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LUÍSA BOMBASSARO – MED UFR – T4 INTRODUÇÃO - É a manifestação extrema de doença tireoidiana em pacientes com hipotireoidismo grave e de longa duração. - Desencadeado pelo desequilíbrio dos mecanismos de homeostase do paciente com hipotireoidismo por um fator precipitante como infecções. - A maioria dos casos ocorre em mulheres principalmente acima dos 60 anos. - Comorbidades clínicas são frequentes sendo as principais: alterações cardiovasculares, quadros infecciosos e psiquiátricos. ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA - Ocorre geralmente nos meses de inverno. - Fatores precipitantes: infecções como pneumonia, eventos cardio e cerebrovasculares, uso de medicações como anestésicos e outros depressores do SNC. - A existência de um fator precipitante associado a baixas temperaturas rompe os sistemas de homeostasia que existem no hipotireoidismo crônico como alterações neurovasculares, vasoconstrição periférica, hipertensão diastólica e diminuição do volume sanguíneo. - No hipotireoidismo grave a quebra da homeostasia pode ser por: hemorragias, hipoxemia (obesidade, macroglossia, edema de submucosa das vias aéreas, fraqueza da musculatura respiratória, pneumonia e derrames cavitários), perda de mecanismos regulatórios do SNC. - O ritmo de filtração glomerular reduz e ocorre hiponametremia. LUÍSA BOMBASSARO – MED UFR – T4 - Essas situações provocam piora acentuada do hipotireoidismo sem compensação clínica o que leva ao estado mixedematoso. ACHADOS CLÍNICOS - ACHADOS CHAVE: . Alteração do status mental: diminuição do nível de consciência, sonolência e letargia de longa data. . Perda de termorregulação: hipotermia ou ausência de febre na presença de infecção sistêmica. . Presença de fator precipitante: exposição ao frio, infecções e hemorragia. FC se torna baixa e a ausência de hipertensão diastólica é sinal de alerta para o risco de desenvolver o como mixedematoso. - ALTERAÇÕES CARDÍACAS: . Diminuição da FC; . Alterações do inotropismo e diminuição da fração de ejeção; . Presença de efusões pericárdicas; . Aumento da silhueta cardíaca no RX de tórax e presença de complexos QRS de baixa de voltagem em ECG. . Vasoconstrição periférica; .Hipertensão diastólica; - ALTERAÇÕES RESPIRATÓRIAS: . Diminuição do drive ventilatório que resulta em insuficiência respiratória do tipo 2 com hipercapnia e hipoxemia. . Fraqueza dos músculos respiratórios (em casos extremos); . Apneia obstrutiva do sono (em casos extremos); . Efusões pleurais (em casos extremos). - ALTERAÇÕES MUSCULARES: . Na biópsia: atrofia e perda de até 50% da massa muscular. . CPK pode atingir níveis maiores do que 500 U/L; - ALTERAÇÕES DO TGI: LUÍSA BOMBASSARO – MED UFR – T4 . Motilidade prejudicada; . Diminuição do esvaziamento gástrico; . Deposição de mucopolissacárides na parede gastrointestinal: hipomotilidade intestinal, atonia, pseudo- obstrução e distenção abdominal. . Megacólon mixedematoso. -ALTERAÇÕES METABÓLICAS: . Alteração na regulação de Na; . Secreção inapropriada de ADH. . Hiponatremia dilucional (não responde ao uso de corticoesteroides). . Reabsorção tubular de Na, fluxo renal e filtração glomerular diminuídas; - ALTERAÇÕES MENTAIS/NEUROLÓGICAS: . delirium e psicose; . reflexos tendíneos diminuídos ou ausentes. - ALTERAÇÕES CUTÂNEAS: . pele pálida e úmida; . edema periorbitário . macroglossia; . alopecia e pelos esparsos e finos. LUÍSA BOMBASSARO – MED UFR – T4 EXAMES COMPLEMENTARES - DIAGNÓSTICO É CLÍNICO! - Procurar ativamente foco infeccioso com: urina I, RX de tórax e culturas. - Pesquisar hiponatremia e hipoglicemia – pode ser suspeita de insuficiência adrenal. - Pesquisar alteraçãos no metabolismo lipídico – hiperlipidemia. - Pesquisar alterações de enzimas musculares. DIAGNÓSTICO - Necessário haver alteração de status mental principalmente se associada a hipotermia e fator precipitante claro. - História prévia de hipotireoidismo e descontinuação do uso da levotiroxina. - Diagnóstico confirmado com dosagem dos hormônios tireoidianos (tratar mesmo sem o resultado). LUÍSA BOMBASSARO – MED UFR – T4 -CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PROPOSTOS: TRATAMENTO - Medidas de suporte + correção da hipotermia + correção dos distúrbios hidroeletrolíticos + suporte das vias aéreas e hemodinâmica. - Reposição dos hormônios tireoidianos por preferencialmente via endovenosa: . Dose de ataque de T4: 200 a 400 mcg EV ou 500 mcg VO seguida de manutenção de 100 a 150 mcg VO ao dia ou 1,6 mcg/kg ao dia (doses menores se doença arterial coronariana). Se a manutenção continuar por via EV deve-se usar 75% da dose recomendada para VO. . Uso de T3: não é o mais recomendado mas se for usar: dose inicial EV de 5 a 20 mcg seguida de dose de 2,5 a 10 mcg EV a cada 8 hrs. . Uso combinado: 10 mcg de T3 e 200 a 300 mcg de T4 via EV, mantendo depois 50 a 100 mcg de T4 VO ou EV e 10 mcg EV de T3 a cada 8 ou 12 hrs nas primeiras 48 hrs de tratamento ou até o paciente recuperar o nível de consciência (conduta mais adequada para pacientes jovens sem doença coronariana ou arritmias). . OBS: as doses podem ser feitas via sonda nasogástrica com a passagem para VO assim que possível na dose de 100 a 170 mcg ao dia. - Colher cortisol basal e repor glicocorticoides até excluir a presença de insuficiência adrenal: hidrocortisona 100mg EV 8/8 hrs. LUÍSA BOMBASSARO – MED UFR – T4 - Resolver hiponatremia se necessário (a reposição de hormônios tireoidianos geralmente resolve). - Sempre corrigir hipoglicemia. - Realizar RX de tórax e gasometria arterial para poder corrigir possíveis alterações respiratórias e alterações do nível de consciência (que pode ser corrigida já com a reposição de hormônios tireoidianos). Boa parte dos pacientes precisam de ventilação mecânica cuja indicação é precoce. O uso de sedativos deve ser criteriosamente avaliado. - Controlar a hipotermia com cobertores (evitar os térmicos porque pode ocorrer vasodilatação) e manutenção da temperatura ambiente de forma lenta e gradativa. - Salina deve ser usada para corrigir hipotensão. Pode ser necessário também o uso de drogas vasopressoras como dopamina. - Deve ser iniciada antibioticoterapia empírica intravenosa para todos os pacientes até descartar causa infecciosa. - RESUMO: INDICAÇÕES DE INTERNAÇÃO, TERAPIA INTENSIVA - Todos os pacientes tem indicação de internação em terapia intensiva.
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