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Gabriela Lacerda 1 A placenta é constituída por dois componentes, uma parte fetal (que se desenvolve do saco coriônico) e uma parte materna (derivada do endométrio, a membrana mucosa que corresponde à camada interna da parede uterina). A placenta e o cordão umbilical formam um sistema de transporte que permite a “comunicação” entre a mãe e o embrião/feto. Logo, nutrientes e oxigênio passam do sangue materno por meio da placenta para o sangue do embrião, enquanto os materiais residuais e dióxido de carbono passam do sangue fetal através da placenta para o sangue materno. São funções das membranas placentárias e fetais: proteção, nutrição, respiração, excreção de produtos residuais e produção de hormônios. Desenvolvimento da Placenta: O desenvolvimento é caracterizado, inicialmente, pela proliferação rápida do trofoblasto e pelo desenvolvimento do saco coriônico e das vilosidades coriônicas. No final da 3a semana, os arranjos anatômicos necessários para que sejam realizadas as trocas fisiológicas entre mãe e feto são estabelecidos, mas a rede vascular complexa é estabelecida no final da 4a semana. Sabe-se que as vilosidades coriônicas cobrem o saco coriônico inteiro até o início da oitava semana e, com o crescimento do saco coriônico, as vilosidades associadas à decídua capsular tornam-se comprimidas, o que determina um suprimento sanguíneo reduzido, fazendo com que elas se degenerem. Esse processo produz uma área “avascular”, o chamado córion liso. Além disso, quando as vilosidades desaparecem as associadas à decídua basal aumentam em número e tamanho formando uma área espessa do saco coriônico, o córion viloso. • Parte fetal da placenta é formada pelo córion viloso e as vilosidades que surgem dele se projetam para o espaço interviloso que contém o sangue materno. • Parte materna é formada pela decídua basal, sendo que, ao final do 4a mês, a decídua basal está quase totalmente substituída pela parte fetal da placenta. Obs.: A parte fetal da placenta está ligada à parte materna da placenta pela capa citotrofoblástica, uma camada externa de células trofoblásticas. Ademais, as vilosidades coriônicas ligam-se à decídua basal pela capa citotrofoblástica, que ancora o saco coriônico à decídua basal. Vasos sanguíneos passam pelas fendas existentes na capa citotrofoblástica e entram no espaço interviloso. Gabriela Lacerda 2 A partir do momento que as vilosidades coriônicas invadem a decídua basal o espaço interviloso é aumentado devido a erosão do tecido decidual. Dessas erosões surgem algumas estruturas chamadas de septos placentários, que se projetam em direção à placa coriônica e dividem a parte fetal da placenta em áreas convexas irregulares, os cotilédones. Sabe-se que cada cotilédone consiste em duas ou mais vilosidades-tronco e várias ramificações das vilosidades. No final do quarto mês (16a semana) a decídua basal é quase totalmente substituída pelos cotilédones. O espaço interviloso da placenta é derivado das lacunas que se desenvolvem no sinciciotrofoblasto durante a segunda semana de gestação. Esse espaço é divido em compartimentos pelos septos placentários, no entanto, existe uma comunicação livre entre eles, devido aos septos não alcançarem a placa coriônica. O saco amniótico cresce mais rápido que o saco coriônico. Resultando na fusão do âmnio e do córion liso, o que forma a membrana amniocoriônica. Dessa forma, percebe-se que a membrana formada faz uma fusão com a decídua capsular e, após o desaparecimento da última, adere à decídua parietal. Obs.: A membrana amniocoriônica que se rompe durante o trabalho de parto. Circulação Placentária: Observa-se que as vilosidades coriônicas ramificadas, por possuírem uma grande área de superfície, permitem que materiais sejam trocados através de uma membrana placentária muito delgada interposta entre as circulações materna e fetal. Ademais, dessas ramificações, se originam as vilosidades-tronco, o principal meio de troca entre mãe e feto. O sangue pobre em oxigênio passa através das artérias umbilicais para a placenta e, no sítio de ligação do cordão umbilical com a placenta, essas artérias se dividem em várias artérias coriônicas, que se ramificam na placa coriônica antes de entrarem nas vilosidades coriônicas. Observa-se que dentro dessas vilosidades, o sangue fetal fica próximo ao sangue materno e assim ocorrem as trocas necessárias. O sangue fetal bem oxigenado nos capilares fetais passa para veias de paredes delgadas que seguem as artérias coriônicas ao sítio de ligação do cordão umbilical, onde convergem para formar a veia umbilical, vaso que transporta sangue rico em oxigênio para o feto. O sangue materno entra no espaço interviloso através de 80 – 100 artérias espiraladas endometriais na decídua basal. Elas desaguam no espaço interviloso através das fendas na capa citotrofoblástica. Por fim, Gabriela Lacerda 3 esse sangue retorna, após ocorrerem as trocas de metabólitos e de gases, pelas veias endometriais para a circulação materna. Membrana Placentária: É uma estrutura que tem como responsabilidade separar o sangue materno do fetal. Percebe-se que as células do citotrofoblasto desaparecem, no geral, após a 20a semana, deixando somente o sinciciotrofoblasto. Dessa forma, a membrana placentária passa a consistir em 03 camadas. O sinciciotrofoblasto entra em contato direto com o endotélio dos capilares fetais para formar a membrana placentária vasculosincicial. Conforme a gestação avança, a membrana placentária vai se tornando cada vez mais delgada, o que faz com que o sangue fetal fique muito próximo do sangue materno. Funções da Placenta: 1. Metabolismo 2. Transporte de gases e nutrientes 3. Secreção endócrina Proteção 4. Excreção de produtos residuais fetais A placenta, em especial durante o período inicial da gestação, sintetiza glicogênio, colesterol e ácidos graxos, responsáveis pela nutrição do embrião. Outros mecanismos de transporte placentário: • Hemácias fetais passam para a circulação materna, particularmente durante o parto, através de espaços pequenos na membrana placentária. • Outro método é como as células, a exemplo dos leucócitos, atravessam a membrana usando sua “própria força”, geralmente envolvidas no combate a substâncias estranhas e doenças. • O terceiro método é a forma como alguns patógenos (bactérias e protozoários) infectam a placenta, criando lesões e assim atravessam essa membrana. Hormônios sintetizados pela placenta: Gonadotrofina coriônica humana (hCG), somatomamotrofina coriônica humana, tirotrofina coriônica humana, corticotrofina coriônica humana, estrógenos e progesterona. Modificações Placentárias no Final da Gestação: No final da gravidez, a placenta sofre algumas modificações, como aumento do tecido fibroso no eixo da vilosidade, espessamento das membranas basais nos capilares fetais, alterações que obliteram os pequenos capilares das vilosidades e deposição de fibrinoide na superfície da vilosidade na zona juncional e na placa coriônica. REFERÊNCIAS: Sanar Flix MOORE, Keith L. et al. Embriologia clínica. 10. ed.
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