Buscar

Prévia do material em texto

DIAS APÓS ABOLIÇÃO: 
Naturalmente houve comemorações 
FESTAS POR 7 DIAS NO RJ COMEMORANDO A VITORIA 
CELEBRAÇÃO EM SALVADOR E RECIFE 
PREOCUPAÇÃO COM OS FILHOS E CONDICÕES DE VIDA (o seu futuro e a falta de ações governamentais para promover melhores condições de vida aos libertos após 1888.) 
LEI DO VENTRE LIVRE (1871) 
LIBERDADE DOS FILHOS DOS ESCRAVOS NASCIDOS A PARTIR DE 1871 
Migrações para cidades (eles abandonavam as fazendas nas quais foram escravizados) 
Busca de salário melhor e reecontro com a familia 
A migração de ex-escravos gerou uma reação de grandes proprietários e das autoridades daquela época trazendo-lhes muita insatisfação, sobretudo porque os primeiros não aceitavam mais as condições de trabalho degradantes que existiam antes de 1888 e porque estavam sempre em busca de melhores salários. Assim, os grandes proprietários, sobretudo do interior do país, começaram a pressionar as autoridades para que elas reprimissem essa movimentação. 
Com isso, os grupos de ex-escravos que migravam começaram a sofrer com a repressão e foram sendo taxados de vadiagem e vagabundagem. Essa medida focava, sobretudo, os libertos que eram mais insubordinados e que costumavam não aceitar as condições impostas pelos grandes proprietários. 
Muitas vezes também, os grandes fazendeiros e antigos donos de escravos impediam que os libertos fizessem suas mudanças. Muitos desses eram ameaçados fisicamente para que não se mudassem, e outra estratégia utilizada era a de tomar a tutoria dos filhos dos ex-escravos. Inúmeros grandes proprietários acionavam a justiça para ter a tutoria sobre os filhos dos libertos e com isso forçavam esses a permanecerem em sua propriedade. Houve, inclusive, casos de filhos de libertos que foram sequestrados.
Existiram senhores de escravos que não aceitavam pagar salários para os ex-escravos, mas havia muita resistência por parte dos libertos quanto a isso. Após a Lei Áurea, os libertos passaram a questionar as condições que lhes eram oferecidas e essa atitude passou a ser vista como insolência. A repressão mencionada anteriormente foi uma resposta dos grandes fazendeiros a isso. 
Se os libertos não encontrassem condições que lhes agradassem, e se tivessem outras condições, a migração era sempre uma opção. Os pagamentos exigidos eram realizados diariamente ou semanalmente e a jornada deveria ter um limite. Aqueles que se mudavam para as cidades acabavam aprendendo diferentes ofícios, tais como o de marceneiro, charuteiro (produtor de charuto), servente, pedreiro etc. As mulheres, na maioria dos casos, assumiam posições relacionadas com o trato doméstico. 
Logo após a abolição da escravatura, uma das questões mais importantes, e que foi definidora para garantir a manutenção do liberto como um indivíduo marginal e subalterno na pirâmide social, foi a questão da terra. Não foi realizada reforma agrária e, assim, a grande maioria dos 700 mil libertos, a partir de 1888, não teve acesso à terra, sendo esses forçados a sujeitarem-se aos salários baixos oferecidos pelos grandes proprietários. 
A falta de acesso à educação por parte dos libertos, como mencionado em uma citação anterior, era uma preocupação para esses e foi uma questão fundamental para manter esse grupo marginalizado. Sem acesso ao estudo, esse grupo permaneceu sem oportunidades para melhorar sua vida. 
Após a abolição, muitos libertos acabaram optando por retornarem ao continente africano, dada as dificuldades encontradas aqui para eles. Todas as dificuldades, porém, não foram impeditivos para fazer com que os libertos relembrassem e comemorassem o 13 de maio como um marco da sociedade brasileira. 
 VIDA APOS 132-133 ANOS DE LIBERDADE 
Marginalização 
explica que houve pouco investimento na integração do negro à economia nacional. ;Quando foi promulgada a Lei Áurea, aconteceu a marginalização do negro do Brasil. Eles foram escanteados da economia;, acrescenta. Ele diz que essa população continua marginalizada. ;A maior parte dos negros mora em favelas, sem emprego, nas prisões e não tem acesso à educação. Ainda no Brasil a população negra é vítima sistemática da ideologia racista. 
Antônio de Pádua, presidente da Rede Urbana de Ações Socioculturais (Ruas), entidade social do movimento negro e de periferias, acredita que a criação de um ;padrão socialmente aceito; afasta o negro do mercado de trabalho. ;Quando se cria um padrão de cabelo, de roupa e de comportamento, institue-se um padrão, e a sociedade automaticamente tem uma reação de renegar o diferente. O mercado do marketing é responsável por isso. É raro ver um modelo negro liderando uma campanha publicitária. Na televisão tem pouquíssimos artistas negros, nas universidades também o número de professores negros é pequeno, assim como o de intelectuais negros;, destaca 
O presidente da Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Humberto Adami, critica o sistema majoritariamente branco dos Três poderes brasileiros. Ele afirma que a falta de representatividade é uma das principais causas para que a história não seja revertida, além do racismo institucional, que fecha os olhos para o preconceito. ;Quem comete o crime continua impune. Mesmo que, atualmente, as pessoas negras estejam denunciando e confrontando o racismo, os agentes de Estado ainda subnotificam o racismo e a injúria racial como crime; 
Movimento Negro: 
O que denominamos movimento negro é, na verdade, um conjunto de movimentos sociais que lutam contra o racismo e pela igualdade social e de direitos entre negros e brancos, sobretudo no mundo ocidental, marcado pela escravização de povos africanos. 
Desde o século XIX, vários movimentos surgiram em defesa da igualdade de direitos civis, contra a escravidão e contra o racismo. A maior parte desses movimentos concentrou-se em países americanos e na África do Sul, por conta da escravização (nas Américas) e do imperialismo inglês e do apartheid (na África do Sul). No século XX, os movimentos ramificaram-se, desenvolvendo pautas de lutas sociais distintas de acordo com as necessidades da população negra local.. 
marxistas e táticas guerrilheiras) — trouxe como conquistas o fim do regime de segregação racial. 
Luta pela igualdade racial no Brasil 
No século XX, o movimento negro contou com forte atuação de pessoas, como: o artista, escritor, político e ativista Abdias do Nascimento; e a Iyalorixá (mãe de santo, líder de terreiro de candomblé) Mãe Menininha do Gantois, que defendeu o culto do candomblé e conquistou a admiração de artistas que deram mais visibilidade à importância de preservar-se as religiões de matriz africana. 
Outras personalidades importantes para a luta do movimento negro são: a empregada doméstica e ativista pelos direitos das empregadas e dos negros Laudelina de Campos Melo; o geógrafo e professor Milton Santos; o antropólogo e professor congolês naturalizado no Brasil Kabengele Munanga; o professor José Vicente; e, mais recentemente, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro e a socióloga, ativista e política Marielle Franco. 
Marielle ficou conhecida por sua atuação em defesa dos direitos humanos, da população negra e das mulheres. Desde 2016, ela vinha denunciando o projeto de intervenção de tropas federais nas favelas do Rio de Janeiro para a redução da criminalidade, o que para Marielle estava acarretando na morte de jovens negros na cidade. Além disso, a então vereadora denunciava a atuação de milícias nas comunidades cariocas. Marielle foi assassinada em 14 de março de 2018, ao que a investigação policial indica, por uma milícia carioca. 
Com tantas personalidades engajadas na luta, vieram também muitas conquistas. Apesar de não haver um sistema de segregação em nosso país, o racismo mantém uma segregação social de modo velado, o que resulta na exclusão da população negra do acesso aos melhores empregos, em maiores dificuldades para estudar, em menor expectativa de vida etc. Por isso, a atuação de movimentos, como Movimento Negro Unificado, é importante em nosso país.Como resultado da atuação de tais movimentos temos, por exemplo, a Lei 12.711/12 e a Lei 12.990/14, popularmente conhecidas como Leis de Cotas. A primeira prevê a reserva de 50% das vagas em cursos de universidades e institutos federais para estudantes de escola pública e estudantes que se autodeclarem pretos, pardos ou indígenas. A segunda prevê a reserva de 20% das vagas ofertadas em editais de concursos públicos federais para pretos, pardos e indígenas. 
Também foi sancionada a Lei 7.716/89, popularmente conhecida como Lei Caó, que prevê detenção de um a cinco anos para crime de discriminação racial. Essa lei veda a recusa ao acesso a estabelecimentos públicos ou privados, o impedimento de acesso aos transportes públicos, a recusa à matrícula em instituições de ensino, ofensas, agressões e tratamento desigual por motivação racial; também veda a confecção e publicação da cruz suástica para a promoção do nazismo, bem como a propagação de ideias nazistas. 
Consciência negra 
Zumbi dos Palmares, um dos maiores símbolos da resistência negra no Brasil. 
Outra grande conquista para o movimento negro no Brasil foi o estabelecimento do dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra. A escolha da data deu-se por ser a data do assassinato de Zumbi dos Palmares, líder do maior quilombo da história brasileira, o Quilombo dos Palmares. O estabelecimento da data ocorreu para que haja discussão e conscientização social, em torno da condição das pessoas negras em nosso país, sobre o racismo, e para que a luta do povo negro e os terríveis anos de escravidão não sejam apagados de nossa história. 
A data foi estabelecida pela primeira vez, em 1978, pelo Movimento Negro Unificado, sendo oficialmente reconhecida pela Lei 10.639/03. Nesse dia, ONGs, setores organizados da sociedade, sindicatos, entidades ligadas ao movimento negro, instituições de ensino e parte da mídia promovem debates, seminários e programas com a temática racial em nosso país. 
Como surgiu o Movimento Negro Unificado (MNU)? 
Em 18 de junho de 1978, o feirante Robson Silveira da Luz foi acusado de roubar frutas na feira onde trabalhava. O homem negro de 27 anos foi levado para a 44º Delegacia de Polícia de Guaianazes, na Zona Leste de São Paulo. Lá o rapaz foi torturado e morto. Em 7 de julho de 1978, um ato contra a morte de Robson reuniu duas mil pessoas na escadaria do Teatro Municipal de São Paulo. Aquele era o momento de nascimento do MNU. 
A partir do ato, vários representantes de movimentos que lutavam pela igualdade racial uniram-se para tornarem-se uma única entidade, mais forte e coesa. Como conquistas do MNU, além da proclamação do dia 20 de novembro como o Dia Nacional da Consciência Negra, há a proibição da discriminação racial na Constituição Federal de 1988 e a criação da Lei Caó, de 1989, que tipifica o crime de racismo no código penal.. 
Em 2014, foi aprovada a Lei de Cotas Raciais no Serviço Público 
AMEAÇAS atuais 
Covid-19 e o povo negro 
De acordo com matéria publicada pela a Agência Pública, em duas semanas, a quantidade de pessoas negras que morrem por Covid-19 no Brasil quintuplicou. De 11 a 26 de abril, mortes de pacientes negros confirmadas pelo Governo Federal foram de pouco mais de 180 para mais de 930. Além disso, a quantidade de brasileiros negros hospitalizados por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) causada por coronavírus aumentou para 5,5 vezes. A covid-19 também chegou às comunidades quilombolas, contabilizando 121 mortos e 128 casos confirmados, de acordo com a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq). Segundo a entidade os dados revelam uma alta taxa de letalidade da covid-19 entre os quilombolas e uma grande subnotificação de casos. Situações de dificuldades no acesso a exames e de negação de exames a pessoas com sintomas têm sido relatadas pelas pessoas dos quilombos. 
Para CONAQ, a desigualdade do enfrentamento ao coronavírus, que já se mostra evidente nas periferias urbanas, terá um impacto arrasador nos quilombos / Divulgação 
“Seremos mais atingidos. Os organismos mundiais da saúde dizem que devemos ter determinados regramentos para nos protegermos do vírus, ficarmos em casa. Mas a falta de ordenamento, de atenção, da reparação necessária, permanece hoje, permanece quando nós temos vilas, favelas que não tem água, esgoto, que são lugares insalubres. Como falou um determinado senhor que a gente ‘vive no esgoto, sobrevive’. É uma forma muito dolorosa. Falta saneamento básico, falta educação, saúde”, afirma Lúcia. 
Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade (SBMFC), 67% dos brasileiros que dependem exclusivamente do SUS (Sistema Único de Saúde) são negros. Conforme destaca a organização, a maioria dos trabalhadores informais e dos serviços essenciais do país que apresentam dificuldades em cumprir as medidas de isolamento social são negros. 
Ameaças de atingir comunidades quilombares. 
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA 
Locais onde as principais características da cultura afro-brasileira são mais fortes: Bahia, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo e Rio Grande do Sul (estados que mais receberam escravos da AFRICA) 
Traços da cultura afro-brasileira estão presentes hoje na música popular, na literatura, no cinema, no teatro, na televisão, para não mencionar a culinária, o carnaval e várias outras práticas populares, juntamente com grande visibilidade nas festas regionais e nacionais; e ainda existem as crenças populares. É também evidente que há uma enorme contribuição linguística africana no português falado no país, muito pouco verificado na História da Educação e com alguma propriedade nas disciplinas que trabalham o nosso vernáculo. Essa afirmação pode ser sustentada pelas palavras de Cruz (2005, p. 27): 
A África está presente nos ditos, nas histórias, nas canções, nos brinquedos infantis, nas festas, nas danças populares, na maneira de se cumprimentar, no jeito de estar em casa e na rua. Em suma, a África está presente nas ações cotidianas. 
sincretismo 
é uma das principais características da cultura afro-brasileira. Esse processo se deu como política estratégica para que os povos africanos pudessem continuar a cultuar suas divindades, o que era proibido. Para isso, eles precisavam fazer associações entre elas e os santos da igreja católica. 
Um dos maiores exemplos desse sincretismo pode ser observado na festa do Senhor do Bonfim, que acontece em Salvador, na Bahia. Durante esse evento, as baianas e filhas de santo lavam as escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim, que para elas é Oxalá. O sincretismo também foi responsável por atribuir características próprias às religiões de origem africana que são praticadas no país, a exemplo da Umbanda e do Candomblé. 
CANDOMBLÉ 
O candomblé é uma junção direta de diversos cultos africanos trazidos pelos negros escravizados da África desde o período em que o Brasil era colônia de Portugal. Acredita-se que tenha surgido com esse nome na Bahia e depois espalhou-se pelo Nordeste e, dali, para o restante do Brasil. Como é uma mistura de culturas de diferentes povos, essa religião não é praticada de maneira única. 
As pessoas iniciadas no candomblé formam uma família espiritual. No candomblé, o sacerdote responsável pelo templo é o babalorixá (“babá“ significa pai em yorubá) ou a ialorixá (“iyá“ significa mãe). As pessoas iniciadas pelo mesmo sacerdote são irmãs. Quando o sacerdote (babalorixá ou ialorixá) morre, quem define o sucessor é o orixá por meio de um oráculo. Há ainda outros cargos, cada um com uma função específica. 
Em geral, os rituais são festas nas quais são feitas oferendas, que são comidas feitas para agradar aos orixás, servidas ao som dos batuques e das danças — herança típica africana. O ritual atrai os espíritos ancestrais e os orixás. As pessoas presentes iniciadas na religião entram, então, em uma espécie de transe e dançam de acordo com seus orixás de cabeça (o orixá que guiaa vida de cada pessoa). Nesses rituais não há utilização de tabaco e álcool. 
Além dos orixás, os candomblecistas também acreditam na existência de um deus soberano, chamado de Olódùmarè. A quantidade de orixás varia de acordo com o tipo de candomblé. Podem ser até 20 orixás, e cada um possui uma característica de ação. 
UMBANDA 
Umbanda é uma palavra do dialeto quimbundo e significa “curandeirismo ou arte da cura”. Como religião, foi criada no Brasil em 1908 por Zélio Fernandino de Moraes. Ele passou a incorporar um espírito chamado Caboclo das Sete Encruzilhadas, que começou a dar instruções de cura, o que deu início à prática da umbanda. 
É uma religião que sincretiza elementos dos cultos africanos com santos católicos e tradições indígenas, além do espiritismo kardecista. Os umbandistas acreditam na existência de um deus soberano chamado Olorum (equivalente a Olódùmarè). Eles também creem na imortalidade da alma, na reencarnação e no carma, além de reverenciar entidades, que seriam espíritos mais experientes que guiam as pessoas. Um dos principais marcos cristãos da umbanda é a prática da caridade. 
Os rituais umbandistas também são feitos com batuques e cânticos sagrados, mas cantados em português. É comum que médiuns recebam incorporações de entidades para curar, aconselhar, avaliar e modificar a vida das pessoas. Por estar ligada de modo intrínseco à vida terrena, os espíritos ou entidades possuem hábitos comuns às pessoas, como o fumo de cachimbo, charuto, cigarros e álcool, presentes durante a realização de um “trabalho“, a incorporação no terreiro durante o ritual. 
Na umbanda, a cerimônia de louvação pode ser chamada de sessão, gira ou banda. A dirigente espiritual é chamada de mãe de santo ou pai de santo. Os religiosos se consideram irmãos por estarem na mesma casa, mas não há hierarquia entre eles. O filho de um filho de santo não é considerado neto de santo, por exemplo. Também não há iniciação para um determinado orixá. Há o desenvolvimento mediúnico para incorporação. Em relação à linha sucessória, geralmente a escolha também é espiritual. 
FEJOADA 
Mas como surgiu a feijoada, afinal? 
A feijoada ainda carrega uma forte mitologia. Por muito tempo se considerava que a feijoada seria um prato “inventado” nas senzalas. Os escravos cozinhariam o feijão preto (originário) da América com os restos de carne que os senhores de engenho desprezavam. 
Segundo Câmara Cascudo, essa seria uma hipótese absurda. Os portugueses não desprezavam essas carnes. E o que os escravos comiam era basicamente feijão com farinha. 
A culinária afro-brasileira também é marcada por apresentar sabor marcante. Isso se deve ao uso de substâncias fortes, como o azeite de dendê que está presente em pratos típicos, como caruru, vatapá e moqueca. O leite de coco, o quiabo e o feijão preto também são outros alimentos que ressaltam o sabor das receitas. 
ACARAJE 
Preparado com um bolinho de feijão-fradinho artesanal, temperado com cebola e sal, frito em azeite de dendê e depois recheado com vatapá (leite de coco, castanha de caju, amendoim e camarão), vinagrete e camarão seco, o acarajé é servido “quente” ou “frio”, ou seja, com muita ou pouca pimenta. 
De onde ele vem? 
Difundida no candomblé e ofertada para a orixá Iansã, a receita chegou ao Brasil vinda do Golfo do Benim, na África Ocidental, por imigrantes africanos na época da escravidão. 
A comercialização do acarajé começou no período da escravidão e foi se tornando uma fonte de renda para os terreiros, quando as ‘escravas de ganho’ passaram a vender o produto para outras pessoas. O acarajé era considerado um alimento bom para as crianças e idosos doentes ou com anemia, porque fortalecia e fazia melhorar. Seu consumo era restrito a negros, escravos e livres, moradores de rua e pessoas pobres. Esse tipo de alimento não fazia parte do cardápio das famílias com melhores condições econômicas. 
COCADA 
História da cocada branca 
A cocada é uma iguaria africana. Na época da escravidão, as negras faziam esse doce para os senhores e para isso usaram um ingrediente abundante na Bahia, o coco. Os escravos também consumiam cocada como uma forma de deixar a vida menos dura. 
As primeiras cocadas preparadas aqui no Brasil usavam açúcar mascavo e, por causa disso, elas eram escuras, ou seja, não existia a tal cocada branca. Com o passar dos anos, foram acrescentados outros ingredientes como o açúcar cristal. 
A cocada também está relacionada com as religiões africanas como o candomblé, aqui a iguaria possui um significado mais especial. Para os adeptos, a cocada é dada como oferenda para Oxalá, o principal orixá e o doce representa as crianças.. 
ARTE 
CAPOEIRA 
A Capoeira é uma manifestação cultural presente hoje em todo o território brasileiro e em mais de 150 países, com variações regionais e locais criadas a partir de suas “modalidades” mais conhecidas: as chamadas “capoeira angola” e “capoeira regional”. Os principais aspectos da capoeira, como prática cultural desenvolvida no Brasil, são o saber transmitido pelos mestres, como reconhecidos por seus pares, e a roda, onde a capoeira reúne todos os seus elementos e se realiza de modo pleno. 
Bloco Afro 
Os Blocos Afro possuem forte viés político, levantando a bandeira da luta contra o racismo e pela afirmação da identidade negra. Parte dessas agremiações ampliam suas atividades para além do Carnaval, promovem ações educativas e de formação profissional. A percussão é a base musical dessa manifestação. 
Negro fugido 
Mantido há mais de um século pelos pescadores da região do Recôncavo Baiano, o Nego Fugido é um teatro popular de rua que mistura também elementos da dança, música e declamação. Conta uma versão peculiar da história do Brasil que compreende a abolição da escravatura a partir de um processo de revolta, luta e resistência do povo negro. A narrativa entrelaça o legado coletivo do Recôncavo, à prática da pesca artesanal e às práticas religiosas e culturais afro-brasileiras locais, cuja memória do passado escravizado se articula no enfrentamento dos atuais problemas enfrentados pelas comunidades. 
CIRANDA 
Surgida nas regiões litorâneas do Nordeste brasileiro, e tendo como referência Pernambuco, nasceu de mulheres de pescadores que cantavam e dançavam esperando que esses retornassem do mar. É uma dança comunitária que se constitui de um círculo que aumenta na medida em que as pessoas chegam para a coreografia. De mãos dadas, a cada giro os integrantes imitam o vai e vem das marés. O mestre cirandeiro é o integrante mais importante da roda, cabendo a ele “tirar as cantigas”, improvisar versos e tocar o ganzá enquanto preside a brincadeira coordenando a percussão. 
Lambe sujo e caboclinho 
homenagem à história dos escravos da região, que lutavam por sua liberdade. Os Lambe Sujos, pintados com uma tinta negra escura, são guiados por um príncipe, e pelo rei do quilombo. Atrás deles vão os Caboclinhos, de cocares na cabeça, e a pele pintada de vermelho. Representam os índios contratados pelos donos dos engenhos de açúcar para recapturar seus escravos, prática comum naquele Brasil até 1888, quando a escravidão foi finalmente abolida. 
O grupo dos Lambe-Sujos é formado por meninos e homens totalmente pintados de preto, usando uma mistura de tinta preta e melaço de cana-de-açúcar para ficar com a pele brilhosa. Eles usam short e um gorro de flanela vermelha. Nas mãos, uma foice, símbolo de luta pela liberdade. Fazem parte do grupo o Rei”, a Rainha e a “Mãe Suzana”, representando uma escrava negra. 
Após uma alvorada festiva, os Lambe-Sujos saem às ruas, acompanhados por pandeiros, cuícas, reco-recos e tamborins, roubando diversos objetos de pessoas da comunidade que são guardados no “mocambo”, armado em praça pública. A devolução dos objetos é feita mediante contribuição em dinheiro pelo proprietário do objeto roubado. 
Junto com os Lambe-Sujos se apresentam os Caboclinhos, que pintam o corpo de roxo-terra e usam indumentária indígena: enfeites de penas, cocar e flecha nas mãos. 
A brincadeira consiste na capturaa rainha dos Caboclinhos pelos Lambe-Sujos, que fica aprisionada. À tarde, há a tradicional “batalha” pela libertação da rainha, da qual os Caboclinhos saem vitoriosos. 
O grupo musical que acompanha o folguedo é composto por ganzás, pandeiros, cuícas, tambores e reco-recos. 
Hoje, a 'Festa de Lambe-Sujo', como é conhecida, tornou-se uma das mais importantes da cidade de Laranjeiras, acontecendo sempre no segundo domingo de outubro. 
INSTRUMENTOS 
PANDEIRO 
Pandeiro é um instrumento musical de percussão composto de uma armação em formato de um aro com uma pele esticada. Não forma uma caixa, pois não é fechado embaixo. 
Por aqui, o pandeiro é muito comum no samba e normalmente tocado com as mãos. É um dos instrumentos mais característicos de nosso carnaval. 
BERIMBAU 
O berimbau é um instrumento musical de corda bastante conhecido no Brasil por ser um dos elementos centrais das rodas de capoeira, definindo os ritmos da dança. De fato, acredita-se que o mesmo tenha surgido em antigas tribos africanas, as quais o usavam em rituais fúnebres, e sido levado para o Brasil por meio dos escravos a partir de 1538. Antes de ter o papel de fazer o acompanhamento musical da capoeira, o berimbau já era utilizado por vendedores de doces, geralmente escravos alforriados, para chamar a atenção da clientela.

Mais conteúdos dessa disciplina