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Patologias mamárias Anatomia e fisiologia da mama Na puberdade, através da atuação do estrogênio e progesterona, ocorre ramificação extensa dos ductos e desenvolvimento dos lóbulos. Diferenciação final da mama: dada pela atuação da prolactina e progesterona no momento em que a primeira gestação se completa. A porção glandular da mama possui um conjunto (de 12-15) de sistemas de ductos independentes sendo que cada um destes drena para os lóbulos mamários. A maioria das doenças benignas e malignas da mama surgem nas estruturas ácino-ducto terminal. Alterações gerais e sintomatologia Mastalgia Dor com origem na mama, podendo ser uni ou bilateral, focal ou difusa, constante ou intermitente. É uma queixa mais comum na mulher pós- menopausa do que nas mais jovens. Cíclica: relacionada ao ciclo menstrual, de caráter bilateral, difusa e mais intensa ao final da fase lútea. Acíclica: costuma ser focal e constante ou intermitente, podendo ter como causa desde um cisto simples até um câncer de mama. Apenas 2-7% das pacientes com CA de mama apresentam a dor como primeiro sintoma. Mastite É um processo infeccioso que ocorre no tecido mamário, podendo ocorrer durante a gravidez e o puerpério ou não puerperais. A infecção puerperal tem como principal agente etiológico o Staphylococcus aureus, costumando estar associada a formação de abscessos. A mastite puerperal costuma ser aguda, caracterizada por eritema e calor difuso, aumento do volume mamário, podendo apresentar sinais de infecção sistêmica associada, como: febre, mal-estar, mialgia e leucocitose. O tratamento é realizado com antibióticos, sendo o mais utilizado a Cefalexina 500mg, VO, 12/12h por sete dias, não sendo necessária a suspensão da amamentação. A mastite não puerperal costuma ter evolução lenta, ser redicivante, surgir em surtos e muitas vezes sequer percebida por infecções agudas. Descarga papilar A cor esverdeada está relacionada a presença de substâncias ligadas ao colesterol, o que não sugere infecção ou malignidade subjacente. Quando tem coloração de “água de rocha”, deve-se pensar em papiloma intraductal ou carcinoma. O papiloma intraductal é um acometimento benigno e é responsável pela maioria das causas de descarga papilar patológica, este papiloma nada mais é do que pólipos simples no ducto lactífero. O tratamento definitivo é a excisão do ducto subareolar, o qual é realizado em mulheres com descarga patológica ou naquelas pacientes que após tratamento específico continuam a queixar-se da descarga. Anomalias do desenvolvimento Volume Hipomastia: mama de pequeno volume, uni ou bilateral. Costuma não responder a tratamento hormonal. A solução é cirúrgica, com inclusão de próteses de silicone. Hipertrofia: mama de grande volume, uni ou bilateral. Casos extremos, que redundam em ressecções > 1.000 g, são denominados gigantomastia. O manejo é sempre cirúrgico: mamoplastia redutora. Ginecomastia. Simastia: confluência medial das mamas, ou seja, uma ponte de tecido na linha média une as duas mamas. Número Amastia: ausência total da glândula, uni ou bilateral. É extremamente rara e quase sempre acompanhada de hipotrofia ou agenesia do grande peitoral, constituindo a síndrome de Poland (o quadro completo inclui sindactilia). Amazia: ausência adquirida do tecido mamário, com a presença do complexo areolomamilar, iatrogênica – mais comum –, ou congênita. Atelia: ausência do complexo areolomamilar, de extrema raridade. Polimastia: presença de mais de duas glândulas mamárias, podendo ser completa (com aréola e mamilo) ou apenas com parênquima. A forma mais comum é a mama axilar que se manifesta por um abaulamento na região, geralmente durante o ciclo gravido-puerperal. A conduta é a sua retirada, sob anestesia geral, por razões cosméticas. Politelia: presença de mamilo acessório, geralmente na região torácica inferior e no abdome superior. Exames complementares Mamografia: USG deve ser realizada de modo complementar à MMG em: ● Mulheres de alto risco, para diferenciar lesões císticas de sólidas; ● Em mamas densas de mulheres jovens (< 35 anos) e grávidas. A RM é um método considerado mais sensível e específico do que a MMG podendo ser utilizada quando as lesões não são bem vistas na MMG ou USG, no entanto, possui alto custo e grande quantidade de resultados falso-positivos. Pode ser realizada com e sem contraste de gadolínio. Mamografia digital. Ecografia mamária. Ressonância magnética mamária. Citologia. Histologia. Etiologias Alterações funcionais benignas da mama (AFBM) Mastalgia. Derrame papilar. Cistos: ● Os simples possuem margem definida e reforço acústico posterior ao exame de USG, não exigindo tratamento ou monitoramento específico, a não ser que a paciente refira dor, o que indica a necessidade da aspiração do conteúdo; ● Os complicados apresentam ecos internos à USG devido a presença de resíduos (debris celulares, proteínas, sangue, etc.) e costumam ser difíceis de distinguir de massas sólidas, portanto, todos devem ser aspirados; caso a PAAF não resolva, deve-se realizar uma biópsia por agulha grossa; ● Os complexos apresentam septações ou massas intracísticas que geralmente é um papiloma, mas pode também ser um tumor intracístico, sendo a recomendação a excisão de todos os cistos complexos. Fibroadenoma É o tumor benigno mais frequente em mulheres em idade reprodutiva (< 30 anos), apresentando-se como nódulo móvel, bem delimitado de crescimento lento e em 15% dos casos chega a ser múltiplo. Este tumor apresenta natureza hiperplásica com componentes tanto do estroma, quanto do epitélio. A conduta recomendada para mulheres de < 35 anos com tumor variando entre 2,5-3cm é realizar exame clínico e de imagem, assim como a PAAF. Tumor Filoides É um tumor benigno fibroepitelial, similar ao fibroadenoma, por possuir componente tanto estromal quanto do epitélio. Raro. Costuma ocorrer na faixa etária de 35-55 anos. Possui também uma apresentação maligna que se diferencia da benigna por possuir margens infiltradas, hipercelularidade do estroma com atipias e alto índice de mitoses. Clinicamente apresenta-se como um nódulo de crescimento rápido e progressivo, de consistência fibroelástica, móvel, lobulado com margens bem definidas e indolor. Em alguns casos, devido ao seu conteúdo hemorrágico, com áreas de fibrose e cavidades císticas, pode se apresentar com maiores dimensões e consistência heterogênea. Os tumores benignos têm tendência a crescer de modo agressivo e podem recidivar, enquanto que os malignos em 25% dos casos metastatizam para pulmões, ossos, fígado e linfonodos. O tratamento sempre é cirúrgico e consiste na remoção com margens de tecido sadio adjacente de 1-2 cm para evitar recidivas. Doença mamária proliferativa benigna A maioria das alterações proliferativas da mama desenvolvem-se nos ductos terminais e nos ácinos dos lóbulos, de modo que, a proliferação de células epiteliais resulta em ductos terminais ou ácinos com várias camadas de células sendo as alterações chamadas de hiperplasia ductal ou lobular, respectivamente. Quando esse processo evolui e começam a surgir atipias celulares, isso leva às condições de hiperplasia ductal e lobular atípicas. Ambas são proliferações neoplásicas que acarretam em risco de cerca de 4,5 de desenvolver CA de mama, já que quanto mais os ductos e ácinos ficam envolvidos por aquelas proliferações de atipias estes passam a caracterizar o carcinoma ductal e lobular in situ. A hiperplasia ductal atípica deve ser tratada cirurgicamente de modo semelhante ao tratamento do carcinoma ductal in situ sendo que, quando esta hiperplasia é diagnosticada em mulher com mutação no BRCA deve-se realizarmastectomia como profilaxia para o CA de mama. Quanto a hiperplasia lobular atípica, esta deve ser tratada como o carcinoma lobular in situ. Carcinomas Carcinoma lobular in situ Marcador de risco aumentado para câncer de mama. Por ter como característica multifocal e bilateral, sua excisão torna-se difícil e por isso não costuma ser realizada, sendo as opções de tratamento o reforço na vigilância ou quimioprevenção. Carcinoma ductal in situ As células cancerosas preenchem o sistema de ductos mamários sem invadir locais além da membrana basal destes, essas células acumulam diversas alterações de DNA comuns ao câncer de mama invasivo essas não conseguem sobreviver fora dos ductos. É considerado câncer de mama estádio 0. Frequentemente está associado a calcificações pleomórficas, lineares ou ramificadas. Tratamento principal: excisão da lesão com margem negativa, sendo em alguns casos de maior extensão é recomendada a mastectomia total. Câncer de mama Mais comum: carcinoma ductal invasivo. A maioria acontece em mulheres entre 50-64 anos. Fatores de risco: ● Histórico familiar de pelo menos 1 familiar de 1º grau com diagnóstico de CA de mama < 50 anos ou CA de mama bilateral/de ovário em qualquer idade ou CA de mama masculino; ● Diagnóstico histopatológico de lesão primária proliferativa com atipia ou neoplasia lobular in situ; ● Excesso de peso corporal e ingesta de bebida alcoólica. Fatores de proteção: ● Amamentação; ● Atividade física. O MS recomenda oferta de MMG para mulheres de 50-69 anos a cada 2 anos. Pode ser realizada imuno-histoquímica para quantificar receptores de estrogênio (RE) e progesterona (RP) e o receptor do fator de crescimento epidérmico humano tipo 2 (HER2). [ Dois genes de suscetibilidade ao câncer de mama que estão envolvidos na estabilidade do DNA foram identificados com mutações que podem levar tanto ao CA de mama, como ao de ovário que são os genes BRCA1 e BRCA2. Cada paciente é classificado quanto seu estádio clínico e patológico, sendo o estádio clínico baseado nas informações clínicas e radiológicas. O estádio patológico é realizado com base nas medidas do tumor e avaliação dos linfonodos. O estadiamento cirúrgico é realizado com base no TNM (T: tumor, N: linfonodos, M: metástase).