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Niterói
2018
o serviço social no enfrentamento da cultura do machismo que leva ao feminicidio e envolve a violência contra a mulher
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Vassouras Educacional, como requisito parcial para a obtenção do título de graduado em Serviço Social.
BANCA EXAMINADORA
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Prof(a). Titulação Nome do Professor(a)
Marica, 22 de novembro de 2019
RESUMO
Este trabalho apresenta a temática do enfretamento da cultura do feminicidio que envolve a violência contra a mulher e as consequências desencadeadas pela limitação da história cultural de gênero, assim como as divergências limitadoras da cultura patriarcal por seu lado significativo o entendimento do abuso do poder historicamente exercido pelos homens sobre as mulheres. Tendo em vista que as mulheres sofrem prejuízos causados pelo machismo que é um dos principais motivos para o feminicidio, em uma sociedade marcada pela hierarquização de padrões culturais, pretende mostrar a necessidade de medidas dentro de uma legislação para uma proteção e direito das vítimas, faz-se uma análise sobre a Lei Maria da Penha, mostrando sua finalidade no combate de violência doméstica contra a mulher, e as redes de atendimento à mulher, tendo como enfoque a importância da atuação do profissional de serviço social frente à problemática da violência contra a mulher com suas inovações, contribuições e desafios, abordando a importância do debate sobre o tema. Traz como problema de pesquisa, violência contra as mulheres e o feminicidio é uma questão de gênero, sendo assim, porque é importante debater a cultura do machismo que leva ao feminicidio dentro do Serviço Social? Aborda de forma descritiva a consequência da cultura do feminicidio, onde é sustentada pela intolerância por toda sociedade, devido às relações de gênero composta pelo patriarcado tornando homens e mulheres socialmente desiguais. Na metodologia optou-se pela revisão de literatura e pesquisa qualitativa sendo de natureza explicativa. As considerações finais apresentam todo contexto do trabalho, destacando a ideia central, mostrando o papel do Assistente Social e explicando a importância da pesquisa e o seu resultado significativo.
Palavras-chave: Violência contra a Mulher; Gênero; Feminicidio; Serviço Social.
ABSTRACT
 This paper presents the theme of the confrontation of the culture of feminicide that involves violence against women and the consequences triggered by the limitation of the cultural history of gender, as well as the limiting divergences of patriarchal culture. by men over women. Given that women suffer the damage caused by machismo, which is one of the main reasons for feminicide, in a society marked by the hierarchy of cultural patterns, it intends to show the need for measures within a legislation for the protection and rights of victims. An analysis of the Maria da Penha Law is presented, showing its purpose in combating domestic violence against women, and women's care networks, focusing on the importance of the work of social service professionals in the face of the problem of violence against women. women with their innovations, contributions and challenges, addressing the importance of the debate on the topic. Bringing research as a problem, violence against women and feminicide is a gender issue, so why is it important to debate the culture of feminicide within Social Work? Descriptively addresses the consequence of the culture of feminicide, where it is sustained by intolerance throughout society, due to gender relations composed of patriarchy making men and women socially unequal. In the methodology, the literature review and qualitative research were chosen, being explanatory in nature. The final considerations present the whole context of the work, highlighting the central idea, showing the role of the Social Worker and explaining the importance of the research and its significant result.
Keywords: Violence against Women; Genre; Feminicide; Social service.
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CFESS	Conselho Federal de Serviço Social
CRAM	Centro de Referência de Atendimento à Mulher
CRAS	Centro de Referência de Assistência Social
CREAS	Centro de Referência Especializado de Assistência Social
DDM	Delegacia de Defesa da Mulher
DEAM Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher
DM Delegacia para a Mulher
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO..................................................................................................................9
2. O SURGIMENTO DO FEMINICIDIO DENTRO DA SOCIEDADE COMO UMA QUESTÃO DE GÊNERO............................................................................................................................10
 2.1 Consideração sobre a Divisão Sexual no âmbito profissional....................................................................................................................11
 2.2 Violência contra as Mulheres.....................................................................................................................................................................14
2.2.1 AS DIFERENTES FORMAS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER ..................16
3. REDES DE ATENDIMENTO A MULHER.............................................................................19
4. OS DESAFIOS DA ATUAÇÃO DO SERVIÇO SOCIAL FRENTE À PROBLEMÁTICA DA VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER.........................................................................................23
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................26
6. REFERÊNCIAS................................................................................................................27
	INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem como temática geral a ser apresentada a importância do enfrentamento do Serviço Social frente à desigualdade da questão de gênero culturalmente construída pela sociedade que contribuiu para a permanência do domínio no meio social em decorrentes gerações que torna o homem possuidor do poder e a mulher como detentora da subserviência. Foi desenvolvido no decorrer do trabalho sobre o ato da violência que é uma realidade bastante presente na vida das mulheres, que tem como agentes o machismo e o abuso do poder historicamente do homem sobre a mulher levando-o a cometer um feminicidio, com um pensamento de superioridade. Aborda os direitos das mulheres perante a Lei Maria da Penha e as redes de atendimento à mulher que são realizados os procedimentos para alcançar o rompimento do ciclo da violência.
Essa temática surgiu pela motivação de melhorias diante de uma ideia que a sociedade ainda possui, ou seja, que a mulher ocupa um papel secundário ao do homem, podendo ser justificada pela questão de gênero biologicamente exposta pela sociedade que torna a mulher inferior. A cultura do machismo está sendo sustentada pela intolerância por toda sociedade, são impregnados diariamente nos hábitos mais simples em atos preconceituosos, tentando limitar as mulheres na sociedade. Fazendo com que essa impaciência leve ao ato covarde de feminicio.
Tendo em vista a importância da atuação na mudança cultural que diz respeito à igualdade de gênero com a utilização de instrumentos de intervenção, é necessário um estudo crítico que possibilita ao profissional de Serviço Social alcançar resultados positivos para a aplicação dos direitos das mulheres. Violência contra as mulheres é uma questão de gênero, sendo assim, porque é importante debater a cultura do machismo levando ao feminicidio dentro do Serviço Social?
Devido à importância do debate da cultura do machismo, três capítulos foram elaborados neste trabalho, o primeiro busca entender o surgimento do machismo dentro da sociedade como uma questão de gênero, o segundo capítulo busca apontar às redes de atendimento a mulher, e o terceiro, por sua vez, discutir os desafios da atuação do Serviço Social frenteà problemática da violência contra a mulher.
Para que os objetivos citados acima fossem alcançados, métodos baseados em referências bibliográficas foram empregados na elaboração desse trabalho. Algumas pesquisas foram desenvolvidas por diversos autores que por sua vez foram pesquisados em livros, dissertações e artigos científico, encontradas no Google acadêmico, através de palavras chave como “violência contra mulher”, “machismo” e “desigualdade de gênero”.
	O surgimento do machismo dentro da sociedade como uma questão de gênero
Conforme Donzelot (1979) com o avanço da revolução industrial e do capitalismo por volta do século XVIII, a privatização da instituição familiar e a passagem das funções socializadoras para o âmbito mais restrito do lar burguês constituíram alguns dos mecanismos fundamentais para a constituição da família moderna, exigindo novas configurações nos agrupamentos familiares, nas relações de trabalho e na organização social, prevalecem novas relações sociais que incidem sobre a vida de homens e mulheres. Para as mulheres, novas tarefas foram adotadas, como a de procriar, ser cuidadora dos filhos e do lar sob as exigências do casamento monogâmico, enquanto, ao homem, restava o trabalho desenvolvido fora do espaço doméstico, sendo provedor e autoridade do lar.
Para Saffioti (2004, p. 119) o estudo sobre as relações de gênero é composto pelo “patriarcado” que se dá através de relações hierarquizadas entre sujeitos socialmente desiguais, um sistema social em que homens adultos mantêm o poder primário e predomina em funções de autoridade moral, privilégio social, controle das propriedades e que vai se expandir pelo modo de produção, cultura, política, etc. Ainda com base em Saffioti, compreende-se que o patriarcado está presente na sociedade moderna legitimando a subordinação das mulheres em todas as esferas, a começar pela esfera da produção, pois com o aumento da desigualdade social e com a exploração da classe trabalhadora, aprofunda-se a situação de dominação e exploração sobre a mulher, o sistema do capital articula exploração do trabalho com dominação ideológica e se apropria da lógica e valores do sistema patriarcal.
 Para Silva (2004, p. 54), o contexto das relações de gênero também é composto pela intrínseca relação entre o patriarcado e o capitalismo, sendo que este se apropria das “estruturas simbólicas” e das “condições objetivas” do primeiro, proporcionando a afirmação da “trajetória patriarcal-capitalista do sistema de gênero”. As relações desiguais de gênero se apresentam como objetivação atualizada do patriarcado, enquanto sistema que domina e oprime as mulheres.
 Gênero não pretende significar o mesmo que sexo, ou seja, enquanto sexo se refere à identidade biológica de uma pessoa, gênero está ligado à sua construção social como sujeito masculino ou feminino. Não se trata mais de focalizar apenas as mulheres como objeto de estudo, mas sim os processos da feminilidade e masculinidade, ou os sujeitos femininos e masculinos (LOURO, 1996, p. 09).
O valor central da cultura gerada pela dominação exploração patriarcal é o controle, valor que perpassa todas as áreas da convivência social. Ainda que a maioria das definições de gênero implique hierarquia entre as categorias de sexo, não visibiliza os perpetradores do controle/violência (SAFFIOTI, 2004, p. 119).
2.1 Considerações sobre a divisão sexual no âmbito profissional
No universo do trabalho prevaleceram relações de desigualdade entre homens e mulheres. Segundo Antunes (1999, p.109), as relações entre gênero e classe permite constatar que no universo do mundo produtivo e reprodutivo, vivenciam também a efetivação de uma construção social sexuada, onde os homens são desde a infância, qualificados e capacitados para o ingresso no mundo do trabalho, e o capitalismo se apropria desigualmente dessa divisão sexual do trabalho. Sendo assim, a relação social no modo de produção capitalista vincula a imagem do homem à “esfera produtiva”, enquanto a imagem da mulher é vinculada a “esfera reprodutiva”, pois as mulheres foram alocadas no espaço privado do lar, no âmbito da família, e a elas foram delegadas as tarefas domésticas, colaborando dessa forma para a reprodução da força de trabalho.
 Gênero é um elemento das relações sociais baseadas nas diferenças entre o masculino e o feminino (SCOTT, 1995), o homem idealizado como provedor da família foi designado uma separação entre o público (masculino) e o privado (feminino), assim constitui-se numa categoria analítica que amplia a visão da realidade, permitindo espaços para diferenças entre homens e as mulheres. A inserção dessa categoria na análise das relações sociais de trabalho possibilita uma melhor apreensão dessa realidade, pois o mundo do trabalho está fortemente marcado pela variável gênero.
 Historicamente, identifica-se uma maior apropriação pelos homens do poder político, do poder de escolha e de decisão sobre sua vida afetivo-sexual e da visibilidade social no exercício das atividades profissionais. Este é um processo que resulta em diferentes formas opressivas, submetendo as mulheres a relações de dominação e violação dos seus direitos. As atividades desenvolvidas pelas mulheres foram desvalorizadas porque a elas foram determinadas como trabalhos de menor valor social, tendo como consequência condições de trabalho precário e baixos salários. Conforme fatores históricos e sociais, o capitalismo estabelece determinados tipos de trabalho feminino, remunerados ou não (CAMPOS, 2011, p. 16).
 São consideradas mais válidas as atividades “públicas” dos homens e menos válidas as desenvolvidas pelas mulheres, apresentando assim aspectos “de separação e hierárquico” (HIRATA; KERGOAT, 2007), relacionando-as, ainda, ao desenvolvimento das forças produtivas e ao modo como se desenvolve o conjunto das relações sociais e de sua reprodução. Dessa forma, atividades masculinas lembram atributos como força física, raciocínio lógico, habilidade em comando, entre outras características "masculinas"; e as atividades femininas lembram atributos como paciência, atenção, destreza ou minúcia, entre outras características "femininas", sendo assim eram impedidas de entrar nas indústrias e quando aceitas, os trabalhos designados a elas eram subalternizados e inferiorizados, com condições insalubres de trabalho e salários baixíssimos.
 É importante destacar, que as mulheres dos grandes burgueses, não tinham contato com o sistema produtivo. As mulheres de camadas inferiores, além de serem responsáveis pelas atividades do lar, foram inseridas na esfera produtiva e logo se tornaram mão de obra barata para os capitalistas. A sociedade capitalista não abriu mão de explorá-las e sendo assim, pagavam o menor salário possível, intensificando o trabalho e extraindo a mais valia (CAMPOS, 2011, p. 11). No início das relações capitalistas de produção, as mulheres passaram por algumas dificuldades para desempenhar o trabalho, pois eram consideradas frágeis para a execução de algumas atividades laborais.
 Algumas justificativas foram usadas para reforçar a ideia de ser inferior, tais como a gestação, que nos últimos meses acarretava baixa produtividade, além de se afirmar que as mulheres são mais delicadas que os homens e por isso não poderiam executar determinadas tarefas, que são mais faltosas ao trabalho que os homens, etc. Estas foram algumas das justificativas utilizadas para tornar fidedigna a subalternização das mulheres no modo de produção capitalista. Os proprietários dos meios de produção e os empresários afirmam que é menos lucrativo investir na qualificação profissional de uma mulher do que de um homem, tendo como base a ideologia imposta pelo sistema, onde estas são inferiorizadas e rebaixadas (CAMPOS, 2011, p. 13).
 A mulher trabalhadora realiza sua atividade de trabalho duplamente, dentro e fora de casa, além da duplicidade do ato do trabalho, ela é explorada pelo capital, desde logo por exercer, no espaço público, seu trabalho produtivo no âmbito fabril. Mas, no universo da vida privada,ela consome horas decisivas no trabalho doméstico, com o que possibilita a reprodução do capital, criando assim, condições indispensáveis para a reprodução da força de trabalho de seus maridos, filhos/as e de si própria (ANTUNES, 1999, p. 108).
2.2 Violência contra as mulheres
 A violência contra as mulheres é uma manifestação de relações de poder historicamente desiguais entre homens e mulheres que conduziram à dominação e à discriminação contra as mulheres pelos homens e que impedem o pleno avanço das mulheres, como diz a Declaração sobre a Eliminação da Violência contra as Mulheres, Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas, de dezembro de 1993.
 Ao buscar o conceito no Dicionário Aurélio (1999) encontra-se a seguinte definição: “violência é qualquer ato de violentar, ou melhor, usar a força e/ou coerção/coação que causa constrangimento físico ou moral à determinada pessoa”. Conforme Souza (1996, p. 31), a violência é “um fenômeno gerado nos processos sociais, que atinge o âmbito das instituições, grupos e indivíduos, sendo desigualmente distribuída, culturalmente delimitada e reveladora das contradições e das formas de dominação na sociedade”.
 Conforme Saffioti (1992) e Scott, Louro e Meyer apud Meyer (2003) o corpo sexuado é constructo social, a violência contra mulher é decorrente de um fenômeno social e cultural reproduzido em diversos lugares do mundo, determinado por diferentes fatores sociais, econômicos, culturais e políticos, onde a “masculinidade” pode ser atestada, por exemplo, por meio de ações violentas e a “feminilidade” por meio de comportamentos delicados.
 De acordo com o Instituto Noos e Promundo (2012) “alguns homens praticam atos violentos como uma maneira de se impor como homem”, a desigualdade de gênero começa na infância, desde cedo os meninos recebem uma educação machista, são induzidos a valorizar a força física, a dominação e satisfazer seus desejos sexuais. As meninas na infância são incentivadas pela delicadeza, emotividade e fragilidade, são educadas para serem donas de casa, cuidar dos filhos e seguir ordens dos seus maridos. Já os homens, devem ser os chefes da família, poupados das tarefas domésticas e são preparados para trabalhar fora e ao chegar encontrar a casa organizada, isso torna o homem a uma vida pública e a mulher a vida privada. 
 A violência contra a mulher é uma realidade presente na vida das mulheres geralmente em âmbitos privados, tem como agente o machismo e o abuso do poder historicamente do homem sobre a mulher, colocando as mulheres como propriedades em posição inferior aos homens. Por conta disso, muitas situações de violência contra as mulheres foram naturalizadas, sendo representações sociais desiguais, reproduzidas e contínuas socialmente, gerando graves consequências à saúde psicológica e física da mulher. Pensar sobre as posições sociais de “homens” e “mulheres” faz com que se entenda a complexidade existente na afirmação de que “homens estão sempre em vantagem sobre as mulheres”, e que estas “sempre são as prejudicadas ou as que sofrem algum tipo de dano” (CAMPOS, 2011, p. 26). 
 Para Saffioti, “a violência contra mulher inscreve-se no âmbito da violência de gênero. Na violência de gênero, a mediação é o abuso do poder assegurado, no espaço privado, pela ideologia do patriarcado” (2004, p.83). Ainda de acordo com a autora, a violência de gênero se dá por meio da manifestação de relações desiguais de poder entre homens e mulheres, demonstrada na dominação, exploração e opressão masculina sobre a mulher.
 Segundo Moreno (1999) a forma de pensar está fortemente condicionada pela sociedade, por sua cultura e por sua história, daí também decorre que as ideias mais absurdas, sem nenhum correlato com a realidade podem perpetuar-se durante séculos e mais séculos. Sendo assim, mesmo com o passar do tempo ainda existe a ideia de que a mulher ocupa um papel secundário ao do homem, podendo ser justificado pela questão de gênero biologicamente imposta pela sociedade.
 Numa sociedade patriarcal qualquer atitude que possa atingir a virilidade masculina, seja direta ou indiretamente, é utilizada como justificativa para o uso da violência. Ditados populares como “não sei por que estou batendo, mas ela sabe por que está apanhando”, reforçam e permitem que o homem se utilize de atos violentos a fim de “corrigir” determinados comportamentos que não condizem com o “papel” da mulher (CAMPOS, 2011, p. 27). Entende-se que tal atitude é uma forma de justificar e referir à mulher vítima, ou seja, ela traiu, ela está errada, ela usa roupas curtas e por isso são violentadas sexualmente, etc., (SCHRAIBER et al, 2005, p. 55).
2.2.1 As diferentes formas de violência contra a mulher
 A violência contra a mulher é uma questão complexa, que por muitas das vezes envolve uma relação íntima, e as mulheres temem prejudicar seus companheiros, podendo ser chamado de “co-dependência” (SAFFIOTI, 2004) seja emocional, financeira ou passional, além de refletirem nas perdas que os filhos teriam com uma separação. Fatores também como alcoolismo, pobreza e repetição de relações abusivas através de gerações aparecem associados à dinâmica da violência contra as mulheres. O medo e a insegurança causada pelas ameaças e pela violência psicológica impetrada pelo parceiro abusivo também parecem desempenhar importante papel nesta dinâmica (Narvaz e Koller, 2004).
 A violência doméstica é concebida como todo o tipo de violência que inclui membros do grupo, sem função parental, que convivam no espaço doméstico, incluindo pessoas que convivam esporadicamente neste espaço. O ato violento que ocorre fora do ambiente doméstico, mas que é praticado por alguém que mantém com a vítima uma relação de parentesco, amizade e que tenha compartilhado ou esteja compartilhando com ela do mesmo domicílio, também é configurado como “violência doméstica”, visto que o agressor “se vale da condição privilegiada de uma relação de casamento, convívio, confiança, namoro, intimidade, privacidade que tenha ou que tenha tido com a vítima” (AGENDE, 2004, p. 10).
 Violência patrimonial é o ato de violência que implique dano, perda, subtração, destruição ou retenção de objetos, documentos pessoais, bens e valores. Este tipo de violência limita a liberdade da mulher, inclusive o direito de ir e vir, “na medida em que lhe são retirados meios para a própria subsistência” (AGENDE, 2004, p. 13).
 Conforme Ravazzola (1997, 1999) violência conjugal é entendida como violência contra a mulher cometida pelo parceiro no contexto de uma relação afetiva e sexual, independentemente de ser relação estável legalizada. A violência conjugal pode ocorrer tanto no espaço doméstico quanto no espaço urbano. A categoria de violência conjugal abarca as formas de violência física, violência sexual e violência emocional ou psicológica (Corsi, 1997, 2003). Uma vez que nas relações conjugais violentas os agressores são predominantemente do gênero masculino, e as principais vítimas, do gênero feminino, a violência conjugal é também uma forma de violência de gênero (NARVAZ, 2002).
 A violência sexual contra a mulher é mais reconhecida quando praticada por estranhos, o que acaba por encobrir, muitas vezes, aquela ocorrida no âmbito do lar e perpetrada por pessoa íntima. O ato sexual forçado, ou seja, sem a permissão da mulher, é culturalmente considerado “dever conjugal”, sendo a mulher considerada propriedade do homem, “podendo este usar e abusar do seu corpo a seu bel-prazer” (VILHENA, 2009, p. 29), devendo sempre estar à disposição do marido.
 A violência física ocorre quando uma pessoa que está em posição de poder em relação a outra pessoa, causa ou tenta causar dano não acidental, por meio do uso da força física ou de algum tipo de arma que possa provocar ou não lesões externas, internas ou ambas. Atualmente, também é considerada violência a aplicação de castigo, repetido não severo. São considerados atos de violência física: tapas, empurrões, socos, mordidas, chutes, queimaduras, cortes e estrangulamentos, lesões por armas ou objetos,obrigar a tomar medicamentos desnecessários ou inadequados (tais como álcool, drogas ou outras substâncias, inclusive alimentos), tirar de casa à força, arrastar, arrancar a roupa, abandonar em lugares desconhecidos e omitir cuidados e proteção (WERBA, 2002).
 A violência psicológica é entendida como qualquer conduta que lhe cause dano emocional e atinja sua autoestima. Prejuízos e perturbações no seu desenvolvimento enquanto pessoa. Condutas como: degradar, controle de seus atos, seu jeito de ser e expressar, suas crenças e atitudes e o modo como gerencia sua vida caracterizam essa violência.  Chauí (1985, p. 36) afirma que a violência é constituída através de uma violação do direito de liberdade, do direito de expressar-se, de ser sujeito constituinte da própria história.
 A violência simbólica se origina através do consentimento do dominado, que impõe a submissão às mulheres, encontra seus princípios basilares nas divisões espaciais, entre espaços femininos e masculinos, além de ser algo incutido nas mentes das pessoas. “A aquiescência desta forma de dominação parece que faz parte do imaginário social, como algo ‘natural’, ou seja, ‘o universo masculino se impõe sob a forma de evidências, do isto é assim’” (BOURDIEU, 1996, p. 31). Para que haja uma transformação dessa estrutura, além do conhecimento, é indispensável um trabalho educativo que venha desconstruir afirmativas de que o homem é superior à mulher.
	redes de atendimento a mulher
A “violência contra a mulher” foi um tema bastante difundido a partir da década de 1970 no cenário mundial, quando pesquisadores (as) feministas criaram a terminologia não só para abarcar as múltiplas faces da violência sofrida dentro da família, mas também em outras situações, como prostituição forçada, tráfico de mulheres, estupro, etc. No Brasil, no início da década de 1980, o tema tornou-se a principal bandeira levantada pelos movimentos feministas. A partir da realização desses estudos, se buscou “apontar para a violência como um problema de violação de direitos das pessoas, fazendo que ganhe visibilidade e seja estudada no campo do direito” (SCHRAIBER et al, 2005, p. 30). No entanto, a violência contra a mulher deixou de ser algo particular e passou a ser debatida coletivamente.
 	Segundo Saffioti (1995, p. 272) as diferenças supõem outra face da identidade, onde os eixos de distribuição de conquista e poder se dão através das dessemelhanças referentes a gênero, etnia e classe, admitindo-se uma essência diferenciada entre homens e mulheres. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988 houve um grande avanço em relação à luta das mulheres, nas leis e nos mecanismos para combate à violência doméstica, possibilitando exigências dos poderes públicos e implementação de direitos constitucionais que garantam à mulher uma vida sem violência. Neste sentido, o Estado Brasileiro como signatário das convenções internacionais de proteção dos Direitos Humanos das Mulheres, assumiu uma série de compromissos voltados para a questão das mulheres, além de implantar políticas públicas de prevenção e combate as múltiplas formas de violência praticadas no âmbito público e privada.
De acordo com a Lei Maria da Penha nº 11340/2006 Art. 2º Toda mulher, independentemente de classe, raça, etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacional, idade e religião, goza dos direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as oportunidades e facilidades para viver sem violência, preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral, intelectual e social. Com a Lei Maria da Penha a violência doméstica deixou de ser um crime de menor potencial ofensivo, a pena máxima passou a ser de três anos de detenção, e o afastamento do agressor pode ser solicitado através de medidas protetivas quando a mulher está em situação de risco, se as medidas forem desobedecidas, é admitido o pedido de prisão preventiva do agressor. São nas redes de serviços de atendimento à mulher que serão realizados os procedimentos para alcançar o rompimento do ciclo da violência, a rede de atendimento à mulher em situação de violência está dividida em ações e serviços nas áreas da saúde, justiça, segurança pública e assistência social. É composta por serviços especializados, como os Centros de Referência de Atendimento à Mulher (CRAM) e os Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), e não-especializados, como os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS).
O conceito de rede de enfrentamento à violência contra as mulheres diz respeito à atuação articulada entre as instituições/serviços governamentais, não-governamentais e a comunidade, visando ao desenvolvimento de estratégias efetivas de prevenção e de políticas que garantam o empoderamento e construção da autonomia das mulheres, os seus direitos humanos, a responsabilização dos agressores e a assistência qualificada às mulheres em situação de violência. Portanto, a rede de enfrentamento tem por objetivos efetivar os quatro eixos previstos na Política Nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres - combate, prevenção, assistência e garantia de direitos - e dar conta da complexidade do fenômeno da violência contra as mulheres (SECRETARIA DE POLÍTICA PARA AS MULHERES, 2011, p.13).
Faleiros (2001) diferencia entre as redes primárias e secundárias e ressalta a importância de sua articulação na formulação de estratégias para o enfrentamento das expressões da questão social. No entendimento do autor, as redes sociais primárias são constituídas por todas as relações significativas que uma pessoa estabelece cotidianamente ao longo da vida. Cada pessoa é o centro de sua própria rede, que é composta por familiares, vizinhos, pessoas amigas, conhecidas, colegas de trabalho, organizações das quais participa: políticas, religiosas, sócio-culturais, dentre outras. A socialização dos seres humanos começa desde a infância e já nesse momento a rede de relacionamentos que a criança vai construindo a sua volta é importante para o desenvolvimento da identidade individual e coletiva. Já as redes sociais secundárias seriam aquelas formadas por profissionais e funcionários de instituições públicas ou privadas; organizações sociais, organizações não governamentais, grupos organizados de mulheres, associações comunitárias e comunidade. Estas teriam o dever de fornecerem atenção especializada, orientação e informação.
As redes sociais permitem o exercício da solidariedade em situações diversas, principalmente em casos específicos de violência doméstica. Cada usuária é o centro de sua própria rede que além dela passa a ser constituída pelos familiares, vizinhos, pessoas amigas, conhecidas, colegas de trabalho, entre outras. A socialização dos seres humanos começa desde a infância e já nesse momento a rede de relacionamentos que a criança vai construindo a sua volta é importante para o desenvolvimento da identidade individual e coletiva (DUARTE, 2003, p.45).
No início dos anos 90, a área da saúde e da assistência passou a realizar novas ações e abordagens para o problema da violência doméstica contra a mulher. Camargo e Aquino (2003) esclarecem que foi somente a partir deste momento que os serviços de saúde passaram a adotar políticas visando diagnosticar o problema e oferecendo atenção à saúde nos casos de violência sexual, violência contra as crianças e outros agravos. Também surgiram, nesta década, as primeiras casas-abrigo reivindicadas pelo movimento de mulheres e apoiadas pelas próprias Delegacias, uma vez que as providências policiais e jurídicas eram burladas pelos agressores e, muitas vezes, as denunciantes sofriam violência maior como castigo por sua iniciativa. (CAMARGO E AQUINO, 2003, p.41).
O grande número de denúncias e manifestações coletivas ocorridas em vários países, nas últimas décadas, desencadeou um processo que tirou a violência contra a mulher do âmbito doméstico, tornando pública (Grossi, Tavares & Oliveira, 2008). Em 1985, foi criada em São Paulo a primeira delegaciaespecializada no atendimento à mulher. Atualmente, são mais de 300, em praticamente todos os Estados do Brasil, com diferentes denominações: Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), Delegacia para a Mulher (DM) e Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (DEAM). Apesar dessas diferenças, estudos apontam que o perfil das usuárias é semelhante, bem como as representações dos policiais sobre seu trabalho e sobre o público atendido (Debert & Oliveira, 2007). Segundo Rifiotis (2004), o tipo de atividade que efetivamente se desenvolve nas delegacias especializadas vai além de criar condições para a resolução de conflitos conjugais. Monteiro (2005) salienta que o momento do registro de ocorrência é singular. A mulher que decide denunciar necessita de apoio e acompanhamento, pois nem sempre está pronta para sair da situação de violência.
	os desafios da atuação do serviço social frente à problemática da violência contra a mulher
Na percepção de Machado da Silva (1996) é da responsabilidade da esfera pública aplicar políticas sociais que enfraqueçam esta sociabilidade que alimentam os conflitos interpessoais. A intervenção do profissional do Serviço Social no enfretamento a violência contra a mulher se dá por meio da elaboração de propostas que tem por objetivo atuar na redução da desigualdade, na esfera da prevenção e combate à violência, tendo em vista que a violência é um fenômeno multidimensional sendo em sua maioria praticado no mundo privado, porém tornou-se um problema de tratamento e dever público.
A atuação do Serviço Social se insere no Estado enquanto espaço contraditório na mediação de interesses dos usuários(as) e dos empregadores no contexto de hegemonia do sistema capitalista-patriarcal-racista, no qual é colocado para os(as) assistentes sociais o desafio de estabelecer alianças com o projeto feminista de emancipação das mulheres em situação de violência, uma vez que os ideários feministas estão em consonância com o projeto ético-político-profissional materializado, dentre outros princípios, na “opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação-exploração de classe, etnia e gênero”, conforme preconiza o Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais (CFESS – Código de Ética Profissional, 1993).
As políticas sociais se constituem como um campo contraditório, pois, ao mesmo tempo em que garantem o atendimento de necessidades concretas da população usuária, configuram-se como instrumento que assegura a reprodução do capital via garantia da força de trabalho, amenizando os conflitos de classe. Desta forma, configuram-se como respostas do Estado frente às demandas da sociedade, expondo suas necessidades e expressando seu poder de pressão no sentido de divulgar tais necessidades, ou seja, são estratégias criadas pelo Estado para amenizar as situações mais graves, de modo a impedir o desastre total do sistema capitalista (TONET, 2009).
A problemática da violência contra a mulher, especialmente, nas últimas décadas, ganhou espaço nas discussões acadêmicas e, mais gerais, adentrou o campo da intervenção do Serviço Social, mediante o planejamento, a formulação e a execução de políticas públicas de prevenção e combate a violência contra a mulher, nos diversos espaços sócio-ocupacionais em que se insere (INÁCIO, 2010, p.4).
	 “A violência impune humilha as mulheres e destrói seu amor próprio” (FARIA e NOBRE, 1997, p.19). Um dos grandes desafios no enfrentamento da violência contra a mulher é a efetivação de uma rede de serviços que agregue os diferentes programas e projetos, consolidando uma política social de atendimento, pois os serviços existentes ainda não conseguem atender as mulheres, de forma integral, nem efetivar mudanças nos valores sexistas que permeiam as relações sociais.
A desresponsabilização do Estado frente à garantia dos direitos dos cidadãos traz repercussões nas relações de trabalho e nas profissões, exigindo redefinições em termos de competências frente às novas problemáticas que demandam o trabalho profissional (LISBOA; PINHEIRO, 2005, p.203). O atual contexto é bastante desafiador, porém compreende-se que a organização política das mulheres aliada a outros sujeitos sociais em prol da expansão e universalização das políticas públicas, dentre eles, a categoria dos(as) assistentes sociais, pode provocar importantes mudanças na intervenção do Estado, no que tange às respostas às demandas da população, em especial, das mulheres em situação de violência.
Conforme Iamamoto (1999, p.89) o momento presente desafia os(as) assistentes sociais a se qualificarem para acompanhar, atualizar e explicar as mudanças que ocorrem na realidade social. Entre as novas competências exigidas está a produção de conhecimento acerca da complexa realidade em que cada profissional se insere em diferentes espaços sócio ocupacionais, visando dar suporte a sua intervenção.
Os estudos e debates que envolvem a relação Serviço Social e Gênero demonstram uma série de desafios para o seu aprofundamento, sendo, indispensável à incorporação das categorias gênero e patriarcado para o processo contínuo de afirmação de seu projeto ético-político-profissional. Dessa forma, os (as) assistentes sociais intervêm sobre as variadas expressões da questão social, é imprescindível o conhecimento da realidade em que atua (BEHRING 2009, p.276).
O Assistente Social trabalha tendo que pensar de forma propositiva para a superação das desigualdades sociais, não adotando uma postura conservadora, e assim, buscando por meio de uma intervenção pautada em preceitos ético-políticos, construídos coletivamente. O projeto ético político profissional afirma a necessidade de pensar e repensar o cotidiano de forma totalizante, tendo em vista que o profissional de Serviço Social está inserido no contexto Neoliberal e sofre a mesma problemática que os demais trabalhadores. Iamamoto afirma que “o cotidiano da vida em sociedade, envolve a reprodução do modo de produção”. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2006 p. 722).
	CONsiderações finais
As expectativas criadas em torno da mulher, se dá pelas obrigações que está enraizado em uma cultura machista, marcado pela retração do Estado nos investimentos sociais, e faz surgir uma série de desafios para a materialização dos direitos sociais das mulheres em situação de violência. Além das lutas contra a lógica patriarcal de gênero, o contexto demanda uma articulação em prol da superação da sociabilidade capitalista, pois, à medida que essa sociedade se perpetua, se intensificam a opressão das mulheres.
Apesar da existência das instituições e órgãos destinados a tratar da proteção da mulher, com seus mecanismos para coibir a violência, ainda há muitos desafios para serem enfrentados até colher-se os frutos conquistados com a Lei Maria da Penha e com o funcionamento dos serviços em rede, devido à falta de profissionais capacitados para o atendimento às mulheres em situação de violência, além da própria precarização dos serviços públicos que impacta no atendimento a essas mulheres.
Nesse sentido, é fundamental a intervenção dos assistentes sociais comprometidos com o projeto ético-político-profissional nos processos de reivindicação, planejamento e execução de políticas públicas de prevenção e combate a essa forma de violência. Levando em consideração que a referida Lei estabelece ao Estado a responsabilidade de realizar políticas capazes de promover mudanças para a superação das desigualdades entre homens e mulheres.
O objetivo principal deste trabalho foi o estudo em busca de alternativas que possam contribuir para o enfrentamento da cultura do machismo que envolve a violência contra a mulher. Dessa forma, levando-se em conta os aspectos sociais por serem elementos considerados relevantes e por se manifestarem no cotidiano de homens e mulheres nas relações sociais, no sentido de estimular novas possibilidades de atuação profissional nas políticas públicas voltadas para o enfrentamento da violência.
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