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Paciente Avó Materna Identificação: • Mulher de 77 anos • Data de nascimento 18/02/1942 • Branca • Aposentada • Viúva • Católica • Natural e procedente de São Paulo • Ensino médio completo Queixa e Duracão (QD) : Falta de ar há 3 meses História pregressa da moléstia atual (HPMA): • Paciente relata dispneia progressiva há 3 meses, no início aos moderados esforços, mas atualmente aos pequenos esforços como tomar banho ou andar de um cômodo para outro da casa; • Apresenta ortopneia e dispneia paroxística noturna necessitando dormir com 2 travesseiros. Associado ao quadro refere cansaço progressivo, atualmente aos pequenos esforços e edema de MMII; • Nega angina, nega palpitações e nega síncope. Inquérito sobre os diversos aparelhos (ISDA): • Pele e anexos: sem queixas; • Cabeça e pescoço: relata diminuição da acuidade visual há 6 meses; • Aparelho cardiovascular: informações apresentadas no HPMA; • Aparelho respiratório: informações apresentadas no HPMA; • Aparelho gastrointestinal (GI): relata hematoquezia esporádica há 6 meses; • Aparelho genitourinário (GU): relata incontinência urinária há 10 anos e noctúria há 1 ano; • Aparelho locomotor: relata artralgia nos 2 joelhos há 5 anos e edema de MMII há 3 meses; • Sistema nervoso e psiquismo: relata insônia eventual. Antecedentes pessoais: • Diabética há mais de 20 anos; • Hipertensa há mais de 20 anos; • Nega dislipidemia; • Nega cirurgias; • Internações apenas para ter filhos; • Tomou vac ina de in f luenza e pneumococo na última campanha; • Não sabe relatar demais vacinas; • Não trouxe carteira vacinal; • M e d i c a ç õ e s d e u s o r e g u l a r : metformina 850 mg 3 x dia, glicazida 30 mg 1 x dia, enalapril 20 mg 12/12 e hidroclorotiazida 25 mg; • Faz uso esporádico de paracetamol para a artralgia. Hábitos e vícios: • Nega tabagismo; • Nega etilismo; • Nega uso de drogas ilícitas; • Faz caminhadas irregulares devido a dor nos joelhos. Condições de moradia: • Mora com os pais, 1 irmão e avó materna; • Apartamento de 3 quartos na zona Sul de São Paulo. Antecedentes familiares: • Pais falecidos de causas naturais. Não sabe relatar os diagnósticos; • Duas irmãs. A primeira com HAS e DM. A segunda com CA de colón curado. Exame físico: • Sinais vitais: PA 159x93 mmHg (MSD), PA 142x92 mmHg (MID), FC 72 bpm, FR 18 ipm, T 36,2°C, Sat. O2 94% em ar ambiente, circunferência abdominal (CA) 93 cm, IMC 29 Kg/m 2 , índice tornozelo-braquial (ITP) 0,89. • Bom estado geral, descorada +1/4, hidratada, acianótica, anictérica, afebril. • Consciente e orientada no tempo e no espaço. Sem déficits motores. • A p a r e l h o r e s p i r a t ó r i o : t ó r a x normolíneo, frêmito toracovocal e broncofonia reduzidos nas bases pulmonares. Apresenta estertores finos nos terços médios de ambos os pulmões e redução do murmúrio vesicular nas bases. • Aparelho cardiovascular: Apresenta turgência jugular a 45°. Íctus no 6 espaço intercostal desviado para a e s q u e r d a . B u l h a s r í t m i c a s normofonéticas em 2 tempos com sopro sistólico, regurgitativo em foco mitral. • Abdome flácido, globoso, indolor à palpação superficial e profunda. Não apresentava tumorações palpáveis e nem visceromegalias. • Extremidades: boa perfusão periférica, pulsos reduzidos em MMII, edema +2/4 em MMII. Exames complementares: • Hemograma: hemoglobina 10,0 g/dL, • hematócrito 30 %, • VCM 66 fL, • leucócitos 4.500 µL sem desvio a esquerda, • plaquetas 156.000 µL, • creatinina 1,1 mg/dL, • uréia 44 mg/dL, • Na + 132 mEq/L, • K + 4,2 mEq/L • função tireoidiana normal. Hipóteses diagnósticas • Síndrome de insuficiência cardíaca. • Síndrome anêmica (Neoplasia do gastrointestinal?) • Síndrome metabólica • Sobrepeso • Insuficiência arterial periférica • Hipertensão arterial sistêmica • Diabetes melito ‘lsafms;ldmfl;sdmf;lsd SCAPS • Família residente na Zona Sul de São Paulo, na casa residem 5 pessoas Pai, mãe, duas crianças e a avó materna. Atualmente a filha encontra-se preocupada com a saúde de sua mãe, 77 anos, com diagnóstico de DM e HAS, está com sobrepeso. Para a manutenção adequada da saúde e modificar o curso natural de uma doença, é necessário conhecimento sobre a História Natural da Doença (HND). Desta forma cite 3 itens que qualificam a importância da HND? É necessário o conhecimento sobre a História Natural da Doença, pois a mesma nos permite apontar diferentes métodos de prevenção e controle, servindo de base para a compreensão de situações reais e especificas, tornando operacionais as medidas de prevenção, e podemos definir prevenção como ações que podem ser tomadas para in- terromper a evolução de uma doença ou evitar que ela aconteça, sendo tal fato demonstrado e estudado através da Historia Natural da Doença. • A atenção básica é coordenadora do cuidado na rede de atenção à saúde. Sua gestão compreende a territorialização e análise da situação de saúde; planejamento, programação, acompanhamento, monitoramento e avaliação; gestão de pessoas, do trabalho e da Educação em saúde; gerência de unidades assistenciais; apoio técnico e administrativo, logística de transportes, gestão de materiais e estoques, inclusive de medicamentos; gestão financeira; gestão de sistemas de informação, inclusive as atividades de alimentação das bases de dados oficiais; gestão participativa; ações Inter setoriais; articulação intra-rede de saúde e demais ações administrativas e gerenciais. Cabe à Atenção Básica desenvolver as seguintes ações e serviços, quais são desenvolvidos para a Saúde do Idoso: Proposta de Modelo de Atenção Integra, que tem por objetivo orientar a organização do cuidado ofertado à pessoa idosa no âmbito do SUS, potencializando as ações já desenvolvidas e propondo estratégias para fortalecer a articulação, a qualificação do cuidado e a ampliação do acesso da pessoa idosa aos pontos de atenção das Redes de Atenção à Saúde. Algumas iniciativas integradas são importantes para se conhecer as vulnerabilidades desse grupo populacional, como a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, o Caderno da Atenção Básica (CAB 19) e a capacitação dos profissionais. O desafio consiste em incluir a discussão sobre o envelhecimento da população brasileira nas agendas estratégicas das Políticas Públicas. No âmbito da Saúde, o desafio é ampliar o acesso, incluir e/ou potencializar cuidado integral, concretizar ações intersetoriais nos territórios com foco nas especificidades e demandas de cuidado da população idosa. Cabe destacar que o cuidado à Saúde da Pessoa Idosa apresenta características peculiares quanto à apresentação, instalação e desfechos dos agravos em saúde, traduzidas pela maior vulnerabilidade a eventos adversos, necessitando de intervenções multidimensionais e multissetoriais com foco no cuidado. • Em relação aos exames de Raio X e eletrocardiograma realizados em um serviço especializado. A paciente utilizou qual nível de atenção? Ao ser encaminhada para serviço especializado, a paciente em questão se encontra dentro do nível secundário de atenção básica FARMACOLOGIA • Justifique a associação de metformina com glicazida, tendo como base seus mecanismos de ação. metformina: age inibindo a formação de gliconeogenese no fígado(ou seja formação de glicose pelo fígado).A glicazida é da classe de Sulfonilrueias, ou seja, classe secretagoga de insulina, age no pâncreas mais precisamente na celular beta inibindo a ação KATP, promovendo a despolarização, a entrada ce CA2+ e secrecacao de insulina.Os dois em conjunto diminuem a glicose circulante no sangue. • Caso seja confirmada a insuficiência cardíaca, qual seria a vantagem em se utilizar o enalapril, além do controle pressórico? O enalapril é um bloqueador da enzima ECA, convertedora de angiotensina I em angiotensina II. Oenalapril é eficiente na diminuição da pré e pós carga • Sabe-se que o uso de inibidores da ECA está associado ao surgimento de tosse em parcela significativa dos pacientes. Qual o mecanismo mais aceito para explicar este efeito colateral? Caso isto aconteça com esta paciente, qual o anti-hipertensivo de escolha em substituição aos IECA? O mecanismo é por acumulo de caninas, principalmente a bradicinina por inibição da cininase.A bradicinina causa vasodilatação e aumento de permeabilidade presentes também durante a inflamação.O outro anti-hipertensivo pode ser um IBRA, antagonista dos receptores de angiotensina 2, pode ser usado o losartana. • Diante do relato de sobrepeso, discuta um possível efeito dos fármacos antidiabéticos sobre o peso do paciente. Aumento do apetite, levando a um ganho ponderal de massa, ou seja, aumento de peso. Paciente Pai Identificação Homem, 55 anos, pardo, natural e procedente de São Paulo, empresário e católico. Queixa e duração (QD) • aumento de volume abdominal há 3 meses. História pregressa da moléstia atual (HPMA) • paciente etilista de longa data, refere que há 3 meses começou a apresentar aumento progressivo de volume abdominal acompanhado de leve icterícia, sem colúria e ou acolia fecal • também relata estar mais sonolento durante o período diurno há 1 mês. • Nega emagrecimento ou sangramentos. Inquérito sobre os diversos aparelhos (ISDA): • Cabeça e pescoço: amarelamento das escleras. • Pele e anexos: icterícia há 3 meses. • Aparelho respiratório: sem queixas. • Aparelho cardiovascular: sem queixas. • Aparelho digestório: aumento de volume abdominal (vide HPMA), nega alterações do hábito intestinal. • Aparelho genitourinário: refere disúria e diminuição do jato urinário há 1 ano. Aparelho locomotor: sem queixas. • Sistema nervoso e psiquismo: refere alteração do sono, mais sonolento durante o período diurno (vide HPMA) há 1 mês. Antecedentes pessoais: • Hipertenso há 20 anos. • Medicações: hidroclorotiazida 25 mg ao dia e anlodipino 5 mg ao dia. • Nega internações e cirurgias prévias. • Nega dislipidemia e diabetes. • Não sabe relatar dados de carteira vacinal. Hábitos e vícios: • Etilista 1 litro de vodka ao dia há 15 anos. • Tabagista 30 anos maço. • Sedentário. Condições de Moradia: • Mora com a esposa, a sogra e os 2 filhos. • Apartamento de 3 quartos na zona Sul de São Paulo. Antecedentes familiares: • Pai falecido de acidente de carro. • Mãe viva com HAS e DM. • Filho único. Exame físico: • PA 110 x 80 mmHg, FC 80 bpm, FR 20 ipm. • Geral: regular estado geral, hidratado, descorado 1+/4+, ictérico 2+/4+, afebril. • Neurológico: desorientado temporalmente, Glasgow 14, presença de flapping de extremidades: (https://www.youtube.com/ watch?v=RrR-EtVZLf4). Ausência de alterações de força motora e de nervos cranianos. Presença de hipoestesia de membros inferiores em padrão de bota. • Cardiovascular: íctus palpável no 5 espaço intercostal na linha hemiclavicular esquerda, ritmo cardíaco regular em 2 tempos, com bulhas normofonéticas, sem sopros. • Respiratório: tórax normolíneo, expansibilidade preservada, frêmito toracovocal presente, percussão som claro pulmonar em todos os campos pulmonares, murmúrio vesicular presente em todos os campos pulmonares. • Abdome: aumento do volume abdominal com presença de circulação colateral ruídos hidroaéreos presentes e sem alterações, presença de submacicez em flancos e hipogástrio. Espaço de Traube ocupado. Sinal de piparote positivo, macicez móvel e semicírculo de Skoda presentes. Fígado palpável há 1 cm do rebordo costal direito, baço não palpável. • Toque retal: próstata fibroelástica, lisa, sem nodulações e com aumento importante. Ausência de sangramentos. • Extremidades: edema de membros inferiores +2/+4 e petéquias. Hipóteses diagnósticas: • Etilista crônico. • Síndrome de insuficiência hepática crônica – hepatopatia alcoólica. • Síndrome de hipertensão portal – cirrose hepática alcoólica. • Prostatismo a esclarecer. Exames Complementares: • Hemoglobina 9,2g/dL (VR 12-15) Hematócrito 32 % (VR 36-47) VCM 110 fL (VR 80-96) HCM 26 pg (VR 23-34) • Leucócitos 4000 µL (70% segmentados) (VR 5-10 mil) Plaquetas 65.000 µL (VR 140-150 mil) INR 1,8 (VR < 1,1) Ureia 40mg/dL (17-45 mg/dL), creatinina 1mg/dL (VR 0,7-1,2 mg/dL) TGO 98 U/L (VR < 37 U/L) TGP 60 U/L (VR < 41 U/L) • FA 110 (VR 65-260 U/L) Gama GT 600 U/L (VR 10-66 U/L) Albumina 2 mg/dL (VR 3-5,4 mg;dl) • Gradiente soro-ascite de albumina:1,3 mg/ dL (> 1,1 tem 97% de chance de ter como etiologia hipertensão porta) SCAPS • Com relação à história Natural de Doenças, qual a fase que este paciente se encontra? O pai possui hipóteses diagnosticas de 1) etilista crônico 2) síndrome de insuficiencia hepática crônica – hepatopatia alcoólica. 3) síndrome de hipertensão portal – cirrose hepática alcoólica. portanto, com relação a Historia Natural de Doenças, podemos considerar este paciente em período patogênico/ clínico, na fase de de incapacidade residual, que corresponde à adaptação ao meio ambiente como as sequelas produzidas pela doença e/ou ao controle (estabilização) das manifestações clínicas das doenças crônicas. • Com relação ao estado do paciente, existem três hipóteses diagnósticas. É fundamental que seja realizada uma prevenção para evitar complicações neste paciente. Conforme o modelo de Leavell e Clark, qual o nível de prevenção a ser empregado para esse paciente? Entende-se prevenção terciária sendo como: a ação implementada para reduzir em um indivíduo ou população os prejuízos funcionais consequentes de um problema agudo ou crônico, incluindo reabilitação, portanto o paciente do caso necessita de ações de intervenção terciária. • No histórico familiar deste paciente, há relatos de que a mãe possui HAS e DM que são consideradas Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT). Cite 3 fatores modificáveis para DCNT a fim de evitar que esse paciente desenvolva complicações. As doenças crônicas não transmissíveis podem estar associadas a hábitos de vida indevidos, tais como: alimentação inadequada, uso abusivo de álcool, tabagismo, sedentarismo e obesidade, alem de desigualdades sociais, baixa qualidade de vida, baixa escolaridade, falta de acesso à informação e o fato de pertencer a grupos vulneráveis são condições que também devem ser consideradas na abordagem às DCNT, no caso do paciente em questão e seu histórico familiar é importante orienta-lo e auxiliado sobre a necessidade de tratamento do etilismo que pode predispor inúmeras doenças, necessidade de suspensão do uso de cigarros e necessidade de atividades físicas juntamente com alimentação equilibrada e saudável. FARMACOLOGIA • Em relação aos anti-hipertensivos em uso pelo paciente, explique seus respectivos mecanismos de ação e de que forma eles contribuem para a redução da pressão arterial. Hidroclorotiazida - Mecanismo de ação https://pt.wikipedia.org/wiki/Doen%C3%A7a_cr%C3%B4nica A hidroclorotiazida atua diretamente sobre os rins, aumentando a excreção de cloreto de sódio e, consequentemente da água. Além disso, aumenta a excreção de potássio. Seu efeito é atribuído ao bloqueio do cotransporte de Na+ e Cl- eletroneutrons, resultando que 90% no sódio filtrado é reabsorvido antes do líquido tubular chegar ao local de ação das tiazidas. Anlodipino - mecanismo de ação. A anlodipina é um fármaco vasodilatador. Sua ação é exercida através do bloqueio da entrada de íons de cálcio nas células musculares dos vasos sanguíneos. Esse bloqueio dos canais de cálcio provoca um relaxamento dos vasos sanguíneos, que, por sua vez, causa uma vasodilatação e redução da resistência vascular periférica, levando à redução da pressão arterial. • Como a hipoalbuminemia apresentada pelo paciente pode impactar no efeito dos fármacos em uso? Fármacospodem competir entre si pelos sítios de ligação proteica, sendo deslocado o que tem menor afinidade pelos mesmos, ficando, consequentemente, com a fração livre aumentada no plasma. Também pode ocorrer que ao ligar-se à proteína altere a estrutura terciária desta, alterando, assim, a afinidade da proteína por outras substâncias. • Tendo em vista que uma das hipóteses diagnósticas é a síndrome de hipertensão portal/cirrose hepática alcoólica, discuta a utilização de betabloqueadores não- seletivos na profilaxia da hemorragia digestiva alta e quais os riscos associados a este uso. Os beta-bloqueadores não seletivos atuam na prevenção da hemorragia digestiva alta, pois reduzem a FC e consequentemente a pressão no sistema porta, diminuindo a pressão sanguínea no interior das varizes e o risco de sangramento. Contudo, durante um episódio de hemorragia o coração precisa aumentar a sua freqüência para contrabalançar a perda de sangue e manter o fluxo do mesmo para os tecidos, nesses casos a administração de beta bloqueadores aumenta o risco de choque hemorrágico grave. Os principais efeitos colaterais do tratamento são queda de pressão arterial, fraqueza, sonolência e descompensação do diabetes. Eles são parcialmente contra-indicados em pacientes com broncoespasmo (asma e bronquite) pelo risco de piora do quadro pulmonar. • O tratamento da ascite envolve “restrição alimentar de sódio a <2 g/dia e o uso de diuréticos (...). Uma combinação de espironolactona e furosemida é geralmente iniciada e administrada uma vez durante a manhã, e não em doses fracionadas” (https://bestpractice.bmj.com/topics/pt-br/278/ management-approach). Explique a vantagem da associação de diuréticos proposta acima. A vantagem de associar dois diuréticos de diferentes classes é que eles vão atuar para a mesma finalidade só que em mecanismos diferentes, potencializando o efeito! A furosemida é um diurético de alça com início de ação rápido e de curta duração, que inibe o cotransportador Na+/K+/2Cl− no ramo ascendente espesso da alça de Henle. A ação diurética resulta da inibição da reabsorção de cloreto de sódio neste segmento da alça. A eliminação de sódio e água aumenta a eliminação de K+ e H+. Já a espironolactona inibe competitivamente a ligação da aldosterona ao seu receptor citoplasmático no final do túbulo distal e sistema renal coletor. Consequentemente, a aldosterona ligada a este receptor é incapaz de penetrar no núcleo da célula, assim prevenindo a síntese da chamada aldosterona induzida por proteínas que abrem os canais de sódio na membrana celular luminal. Resultando na redução de reabsorção de sódio e redução da excreção de potássio (poupando o potássio). Paciente Mãe Identificação Paciente do sexo feminino, 45 anos, branca, publicitária, procedente e residente em São Paulo - SP, casada, católica. Queixa e duração • dor na barriga e náuseas há 4 meses. História pregressa da moléstia atual • Paciente refere que há 4 meses apresentou episódio de dor na parte superior do abdome, tipo uma cólica, acompanhada por forte enjôo, mas não chegou a vomitar, após ter ido à um churrasco de confraternização na agência que trabalha. Tomou remédio para cólica e outro para vômito e melhorou. Permaneceu com um desconforto leve na região, mas não se preocupou muito. • Há 5 dias, cerca de 1 hora após ter almoçado uma feijoada teve dor tipo cólica, forte intensidade, que durou umas 3 horas. Na hora ficou muito enjoada e vomitou líquido esverdeado. No momento, está com leve desconforto no abdome, mas permanece enjoada e só está conseguindo tomar líquidos e comer alimentação leve. • Nega viagens recentes. Interrogatório dos diversos aparelhos • Pele e anexos: pele oleosa e acne. • Cabeça e pescoço: sem queixas. • Aparelho cardiovascular: sem queixas. • Aparelho respiratório: sem queixas. • Aparelho digestório: constipação intestinal desde a infância. • Aparelho genitourinário: sem queixas. • Aparelho locomotor: sem queixas. • Sistema nervoso e psiquismo: refere ansiedade e dificuldade em dormir por estresse no trabalho e preocupações com a saúde dos familiares. Notou melhora do sono nos dias em que usou o medicamento para o controle do vômito. O mesmo acontece quando utiliza o antialérgico. Antecedentes pessoais: • Ganho de peso progressivo (25 kg) há 10 anos. Cerca de 15 kg nos últimos 2 anos. • Gesta 2, cesárea 2 • Usa DIU. • Rinite alérgica, que a leva a utilizar com grande frequência descongestionantes nasais. • Nega uso de medicamentos contínuos. • Nega internações ou outras cirurgias. Hábitos e vícios: • Faz hidroginástica duas vezes na semana. • Nega tabagismo, etilismo e uso de drogas. Condições de Moradia: • Mora com o marido, a mãe e os 2 filhos. • Apartamento de 3 quartos na zona Sul de São Paulo. Antecedentes Familiares: • Mãe, 77 anos, com diabetes mellitus e hipertensão arterial sistêmica. • Pai falecido aos 78 anos por câncer de próstata. • Avós maternos falecidos de causas naturais. Não sabe dos diagnósticos. • Avó paterna era hipertensa e faleceu por acidente vascular encefálico. • Avô paterno era hipertenso, faleceu dormindo aos 89 anos. Exame Físico: • Bom estado, corada, hidratada, acianótica, anictérica, afebril, obesa. Temperatura axilar 36,2°C, PA 136x86 mmHg, FC 94 bpm, FR 16 ipm Peso 92 kg, Altura 1,67 m, CA 120 cm, IMC 33,81 Kg/m2. • Cabeça e pescoço: Facies arredondada, rósea. • Cardiovascular: íctus não palpável, ritmo cardíaco regular em 2 tempos, com bulhas normofonéticas, sem sopros. • Respiratório: tórax brevilíneo, expansibilidade preservada, frêmito toracovocal presente, percussão som claro pulmonar em todos os campos pulmonares, murmúrio vesicular presente em todos os campos pulmonares. • Abdominal: abdome globoso, com cicatriz cirúrgica em baixo ventre, espaço de Traube timpânico, doloroso à palpação superficial e profunda em hipocôndrio direito, fígado não palpável, ruídos hidroaéreos universalmente audíveis. • Extremidades bem perfundidas, pulsos palpáveis e simétricos, sem edemas. Hipóteses diagnósticas: • Colecistopatia calculosa crônica. • Doença do refluxo gastroesofágico • Síndrome dispéptica • Obesidade. Exames complementares: Laboratório: • Hemoglobina 13,2 g/dl, hematócrito 40,4%, leucócitos 8500 µL com diferencial normal, plaquetas 200.000 µL. • Glicemia de jejum 102 mg/dL • Colesterol total 260 mg/dL • LDL 166 mg/dL • HDL 59 mg/dL • TG 290 mg/dL • ALT 36 U/L • AST 64 U/L • gama GT 112 U/L • Fosfatase alcalina 152 U/L • Bilirrubinas totais 1,2 mg/dL, BD 0,8 mg/dL e BI 0,4 mg/dL Proteina C reativa 0,05 mg/ L • Ureia 34 mg/dL e creatinina 0,9 mg/dL • Sorologias para hepatites A,B e C não reagentes. AntiHBs > 700U (vacinação) Radiografia de tórax PA Ultrassonografia do abdome: Laudo • Fígado com dimensões normais, contornos regulares e margens finas. Parênquima com ecogenicidade discretamente aumentada, sem lesões focais. Veias porta e esplênica sem alterações. • Vesícula biliar de forma, contornos normais. Paredes discretamente espessadas. Presença de múltiplos cálculos móveis, que perfazem sombra acústica posterior. Não há dilatação de vias biliares intra ou extra-hepáticas. • Pâncreas de dimensões, contornos e textura habituais. Não há dilatação de ducto pancreático principal. • Baço com dimensões normais sem alteração da ecotextura. • Aorta e veia cava inferior sem alterações. • Rins tópicos, com dimensões normais, contornos regulares. Parênquima com espessura e ecogenicidade habituais. Sem evidência de cálculos. • Bexiga com boa distensibilidade, espessura de paredes normal e contornos regulares. • Ausência de líquido livre na cavidade abdominal. Conclusão: • Colecistopatia litiásica sem sinais de colecistite. • Sinais de esteatose hepática. Endoscopia digestiva alta • Esôfago –forma, calibre, distensibilidade preservada. Mucosa íntegra em toda a sua extensão. Transição esôfago-gástrica no nível do pinçamento diafragmático, sem hernias. • Estômago – Forma, volume e distensibilidade conservados. Lago mucoso claro em pequena quantidade. Pregueado mucoso normal. Mucosa de fundo sem alterações. Mucosa de antro com enantema moderado. Pequena curvatura normal. Piloro íntegro e centrado. Sem anormalidades à retrovisão. • Duodeno – Forma e distensibilidade preservadas. Mucosa de primeira e segunda porções sem alterações. Conclusão • Gastrite enantemática moderada de antro. • Teste da urease negativo Conduta • Prescrito dieta hipogordurosa, anti- espasmódicos e analgésicos. • Encaminhada para cirurgião geral para avaliação de necessidade de tratamento cirúrgico. SCAPS • De acordo com o caso descrito acima responda atentamente: a qual nível de atenção compreende a “avaliação do cirurgião geral” e qual nível de atenção compreenderá o “tratamento cirúrgico”? Entende-se como prevenção secundária, o primeiro diagnóstico e tratamento precoce, visando um diagnóstico imediato e um tratamento para evitar a prevalência da doença no indivíduo, portanto a avaliação do cirurgião geral se encaixam em prevenção secundária, enquanto o tratamento cirúrgico propriamente dito se encaixa em tratamento invasivo o que o coloca em nível de assistência terciária da atenção básica. • Sabendo-se que a paciente tem doença crônica não transmissível cite 2 ações que a atenção básica poderá realizar para o cuidado com a paciente relatada? A atenção básica poderá promover ações e palestras de conscientização sobre melhora da qualidade de vida e hábitos de vida mais saudáveis, no caso da mesma, importante a alimentação saudável para perda de peso e e programas do exercício regular, também vale os ACS instruirem sobre como a mesma pode, com acoes simples no dia a dia, prevenir suas crises de rinite alérgica. • Com base nos antecedentes pessoais que a paciente possui, além de seu histórico clínico, cite um dos fatores de risco modificáveis e um fatores de risco não modificáveis relacionados à doença crônica não transmissível: Fatores de risco modificáveis: abolição do tabagismo passivo Fatores de risco não modificáveis: poluição do ar FARMACOLOGIA • Diante das queixas de dor, foi prescrita a associação de escopolamina com dipirona (Buscopam compostoR). Tendo em vista os achados gastrintestinais obtidos no interrogatório dos diversos aparelhos, qual o possível efeito indesejado desta prescrição? Explique. Escopolamina/Hioscina (Buscopan®), Propantelina e Dicloverina. Estes fármacos antagonizam os receptores M3, reduzindo espasmos intestinais por inibir a atividade parassimpática e, consequentemente, amenizam a dor do tipo cólica (como se sabe, tradicionalmente, a cólica é um tipo de dor causada por contração de uma víscera oca). Porém tais fármacos lentificam a peristalse intestinal causando a constipação. • A paciente relata melhora do sono com o uso de medicamentos para controle de náuseas e vômitos. Quais classes de antieméticos estão associados a este efeito colateral? Dê um exemplo de cada classe. Discuta também o efeito sedativo dos fármacos antialérgicos relatados pela paciente. -> Antagonistas dos receptores H1 (p. ex., cinarizina, ciclizina, e prometazina) -> Antagonista dos receptores de histamina não seletivo (p.ex.dimenidrinato) -> Antagonista dos receptores H3 (p.ex. beta-histina) O efeito sedativo causado pelos fármacos antialérgicos são devido sua capacidade de ultrapassar a barreira hematoencefálica e fazer o bloqueio da ação da histamina, que no cérebro tem ação de despertar, portanto, o bloqueio do seu receptor causa sonolência. • Tendo em vista seu quadro geral de obesidade, dislipidemia e pressão arterial de 136x86mmHg, qual o impacto do uso frequente de descongestionantes nasais sobre sua saúde? Justifique. A automedicação crônica de descongestionante nasal pode causar uma hipertensão arterial secundária, por causa de suas propriedades adrenérgicas (vasoconstritoras). Em baixos níveis séricos, essa droga tem preferência pela estimulação dos receptores alfa 2- adrenérgicos do sistema nervoso central. Em doses habituais, os principais efeitos colaterais são de ordem neurológica; em dosesmaiores, surgem a hipertensão arterial (secundária à vasoconstrição) e as taquiarritmias, face à atuação sobre receptores alfa 1-adrenergicos presentes na musculatura lisa vascular, bem como sobre os receptores beta 1-adrenérgicos cardíacos. • Diante do perfil lipídico da paciente, quais seriam os fármacos de escolha para o tratamento da dislipidemia e seus respectivos mecanismos de ação? Vastatinas - inibidor seletivos, específicos e reversíveis da HMG-CoA redutase, portanto bloqueia conversão de HMG-CoA em ácido mevalônico. Fibratos - são agonistas dos receptores nucleares PPARalfa4, aumenta transcrição dos genes de lipoproteína lipase (aumenta a captação hepática de LDL), aumentam a tolerância à glicose. Pode ser associado com a vastatinas mas com cautela usando ambos fármacos fracos. Paciente Filha Menina, 7 anos Queixa e duração • Crises de tosse e chiado desde 3 anos de idade História Pregressa da Moléstia Atual • Paciente apresenta crises de chiado acompanhadas de tosse e falta de ar desde os 3 anos de idade. As crises duram em torno de 5 dias. Geralmente procura o Pronto Socorro, onde recebe de 2 a 3 inalações, com melhora. Ficou internada uma vez, com quadro de pneumonia lobar na base do pulmão direito, durante uma semana, em enfermaria, há 6 meses. A partir de então, passou a levar regularmente ao pediatra para tratamento. Mãe relata de 2 a 3 crises semelhantes por ano, especialmente entre maio e agosto. • Encontra-se em uso de corticoide inalatório em dose baixa há 6 meses. Há 2 meses, tem recebido beta 2-agonista de curta duração 2 x por semana por crises de tosse. Há 1 mês, apresentou quadro de “resfriado forte” tratado com corticoide oral e beta-2 agonista de curta duração por 5 dias. Mantém tosse noturna diariamente. ISDA • Alergia a picada de insetos. Obstipação intestinal Antecedentes Pessoais • Nascida a termo, parto normal, peso de nascimento 2.800 g; 48 cm. • Apgar 9/9 • Apresentou eczema atópico quando lactente. • Internação com 6 anos e meio, por pneumonia (vide HMA) Antecedentes familiares • pai com rinite alérgica; • mãe asmática até a adolescência. Alimentação • Aleitamento materno exclusivo até 2 meses de vida. • Fórmula a partir de então. • Introdução de frutas e papas salgadas aos 6 meses • Nega intolerâncias alimentares Vacinação • Completa Ambiente Físico e Emocional • Mora com os pais e um irmão, em um apartamento de 3 quartos na zona sul de São Paulo • Divide o quarto com irmão. Quarto com cortinas de tecido, piso laminado. Ambos têm vários bichos de pelúcia. • A família possui um gato de raça não definida. Escolaridade e Hábitos A paciente frequenta a escola no bairro onde reside, está no 2o ano. Já está alfabetizada. Vai à escola no período da manhã e à tarde, vê televisão e joga no computador (4 horas em média). SCAPS • A família é atendida pela UBS da região onde moram com acompanhamento da equipe de estratégia da família. Pensando nos atributos da atenção primária, quais as ações poderiam ser oferecidas para a família para o acompanhamento do caso da filha de 7 anos? Baseado nos atributos da tenção primária: 1) orientação aos pais sobre como identificar uma crise asmática e o que fazer nesses casos; 2) promover palestras explicativas sobre a importância de hábitos de vida saudáveis; 3) orientar sobre o perigo do tabagismo, tanto ativo quanto passivo, para a criança evidenciando sua condição clinica; 4) verificar periodicamente se as orientações estão sendo aplicada e se os medicamentos estão sendo corretamente administrados (necessáriosupervisão de um responsável devido a idade da menina); 5) explicar sobre a importância de retirar os bichos de pelúcia e as cortinas do quarto em que a menina fica, a fim de prevenir possíveis fatores de risco para desencadear uma crise; 6) orientar sobre se atentar com a interação da menina para com o animal de estimação da família; 7) orientar sobre os perigos de uma criança passar tanto tempo em frente a TV e aparelhos eletrônicos; • De acordo com o modelo de História Natural da Doença de Leavell e Clark, em que período se encontra a doença da menina e em qual nível de prevenção se localizam as ações realizadas? A doença da meninas já se apresenta no período patogênico/ clínico, entretanto por ter sido identificada desde sua infância, se encaixa em doença precoce discernível, sendo assim englobada pela prevenção secundaria que visará prevenir o desenvolvimento do quadro clinico existente. • A menina apresenta uma doença respiratória que se configura como uma doença crônica não transmissível (DCNT), que tem por característica a multicausalidade. De acordo com o caso, quais são os fatores que pode estar associado à doença apresentada? Baseando-se no caso, tais fatores estão associados a DCNT: 1) apresentou eczema atópico quando lactente 2)pai com rinite alérgica; mãe asmática até a adolescência 3) poluição ambiental (reside na cidade de São Paulo) 4) família possui um gato 5) quarto com cortinas de tecido, piso laminado, com vários bichos de pelúcia 6) 2 a 3 crises semelhantes por ano, especialmente entre maio e agosto • De acordo com o modelo de níveis de prevenção pelo Método Clínico Centrado na Pessoa, em qual nível de prevenção se encontram as ações realizadas no caso? Método Clinico Centrado na Pessoa baseia-se em: 1) explorar a saude, a doença e a experiencia da doença (entender a doença e a experiencia da pessoa com a doença) 2) entendendo a pessoa com um todo, considerando o contexto próprio do paciente e o contexto em que o mesmo esta inserido 3) elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas - tomada de decisões conjuntas 4) intensificar a relação entre a pessoa e o profissional de saúde no caso clinico descrito é possível observar ate o número três com as açōes descritas no mesmo. FARMACOLOGIA • Quais as classes de antibióticos preconizados no tratamento da pneumonia adquirida na comunidade? Dê um exemplo de cada classe e seus respectivos mecanismos. A classe de antibióticos de primeira escolha para o tratamento de pneumonia típica adquirida na comunidade é a classe dos β-lactâmicos . Mecanismo de ação dos β-lactâmicos: agem através da inibição da síntese de peptideoglicano da parede celular da bactéria. Exemplo: Penicilina (amoxicilina); Cefalosporinas. Entretanto, nos casos de pneumonia ATÍPICA adquirida na comunidade, onde o exame de imagem não é compatível com a clínica do paciente, usa-se a classe dos Macrolídeos. Mecanismo de ação dos macrolídeos: Se ligam na subunidade 50S do ribossomo, próximo ao centro da peptidiltransferase e impedem o alongamento da cadeia peptídica, consequentemente inibindo a síntese proteica. Exemplo: Azitromicina. • Explique as vantagens dos corticoides inalatórios sobre aqueles de uso sistêmico para o tratamento em longo prazo. Os corticoides inalatórios (budesonida) possuem a vantagem de alcançar alta concentração do fármaco nos pulmões (diretamente no local de inflamação ativa), com aplicação de doses menores, com aumento do índice terapêutico e sem reduzir a eficácia clínica do fármaco. Além disso, possui baixa liberação sistêmica e, portanto, apresentam menores risco de reações adversas (reações adversas: supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal, reabsorção óssea, catarata, afinamento da pele, púrpura, disfonia, candidíase oral e retardo do crescimento). Os corticoides sistêmicos (prednisona, prednisolona) são reservados para exacerbações agudas e asma grave. • Sabe-se que na maioria dos pronto-socorros é comum a associação de ipratrópio e fenoterol nas inalações para alívio de broncoespasmos. Justifique a prática desta associação com base em seus mecanismos de ação. O ipratrópio é um antagonista competitivo dos receptores colinérgicos muscarínicos para a acetilcolina e promovem a broncodilatação da via respiratória. O fenoterol é um agonista beta2 adrenérgico de curta duração, usado para rápido alívio dos sintomas na fase aguda da asma e na prevenção da crise induzida pelo exercício. • No tratamento de controle da asma é comum a associação de agonistas beta-2 de longa duração à corticoides inalatórios e antagonistas de receptores cys-LT. Explique a utilidade desta associação. Os broncodilatadores b 2- agonistas de curta ação são as medicações de escolha para o alívio dos sintomas da asma, enquanto os b 2- agonistas de longa ação são fármacos que, associados à terapia de manutenção com corticosteróides inalatórios, atuam para o melhor controle dos sintomas. De modo geral, os agonistas de receptores beta 2 adrenérgicos promovem a broncodilatação da musculatura lisa das vias aéreas, impedem a liberação de mediadores inflamatórios broncoconstritores dos mastócitos, previnem o vazamento microvascular (que pode causar edema), aumentam a depuração mucociliar e impedem a broncoconstrição colinérgica reflexa. O emprego de b 2- agonistas de curta duração como tratamento isolado de manutenção não é recomendado; o uso freqüente (mais de duas vezes por semana) indica necessidade de tratamento antiinflamatório. Esses medicamentos não têm ação antiinflamatória, não devendo ser usados isoladamente para o tratamento da asma. Os antagonistas de receptores cys-LT inibem a ação dos leucotrienos e inibem a asma induzida por exercício. Paciente Filho Identificação adolescente, 15 anos, branco, estudante do ensino médio, procedente e residente de São Paulo, solteiro, católico. Queixa principal • caroço no pescoço há 1 mês. História da Moléstia Atual: • Paciente vem acompanhado da mãe para consulta médica devido ao aparecimento de tumoração indolor em região cervical direita há 1 mês. • Associado ao quadro, vem com febre medida de 37,8°C, na maioria das vezes, no período vespertino. • Mãe notou que o filho vem apresentando aumento da sudorese durante a noite, chega a ter necessidade de trocar o lençol pela manhã. Está inapetente neste período. Inquérito sobre os diversos aparelhos (ISDA) • Pele e anexos: sem queixas. • Cabeça e pescoço: cefaléia occipital em peso durante os períodos de febre. • Aparelho cardiovascular: sem queixas. • Aparelho respiratório: tosse seca esporádica há 2 semanas, nega dor torácica, nega dispneia. • Aparelho GI: desconforto abdominal e azia com alimentos gordurosos há 2 semanas, nega náuseas e vômitos. • Aparelho GU: sem queixas. Aparelho Locomotor: sem queixas. Sistema nervoso e psiquismo: sem queixas. Antecedentes pessoais • Saudável. • Puericultura em dia. • Carteira de vacinação completa para idade. • Nega antecedentes cirúrgicos. • Nega antecedentes alérgicos. Hábitos e vícios • Natação 2 x semana. Futebol 2 x semana. • Nunca fumou. • Nunca bebeu. • Nunca usou drogas. Condições de Moradia: • Mora com os pais, 1 irmã e avó materna. • Apartamento de 3 quartos na zona Sul de São Paulo. História Familiar: • Mãe 45 anos, publicitária. • Pai 55 anos, empresário, HAS leve, usa anlodipina e captopril. • Avó materna diabética e hipertensa. • Avô materno falecido. • Avó paterna teve CA de intestino. • Avô paterno HAS. Exame Físico: • Bom estado geral, corado, hidratado, acianótico, anictérico, afebril (T 36,9°C), PA 100x60 mmHg, FC 88 bpm, FR 16 ipm, Peso 60 kg, Altura 1,65 cm, IMC= 22 Kg/ m2. • Cabeça e pescoço: massa palpável em região cervical direita com confluência de linfonodos, medindo no total 10 cm, consistência fibroelástica, firme, pouco aderido, indolor a palpação, sem mudança de coloraçãoda pele. Não há linfonodomegalias palpáveis nas outras cadeias linfonodais (axilar, inguinal). • Aparelho cardiovascular: íctus visível e palpável 1 polpa digital no 5 espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular, ritmo cardíaco regular, em 2 tempos, com bulhas normofonéticas, sem sopros. • Aparelho respiratório: tórax normolíneo, expansibilidade preservada, frêmito toracovocal normal, percussão som claro pulmonar em todos os campos pulmonares, murmúrio vesicular presente em todos os campos pulmonares. • Abdome plano, normotenso, sem cicatrizes ou lesões, espaço de traube timpânico, hepatimetria 10 cm, fígado palpável no rebordo costal direito, consistência mole, sem nodulações, indolor à palpação superficial e profunda. • Extremidades bem perfundidas, pulsos palpáveis e simétricos, sem edemas. • Hipóteses diagnósticas: Síndrome infecciosa? • Linfonodomegalia a esclarecer? (Localizada ou generalizada?) • Neoplasia? Exames complementares: • Hemoglobina 12,5 g/dL, hematócrito 37,5%, VCM 89 fL, leucócitos 12.000 µL (diferencial normal), plaquetas 400.000 µL, função renal e hepática sem alterações, VHS 80 mm/h, proteínas totais 6g/ dL, albumina 3 g/dL. • Sorologias para hepatites A,B e C não reagente. AntiHBs > 1000U (vacinação). • Sorologia para HIV não reagente. • Sorologia para Epstein-Baar IGM não reagente e IGG positiva. • Sorologias para Toxoplasmose, Citomegalovírus não reagentes. RX de tórax laudo alargamento difuso do mediastino HD: Linfonodomegalia generalizada. Necessário anátomo-patológico para confirmação diagnóstica LEMBRETE: se a hipótese diagnóstica é de câncer hematológico (doença linfoproliferativa) recomenda-se a exérese do linfonodo para a classificação do Linfoma. Demais tumores na região cervical podem ser investigados por punção através de agulha fina (PAAF). Cirurgia de cabeça e pescoço: técnica operatória da região cervical Encaminhado para biópsia de linfonodo cervical direito: Resultado AP: infiltrado inflamatório composto por linfócitos, histiócitos, plasmócitos, eosinófilos e alguns neutrófilos em meio a bandas fibrosas com presença de células de Reed-Sternberg (RS) esparsas nesse meio. IH: células de RS positivas para CD15 e CD30, CD 20 positivo em alguns linfócitos. Realizado PET-CT de corpo inteiro: que mostra SUV alta em linfonodos cervicais a direita e do mediastino. Realizado biópsia de medula óssea: normocelular para idade, sem infiltração do linfoma. Finalizado Estadiamento do paciente: IIBX massa bulky > 10 cm). Tumores hematológicos não seguem TNM. As doenças linfoproliferativas são estadiadas pelos critérios de Ann Arbor: Fonte: http://www.moreirajr.com.br/ revistas.asp?id_materia=6127&fase=imprime Condutas terapêuticas: • Iniciado tratamento quimioterápico preconizado. • Encaminhado para seguimento multidisciplinar com psicologia. • Orientado sobre criopreservação de sêmen. SCAPS • Após a interpretação dos resultados dos exames complementares e na hipótese da necessidade de biópsia, como deve proceder o médico da UBS para respeitar garantir a integralidade da assistência? O medico da UBS deverá encaminhar o paciente para realizar o exame em centros de especialidade, fato esse englobado nos atributos da atenção básica, previsto no nível de prevenção secundário. • Em qual nível de assistência está caracterizado o atendimento inicial do paciente e em qual nível de assistência, caso tenha necessidade de procedimento cirúrgico, será atendido? O atendimento inicial do paciente está prescrito no nível de assistência primário da atenção básica, agora caso haja a necessidade de procedimentos cirúrgicos, o mesmo estará se adequando sobre o nível de assistência terciário da atenção básica, que engloba a tratamentos invasivos. FARMACOLOGIA • Quais são os fármacos que compõem o regime ABVD? Classifique os fármacos como ciclo específicos ou não ciclo específicos. Qual é a justificativa para usar uma composição de fármacos que atuam em pontos diferentes do ciclo celular? Os fármacos que compõem o regime ABVD são: Adriamicina, Bleomicina, Vinblastina e Dacarbazina. A Adriamicina é um agente não específico da fase do ciclo celular. A Bleomicina é ciclo-celular específico e faz as células se acumularem na fase G2. A Vinblastina é um agente específico de fase do ciclo celular (fase M). A Dacarbazina consiste em um fármaco de ciclo não específico, são agentes alquilantes, que causam alterações na cadeia de DNA e impedem sua replicação, são responsáveis pelo recrutamento das células quiescente para o processo de divisão celular para ação das drogas ciclo-específicas. As drogas ciclo-específicas atuam sobre a fração proliferativa do câncer e apresentam maior eficácia se administradas em um período de tempo prolongado, onde um maior quantitativo de células, que estejam em determinada fase do ciclo celular, em momentos diferentes, estarão expostas a sua ação. As ciclo-inespecíficas atinge a outra parcela de células que se dividem lentamente, são dose dependente e a administração prolongada não parece acrescentar benefícios ao tratamento. • Qual é o mecanismo de ação da Vimblastina e cite os dois principais efeitos adversos associados à esta medicação. A vimblastina faz parte da classe dos alcaloides da vinca , estes fármacos ligam-se à tubulina e inibem a polimerização em microtúbulos, impedindo a formação do fuso nas células em divisão e originando a parada na metáfase. Seus efeitos manifestam-se apenas durante a mitose. Eles também inibem outras atividades celulares que requerem o funcionamento microtubular, como a fagocitose de leucócitos e a quimiotaxia, bem como o transporte axonal em neurônios. Os efeitos adversos dos alcaloides da vinca diferem de outros fármacos anticâncer. A vimblastina é menos neurotóxica, mas causa leucopenia. Todos os membros do grupo podem causar alopecia reversível. • Apesar de a Doxorrubicina e a Vimblastina apresentarem mecanismos de ação diferentes, alguns pacientes que desenvolvem resistência à uma delas também apresentam resistência à outra. Qual é a justificativa para esta resistência múltipla? Devido a maior expressão de proteínas de transporte do fármaco dependentes de energia na superfície celular, principalmente glicoproteína P (P-gp/MDR1;). Essas proteínas são responsáveis pela multirresistência a diversos fármacos anticâncer estruturalmente diferentes (p. ex., doxorrubicina, vimblastina). A glicoproteína P protege as células contra as toxinas ambientais. Funciona como um “aspirador de pó” hidrofóbico, coletando substâncias químicas estranhas, como os fármacos, quando eles atravessam a membrana celular, e, a seguir, expelindo-os. Sendo assim, diminuindo o acúmulo dos fármacos citótóxicos nas células. • Os pacientes que não respondem ao tratamento quimioterápico podem receber brentuximabe-vedotina como tratamento alternativo. Os pacientes recebendo brentuximabevedotina estão em risco de apresentarem uma reação de hipersensibilidade. Qual é a classe de fármacos do brentuximabe-vedotina e porque ele apresenta o risco elevado de causar uma reação de hipersensibilidade? Esse fármaco pertence a classe dos anticorpos monoclonais. Pelo fato de ser um imunocomplexo e por lisar os linfócitos B ao se ligar à proteína CD20, abrange reações de hipersesnsibilidade, por desencadearem liberação de citocinas. O Brentixumabe tem como alvo células T e é um conjugado de um fármaco citotóxico ligado a um anticorpo que se une ao CD30.
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