da contagem absoluta de neutrófilos acima da que seria considerada normal em um indivíduo sadio de mesmo sexo, idade, raça e estado fisiológico. São causas de neutrofilia: Neutrofilia hereditária. Infecções: Muitas infecções bacterianas agudas e crônicas incluindo a tuberculose miliar; algumas infecções virais como varicela, herpes simples, raiva, poliomielite; algumas infecções fúngicas como a actinomicose; algumas parasitoses como amebíase hepática, a filaríase. Dano tecidual como trauma, cirurgia, queimaduras, necrose hepática aguda, pancreatite aguda. Infarto tecidual como infarto agudo do miocárdio, infarto pulmonar. Inflamação aguda e crônica grave como na gota, febre reumática, artrite reumatoide, colite ulcerativa. Hemorragia aguda. Hipóxia aguda. Doenças malignas como carcinoma, sarcoma. Leucemias e síndromes mieloproliferativas. Administração de drogas como corticoides, o lítio. Intoxicações por agentes químicos. Envenenamentos como picada de escorpião ou ataque de abelhas. Tabagismo. Exercício vigoroso. Dor aguda, convulsões epilépticas, eclampsia e pré-eclâmpsia. 6.2 Neutropenia ou Neutrocitopenia É a diminuição do número absoluto de neutrófilos; pode ser um fenômeno isolado ou fazer parte de uma pancitopenia. São causas de neutropenia: Agranulocitose: síndrome caracterizada pela diminuição severa e passageira dos neutrófilos do sangue, com preservação das demais séries. 26 Infecções virais como sarampo, caxumba, rubéola, dengue, infecção pelo HIV. Infecções bacterianas como febre tifoide, brucelose. Infecções por protozoários como a malária, o calazar, a tripanossomíase. Irradiação. Anemia megaloblástica e anemia aplástica. Hiperesplenismo. Alcoolismo. Hipertireoidismo. 6.3 Eosinofilia Fonte: www.medicinageriatrica.com.br É o aumento do número absoluto de eosinófilos, ultrapassando o número de referência. É um achado comum nos hemogramas em laboratórios que atendem população de baixo nível socioeconômico. São causas de eosinofilia: Doenças alérgicas como eczema atópico, asma, rinite alérgicas, urticária aguda. Hipersensibilidade medicamentosa como sulfonamidas, penicilinas. Infecções parasitárias (particularmente quando há invasão tecidual) como esquistossomose, estrongiloidíase, ascaridíase, ancilostomíase, cisticercose, toxocaríase. 27 Doenças cutâneas como o pênfigo, o penfigoide bolhoso, o herpes gestacional. As micoses superficiais não causam eosinofilia significativa. Eosinofilia hereditária. Eosinofilia na leucemia mieloide crônica. Eosinofilia sem causa aparente. 6.4 Eosinopenia É a redução da contagem de eosinófilos abaixo da que seria esperada em um indivíduo da mesma idade. A eosinopenia é raramente notada na distensão sanguínea de rotina, pois o limite inferior é muito baixo. São causas de eosinofilia: Estresse agudo, incluindo trauma cirurgia, queimaduras, convulsões epileptiformes, inflamação aguda, infarto do miocárdio, drogas incluindo os corticoides. 6.5 Linfocitose É o aumento do número absoluto de linfócitos. Uma vez que as contagens de linfócitos em lactentes e crianças são consideravelmente mais altas que as dos adultos, é muito importante usar a faixa de referência adaptada a idades. São causas de linfocitose: Infecções virais, incluindo: sarampo, rubéola, caxumba, influenza, hepatite infecciosa, mononucleose infecciosa, linfocitose infecciosa, citomegalovirose Linfocitose transitória relacionada com o estresse. Esplenectomia Reações alérgicas a droga Leucemia linfoide 6.6 Linfopenia É a redução da contagem de linfócitos. A linfopenia é extremamente comum como parte resposta aguda ao estresse; sua detecção é mais provável quando se faz 28 uma contagem diferencial automatizada e quando as contagens são expressas em números absolutos. São causas de linfopenia: Insuficiência renal incluindo aguda e crônica Carcinoma AIDS - estágio final da doença. Irradiação Alcoolismo Artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico Anemia ferropênica 6.7 Monocitose É o aumento do número de monócitos acima do seria esperado em um indivíduo sadio da mesma idade. O número absoluto de monócitos é mais elevado nos recém-nascidos que nos outros períodos da vida. São causas de monocitose: Infecção crônica, incluindo a sífilis Condições inflamatórias crônicas (colite ulcerativa, artrite reumatoide e o lúpus eritematoso sistêmico) Carcinoma Condições leucêmicas e mieloproliferativas Hemodiálise em longo prazo. Leishmaniose e Hanseníase Tuberculose 6.8 Basofilia É comum observar um aumento acentuado nas contagens de basófilos nas desordens mieloproliferativas, em algumas leucemias e em choque anafilático. Porém a observação de basopenia não tem sido considerada de importância diagnóstica 29 7 HEMOSTASIA E COAGULAÇÃO Fonte: slideplayer.com.br Hemostasia é o processo pelo qual o sangue permanece líquido vascular, apesar das lesões que venham a sofrer. A hemostasia resulta de uma série de interações complexas pelos quais o sangue é mantido fluido no sistema vascular; são prevenidos processos hemorrágicos espontâneos e contidos sangramentos traumáticos. Depende basicamente da resistência e contratilidade normais dos vasos, da atividade plaquetária normal, de um sistema adequado de coagulação e da estabilidade do coágulo. Com o processo de coagulação do sangue é obtido um coágulo sólido de fibrina através da interação de plaquetas, fatores plasmáticos, seus inibidores e ativadores. Quando há lesão de um vaso sanguíneo, o sistema hemostático intervém imediatamente. Incialmente, há vasoconstricção reflexa reduzindo o fluxo sanguíneo local. Em seguida, as plaquetas se predem às fibras de colágeno do tecido conectivo exposto no processo chamado de adesão e uma às outras no processo de agregação, amplificado pela liberação de substâncias intraplaquetárias armazenadas em grânulos ocorrendo a formação do 30 tampão hemostático. Este fenômeno é regulado pelo nível de AMP cíclico presente no interior das plaquetas que é derivado do ATP pela ação da fosfodiesterase . Concomitantemente, através das vias extrínseca e intrínseca, a partir de fatores plasmáticos, ocorre a ativação de protrombina em trombina que atua sobre o fibrinogênio para formar a rede de fibrina que é estabilizada pela ação do fator XIII com a formação de um coágulo sólido. Posteriormente, ocorre a lise deste coágulo pelo sistema fibrinolítico, onde o plasminogênio é ativado à plasmina, dividindo a molécula em um série de produtos conhecidos como produtos de degradação de fibrina. Ocorre assim a reparação do local lesado e o restabelecimento do fluxo sanguíneo normal. Distúrbios adquiridos ou hereditários (na maioria das vezes deficiências de um único fator – grupo das hemofilias) destes sistemas fisiológicos ocasionam doenças hemorrágicas ou trombose. No processo de coagulação do sangue tomam parte várias substâncias denominadas fatores da coagulação. Muitos deles são pró-enzimas sintetizadas pelo fígado e que se transformam em enzimas durante o processo de coagulação. Coagulação é a conversão do sangue no estado líquido em um coágulo firme. É a fase da hemostasia envolvida na formação de fibrina, sendo caracterizada por uma série sucessiva de reações bioquímicas e fenômenos físicos, terminando fisiologicamente com a formação do coágulo. A hemostasia é regulada por três tipos de mecanismos: 1. Os extravasculares incluem a constituição e a elasticidade dos tecidos na periferia dos vasos. 2. Os vasculares relacionam-se à elasticidade e tônus da parede vascular. 3. Os intravasculares são principalmente aqueles associados à substâncias envolvidas no processo de coagulação do sangue. Uma série de respostas ocorre em consequência da lesão do vaso sanguíneo. Inicialmente a vasoconstrição reflexa diminui o sangramento e as plaquetas se aglutinam, aderindo à superfície do ferimento a elas expostas. Em seguida, a deposição de fibrina forma o coágulo que se retrai e se organiza na região rota. Posteriormente ocorre a lise da fibrina com recanalização do vaso. No processo da coagulação do sangue tomam partes várias substâncias denominadas fatores da coagulação. Muitos deles são pró-enzimas sintetizadas pelo fígado e que se transformam em enzimas durante o processo de coagulação. 31 7.1 Causas das Hemorragias e Investigação Laboratorial As hemorragias podem resultar da solução de continuidade ou defeitos do sistema vascular, deficiência qualitativa ou quantitativade plaquetas, defeitos químicos ou quantitativos dos fatores da coagulação e anticoagulantes circulantes. Usualmente a combinação dos vários mecanismos leva ao sangramento anormal nas doenças adquiridas, enquanto nas congênitas o defeito é geralmente único. Como exemplo de condições favoráveis às hemorragias, encontram-se: menstruação, úlceras do trato gastrointestinal, cirurgias, traumatismos, números reduzidos de plaquetas circulantes e ausência congênita ou adquirida de fatores da coagulação. O significado clínico das hemorragias depende de três fatores: 1. Quantidade de sangue perdido - Perdas súbitas entre 10 a 20% do volume total geralmente não apresentam significado clínico. Volumes maiores perdidos rapidamente podem levar ao choque hipovolêmico. 2. Local da hemorragia – Reveste-se de importâncias aquelas, mesmo pequenas, localizadas no pericárdio, suprarrenais e cérebro, podendo levar a morte súbita. 3. Duração da hemorragia. As crônicas correspondendo a pequenos volumes de sangue perdidos intermitentemente, levam a anemias por deficiência do ferro, quando o sangue elimina-se externamente. Se no interstício ou cavidades do organismo, o ferro é reabsorvido não ocorrendo a anemia ferropriva. O estudo laboratorial da hemostasia é baseado em provas cujo objetivo consiste em evidenciar a presença ou ausência de fatores da coagulação ou causas adversas, relacionadas a mecanismos vasculares, extravasculares e intravasculares da coagulação. 32 Fonte: image.slidesharecdn.com 7.2 Tempo de Sangramento (Método de Duke) Fonte: vignette2.wikia.nocookie.net O tempo de sangramento corresponde à duração de uma pequena hemorragia quando uma incisão de dimensões padronizadas é praticada na pele artificialmente. 33 O teste fornece dados relativos a função e números de plaquetas, bem como da resposta da parede capilar à lesão. Tempo de sangramento aumentado sugere a complementação do estudo pela contagem das plaquetas. TÉCNICA: 1. Fazer a assepsia do lóbulo da orelha ou polpa digital com álcool. Escolher o local da picada evitando áreas congestas e inflamadas. 2. Com a lanceta, fazer uma incisão de três milímetros de profundidade, permitindo que o sangue escoe livremente. 3. Fazer funcionar o termômetro no momento da picada. 4. Usando papel de filtro secar de 30 em 30 segundos a gota de sangue que se forma sem, no entanto, tocar a lesão, utilizando cada vez uma porção limpa do papel. 5. Quando o sangue para de manchar o papel, parar o cronômetro; é o valor do TS. Valor Normal: entre 1 a 4 minutos. 7.3 Tempo de Coagulação (Método de Lee - White) O tempo de coagulação corresponde o tempo gasto para o sangue coagular, quando registrado no organismo. Fornece dados relativos ao sistema de coagulação do sangue. É um teste sujeito a numerosas variáveis e que atualmente deve ser substituído pelo tempo de tromboplastina parcial. TÉCNICA: 1. Colher o sangue por punção venosa, atingindo diretamente a veia. Os fatores teciduais alteram o processo de coagulação e até invalidam a prova. 2. Marcar o tempo no cronômetro logo que o sangue aparecer na seringa. 3. Tomar dois tubos e colocar 1,0ml de sangue em cada um deles. 4. Colocar os tubos em banho- maria a 37ºC até completar cinco minutos. 5. Após os cinco minutos marcados verificar se houve a formação do coágulo inclinando o tubo numa angulação de 90º; se não houver coagulado, verificar a cada minuto até a sua formação. 6. Marcar o tempo da formação do coágulo como tempo de coagulação do sangue total. Valor Normal: de 5 a 11 minutos. 34 7.4 Medida de Retração do Coágulo A percentagem de retração do coágulo é representada pelo volume do soro obtido, após coagulação e retração do coágulo, de uma quantidade determinada de sangue. O coágulo inicial contém todos os elementos do sangue. Após sua retração o soro é expulso da malha de fibrina, que se retrai pela ação das plaquetas. Fornece dados relativos à atividade plaquetária. Uma retração pequena corresponde a um número de plaquetas abaixo de 100.000 por ml de sangue. Nas deficiências funcionais das plaquetas, a prova pode estar alterada em presença de número normal ou aumento de plaquetas. TÉCNICA: 1. Colher um pouco mais de 5ml de sangue por punção venosa. 2. Encher o tubo de centrífuga até a marca 5ml. 3. Colocar o fio de cobre, fixo pela rolha, com extremidade encurvada mergulhada no sangue até a metade da coluna líquida. 4. Determinar a coagulação do sangue, inclinando o tubo, como para tempo de coagulação. 5. Colocar então o tubo em banho-maria a 37ºC durante uma hora. 6. Retirar cuidadosamente o coágulo aderido ao fio de cobre através da rolha. Deixar escorrer o líquido existente no coágulo por um a dois minutos. Cálculos: O volume de soro expresso como porcentagem de 5ml de sangue total representa a porcentagem de retração do coágulo. Se em 5ml de sangue total são obtidos 2ml de soro, em 100ml de sangue são obtidos x ml de soro. Fonte: s3.amazonaws.com Atualmente os laboratórios adaptaram uma nova técnica para a leitura da retração do coágulo; através do aproveitamento do tubo utilizado no tempo da coagulação é feita também a retração do coágulo. É marcada uma hora após a 35 realização do TC com o tubo no banho a 37ºC depois, utilizando uma pipeta volumétrica de 1 ml, todo o soro do tubo é aspirado. O volume aspirado do volume total é considerado o valor da retração do coágulo. Ex: se for aspirado 0,4 ml de soro, então a retração do coágulo tem como resultado 40%. Porém esta técnica não foi encontrada em literaturas. 7.5 Prova de Resistência Capilar ou Prova do Laço (Rumpel-Leed) O sangue é normalmente retido no leito capilar devido à resistência oferecida pela parede destes finos vasos. A permeabilidade capilar alterada permite a passagem das células do sangue para os tecidos. Isso é evidenciado pelo aparecimento de petéquias na pele. O número e tamanho das petéquias dependem da estrutura do endotélio capilar e número de plaquetas por microlitro de sangue. TÉCNICA: 1. Verificar a presença de petéquias no braço do paciente. Caso existam, contorna-las com lápis dermográfico. 2. Adaptar o manguito do aparelho de pressão ao braço do paciente. 3. Determinar a pressão diastólica e mantê-lo insuflado nessa pressão durante 5 minutos. 4. Desinsuflar rapidamente o manguito. Verificar o aparecimento e contar o número de petéquias formadas durante o teste. RESULTADOS: O resultado é fornecido conforme o número e tamanho da s petéquias.Com afinidade de estabelecer uma uniformização para a leitura da prova, os seguintes resultados são convencionados: Negativo: nenhuma ou no máximo seis petéquias puntiformes no limite onde foi colocado o manguito. Positivo +: de 6 a 50 petéquias puntiformes isoladas localizadas na região da fossa antecubital. Positivo ++ : inúmeras petéquias puntiformes isoladas e localizadas na fossa antecubital, antebraço e raras na mão. Positivo +++ : petéquias de dois a quatro milímetros com a mesma localização anterior e confluente em algumas áreas. 36 Positivo ++++ : petéquias maiores que as anteriores localizadas em toda área de estase, confluentes em alguns pontos, dando ao membro coloração violácea. 7.6 Determinação do Tempo de Protrombina (TP) Ao plasma descalcificado pelo citrato, é adicionado um excesso de tromboplastina. Considerando que protrombina é convertida em trombina num tempo uniforme, a recalcificação com qualidade conhecida de cloreto de cálcio produz a coagulação do plasma. O tempo, em segundos, anotado desde a recalcificação até a coagulação é o tempo de protrombina. A prova determina a atividade da protrombina no sangue. TÉCNICA: 1. Colocar o tubo com 0,2 ml de tromboplastina cálcica em banho- maria a 37ºC marcando 2 min. 2. Colocar outro tubo 0,2ml de plasma citratado marcando mais 2min. 3. Acrescentar 0,1ml do plasma aquecido no tubo contendo a tromboplastina também aquecida, adicionar imediatamente o cronômetro e ao mesmo tempo agitar o tubo no banho até 7 segundos 4. Retirar o tubo do banho e invertê-lo a cada segundo até verificar o momento da recalcificacão do plasma através da formação do coágulo e parar imediatamente o cronômetro. O tempo gasto em segundos para ocorrer a coagulação é o Tempo de Protrombina. Interpretação: A determinação do TP constitui prova de grande valor na avaliação da hemostasia, analisando os fatores extrínsecos da coagulação. Diagnóstico da coagulação intravascular disseminada. Controle de terapêutica heparínica e fibrinolítica. O seu tempo está prolongado em paciente em uso de heparina, depleção do fibrinogênio, doenças hepáticas, paraproteínas e disfibrinogenemias. 7.7 Tempo de Tromboplastina Parcial Ativado (TTPa) Em princípio esta prova é semelhante ao tempo de protrombina. Envolve a recalcificação do plasma, porém em presença de uma cefalina proveniente de um 37 extrato etéreo de cérebro. A cefalina é uma lipoproteína. Funciona como substituto das plaquetas, fornecendo uma concentração ótima de fosfolípede. O tempo de tromboplastina parcial corresponde ao tempo gasto para ocorrer a coagulação do plasma recalcificado em presença de um fosfolípede ou tromboplastina parcial. TÉCNICA: 1. Em um tubo de ensaio de 12 x 75mm aquecido a 37ºC, colocar 0,1ml de plasma normal e 0,1ml de cefalina-caolin. 2. Agitar uma vez e incubar a 37ºC por três minutos. 3. Após os 3 min. adicionar 0,1 ml da solução de cloreto de cálcio rapidamente e ao mesmo tempo fazer funcionar o cronômetro. O cloreto de cálcio tem que estar pré-aquecido por pelo menos 5 min. 4. Agitar no banho por 25 segundos. Retirar o tubo do banho-maria e invertê-lo a cada segundo, observando o momento em que houver a coagulação. Neste instante parar o cronômetro. O tempo gasto em segundos para ocorrer a coagulação é o tempo de tromboplastina parcial. 5. Expressão dos resultados. Interpretação: É o melhor dos testes para ser usado nas triagens de defeitos da coagulação (via intrínseca). Controle de heparinização. O tempo está prolongado nas deficiências de um ou mais fato res (I, II, V, VII, IX, XI e XII) e no uso terapêutico de heparina ou na presença de anticoagulantes circulantes. 7.8 Contagem de Plaquetas Devido ao seu pequeno tamanho, sua tendência a aderir a superfícies estranhas ao endotélio vascular e sua rápida desintegração, a contagem de plaquetas torna-se problemática por qualquer método. As plaquetas são contadas por métodos diretos e indiretos. Nos métodos diretos elas são visualizadas em uma diluição do sangue e contadas na câmara de Neubauer através da microscopia ótica comum ou de contraste de fase. No primeiro caso, temos o método de Rees-Ecker e no segundo o de Brecher-Gronkite. Esse último é considerado um método de referência para contagem de plaquetas. 38 No método indireto de Fônio, plaquetas são contadas no esfregaço. Contagens eletrônicas, exigindo um aparelho de alto custo, porém é através deste método de contagem que obtemos os resultados mais próximos da realidade do paciente. 7.9 Método de Fônio É econômico e de fácil execução técnica. Na mesma preparação examinam-se plaquetas, leucócitos e hemácias. Defeitos qualitativos das plaquetas, como formas gigantes e bizarras, são identificados. O sulfato de magnésio impede a aglutinação das plaquetas cujo nº pode ser avaliado grosseiramente pelo exame do microscópio do esfregaço corado comum. TÉCNICA: 1.Através da lâmina de esfregaço preparada na sala de coleta, é realizada a coloração pelo Método de May-Grunwald-Giemsa. Secar e examinar sob imersão. 2.Contar mil hemácias e, ao mesmo tempo, as plaquetas encontradas, anotando seu nº. A contagem é feita em vários campos sucessivos seguindo linhas longitudinais em relação à lâmina. 3.Realizar a contagem de hemácias na câmara de Neubauer. Cálculos: Fonte: s3.amazonaws.com 7.10 Método de Rees - Ecker No sangue convenientemente diluído, as plaquetas são contadas por microscopia ótica comum na câmara de Neubauer. TÉCNICA: 39 1. Pipetar 4,0 ml da solução diluidora no tubo 2. Com micropipeta aspirar 20 µl (0,02 ml) de sangue com EDTA. Limpar sua parede externa com papel de filtro, externamente o volume. 3. Transferir os 20 µl (0,02 ml) de sangue para o tubo com solução diluidora, lavando com ele o interior da pipeta por aspiração e expulsão do líquido. A diluição é de 1:200. 4. Agitar por inversão 2 minutos, no máximo. 5. Encher os retículos da câmara de Neubauer. 6. Sedimentar as plaquetas, repousando a preparação por 15 minutos em uma placa de Petri, contendo um pedaço de algodão umedecido em água (câmara úmida) e em local isento de vibrações. 7. Fazer a contagem microscópica com aumento de 400x em 1/5 de mm2, conforme indicado para hemácias. É necessário ter experiência para distinguir as plaquetas de sujidade. Aquelas aparecem como corpos arredondados, ovais ou alongados, totalmente refringentes, com 1,5 mícrons de diâmetro. O ajuste do contraste na microscopia é indispensável para uma boa visualização das plaquetas. Cálculos: Plaquetas por ml de sangue = Pc x 5 x 10 x 200, ou seja: nº de plaquetas contadas em 1/5 de mm2 x 10.000. Quanto maior o nº de elementos contados menor será o erro. Pode ser desejável contar plaquetas em todos os 25 quadrinhos do retículo central, quando o fator final de multiplicação será de 2.000.O retículo oposto poderá ser contado, totalizando em torno de 300 plaquetas contadas. Interpretação: A trombocitopenia, que é a redução nas plaquetas circulantes (abaixo de 150.000), surge na maioria das vezes de uma ou duas causas gerias. Formação deficiente de plaquetas (como em estados aplásticos, efeito de quimioterapia mielotóxica e por sensibilidade a droga), e uma destruição aumentada de plaquetas na circulação e no baço (originária geralmente de uma sensibilização autoimune das plaquetas, tornando-as sujeitas a fagocitose por macrófagos). Um aumento do número de plaquetas é denominado trombocitose, e correlaciona-se com formação de trombos intravasculares. 40 8 OUTROS EXAMES EM HEMATOLOGIA 8.1 Contagem de Reticulócitos Fonte: i.ytimg.com Os reticulócitos são precursores das hemácias. Contêm no seu interior material reticular, provavelmente uma ribonucleoproteína que não apresenta afinidades pelos corantes comuns. Sua demonstração é feita por coloração supravital. Os reticulócitos presentes no sangue retirado do organismo sofrem morte somática, sendo, porém corados antes que toda atividade vital seja extinta. As anemias que cursam com o reticulócito normal refletem a incapacidade da medula em responder ao estímulo por carência de um fator específico para a formação de eritrócitos (ferro na anemia ferropriva e eritropoetina na insuficiência renal crônica). O corante usado é o azul de cresil brilhante, associado a um anticoagulante e um preservativo. TÉCNICA: 1. Colocar no tubo 2 a 3 gotas da solução corante. Em seguida acrescentar 2 a 3 gotas do sangue colhido por punção digital ou sangue colhido com EDTA. 2. Misturar e colocar em banho-maria a 37ºC de 15 a 30 minutos. 41 3. Retirar de banho-maria. Misturar novamente e fazer esfregaços da maneira usual. 4. Secar e examinar ao microscópio sob imersão. 5. Contar 10 campos, anotando o número de reticulócitos encontrados. Expressar o resultado em percentagem e número absoluto. 6. Opcionalmente pode fazer coloração de fundo por Giemsa. Fonte: s3.amazonaws.com Interpretação: o resultado é expresso em percentual e em número absoluto em relação a população de eritrócitos. Sua contagem serve para avaliar de forma efetiva a produção de eritrócitos, sendo útil no controle terapêutico, no diagnóstico diferencial e naclassificação das anemias. 8.2 Hemossedimentação (VHS) A hemossedimentação mede a estabilidade da suspensão de hemácias no plasma que, por ser menos denso, favorece a sedimentação dos glóbulos pela ação da gravidade, quando colocados numa pipeta graduada de 0 a 200m com 2,5mm d diâmetro interno e 1 micro- litro (ml) de capacidade. As hemácias em suspensão no plasma, colocadas na pipeta de Westergren, sofrem sedimentação com velocidade variável em função da concentração de fibrinogênio e globulinas, tamanho e forma das hemácias e alterações elétricas do plasma e dos glóbulos. Inicialmente ocorre a queda individual das hemácias, seguida pela agregação dos glóbulos com formação de rouleaux e aumento da velocidade de 42 hemossedimentação, que se torna constante para diminuir numa fase final, quando os glóbulos se concentram na porção inferior da pipeta. O aumento de fibrinogênio e globulinas é também responsável pela aceleração da hemossedimentação que fornece medida grosseira dessas substâncias no plasma. TÉCNICA: 1. Colher 5ml de sangue do paciente em jejum pela manhã. Não apertar demasiadamente o garrote, evitando estase venosa. 2. Colocar o sangue no frasco com anticoagulante EDTA e agitar por inversão ou movimentos circulares até que se dissolva completamente. 3. Com pipeta de Westergren aspirar sangue até exatamente a marca zero. 4. Colocar a pipeta no suporte de modo a permanecer na posição vertical 5. Marcar o tempo. 6. Fazer a leitura em milímetros após uma hora ao nível da separação do plasma e hemácias. Nas reticulocitoses pode haver uma imprecisão do limite de sedimentação, dificultando a leitura exata. 8.3 Pesquisa de Células LE (Lúpus Eritematoso) O lúpus eritematoso é uma doença de etiologia obscura, cujo caráter fundamental é a alteração primária e difusa do tecido colágeno. Apresenta forma localizada na pele e disseminada com acometimento de vários órgãos, ou seja, lúpus eritematoso (LED). O fenômeno LE é estudado através de técnicas imunológicas, histoquímicas, microfotográficas e cinematográficas. Quatros grupos de técnicas permitem evidenciar o FAN: 1. Testes citomorfológico: pesquisa de células LE. 2. Fixação de anticorpos fluorescentes sobre o núcleo ou seus componentes. 3. Reação de aglutinação passiva com partículas de látex ou hemácias revestidas com nucleoproteína. 4. Reação antígeno/anticorpo direta, com fixação do complemento e precipitação em ágar. 43 8.4 Teste Citomorfológico Consiste em incubar os leucócitos com o soro suspeito de conter o FAN. Nas técnicas diretas, células e soro são do próprio paciente. Nas indiretas, leucócitos de outras pessoas são misturados ao soro do paciente. TÉCNICA: 1. Colher 8ml de sangue transferindo-os para tubos de ensaio 2. Deixar coagular e incubar a 37ºC de 30 minutos a uma hora. 3. Fragmentar o coágulo com bastão de vidro e filtrar o material em peneira fina. 4. Centrifugar o filtrado de células em tubo capilar na microcentrífuga durante 5 minutos a 2000 rpm. 5. Desprezar o sobrenadante e realizar esfregaços com porção celular, especialmente leucócitos (a parte clara central entre os eritrócitos e o soro). 6. Corar pelo May-Grunwald Giemsa e pesquisar as células LE através do microscópio. 8.5 Pesquisa de Drepanócitos (Hemácias Falciformes) A hemoglobina S ocorre em 8% dos negros brasileiros, tornando a sua pesquisa um exame bastante solicitado em nosso meio. A demonstração dessa hemoglobina anormal é feita pro três tipos de exames: a eletroforese de hemoglobina que é o método mais eficaz, porém, trabalhoso e caro para ser usado rotineiramente; pelos testes de solubilidade para hemoglobina S e pela pesquisa de drepanócitos. O fenômeno da falcização trata de uma reorganização das moléculas de hemoglobina em estado reduzido, formando longas cadeias denominadas tactoides, isto é, massas criatalinas. In vitro o fenômeno é demonstrado pelo uso de agentes redutores como metabissulfito de sódio. In vivo a falcização ocorre pela baixa tensão de oxigênio nos capilares, levando ao aparecimento de hemácias falciformes circulantes, o que ocasiona a anemia hemolítica. Solução redutora: Metabissulfito de sódio..............................0,2mg Água destilada q.s.p...................................10,0ml Preparar no momento do uso. 44 TÉCNICA: 1. Colocar uma gota pequena do sangue sobre a lâmina de microscopia. Gotas maiores fornecem um excesso de líquido sob a lamínula e sobreposição das hemácias. 2. Adicionar ao sangue duas gotas do mesmo tamanho de metabissulfito de sódio. 3. Misturar com o canto da lamínula, cobrindo com ela a preparação. 4. Vedar todos os lados da lamínula com esmalte. 5. Fazer a primeira observação ao microscópio, duas horas após a vedação, com aumento de 400x, procurando identificar hemácias falciformes que apresentam prediletação pela área marginal da lamínula se negativo repetir a leitura 6,12 e por fim 24 horas para liberar o resultado. Interpretação: É dado como negativo ou positivo, conforme presença ou ausência de células falciformes. 45 BIBLIOGRAFIA BAIN, B. Células Sanguíneas. São Paulo: Artes Médicas, 1997. BERNARD, J.J. Manual de Hematologia. São Paulo: 3 ed. Masson do Brasil,1986. FAILACE, Renato. Hemograma: manual de interpretação. 3 ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. HENRY, J. Diagnósticos clínicos e tratamento por métodos laboratoriais. 19ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 1999. LIMA; et al. Métodos de laboratórios aplicados à clínica. 7 ed. São Paulo: Guanabara Koogan, 1992. LORENZI, Therezinha. Manual de hematologia: propedêutica e clínica. 2 ed. São Paulo: Medsi, 1999. RAPAPORT, Samuel I. Hematologia: introdução. 2 ed. São Paulo: Roca, 1990. VERRASTRO, Therezinha; et all. Hematologia e hemoterapia. São Paulo: Atheneu, 1996. WILLIAMS; et al. Hematologia. São Paulo: Guanabara Koogan, 1976. 46 9 LEITURA COMPLEMENTAR O hemograma: importância para a interpretação da biópsia Helena Z. W. Grotto2 RESUMO Os dados fornecidos pelo hemograma são essenciais dentro da investigação das doenças hematológicas. Os contadores automatizados constantemente têm incorporado novas tecnologias que permitem uma análise mais detalhada das células. Informações referentes tanto a aspectos quantitativos como morfológicos das células sanguíneas podem ser úteis na análise da medula óssea. Nessa minirrevisão alguns desses novos parâmetros são apresentados, como o RDW (distribuição da população de hemácias de acordo com o volume) e índices relacionados ao tamanho, grau de maturidade e conteúdo de hemoglobina dos reticulócitos. A interpretação dos histogramas de hemácias, leucócitos e plaquetas podem fornecer informações adicionais aos resultados numéricos. Outros parâmetros e índices plaquetários, como o volume plaquetário médio (VPM) e a fração de imaturidade das plaquetas (IPF) são introduzidos, embora não estejam ainda padronizados e devam ser usados com cautela. São ainda discutidas a quantificação das várias populações de leucócitos presentes na circulação sanguínea obtidas pelos sistemas automatizados, suas vantagens e limitações. Embora o desenvolvimento de sofisticados analisadores hematológicos tenha reduzido o número de revisões de lâminas de esfregaço sanguíneo, essa prática deve ser encorajada, uma vez que a observação microscópica das células é uma ferramenta importante na identificação de diversas patologias. Palavras-chave: Analisadores hematológicos; hemograma; índices reticulocitários; índices plaquetários; automação. INTRODUÇÃO A diversidade de informações que o hemograma pode fornecer, embora em geral bastante inespecíficas, torna esse exame subsidiário um dos mais solicitados nas práticas clínica e cirúrgica. As informações fornecidas pela análise do sangue periférico pretendem responder a duas questões básicas: a medula óssea está produzindoum número suficiente de células maduras de diferentes linhagens? os processos de proliferação, diferenciação e aquisição de funções de cada tipo celular estão se desenvolvendo de maneira adequada em todas as linhagens celulares? Essa perguntas podem ser respondidas pelos parâmetros numéricos fornecidos pelos sistemas hematológicos automatizados e pelo exame morfológico das células à microscopia óptica. Assim, a somatória da análise de: aspectos quantitativos + 2 Professora Associada. Docente do Departamento de Patologia Clínica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp - Campinas-SP 47 aspectos morfológicos + conhecimento fisiopatológico dos distúrbios da hematopoiese será de grande auxílio diagnóstico em diversas condições clínicas, servindo de importante subsídio para a observação da medula óssea, podendo ser indicativas de diversos distúrbios medulares. Durante as últimas décadas observou-se uma grande evolução tecnológica na realização do hemograma, e as técnicas manuais têm sido substituídas por sistemas automatizados que apresentam maior precisão nos resultados e em um menor intervalo de tempo. No final dos anos 50 e início dos anos 60 surgiram no mercado os primeiros contadores de células semiautomáticos e a partir de então os avanços na engenharia eletrônica permitiram uma crescente automatização do processo. As contagens de plaquetas foram incorporadas aos sistemas automatizados na década de 70, fornecendo resultados mais confiáveis do que as contagens manuais em câmara. E, finalmente, a contagem diferencial dos leucócitos teve sua grande evolução a partir dos anos 80, quando novas tecnologias, como a citometria de fluxo e a citoquímica, foram agregadas aos sistemas de identificação das células sanguíneas. Essas inovações mudaram a rotina dos laboratórios, tornando-os mais eficientes e ágeis, além de apresentarem uma melhor qualidade nos resultados. Adicionalmente, novos parâmetros laboratoriais continuamente são implementados com o objetivo de ampliar as informações fornecidas pelo hemograma e, assim, auxiliar no diagnóstico de uma gama considerável de patologias(1). Um estudo realizado em 2002(2) com o objetivo de identificar os componentes do hemograma considerados úteis na prática clínica revelou resultados interessantes. Somente 4 dos 11 parâmetros rotineiramente fornecidos foram selecionados como úteis e frequentemente utilizados por mais de 90% dos profissionais inquiridos: dosagem de hemoglobina (Hb), determinação do hematócrito (Ht), contagens de plaquetas e de leucócitos. Alguns ítens mais recentemente propostos foram reconhecidos pelos profissionais com menos de 10 anos de atividade clínica, diferentemente do observado quando médicos com mais tempo de vida profissional foram questionados. Embora 50% dos médicos entrevistados desempenhassem suas funções em tempo integral dentro de instituições acadêmicas e outros 34% em tempo parcial nas universidades, alguns desvios de interpretação, como a preferência da análise da contagem diferencial de leucócitos em números percentuais e não absolutos, ou o desuso das informações referentes às alterações morfológicas das células foram muito comuns. Esses dados provenientes da pesquisa no Hospital 48 Universitário de Cleveland (Estados Unidos) são preocupantes e, provavelmente, coincidentes que os que seriam obtidos em diversos outros locais, inclusive no Brasil, se tal pesquisa fosse aplicada. De um lado temos as empresas investindo em tecnologia e lançando continuamente no mercado uma série de novos parâmetros e índices no hemograma; e de outro lado o despreparo do requisitante do exame no reconhecimento desses novos indicadores, aliado à falta de visão crítica sobre as reais vantagens ou limitações dos mesmos. Uma divulgação prévia por parte dos realizadores dos exames sobre o significado de cada um dos novos parâmetros lançados ou a adequação na maneira de reportar os resultados poderiam minimizar as falhas ou ausência de interpretação de vários dados fornecidos pelo hemograma. Pretendemos apresentar, de forma resumida, algumas considerações a respeito de aspectos relacionados a essas inovações no hemograma que têm sido propostas como auxiliares no diagnóstico de algumas condições clínicas. Na série vermelha Dentre os índices hematimétricos, o VCM (volume corpuscular médio) ainda é o mais largamento utilizado na avaliação das anemias, associado à análise das alterações morfológicas das hemácias, que também pode fornecer subsídios interessantes no reconhecimento de diversos tipos de anemia. Adicionalmente, uma medida quantitativa da anisocitose, conhecida como RDW (red cell distribution width), tem algumas aplicações interessantes. O RDW é obtido a partir do histograma de distribuição das hemácias de acordo com o volume das células e é reportado em porcentagem, com valores de normalidade entre 11% e 16%, dependendo do equipamento utilizado. (3,4) Valores aumentados de RDW falam a favor de uma população eritrocitária heterogênea, formada por células de diversos tamanhos. Sua principal utilidade seria numa primeira diferenciação entre a anemia ferropriva e a beta talassemia heterozigótica. A acurácia desse parâmetro na distinção desses dois tipos de anemia microcítica varia entre diversos autores. (5,6) O que se preconiza é que o valor de RDW seja analisado junto com outros parâmetros do hemograma. De maneira geral, anemias microcíticas com número de hemácias abaixo de 5 x 109/l e RDW elevado são mais favoráveis ao diagnóstico de anemia ferropriva, enquanto anemias microcíticas com número de hemácias acima de 5 x 109/l e RDW normal ou 49 pouco elevado deveriam ser encaminhadas para a investigação da presença de traço talassêmico. A análise da curva de distribuição de hemácias de acordo com o seu volume, que é a base de cálculo do RDW, também pode indicar, por exemplo, a presença de dupla população eritrocitária, como pode ocorrer na anemia sideroblástica e em pacientes transfundidos. O mesmo ocorre durante o tratamento de reposição de ferro, quando circulam hemácias de diferentes idades e formadas em diversas condições de suprimento de ferro (Figura 1). A introdução da contagem automatizada dos reticulócitos e o uso de marcadores fluorescentes restabeleceram o valor desse importante indicador da atividade eritropoética medular. A associação da classificação morfológica das anemias a partir dos índices hematimétricos com a caracterização da anemia de acordo com a resposta medular (Quadro 1) auxilia substancialmente no diagnóstico diferencial e na provável etiologia da anemia. Além da contagem dos reticulócitos, novos parâmetros relacionados ao grau de maturidade dessas células têm sido investigados em diversas condições clínicas onde se pretende estimar a capacidade regenerativa da medula após procedimentos terapêuticos como quimioterapia ou transplante de células precursoras, (7) ou mesmo como auxiliar diagnóstico entre diversos tipos de anemia. (8) A nomenclatura para esse índice varia de acordo com o equipamento hematológico utilizado, que pode ser reportado como: RMI (reticulocyte maturity index), IRF (immature reticulocyte fraction) e MFI (mean fluorescent index). (9) http://www.scielo.br/img/revistas/rbhh/2009nahead/4509f1.jpg http://www.scielo.br/img/revistas/rbhh/2009nahead/4509q1.gif 50 Mais recentemente, o conteúdo de hemoglobina dos reticulócitos tem sido proposto como uma ferramenta interessante no diagnóstico precoce da deficiência de ferro, principalmente em pacientes renais, onde a avaliação do estado de ferro é particularmente importante para monitorar a resposta à terapêutica com eritropoetina recombinante. (10,11,12) Dependendo do equipamento utilizado, o conteúdo de hemoglobina do reticulócito é denominado CHr (conteúdo de hemoglobina doreticulócito), MRV (volume reticulocitário médio) ou RetHe (equivalente de hemoglobina dos reticulócitos). Vale ressaltar que, em outras condições que cursam com déficit de hemoglobinizacão, como a talassemia beta heterozigótica, o conteúdo de hemoglobina dos reticulócitos estará igualmente reduzido. Na série leucocitária O grande avanço tecnológico na análise da série branca foi a possibilidade da contagem diferencial dos leucócitos ser automatizada, fornecendo resultado rápido e preciso. As células são identificadas e quantificadas por diferentes metodologias, incluindo impedância, radiofrequência e citoquímica. Além das células maduras morfologicamente normais, linfócitos atípicos, granulócitos imaturos e células blásticas podem ser detectados e mesmo quantificados por determinados sistemas automatizados. A sensibilidade e a precisão nessa detecção dependem da metodologia utilizada e devem ser avaliadas cuidadosamente. Por isso, cada 51 laboratório deve estabelecer os seus critérios de revisão das lâminas de acordo com as características do sistema utilizado. A identificação dos granulócitos imaturos é de especial interesse na rotina clínica porque poderia indicar a presença de um quadro infeccioso agudo. Os equipamentos existentes no mercado atualmente ainda são limitados no que se refere à contagem de bastonetes, mas são bastante sensíveis quando da presença de células da linhagem granulocítica anteriores aos bastonetes, o que caracteriza o "desvio à esquerda" comumente observado nas infecções por bactérias gram-positivas.1 A quantificação de linfócitos atípicos e células blásticas não apresenta resultados tão precisos como os obtidos na detecção das células maduras normais, mas a emissão de alarmes sugestivos das mesmas deve servir de orientação para que o material seja revisado à microscopia. Além da contagem diferencial de leucócitos é possível determinar o número de eritroblastos nucleados, importantes na sinalização de um possível quadro hemolítico, hematopoese extramedular ou stress hematopoético, como observado em infecções graves, hipóxia ou hemorragia aguda. (13) Os métodos automatizados fornecem resultados muito mais precisos do que as contagens manuais, uma vez que o número de eventos contados é muito superior aos observados à microscopia, o que reduz significativamente o erro estatístico. Além disso, alguns equipamentos já fazem a correção pelo número total de leucócitos, já que eritrócitos nucleados são contados inicialmente como leucócitos. Uma outra possibilidade em termos de identificação morfológica das células foi recentemente lançada no mercado e é constituída por um sistema automatizado de análise de células, composto por um microscópio com três objetivas de diferentes aumentos, uma câmera e um sistema computacional com um software que capta e classifica as células a partir de um banco de dados preexistente, que pode ser modificado ou acrescido pelo usuário. Em 2007 foi publicado um estudo em que amostras de sangue de 84 pacientes com doenças hematológicas malignas foram analisadas por um sistema conforme descrito acima, tendo como referência a análise microscópica usual. Segundo os autores, a eficiência do método foi de 95%. Todas as amostras que apresentavam células blásticas foram identificadas, embora o número de células fosse subestimado em alguns casos, em especial na leucemia linfoide aguda. (14) A principal vantagem da utilização dessa tecnologia é que possibilita uma maior agilização da rotina laboratorial, triando as amostras normais e fornecendo dados importantes para o examinador, já que auxilia na identificação das alterações morfológicas das células. Uma outra vantagem é a possibilidade de comunicação 52 entre especialistas, uma vez que as imagens podem ser transmitidas eletronicamente, o que permite a troca de informações entre os observadores. A desvantagem principal é o preço do sistema, ainda inviável para a maioria dos laboratórios. Na série plaquetária Impedância elétrica, sistema óptico, radiofrequência e uso de marcadores imunológicos específicos para plaquetas são metodologias empregadas nos diversos sistemas automatizados, visando melhorar a acurácia e diminuir a ocorrência de interferentes nas contagens de plaquetas. A detecção precisa dos valores das plaquetas, especialmente no diagnóstico das plaquetopenias, é de suma importância na prática clínica e cirúrgica, no monitoramento das quimioterapias e procedimentos de transplante, entre diversas outras situações. De maneira geral, os resultados têm sido bastante promissores. Um estudo avaliando a contagem de plaquetas em amostras pediátricas, tendo como referência o método imunológico usando CD61 como marcador das plaquetas, mostrou uma boa acurácia para a contagem por impedância e valores médios ligeiramente menores para as contagens feitas pelos métodos ótico e manual. Em geral, a precisão foi menor nas amostras com menos do que 50 x 109/L e naquelas provenientes de neonatos. (15) Além da quantificação das plaquetas, parâmetros relacionados ao tamanho (VPM - volume plaquetário médio) e o PDW - análogo ao RDW para os eritrócitos, podem fornecer informações interessantes sobre a atividade trombopoética, (16) ou como tem sido avaliado após procedimentos de transplante. (17) É sugerido que as trombocitopenias de origem medular cursam com VPM reduzido, enquanto as resultantes de destruição periférica apresentam valores mais elevados de VPM, refletindo a liberação precoce na circulação de plaquetas mais jovens e de maior volume. (18) O grau de imaturidade das plaquetas, reportado como IPF (immature platelet fraction) também pode ser avaliado. Corresponde à fração de plaquetas reticuladas que contêm RNA citoplasmático e que permanecem na circulação por 24 a 36 horas, quando, então, o RNA é degradado, o volume é reduzido e a plaqueta atinge a sua maturidade. Tem sido investigada como auxiliar na detecção precoce de recuperação medular após transplante de medula óssea, quimio ou radioterapia, além de indicativa da atividade megacariocítica, como o VPM. (19) Recentemente foi publicado um estudo com 51 pacientes com síndrome mielodisplásica (SMD), que mostrou que uma parte desses 53 indivíduos apresentava uma discrepância entre altos valores de IPF e o grau de trombocitopenia. Em geral, quanto mais grave a plaquetopenia maiores os valores de IPF. Doze pacientes com SMD mostraram contagens de plaquetas superiores a 50 x 109/L com IPF superior a 10%. Todos esses pacientes apresentaram alterações cromossômicas incluindo anormalidades no cromossoma 7, acompanhadas de sinais de dismegacariocitopoiese. Naqueles com valores de IPF superiores a 20%, a sobrevida foi menor quando comparada aos demais pacientes. Os 39 pacientes restantes não mostraram anormalidade no cromossoma 7, o que levou os autores a sugerirem que contagens aberrantes de IPF poderiam ser indicadoras de distrombopoiese e de mal prognóstico na SMD. (20) Concluindo, o hemograma, embora tenha um poder diagnóstico limitado, nas mãos de um clínico que conheça as funções celulares e as bases fisiopatológicas das doenças pode ser uma ferramenta importante para a avaliação de diversas situações, como no diagnóstico e evolução de doenças hematológicas, detecção de quadros infecciosos e no monitoramento terapêutico. Novos parâmetros laboratoriais obtidos de sistemas automatizados podem ser auxiliares na análise do sangue e da medula óssea, mas devem ser utilizados com cautela. Vale lembrar que a microscopia ainda é fundamental para a identificação de várias anormalidades na hematopoiese. A associação dos dados referentes a aspectos quantitativos, aspectos morfológicos e conhecimento fisiopatológico dos distúrbios da hematopoiese é importante para um diagnóstico preciso das alterações que acometem o sangue e a medula óssea. Referências
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