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Aula 01 - Fisiologia da Tireoide - Eduardo - P2

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P2 – Fisiologia Humana II 
1 Raissa Fidelis - XLVI 
A glândula tireoide é uma das maiores glândulas endócrinas 
do organismo, tendo duas funções principais: 
1) Secretar os hormônios tireoidianos, que mantêm o 
nível ideal do metabolismo nos tecidos para a sua 
função normal ótima. 
2) Secreção do hormônio calcitonina para que a 
gente possa manter a homeostasia do cálcio no 
organismo. 
Os hormônios tireoidianos estimulam o consumo de O2 pela 
maioria das células do organismo; 
Auxiliam na regulação do metabolismo de lipídeos e 
carboidratos; 
E influenciam a massa corporal e o grau de atividade 
mental. 
As consequências da disfunção da glândula tireoide 
dependem do estágio da vida em que ocorrem. 
Se eu estou falando de alteração do estado mental e constituição 
corporal, em qual contexto o indivíduo vai ser mais prejudicado 
quando eu falo em alguma disfunção tireoidiana? 
Início da vida. 
Essa glândula não é essencial para a vida, porém sua 
ausência ou hipofunção durante a vida fetal e neonatal 
resulta em grave deficiência mental e nanismo. 
Nos adultos, o hipotireoidismo está acompanhado de 
lentidão mental e física e pouca resistência ao frio. 
Inversamente, o excesso de secreção tireoidiana leva à 
perda de peso, nervosismo, taquicardia, tremor e produção 
de calor em excesso. 
A função tireoidiana é controlada pelo hormônio 
estimulante da tireoide (TSH, tireotrofina) da adeno-
hipófise. 
A secreção desse hormônio é, por sua vez, estimulada pelo 
hormônio liberador de tireotrofina (TRH) proveniente do 
hipotálamo e esses hormônios estão sujeitos ao controle 
por retroalimentação negativa pelos níveis circulantes 
elevados dos hormônios tireoidianos os quais atuam na 
adeno-hipófise e no hipotálamo (eixo hipotálamo-
hipofisário). 
Uma “conexão” muito importante que temos em nosso organismo 
é a conexão entre hipotálamo e hipófise, conhecido como eixo 
hipotálamo-hipofisário. O hipotálamo é uma região do diencéfalo, 
que faz a ligação do sistema nervoso com o sistema endócrino. É 
ele quem coordena a atividade da hipófise, por meio de hormônios 
liberadores. Ou seja, algum estímulo chega ao hipotálamo e 
estimula a liberação de determinado hormônio liberador. Esse 
determinado hormônio liberador chega à hipófise e a estimula, 
fazendo com a glândula secrete o hormônio (de acordo com o 
hormônio liberador, por exemplo, o frio estimula o hipotálamo a 
liberar o TRH – Hormônio liberador de Tireotrofina. Esse TRH 
estimula a hipófise a produzir e secretar o TSH – Hormônio 
Estimulante da Tireoide, que então é liberado e vai estimular a 
tireoide e assim em diante). 
Esse eixo é autorregulado! 
O principal hormônio secretado pela tireoide é a tiroxina 
(T4), juntamente com quantidades bem menores de 
triiodotironina (T3). 
O T3 apresenta uma atividade biológica muito maior que o 
T4 e é especificamente produzido no seu local de ação, nos 
tecidos periféricos, pela desiodação do T4. 
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2 Raissa Fidelis - XLVI 
 
Eu produzo mais T4, mas o T3 tem maior atividade biológica e é 
produzido quando eu faço uma desiodação do T4. 
Ambos os hormônios são aminoácidos que contêm iodo. 
Pequenas frações de tri- iodotironina reversa (3,3',5'-tri-
iodotironina, rT3) e outros compostos são também 
encontrados no sangue venoso da tireoide. 
O rT3 não é biologicamente ativo. 
 
O iodo é a matéria-prima essencial para a síntese dos 
hormônios da tireoide. 
O iodeto presente na alimentação é absorvido pelo 
intestino e entra na circulação. 
Seu destino posterior é resumido na próxima figura. 
A quantidade mínima diária de consumo de iodo necessária 
para manter as funções normais da tireoide é de 150 µg em 
adultos. 
Na maior parte dos países desenvolvidos, a suplementação do sal 
de cozinha resulta em um consumo médio na dieta de 
aproximadamente 500 µg/dia. 
Em países subdesenvolvidos onde o déficit nutricional é grave, o 
iodo também deverá ser estudado. 
Os principais órgãos que utilizam Iodo são a tireoide, que o 
usa para produzir os hormônios da tireoide, e os rins, que o 
excretam na urina. 
Cerca de 120 µg/dia entram na tireoide em taxas normais 
de síntese e secreção de hormônio da tireoide. 
Essa glândula secreta 80 µg/dia na forma de T3 e T4, 
enquanto 40 µg/dia se difundem de volta para o líquido 
extracelular (LEC). 
Os hormônios T3 e T4 circulantes são metabolizados no 
fígado e em outros tecidos, com a liberação de um adicional 
de 60 µg de Iodo por dia no LEC. 
Alguns derivados dos hormônios da tireoide são excretados 
na bile, e uma parte do iodo presente neles é reabsorvida 
(circulação êntero-hepática), mas há uma perda líquida de 
Iodo nas fezes de aproximadamente 20 µg/ dia. 
A quantidade total de Iodo que entra no LEC é, portanto, de 
500 + 40 + 60, ou seja, 600 µg/d; 
• 20% dos quais entram na tireoide, enquanto 80% 
são excretados pela urina. 
 
As membranas basolaterais dos tireócitos voltadas para os 
capilares contêm um transportador sinport que carreia, por 
sinporte, dois íons Na+ e um Iodo para a célula, em cada 
ciclo contra o gradiente eletroquímico para Iodo. 
Esse sinport Na+-Iodo (NIS) é capaz de produzir 
concentrações intracelulares de Iodo que são 20 a 40 vezes 
tão elevadas quanto as concentrações no plasma. 
O iodeto deve também deixar o tireócito por meio da 
membrana apical para chegar ao coloide, onde ocorrem as 
etapas iniciais da síntese do hormônio da tireoide. 
Acredita-se que essa etapa de transporte seja mediada, 
pelo menos em parte, por um trocador Cl-Iodo conhecido 
como pendrina. 
Inicialmente, essa proteína foi identificada como o produto 
do gene responsável pela síndrome de Pendred, cujos 
pacientes sofrem de disfunção da tireoide e surdez. 
A pendrina (SLC26A4) é um membro da maior família dos 
permutadores de ânions SLC26. 
A relação entre a função tireoidiana e o iodeto é única. 
O iodeto é essencial para o funcionamento normal da 
tireoide, mas tanto a deficiência de iodeto quanto o seu 
excesso inibem o funcionamento dessa glândula. 
A tireoide é um equilíbrio entre o excesso e a baixa de iodo. 
Não adianta ter muito e não adianta ter pouco. 
As glândulas salivares, a mucosa gástrica, a placenta, o 
corpo ciliar do olho, o plexo coroide, as glândulas mamárias 
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3 Raissa Fidelis - XLVI 
e certos cânceres derivados desses tecidos também 
expressam NIS (2Na-I sinport) e podem transportar iodeto 
contra um gradiente de concentração, mas o transportador 
nesses tecidos não é afetado pelo TSH. 
O significado fisiológico de todos esses mecanismos 
extratireoidianos concentradores de iodeto é 
desconhecido, mas eles podem fornecer vias para a 
radioablação das células cancerosas que expressam NIS por 
radioisótopos de iodeto. Essa abordagem também é útil 
para a ablação dos cânceres tireoidianos. 
Se eu tenho um tumor em alguma topografia dessas acima que 
transporta o iodo, eu posso inserir radioisótopo do iodo para 
destruir o câncer nessa glândula.
Na interface entre o tireócito e o coloide, o iodeto passa por um processo chamado de organificação, antes de ser absorvido 
para formar os hormônios tireoideanos. 
Primeiro ele é oxidado a iodo e então incorporado na posição do carbono 3 dos resíduos de tirosina, que são parte da molécula 
de tireoglobulina no coloide. 
 
A tireoglobulina é uma glicoproteína formada por duas 
subunidades com um peso molecular de 660 kDa. 
Ela contém 10% de seu peso como carboidratos. Ela 
também possui 123 resíduos de tirosina, mas apenas 4 a 8 
deles são normalmente incorporados aos hormônios da 
tireoide. 
A tireoglobulina é sintetizada nas células da tireoide e 
secretada no coloide por exocitose dos grânulos. 
A oxidação e a reação do iodeto com a tireoglobulina 
secretada são mediadas pela tireoperoxidase, uma enzima 
ligada à membrana, encontrada na membrana apical do 
tireócito.Os hormônios da tireoide assim produzidos permanecem 
como parte da molécula de tireoglobulina enquanto for 
necessário. 
O iodo vai ser oxidado pela tireoperoxidase, que vai produzir 
peças reativas de iodo, que vai ser capturado pela tiroglobulina, 
ficando em estoque para ser usado quando necessário. 
Como tal, o coloide representa um reservatório dos 
hormônios da tireoide e os humanos podem ingerir uma 
dieta completamente desprovida de iodeto por até dois 
meses antes que seja registrada uma queda nos níveis de 
hormônio da tireoide circulante. 
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Quando há necessidade de secreção do hormônio da 
tireoide, o coloide é internalizado pelos tireócitos por meio 
de endocitose e direcionado para a degradação lisossomal. 
Deste modo, as ligações peptídicas da tireoglobulina são 
hidrolisadas, e T4 e T3 livres são liberados no citosol e 
então para os capilares. 
Os tireócitos, portanto, têm quatro funções: coletam e 
transportam iodo, sintetizam tireoglobulina e a secretam 
para o coloide, fixam iodo para a tireoglobulina a fim de 
gerar hormônios da tireoide e removem os hormônios da 
tireoide da tireoglobulina e os secretam para a circulação 
A síntese de hormônios da tireoide é um processo que 
ocorre em várias etapas. A tireoperoxidase gera espécies 
reativas de iodo que podem atacar a tireoglobulina. O 
primeiro produto é a monoiodotirosina (MIT). 
Esta é em seguida iodada no carbono 5 para formar a 
diiodotirosina (DIT). 
Duas moléculas de DIT sofrem então uma condensação 
para formar T4 com a eliminação da cadeia lateral de 
alanina da molécula que forma o anel mais externo. 
Há duas teorias a respeito de como essa reação de 
acoplamento acontece: 
1) O acoplamento ocorre com ambas as moléculas de 
DIT ligadas à tireoglobulina (acoplamento 
intramolecular). 
2) O DIT que forma o anel externo é primeiro a ser 
removido da tireoglobulina (acoplamento 
intermolecular). 
Em qualquer um dos casos, a tireoperoxidase está 
envolvida no acoplamento bem como na iodação. 
O T3 é formado pela condensação de MIT com DIT. Uma 
pequena quantidade de rT3 também é formada, 
provavelmente pela condensação de DIT com MIT. 
Na tireoide humana normal, a distribuição média de 
compostos iodados é de 3% de MIT, 33% de DIT, 35% de T4 
e 7% de T3 Apenas traços de rT3e outros componentes 
estão presentes. 
A tireoide humana secreta cerca de 80µg (103nmol) de T4, 
4µg (7nmol) de T3 e 2µg (3,5nmol) de rT3 por dia. 
MIT e DIT não são secretados. 
Essas tirosinas iodadas são desiodadas por uma iodotirosina 
desiodase microssomal. Isso representa um mecanismo 
para recuperar iodo e ligar tirosinas, reciclando-as para 
outros circuitos de síntese hormonal. 
O iodo liberado pela desiodação do MIT e do DIT é 
reutilizado na glândula e normalmente fornece cerca de 
duas vezes tanto iodeto para a síntese hormonal quanto o 
NIS. 
Em pacientes com ausência congênita de iodotirosina 
desiodinase, o MIT e o DIT aparecem na urina e há 
sintomas de deficiência de iodo. 
Tironinas iodadas são resistentes à atividade da 
iodotirosina desiodinase, permitindo assim que T4 e T3 
passem para a circulação. 
 
O nível normal total de T4 plasmático em adultos é de 
aproximadamente 8µg/dL (103nmol/L), e o nível de T3 
plasmático é de aproximadamente 0,15µg/dL (2,3nmol/L). 
Tanto o T4 quanto o T3 são relativamente lipofílicos. 
Portanto, suas formas livres no plasma estão em equilíbrio 
com um conjunto muito maior de hormônios da tireoide 
ligados a proteínas, no plasma e nos tecidos. 
Hormônios da tireoide livres são adicionados ao conjunto 
circulante pela tireoide. 
São esses hormônios livres no plasma que são 
fisiologicamente ativos e que atuam por retroalimentação 
para inibir a secreção hipofisária de TSH. (eixo 
hipotalâmico-hipofisário) 
Eixo hipotalâmico-hipofisário equilíbrio entre a liberação do 
hormônio TRH e TSH por meio de um feedback negativo, ou seja, 
se a concentração de TSH aumenta muito, eu faço uma inibição 
do TRH, ou se o TSH está baixo, eu faço uma estimulação do 
TRH. 
 
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5 Raissa Fidelis - XLVI 
A função da ligação com proteínas parece ser a de 
manutenção de um grande conjunto de hormônios que 
pode ser prontamente mobilizado quando necessário. 
Além disso, pelo menos para o T3, a ligação do hormônio 
impede o consumo em excesso pelas primeiras células 
encontradas e promove uma distribuição tecidual 
uniforme. 
Tanto o T4 quanto o T3 totais podem ser medidos por 
radioimunoensaio. 
Há também ensaios diretos que medem especificamente apenas 
as formas livres desses hormônios. Os últimos são as medidas 
mais clinicamente relevantes, uma vez que essas são as formas 
ativas e também devido à existência de variações adquiridas e 
congênitas nas concentrações de proteínas de ligação entre os 
indivíduos. 
As proteínas do plasma que se ligam a hormônios da 
tireoide são a albumina, uma pré-albumina chamada 
transtiretina (anteriormente chamada de pré-albumina 
ligada à tiroxina) e uma globulina conhecida como globulina 
ligadora da tiroxina (TBG, do inglês thyroxine- 
bindingglobulin). 
Dentre as três proteínas, a albumina apresenta a maior 
capacidade de se ligar ao T4 (i.e., ela pode se ligar à maior 
parte de T4 antes de se tornar saturada) e a TBG possui a 
menor capacidade. 
Entretanto, as afinidades das proteínas pelo T4 (a avidez 
com que se ligam ao T4 sob condições fisiológicas) são 
tamanhas que a maior parte do T4 circulante se encontra 
ligada à TBG, com mais de um terço dos sítios de ligação da 
proteína ocupado. 
Quantidades menores de T4 são ligadas à transtiretina e à 
albumina. 
A meia-vida da transtiretina é de dois dias, a da TBG é de 
cinco dias e a da albumina é de 13 dias. 
 
Normalmente, 99,98% do T4 no plasma se encontra ligado, 
sendo o T4 livre apenas cerca de 2 ng/dL. 
Há muito pouco T4 na urina!! 
Sua meia-vida biológica é longa (cerca de 6 a 7 dias) e seu 
volume de distribuição é menor que o do LEC (1OL, ou cerca 
de 15% do peso corporal). 
Todas essas propriedades são características de uma 
substância que é FORTEMENTE LIGADA A PROTEÍNAS. 
O T3 não se liga com a mesma intensidade. 
Dentre os 0,15µg/dL normalmente encontrados no plasma, 
0,2% (0,3ng/dL) se encontra na forma livre. 
O restante 99,8% está ligado a proteínas, 46% à TBG e a 
maior parte dos demais à albumina, com muito pouco T3 se 
ligando à transtiretina. 
A menor ligação do T3 se relaciona ao fato de ele ter uma 
meia-vida mais curta que o T4 e ao fato de sua ação nos 
tecidos ser bem mais rápida. 
O rT3 também se liga à TBG. 
 
Quando ocorre um aumento súbito e estável na 
concentração plasmática de proteínas ligadoras, a 
concentração dos hormônios livres da tireoide cai. 
Entretanto, essa mudança é temporária, porque a 
diminuição na concentração dos hormônios livres da 
tireoide na circulação estimula a secreção de TSH, que, por 
sua vez, provoca um aumento na produção desses 
hormônios livres. 
Se tem o TSH baixo, o TRH será aumentado e vice-versa! 
Um novo equilíbrio é eventualmente atingido, no qual a quantidade 
total de hormônios da tireoide no sangue é elevada, mas a 
concentração de hormônios livres, a taxa do seu metabolismo e a 
taxa de secreção de TSH são normais. Mudanças 
correspondentes na direção oposta ocorrem quando a 
concentração de proteínas ligadoras da tireoide diminui. 
Consequentemente, pacientes com concentrações altas ou baixas 
de proteínas de ligação, particularmente TBG, geralmente, não 
são hiper ou hipotireoideos; isto é, eles são eutiroideos. 
Os níveis de TBG são elevados em pacientes tratados com 
estrogênio e durante a gravidez, bem como após tratamento com 
vários medicamentos. Eles são reduzidos por glicocorticoides, 
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androgênios, pelo fraco androgênio donazol e pelaL-
asparaginase, um agente quimioterápico contra o câncer. 
Vários outros fármacos, inclusive salicilatos, o anticonvulsivante 
fenitoína e os agentes quimioterápicos mitotano (o, p'-DDD) e 5-
fluorouracil inibem a ligação de T4 e T3 a TBG e 
consequentemente produzem mudanças semelhantes àquelas 
produzidas por uma diminuição na concentração de TBG. 
Mudanças no T4 e T3 totais do plasma também podem ser 
produzidas por alterações nas concentrações plasmáticas de 
albumina e pré-albumina. 
O T3 e o T4 são desiodados no fígado, nos rins e em vários 
outros tecidos. 
Essas reações de desiodação servem não apenas para 
catabolizar os hormônios, mas também fornecem uma 
fonte local de T3, que é supostamente o principal mediador 
dos efeitos fisiológicos da secreção da tireoide. 
Um terço do T4 circulante é normalmente convertido a T3 em 
humanos adultos, e 45% é convertido a rT3. 
Apenas cerca de 13% do T3 circulante é secretado pela tireoide, 
enquanto 87% é formado pela desiodação do T4. Do mesmo 
modo, apenas 5% do rT3 circulante é secretado pela tireoide, e 
95% é formado pela desiodação do T4. 
Deve ser observado também que diferenças acentuadas na razão 
T3/T4 ocorrem em vários tecidos. Dois tecidos que têm 
proporções T 3/T4 muito elevadas são a hipófise e o córtex 
cerebral, devido à expressão de deiodinases específicas. 
Três desiodinases diferentes atuam nos hormônios da 
tireoide: D1, D2 e D3. 
Todas são únicas em apresentar o raro aminoácido 
selenocisteína, com o átomo de selênio no lugar do de 
enxofre, que é essencial para sua atividade enzimática. 
• D1 está presente em altas concentrações no 
fígado, nos rins, na tireoide e na hipófise. 
Ela parece ser responsável principalmente pela 
manutenção da produção de T3 a partir de T4 na 
periferia. 
• D2 é encontrada no cérebro, na hipófise e no 
tecido adiposo marrom. Ela também contribui para 
a formação de T3. 
No encéfalo, ela é encontrada nos astrócitos e 
produz uma reserva de T3 para os neurônios. 
• D3 também é encontrada no encéfalo e nos 
tecidos reprodutivos.Ela atua apenas na posição 5 
de T4 e T3 e é provavelmente a principal fonte de 
rT3 no sangue e nos tecidos. 
Em geral, as desiodinases parecem ser responsáveis por 
manter as diferenças nas proporções T3/T4 nos diversos 
tecidos do corpo. 
No encéfalo, em particular, altos níveis de atividade da 
desiodinase garantem um abastecimento amplo de T3 
ativo. 
Uma parte do T4 e T3 é convertida adicionalmente a 
deiodotirosinas pelas desiodinases. T4 e T3 são também 
conjugadas no fígado para formar sulfatos e glicuronídeo. 
Esses conjugados entram na bile e passam para o intestino. 
Os conjugados da tireoide são hidrolisados e alguns são em 
seguida reabsorvidos (circulação êntero-hepática), mas 
outros são excretados nas fezes. 
Além disso, uma parte do T4 e do T3 passa diretamente da 
circulação para o lúmen intestinal. 
O iodeto perdido nessas rotas chega a 4% do total da perda 
diária dessa substância. 
OBS: Oscilações na Desiodação 
Bem mais rT3 e bem menos T3 são formados durante a vida fetal, 
e a proporção se altera para aquela dos adultos cerca de seis 
semanas após o nascimento. Vários fármacos inibem as 
desiodinases, produzindo uma queda nos níveis plasmáticos de 
T3 e um aumento recíproco no rT3. 
A deficiência de selênio tem o mesmo efeito. Uma grande 
variedade de doenças não tireoidianas também suprime as 
desiodinases. Estas incluem queimaduras, trauma, câncer 
avançado, cirrose, insuficiência renal, infarto do miocárdio e 
estados febris. O estado de baixo T3 produzido por essas 
condições desaparece com a convalescença. É difícil avaliar se os 
indivíduos com um quadro de baixo T3 produzido por fármacos e 
doenças apresentam hipotireoidismo leve. 
A dieta também tem um efeito nítido na conversão de T4 aT3. Em 
indivíduos em jejum, o T3 plasmático é reduzido em 1O a 20% em 
24h e em cerca de 50% em 3 a 7 dias, com um aumento 
correspondente no rT3. Os níveis de T4 livre e ligado permanecem 
essencialmente normais. Durante fome mais prolongada, a rT3 
retorna ao normal, mas o T3 permanece baixo. Ao mesmo tempo, 
a taxa metabólica basal (TMB) cai e a excreção urinária de 
nitrogênio, um índice de proteínas, diminui. Portanto, a queda no 
T3 conserva calorias e proteína. No sentido inverso, alimentação 
excessiva aumenta o T3 e reduz o rT3. 
 
 
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7 Raissa Fidelis - XLVI 
O funcionamento da tireoide é regulado principalmente por 
variações no nível circulante do TSH hipofisário. 
Se eu tenho TSH baixo eu vou precisar estimular a sua 
produção! 
• A secreção de TSH é aumentada pelo hormônio 
hipotalâmico TRH e inibida em retroalimentação 
negativa por T4 e T3 livres circulantes. 
 
Porque é o TRH que estimula o TSH – se o TSH 
estiver alto, e o T3 e T4, eu vou fazer uma inibição 
(retroalimentação negativa), para estabelecer um 
equilíbrio. 
 
• O efeito do T4 é aumentado pela produção de T3 
no citoplasma das células hipofisárias pela 5'-D2 
que elas contêm. 
• A secreção de TSH também é inibida por estresse, 
e aumentada pelo frio e diminuída pelo calor. 
O TSH humano é uma glicoproteína que contém 211 
resíduos de aminoácidos. 
Ela é formada por duas subunidades, designadas α e β. A 
subunidade α é codificada por um gene no cromossomo 6, 
e a subunidade β por um gene no cromossomo1. 
As duas subunidades se tornam ligadas não 
covalentemente nos tireotrofos hipofisários. O TSH- α é 
idêntico à subunidade α do TSH do LH, FSH e hCG- α. 
A especificidade funcional do TSH é conferida pela 
subunidade β. 
A estrutura do TSH varia de uma espécie para outra, mas 
TSHs de outros mamíferos são biologicamente ativos em 
humanos. 
✓ A meia-vida biológica do TSH humano é de cerca 
de 60 minutos. 
Ele é degradado na sua maior parte nos rins e em 
um grau menor no fígado. 
✓ A secreção é pulsátil e a produção média começa a 
aumentar por volta das 21:00 h, atinge o pico por 
volta da meia-noite e então diminui ao longo do 
dia. 
A taxa de secreção normal é de cerca de 110 
µg/dia. 
O nível plasmático médio é de cerca de 2µg/mL. 
Como a subunidade a no hCG é a mesma que no TSH, grandes 
quantidades de hCG podem ativar os receptores da tireoide (TR) 
de modo não específico. Em alguns pacientes com tumores 
benignos ou malignos de origem placentária, os níveis plasmáticos 
de hCG podem aumentar tanto a ponto de produzir 
hipertireoidismo moderado. 
Quando a hipófise é removida, a função da tireoide é 
diminuída e a glândula atrofia; quando o TSH é 
administrado, a função da tireoide é estimulada. 
• Poucos minutos após a injeção de TSH há 
aumentos na ligação do iodeto, síntese de T 3 e T 4 
e de iodotirosinas, secreção de tireoglobulinas 
para o coloide e endocitose do coloide. 
O aprisionamento de iodeto aumenta em poucas horas; 
ocorre um aumento do fluxo sanguíneo e, com o 
tratamento crônico de TSH, as células hipertrofiam e o peso 
da glândula aumenta. 
SEMPRE QUE A ESTIMULAÇÃO DE TSH É PROLONGADA, A 
TIREOIDE TORNA-SE DETECTAVELMENTE MAIOR. 
✓ O aumento da tireoide é chamado de bócio. 
O receptor de TSH é um típico receptor com sete domínios 
transmembrana acoplado à proteína G que ativa a 
adenilato-ciclase por meio de G5. 
Ele também ativa a fosfolipase C (PLC). Como outros 
receptores hormonais glicoproteicos, ele tem um domínio 
extracelular glicosilado estendido. 
Além dos receptores de TSH, os tireócitos expressam 
receptores para o fator de crescimento semelhante à 
insulina-1 (IGF-1), o fator de crescimento epidermal (EGF, 
do inglês epidermal growthfactor) e outros fatores de 
crescimento. 
O IGF-1 e o EGF promovem o crescimento, enquanto o interferon 
y e o fator de necrose tumoral a o inibem. 
O papel fisiológico exato desses fatores na tireoide não está bem 
estabelecido, mas o efeito das citocinas implica que a função 
tireoidiana pode serinibida na instalação da inflamação crônica, o 
que poderia contribuir para a caquexia ou perda de peso. 
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O efeito de retroalimentação negativa dos hormônios 
tireoidianos sobre a secreção do TSH é exercido, em parte, 
em nível hipotalâmico, mas também é devido, em grande 
parte, a uma ação sobre a hipófise, uma vez que T4 e T3 
bloqueiam o aumento na secreção de TSH produzido pelo 
TRH. 
Infusões tanto de T4 quanto de T3 reduzem o nível 
circulante de TSH, que diminui de forma mensurável em 
uma hora. Em animais experimentais, ocorre um aumento 
inicial do teor de TSH hipofisário antes do declínio, 
indicando que os hormônios da tireoide inibem a secreção 
antes de inibir a síntese. 
A manutenção diária da secreção tireoidiana depende da 
interação por retroalimentação dos hormônios da tireoide 
com o TSH e o TRH. 
Os ajustes que parecem ser mediados via TRH incluem o 
aumento da secreção de hormônios tireoidianos produzido 
pelo frio e, presumivelmente, a diminuição produzida pelo 
calor. Vale a pena notar que, embora o frio produza um 
nítido aumento do TSH circulante em animais 
experimentais e em lactentes humanos, o aumento 
produzido pelo frio em adultos humanos é desprezível. 
Consequentemente, nos adultos, o aumento da produção 
de calor devido ao aumento da secreção de hormônio 
tireoidiano (termogênese causada pelos hormônios da 
tireoide) desempenha pouco ou nenhum papel na resposta 
ao frio. O estresse tem um efeito inibitório sobre a secreção 
de TRH. 
A dopamina e a somatostatina atuam em nível hipofisário 
inibindo a secreção de TSH, mas não se sabe se elas 
desempenham um papel fisiológico na regulação da 
secreção de TSH. Os glicocorticoides também inibem a 
secreção de TSH. 
A quantidade de hormônio tireoidiano necessária para manter a 
função celular normal em indivíduos tireoidectomizados costumava 
ser definida como a quantidade necessária para normalizar a 
TMB, mas atualmente é definida como o montante necessário 
para retornar os níveis normais de TSH no plasma. 
De fato, com a precisão e sensibilidade dos modernos ensaios 
para TSH e a destacada correlação inversa entre os níveis de 
hormônios tireoidianos livres no plasma e o TSH plasmático, a 
medição do TSH é, agora, amplamente reconhecida como um dos 
melhores testes de função da tireoide. 
A quantidade de T4 que normaliza o TSH plasmático em 
indivíduos atireóideos é, em média, de 112µg de T4 por via 
oral, por dia, em adultos. 
Cerca de 80% dessa dose são absorvidos a partir do trato 
gastrintestinal. Ela produz um IT4L (índice de T4 livre) um 
pouco acima do normal, mas um IT3L (índice de T3 livre) 
normal, indicando que, em seres humanos, ao contrário de 
alguns animais experimentais, é o T3 circulante, mais do 
que o T4, o principal regulador da retroalimentação da 
secreção de TSH. 
Alguns dos efeitos mais conhecidos dos hormônios 
tireoidianos no organismo são consequência do estímulo do 
consumo de O2 (ação calorigênica), embora os hormônios 
também afetem o crescimento e o desenvolvimento em 
mamíferos, ajudem a regular o metabolismo lipídico e 
intensifiquem a absorção de carboidratos a partir do 
intestino. 
Eles também incrementam a dissociação do oxigênio da 
hemoglobina por meio do aumento da 2,3-difosfoglicerato 
(DPG). 
 
Os hormônios da tireoide entram nas células e o T3 se liga 
ao TR no núcleo. O T4 também pode se ligar, mas não com 
tanta avidez. O complexo hormônio-receptor, em seguida, 
se liga ao 
DNA por meio dos dedos de zinco e aumenta (ou, em 
alguns casos, diminui) a expressão de uma variedade de 
genes diferentes que codificam proteínas que regulam a 
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9 Raissa Fidelis - XLVI 
função celular. Assim, os receptores nucleares para os 
hormônios da tireoide são membros da superfamília de 
fatores de transcrição nucleares sensíveis aos hormônios. 
Existem dois genes humanos para TR: um gene do receptor α no 
cromossomo 17 e um gene do receptor β no cromossomo 3. 
Por splicing alternativo, cada um forma pelo menos dois mRNA 
diferentes e, portanto, duas proteínas receptoras diferentes. 
• O TRβ2 é encontrado apenas no encéfalo, mas o TRα1, 
o TRα2 e o TRβ1 estão amplamente distribuídos. 
• O TRα2 difere dos outros três na medida em que ele não 
se liga ao T3 e a sua função ainda não está totalmente 
estabelecida. Os TRs se ligam ao DNA como 
monômeros, como homodímeros e como heterodímeros 
com outros receptores nucleares, em particular, o 
receptor retinoide X (RXR). 
O heterodímero TR/RXR não se liga ao ácido 9-cis- retinoico, o 
ligante comum para o RXR, mas a ligação do TR ao DNA é 
bastante facilitada em resposta aos hormônios tireoidianos quando 
o receptor está na forma deste heterodímero. Há também 
proteínas coativadoras e correpressoras que afetam as ações dos 
TRs. Presumivelmente, essa complexidade fundamenta a 
habilidade dos hormônios da tireoide em produzir vários efeitos 
diferentes no corpo. 
Na maior parte das suas ações, o T3 atua mais rapidamente 
e é de três a cinco vezes mais potente que o T4. 
Isto ocorre porque o T 3 é menos fortemente ligado a 
proteínas plasmáticas que o T4, mas se liga mais 
avidamente aos receptores do hormônio da tireoide. 
✓ Como destacado previamente, o rT3 é inerte. 
O T4 e o T3 aumentam o consumo de O2 em quase todos os 
tecidos metabolicamente ativos. 
As exceções são o encéfalo adulto, os testículos, o útero, os 
linfonodos, o baço e a adeno-hipófise. 
• O T4 na verdade reduz o consumo de O2 da adeno-
hipófise, presumivelmente porque ele inibe a 
secreção de TSH. 
• O aumento da taxa metabólica produzida por uma 
única dose de T4 se torna mensurável após um 
período de latência de várias horas e dura seis dias 
ou mais. 
Uma parte do efeito calorigênico dos hormônios da tireoide 
se deve ao metabolismo dos ácidos graxos que eles 
mobilizam. 
Além disso, os hormônios tireoidianos aumentam a 
atividade da Na+-K+-ATPase ligada à membrana em muitos 
tecidos. 
Quando a taxa metabólica está aumentada por T4 e T3 em 
adultos, a excreção de nitrogênio aumenta; 
se a ingestão de alimentos não aumentar, proteína 
endógena e depósitos de gordura são catabolizados e 
perde-se peso. 
Em crianças com hipotireoidismo, pequenas doses de 
hormônios da tireoide provocam um balanço positivo de 
nitrogênio, pois elas estimulam o crescimento. Porém, altas 
doses causam catabolismo proteico semelhante àquele 
produzido no adulto. 
➢ O potássio liberado durante o catabolismo 
proteico aparece na urina e também há um 
aumento da hexosamina urinária e da excreção de 
ácido úrico. 
Quando a taxa metabólica está aumentada, a necessidade 
de todas as vitaminas é maior, e síndromes de deficiência 
de vitaminas podem ser precipitadas. 
➢ Os hormônios da tireoide são necessários para a 
conversão hepática do caroteno em vitamina A, e 
o acúmulo de caroteno na corrente sanguínea 
(carotenemia) no hipotireoidismo é responsável 
pela coloração amarelada da pele. 
➢ A carotenemia pode ser distinguida da icterícia, 
pois na primeira condição a esclera não está 
amarelada. 
A pele normalmente contém uma variedade de proteínas 
combinadas com polissacarídeos, ácido hialurônico e ácido 
condroitínico sulfúrico. 
No hipotireoidismo, esses complexos acumulam, 
promovendo a retenção de água e o inchaço característico 
da pele (mixedema). Quando os hormônios da tireoide são 
administrados, as proteínas são metabolizadas, e a diurese 
continua até que o mixedema desapareça. 
A secreção de leite é diminuída no hipotireoidismo e 
estimulada pelos hormônios tireoidianos, um fato por vezes 
empregado na prática pela indústria de laticínios. 
Os hormônios da tireoide não estimulam o metabolismo do 
útero, mas são essenciais para os ciclos menstruais normais 
e para a fertilidade. 
Grandes doses de hormônios tireoidianos provocama 
produção de calor extra suficiente para levar a um ligeiro 
aumento da temperatura corporal, o que por sua vez, ativa 
os mecanismos de dissipação de calor. 
A resistência periférica diminui devido à vasodilatação 
cutânea, e isso aumenta os níveis renais de absorção de Na+ 
e água, expandindo o volume sanguíneo. 
O débito cardíaco é aumentado pela ação direta dos 
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hormônios da tireoide, bem como o das catecolaminas no 
coração, de modo que a pressão de pulso e a frequência 
cardíaca são aumentadas e o tempo de circulação é 
diminuído. 
O T3 não é formado, a partir do T4 nos miócitos cardíacos. 
Porém, o T3 circulatório entra nos miócitos, se combina 
com os seus receptores e entra no núcleo, onde promove a 
expressão de alguns genes e inibe a expressão de outros. 
Aqueles que são estimulados incluem os genes para a 
cadeia pesada da α-miosina, a Ca2+-ATPase do retículo 
sarcoplasmático, os receptores β-adrenérgicos, as proteínas 
G, a Na+-K+- ATPase e certos canais de K+. Aqueles que são 
inibidos incluem os genes para a cadeia pesada de α-
miosina, os fosfolambanos, dois tipos de adenilato-ciclase, 
os receptores nucleares de T 3 e o NCX, que é o trocador 
Na+-Ca2+. 
 O resultado líquido é o aumento da frequência cardíaca e 
da força de contração. 
As duas isoformas da cadeia pesada da miosina (MHC), α-MHC e 
β -MHC, produzidas pelo coração, são codificadas por dois genes 
altamente homólogos localizados no braço curto do cromossomo 
17. Cada molécula de miosina consiste em duas cadeias pesadas 
e dois pares de cadeias leves. A miosina que contém β-MHC tem 
menor atividade ATPásica que a miosina que possui α -MHC. A α 
-MHC predomina nos átrios em adultos, e seu nível é aumentado 
pelo tratamento com hormônios da tireoide. Isto aumenta a 
velocidade da contração cardíaca. Ao contrário, no hipotireoidismo 
a expressão do gene α-MHC é diminuída e aquela do gene β -
MHC é aumentada. 
No hipotireoidismo, a atividade mental é baixa e o nível de 
proteína no líquido cerebrospinal (LCS) é elevado. 
Os hormônios tireoidianos revertem essas mudanças e 
grandes doses provocam atividade mental rápida, 
irritabilidade e inquietação. 
No geral, o fluxo sanguíneo cerebral e o consumo de glicose 
e O2 pelo cérebro são normais no hipo e no 
hipertireoidismo adulto. No entanto, os hormônios da 
tireoide entram no encéfalo dos adultos e são encontrados 
na substância cinzenta em vários locais diferentes. 
Além disso, os astrócitos no encéfalo convertem T4 em T3, e há 
um aumento acentuado na atividade de D2 cerebral após 
tireoidectomia, que é revertido em 4 horas por uma única dose 
intravenosa de T3. 
Alguns dos efeitos dos hormônios da tireoide no encéfalo 
são provavelmente resultantes da resposta aumentada às 
catecolaminas, com a consequente ativação elevada do 
sistema ativador reticular. 
Além disso, os hormônios da tireoide têm efeitos 
acentuados no desenvolvimento cerebral. As partes mais 
afetadas do sistema nervoso central (SNC) são o córtex 
cerebral e os núcleos da base. 
Além disso, a cóclea também é afetada. 
Consequentemente, a deficiência de hormônio tireoidiano 
durante o desenvolvimento provoca deficiência mental, 
rigidez motora e surdez-nudez. 
Deficiências na síntese do hormônio da tireoide secundárias à 
falência dos tireócitos em transportar iodeto presumivelmente 
também contribuem para a surdez na síndrome de Pendred. 
Os hormônios tireoidianos também exercem efeitos nos 
reflexos! 
O tempo de reação do reflexo de estiramento é encurtado 
no hipertireoidismo e prolongado no hipotireoidismo. A 
medição do tempo de reação do reflexo Aquileu do 
tornozelo tem atraído a atenção como um teste clínico para 
a avaliação da função da tireoide, mas esse tempo de 
reação também é afetado por outras doenças e, portanto, 
não é uma avaliação específica da atividade tireoidiana. 
As ações dos hormônios da tireoide e as catecolaminas 
noradrenalina e adrenalina estão intimamente 
relacionadas. 
A adrenalina aumenta a taxa metabólica, estimula o 
sistema nervoso e produz efeitos cardiovasculares 
semelhantes àqueles dos hormônios tireoidianos, embora a 
duração dessas ações seja breve. 
A noradrenalina tem geralmente ações semelhantes. 
A toxicidade das catecolaminas é acentuadamente 
aumentada em ratos tratados com T4. 
Embora os níveis de catecolaminas plasmáticas sejam 
normais no hipertireoidismo, os efeitos cardiovasculares, 
tremores e sudorese que são vistos nos casos de excesso de 
hormônios da tireoide, podem ser reduzidos ou abolidos 
por meio da simpatectomia. 
Eles também podem ser reduzidos por fármacos como o 
propranolol, que bloqueia os receptores β-adrenérgicos. 
De fato, o propranolol e outros β-bloqueadores são 
utilizados extensivamente no tratamento da tireotoxicose e 
no tratamento da exarcebação grave do hipertireoidismo, 
chamadas de tempestades da tireoide. 
No entanto, embora os β -bloqueadores sejam inibidores fracos da 
conversão extratireoidiana do T4 em T3, e consequentemente 
possam produzir uma pequena queda no T3 plasmático, eles têm 
pouco efeito em outras ações dos hormônios da tireoide. 
Presumivelmente, o sinergismo funcional observado entre 
catecolaminas e hormônios tireoidianos, particularmente em 
contextos patológicos, decorre da sobreposição de suas funções 
biológicas, bem como da habilidade dos hormônios tireoidianos 
em aumentar a expressão dos receptores de catecolamina e os 
efetores de sinalização aos quais eles estão ligados. 
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Fraqueza muscular ocorre na maioria dos pacientes com 
hipertireoidismo (miopatia tireotóxica), e quando o 
hipertireoidismo é grave e prolongado, a miopatia pode ser 
grave. 
A fraqueza muscular deve-se, em parte, ao aumento do 
catabolismo proteico. Os hormônios da tireoide afetam a 
expressão dos genes MHC no músculo esquelético assim 
como no músculo cardíaco. 
No entanto, os efeitos produzidos são complexos e sua 
relação com a miopatia não é conhecida. 
O hipotireoidismo está também associado à fraqueza 
muscular, câimbras e rigidez. 
Os hormônios da tireóide aumentam a taxa de absorção de 
carboidratos a partir do trato gastrintestinal, uma ação que 
é provavelmente independente de sua ação calorigênica. 
No hipertireoidismo, portanto, o nível de glicose plasmática 
aumenta rapidamente após uma refeição com 
carboidratos, às vezes excedendo o limiar renal. No 
entanto, ele cai novamente em uma taxa rápida. 
Os hormônios tireoidianos diminuem os níveis de colesterol 
circulante. 
O nível plasmático de colesterol cai antes que as taxas 
metabólicas aumentem, o que indica que esta ação é 
independente do estímulo ao consumo de O2. 
A diminuição da concentração de colesterol no plasma se 
deve ao aumento da formação de receptores de 
lipoproteínas de baixa densidade (LDL) no fígado, 
resultando em aumento da remoção hepática do colesterol 
da circulação. Apesar de esforço considerável, no entanto, 
não tem sido possível produzir um análogo do hormônio da 
tireoide clinicamente útil que diminua o colesterol 
plasmático sem aumentar o metabolismo. 
Os hormônios da tireoide são essenciais para um 
crescimento normal e para a maturação esquelética. 
Em crianças com hipotireoidismo, o crescimento ósseo é 
retardado e o fechamento epifisário atrasado. 
Na ausência de hormônios tireoidianos, a secreção do 
hormônio do crescimento também é deprimida. Isso 
prejudica ainda mais o crescimento e o desenvolvimento, 
uma vez que os hormônios da tireoide normalmente 
potencializam o efeito do hormônio do crescimento nos 
tecidos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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