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Anestésicos locais ❖ Mecanismo de ação: Bloqueio da condutância nervosa de forma localizada, através do controle da permeabilidade aos íons de sódio em canais de Na+ dependentes de voltagem ❖ Estudo etnofarmacológico: quando se descobre um novo princípio ativo por meio da observação de uma população (uso da cocaína) ❖ Síntese da procaína Situação fisiológica quando se tem dor i. Estado repouso o Portão M está fechado (barreira mecânica), impedindo a saída de Na+ pelo canal de Na+ dependente de voltagem. o Não há dor. ii. Estado ativado (momento do acidente) o Portão M se abre, de forma que há transporte de Na+ pelo canal de Na+ dependente de voltagem. o Há dor intensa. iii. Estado inativado (um tempo após) o Portão H se fecha, de forma compensatória, diminuindo a passagem de mais Na+, mas não bloqueando. o Há dor aliviada. Situação farmacológica (anestésico local) o Utilizar de forma profilática (estado repouso): antes do estímulo doloroso quando se utilizará um bisturi para a retirada de um cisto, usa-se, antes, o anestésico local. O anestésico local se ligará ao sítio de ligação do portão M, reforçando a sua atividade fisiológica, controlando a condutância de Na+ o Se for utilizado em caso de dor intensa (estado ativado): apesar de estar no estado ativado, a utilização do anestésico local bloqueia o estado ativado, mesmo com o portão M aberto, bloqueando a condutância de Na+ o Se você levou mordida do gato e levou muito tempo (estado inativado) para chegar ao médico: pode-se aplicar o anestésico local para evitar a dor devido à agulha para se realizar a sutura, sendo o anestésico local uma barreira química para bloquear a condutância de Na+ Obs: anestésico local na sua forma ionizada é uma barreira química, alterando a permeabilidade do Na+ através do canal de Na+ voltagem dependente ➢ Propriedades gerais dos Anestésicos Locais • Natureza química: tipo éster ou tipo amida Todo anestésico local tem: Domínio hidrofóbico Cadeia alquílica (éster ou amida) Domínio hidrofílico • Efeito do pH: estabilidade do fármaco ou efeito tecidual Estabilidade do fármaco Todo anestésico local é uma base fraca (instável), sendo veiculado na forma de cloridrato (solução ligeiramente ácida) para estabilizar (proteger o anestésico local no frasco) Efeito tecidual O tecido deve ter o pH próximo ao neutro, pois o cloridrato se desvincula do anestésico local. Caso o pH esteja (ácido), haverá prejuízo da atividade do anestésico local, por ser uma base fraca, instável, não fica biodisponível (comum em sítios anatômicos inflamados, devido a derivados do ácido araquidônico) Não adianta aplicar anestésico local em tecido inflamado! • Sinergismo com vasoconstritores (ex: adrenalina): vantagens e desvantagens Vantagens i. Potencialização do anestésico local ao associar aos vasos constritores. Isso devido à vasoconstrição, que diminui a absorção do anestésico local, aumentando o tempo dele junto à terminação nervosa. ii. Aumento do tempo da anestesia local, pelo motivo descrito acima. iii. Torna a cirurgia menos cruenta (menos sanguinolenta), pois os vasoconstritores diminuem a resistência periférica. Desvantagens i. Retardo no processo de cicatrização, devido à diminuição do aporte sanguíneo (oxigênio, nutrientes...) para a área onde foi utilizada o anestésico local, ocasionado pela vasoconstrição. ii. Pode levar a um caso de necrose, principalmente caso seja utilizado em cirurgias de extremidades (contraindicado essa associação nessas cirurgias de extremidades, por haver mais chances de necrose e perda de parte membro). iii. Vasoconstritores podem ser absorvidos, podendo causar efeitos sistêmicos (aumento da pressão arterial, aumento da resistência periférica, hipertensão e, ao extremo, infarto do miocárdio). • Farmacocinética Anestésicos locais do tipo éster Geralmente são mais seguros quando comparados ao do tipo amida i. São degradados por esterases plasmáticas A partir do momento que começam a ser absorvidos, começam a ser biotransformados meia-vida plasmática baixa ii. Geralmente são menos lipossolúveis iii. Menor ligação com proteínas plasmáticas Possuem menor potência Devido à menor lipossolubilidade Obs: o fármaco tetracaína foge à regra, pois possui maior lipossolubilidade (consequente maior potência) e maior ligação a proteínas. Anestésicos locais do tipo amida Menos seguros quando comparados aos do tipo éster i. Mais dependentes do processo de oxidação e de conjugação ii. Geralmente são mais lipossolúveis iii. Maior ligação com proteínas plasmáticas Possuem maior potência Devido à maior lipossolubilidade Lipossolubilidade Vantagem maior potência da anestesia local Desvantagem facilita a entrada do fármaco em outros tecidos (diminui a margem de segurança sistêmica) Ligação a proteínas plasmáticas Quanto maior for, menor a margem de segurança sistêmica do anestésico local, pois há maior distribuição por outros tecidos, podendo ocorrer mais efeitos indesejados. ➢ Usos clínicos • Anestesia localizada de superfície Creme Pomada Colírio Solução otológica Administração tópica • Anestesia localizada infiltrativa Mais comum Injeção do anestésico local no tecido subcutâneo • Anestesia localizada endovenosa regional Anestesia que induz um quadro mais intenso, realizando um bloqueio regional Ex: caso de dedo inflamado, em que o anestésico é aplicado de forma regional, longe da inflamação. Lembrando que não haveria resposta adequada ao fármaco se fosse aplicado de forma infiltrativa • Anestesia localizada do tipo regional por bloqueio nervoso Realizar o bloqueio da estrutura nervosa relacionada com a inervação do sítio anatômico. Ex: bloqueio do plexo braquial, anestesiando todo o membro superior. • Anestesia localizada do tipo regional raquidiana (espaço subaracnoide) Utilização do anestésico no espaço subaracnoide, ocorrendo o bloqueio de parte do abdome e de todo o membro inferior (no ser humano). • Anestesia localizada do tipo regional epidural Utilização do anestésico na epidural ➢ Efeitos colaterais Associados a uma possível absorção sistêmica Sistema nervoso central: Agitação (estimulação) Confusão mental Convulsões Depressão respiratória Sistema cardiovascular: Depressão miocárdica (devido à diminuição da condutância do Na+, diminuindo a estabilidade elétrica, diminuição da atividade do coração) Queda na pressão arterial (devido à diminuição da atividade do coração) Principalmente em mucosas
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