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Erros inatos da imunidade

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Dalila Fassarella Corrêa 
 
Erros inatos da imunidade 
 
✓ Subdiagnosticados, por vezes chegam com 
sintomas avançados e não conseguimos intervir 
de forma significativa. 
✓ Diag. precoce é fundamental – melhor prog. 
 
Sistema imunológico 
✓ Se origina de célula tronco, dando origem um 
progenitor linfoide e um mieloide. 
• Mieloide: dá origem as células da imunidade 
inata – monócitos, neutrófilos, eosinófilos, 
mastócitos, basófilos e megacariócitos 
(plaquetas) e eritroblasto (hemácias). 
• Linfoide: dá origem a células T, B, e natural 
killer. 
✓ Principais mecanismos de defesa: 
• Barreiras fisiológicas íntegras (pele e 
mucosa, batimento ciliar dos brônquios, pH 
estomacal, enzimas); 
Uma vez que essas barreiras são insuficientes para 
prevenir a instalação de microorganismos... 
• Sistema imune inato; 
• Sistema imune adaptativo. 
✓ Funções: combater infecções, vigilância tumoral, 
homeostase do sistema. 
• Alterações na homeostase: infecções 
recorrentes, infecções não habituais, 
doenças linfoproliferativas, doenças auto-
imunes, doenças autoinflamatórias. 
✓ Imunidade inata: neutrófilos, células dendríticas, 
natural killer, mastócitos, macrófagos, 
eosinófilos. 
• Humoral: proteínas do sistema complemento, 
peptídeos antimicrobianos, proteína C reativa 
(opsonina). 
~ Sistema imune inato 
- Atua rapidamente nas primeiras 12 horas – 
microrganismo rompe barreiras fisiológicas, 
tem-se os macrófagos, NK (principalmente 
vírus), complemento que agem. 
✓ Imunidade adaptativa: linfócitos T e B. 
• Humoral: anticorpos com funções de 
neutralização, dentre outras. 
~ Sistema imune adaptativo 
- Participação de linfócitos B, T – produção de 
Ac, linfócitos T se proliferando (proliferação 
clonal) para produção de céls T efetoras – 
processo demora de 1 a 5 dias. 
- Reexposição ao Ag – processo ocorre de 
forma mais rápida. 
✓ Nas doenças: defeitos nas quantidades de 
células, funções prejudicadas. 
• Infecções de repetição: ausência de doença 
de base, com uma ou mais das condições: 
- 6 ou mais infecções respiratórias por ano. 
- 1 ou mais infecções respiratórias 
mensais. 
- 3 ou mais infecções anuais do TRI. 
- Nem sempre quem tem infecções de 
repetição, tem doenças de base. 
▪ 50% crianças normais. 
▪ 30% pcts alérgicos. 
▪ 10% doenças não imunológicas 
grave (fibrose císticas). 
▪ 10% IDP primária. 
 
• Inf. de repet. -> anormalidades funcionais do 
sist. imune 
-> ID por defeitos genéticos (primárias ou 
hereditárias). 
-> ID adquiridas (secundárias a 
medicações, infecções, neoplasias, dças 
metabólicas, fatores ambientais e 
deletérios). 
 
Imunodeficiências primárias/erros inatos da 
imunidade (EII) 
✓ Doenças consequentes a defeitos genéticos ou 
não genéticos em um ou mais componentes do 
sistema imune, que leva a maior susceptibilidade 
a infecções de repetição, autoimunidade e 
neoplasias. 
 
(9 grupos) 
• 65% são doenças predominantemente de 
anticorpos. 
Dalila Fassarella Corrêa 
 
 
 
Tipos de defeitos imunológicos 
 
Depende dos patógenos envolvidos e da localização 
da infecção. 
 
Defeitos humorais 
✓ Principais agentes envolvidos são habituais (S. 
aureus, pneumococo, estreptococo, haemófilus), 
enterovírus, giárdia. 
✓ Principais infecções: sinopulmonares (sinusites, 
otites, pneumonias), intestinais (diarreias 
crônicas), meningoencefalites, artrites, infecções 
graves. 
✓ Dependendo da deficiência humoral, pode ser 
assintomático ou ter manifestações clínicas 
severas. 
✓ Início dos sintomas: 5 a 12 meses (queda dos Ac 
maternos), final da infância, adultos. 
✓ A partir de 6 meses de idade: perde anticorpos 
IgG da placenta e IgA do leite materno e inicia 
alimentação. 
• Inicia-se essa “baixa fisiológica”, pondendo 
manifestar os sintomas nessa fase. 
✓ Características: bronquectasias (acumula muita 
secreção), autoimunidade, reação vacina pólio. 
✓ Doenças mais comuns: 
• Deficiência de IgA. 
- Mais frequente. 
- IgA < 7, outros anticorpos normais. 
- Geralmente não causa grandes 
complicações. 
• Agamaglobulinemia (não produz Ac). 
- Cél B não consegue maturar, níveis são 
muito baixos (CD19 < 1% ou ausente). 
- Não possui reposta vacinal boa (não 
soroconverte). 
• Comum variável (produz pouco Ac). 
- Geralmente 2 Ac baixos. 
- Não possui reposta vacinal boa (não 
soroconverte). 
- Bronquiectasias, sinusopatias com 
frequência. 
 Pra diferenciar as duas: imunofenotipagem, 
com foco na CD19 (cél B). 
• Deficiência de subclasses de IgG (deficiência 
de IgG 2 – importantes na defesa contra 
bactérias encapsuladas). 
• Deficiência de Ac com Igs N ou E, Hiper IgM. 
• Hipogamaglobulinemia transitória da infância 
(criança que tem queda fisiológica dos ac e 
demora para subir. Geralmente depois dos 6 
meses começa a ter anticorpos, algumas 
crianças demoram mais. Tem boa resposta a 
vacina). 
 
Defeitos celulares 
✓ Principais agentes infecciosos: Pneumocystis 
jiroveci, Aspergillus, cândida, vírus (CMV, EBV, 
VVZ), micobactérias, pseudômonas. 
• Chamam mais atenção nos pcts que tem 
imunodeficiência combinada 
(principalmente, grave – “emergência 
pediátrica”). 
✓ Grupo heterogêneo de doenças, caracterizada 
pelo baixo número/ausência de linfócitos T – não 
há produção de anticorpos. 
✓ Deficiência na imunidade humoral (linfócito T 
precisa se comunicar com B para produção de 
anticorpos) – defeito na célula T: defeito 
Dalila Fassarella Corrêa 
 
combinado (imunodeficiência combinada grave – 
envolve falha humoral e celular). 
• Infecções mais comuns: muito graves e 
invasivas, patógenos oportunistas, diarreia 
crônica (atrasa desenvolvimento da criança), 
desnutrição precoce. 
✓ Pacientes são saudáveis ao nascer, desenvolvem 
manifestações infecciosas já no primeiro mês de 
vida; quando não são tratados adequadamente, 
evoluem para óbito no 1º ano de vida. 
• Por isso, emergência pediátrica – deve ser 
detectado logo, indicar transplante, pois se o 
recém-nascido for submetido ao transplante 
até os primeiros 3 meses de vida, a sobrevida 
é de 94%; quando o transplante ocorre após 
essa idade, a sobrevida cai para 50%. 
 
• BCGite – abcessos no local da aplicação, 
adenomegalias cervicais, axilares. 
• Doença de enxerto vs hospedeiro – células 
maternas ou transfusão de sangue não 
irradiado vai atacar sistema imunológico do 
indivíduo imunossuprimidos – desencadeia 
reações cutâneas, hepatite, icterícia. 
• Ausência de imagem tímica – nessa triagem 
deve ser feito raio X de tórax para avaliar a 
presença de timo ou não; mediastino fica 
alargado devido a presença do timo 
normalmente. 
 
Defeitos de fagócitos 
✓ Principais agentes: S. aureus, serratia, nocardia, 
aspergillus, cândida, klebsiela. 
✓ Principais infecções: pneumonias graves, 
adenites, múltiplos abscessos (recorrentes), 
periodontites e osteomielites. 
✓ Início: precoce (1 ano de vida). 
✓ Características: retardo de queda do coto 
umbilical – mto comum leucocitose. 
✓ Doenças mais comuns: alterações na função 
microbicida (DGC, def. de G6PD, def. de 
mieloperoxidase), alterações no número de 
fagócitos (sind. Kostmann, neutropenia 
congênita, sind. Shwachman), alterações na 
motilidade (LAD, def. de grânulos específicos). 
 
Deficiências do complemento 
✓ Início: qualquer idade. 
✓ Principais agentes: Neisseria e E. coli. 
✓ Doenças mais comuns: meningites, artrites, 
septicemias, infecções sinopulmonares. 
✓ Características: vasculites, LES, dermatomiosite, 
glomerulonefrites, angioedema. 
• Pcts que usualmente têm esses quadros, 
deve-se dosar as prot. do complemento. 
✓ Defeitos da via clássica: associados a síndromes 
semelhante ao LES e infecções piogênicas. 
✓ Via alternativa/terminal: infecção por Neisseria. 
✓ Deficiência do inibidor de C1 é causadora do 
angioedema hereditário. 
 deficiência no inibidor de C1 esterase; 
edemas recorrentes em diversas topografias, 
dorabdominal, sem urticárias – não 
respondem a antialérgicos, só a ao inibidor de 
C1 esterase; NÃO cursa com infecções 
recorrentes. 
 
Outros defeitos imunológicos 
✓ Síndrome de ataxia e telangiectasia. 
• Macha atáxica. 
• Podem ter anticorpos diminuídos, 
principalmente IgA, podem ter defeitos em 
linfócitos também. 
• Telangiectasias cutâneas ou oculares. 
✓ Candidíase mucocutânea crônica. 
• Defeito pode ser autossômico dominante ou 
autossômico recessivo. 
• Quando é autossômica dominante – defeito 
na STAT1. 
• Autossômica recessiva – defeito no AIRE. 
- Indivíduo pode ter poliendocrinopatias: 
hipoparatireoidismo, insuficiência adrenal, 
hipogonadismo, distúrbios tireoideanos, 
diabetes, alopecia areata, anemia perniciosa 
e hepatites. 
✓ Síndrome de Chediak-Higashi. 
• Autossômica recessiva rara, caracterizada 
pela lise deficiente de bactérias fagocitadas, 
resultando em infecções respiratórias 
recorrentes, além de outras infecções. 
• Albinismo óculo-cutâneo. 
• Defeito na mutação do gene LYST: defeito 
nas células fagocitárias, então lisossomas 
não se fundem com fagossomos – lise 
deficiente. 
• Quadros de neuropatia periféricas e 
infecções de repetição, linfoproliferação 
(múltiplos gânglios, hepatomegalias, 
esplenomegalia). 
• 80% desenvolvem fase acelerada da doença: 
quadro grave, parece sepse, febre 
Dalila Fassarella Corrêa 
 
persistente, pancitopenia, 
hepatoesplenomegalia. 
• Cabelos prateados. 
✓ Síndrome de Griscelli. 
• Cabelos prateados. 
• Autossômica recessiva, tem albinismo 
parcial, febre, citopenias, síndrome 
hemofagocítica (HLH), alterações 
neurológicas. 
• SG tipo 1: manifestações neurológicas graves 
desde o nascimento. 
• SG tipo 2: fenótipo imunológico HLH. 
• SG tipo 3: quadro neurológico sem 
manifestação imune. 
✓ Síndrome de Digeorge. 
• Imunodeficiencias com vários tipos de 
mutações envolvidas. 
• Geralmente causada por uma deleção em 
uma pequena parte do cromossomo 22. 
• Fáscie marcante, hipocalcemia, convulsões 
precoces (período neonatal), infecções 
graves. 
• Existem pacientes com a síndrome e sem 
manifestações imunológicas importantes. 
✓ Síndrome de Wiskott Aldrich. 
• Eczema, plaquetopenia, infecções de 
repetição. 
✓ Síndrome de Hiper IgE 
• Fascie característica. 
• Manifesta de forma precoce, infecções 
recorrentes, abcessos, eczemas e IgE muito 
elevada e infecções variadas. 
 
Manifestações não infecciosas dos EII/IDP 
 
 
Diagnóstico 
✓ Anamnese bem elaborada. 
 
 
✓ Exame físico. 
 
• Ausência de tecido linfoide pode estar 
presente nas imunodeficiências; excesso de 
linfonodos pode estar relacionado a 
linfoproliferação. 
 
Exames 
 
Dalila Fassarella Corrêa 
 
 
✓ Sempre pedir pesquisa de HIV para excluir 
imunodeficiência secundária. 
✓ Exames genéticos: avaliação de painéis de 
imunodeficiência ou “hole ecxoma”. Feitos mais 
em casos selecionados, quanto mais específico 
pedir, maior chance de acertar diagnóstico. 
✓ Hemograma completo (linfopenia, fagócitos, 
noção geral), dosagem de imunoglobulinas, 
sorologias para vacinas de Ag proteico, dosagem 
complemento. 
 
Tratamento 
✓ Indicações de tto geral! Cada doença tem suas 
especificidades. 
 
• Imunoglobulina G: única que dá pra repor. 
• Bronquioectasias: uso de atb profilático, 
fisioterapia. 
• Atb profilático: sulfa, azitromicina.

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