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ALFABETIZAÇÃO NO TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA Professora: Lucimara C. Castro Como se dá a alfabetização do aluno com TEA? ESTILOS DE APRENDIZAGEM Cada sujeito tem diferentes estratégias para solucionar problemas, elaborar conclusões e assimilar conteúdos. Estas estratégias são também chamadas de Estilos de Aprendizagem, as quais, de acordo com CERQUEIRA, (2000, p. 36) é: “O estilo que um indivíduo manifesta quando se confronta com uma tarefa de aprendizagem específica. (...) uma predisposição do aluno em adotar uma estratégia particular de aprendizagem, independentemente das exigências especificas das tarefas”. E quais são os Estilos de Aprendizagem? • Na literatura, os estilos de aprendizagem são apresentados de diferentes formas e classificações. Dentre estas formas destaca-se o método VAC (VISUAL, AUDITIVO e CINESTÉSICO) que é baseado nos sentidos e responde com eficiência as expectativas e exigências da escola. • Esta teoria VAC, foi desenvolvida por Fernald e Keller e Orton- Gilingham e pressupõe que a aprendizagem ocorre por meio dos sentidos visual, auditivo e tátil. Autistas, muitas vezes, focalizam apenas um desses métodos, em certos casos, com a completa exclusão dos outros dois. Uma criança autista pode ficar nervosa e vagando pela sala de aula durante uma palestra, porque ela não entende que a palestra é a lição. É importante não apenas identificar os comportamentos, mas entender as causas deles e empregar técnicas de ensino bem-sucedidas. Cada criança com TEA responde ao ambiente de maneira diferente. Isso irá requerer experimentos e observação cuidadosos para ver qual metodologia será mais eficaz para alfabetizá-la. Estudo de caso Aos 8 anos, Roberto estava no segundo ano da escola. Os seus professores do ano anterior relatavam que sentiram dificuldades para abordá-lo pedagogicamente. Era um menino muito quieto e arredio. Em sala de aula, ficava em silêncio, observando os colegas e fazendo rabiscos. Em grupo, passava o tempo todo sentado, não interagia e não solicitava nenhum dos materiais sobre a mesa (papéis, lápis coloridos, canetas, livros, revistas, gibis e alguns jogos). Apesar dos convites feitos pelos colegas e pela professora, o garoto se restringia a participar. REFLETINDO... • Como você se sentiria se Roberto estivesse em sala de aula e você fosse o(a) professor(a)? • Quais estratégias você traçaria para trabalhar com Roberto no grupo da escrita? • Quais os principais desafios diante desse trabalho? • Como agir em sala para que Roberto seja alfabetizado respeitando suas peculiaridades, sem excluí-lo? É comum que uma criança autista seja incapaz de processar múltiplas entradas sensoriais ao mesmo tempo. Por exemplo, pode ser impossível para ela processar tanto a visual quanto a auditiva simultaneamente. Neste caso, separe o ensino em "canais" e focalize apenas um sentido de cada vez. Colocando-se no lugar do aluno com TEA... • 1. Relembre alguma situação de aprendizagem em que os estímulos não se adaptaram ao seu estilo de aprendizagem (do tempo em que você estava aluno). • 2, Descreva a situação: A partir da situação recordada, proponha uma nova dinâmica da situação de aprendizagem, usando como embasamento a aprendizagem sobre os diferentes estilos. • 3. Agora socialize com seus pares a situação vivenciada. Para iniciar o processo de alfabetização, isto é, a apreensão do sistema de leitura e escrita, é necessário partir do ponto que o aluno já se sente seguro. Muitas vezes isso se dá por meio da oralidade. Com crianças com TEA nem sempre a oralidade é um aspecto já desenvolvido, principalmente pelos desafios que a linguagem representa para elas, em muitos casos. Assim, pode-se partir da oralidade, mas é importante associá-la a outros elementos, visuais e cinestésicos. Antes de iniciar efetivamente a alfabetização é preciso criar um ambiente alfabético. Exemplos: Algumas atividades para preparar crianças com TEA para a alfabetização • Conduzir o olhar da criança da esquerda para a direita, utilizando uma lanterna. • Estimular que o aluno olhe para um objeto indicado. • Produzir pelo menos o reconhecimento de dez objetos e nomeá-los, ainda que seja indicando, caso a criança não seja verbal. • Construir uma “teia” com linha ou lã colorida para que o aluno compartilhe a atenção. • Jogar bola para para o aluno agarrar (quantas vezes forem necessárias). Caso ele não corresponda, colocar um cesto ou um balde perto dele e acertar a bola neste objeto, para despertar o interesse. • Levar o dedo indicador da criança até uma gravura ou fotografia, nomeando. • Imitar as ações da criança, em frente ao espelho. • Imitar as ações da criança, de frente para ela. • Ouvir músicas que possuam rima, fazendo gestos motores quando a rima ocorrer. • Nomear objetos prolongando o som inicial. • Classificar blocos de madeira por cores e tamanho. • Estimular a criança a colar o próprio nome abaixo da sua fotografia. • Estimular a criança a colar o nome dos colegas abaixo das fotografias dos mesmos. • Escrever/desenhar na gelatina (com consistência dura), utilizando um pilot de quadro branco. • Escrever / desenhar no espelho • Escrever em balões de borracha tipo enfeite de aniversário). • Manter a atenção da criança na boca de quem pronuncia sons ou palavras. • Encontrar objetos escondidos. • Ensinar conceitos opostos como pequeno grande; grosso/fino; vazio/cheio etc. • Cobrir com tinta letras bastão em formato não pontilhado. • Escrever ou desenhar em planos diversos (vertical, inclinado e horizontal). • Montar quebra cabeça de letras. • Reconhecer o som de imagens, sem a presença de letras ou palavras. • Completar desenhos não pontilhados, mas com partes faltantes. • Trocar símbolos por ações, tais como um triângulo representar a hora de desenhar, um círculo a hora de brincar. • Seguir rotinas feitas com imagens. • Compreender sentimentos em fisionomias apresentados em vídeos, fotografias e desenhos. • Escrever o próprio nome. • Escrever os nomes dos familiares e colegas. • Relacionar nomes com fotografias dos familiares. DESENVOLVIMENTO DA CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA A consciência fonológica pode ser entendida como um conjunto de habilidades que vão desde a simples percepção global do tamanho da palavra e de semelhanças fonológicas entre as palavras até a segmentação e manipulação de sílabas e fonemas (Bryant &Bradley, 1985). Assim, a consciência fonológica refere-se tanto à consciência de que a fala pode ser segmentada quanto à habilidade de manipular tais segmentos, e se desenvolve gradualmente à medida que a criança vai tomando consciência do sistema sonoro da língua, ou seja, de palavras, sílabas e fonemas como unidades identificáveis (Capovilla &Capovilla, 2000b). ESCRITA FALA A escrita não corresponde à transcrição da fala Embora o desenvolvimento da consciência fonológica esteja relacionada à oralidade, na alfabetização do aluno com TEA isso pode se tornar algo muito abstrato para sua compreensão. Assim, é importante sempre utilizar de recursos concretos associados à oralidade, para que a criança desenvolva a consciência fonológica. VAMOS SOCIALIZAR? Em grupos, vamos pensar nas atividades de alfabetização que podem contribuir para desenvolver a consciência fonológica do aluno com TEA. Construa uma planilha em cartolina contendo essas atividades. Citar em qual estágio essa atividade se enquadra no desenvolvimento da consciência fonológica. Socialize apresentando aos demais grupos suas ideias! Vamos cantar? Estava caminhando, para a escola Quando eu avistei uma VACA Eu olhei para ela, ela olhou para mim E quando eu percebi, ela dançava assim Aaaaaa,aaaa,aaa (4x) Uma vez, outra vez, uma vez ,outra vez, uma vez Estava caminhando, para a escola Quando eu avistei um JACARÉ Eu olhei para ele, ele olhou para mim E quando eu percebi, ele dançava assimEeeeee,eeeeee,eeeee (4x) Uma vez, outra vez, uma vez ,outra vez, uma vez Estava caminhando, para a escola Quando eu avistei um SIRI Eu olhei para ela, ela olhou para mim E quando eu percebi, ela dançava assim Iiiiiiii,iiiiiiii,iiiiiiii (4x) Uma vez, outra vez, uma vez ,outra vez, uma vez Estava caminhando, para a escola Quando eu avistei um MACACO Eu olhei para ele, ele olhou para mim E quando eu percebi, ele dançava assim Ooooooo,ooooo,oooo (4x) Uma vez, outra vez, uma vez ,outra vez, uma vez Estava caminhando, para a escola Quando eu avistei um URUBU Eu olhei para ela, ela olhou para mim E quando eu percebi, ela dançava assim Uuuuuuu, uuuuu, uuuuu (4x) Uma vez, outra vez, uma vez ,outra vez, uma vez Algumas sugestões... • Transcrever a música em papel craft ou cartolina; • Destacar o nome dos animais e apresentar imagem de cada um deles. Questionar as características dos animais; • Imitar o som de cada animal segundo a música; • Transcrever os sons com as vogais; • Emitir o som das vogais na frente do espelho; • Emitir o som das vogais em dupla, frente a frente, observando o movimento de lábios, língua, dentes... • Transcrever as vogais e juntamente emitir o som de cada uma delas. Trabalhando os fonemas /S/ e /Z/ Motivar os alunos contando a história: Era uma vez uma abelha e uma cobra que viviam na floresta e que tinham ido às compras. Tudo o que as duas compraram foram embaladas em uma mesma sacola. Todas as coisas compradas pela abelha tinham o som de /S/ (onomatopeico) E todas as coisas compradas pela cobra tinha o som de /Z/ (onomatopeico). Agora, precisamos ajudá-las a separar essas compras! Cada aluno receberá encartes com imagens da abelha, da cobra e das compras. Devem recortá-las e organizá- las conforme o som. O professor pode levar os alunos a perceber que um fonema é surdo e outro sonoro, pela vibração sentida pela mão colocada no pescoço. Trabalhar rimas com auxílio de material gráfico. Retirar, acrescentar ou trocar a ordem de fonemas numa palavra, originando palavras novas (Manipulação fonêmica) “(…) Chegou ao quarto, olhou-se ao espelho e viu que estava toda despenteada: - “Ai, estou tão feia, maldita ramona!!! Mas vou é escovar os meus CAMELOS que estão tão embaraçados!”. Oh pessoal, CAMELOS embaraçados?? O que é que a princesa queria dizer?? CABELOS! Muito bem, ela trocou o som “M” pelo som “B” (…)” DAS VOGAIS À PRODUÇÃO DE TEXTOS DA ORALIDADE PARA A ESCRITA.... O aluno com TEA está inserido em uma língua: a Língua Portuguesa. Muitas vezes ele ainda não domina totalmente a oralidade, mas é por meio de experiências sociais que a linguagem é produzida e ele se comunica. Assim, alfabetizar o aluno que apresenta TEA não significa negar a sua língua, mas ampliar seu universo linguístico. Isso implica mais do que preparar uma aula. Implica em preparar- se para a aula: ampliar o próprio repertório linguístico, o próprio universo cultural, abrir-se ao mundo e ser empático, isto é, colocar-se sempre no lugar do aluno com TEA. Independente do método escolhido para iniciar a alfabetização –Sintético ou Analítico – deve-se partir de experiências vividas pelos alunos com TEA. Para isso, o contato com a família é fundamental. Dentro do mundo das pesquisas científicas, há muitos escritos sobre o método fônico como uma excelente alternativa voltada para a alfabetização dos pequenos com TEA. Dentre eles, destaca-se as investigações do Dr. Fernando Capovilla, um dos nomes mais celebrados neste meio. Vídeo: Métodos de Alfabetização para crianças com Autismo https://www.youtube.com/watch?v=GaBoPTeayFQ Após o vídeo, abrir para discussões a partir da seguinte indagação: Existem algumas particularidades na metodologia fônica? https://www.youtube.com/watch?v=GaBoPTeayFQ Produzindo experiências e registros… Experiências vividas: trabalhando a partir da identidade - meu nome, os nomes da minha família, o lugar onde moro, minha escola, etc. Experiências com o corpo: observação do próprio corpo, expressão: dança, teatro, mímica, sombras etc; Jogos (e experiências) com os sentidos: nomes de frutas, expressão de cheiros, gostos, sons Produzindo experiências e registros… Experiências de observação da natureza: minhocário, aquário, estufa, vasinhos de plantas (temperos são ótimos!), histórias dos nossos animais de estimação, filmes etc. Registro “escrito” (considerando-se escritas: logográficas, ideográficas, alfabéticas) de tudo que fazemos e observamos. VALE LEMBRAR... A criança com TEA apresenta dificuldades na comunicação verbal e não verbal, tornando-se necessário o emprego de frases simples e diretas para facilitar o seu entendimento. O uso de instruções verbais em excesso e de figuras de linguagem, como as metáforas ou ironias, tornam a recepção da informação pouco clara. VALE LEMBRAR... Vale observar, também, que o professor pode se valer de uma entonação e volume de voz mais acentuados para facilitar o contato, sempre, é claro, pedindo o contato visual e se abaixando na altura em que a criança está para facilitar a interação. Outra estratégia diz respeito a ensinar o conteúdo previsto em pequenos passos e de forma mais direta. A adaptação do material de ensino nem sempre precisa ser complicada e pode ajudar muito o aluno. Muitas informações na mesma folha, instruções longas e pedidos variados no mesmo exercício tendem a confundir essa criança e devem ser evitados, sempre que possível. Tomemos como exemplo uma folha comum utilizada para ensinar uma criança em processo de alfabetização: Uma forma de ensinar o mesmo conteúdo em passos menores seria: Outras possibilidades... Outras possibilidades... Aprendizagem sem erro Uma estratégia que pode diminuir a ocorrência de comportamentos disruptivos durante a alfabetização, tais como comportamentos agressivos, acessos de birra e apatia, bem como, evitar que crianças com TEA aprendam uma habilidade de forma incorreta e tenham que ser ensinadas novamente é a estratégia de aprendizagem sem erro. O professor pensa no que quer ensinar, avalia o que o aluno sabe e, a partir disso, programa o repertório almejado, sem que o aluno passe por um processo de aprendizagem por tentativa e erro. Uma das formas utilizadas para ajudar a criança por meio dessas estratégias é o uso de dicas. Trata‐se de uma ajuda ou assistência que encoraja a resposta que queremos que o estudante dê. No caso do treino com dicas, utiliza‐se um sistema que, em geral, vai da ajuda máxima para a ajuda mínima, chamada hierarquia de dicas. Ou seja, começa‐se com a dica mais intrusiva possível e, gradualmente, se esvanece o seu uso até retirá‐la completamente. Alguns dos tipos de dicas utilizados são: Ajuda Física (AF): pegar a mão da criança e fazer todo o movimento com ela. Por exemplo, segurar a caneta com o aluno, ajudando-o em todo o percurso do movimento de escrita ou desenho. • Ajuda Leve (AL): tocar na mão/braço da criança, redirecionando o movimento. Por exemplo, dar um toque no braço em direção à caneta, ao invés de segurá-la junto com o aluno. • Ajuda Gestual (AG): apontar para o que ele deve fazer. Por exemplo, apontar para a caneta que queremos que o aluno pegue. • Independente (I): faz sozinho a ação. Nesse caso, o aluno pega a caneta quando o professor solicita verbalmente. Socializando na prática Vídeo: 10 DICAS DE ALFABETIZAÇÃO NO AUTISMO https://www.youtube.com/watch?v=oe_AZ_i1gx4 Apresentação e execução em grupos de atividades, jogos e brincadeiras que podem ser utilizadas na alfabetização do aluno com TEA, desde a apresentação das vogais, palavras, frases à produção de textos mais complexos. https://www.youtube.com/watch?v=oe_AZ_i1gx4 Relações entre alfabetização e matemática para o aluno com TEA Como alfabetizar uma criança que não se interessa pela leitura e pela escrita e só tem interesse em matemática? https://diversa.org.br/tag/matematica O aluno com TEA, na maioria dos casos, apresenta maior facilidadepara a aprendizagem matemática, pela maneira com que o cérebro se organiza. Assim, uma estratégia para esse aluno se interesse pela alfabetização, é utilizar da matemática para que ele aprenda ler e escrever. Algumas estratégias... Registrar a contagem com algarismo e com o nome do algarismo: 3 TRÊS. Elaborar situações problemas simples na oralidade, usando de figuras, registrando o nome das figuras. Explorar o registro das respostas de situações problemas. Utilizar de brincadeiras matemáticas para produzir palavras, frases e pequenos textos. COMO AVALIAR A LEITURA E A ESCRITA DO ALUNO COM TEA? Tradicionalmente, as nossas experiências em avaliação nos remetem a uma concepção que coloca as aprendizagens como certas ou erradas, classificando- as. Assim, acaba por selecionar como bons estudantes aqueles que aprenderam os conteúdos programados para a série/ciclo. Essa perspectiva de avaliação classificatória e seletiva, muitas vezes, torna-se um fator de exclusão escolar. Entretanto, é possível concebermos uma perspectiva de avaliação cuja vivência seja marcada pela lógica da inclusão, do diálogo, da construção da autonomia, da mediação, da participação, da construção da responsabilidade com o coletivo (FERNANDES, 2007, p. 20). Avaliar a leitura e a escrita de alunos com TEA exige sensibilidade por parte do professor que deverá oferecer-lhe as adaptações curriculares necessárias para promover a equidade e não a igualdade. Estratégias... Ao invés de elaborar uma avaliação diferenciada dos demais alunos da sala, estabeleça critérios diferentes de correção. Utilize questões com modelos variados nas avaliações. Insira imagens nas avaliações. Cuidado para não poluir a avaliação com muitas informações. Estratégias... Fracione a avaliação em partes menores. Utilize de palavras chave na atividade avaliativa. Seja claro no comando da questão. Na leitura, inicie por palavras curtas que o aluno já saiba. Parabenize-o quando acertar como reforço. Estratégias... Explique ao aluno como será a avaliação, um passo de cada vez. Para avaliar a leitura, explore ainda recursos orais e visuais para que o aluno se sinta mais seguro no momento em que lê. Da formação de palavras à construção de textos para o aluno com TEA Pensar a produção textual na alfabetização requer considerar a função sócio comunicativa de um texto. A teoria dos gêneros textuais são fundamentais para o desenvolvimento da linguagem na produção dos mais variados textos. Afinal, a escrita só cumpre com seu papel social quando usada para que os sujeitos se comuniquem interagindo entre si. Gêneros textuais Abrange um conjunto aberto e praticamente ilimitado de designações concretas determinadas pelo canal, estilo, conteúdo, composição e função. Exemplos de gêneros: gif, vídeo, post, blog, comentário, e-mail, sermão, carta comercial, carta pessoal, romance, bilhete, aula expositiva, reunião de condomínio, horóscopo, receita culinária, lista de compras, cardápio, instruções de uso, outdoor, resenha, inquérito policial, conferência, bate-papo virtual, etc. PRODUÇÃO DE TEXTO “Veio da escola a lição de casa para compor um texto sobre as pessoas da família. Pensando nas dificuldades do Pedro em se organizar para se comunicar, porém com o pensamento mais focado nas habilidades dele se dado o devido suporte, quebramos essa produção de texto em etapas. Primeiro eu cortei vários papéis e escrevi "Papai, Mamãe, Irmão e Eu", em outra cor, escrevi nos papéis várias coisas que temos na casa, gata, cachorra, alguns brinquedos, computador, telefone, escova de dentes, etc. Com o auxílio desse visual, pedi que o Pedro relacionasse uma coisa para cada pessoa da família. Ele colocou a gata para ele, Lego para o irmão, telefone para o papai e várias coisas embaixo da mamãe. Com isso compus frases, cada palavra em um papelzinho q ele teve que ordenar. Daí ele foi escolhendo a ordem das frases. E transcrevendo frase por frase no caderno. No momento de escrever sobre o irmão que ele tinha relacionado com Legos, o irmão ficou dizendo do lado que também gosta de jogar wii, então o Pedro completou com essa informação”. Fonte: Uma voz para o Autismo. Disponível em: http://umavozparaoautismo.blogspot.com/2012/03/producao-de-texto.html Acesso em: 02 Fev. 2020. PRODUÇÃO DE TEXTO http://umavozparaoautismo.blogspot.com/2012/03/producao-de-texto.html De onde partir? Estímulo imagético: um grande passo A criança com autismo aprende melhor por meio de figuras e desenhos; e por meio de estimulação visual. É muito importante trabalhar palavras, letras e vocabulário por meio de figuras expressando ações, momentos, situações do cotidiano. Isso ajuda a desenvolver um vocabulário mais amplo para a produção de textos. https://neurosaber.com.br/letra-cursiva-ou-letra-bastao-qual-a-melhor-letra-para-se-comecar-o-processo-de-alfabetizacao/ Palavras que exprimam familiaridade Outra dica é usar palavras que remetam a objetos, pessoas e locais que a criança com autismo tenha interesse. É importante que tais expressões sejam associadas a esses meios de interesse e, com isso, o professor faça a ligação dessas palavras que estejam direta ou indiretamente relacionadas. Tudo no passo a passo, sem pressa. Utilize referências que trabalhem o contexto do aluno Que tal trabalhar o vocabulário dentro do contexto dessa criança? Contudo, a intenção é ampliar esse vocabulário. Outra dica é passear com a criança no parquinho e em ambientes diversos: padaria, supermercado, festas; lugares que estimulam a brincadeira e a interação social. Com isso ela vai memorizando essas palavras novas, enriquecendo o repertório dela. Memorizando regras ortográficas Incentivem, na prática, formas de memorizar as regras ortográficas, usando rotas repetitivas para que a criança com autismo tenha essa sequência criada na mente delas. Com essas rotas você pode trabalhar com cores e figuras, utilizando jogos ou tablets (as crianças com autismo se dão muito bem com esses estímulos visuais). Importante saber • Para crianças que não fazem o traçado das letras, o tablet pode ser uma ferramenta fundamental para alfabetizar e desenvolver a escrita. O próprio aparelho oferece formas de escrita manual. • Por meio de fotos da família, a criança pode fazer relações sociais com as fotografias. Existem métodos de photovoice (utilizar fotos familiares para trabalhar capacidade e competência social). Por meio das fotos ela começa a ter noção de história social e pode trabalhar o som de letra também. Para finalizar... O professor, sempre que por planejar alguma estratégia para alfabetizar o aluno com TEA, deve se perguntar: 1. O professor tem a atenção do aluno antes de serem dadas as instruções? 2. A linguagem verbal utilizada é específica para o nível de compreensão dos alunos? 3. Os gestos estão acompanhados de instruções verbais para ajudar o aluno a entender quando ele está com dificuldade de compreensão? 4. O aluno recebe informação suficiente para ser capaz de completar uma tarefa o mais independente possível? 5. A disposição e organização dos materiais ajuda a transmitir instruções para os alunos? 6. Os materiais são apresentados de maneira organizada? 7. Há excesso de materiais apresentados em determinada hora? 8. O aluno está recebendo a ajuda que precisa para completar a tarefa com sucesso? 9. As dicas escolhidas são específicas ao estilo e nível de aprendizado do aluno? 10. As dicas são dadas antes que o aluno responda incorretamente? 11. O posicionamento do professor foi estruturado de forma que o aluno não perceba dicas não intencionais? 12. O aluno está recebendo “feedback” claro sobre as respostas ou sobre seu comportamento (conduta) adequado ou incorreto? 13. As consequências e reforços são tornados claros para o aluno? Elas seguem de imediato o comportamento trabalhado? 14. O reforço é dado com a necessária frequência? 15.os reforços são baseados no nível de compreensão e motivação do aluno? Para ensinar eficazmente alunos autistas, o professor deve proporcionar uma organização do método de trabalho, incluindo a sala de aula, de maneira que os alunos entendam onde ficar, o que fazer e como fazê-lo, de forma mais independente possível. AVALIAÇÃO Em trio, em uma folha de sulfite, construa um mapa semântico contendo palavras chaves interligadas ao tema central de nossa aula: ALFABETIZAÇÃO DO ALUNO COM TEA A criança com TEA é totalmente passível ao aprendizado, desde que seja mediada de maneira adequada com um acompanhamento especializado e com a utilização de todos os recursos que forem necessários para melhor aprimorar o desenvolvimento do educando. REFERÊNCIAS BRYANT, P. E. &BRADLEY, L. Bryant and Bradley Reply. Nature, 1985. CAPOVILLA &CAPOVILLA (1997). Treino de Consciência Fonológica e seu impacto em habilidades fonológica, de leitura e ditado de pré 3 a 2ª série. Ciência Cognitiva: Teoria, Pesquisa e Aplicação, 1(2), 1997, 461-532. CAPOVILLA, A. G. S. &CAPOVILLA, F. C. Efeitos do treino de consciência fonológica em crianças com baixo nível socioeconômico. Psicologia Reflexão e Critica. 2000a 7-24. CAPOVILLA, A; CAPOVILLA, F. Problemas de Leitura e Escrita: como identificar, previnir e remediar, numa abordagem fonológica. São Paulo, SP: Memnon.2000b CERQUEIRA, T. C. S. Estilos de aprendizagem em universitários. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2000. FERREIRA, Vivianne Cristinne Marinho Freitas et al. Avaliação escolar de alunos autistas: um estudo sobre a relação escola-família em uma instituição pública de ensino do município de Belém- Pará. 2015. SERRA, D.; Alfabetização de Alunos com TEA - Da teoria à prática. Conautismo. Disponível em: https://neurosaber.com.br/alfabetizacao-com-tea/ Acesso em: 19 de Jan. de 2020. https://neurosaber.com.br/alfabetizacao-com-tea/ OBRIGADA!
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