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Direito Penal III - Crimes contra a pessoa 2020 1

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DIREITO PENAL III 
			 PARTE ESPECIAL
Prof. Bruno Leitão
E-mail: brunoleitao.adv@hotmail.com
1
CÓDIGO PENAL: PARTE ESPECIAL
Título I – Dos crimes contra a pessoa;
Título II – Dos crimes contra o patrimônio;
Título III – Dos crimes contra a propriedade imaterial;
Título IV – Dos crimes contra a organização do trabalho;
Título V – Dos crimes contra o sentimento religioso e contra o respeito aos mortos;
Título VI – Dos crimes contra a dignidade sexual;
Título VII – Dos crimes contra a família;
Título VIII – Dos crimes contra a incolumidade pública;
Título IX – Dos crimes contra a paz pública;
Título X – Dos crimes contra a fé pública;
Título XI – Dos crimes contra a administração pública.
2
Título I - Crimes contra a pessoa
Capítulo I – Dos crimes contra a vida;
Capítulo II – Das lesões corporais;
Capítulo III – Da periclitação da vida e da saúde;
Capítulo IV – Da rixa;
Capítulo V – Dos crimes contra a honra;
Capítulo VI – Dos crimes contra a liberdade individual:
Seção I – Dos crimes contra a liberdade pessoal;
Seção II – Dos crimes contra a inviolabilidade de domicílio;
Seção III – Dos crimes contra a inviolabilidade de correspondência;
Seção IV – Dos crimes contra a inviolabilidade dos segredos.
3
UNIDADE I
Capítulo I – Dos crimes contra a vida
Art. 121 – Homicídio;
Art. 122 – Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio;
Art. 123 – Infanticídio;
Art. 124 – Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento;
Arts. 125, 126 – Aborto provocado por terceiro;
Art. 127 – Aborto (forma qualificada);
Art. 128 – Aborto necessário e aborto no caso de gravidez resultante de estupro.
4
Art. 121 - Homicídio
Homicídio simples
	Art. 121 - Matar alguém (preceito primário):
	Pena - reclusão, de 6 (seis) a 20 (vinte) anos (preceito secundário)
	* Não matarás (preceito proibitivo)
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum)
Sujeito passivo – Qualquer pessoa.
Obs.: Vítima for o Presidente da República, Senado, Câmara ou STF por motivos políticos (Art. 29 da Lei de Segurança Nacional – Lei 7.170/83)
Art. 121 - Homicídio
Objeto do crime:
Objeto jurídico (interesse protegido pela norma penal) – A vida humana (extrauterina).
Objeto material (é o bem sobre o qual recai a conduta criminosa) – A vítima.
Elementos objetivos do tipo:
“Matar” – Eliminar a vida (extrauterina).
“Alguém” - Pessoa humana.
Art. 121 - Homicídio
Elemento subjetivo do crime – Dolo (direto ou eventual) ou culpa.
Obs.: Homicídio preterdoloso (Art. 129, §3ª - Lesão corporal seguida de morte / Dolo na lesão, culpa na morte).
Classificação – Comum (qualquer pessoa), material (possui um resultado), de forma livre (praticados de qualquer modo), em regra comissivo (Ação), instantâneo (se dá com única conduta), de dano (efetiva lesão), unissubjetivo (podem ser praticados por uma só pessoa), plurissubsistente (exigem vários atos).
Tentativa – Admissível por se tratar de um crime plurissubsistente (fracionamento de ações).
Consumação – Se dá com a morte da vítima. Sua comprovação se dá com a morte encefálica (acarreta cessação das funções circulatória e respiratória.
Art. 121 - Homicídio
Espécies:
Doloso simples (Art. 121, caput)
Doloso com causa de diminuição de pena (Art. 121, §1ª)
Doloso qualificado (Art. 121, §2º)
Feminicídio (Art. 121, §2º, VI )
Causas de aumento de pena (Art. 121, §4º, 6º e 7º)
Culposo simples (Art. 121, §3º)
Culposo com causa de aumento de pena (Art. 121, §4º, primeira parte)
Perdão judicial (Art. 121, §5º)
Art. 121 - Homicídio
Meios de execução – Por ser de forma livre, comporta mecanismos:
Diretos – Provoca diretamente o crime. Ex.: Desferir tiro de arma de fogo.
Indiretos – Depende de outro artifício. Ex.: Induzimento ao louco a cometer um crime.
Materiais – Atingem a integridade física de forma mecânica, química ou patológica.
Morais – Atuam no psicológico da vítima. Ex.: Ofensa que leve ao infarto.
Art. 121 - Homicídio
Caso de diminuição de pena (Privilegiado)
		§ 1º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida 	a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
“relevante valor social ou moral”
Valor – Qualificação imputada a algo (patriotismo, lealdade, etc.).
Valor social – Valores de ordem geral ou coletiva (Matar o traidor da pátria).
Valor moral – Valores pessoais específicos (matar o traficante que viciou o filho).
Art. 121 - Homicídio
Caso de diminuição de pena (Privilegiado)
B) “domínio de violenta emoção logo em seguida a injusta provocação da vítima”
Domínio – Controle, aqui, a perda do controle pela influência da violenta emoção. Perda do autocontrole.
Violenta emoção – Intensa excitação de um sentimento (amor, ódio).
Seguida a injusta provocação da vítima – Foi provocado sem motivo. Sofreu uma agressão sem causa aparente.
Obs.: Ambos levam a diminuição da pena (de 1/6 a 1/3) porque representam uma menor culpabilidade. Redução obrigatória segundo entendimento majoritário.
Art. 121 - Homicídio
Homicídio qualificado
	§ 2º - Se o homicídio é cometido:
	I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por outro motivo 	torpe; (Subjetiva)
Motivo torpe – Repugnante, vil. 
Espécies expressas - Paga (já recebeu) e Promessa (viria a receber).
Ex.: Traficante que mata outro por território; Crimes mercenários, etc.
Obs.: Vingança direta já foi aceito como não torpe pela jurisprudência. Ex.: Pai que mata assassino do filho.
Art. 121 - Homicídio
Homicídio qualificado
	§ 2º - Se o homicídio é cometido:
	II - por motivo fútil; (Subjetiva)
B) Motivo fútil – A causa se baseia em um elemento insignificante. Ação desproporcional (Quase não há motivo).
Ex.: Homem mata o dono do bar por não ter vendido fiado.
Obs.: Ciúme – Uns o acham motivo fútil (desproporcional), outros torpe (repugnante). Prevalece o entendimento de que não é, por si só, nem fútil nem torpe.
Art. 121 - Homicídio
Homicídio qualificado
		§ 2º - Se o homicídio é cometido:
		III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa resultar perigo comum; (Objetivas)
C) Meio insidioso ou cruel, ou que resulte perigo comum
Espécies expressas – Veneno, fogo, explosivo, asfixia e tortura.
Meio insidioso – Enganoso, sorrateiro. Ex.: Veneno, vidro moído na comida.
Meio cruel – Gerador de sofrimento desnecessário à vítima.
Resulte perigo comum – Abrange um número indeterminado de pessoas.
Art. 121 - Homicídio
Homicídio qualificado
		§ 2º - Se o homicídio é cometido:
		IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa do ofendido; (Objetivas)
D) Recurso que dificulte ou torne impossível a defesa da vítima – Ação que surpreende, imprevisível pela vítima.
Espécies expressas – Traição (ataque por trás), emboscada (ficar a espreita), dissimulação (apresenta-se a vítima, mas oculta verdadeira intenção).
Art. 121 - Homicídio
Homicídio qualificado
		§ 2º - Se o homicídio é cometido:
		V - para assegurar a execução, a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime. (Subjetiva)
		Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos
E) Torpeza particular conexa a outro delito.
Assegurar a execução – Garantir que dê certo outro crime em execução.
Ocultação – Encobrimento do fato.
Impunidade – Evitar punição do autor.
Vantagem – Assegurar lucro pela prática do crime conexo.
Obs.: Aqui visa punir a finalidade do crime, mesmo que o crime conexo não tenha ocorrido, esteja prescrito ou o crime seja impossível.
Art. 121 - Homicídio
Feminicídio (Lei 13.104/ 2015)
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo feminino:        
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo feminino quando o crime envolve:     
I - violência doméstica e familiar;   
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. 
Violência de gênero - Mulher como vítima em razão de sua vulnerabilidade, baseados na opressão a mulher.
Art. 121 - Homicídio
Feminicídio(Lei 13.104/ 2015)
Obs1.: Femicídio – É a mesma conduta desvinculada do menosprezo ou discriminação à mulher. Só teria especificamente o feminicídio se vinculado ao inciso II.
Obs2.: STF e STJ entendem que o agressor pode ser homem ou mulher.
Trata-se de mais uma “lei simbólica”, visto que tal conduta já seria punida como motivo torpe (qualificadora), logo, também, crime hediondo.
Obs3.: O STJ tem entendido que essa qualificadora é objetiva, sendo compatível com a motivação fútil ou torpe. Para a maioria da doutrina seria subjetiva.
Art. 121 - Homicídio
Causas de aumento de pena no feminicídio
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado:      
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores ao parto;    
A partir da nidação (início da gestação) até 3 meses após o parto da vítima.
II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, com deficiência ou portadora de doenças degenerativas que acarretem condição limitante ou de vulnerabilidade física ou mental (Redação dada pela Lei nº 13.771/2018); 
Art. 121 - Homicídio
Causas de aumento de pena no feminicídio
Deficiente – Arts. 3º e 4º do Decreto 3.298/99 (física, auditiva, visual, mental ou múltipla)
III - na presença física ou virtual de descendente ou de ascendente da vítima (Redação dada pela Lei nº 13.771/2018);
IV - em descumprimento das medidas protetivas de urgência previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da Lei nº 11.340 (Lei Maria da Penha), de 7 de agosto de 2006 (Redação dada pela Lei nº 13.771/2018).
Obs.: Há decisões que consideram transexuais e travestis com identificação em gênero feminino como passíveis de serem vítimas de feminicídio, e tuteladas pela Lei Maria da Penha.
Art. 121 - Homicídio
Homicídio qualificado quando praticado contra integrantes do sistema prisional e agentes de segurança pública (Subjetiva)
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição:  
Abrange: a) Marinha; b) Exército; c) Aeronáutica; d) Polícia Federal; e) Polícia Rodoviária Federal; f) Polícia Ferroviária Federal; g) Polícia Civil; h) Polícia Militar e Bombeiros, i) Integrantes da Força Nacional; j) Integrantes do Sistema Prisional.
“No exercício da função” – Em serviço.
“Ou em decorrência dela” – Devido ao vínculo funcional.
Contra parente em razão do vínculo funcional.
Art. 121 - Homicídio
Questões atinentes ao homicídio
1. Homicídio privilegiado-qualificado
Admite-se essa possibilidade, desde que as circunstâncias qualificadoras sejam objetivas (incs. III e IV), em compatibilidade com as circunstâncias de privilégio que são subjetivas (relevante valor, social e domínio de violenta emoção). Impossível aceitar o conflito subjetivo de um crime com motivo fútil (qualificadora) e ter relevante valor moral (privilégio).
Obs.: As qualificadoras do feminicídio e vinculação a agentes de segurança pública (subjetivas) não se compatibilizam com as circunstancias de privilégio.
2. Homicídio sem motivo
Há quem sustente que se enquadraria em motivo fútil (qualificadora), por ser abusiva. Porém não há desproporção entre o “nada” e o crime, não devendo qualificar essa ação, não existe padrão de comparação. Cabe ao Estado descobrir o motivo, sem ele não há como qualificá-lo. Assim, sem motivo, deve-se enquadrar como homicídio simples.
Art. 121 - Homicídio
Questões atinentes ao homicídio
3. Homicídio simples pode ser hediondo?
I - homicídio (art. 121 SIMPLES), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); (Lei de Crimes Hediondos - 8.072/90).
A nossa jurisprudência considera atividade de grupo de extermínio como torpe (vil), sendo inadequado um homicídio simples como hediondo, apenas o qualificado.
4. Homicídio privilegiado-qualificado pode ser hediondo?
Não, primeiro porque expressamente foi definido apenas o simples e o qualificado como passível de ser hediondo, bem como grupo de extermínio já seria torpe, logo, subjetiva, o que impede a compatibilidade com o privilégio. Posição majoritária no STJ e STF.
Art. 121 - Homicídio
Homicídio culposo
		§ 3º - Se o homicídio é culposo:
		Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
É aquele cometido por imprudência (descuido na ação), negligência (descuido na passividade) ou imperícia (inaptidão, imprudência técnica).
Obs.: Se o homicídio culposo ocorreu na direção de veículo automotor, o crime é o do art. 302 do Código de Trânsito Brasileiro (pena mais rigoroso – 2 a 4 anos).
Art. 121 - Homicídio
Perdão judicial 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave que a sanção penal se torne desnecessária.
Ex.: Causar a morte do próprio filho num acidente doméstico.
Causa extintiva de punibilidade (art. 107, IX, CP) – Juiz analisa as circunstâncias do caso concreto e decidirá sobre sua aplicação.
Art. 121 - Homicídio
Aumento de pena
§ 4º - No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de 	prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
No homicídio doloso (simples ou qualificado) – Pena aumentada em 1/3 se o crime é praticado contra:
Menor de 14 anos.
Maior de 60 anos.
Art. 121 - Homicídio
Aumento de pena
No homicídio culposo – Pena aumentada em 1/3 quando:
Houver “inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício” – Controvérsia sobre sua aplicação frente a imperícia , sob pena de “bis in idem”.
Houver omissão de socorro – Em virtude de ser culposo (não ter intenção), pune a insensibilidade de não socorrer a vítima.
Não procurar diminuir as consequências de seu ato – Geralmente decorre da impossibilidade de socorrer (linchamento), mas que de outra forma possa auxiliar a vítima. Ex.: Procurando socorro.
Fugir para evitar prisão em flagrante – Nucci entende inconstitucional. Se qualquer cidadão tem direito ao silêncio, e não produzir prova contra si mesmo, tem, consequentemente o direito de fugir para não ser preso.
Art. 121 - Homicídio
Aumento de pena 
§ 6º A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. (Acrescentado pela L-012.720-2012)
Milícia privada sob o pretexto de prestação de serviço de segurança – Organização não estatal, que atua ilegalmente mediante o emprego de força sobre determinada localidade;
Praticado por grupo de extermínio – Grupo de “justiceiros” criado para cometer homicídios. 
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação   
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça:   (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.   (Redação dada pela Lei nº 13.968, de 2019)
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito passivo – Qualquer pessoa, com o mínimo de consciência e resistência (capaz). Do contrário, teríamos homicídio.
Obs.: Não há crime quando o induzimento for genérico (dirigido a pessoas incertas). Ex.: Livros, músicas, discursos, etc.
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação   
Antiga pena (vinculada ao caput) - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de 1 (um) a 3 (três)anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Qualificadoras
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:  
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.   
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:   
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.   
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Objeto jurídico – A vida humana.
Objeto material – A pessoa contra a qual se volta o agente.
Elementos objetivos do tipo:
Induzir – Faz nascer a ideia que não ainda existe.
Instigar – Fomenta, reforça a ideia que já existe na cabeça da vítima.
Auxiliar – O agente presta apoio material a vítima, mas não participa do ato executório. Ex.: Dar a arma ao suicida.
Suicídio – Ação da vítima em tirar a própria vida.
Automutilação – Ação da vítima em praticar lesões corporais em sí própria.
Obs.: A alteração no tipo penal faz surgir a possibilidade de punição da mera indução, instigação ou prestação de auxílio como modalidade simples, e a ocorrência dos resultados como qualificadoras do tipo.
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Elemento subjetivo do crime – Dolo. Não se admitindo a forma culposa.
Classificação – Comum; material; instantâneo; comissivo (de ação); de dano; unissubjetivo; de forma livre; plurissubsistente.
Tentativa – Passa a ser possível no caput (modalidade simples), porém não se admite em relação as qualificadoras, por ser crime condicionado (necessita do suicídio consumado ou que resulte lesões graves ou gravíssimas).
Consumação – Ocorre com a indução, instigação e prestação de auxílio material no caput, e com o efetivo suicídio ou se consuma mas resulta lesões graves ou gravíssimas.
Obs.: Se resultar em lesão leve ou inexistente, não há a qualificadora, mas pode haver a modalidade simples.
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Causas de aumento de pena
§ 3º A pena é duplicada:   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
I - se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Outras qualificadoras
Responsabilização por Lesão Corporal Gravíssima (resultado lesão grave ou gravíssima)
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Responsabilização por Homicídio (resultado morte)
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.   (Incluído pela Lei nº 13.968, de 2019)
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Pontos para debate
O auxílio por omissão
Temos duas correntes:
Não se admite, pois a expressão “prestar auxílio” indica ação. (Frederico Marques, Roberto Lyra, Damásio, e outro).
Admite-se, desde que o agente tenha o dever jurídico de impedir o resultado. (Noronha, Hungria, Mirabete e outros).
Ex.: Pai que sabe da intenção da filha em se suicidar; Enfermeira em relação ao paciente.
Obs.: Deve ficar demonstrado que o cuidador tinha como evitar.
Art. 122 - Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio ou a automutilação 
Pontos para debate
O pacto de morte – Pacto entre duas ou mais pessoas com a finalidade de morrer ao mesmo tempo.
Várias hipóteses podem ocorrer:
Cada um ingerir pessoalmente cápsula de veneno – Sobrevivente será partícipe do art. 122.
Um ministra veneno para os demais – Se ele sobreviver, responde por homicídio a quem morrer, e tentativa de homicídio aos sobreviventes.
Cada um dá veneno ao outro (A pra B, B pra C, ...) – Homicídio a quem morrer e tentativa a quem sobreviver.
Obs.: Se a pessoa participa do ato executório da morte alheia, é homicídio. Se apenas dá suporte (cede a arma, o veneno, etc.) temos auxílio ao suicídio.
Art. 123 - Infanticídio
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Sujeito ativo – A mãe do recém-nascido ou ser nascente (crime próprio).
Sujeito passivo – O ser humano recém-nascido ou nascente.
Obs.: No caso de erro quanto a pessoa (art. 20, §3º, CP), responde a mãe, mesmo matando outra criança achando ser seu filho, desde que em estado puerperal, por infanticídio (putativo).
Art. 123 - Infanticídio
Objeto jurídico – A vida.
Objeto material – Recém-nascido ou ser nascente.
Elementos objetivos do tipo:
Matar – É o mesmo verbo do homicídio, contudo o sujeito ativo encontra-se em situação psicológica diferenciada.
Obs.: Na sua essência é um homicídio privilegiado tratado em artigo específico.
Art. 123 - Infanticídio
Estado puerperal – É um estado de alteração psíquica e física que envolve a parturiente durante e após o parto, podendo se prolongar por um período indeterminado de tempo.
Obs.: Entende-se que o crime ocorrido no “logo após”, presume-se o estado puerperal (situação análoga a semi-imputabilidade), cabendo perícia em contrário. Contudo, com o passar do tempo essa presunção se desfaz, necessitando de comprovação por perícia, até mesmo para detectar uma “psicose puerperal” (possibilidade de inimputabilidade).
Elemento subjetivo do crime – Dolo. Não há modalidade culposa.
Classificação – Crime próprio; instantâneo; comissivo (por ação); material; de dano; unissubjetivo; plurissubsistente; de forma livre.
Tentativa – É admissível.
Consumação – Se dá com a morte do recém-nascido ou ser nascente.
Art. 123 - Infanticídio
Questões controversas
Qual crime comete a mãe que sobre influência do estado puerperal, imprudentemente mata seu filho?
1ª Corrente – Nenhum, o fato é atípico. Visto que esperar a prudência de uma pessoa desequilibrada psiquicamente é desmedido.
2ª Corrente – Homicídio culposo (pena mais branda). O estado puerperal valerá para a dosagem da pena. Corrente majoritária.
Art. 123 - Infanticídio
Questões controversas
2. Infanticídio não se confunde com abandono de recém-nascido com resultado morte.
	Infanticídio (Art. 123, CP)	Abandono de recém-nascido (Art. 134, §2º, CP)
	É crime contra a vida	É crime de periclitação da vida ou saúde
	É julgado pelo tribunal do júri	É julgado pelo juízo singular
	O agente age com dolo de dano	O agente age com dolo de perigo
	A morte é dolosa	A morte é culposa
Art. 123 - Infanticídio
Questões controversas
3. O concurso de pessoas no infanticídio
CP adota a teoria monista, com isso, todos aqueles que colaborarem para o cometimento de um crime, incidem nas penas a ele destinadas (concurso de pessoas – Art. 29, CP). 
A doutrina é majoritária, que a mãe, o coautor e o partícipe, todos respondem por infanticídio, desde que a mãe esteja em estado puerperal e atue na execução do ato.
Obs.: Quem é contrário, entende que o estado puerperal é condição personalíssima (incomunicável), devendo os demais partícipes responderam por homicídio em virtude de seuestado de consciência normal. Contudo, o estado puerperal é claramente elementar do tipo.
Art. 124 – Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
		Art. 124 - Provocar Aborto em si mesma ou 	consentir que outrem lho provoque:
		Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
Sujeito ativo – A gestante.
Obs.: Admite-se o concurso de agentes apenas na participação, pois o potencial coautor será punido pelo Art. 126. Trata-se de uma exceção (expressa) à teoria monista do Art. 29 do CP.
Sujeito passivo – O feto ou embrião. Não é pessoa.
Obs.: Em caso de gêmeos, haverá concurso formal de crimes.
Art. 124 – Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Objeto jurídico – A vida intrauterina (nascituro).
Objeto material – O feto ou embrião.
Elementos objetivos do tipo:
Aborto – Cessação da gravidez pela morte do feto ou embrião, por ação ou omissão. 
O aborto pode ser:
1. Natural – Espontâneo, oriundo de causas patológicas. (Não há crime).
2. Acidental – Oriundo de causas externas e traumáticas. (Não há crime).
3. Criminoso – Interrupção forçada e voluntária da gravidez, provocando morte do feto.
Art. 124 – Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
4. Permitido ou legal – Interrupção da gravidez com morte do feto ou embrião admitida por lei. Ex.: Para salvaguarda da vida da mãe e decorrente de estupro (Casos de aborto necessário – Art. 128, CP). (Não há crime).
5. Eugênico, eugenésico ou embriopático – Aborto decorrente da constatação de defeitos genéticos no feto. Ex.: Aborto de anencéfalo. (Não há crime APENAS para essa hipótese)
6. Econômico social – Aborto decorrente da falta de condições econômicas dos pais.
Art. 124 – Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento
Elemento subjetivo do crime – Dolo. Inexiste a modalidade culposa.
Classificação – Crime próprio; instantâneo; comissivo ou omissivo (provocar = ação. Consentir = omissão em não impedir que outrem o faça); material; de dano; em regra, unissubjetivo; plurissubsistente; de forma livre.
Tentativa – Admissível, por ser plurissubsistente.
Consumação – Se dá com a morte do feto ou embrião.
Obs.: O início da vida intrauterina se dá com a nidação (fixação do óvulo fecundado na parede do útero materno).
Art. 125 – Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante
		Art. 125 - Provocar Aborto, sem o consentimento da gestante:
		Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito passivo – O feto ou embrião e a gestante.
Obs.: Alguns entendem que pelo fato do feto ou embrião não ser pessoa, seria atingida também a sociedade.
Objeto jurídico – A integridade física da gestante e a vida do feto ou embrião.
Objeto material – O feto ou embrião e a gestante.
Art. 125 – Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante
Elementos objetivos do tipo:
Provocar – Gerar a causa, determiná-la.
Consentimento da gestante – Tolerar ou aprovar a conduta de cessar a gravidez. Aqui inexiste o consentimento.
Obs.: Se a gestante for menor de 14 anos, ter debilidade mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, não há que se falar em consentimento válido, sendo punido como se esse não existisse.
Elemento subjetivo do crime – Dolo, não há a modalidade culposa.
Classificação – Crime comum; instantâneo; comissivo; material; de dano; unissubjetivo; plurissubsistente; de forma livre.
Art. 125 – Aborto provocado por terceiro sem o consentimento da gestante
Tentativa – É admissível.
Consumação – Se dá com a morte do feto ou embrião.
Obs.: Hipótese de dolo direto e dolo eventual
Matar mulher, sabendo que ela está grávida, responde por dolo direto de matar ambos se era sua intenção, ou dolo eventual se assumiu o risco de matar o feto. Sendo punido por concurso formal entre homicídio e aborto.
Art. 126 – Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante
		Art. 126 - Provocar Aborto com o consentimento da gestante:
		Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito passivo – O feto ou embrião.
Obs.: Alguns entendem que pelo fato do feto ou embrião não ser pessoa, seria atingida também a sociedade.
Objeto jurídico – A vida do feto ou embrião.
Objeto material – O feto ou embrião.
Art. 126 – Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante
Elementos objetivos do tipo:
Provocar – Gerar a causa, determiná-la.
Consentimento da gestante – Tolerar ou aprovar a conduta de cessar a gravidez. Aqui há o consentimento da gestante.
Obs.: Exceção a teoria monista. Coautor do aborto (Art. 124) responde pelo Art. 126.
Elemento subjetivo do crime – Dolo, não há a modalidade culposa.
Classificação – Crime comum; instantâneo; comissivo; material; de dano; plurissubjetivo; plurissubsistente; de forma livre.
Art. 126 – Aborto provocado por terceiro com o consentimento da gestante
Tentativa – É admissível.
Consumação – Se dá com a morte do feto ou embrião.
Qualificadoras (Art. 126, parágrafo único)
Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior (Art. 125 - mais grave), se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Obs.: Se a gestante for menor de 14 anos, ter debilidade mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, não há que se falar em consentimento válido, sendo punido como se esse não existisse (Art. 125, CP).
Art. 127 – Formas Qualificadas de Aborto
Aqui temos uma causa especial de aumento de pena (majorante) e não uma qualificadora.
	Causa de aumento de pena (majorante)	Qualificadora
	Majora o patamar já fixado na pena base.	Altera o patamar da pena base.
	Ex.: Homicídio simples (6 a 20 anos)
Homicídio com aumento de pena (1/3 sobre a pena base).	Ex.: Homicídio simples (6 a 20 anos)
Homicídio qualificado (12 a 30 anos)
Art. 127 – Formas Qualificadas de Aborto
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por 	qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.
Causas de aumento de pena aplicáveis apenas aos artigos 125 e 126 do CP.
Obs.: Não se aplica ao Art. 124 pois nosso ordenamento não pune a autolesão. Contudo, em relação a terceiro, responderá por aborto + majorantes decorrentes de lesões corporais ou homicídio).
Art. 127 – Formas Qualificadas de Aborto
Aumento de um terço da pena – Caso resulte lesão de natureza grave.
Duplicação da pena – Caso ocorre a morte da gestante.
Questões polêmicas
1. É necessária a consumação do aborto para incidência do aumento de pena?
	1ª Corrente – Responde pelo crime consumado assim como o 	referendado no 	crime de latrocínio (Súmula 610 do STF).
	2ª Corrente – Responde pela tentativa + lesões graves ou homicídio. Majoritária.
Art. 127 – Formas Qualificadas de Aborto
2. Hipótese de dolo eventual de lesão grave e morte da gestante
Caso fique provado que o coautor assumiu o risco de produzir lesão grave ou a morte da gestante é possível punir o indivíduo por dolo eventual (preterdolo) em aborto + lesões corporais graves ou aborto + homicídio doloso).
Art. 128 – Aborto – Excludentes de Ilicitude
Art. 128 - Não se pune o Aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o Aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal
Obs.: Aborto em caso de anencefalia (ADPF 54) é hipótese de excludente de ilicitude não prevista na lei, mas admitida pela jurisprudência do STF.
Art. 128 – Aborto – Excludentes de Ilicitude
Decisão: O Tribunal, por maioria e nos termos do voto do Relator, julgou procedente a ação para declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção da gravidez de feto anencéfalo é conduta tipificadanos artigos 124, 126, 128, incisos I e II, todos do Código Penal, contra os votos dos Senhores Ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello que, julgando-a procedente, acrescentavam condições de diagnóstico de anencefalia especificadas pelo Ministro Celso de Mello; e contra os votos dos Senhores Ministros Ricardo Lewandowski e Cezar Peluso (Presidente), que a julgavam improcedente. Ausentes, justificadamente, os Senhores Ministros Joaquim Barbosa e Dias Toffoli. Plenário, 12.04.2012.
Art. 128 – Aborto – Excludentes de Ilicitude
Aborto necessário (Art. 128, I)
Ocorre quando não há outro meio para salvar a vida da gestante;
Não é necessário o consentimento da gestante ou autorização judicial
É necessário preencher 3 condições:
1. Deve ser praticado por médico;
Obs.: Não pode parteira, farmacêutico, etc. Aqui temos fato típico, contudo poderiam estar acobertados pelo estado de necessidade (Art. 24)
2. O perigo deve ser contra vida, e não a saúde da gestante;
3. Não deve haver outro meio para salvar a vida da gestante.
Art. 128 – Aborto – Excludentes de Ilicitude
Aborto sentimental ou humanitário (Art. 128, II)
Ocorre quando a gravidez resulta de estupro;
É necessário o consentimento da gestante ou de seu representante legal.
É necessário preencher 3 condições:
1. Deve ser praticado por médico, mas não é obrigado a fazê-lo;
Obs.: Aqui qualquer outra pessoa não estará passível de causa de justificação.
2. Que a gravidez seja resultante de estupro;
3. Deve haver o prévio consentimento da gestante ou de seu representante legal.
Obs.: É possível o aborto decorrente de estupro de vulnerável.
Obs2.: Não é necessária a condenação do estuprador, basta B.O e laudo médico.
Art. 128 – Aborto – Excludentes de Ilicitude
Aborto eugenésico (eugênico) em caso de anencefalia
Anencefalia – má formação, total ou parcial do cérebro.
Não é permitido expressamente na lei. Foi incorporado pela decisão do STF na ADPF nº 54;
Não é necessária autorização judicial, como ocorria anteriormente, em virtude de não estar previsto na lei.
Nem a gestante, nem o médico são obrigados a interromper a gestação.
Condições necessárias:
1. Deve ser praticado por médico;
2. Deve haver o consentimento da gestante;
3. Deve haver prova da anencefalia e consequente inviabilidade da vida (laudo e fotografias do feto arquivados no prontuário da gestante);
Aborto – Quadro Sinóptico
	Nomenclatura			Previsão legal	Comentário
	Aborto natural				Não há crime.
	Aborto acidental				Não há crime.
	Auto aborto			Art. 124, 1ª parte	Admite participação. 
Coautor responde pelo Art. 126.
	Aborto consentido ou procurado			Art. 124, 2ª parte	
	Aborto provocado por terceiro 	Sem consentimento		Art. 125	Admite coautoria e participação.
		Com consentimento		Art. 126	
	Aborto qualificado			Art. 127	Resulta lesão grave ou morte da gestante.
	Aborto legal 	Necessário		Art. 128, I	Para salvar vida da gestante.
		Sentimental		Art. 128, II	Decorrente de estupro.
	Aborto eugênico ou eugenésico				ADPF nº 54 - Anencéfalo.
	Aborto honoris causa				Para ocultar gravidez adulterina.
	Aborto miserável				Incapacidade financeira.
UNIDADE II
Capítulo II – Das Lesões Corporais
Das Lesões Corporais (129)
Lesão Corporal - Art. 129
Lesão Corporal de Natureza Grave - Art. 129, § 1º
Lesão Corporal Seguida de Morte - Art. 129, § 3º
Diminuição de Pena - Art. 129, § 4º
Substituição da Pena - Art. 129, § 5º
Lesão Corporal Culposa - Art. 129, § 6º
Aumento de Pena - Art. 129, § 7º
63
Art. 129 – Lesão Corporal
	Quanto ao elemento subjetivo	Quanto à intensidade
	a) Dolosa simples (caput);	a) Leve (caput);
	b) Dolosa qualificada (§§ 1º, 2º, e 3º);	b) Grave ( §1º);
	c) Dolosa privilegiada (§§ 4º e 5º);	c) Gravíssima (§2º);
	d) Culposa (§6º).	d) Seguida de morte (§3º).
Lesão corporal leve
Art. 129 - Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano.
Art. 129 – Lesão Corporal
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito Passivo – Qualquer pessoa, exceto quanto as que provoquem aceleração do parto (Art. 129, §1º, IV), ou aborto (Art. 129, §2º, V, que será necessariamente uma gestante.
Objeto jurídico – A integridade física.
Objeto material – A pessoa que sofreu a lesão.
Obs.: A lei penal não pune a auto lesão. Contudo, como destaca Bitencourt, se um menor, ébrio, inimputável, ou por qualquer condição encontre-se incapaz de entender ou querer, ao agir por determinação de outrem, provoque lesão em si mesmo, este que conduziu a lesão responderá por lesão corporal por autoria mediata, que é um meio de execução indireta.
Art. 129 – Lesão Corporal
Elementos objetivos do tipo:
Ofender – Lesar, fazer mal a alguém.
Integridade corporal – Inteireza do corpo humano.
Saúde – Normalidade das funções orgânicas, físicas e mentais do ser humano.
Obs.: Não se admite, aqui, qualquer ofensa moral. Contudo, Mirabete entende que violência moral como sustos, ameaças, e outros meios que provoquem danos psicológicos diversos dos crime contra a honra, caracterizam a lesão corporal.
Art. 129 – Lesão Corporal
Elemento subjetivo – Dolo ou culpa.
Classificação – Crime comum; de forma livre; comissivo (como regra); instantâneo; de dano; unissubjetivo; plurissubsistente (como regra).
Tentativa – É admissível.
Consumação – Se dá com a ocorrência da ofensa à integridade física ou a saúde, em regra, exigindo-se laudo de exame de corpo de delito para confirmá-la.
Obs.: É crime não só causar a lesão, como agravar lesão já existente.
Obs2.: A pluralidade de lesão constitui a ocorrência de crime único.
Obs3.: Há divergência doutrinária quanto a integridade física ser disponível ou indisponível (independe de consentimento). Há uma tendência moderna em considerá-lo relativamente disponível, desde que não ofenda interesses maiores e os bons costumes, aplicando-se inclusive o princípio da insignificância.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal grave
§ 1º - Se resulta:
I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias;
II - perigo de vida; 
III - debilidade permanente; 
IV - aceleração de parto: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal grave
Elementos objetivos do tipo
“incapacidade para as ocupações habituais, por mais de 30 (trinta) dias”
Ocupação habitual – Qualquer atividade corporal costumeira, tradicional, não necessariamente ligada a trabalho (inclui o trabalho, o lazer, e qualquer atividade habitual, desde que lícita).
Incapacidade por mais de 30 dias - É indispensável a realização de laudo pericial que confirme o comprometimento dessa atividade habitual por mais de 30 dias. Contudo, o exame pode ser suprido por prova testemunhal, conforma as regras expressas do Art. 168, §3º do CPP.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal grave
Elementos objetivos do tipo
2. “perigo de vida”
O perigo precisa ser comprovado por laudo pericial, a simples ocorrência de lesão não indica, por si só, um risco à vida.
Obs.: Aqui, por ser uma comprovação mais técnica, a possibilidade de suprir o laudo por prova testemunhal, é mais aceita quando feita por médico que cuidou do paciente.
Obs2.: Se em algum momento da ação, o agente, considerou a hipótese de matar a vítima, teremos um homicídio tentado.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal grave
Elementos objetivos do tipo
3. “debilidade permanente de membro, sentido ou função”
Debilidade – Diminuição, redução, enfraquecimento da capacidade funcional de membro, sentido ou função.
Permanente – Aqui não tem o sentido de perpetuidade, mas que seja atestada a incerteza da recuperação, ou que ocorra por tempo indeterminado.
Membros – Braços, mãos, pernas, pés, dedos, etc.
Sentidos – Visão, olfato, audição, paladar e tato.
Função – É a ação própria de um órgão humano. Ex.: Função respiratória.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal grave
Elementos objetivos do tipo
4. “Aceleração de parto”
Se trata de causar a antecipação do parto antes do prazo normal.
É imprescindível que o agente tenha conhecimento (ou pudesse saber) da situação gravídicada vítima.
Art. 129 – Lesão Corporal
Obs.: Se decorrente dessa lesão, o feto nasce morto, teremos lesão corporal gravíssima (Art. 129, §2º, V).
Obs2.: Se a criança nasce com vida, mas vem morrer logo após há 3 correntes:
1ª corrente – Lesão corporal grave + homicídio culposo (Euclides da Silveira).
2ª corrente – Lesão corporal gravíssima, equipara ao art. 129, §2º, V (Hungria).
3ª corrente – Lesão corporal grave (Mirabete).,
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal gravíssima
§ 2º - Se resulta:
I - incapacidade permanente para o trabalho; 
II - enfermidade incurável; 
III - perda ou inutilização de membro, sentido ou função; 
IV - deformidade permanente; 
V - aborto.
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal gravíssima
Elementos objetivos do tipo
“Incapacidade permanente para o trabalho”
Incapacidade permanente – Inaptidão duradoura para exercer qualquer atividade laborativa lícita.
Obs.: Entende-se de forma majoritária, que essa incapacidade, se refere a qualquer atividade ligada a anteriormente exercida. Se ele puder exercer atividade semelhante, não se configura a incapacidade.
Para o trabalho – Aqui, diferente do parágrafo anterior, só se refere a atividade laboral.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal gravíssima
Elementos objetivos do tipo
2. “enfermidade incurável”
A doutrina considera incurável:
1) A enfermidade que inexiste cura no estágio atual da medicina, ou;
2) Nos casos em que o reestabelecimento da saúde depende de intervenção cirúrgica arriscada ou de tratamento incerto.
Obs.: Atendendo a proporcionalidade, não devemos aceitar a recusa imotivada da vítima em se submeter a tratamento que não ofereça riscos.
Obs.: Não cabe revisão criminal caso a medicina evolua e descubra cura para a incapacidade, visto que não se tratar de alteração legal (lex mitior).
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal gravíssima
Elementos objetivos do tipo
3. “perda ou inutilização de membro, sentido ou função”
Perda ou inutilização – Mais grave que parágrafo anterior. Perda no sentido de amputação ou mutilação e inutilização no sentido de total inoperância.
Obs.: Tratando-se de órgãos duplos, se perde um, e a função ainda permanece, temos debilidade. Se perde os dois, temos perda, se apenas um, mas perde a função temos inutilização. Ex.: Rins.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal gravíssima
Elementos objetivos do tipo
4. “deformidade permanente”
Deformar de forma permanente– Alterar a forma original de forma duradoura.
É a ocorrência de dano estético, aparente, considerável, irreparável e capaz de provocar impressão vexatória (desconforto a quem olha e constrangimento a vítima).
Ex.: Cicatrizes de larga extensão, visíveis; mutilação do nariz, orelha; etc. 
Obs.: Essa qualificadora tem caráter residual.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal gravíssima
Elementos objetivos do tipo
5. “aborto”
Trata-se de crime preterdoloso (dolo na lesão, culpa no abortamento).
O agente deve ter conhecimento da situação gravídica da vítima.
Obs.: Não se confunde com o Art. 127 (aumento de pena em aborto).
		Tipo subjetivo	Resultado agravador
	Art. 127	Causar abortamento	Lesão culposa
	Art. 129, §2º, V	Causar lesão	Abortamento culposo
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal seguida de morte
§ 3º - Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o risco de produzi-lo:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Também chamado de homicídio preterdoloso (dolo na lesão, culpa na morte).
Obs.: Não é crime contra vida (falta animus necandi), o crime é de dano.
Obs2.: Caso ele assuma o risco de produzir a morte (dolo eventual), responde por homicídio doloso.
Obs3.: Não cabe tentativa, visto que temos culpa no evento morte.
Deve ser comprovado o nexo causal entre a lesão e a morte.
Obs.: Ocorrendo caso fortuito (fato imprevisível que gera efeitos inevitáveis), ou imprevisibilidade do resultado, responde apenas pelas lesões corporais simples. 
Art. 129 – Lesão Corporal
Diminuição da pena (Privilegiada)
§ 4º - Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço.
1. “relevante valor social ou moral” - Algo importante ou de elevada qualidade.
Social – Envolvem interesse de ordem coletiva (Matar traidor da pátria);
Moral – Envolvem interesses particulares (Matar traficante que viciou seu filho).
2. “sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação da vítima”
Domínio – Perda do autocontrole pela influência da violenta emoção. 
Violenta emoção – Intensa excitação de um sentimento (amor, ódio).
Seguida a injusta provocação da vítima – Foi provocado sem motivo. Sofreu uma agressão sem causa aparente.
Art. 129 – Lesão Corporal
Substituição da pena
§ 5º - O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa: 
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; 
II - se as lesões são recíprocas.
Inciso I – Ocorre nas hipóteses do §4º, decorrendo apenas lesões leves.
Inciso II – Se decorrem de lesões recíprocas, desde que não sejam consideradas legítima defesa. Ambos se agridem de injustamente, sem motivo. Ex.: Briga.
Art. 129 – Lesão Corporal
Lesão corporal culposa
§ 6º - Se a lesão é culposa: 
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano.
Aquela cometida por imprudência, negligência ou imperícia.
Obs.: O grau das lesões sofridas não interfere no tipo, mas na fixação da pena base.
Obs2.: O STJ já reconheceu o princípio da insignificância nas lesões levíssimas.
Obs3.: Lesão que se dê na direção de veículo automotor será punida pelo CTB.
Art. 129 – Lesão Corporal
Perdão judicial
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do Art. 121. 
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo (lesão corporal culposa), o 	juiz poderá deixar de aplicar a pena, se as consequências da 	infração atingirem o próprio 	agente de forma tão grave que a 	sanção penal se torne 	desnecessária.
Ex.: Acidente em que mãe e filho sofreram lesões.
Art. 129 – Lesão Corporal
Aumento de pena
§ 7º Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer qualquer das hipóteses dos §§ 4º e 6º do art. 121 deste Código. (Alterado pela L-012.720-2012)
§ 4º - No homicídio culposo (lesão corporal culposa), a pena é 	aumentada de 1/3 (um terço), se o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso (lesão corporal dolosa) o homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos.
§ 6º - A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio.
Art. 129 – Lesão Corporal
Violência doméstica
§ 9º Se a lesão for praticada contra ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade: (Alterada pela lei 11.340/06)
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos.
Objetivo – Assegurar a tranquilidade no lar e reduzir a violência doméstica.
Apenas contra as pessoas descritas no tipo.
Com quem conviva, ou tenha convivido.
Obs.: A interpretação ao termo “tenha convivido” deve ser restritiva, no sentido de proximidade do lapso temporal.
Qualificadora da lesão corporal leve (Art. 129, caput)
Por isso, deixa de ser crime de menor potencial ofensivo (pena máxima não superior a dois anos).
Art. 129 – Lesão Corporal
Violência doméstica
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1º a 3º deste artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9º deste artigo, aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
Presentes as circunstânciasdo parágrafo anterior, somada a ocorrência de lesão corporal grave (§§ 1º e 2º) ou seguida de morte (§3º), aumenta-se a pena em 1/3 (um terço).
Art. 129 – Lesão Corporal
Violência doméstica
§ 11. Na hipótese do § 9º deste artigo, a pena será aumentada de um terço se o crime for cometido contra pessoa portadora de deficiência.
 
O conceito de pessoa portadora de deficiência é encontrado nos arts. 3º e 4º do Decreto 3.298/99.
Art. 129 – Lesão Corporal
Causa de aumento de pena quando a lesão é praticada contra integrantes do sistema prisional e agentes de segurança pública 
§ 12º Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.  (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
Art. 129 – Lesão Corporal
Ação penal
Regra – Ação penal pública incondicionada.
Exceção – Ação penal pública condicionada a representação – Lesão corporal leve (Art. 129, caput); Lesão corporal culposa (Art. 129, §6).
Nos casos decorrentes de violência doméstica ou familiar
Se a vítima for homem – Ação penal pública condicionada a representação nos §§ 9º e 11, pois mesmo não sendo de menor potencial ofensivo, permanece de natureza leve. Será pública incondicionada no caso do § 10.
Se a vítima for mulher – Na hipótese do § 10, pública incondicionada. Nas hipóteses do §§ 9º e 11, temos duas correntes segundo STJ:
1ª corrente – Ação penal pública condicionada.
2ª corrente – Ação penal pública incondicionada. Entendimento mais atual.
Art. 129 – Lesão Corporal
Questão polêmica
A cirurgia de mudança de sexo como lesão corporal
Resolução nº 1.652/02 do Conselho Federal de Medicina – Referenda a cirurgia de alteração de sexo, de pessoa classificada como transexual, como fato materialmente atípico.
Entende NUCCI, autorizada no campo materialmente conhecedor da necessidade da alteração do sexo, que é a medicina, cabe ao ordenamento se adaptar a essa situação, visto que a proteção a integridade física não se justifica em causar um ônus psicológico muito maior.
UNIDADE II
Capítulo III – Da Periclitação da Vida e da Saúde
Perigo de Contágio Venéreo - Art. 130
Perigo de Contágio de Moléstia Grave - Art. 131
Perigo para a Vida ou Saúde de Outrem - Art. 132
Abandono de Incapaz - Art. 133
Aumento de Pena - Art. 133, § 3º
Exposição ou Abandono de Recém-Nascido - Art. 134
Omissão de Socorro - Art. 135
Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial - Art. 135-A
Maus-Tratos - Art. 136
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Art. 130 – Perigo de Contágio Venéreo
Perigo de contágio venéreo
Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: 
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Sujeito ativo – Pessoa portadora de moléstia venérea.
Obs.: Há discordância se é crime comum (qualquer pessoa) ou próprio por necessitar da condição especial de portar doença venérea, esta última é majoritária.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa não contaminada pela doença venérea.
Objeto jurídico – A incolumidade física e a saúde, alguns autores incluem a vida, como Nucci e Magalhães Noronha.
Objeto material – É a pessoa que manteve a relação com quem estava contaminado.
Art. 130 – Perigo de Contágio Venéreo
Elementos objetivos do tipo
Expor alguém – Colocar em perigo, criar a possibilidade de ocorrência do dano.
Por meio de relação sexual – Limita-se a cópula entre pênis e vagina.
Ou qualquer outro ato libidinoso
A contágio de moléstia venérea
De que sabe ou deve saber que está contaminado – Ao saber, temos o dolo de perigo. Em “devendo saber”, temos o dolo eventual, assumindo o risco de transmitir a doença.
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia – Aqui não tem dolo de perigo, mas sim dolo de dano, intenção de transmitir a moléstia (dolo direito). Por isso pena mais grave.
Art. 130 – Perigo de Contágio Venéreo
Elemento subjetivo – Dolo de perigo no caput. Dolo de dano no §1º. A expressão “de que sabe” indica dolo direto, e “deve saber”, dolo eventual.
Classificação – Próprio (há quem entenda como crime comum); formal; de forma vinculada; comissivo; instantâneo; de perigo abstrato; unissubjetivo; plurissubsistente.
Tentativa – É admissível, por ser plurissubsistente. Mas há quem entenda como impossível a tentativa, por se tratar de crime de perigo.
Consumação – Se dá com o contato sexual entre agente e vítima, por relação sexual ou ato libidinoso, independente do resultado naturalístico!
Art. 130 – Perigo de Contágio Venéreo
Forma qualificada
§ 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia – Aqui não tem dolo de perigo, mas sim dolo de dano, intenção de transmitir a moléstia (dolo direito). Por isso pena mais grave.
Obs.: Aqui também não é necessária a transmissão da moléstia para configurar o crime, bastando apenas a configuração da intenção.
Obs2.: Contudo se a moléstia é transmitida e vem gerar lesão, poderá responder por lesão corporal grave, gravíssima, ou até lesão corporal seguida de morte.
Obs3.: Se houver relação sexual ou ato libidinoso e a criação do risco se tornar impossível, como ao utilizar preservativo, o crime se torna impossível.
Art. 130 – Perigo de Contágio Venéreo
Ação penal cabível
§ 2º - Somente se procede mediante representação.
O crime é de ação penal pública condicionada à representação da vítima.
Art. 131 – Perigo de Contágio de Moléstia Grave
Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir o contágio:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa
Sujeito ativo – Pessoa contaminada por doença grave contagiosa.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa, que não esteja com a mesma doença.
Objeto jurídico – A incolumidade física e a saúde, alguns autores incluem a vida, como Nucci e Magalhães Noronha. Aqui abrange não só moléstias venéreas, mas todas moléstias graves.
Objeto material – A pessoa que sofre o contágio ou o risco de se contagiar.
Art. 131 – Perigo de Contágio de Moléstia Grave
Elementos objetivos do tipo
Praticar – Aqui é qualquer ato, não só relação sexual ou ato libidinoso como no artigo anterior.
Com o fim de transmitir – Intenção de transmitir.
Moléstia grave – É qualquer doença grave contagiosa (curável ou não), não só doença venérea. Não há um rol fechado sobre quais seriam essas moléstias.
Ato capaz de produzir o contágio – Se o ato não for capaz, temos crime impossível.
Obs.: Se pessoa usa objeto (seringa), para contaminar outrem de doença que não está contaminado, teremos o crime do art. 132, ou mesmo lesão corporal.
Obs2.: Aqui o delito será consumado com o perigo de dano, não sendo necessário a consumação da transmissão da moléstia. Crime formal.
Art. 131 – Perigo de Contágio de Moléstia Grave
Elemento subjetivo – Dolo de dano, pois o agente age com intenção de produzir a infecção.
Classificação – Próprio; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo abstrato; unissubjetivo; unissubsistente ou plurissubsistente.
Tentativa – É admissível, na forma plurissubsistente.
Consumação – Se dá com a prática do ato capaz de transmitir a doença, independente do resultado naturalístico.
O ato pode ser direto (contato físico entre os sujeitos) ou indireto (sem contato físico, transmitindo-se por objetos).
Obs.: Por haver tipo penal específico, o STF, no HC 98.712/SP, contrariando o posicionamento pacífico do STJ, desclassificou de tentativa de homicídio para perigo de contágio de moléstia grave o ato de portador de vírus HIV omitir doença da parceira.
Art. 132 – Perigo para a vida ou para a saúde de outrem
Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais grave.
Parágrafo único.A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Acrescentado pela L-009.777-1998)
Sujeito ativo – Qualquer pessoa (crime comum).
Sujeito passivo – Qualquer pessoa, desde que contra pessoa certa e determinada.
Obs.: Se for contra número indeterminado de pessoas, responderá pelos crimes de perigo comum, Art. 250 e seguintes do CP).
Art. 132 – Perigo para a vida ou para a saúde de outrem
Objeto jurídico – A saúde e a vida da vítima.
Obs.: É visível a natureza subsidiária desse delito, aplicando-se nas hipóteses em que o comportamento do agente não constitui crime mais grave.
Objeto material – É a pessoa que corre o risco.
Elementos objetivos do tipo
Expor – Colocar em perigo a vida ou saúde de outrem.
Perigo direto ou iminente - Risco palpável, deve haver situação de risco real (não presumível).
Se o fato não constituir crime mais grave – Caráter subsidiário do crime, ocorrendo outro mais grave, por este responderá.
Exs.: dirigir em alta velocidade praticando “cavalo de pau”; disparo de arma de fogo para amedrontar outrem, etc.
Art. 132 – Perigo para a vida ou para a saúde de outrem
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação – Crime comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo concreto; unissubjetivo; plurissubsistente.
Obs.: Pode ocorrer a forma omissiva. Ex.: Deixar de fornecer aparelhos de proteção a funcionários.
Tentativa – É admissível, na forma plurissubsistente.
Consumação – Ocorre com a prática do ato capaz de expor a perigo a vida ou a saúde, independentemente do resultado naturalístico.
Obs.: Há quem entenda (Bitencourt e outros) que com ação única o agente criar situação de perigo a várias pessoas determinadas, teríamos concurso formal de crimes. Porém, se com mais de uma conduta, criar situação de perigo a mais de uma pessoa, individualizáveis, teremos concurso material de crimes.
Art. 132 – Perigo para a vida ou para a saúde de outrem
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação – Crime comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo concreto; unissubjetivo; plurissubsistente.
Obs.: Pode ocorrer a forma omissiva. Ex.: Deixar de fornecer aparelhos de proteção a funcionários.
Tentativa – É admissível, na forma plurissubsistente.
Consumação – Ocorre com a prática do ato capaz de expor a perigo a vida ou a saúde, independentemente do resultado naturalístico.
Obs.: Há quem entenda (Bitencourt e outros) que com ação única o agente criar situação de perigo a várias pessoas determinadas, teríamos concurso formal de crimes. Porém, se com mais de uma conduta, criar situação de perigo a mais de uma pessoa, individualizáveis, teremos concurso material de crimes.
Art. 132 – Perigo para a vida ou para a saúde de outrem
Causa de aumento de pena
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas legais. (Acrescentado pela L-009.777-1998)
Eleva-se a pena de 1/6 a 1/3 se a exposição ao perigo decorre do transporte de trabalhadores, devendo os empregadores garantir a segurança destes.
Busca combater o transporte clandestino e indevido de trabalhadores.
Art. 132 – Perigo para a vida ou para a saúde de outrem
Art. 132 e o disparo de arma de fogo
O crime de “disparo de arma de fogo”, tipificado no art. 15 da Lei 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) atribui pena muito mais alta (reclusão, de 2 a 4 anos) do que a do art. 132 do CP (detenção, de 3 meses a 1 ano).
Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime:
Aqui, pela especialidade em especificar o meio de expor a perigo, por disparo de arma de fogo, prevalece a aplicação do art. 15 do Estatuto do Desarmamento.
Art. 133 – Abandono de Incapaz
Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 3 (três) anos
Sujeito ativo – Aquela pessoa que tem a vítima sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade, também chamado de garantidor do incapaz.
Obs.: Caso o sujeito ativo não seja o garantidor, o crime é de omissão de socorro (Art. 135, CP)
Sujeito passivo – Pessoa de qualquer idade. A incapacidade aqui é ampla, é qualquer pessoa sobre o resguardo em situação de incapacidade de se defender dos riscos do abandono. Ex.: Abandonar adulto, enfermo, durante o sono em hospital durante incêndio.
Objeto jurídico – A vida e a saúde (integridade físico-psíquica da vítima).
Objeto material – A pessoa que sofre o abandono.
Art. 133 – Abandono de Incapaz
Elementos objetivos do tipo
Abandonar pessoa que está sob seu cuidado, guarda, vigilância ou autoridade – Deixar só, sem a devida assistência pessoa sob sua tutela, não de forma imaterial (moral), mas de forma física.
Obs.: Se o abandono é moral (não físico), podemos ter crime contra a assistência familiar (Arts. 244 a 247 do CP).
Obs2.: Em caso de abandono em local totalmente deserto, praticamente impossível a possibilidade de socorro, pode aceitar a possibilidade de dolo eventual de homicídio se o agente aceita a possibilidade de resultado fatal.
Art. 133 – Abandono de Incapaz
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação – Crime próprio; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo concreto; unissubjetivo; plurissubsistente.
Tentativa – É admissível, por ser plurissubsistente.
Consumação – Ocorre com a prática do abandono, independentemente da ocorrência de resultado naturalístico.
O abandono se caracteriza em deixar de guardar e assistir a vítima (incapaz no sentido amplo), por tempo juridicamente relevante, suficiente a colocar o incapaz em risco.
Obs.: Se o incapaz tiver como se defender dos riscos que o cercam, inexistirá o delito.
Obs2.: Se a vítima é abandonada em local rodeado de assistência como um abrigo ou hospital, não há perigo concreto, inexistindo o delito.
Art. 133 – Abandono de Incapaz
Formas qualificadas pelo resultado
§ 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Obs.: Aqui temos o preterdolo (dolo na conduta de abandono, e culpa na lesão ou morte).
Art. 133 – Abandono de Incapaz
Causa de aumento de pena
§ 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se de um terço: 
I - se o abandono ocorre em lugar ermo; 
II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. 
III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos.
Art. 134 – Exposição ou abandono de recém-nascido
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar desonra própria: 
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Sujeito ativo – Em regra, a mãe (filho fora do casamento), pois o tipo visa “ocultar a desonra própria”. Mas entende-se que o pai (filho fora do casamento ou incestuoso) também pode praticar o crime.
Obs.: É possível o concurso de pessoas (coautoria e participação).
Sujeito passivo – Recém-nascido filho do sujeito ativo.
Objeto jurídico – A vida e a saúde (integridade físico-psíquica da vítima).
Objeto material – É o recém-nascido (ser humano que acabou de nascer com vida). 
Obs.: Termo recém-nascido – Desde a primeira respiração até os primeiros dias de vida (quinto ou sexto dia, ao cair o resíduo do cordão umbilical). Pierangeli, Nucci.
Art. 134 – Exposição ou abandono de recém-nascido
Elementos objetivos do tipo
Expor – Ação – Colocar em perigo, levá-la a ambiente hostil
Abandonar – Omissão – Largar ou deixar de dar assistência.
Recém-nascido – Vida extrauterinalogo após o parto, e por alguns dias.
Para ocultar desonra própria – A desonra é da mãe, segundo a doutrina, contudo, aceita-se que o pai também pode ser sujeito ativo.
Obs.: Marido de mulher infiel que abandona recém-nascido adulterino não pratica o crime do art. 134, visto que a desonra é da mulher (terceiro). Nesse caso o crime é o abandono de incapaz (Art. 133 do CP).
Art. 134 – Exposição ou abandono de recém-nascido
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação – Crime próprio; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo concreto; unissubjetivo; plurissubsistente.
Tentativa – É admissível, por ser plurissubsistente.
Consumação – Se dá com a prática da exposição ou abandono, independente do resultado naturalístico.
Art. 134 – Exposição ou abandono de recém-nascido
Formas qualificadas pelo resultado
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
Obs.: Aqui temos o preterdolo (dolo na conduta de abandono, e culpa na lesão ou morte).
Art. 135 – Omissão de Socorro
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade pública: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses, ou multa.
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Sujeito passivo – Pessoa inválida ou ferida, criança abandonada ou extraviada.
Objeto jurídico – A vida e a saúde (integridade físico-psíquica da vítima).
Objeto material – A pessoa inválida ou ferida em situação de desamparo ou em perigo, bem como a criança abandonada ou extraviada em risco.
Art. 135 – Omissão de Socorro
Elementos objetivos do tipo
Deixar de prestar assistência – Deixar de socorrer no momento da constatação do risco a terceiro. Assistência imediata.
Quando possível sem risco pessoal – Se houver risco, não há como ser punido pela omissão. Contudo ainda deve comunicar a autoridade pública.
Obs.: Risco pessoal é sobre a integridade física, e não moral ou patrimonial.
Criança – Pessoa com 12 anos incompletos segundo o ECA.
Pessoa inválida – Deficiente físico ou mental, ou decorrente de idade avançada ou doença, que a incapacite de se defender.
Grave e iminente perigo – O mais correto seria perigo atual, pois iminente conota possibilidade de acontecer.
Não pedir socorro a autoridade pública – É ação subsidiária, se pode prestar o socorro, deve fazê-lo, não pode escolher apenas pedir socorro a autoridade. Assistência mediata.
Art. 135 – Omissão de Socorro
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação – Crime comum; formal; de forma livre; omissivo; instantâneo; de perigo concreto; unissubjetivo; unissubsistente.
Tentativa – É inadmissível, por ser unissubsistente (aquele realizado por ato único).
Consumação – Ocorre com a prática da omissão, independentemente do resultado naturalístico.
Obs.: A assistência tardia será apenas uma assistência aparente (simulada), equivalendo a uma omissão de socorro.
Obs2.: Deixar de prestar assistência a idoso (60 anos ou mais), responde pelo crime do Art. 97 do Estatuto do Idoso.
Art. 135 – Omissão de Socorro
Causa especial de aumento de pena
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e triplicada, se resulta a morte.
Obs.: Caso o omitente tenha intenção ou assumido o risco de provocar o resultado morte ou lesão grave na vida periclitante, teremos os crimes de homicídio e lesão corporal grave ou gravíssima pela omissão.
Art. 135 – Omissão de Socorro
Ponto relevante
Recusa ao socorro por parte da vítima
Se a vítima está visivelmente lúcida e consciente a ponto de buscar ajuda sozinha, não se pode configurar aqui omissão de socorro diante da recusa.
Contudo, se a vítima está visivelmente moribunda, em consciência alterada, ou debilidade física, e mesmo assim se recusando, até desejando a própria morte, deve o indivíduo prestar socorro, ou avisar autoridade pública.
Art. 135 – Omissão de Socorro
Omissão de socorro e acidente de trânsito
Homicídio culposo em acidente de trânsito (Art. 302, PU, III, CTB) – Será causa especial de aumento de pena.
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço à metade, se o agente:
III - deixar de prestar socorro, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à vítima do acidente;
2. Lesão culposa em acidente de trânsito (Art. 303, PU, CTB) – Será causa especial de aumento de pena
Parágrafo único. Aumenta-se a pena de um terço à metade, se ocorrer qualquer das hipóteses do parágrafo único do artigo anterior.
3. Omissão de socorro no trânsito (Art. 304, CTB) – Crime próprio
Condutor de veículo não causador do acidente que não prestar assistência imediata ou mediata.
4. Omissão de socorro (Art. 135, CP) – Crime comum.
Art. 135-A– Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial: (Acrescentado pela Lei 12.653/12).
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.
Sujeito ativo – Diretor do estabelecimento ou qualquer outro gestor que imponha essas condições.
Sujeito passivo – O paciente que necessita do atendimento médico de emergência.
Objeto jurídico – A vida e a saúde.
Objeto material – A pessoa que necessita do atendimento e de que é exigidas as garantias.
Art. 135-A– Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial
Elementos objetivos do tipo
Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia – Impor, ordenar, condicionando o atendimento a garantia.
Preenchimento prévio de formulários administrativos – Aqui se proíbe o preenchimento como garantia prévia ao atendimento, que por ser emergencial, se torna desmedido.
Como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial – O crime é impor essas condições a um atendimento de emergência, e não de qualquer atendimento hospitalar.
Art. 135-A– Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação – Crime próprio; formal; de forma vinculada; comissivo; instantâneo; unissubjetivo; unissubsistente.
Tentativa – É inadmissível (Bitencourt, Greco, Nucci), por ser unissubsistente (aquele realizado por ato único).
Obs.: Há parte da doutrina (minoritária) que considera ser possível a tentativa (Sanches e Masson).
Consumação – Se consuma com o ato de exigir qualquer das garantias ou preenchimento dos formulários administrativos como condição prévia ao atendimento emergencial, independentemente do resultado naturalístico (entrega da garantia ou preenchimento dos formulários).
Art. 135-A– Condicionamento de Atendimento Médico-Hospitalar Emergencial
Causa especial de aumento de pena
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.
Obs.: Caso o omitente tenha querido ou assumido o risco de provocar o resultado morte ou lesão grave na vida periclitante, teremos os crimes de homicídio e lesão corporal grave ou gravíssima pela omissão.
Art. 136 – Maus-Tratos
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer abusando de meios de correção ou disciplina:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 1 (um) ano, ou multa.
Sujeito ativo – Pessoa responsável por outra que é mantida sob sua autoridade, guarda ou vigilância.
Sujeito Passivo – Pessoa que está sob autoridade, guarda ou vigilância de outrem, para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia.
Objeto jurídico – A vida ea saúde.
Objeto material – É a pessoa sob autoridade, guarda ou vigilância de outrem.
Art. 136 – Maus-Tratos
Elementos objetivos do tipo
Expor a perigo a vida ou as saúde – Colocar em risco.
Pessoa sob sua autoridade, guarda ou vigilância – Há uma responsabilidade de cuidado sob a possível vítima.
Para fim de educação, ensino, tratamento ou custódia – Estabelecimentos de ensino, hospitalares, prisionais, etc.
Privação de alimentos ou cuidados indispensáveis – Conduta omissiva. Em relação aos alimentos pode ser total ou parcial, desde que gere perigo a vítima. Cuidados indispensáveis são aqueles necessários ao desenvolvimento regular de quem está sendo educado, tratado ou custodiado. Ex.: Higiene.
Art. 136 – Maus-Tratos
Elementos objetivos do tipo
Sujeição a trabalho excessivo ou inadequado – Deve ser considerado as condições físicas da vítima. Excessivo, é o desumano, e inadequado o impróprio.
Abuso de meio corretivo ou disciplinar – Não é punido o meio corretivo ou disciplinar, mas o seu abuso. Pode ser tanto físico quanto moral
Maus-tratos não se confunde com o crime de tortura (Art. 1º, II da Lei 9.455/97).
Na tortura é necessário submeter a vítima a “intenso sofrimento físico ou mental”, e nos maus-tratos basta a provocação simples de perigo. Na tortura o agente visa gerar sofrimento, nos maus-tratos temos uma situação de abuso do exercício de um direito regular.
Art. 136 – Maus-Tratos
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Obs.: Além da vontade de praticar a exposição a perigo, o agente deve ter consciência que o faz mediante abuso, senão carecerá de potencial consciência da ilicitude.
Classificação – Crime próprio; formal; de forma vinculada; comissivo ou omissivo; instantâneo; de perigo concreto; unissubjetivo; plurissubsistente.
Tentativa – É admissível na forma comissiva.
Consumação – Ocorre com a prática da exposição ao perigo, independentemente de resultado naturalístico.
Art. 136 – Maus-Tratos
Formas qualificadas pelo resultado
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 12 (doze) anos.
Obs.: Aqui temos o preterdolo (dolo na conduta de abandono, e culpa na lesão ou morte).
Art. 136 – Maus-Tratos
Causa de aumento de pena
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Obs.: Se a vítima for idoso (60 anos em diante), responde pelo Art. 99 do Estatuto do Idoso.
Art. 136 – Maus-Tratos
Causa de aumento de pena
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos.
Obs.: Se a vítima for idoso (60 anos em diante), responde pelo Art. 99 do Estatuto do Idoso.
Capítulo IV – Da Rixa
Rixa 
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores:
Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 2 (dois) meses, ou multa.
Sujeito ativo – Qualquer pessoa. Trata-se de crime de concursos necessário (plurissubjetivo), necessitando envolver pelo menos 3 pessoas, que podem ser inimputáveis, pessoas não identificadas ou que tenha morrido durante a briga.
Sujeito passivo – Qualquer pessoa envolvida na rixa.
Obs.: Entende a doutrina, que pessoa que não participaram da rixa, limitando-se a assistir o combate, pode figurar como sujeito passivo do tipo.
Objeto jurídico – É a incolumidade física.
Objeto material – É a pessoa que sofre a agressão.
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Capítulo IV – Da Rixa
Elementos objetivos do tipo
Trata-se de um tipo aberto que dependerá da interpretação do juiz.
Participar de rixa – Associar-se, tomar parte, de briga ou desordem, contendo no mínimo 3 pessoas valendo-se de agressões mútuas de ordem material (não moral), sem nenhuma premeditação.
Obs.: Se identificáveis grupos contrários lutando entre sí ou vítima determinada (3 contra 1), teremos lesão corporal ou outro crime.
Salvo para separar contendedores – Aquele que visa separar a briga não responde pelo crime.
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Capítulo IV – Da Rixa
Elemento subjetivo – Dolo de perigo.
Classificação – Crime comum; formal; de forma livre; comissivo; instantâneo; de perigo concreto; plurissubjetivo; unissubsistente (Mirabete, Sanches) ou plurissubsistente (Noronha, Hungria e Nucci).
Tentativa – É admissível se for preordenada (Noronha, Hungria e Nucci). Se nascer de improviso, torna-se inviável a forma tentada.
Obs.: Parte moderna da doutrina, entende ser impossível, pois a hipótese de vislumbrar tal ocorrência, seria de dois grupos premeditarem a rixa, e serem impedidos, por exemplo, pela polícia, e aqui estaríamos punindo atos preparatórios, e não executórios.
Consumação – Ocorre com a prática dos atos de agressão desordenada, independentemente do resultado naturalístico.
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Capítulo IV – Da Rixa
Rixa qualificada (Art. 137, parágrafo único, CP)
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na rixa, a pena de detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
Para maioria da doutrina (mesmo não sendo pacífico sob pena de bis in idem) entende-se que se participante da rixa que seja identificado como causador da lesão corporal ou morte, responderá também pela lesão ou morte.
Obs.: O participante que sofreu a lesão também será punido pela qualificadora.
Obs.: Se agente tomou parte na rixa e saiu antes da morte da vítima, responde pelo crime qualificado, pois sua condição anterior criou condições para o desfecho morte.
Obs.: Ocorrendo várias mortes teremos apenas uma rixa qualificada.
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Capítulo IV – Da Rixa
Rixa e legítima defesa
Não há solução pacífica.
A regra é que não há legítima defesa, pois na rixa não há agressores e agredidos, todos são agressores.
Contudo, quem entende ser possível, cita duas possibilidades:
1ª possibilidade – A legítima defesa de terceiro dentro da rixa. Ou seja, alguém de fora, entra com intuito de defender terceiro. Contudo, ao adentrar na rixa, será também coautor da mesma;
2ª possibilidade – As agressões da rixa, em tese, seguem uma proporcionalidade de agressões (socos, chutes, etc.), se em dado momento, um deles passa a utilizar arma, ultrapassa-se a proporcionalidade, cabendo legítima defesa à partir dessa agressão desproporcional. Essa possibilidade é mais aceitável.
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UNIDADE III
Capítulo V – Dos crimes contra a honra
Calúnia - Art. 138
Exceção da Verdade - Art. 138, § 3º
Difamação - Art. 139
Exceção da Verdade - Art. 139, Parágrafo único
Injúria - Art. 140
Disposições Comuns - Art. 141
Exclusão do Crime - Art. 142
Retratação - Art. 143, Art. 144, Art. 145
138
Art. 138 - Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente fato definido como crime:
Pena - detenção, de seis (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a imputação, a propala ou divulga.
§ 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
Sujeito ativo – Qualquer pessoa.
Obs.: Senadores, deputados e vereadores (dentro do município que atuam) possuem inviolabilidade no exercício regular de suas atividades. Advogados não!
Obs2.: Entende-se majoritariamente que pode ser sujeito passivo o menor.
Obs3.: É possível também a calúnia contra os mortos, contudo o sujeito passivo serão os seus parentes vivos. (Art. 138, §2º).
Sujeito passivo – Qualquer pessoa, inclusive jurídica desde que a imputação seja pela prática de crime ambiental.
Art. 138 - Calúnia
Objeto jurídico – É a honra objetiva (reputação ou imagem da pessoa diante de terceiros.
Objeto material – É a reputação da pessoa.
Elementos objetivos do tipo
Caluniar – É fazer acusação falsa, denegrindo a credibilidade de uma pessoa perante o meio social, imputando-lhe fato definido como crime.
É uma espécie de difamação qualificada, por denegrir atribuindo a vítima o cometimento de ato criminoso.
Obs.: O agente deve saber que que o fato imputado é falso.
Elemento subjetivo do tipo – É a vontade específica de macular a imagem de alguém. 
Obs.: Entende-se majoritariamente que brincadeiras, simples fofocas e meras opiniões sobre alguém não devem ser punidas

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