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1 INTRODUÇÃO À NUTRIÇÃO ESPORTIVA 2 FACULESTE A história do Instituto Faculeste, inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a Faculeste, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A Faculeste tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Sumário FACULESTE ............................................................................................................. 2 Introdução à Nutrição Esportiva ............................................................................. 4 Os Alimentos Funcionais no Esporte ..................................................................... 5 Alimentação Esportiva Funcionais & Nutracêuticos Suplementos Nutricionais e Naturais .................................................................................................................... 6 Componentes Ativos - Propriedades Para Saúde/Alimentos .............................. 8 Alimentação Esportiva - Funcionais & Nutracêuticos .......................................... 9 Substratos Energéticos e a Atividade Física ...................................................... 11 Suplementos X Alimentos ..................................................................................... 14 Produtos Disponíveis no Mercado Brasileiro ...................................................... 16 Marcas de Isotônicos/Energéticos Disponíveis no Mercado .............................. 18 O Futuro da Nutrição Esportiva ............................................................................ 19 Benefícios da Nutrição Esportiva ......................................................................... 23 Atletas X Pessoas Fisicamente Ativas. ................................................................ 24 Pirâmide Alimentar e Hipertrofia ........................................................................... 25 Alimentos/Chave na Dieta ..................................................................................... 27 Alimento Índice Glicêmico .................................................................................... 29 Alimento Índice Glicêmico .................................................................................... 29 Benefícios e Efeitos Adversos do Uso dos Suplementos Aimentares .............. 31 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 34 4 Introdução à Nutrição Esportiva Desde a época dos primatas o homem pratica atividade física, porém os exercícios evoluíram com o passar dos séculos. As primeiras atividades físicas praticadas pelo ser humano eram fugas de animais predadores e lutas por áreas praticamente inexistentes nos dias de hoje. Essas atividades deram início ao que hoje chamamos de esporte. Acredita-se que os gregos e os persas foram os pioneiros na prática esportiva. Os tempos mudaram, mas desde aquela época o ser humano vem se preocupando cada vez mais em ter uma boa qualidade de vida através dos exercícios físicos. A nutrição faz parte da vida dos atletas desde a Antiguidade. Alguns atletas tinham crenças e tabus e costumavam se alimentar de forma diferente antes das competições esportivas. Há relatos de 580 a.C. sobre atletas gregos que adotavam dietas especiais, porém nessa época ainda não existiam estudos científicos sobre a nutrição no esporte. Apenas recentemente é que se conheceu a importância da nutrição para a melhora do desempenho do atleta na prática esportiva. O rendimento dos atletas vem aumentando gradativamente e as últimas olimpíadas constituem um termômetro que demonstra o fato. Os sucessivos recordes alcançados por esportistas de todas as áreas mostram claramente maior preparo físico. Associada ao sucesso de talentosos atletas está a ciência, colaborando bastante para obter os louros da vitória. A medicina esportiva contribui para o aumento do rendimento, orientando os atletas com procedimentos corretos para evitar desgastes e auxiliando na prevenção de problemas que, antigamente, deixavam esportistas valiosos fora das competições. Aliada aos avanços da 5 medicina está a nutrição esportiva, que entra em campo com força total para que atletas possam extrair o máximo de suas potencialidades na prática de esportes e corredores, que participaram da Maratona de Boston. Esse estudo demonstrou a importância da ingestão de carboidratos durante exercícios prolongados. Nos anos 60, em pesquisas feitas sobre o glicogênio, foi descrita pela primeira vez a dieta da super compensação, que consistia, primeiro, na diminuição do conteúdo de carboidratos da dieta, seguida do aumento da sua ingestão, acompanhado de uma diminuição na intensidade dos treinos, a fim de otimizar os estoques de glicogênio muscular. O efeito desta prática era um aumento no tempo de resistência, sem que ocorresse a diminuição da intensidade na prova. Esse tipo de conduta nutricional foi usado com sucesso por muitos atletas e é utilizado até hoje por alguns competidores. A preocupação com a qualidade de vida tem se tornado assunto de destaque em todo o mundo. A prática regular de esportes acompanhada de uma alimentação adequada constitui o principal foco para alcançá-la, fazendo história nos consultórios, na vida das pessoas e, principalmente, no mundo dos esportes. Os Alimentos Funcionais no Esporte Atualmente, tem se disseminado muito a ideia de se utilizar “o alimento como medicamento”, contemplando dessa forma as lições de Hipócrates - o pai da medicina - proferidas há 2.500 anos atrás. 6 Todo alimento ou ingrediente que, além das funções nutricionais básicas, produz efeitos benéficos à saúde, é denominado alimento funcional, o qual tem sido amplamente divulgado, na atualidade, como promotor de saúde para pessoas em geral, inclusive esportistas. Alimentos com propriedades funcionais de importância significativa são aqueles que possuem ação antioxidante, ou seja, diminuem a produção de radicais livres decorrentes da prática esportiva, especialmente nas atividades de longa duração. Durante a prática esportiva ocorre um aumento de 10 a 20 vezes no consumo total de oxigênio do organismo e um aumento de 100 a 200 vezes na captação de oxigênio pelo tecido muscular, favorecendo a produção de radicais livres, o que contribui para a ocorrência de danos celulares, o que pode prejudicar o desempenho do atleta e ocasionar problemas à saúde. De maneira geral, os especialistas recomendam atender todas as necessidades de nutrientes essenciais, além de enriquecer a alimentação com fontes de alimentos funcionais. Isto pode ser obtido através de uma alimentação amplamente variada e com a inserção de alguns dos alimentos descritos na tabela a seguir. Alimentação Esportiva Funcionais & Nutracêuticos Suplementos Nutricionais e Naturais Albumina A albumina é a proteína mais abundante em ovos; está presente também no músculo e no sangue. Comercialmenteextraída da clara do ovo, a albumina é uma 7 proteína de alto valor biológico (fornece todos os aminoácidos essenciais), sendo muito importante para atletas que desejam realizar uma dieta hiperprotéica. É facilmente digerida e absorvida, o que facilita a recuperação do organismo. Sua necessidade é discutível, pois não é necessário suplementar o organismo com proteínas isoladas, bastando escolher os alimentos de forma correta. Por conter grande quantidade de aminoácidos essenciais, é mais importante para recuperar desnutridos do que aumentar a massa muscular de atletas que já se alimentavam de forma correta. Não há uma dose geral. Cada caso deve ser estudado, mas a recomendação é de aproximadamente 1,5g/kg para o total de proteína da dieta, somandose suplementos e alimentos. Arginina, lisina e ornitina. São três aminoácidos encontrados em diversos alimentos. Ainda não há um consenso sobre a relevância de ingerir esses três aminoácidos sobre o organismo humano. Especula-se, ainda sem comprovação, que a associação desses três aminoácidos estimula a liberação de GH (hormônio do crescimento), porém mais pesquisas precisam ser realizadas. A dose recomendada é de 40mg a 170mg/kg de peso corporal para a melhor estimulação do hormônio do crescimento. BCAA (Branched-Chain Amino Acids, em português aminoácidos de cadeia ramificada) - Leucina, valina e isoleucina. São aminoácidos abundantes em carnes e que têm a característica de serem essenciais ao organismo, ou seja, o corpo não os produz. Esses três aminoácidos passaram a atrair a atenção de pesquisas quando, na década de 80, formulouse a hipótese de que seu uso reduz as chances do triptofano plasmático chegar à barreira hematoencefálica, reduzindo a produção de serotonina no cérebro, de modo 8 que os sintomas de fadiga relacionados ao exercício seriam reduzidos. Porém, o seu uso também pode estar associado à melhora dos processos anabólicos e anticatabólicos. Até o momento, o aspecto mais favorável ao seu uso é de prevenir em até 40% o risco de infecções no trato respiratório superior de triatletas. Com a ingestão de 5g a 10g/dia atinge-se seu efeito máximo. b-HMb ou β -hidroxi- β - metilbutirato. É um metabólito da leucina. Tem recebido o mérito de ser um importante anti-catabólico, aumentando força e massa muscular com sua suplementação. Seus efeitos ainda estão sendo estudados, pois o b-HMb não tem apresentado influências positivas em atletas de alto nível de condicionamento. A dose recomendada é de 1,5g a 3g/dia durante 4 a 8 semanas. Bicarbonato de sódio. É um potente elemento tampão produzido pelo organismo. Durante atividade com predomínio da glicólise anaeróbia, o pH sangüíneo tende a reduzirse, prejudicando a performance. O propósito de ingerir tal substância Componentes Ativos - Propriedades Para Saúde/Alimentos Flavonóides Antioxidantes que previnem o câncer, além de apresentarem atividade antiinflamatória. Frutas cítricas, tomate, pimentão, alcachofra, cereja e salsa. Ácidos graxos ômega Redução do colesterol ruim (LDL); apresentam ação antiinflamatória. Peixes marinhos, como salmão, sardinha, atum, anchova e arenque. Ácido alfa-linolênico Estimula o sistema imunológico e tem ação antiinflamatória. Óleos de linhaça, soja, nozes e amêndoas. Licopeno Potente antioxidante que reduz o risco de certos tipos de câncer, como de próstata. Alimentos vermelhos em geral: tomate e derivados, melancia, goiaba vermelha e 9 pimentão vermelho. Isoflavonas Antioxidante que diminui o colesterol e reduz sintomas da menopausa em mulheres. Soja e derivados. Catequinas Reduzem a incidência de certos tipos de câncer, reduzem o colesterol e estimulam o sistema imunológico. Chá verde, cerejas, amoras, framboesas, mirtilo, uva roxa e vinho tinto. Fibras solúveis e insolúveis Melhora o funcionamento intestinal e, com isso, reduz o risco de câncer de cólon. As fibras solúveis podem ajudar no controle do colesterol e da glicemia. Cereais integrais, como aveia, centeio, cevada, farelo de trigo, etc., hortaliças e frutas. Probióticos - Lactobacilos Melhora o funcionamento intestinal e reduz o risco de constipação e câncer de cólon. Leites fermentados e iogurtes. Alimentação Esportiva - Funcionais & Nutracêuticos É elevar o pH para que a queda da performance associada à acidez seja retardada. Apesar de ter ação comprovada, a intensidade dos sintomas podem estar anulando os benefícios à performance. A dose recomendada é de 250 a 300mg/kg, porém é melhor iniciar com doses menores. Cafeína. É um importante estimulante do sistema nervoso central, presente em chás, café, chocolate, guaraná e refrigerantes. Tem sido usado no exercício para reduzir a percepção de esforço, pois a cafeína modifica o limiar da dor, melhorando a performance. Seu efeito lipotrófico (emagrecedor) pode estar associado à liberação do hormônio catabólico adrenalina. Apesar de ter eficiência comprovada em muitos estudos, a cafeína pode ser bastante prejudicial para alguns indivíduos, enquanto que apresenta pouco, ou nenhum efeito àqueles que já a consomem habitualmente. A dose para melhorar a performance é de 200mg a 300mg. Carboidratos complexos. Os carboidratos complexos são substâncias presentes principalmente em vegetais, formados, quase 10 sempre, de uma ou mais cadeias de glicose. Além de comporem substâncias essenciais ao organismo, também são uma das formas mais fáceis para que o organismo produza energia. Sendo composto de diversas unidades de açúcares, os carboidratos complexos têm a característica de serem absorvidos de forma lenta, de modo que exercem pouco estímulo à liberação de insulina, a qual, quando em excesso, causa letargia, fadiga e, às vezes, hipoglicemia. Assim, os carboidratos complexos devem ser ingeridos antes da prática de exercícios. Segundo a comunidade científica, os carboidratos são a forma mais segura de obter uma dieta hipercalórica, ou seja, quando associado ao exercício, facilitam o ganho de massa muscular por pouparem as proteínas e facilitam a recuperação. A dose recomendada é uma refeição com cerca de 200g a 300g de carboidratos complexos de 3 a 4 horas antes da atividade física. Carnitina. É uma substância composta por aminoácidos presente em todas as mitocôndrias do corpo. Esse composto de aminoácidos tem recebido atenção por ser um dos responsáveis pela oxidação lipídica. Para que os ácidos graxos de cadeia longa atravessem a membrana mitocondrial para serem oxidados, há o auxílio da carnitina palmitoil transferase, cuja concentração pode ser manipulada pela suplementação de carnitina. Em indivíduos deficientes de carnitina, sua suplementação é de grande importância, porém, até o momento, não há um consenso sobre sua influência na performance. Ingerindo-se 2g/dia, estudos demonstram que a oxidação lipídica torna-se mais acelerada. Entretanto, os estudos ainda não são conclusivos. Creatina. Substância composta de dois aminoácidos (glicina e arginina) que é produzida nas células. Possui uma característica especial, a de ser a principal molécula de ressíntese de ATP nos primeiros 10 segundos de atividades máximas, o que significa que quando sua concentração é aumentada pela suplementação, a ressíntese de ATP é mais 11 eficiente e a recuperação mais rápida. Assim como no caso da glutamina, o seu efeito osmótico tem sido relacionado a uma maior síntese proteica. Como sua função ergogênica ocorre quase que exclusivamente em exercícios de alta intensidade e curta duração, não adianta ingeri-la antes de uma maratona. Em geral, nos três primeiros dia, usa-se uma dose elevada para a sobrecarga (20g a 30g), passando para a fase de manutenção (até 8 semanas) com 2g/dia. Substratos Energéticos e a Atividade Física A nutrição esportiva, apesar de ainda ser muito recente como ciência, tem se tornado cadadia mais independente como área de atuação do profissional nutricionista. O tema em questão não se resume apenas a utilização do carboidrato como principal fonte de energia ou a oxidação dos ácidos graxos nos exercícios de baixa intensidade, podendo ser cada vez mais específicas as necessidades de desempenho e composição corporal do esportista e do atleta. O termo esportista, neste contexto, se refere também ao indivíduo praticante de atividade física, uma vez que é comum a atuação do nutricionista em academias e consultórios, em busca de emagrecimento e qualidade de vida, e ainda de atletas com fins competitivos e objetivos de performance e melhora da composição corporal. A base da nutrição e fisiologia aplicada ao exercício é igual para ambos, porém os cuidados podem ser mais direcionados quando problemas comuns são encontrados nestes diferentes grupos. O fornecimento de energia acontece quando há uma demanda (solicitação) do músculo em contração. A energia do alimento não vem pronta para utilização, ou seja, passa por um processo de degradação através da digestão, sendo 12 posteriormente armazenada em formas mais compactas. Os carboidratos, que são quebrados em moléculas de glicose, são armazenados no músculo e fígado em forma de glicogênio. A gordura é degradada em ácido graxo e glicerol e armazenada em forma de triglicérides, e os depósitos de proteínas encontram-se sob a forma de aminoácidos. O substrato energético utilizado durante o exercício dependerá do tipo, intensidade e duração da atividade física. Dependendo da modalidade esportiva, basicamente três sistemas de fornecimento de energia atuam para o desempenho do indivíduo: ATP-CP, sistema anaeróbio e sistema aeróbio. Quando o indivíduo passa de um estágio de repouso e dá início ao exercício, o primeiro sistema de fornecimento imediato de energia é ativado para fornecer energia rápida ao músculo em atividade à sistema ATP-CP. A atividade pode durar segundos, como provas de curta duração e alta intensidade, corrida de 100 metros, provas de natação de 25 metros, levantamento de peso, sprints no futebol ou uma cortada no vôlei. Esta energia é proporcionada pelos fosfatos de alta energia (ATP e CP) armazenados dentro dos músculos específicos em atividade, portanto, a sua liberação acontece mais prontamente. O ATP é a principal fonte de energia para todos os processos do organismo, porém esta fonte de energia é limitada e deve ser continuamente reciclada dentro da célula. Esta ressíntese acontece a partir dos nutrientes e do composto creatina fosfato (CP). Os estoques de creatina fosfato são ressintetizados pelo músculo a partir de três aminoácidos: glicina, arginina e metionina (s-adenosil metionina), que pode ser encontrada tanto na forma livre, como creatina l, ou fosforilada, denominada fosfocreatina. À medida que o exercício continua, a via glicolítica - liberação de energia a partir dos carboidratos - é ativada. Existem dois estágios para a degradação da glicose no organismo. O primeiro é a decomposição de glicose para duas moléculas de ácido pirúvico, o qual é convertido em ácido 13 láctico. Estas reações envolvem transferências de energia que não necessitam de oxigênio - denominadas anaeróbias. Ocorrem durante exercícios de alta intensidade e média duração (alguns minutos), como lutas, musculação, resistência localizada e de velocidade. De forma prática, o conhecimento da intensidade do exercício será relatada pela frequência cardíaca durante a sessão de treinamento. Por exemplo, uma aula de aeróbica em academia pode ser de alta intensidade para um aluno e baixa para outro melhor condicionado. No caso de intensidades altas, o principal substrato utilizado é o carboidrato, pela grande liberação de glicose durante a atividade. O tempo de exercício é limitado pela oferta de glicogênio disponível. Neste caso, a suplementação com carboidratos é benéfica, podendo prolongar o tempo de atividade. Se o indivíduo mantém a intensidade do exercício moderada ou baixa com uma frequência cardíaca abaixo do limiar (onde a demanda de ácido lático é pequena), o ácido pirúvico é convertido em um componente chamado acetil CoA, que entrará no ciclo de Krebs, iniciando o sistema de fornecimento de energia aeróbia, como em atividades de resistência, maratonas, ciclismo, caminhadas e natação. Neste momento, a gordura também contribuirá para as necessidades energéticas do músculo. O ácido graxo livre entra na célula muscular, sofre uma transformação enzimática chamada ß-oxidação, e transformase em acetil CoA, que entrará no ciclo de Krebs. Este processo é denominado lipólise. Os depósitos de glicogênio hepático e muscular são capazes de fornecer apenas 1.200 a 2.000 cal de energia, enquanto a gordura armazenada nas fibras musculares e células de gordura podem fornecer cerca de 70.000 a 75.000cal. Portanto, quando ocorre a utilização de ácidos graxos, o tempo de atividade tende a ser prolongado. Proporcionalmente, haverá maior utilização da gordura, entretanto, o carboidrato é necessário para dar início ao ciclo. Os exercícios aeróbicos, além dos benefícios 14 cardiovasculares, potencializam a capacidade do músculo em utilizar a gordura como substrato energético, sendo uma forma de preservar o glicogênio muscular. A ingestão de gorduras não estimula o músculo a utilizar os ácidos graxos livres. Os fatores estimulantes para a lipólise são o exercício, a presença de oxigênio e um alto nível de catabolismo dos carboidratos. Os carboidratos e gorduras são os combustíveis preferenciais. Porém, as proteínas (formadas por aminoácidos), são transformadas nos intermediários do metabolismo, como piruvato ou acetil CoA, para entrar no processo de fornecimento de energia. A energia total proveniente deste metabolismo proteico pode variar de 5% a 10%. Em casos de déficit de carboidratos, a demanda de proteína para atender as necessidades do músculo aumenta. Suplementos X Alimentos Pesquisas recentes demonstram que muitos suplementos são utilizados tanto por atletas como pela população em geral, sendo que a prevalência do uso por atletas não é muito maior do que a de indivíduos não atletas. A suplementação pode superar a ingestão diária recomendada de diversos nutrientes e substâncias, muitas vezes com alguns efeitos desejáveis e outros colaterais. O mercado de suplementos nutricionais oferece uma série de produtos com funções específicas ao organismo. Os ergogênicos, por exemplo, são aqueles que podem promover aumento do desempenho físico além da capacidade fisiológica. Já os repositores, são aqueles utilizados em determinadas fases para garantir a reposição dos nutrientes perdidos por alguma situação específica. O consumo de suplementos muitas vezes é feito por indivíduos com baixo consumo alimentar, apenas corrigindo o déficit nutricional, o 15 que pode ser alcançado tranquilamente através da alimentação. É fundamental que a suplementação seja indicada e acompanhada por um profissional qualificado, pois o efeito pode ser contrário ao esperado, trazendo consequências sérias e irreversíveis. Também é importante conhecer a composição e a indicação do produto e ter consciência de que todo suplemento deve ser fabricado dentro de certos padrões de qualidade para que sejam preservadas suas características e garantir sua eficácia e inocuidade. A fim de diminuir o risco de saúde no consumo de suplementos nutricionais com a atividade física, o Ministério da Saúde regulamenta estes produtos de acordo com sua finalidade, dando assim uma característica de necessidade, consumo e, inclusive, estabelecendo quantidades. Os suplementos nutricionais são classificados como: Aminoácidos. Deste grupo, todas as formas de aminoácidos isolados (partes de proteínas) estão excluídos da classificação de suplementação alimentar, sendo que apenas os BCAAs são permitidoscomo suplemento. Até o momento, o Ministério da Saúde entende que altas dosagens de aminoácidos não são seguras suficientes para o consumo generalizado. Compensadores. Pós que enriquecem sucos ou leite e são formulados com todos os nutrientes necessários a uma dieta. Acrescentam calorias, proteína, carboidratos, vitaminas e minerais, de acordo com a necessidade calórica aumentada do esporte praticado. Repositores. São bebidas esportivas com o objetivo de repor água, sais e carboidratos (glicose) de forma mais rápida, evitando a desidratação de uma atividade intensa e/ou longa ou, ainda, causada pela temperatura elevada do ambiente. Energéticos. Especialmente desenvolvidos para repor ou fornecer energia aos treinamentos. São basicamente formulados à base de carboidratos e podem ser consumidos em pó (misturados em água) ou saches em gel. Aqui podem ainda ser 16 consideradas as barras à base de cereais que fornecem basicamente carboidratos. Protéicos. Basicamente proteínas, em pó ou em forma de barras, produzidas a partir da proteína do ovo (albumina) do leite (caseína) ou isolados de soja. Sabendo sobre a função e a classificação destes produtos, todos os atletas e esportistas podem manter bom rendimento com mais segurança. Além disso, o uso adequado e orientado por profissionais especialistas (médico/ nutricionista) levam aos melhores resultados no controle de peso corporal, ganho de massa muscular e melhora no desempenho. Produtos Disponíveis no Mercado Brasileiro No vasto mercado de suplementos nutricionais, as bebidas isotônicas, energéticos e as barras de cereais são as grandes campeãs. Indicadas para a reposição de líquidos e sais minerais, como sódio e potássio, antes, durante e depois dos exercícios ou competições, as bebidas isotônicas são soluções cuja concentração de moléculas (osmolalidade) é semelhante aos fluidos do corpo e, portanto, podem ser incorporados e transferidos para a corrente sanguínea através do processo osmótico. São usadas principalmente para repor água e sais minerais perdidos pela transpiração ou outras formas de excreção, pois não interferem no equilíbrio hidroeletrolítico do corpo. São consideradas como bebidas isotônicas o soro caseiro, a água de coco, e outros isotônicos industrializados, como Gatorade, SportDrink, Marathon, SportFluid, SportAde, etc. Por serem ótimos repositores hidroeletrolíticos, as bebidas isotônicas passaram a ser comercializadas tendo como público-alvo principalmente atletas ou praticantes de atividades físicas. A moda dos 17 produtos para esportistas se popularizou e começou a ser usada também fora das academias e quadras. No caso dos isotônicos, a princípio não existe contraindicações, já que o objetivo do produto é repor água e eletrólitos perdidos pelo corpo. Os isotônicos industrializados são de agradável sabor e de fácil aceitação e, apesar de serem direcionados para praticantes de atividade física, vem ao longo dos anos sendo amplamente consumidos até por sedentários em substituição a refrigerantes. Existem vários mitos em torno deste produto. Um deles é que o seu consumo excessivo leva a problemas renais, devido às elevadas concentrações de sais. Essa afirmação não é coerente, já que um saquinho de pipoca tem cerca de oito vezes mais sódio do que 500ml de um isotônico comum. É importante lembrar que essa mesma quantidade de sódio é 1/10 da necessidade diária recomendada pela RDA (Recomended Dietary Allowances). Portanto, o uso moderado dessas bebidas não possui restrições para quaisquer pessoas. O primeiro isotônico que se tem notícia foi formulado pelo Dr. Robert Johnson, da Florida State University, em 1962. Ao observar os atletas da universidade ficando desidratados, batizou sua fórmula de Seminole Fire Water. Diante dos bons resultados, levou sua fórmula a uma conferência de atletas e preparadores físicos e, na ocasião, distribuiu a bebida para mais de 60 atletas. Logo após a conferência, o Dr. Robert Cade, da Universidade da Flórida, criou o Gatorade, em 1965, para os jogadores de futebol americano Gators. O Dr. Cade entrou em acordo com a empresa Stokely-Van Camp e ambos produziram o Gatorade em larga escala. A Stokely-Van Camp foi adquirida pela Quaker, em 1983, e desde então a bebida ganhou o mundo com o surgimento de outras marcas de isotônicos. 18 Marcas de Isotônicos/Energéticos Disponíveis no Mercado Outro produto que se destaca no mercado dos suplementos são as barras nutricionais. Disponíveis no mercado em diferentes tipos, marcas, sabores e composições nutricionais, as barras nutricionais já estão inseridas e incorporadas definitivamente na dieta dos esportistas, por atenderem aos requisitos de opções dietéticas convenientes, saudáveis e de sabor agradável. Existem quatro tipos básicos de barras nutricionais. As barras de cereais fibrosas são compostas predominantemente por fibras e carboidratos de rápida absorção (glicose), estando prontamente disponíveis para elevar a glicemia logo após a ingestão. Caracterizam- se pelo alto teor de fibras, podendo ser utilizadas por qualquer pessoa nos intervalos das refeições. Em exercícios, o conveniente é usá-las após o mesmo, já que o alto teor em fibras pode gerar um trabalho digestivo em um momento onde a prioridade do organismo é o trabalho muscular, podendo atrapalhar, inclusive, o desempenho físico. Em média, estas barras possuem 100kcal e 20g de carboidratos, substituindo adequadamente, em termos calóricos, um lanchinho composto por uma vitamina de frutas ou uma fatia de pão integral com requeijão light. Normalmente, o lanche da manhã é composto de uma quantidade pequena de alimentos e o da tarde de uma quantidade um pouco maior, o que permite, no segundo, a ingestão de até duas barras para um indivíduo normal com atividade moderada. Já as barras energéticas são compostas em grande parte por carboidratos de cadeia longa, menos fibrosas e ótimas para serem utilizadas durante e após o exercício. São de fácil absorção, poupando parte do conteúdo muscular e diminuindo a fadiga. Para indivíduos que 19 não fazem nenhuma atividade física, as barras energéticas se tornam um pouco calóricas, com 280 calorias em média. Sua ingestão é conveniente para um lanche da tarde de um indivíduo que necessite de 1.800 a 2.000kcal/dia. As barras protéicas são ideais para quem pratica atividade física, devendo ser consumidas após as mesmas para recuperação muscular. Não são indicadas para indivíduos que não fazem atividade física, porém podem ser incluídas caso alguma refeição seja omitida, como almoço ou jantar. As barras dietéticas e light são as mais novas no mercado; satisfazem o paladar daqueles que já aderiram ao uso de barras, com uma vantagem aos que não devem consumir calorias em excesso: possuem menos de 20g de carboidrato, isto é, menos carboidrato que uma fatia de pão. Em comparação às barras fibrosas, a baixa quantidade de gordura é um ponto positivo. Podem ser utilizadas por qualquer indivíduo, porém aqueles que praticam atividade física devem preferir as mais calóricas, com maior conteúdo nutricional. Além das barras nutricionais, o mercado dispõe do gel energético. Trata-se de um gel, encontrado nos sabores banana, pêssego, limão e morango, rico em carboidratos de rápida e média absorção, ideal para atletas e esportistas. O Futuro da Nutrição Esportiva A indústria de nutrição esportiva continua crescendo a cada ano. Os produtos destinados a esse mercado não atendem mais apenas a frequentadores de academias e/ou atletas, mas abrangem agora um mercado mais amplo demograficamente. Nos últimos anos, o crescimento mais notável no mercado de nutrição esportiva se deu no segmento de bebidas enriquecidas com proteínas. 20 Esses drinques prontos altamente proteicos suplantaram o uso, mais tradicional e antigo, de pósadicionados a leite, água, etc. Utilizando embalagens assépticas produzidos pela Tetra Pak, essas bebidas de baixa acidez estão crescendo rapidamente em popularidade no segmento de nutrição esportiva; o processo de empacotamento asséptico protege as composições de aminoácidos, ao contrário dos antigos processos enlatados, que danificam as proteínas e produziam off flavors. As barras proteicas que conheceram um boom há dez anos já atingiram o pico máximo de vendas nos países industrializados e agora já estão estagnantes. A estabilidade das proteínas nas barras sempre foi problemática e muitos formuladores passaram a usar polióis (maltitol, sorbitol) na composição das mesmas. Embora esses polióis melhorem a estabilidade das barras, costumam comprometer a estabilidade estomacal de seus consumidores! Ademais, o gosto das barras, embora tenha melhorado muito, continua sendo uma séria barreira na hora da repetição de compra. Já o mercado de perda de peso focou suas descobertas no corte de gorduras. As lignanas de gergelim, o ácido linoléico conjugado (CLA) e a fucoxantina, a mais recente descoberta, possuem, até certo ponto, comprovações científicas que podem ajudar os consumidores a perder peso de forma segura e efetiva, além de não possuírem estimulantes, tais como cafeína, yohimbe, efedrina etc. A fucoxantina, um carotenóide encontrado em algas comestíveis, possui fortes propriedades termogênicas e viscerais de redução de gorduras, acompanhando a taxa metabólica normal e contribuindo para a manutenção de um peso saudável. Através da estimulação do desacoplamento dos genes da proteína da mitocôndria das células de gorduras e suprimindo a diferenciação da célula e gordura, a fucoxantina promove a termogênese (aumento do calor do corpo com para queimar mais calorias) e suprime a acumulação de lipídios nas células de gordura branca, as 21 quais se acumulam no fígado e ao redor da barriga. Já as lignanas de gergelim e o CLA trabalham para equilibrar os hormônios e promover a queima de lipídios. Antigamente, recorria-se a uma combinação prejudicial de efedra (efedrina), cafeína e aspirina para aumentar a termogênese e induzir a perda de peso. Em função do falecimento de alguns atletas que abusaram da efedrina, a mesma passou a ser proibida pela FDA que, só recentemente, voltou a autorizar o seu uso, porém em baixas dosagens. Os pesquisadores descobriram um novo componente exclusivo, a beta-metoxi-feniletilamina, que tem resultado mais promissor, inclusive, do que a efedrina. Os cientistas examinaram a forma básica de beta-feniletilamina (conhecida como beta-PEA) durante anos, mas, desafortunadamente, a prevista vida média curta de seus componentes não a deixava, até agora, muito efetiva. Outra tecnologia que avança diariamente é a dos aminoácidos. Nos Estados Unidos, a empresa japonesa Kyowa Hakko desenvolveu o Sustamine, um dipeptídio dos dois aminoácidos L-alanina e L-glutamina, o L-analinaL-glutamina. O Sustamine é muito solúvel em água e estável em soluções, podendo assim ser utilizado para propiciar os benefícios da glutamina em uma grande variedade de aplicações. Já recebeu o estatuto de GRAS para uso em bebidas e alimentos. Comparado à L-glutamina, o Sustamine melhora o crescimento das células viáveis, além de reduzir o nível de amônia, que é um subproduto da degradação da L-glutamina. Estudos científicos sugerem que a suplementação de glutamina minimiza o desarranjo do tecido muscular e melhora o metabolismo das proteínas. Vários estudos também mostram o efeito da glutamina no volume das células. Um estudo mais recente mostrou um aumento de 400% no nível de crescimento hormonal com o consumo de 2g de L- glutamina. Outro aminoácido utilizado na área de nutrição esportiva é a β-alanina, um aminoácido não essencial encontrado em muitos alimentos, como o frango, por 22 exemplo. Por si só, a β-alanina não é muito ergogênica. Segundo estudos, quatro semanas de suplementação com β-alanina (4g a 6g por dia) resultou em um aumento médio de 64% do músculo esquelético. Os ingredientes proteicos também foram completamente revolucionados pela indústria esportiva. Durante anos, a indústria usou amplamente a proteína concentrada de soro, mas os grandes fabricantes, como a Glanbia Nutritionals, por exemplo, descobriram que a fração isolada do soro possui múltiplos benefícios para a saúde, como melhoria do sistema imune e dos níveis de nitrogênio no fluxo sanguíneo, favorecendo um ótimo crescimento muscular. A Glanbia Nutritionals produz uma proteína isolada de soro 100% pura, ultra-filtrada/micro-filtrada (UF/MF), de fácil assimilação e da melhor qualidade disponível no mercado. A proteína isolada de soro ultrafiltrada/micro-filtrada utiliza processos especiais que não danificam ou desnaturam os peptídios. Este processo, em conjunto com a qualidade da proteína usada, deixa a proteína intacta e permite ao organismo uma absorção rápida e fácil, sem gerar problemas estomacais (gás, refluxo). A proteína isolada de soro também é rica em frações glicomacropeptídicas altamente bioativas e beta- lactoglobulina, imunoglobulina, glicopeptídios e lactoferrina. Estes são os principais componentes do soro que alimenta o sistema imune e os tecidos musculares, juntamente com as altas quantidades de aminoácidos de cadeia ramificada. Em termos de inovação nessa área, o PeptoPro, da DSM, tem chamado a atenção do mercado nos últimos anos. Esse peptídeo especial da caseína é absorvido e age mais rapidamente na recuperação muscular do que qualquer outra proteína digestiva. O PeptoPro é um derivado da proteína de leite prédigerido, neutro em gosto. Uma enzima patenteada pela DSM reduz o gosto amargo típico, gerando minúsculos fragmentos de proteína (peptídios) que são rapidamente absorvidos na 23 circulação sangüínea, ao mesmo tempo em que abastecem os músculos. PeptoPro contém 26% de glutamina em uma forma de peptídeo estável para uso em proteína para bebidas prontas, proporcionando benefícios à musculatura e a saúde intestinal. A Davisco também inovou na área de proteínas com a sua nova alfa-lactalbumina para aplicação em formulações infantis e em bebidas funcionais. A alfa-lactalbumina é a mais pura forma de alfa-lactalbumina bovina disponível comercialmente. A alfa- lactalbumina é a proteína primária do leite humano; é rica no aminoácido triptofano , um precursor do neurotransmissor serotonina. O grande benefício da alfa- lactalbumina está no seu efeito regulador do comportamento neural, como apetite, sono, memória muscular, percepção da dor, humor, ansiedade e controle do estresse. Outra proteína amplamente usada agora em bebidas nutritivas para esportistas é a caseína micelar. Trata-se da forma natural desnaturada da caseína encontrada no leite, que é separada do mesmo através de ultra filtração, sem o uso de substâncias químicas; aumenta a quantidade de peptídeos bioativos do leite que suportem a função imune, bem como aumentam o crescimento muscular. A caseína micelar tem a habilidade única de formar um “gel” no intestino, propiciando uma liberação constante de aminoácidos na circulação sanguínea, o que a torna uma excelente opção como proteína anti-catabólica de longa duração. Benefícios da Nutrição Esportiva Aumentar desempenho atlético: Maximizando os resultados do treinamento; Reduzir a fadiga; 24 Aumentar depósitos de energia para competição; Diminuir as possibilidades de enfermidades capazes de reduzir os períodos de treinos ou encurtar a carreira do atleta, contribuindo para a manutenção da saúde. Ocasionar mudanças favoráveis da composição corporal conforme a necessidade: aumento de massa muscular, redução do percentual de gordura, perda de peso. A nutrição inadequada pode ocasionar perda de massa muscular, disfunção hormonal, osteopenia, maior incidência de fadigacrônica, lesões músculo esqueléticas e doenças infecciosas. Estes sinais e sintomas constituem também, algumas das principais características da síndrome do excesso de treinamento ou overtraining. Atletas X Pessoas Fisicamente Ativas. É interessante diferenciarmos atletas de pessoas fisicamente ativas. Os primeiros são esportistas profissionais que se submetem em seus treinos diários a uma carga de exercícios bastante intensa e por conta disso tem seu metabolismo (conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos) e necessidades nutricionais completamente alterados e aumentados. Ao passo que pessoas fisicamente ativas são aquelas que buscam na prática de atividades físicas, a promoção da saúde, a qualidade de vida e o bem estar. 25 Os cuidados nutricionais com atletas devem ser não só de melhora da performance (desempenho) durante os treinos e provas, mas também de reposição das perdas de vários nutrientes que ocorrem durante os exercícios. Pessoas fisicamente ativas não podem ter como referência a alimentação de atletas profissionais. A alimentação nos dois casos, atletas e fisicamente ativos, é uma grande aliada, mas com estratégias e objetivos diferentes. A abordagem nutricional que segue, refere-se aos cuidados com a alimentação de pessoas fisicamente ativas. Os capítulos a seguir explicam qual a função de cada nutriente no desempenho físico, como deve ser a distribuição dos nutrientes na dieta, quando consumir cada um deles e aborda também um tema polêmico quando o assunto é atividade física - a suplementação. Pirâmide Alimentar e Hipertrofia Segundo a legislação vigente em nosso país, a "Pirâmide Alimentar é um instrumento, sob a forma gráfica, de orientação da população para uma alimentação mais saudável". Ela constitui um guia para uma alimentação saudável, onde você pode escolher os alimentos a consumir, dos quais pode obter todos os nutrientes necessários, e ao mesmo tempo, a quantidade certa de calorias para manter um peso adequado. A pirâmide possui 4 níveis com 8 grandes grupos de produtos, de acordo com a sua participação relativa no total de calorias de uma dieta saudável. Os 26 alimentos dispostos na base da pirâmide devem ter uma participação maior no total de calorias da sua alimentação, ao contrário dos alimentos dispostos no topo da pirâmide, que devem contribuir com a menor parte das calorias de toda a sua alimentação. Cada grupo de alimentos é fonte de nutrientes específicos e essenciais a uma boa manutenção do organismo. Para quem está preocupado com a definição e o aumento dos músculos (hipertrofia muscular) é importante saber que uma alimentação que fornece diariamente de 12 a 15% do valor calórico total em proteínas é suficiente para atender as necessidades de quem pratica atividade física com essa finalidade. Os resultados sobre o uso da suplementação com aminoácidos para o aumento de massa muscular assim como seus respectivos efeitos colaterais à longo prazo, são controversos. Por isso, uma alimentação equilibrada, planejada e individualizada que garanta a ingestão de porções adequadas de alimentos fontes de proteínas é o caminho mais saudável, além da prática de exercícios indicados para este fim e orientados por um profissional. É importante também não descuidar do consumo de carboidratos na quantidade e horários recomendados. Além de garantir a manutenção do tônus muscular, os carboidratos mantêm os depósitos de glicogênio muscular e hepático sempre repletos e preservam a utilização da proteína dos músculos como fonte de energia. 27 Alimentos/Chave na Dieta Existem alguns alimentos tão saudáveis e tão essenciais que eu não poderia deixar de citá-los aqui. Eles podem ser usados em qualquer tipo de dieta (o que irá mudar é a quantidade indicada para cada objetivo) e, além de fornecerem energia, fornecem nutrientes como: antioxidantes, fibras, gorduras boas, carboidratos de baixo índice glicêmico e proteínas de alta qualidade. Consuma-os diariamente! 1. Leite desnatado: Quem deixa de tomar leite não imagina o benefício que está perdendo... Ele é rico em água, cálcio, proteínas de alta qualidade, vitamina A e D, fósforo, etc. Utilize pelo menos um copo grande de leite pela manhã e um à tarde e/ou noite. Acrescente também em seus lanches intermediários iogurte, queijos brancos e requeijão. Lembrando: infelizmente, a gordura do leite é a ruim (saturada), então troque os laticínios pelas versões desnatados/light. Além de hidratar ele fornece vários outros nutrientes! Só não é indicado para quem tem intolerância à lactose ou alergia à proteína do leite de vaca. Nesses casos, a melhor solução é o leite de soja ou o de baixa lactose. 2. Banana: Quem nunca viu os frequentadores de academia ou atletas com uma banana na mão? Parece ser o alimento preferido deles! Não é à toa... A banana é uma fruta rica em carboidratos, vitaminas do complexo B e potássio. É ótima opção para um lanche rápido, pois é rica em energia, apesar de não ser muito calórica. Ficará mais rica ainda se misturada com algum cereal (aveia, granola, linhaça) e mel! Ótimo lanche pré-treino! 3. Peixes: Quem não gosta de peixes, é melhor procurar alguma preparação ou espécie que o agrade pelo menos um pouco, afinal, ele é uma carne 28 riquíssima, que só possui boas características. Começando pelo fato de ser uma carne branca, leve e de fácil digestão. Sua gordura é boa (raridade entre os alimentos de origem animal!) e necessária ao organismo. A proteína do peixe é facilmente digerida e utilizada. Se você não consegue consumir porções de peixe pelo menos 3x/semana, faça uma suplementação com cápsulas de ômega 3 (óleo de peixe) – 2x/dia. 4. Mel: Apesar de ser calórico (1 colher de sopa tem quase 100 kcal), ele é altamente indicado para dietas cujo objetivo é o ganho de peso e rendimento. Fonte de carboidrato de alto índice glicêmico (e rico em vitaminas e minerais), o mel consegue fornecer um aporte de energia sem ser considerado um alimento com calorias vazias (como o açúcar branco, refrigerantes, etc.). Consuma-o em seus shakes, cereais, com frutas ou até mesmo passando no pão integral. 5. Aveia: Carboidrato de baixo índice glicêmico, ou seja, demora mais para virar glicose no sangue e evita acúmulo de gordura. A aveia é indispensável na mesa dos esportistas. Rica em energia, fibras, vitaminas e minerais, a aveia consegue enriquecer qualquer preparação e torná-la mais saudável como bolos, panquecas, omeletes, sopas, etc. Utilize no pré-treino ou antes de dormir para que a energia seja mais prolongada. 6. Índice Glicêmico: Os carboidratos ingeridos entram na corrente sanguínea com diferentes velocidades. O índice glicêmico nos mostra a velocidade com que cada alimento irá virar glicose sanguínea após serem ingeridos, comparado com a glicose pura ou pão branco. Quanto mais alto o índice glicêmico, maior será a secreção de insulina. Quando um indivíduo passa o 29 dia todo consumindo alimentos de alto índice glicêmico, haverá picos de insulina a todo o momento, o que facilitará acúmulo de gordura localizada. Como visto, antes do exercício, deve-se priorizar o consumo de carboidratos de médio a baixo índice glicêmico e após o exercício, alto índice glicêmico. Alimento Índice Glicêmico Pão Branco, Bolacha cream cracker, Bolo, Cornflakes, Batata assada, Batata frita, Fubá de milho, Mandioca, Glicose, Mel, Açúcar. Alimento Índice Glicêmico Banana, Pão integral, Suco de laranja, Manga, Macarrão, Feijão cozido, Batata doce, Chocolate, Pipoca. A procura pelo melhor condicionamento físico, estética e boa aparência tem levado cada vez mais as pessoas a praticar vários exercícios físicos, como também a utilização de recursos ergogênicos, como o uso dos suplementosalimentares, visando alcançar os objetivos propostos. Os achados deste estudo evidenciaram a necessidade de uma maior conscientização das pessoas, principalmente na prática esportiva, através de educação nutricional, visando melhorar o grau de informação sobre a ingestão adequada de nutrientes, o uso de suplementos, e a valorização do profissional habilitado para tal prescrição, garantindo os objetivos esperados com o consumo e melhorias na saúde. Conforme a Resolução do Conselho Federal de Nutrição, CFN nº380/2005, suplementos nutricionais são alimentos que servem para complementar, com 30 calorias, e ou nutrientes a dieta diária de uma pessoa saudável, em casos onde sua ingestão, a partir da alimentação, seja insuficiente, ou quando a dieta requerer suplementação. Segundo a Diretriz da Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (2003), os suplementos alimentares devem ser prescritos pelos profissionais qualificados para tal, que são os médicos especialistas e nutricionistas, sendo que a suplementação alimentar deve ficar limitada aos casos especiais. Os suplementos alimentares, em geral, são anunciados e oferecidos com intuito de melhorar algum aspecto do desempenho físico, principalmente, aumentar massa muscular, reduzir gordura corporal, aumentar a capacidade aeróbica, estimular a recuperação, e/ou promover alguma característica que melhore o desempenho esportivo. Como também, para perda de peso, melhora da estética corporal, prevenção de doenças e retardo dos efeitos adversos do envelhecimento. (WILLIAMS, 2002; MAUGHAN; BURKE, 2004). Os consumidores muitas vezes não conhecem os ingredientes, a função e os possíveis riscos das reações adversas dos suplementos alimentares, gerando-se uma preocupação importante devido a disseminação destes produtos (HIRSCHBRUCH, 2008). Considerando o crescente uso de suplementos alimentares por praticantes de exercícios físicas em academias, sendo resultado muitas vezes de recomendações de colegas, treinadores, revistas e sites na internet, sem o devido acompanhamento nutricional; torna-se necessário avaliar as características do consumo dos suplementos alimentares por praticantes de atividade física, de forma a contribuir para o conhecimento e orientação sobre esta temática, servindo de subsídios para 31 estudos futuros, bem como para o desenvolvimento de ações de educação em saúde. Benefícios e Efeitos Adversos do Uso dos Suplementos Aimentares Os suplementos alimentares são conhecidos por oferecer e produzir energia para o músculo, ajudar no aumentar o tecido muscular, minimizar os efeitos da fadiga, aumentar o alerta mental, reduzir a gordura corporal e por diminuir a produção e acelerar a remoção de metabólicos tóxicos do músculo (DANTAS, 2005). O uso de suplementos ricos em proteínas vem aumentando em grande proporção, para o aperfeiçoamento do corpo ou para melhorar alimentação, e até mesmo prevenir doenças relacionadas à deficiência proteica (RANG e DALE, 2011). O whey protein, por exemplo, proporciona um efeito de aumento na síntese proteica e redução da gordura corporal, despertando então interesse entre a população (HARAGUCHIL, ABREU e PAULA, 2006). As pesquisas realizadas no Brasil apontam que o uso de suplementos nutricionais, principalmente de origem proteica, dentre a população não atleta é expressiva, principalmente entre o público praticante de exercícios físicos em academias (HIRSCHBRUCH; FISBERG; MOCHIKUKI, 2008). A maior incidência no número de consumidores de suplementos alimentares são de praticantes de musculação, devido os resultados advindo desta modalidade, como o desenvolvimento de força muscular, modelação corporal, fato este que se 32 baseia na crença de melhora de performance e resultados estéticos (LOLLO e TAVARES, 2007). Porém o consumo de suplementos alimentares sem prescrição médica ou de nutricionista pode ser considerado problema de saúde pública. Estudos apontam o uso abusivo desses suplementos e drogas, com efeito ergogênico, em ambientes de prática de atividade física, principalmente entre usuários jovens incentivados pelo apelo do marketing e pela pressão da mídia por um corpo esteticamente inatingível no curto prazo, o que torna-os vulneráveis à orientação de colegas e treinadores, quase sempre despreparados (ARAÚJO; NAVARRO, 2008; HIRSCHBRUCH et al., 2008). A venda desses suplementos alimentares está em ascensão no mundo inteiro, inclusive no Brasil, e estes produtos aparecem mais rápido no mercado do que o surgimento de pesquisas científicas que comprovem seus efeitos e eficácia, embora estas sejam de fundamental importância (HISRSCHBRUCH et al., 2008). O uso abusivo de suplementos alimentares e drogas observados no Brasil, pode ser explicado pela falta de uma legislação rígida, que proíba a venda sem prescrição de um médico ou de um nutricionista especializado ou, ainda, por conta das indústrias que lançam no mercado cada vez mais produtos prometendo resultados imediatos (ARAÚJO; NAVARRO, 2008). O uso indiscriminado de suplementos alimentares e sem orientação de um profissional capacitado pode causar danos à saúde, como problemas hepáticos, sobrecarga renal, aumento da gordura corporal e desidratação (WAGNER, 2011). Portanto, é preciso estar ciente que a alimentação saudável e a adequação com outros nutrientes e suplementos, devem ser realizadas com orientação de profissionais capacitados, como os nutricionistas e ou médicos especializados, onde 33 leva-se em consideração o consumo calórico total e o tempo entre digestão e aproveitamento metabólico, a quantidade necessária de macronutrientes, ou seja, carboidratos, proteínas e lipídios, essenciais na manutenção ou melhora do desempenho esportivo e saúde do corpo humano em geral (ANDRADE apud CORRÊA e NAVARRO, 2014). A importância dos alimentos em nossas atividades Cada vez mais se torna necessário compreendermos o funcionamento do nosso corpo e tudo que podemos fazer para mantê-lo apto a participar de todas as atividades que realizamos diariamente. A relação entre o gasto energético e o consumo de calorias, através da nossa alimentação, é um fator indispensável para se sentir bem e viver mais saudável. Nessa unidade traremos uma noção básica para seguir uma dieta e ter uma alimentação saudável, avaliando o valor nutricional dos alimentos, calorias, quantidade de gordura e proteínas. Tudo para uma vida saudável em qualquer fase da vida. Além disso, veremos quando é utilizado o suplemento alimentar, que muitos confundem com os esteroides anabolizantes. Com certeza você verá que não são só os Egípcios que tinham as pirâmides como algo importante para sua sociedade, através do estudo da pirâmide alimentar e as fontes de energia. 34 REFERÊNCIAS American Dietetic Association and Dietitians of Canada: dietary fatty acids, Journal of the American Dietetic Associaton, 2007. Disponível em:. Acesso em: 26 jun 2017. APPLEGATE, E. A.; GRIVETTI, L. E. Search for the competitive edge: a history of dietary fads and supplements. The Journal of Nutrition, Davis, v. 127, n. 5, p. 869S- 873S, May, 1997. Disponível em: . Acesso em: 05 nov 2017. ARAÚJO, M. F.; NAVARRO, F. 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