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1 Genética- Ataxia Espinocerebalar Tipo 3 Daniel Duarte MED79 Sinônimos da ataxia espinocerebelar: Atrofia espinocerebelar ou degeneração espinocerebelar. O que é Ataxia? É um grupo de distúrbios neurológicos caracterizados por vários graus de disfunções e de degenerações dos sistemas que controlam a coordenação motora. Aspecto Histórico da Ataxia espinocerebelar Tipo 3 As primeiras descrições no da Doença de Machado-Joseph surgiu na década de 70 e a partir de descendentes portugueses, dos Açores. As descrições são as seguintes: 1972, Nakuto descreveu um caso na família descendente de Wiliam Machado. Nessa família, um dos membro apresentou Ataxia progressiva, nistagma, disartria, sinais piramidais e amiotrofia. 1976, Rosenberg descreveu um caso na família descende de Antone Joseph. Nessa família, um dos membros apresentou ataxia progressiva, nistagma, bradicinesia, Hiperreflexidade, postura distônia e fasciculações de língua e de face. 1977, Foi feito um estudo, o qual analisou 40 pessoas, descendentes de familiares do Açores, com ataxia progressiva, autossômica dominante, oftalmoplegia, distonia, rigidez, atrofia distal e sinais piramidais. O estudo concluiu que eram casos semelhantes, porém com manifestações variáveis e, assim, chegou ao eponimo de Doença de Machado-Joseph. Epidemiologia Não há dados precisos sobre a prevalência de SCA3 na população em geral, embora a SCA3 seja muito comum em algumas populações. A prevalência da ataxia espinocerebelar tipo 3 (SCA 3) é maior em países de descendência portuguesa e açoriana. A SCA 3 é uma das formas mais comuns entre as SCAs, mas varia de acordo com a localidade. EUA e Canadá: 21%-25% das SCAs são SCA 3 ( Klockgether et al 2019) França: 28% das SCAs são SCA 3. Portugal: 58% das SCAs são SCA 3. Alemanha, China e Japão: 40-70% das SCAs são SCA 3. No brasil, 78% das SCAs são SCA 3 e há uma prevalência de 3:100.000 no Rio Grande do Sul e em Portugal no ano de 2014. Entretanto a SCA3.DMJ é bastante rara em algumas nações, como a Itália (1%) e a África do Sul (4%). Aspectos Genéticos da Doença de Machado-Joseph (DMJ) A SCA3/DMJ é de caráter Autossômico Dominante e, consequentemente, não há distinção entre maior recorrência entre sexos, assim como gravidade da manifestação entre os sexos. O alelo causador da SCA3/DMJ está no cromossomo 14, no braço longo (q), locus: 14,q32.1. é válido saber o que acontece nesse locus que causa a SCA3/DMJ, ela é resultada de uma repetição de Citosina, Adenina e Guanina (CAG). Em um gene normal, há entre 12 a 43 repetições de CAG. Entretanto, na SCA3/DMJ, há até 51 repetições desses CAG (CAGexp). O número de repetições dos CAGexp podem explicar, em parte, a variabilidade dos quadros clínicos. Tamnho das repetições NORMAL: 12 a 44 repetições de CAGs. Em 93,5% dos aleslos normais apresentam 31 repetições CAG INTERMEDIÁRIO: O menor tamanho de repetições instáveis é de 45 repetições CAG PATOGÊNICO: Entre 60 a 87 repetições https://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK1196/ 2 Genética- Ataxia Espinocerebalar Tipo 3 Daniel Duarte MED79 O início do aparecimento dos primeiros sintomas da SCA3/DMJ ocorre entre os 32 anos aos 40 anos. Porém essa idade pode ser antecipadas, devido ao aparecimento de gerações sucessivas acometidas, isso é chamado de Antecipação. Entretanto, essa antecipação não favorece a propagação desse gene afetado, uma vez que o portador precoce desse gene teria dificuldade de transmitir seu material genético para sua prole, devido sua idade. Outro aspecto genético importante da SCA3/DMJ é o número de repetições do CAGexp. Há uma correlação inversa entre o número de repetições do CAGexp e a idade de início, ou seja, quanto maior o número de repetições, maior é a tendência de uma antecipação. Característica do gene da SCA3/DMJ, o qual é Chamado de ATXN3: Apresenta 48 KB; 11 éxons; No éxon 10 está localizada a região de repetição dos CAG. Aconselhamento Genético: Um dos pais com o gene ATXN3 apresentam 50% de chances de transmitir a SCA3/DMJ para seus filhos. Fisiopatologia O gene ATXN3 codifica uma proteína, a Ataxina-3, a qual é expressa em todo o corpo. Ela localiza-se no meio intracelular tanto no citoplasma como no núcleo. Entretanto, nos neurônios, a ataxina- 3 fica mais restrita ao citoplasma. Na SCA3/DMJ, a ataxina-3 vai apresentar uma constituição diferente, devido as repetições de CAGexp, o que vai representar também repetições de glutaminas na estrutura primária da proteína. Com essa alteração nos amino ácido formadores da ataxina-3, há uma estrutura terciária anômala, a qual vai promover o aparecimento dos sinais da SCA3/DMJ. Assim, há a formação de agregados de ataxina- 3 com poliglutaminas (PoliQ) no meio intracelular de neurônios. Devido a esses agregados de PoliQ, há um acúmulo de ataxina-3 também no núcleo dos neurônios, o que é responsável por desencadear as manifestações da doença. Essa proteína anômala e sua agregação apresentam um caráter tóxico as células. Desse modo, os locais com os agregados de poliQ apresentam degeneração e perda da sua função. Na SCA3/DMJ, os locais acometidos são o Cerebelo e nos núcleos dos tratos espinais. Há acúmulo desses agregados também no córtex cerebral, nas olivas inferiores e no tálamo, mas não há perda da função neuronal. Manifestações Clínicas e História da Doença As manifestações clínicas nos pacientes com SCA3/DMJ são bem variadas, ela abrange diversos sintomas neurológicos. Os sintomas mais comuns, presente em quase todos os casos, são: Ataxia cerebelar; Sinais piramidais (Síndrome extrapiramidal e amiotrofia periférica). Entre outros sintomas associados, temos: Nistagmo; Oftalmoparesia; Disartria; Disfagia; Distonia; Fasciculações Faciais e Linguais; Repetições de CAGs (Gene ATXN3) Decodificaçao de Poliglutaminas (PoliQ) Proteína anômala (Estrurura Terciária) Agregação de Ataxina-3 anômalas Acúmulo anormal de ataxinas-3 no núcelo de neurônios Ação tóxica dos agregados de ataxina-3 anômalas Degeneração neuronal • Cerebelo • Núcelos espinais 3 Genética- Ataxia Espinocerebalar Tipo 3 Daniel Duarte MED79 Cãibras; Distúrbios autoimunes; Distúrbios do sono; e Neuropatia periférica. O primeiro sintoma é a ataxia cerebelar apendicular, mas a axial é a mais importante. Quanto ao início dos sintomas, há variações entre as populações. Temos os seguintes quadros: Em virtude da variação entre as formas de manifestação, foi feita uma subdivisão da SCA3/DMJ em 6 subtipos (subfenótipos), são eles: Tipo 1(13% dos casos): Caracterizado pelo início jovem com espasticidade proeminente, rigidez e bradicinesia, poucos sinais atáxicos Tipo 2 (57% dos casos): Caracterizada por ataxia, sinais de neurônio motor superior e idade de início entre 20 a 45 anos. Tipo 3 (30% dos casos): Caracterizada por mainestações mais tardias com polineuropatia periféria e idade de início entre 40 a 60 anos. Tipo 4: semelhante ao parkinsonismo com resposta a dopa. Tipo 5: Seria uma forma mais grave do tipo 1. Tipo 6: Seria uma forma mais grave do tipo 3. É válido ressaltar que a SCA3/DMJ é progressiva e essa progressão da neurodegeneração ocorre de modo lente. Acredita-se que a sobrevida de um paciente diagnóstico com SCA3/DMJ chegue a algo, em torno de 21 anos após o primeiro sintoma. Diagnóstico A hipótese diagnóstica para SCA3/DMJvem a partir dos achados clínicos e dos antecedentes familiares do paciente. Ele vai apresentar as seguintes descobertas clínicas: Sinais Piramidais; Síndrome extrapiramidal rígida distônica; Amiotrofia periférica significativa e arreflexia generalizada; Oftalmoplegia externa progressiva. Fasciculaçoes faciais e linguais induzidas por ação. E um histórico familiar com um ou vários membros familiares afetados, porém a ausência de um histórico familiar de SCA3 não impede esse diagnóstico. Quais exames para o diagnóstico? Como SCA3 são repetições de trincas (CAG), há alguns exames genéticos que não são capazes de identificar tal repetição no gene ATXN3, como o cariótipo, o sequenciamento genético e o sequenciamento de éxons. O diagnóstica das repetições de CAGexp é feito a partir de testes moleculares genéticos, entre esses teste, temos: PCR; CGH-array; MLPA. Tratamento Não há tratamento específico para SCA3/DMJ, o tratamento consiste na atenuação das manifestações clínicas e maximizar a função e reduzir complicações. Cada indivíduo terá um acompanhamento com uma equipe multidisciplinar (neurologista, fisioterapeuta, ortopedista, nutricionista, fonoaudióloga, psicólogo e assistente social). Início dos sintomas entre 32 a 35 anos Início dos sintomas entre 34 a 37 anos Início dos sintomas entre 38 a 40 anos
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