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APG 25 - PATOLOGIAS BENIGNAS E MALIGNAS DA MAMA

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Objetivos 
1- Rever morfofisiologia da mama; 
2- Discutir a avaliação das mamas; 
3- Compreender epidemiologia, etiologia, fatores 
de risco, fisiopatologia, manifestações clínicas e 
diagnóstico das patologias benignas e malignas 
da mama. 
Morfofisiologia da mama 
ANATOMIA 
↠ Cada mama é uma projeção hemisférica de tamanho 
variável anterior aos músculos peitoral maior e serrátil 
anterior, e ligada a eles por uma camada de fáscia 
composta por tecido conjuntivo denso irregular 
(TORTORA, 14ª ed.). As glândulas mamárias, os órgãos de 
produção de leite, estão localizadas dentro das mamas 
(SEELY, 10ª ed.). 
↠ As mamas femininas variam em tamanho, formato e 
simetria — até mesmo entre as duas mamas de uma 
pessoa. As faces superiores achatadas não mostram 
demarcação nítida da face anterior da parede torácica, 
mas as margens laterais e inferiores são bem definidas. 
Muitas vezes há proeminência das veias na superfície das mamas, 
principalmente durante a gravidez (MOORE, 7ª ed.). 
 
 Anatomicamente as mamas estão situadas entre as camadas 
superficial e profunda da pele, as mamas estendem- se entre a 
segunda e a sexta costelas e do esterno à linha axilar média (VIEIRA; 
MARTINS, 2018) 
QUADRANTES MAMÁRIOS 
↠ A superfície da mama é dividida em quatro quadrantes 
para localização anatômica e descrição de tumores e 
cistos. Por exemplo, o médico pode escrever no 
prontuário: “Foi palpada massa irregular, de consistência 
dura, no quadrante superior medial da mama na posição 
de 2 horas, distante cerca 2,5 cm da margem da aréola.” 
(MOORE, 7ª ed.). 
 
ESTRUTURAS 
↠ Ligeiramente abaixo do centro de cada mama, há um 
anel de pele pigmentado, a aréola, a qual circunda a papila 
mamária (mamilo) central que protrui (MARIEB, 3ª ed.). 
↠ A papila mamária tem uma série de aberturas pouco 
espaçadas de ductos chamados ductos lactíferos, dos 
quais emergem leite (TORTORA, 14ª ed.). 
 Grandes glândulas sebáceas na aréola da mama a tornam 
levemente rugosa e produzem sebo que reduz as rachaduras da pele 
da papila mamária. O sistema neurovegetativo controla as fibras de 
músculo liso na aréola e no mamilo, tornando a papila mamária ereta 
quando estimulada por estímulo tátil ou sexual e quando exposta ao 
frio (MARIEB, 3ª ed.). 
↠ Internamente, cada glândula mamária consiste de 15 a 
25 lobos que se distribuem radialmente em torno da 
papila mamária, na qual se abrem. Os lobos são 
acolchoados e separados uns dos outros por tecido 
conjuntivo fibroso e gordura (MARIEB, 3ª ed.). 
↠ O tecido conjuntivo interlobar forma ligamentos 
suspensores que unem as mamas à fáscia muscular 
subjacente e à derme sobrejacente. Como sugerido pelo 
seu nome, os ligamentos suspensores fornecem a 
sustentação natural para as mamas, como um sutiã 
embutido (MARIEB, 3ª ed.). 
 Esses ligamentos tornam-se mais soltos com a idade ou com a 
tensão excessiva que pode ocorrer na prática prolongada de corrida 
ou atividade aeróbica de alto impacto. Utilizar um sutiã com bom apoio 
pode retardar este processo e ajudar a manter a força dos ligamentos 
(TORTORA, 14ª ed.). 
↠ Dentro de cada lobo, estão unidades menores 
chamadas de lóbulos, os quais contêm alvéolos glandulares 
que produzem leite quando uma mulher está lactando. 
Essas glândulas alveolares compostas passam o leite para 
os ductos lactíferos, os quais se abrem para o exterior na 
papila mamária (MARIEB, 3ª ed.). 
APG 25 – “O TOQUE QUE FAZ DIFERENÇA” 
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 A contração das células mioepiteliais em torno dos alvéolos ajuda 
a impulsionar o leite em direção às papilas mamárias (TORTORA, 14ª 
ed.). 
 
↠ Logo abaixo da aréola, cada ducto tem uma região 
dilatada chamada de seio lactífero onde o leite se acumula 
durante a amamentação (MARIEB, 3ª ed.). 
↠ Em mulheres não-grávidas, a estrutura glandular das 
mamas é pouco desenvolvida e o sistema de ductos é 
rudimentar; portanto, o tamanho da mama é 
principalmente devido à quantidade de depósitos de 
gordura (MARIEB, 3ª ed.). 
Antes da puberdade, a estrutura geral das mamas é semelhante em 
ambos os sexos. As mamas possuem um sistema glandular rudimentar, 
que consiste principalmente em ductos com alvéolos esparsos. As 
mamas femininas começam a crescer durante a puberdade, sobretudo 
sob a influência do estrogênio e da progesterona. Aumento da 
sensibilidade ou dor nas mamas muitas vezes acompanham esse 
crescimento (SEELY, 10ª ed.). 
Os homens muitas vezes experimentam as mesmas sensações 
durante a puberdade precoce, e suas mamas podem até mesmo 
desenvolver pequenos inchaços; no entanto, em geral, esses sintomas 
desaparecem rapidamente. Em raras ocasiões, as mamas de um 
homem podem crescer em demasia, uma condição chamada 
ginecomastia (SEELY, 10ª ed.). 
SUPRIMENTO SANGUÍNEO 
↠ A irrigação arterial da mama provém de: (MOORE, 7ª 
ed.). 
• Ramos mamários mediais de ramos perfurantes 
e ramos intercostais anteriores da artéria 
torácica interna, originados da artéria subclávia 
• Artérias torácica lateral e toracoacromial, ramos 
da artéria axilar 
• Artérias intercostais posteriores, ramos da parte 
torácica da aorta no 2º, 3º e 4º espaços 
intercostais. 
↠ A drenagem venosa da mama se faz principalmente 
para a veia axilar, mas há alguma drenagem para a veia 
torácica interna (MOORE, 7ª ed.). 
 
DRENAGEM LINFÁTICA 
 
↠ A drenagem linfática da mama é importante devido 
ao seu papel na metástase de células cancerosas. A linfa 
passa da papila, da aréola e dos lóbulos da glândula 
mamária para o plexo linfático subareolar. Desse plexo: 
(MOORE, 7ª ed.). 
• A maior parte da linfa (>75%), sobretudo dos 
quadrantes laterais da mama, drena para os 
linfonodos axilares, inicialmente para os 
linfonodos anteriores ou peitorais. 
• A maior parte da linfa remanescente, sobretudo 
dos quadrantes mediais da mama, drena para os 
linfonodos paraesternais ou para a mama oposta, 
enquanto a linfa dos quadrantes inferiores flui 
profundamente para os linfonodos abdominais 
(linfonodos frênicos inferiores subdiafragmáticos). 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A linfa da pele da mama, com exceção da papila e da 
aréola, drena para os linfonodos axilares, cervicais 
profundos inferiores e infraclaviculares ipsilaterais e, 
também, para os linfonodos paraesternais de ambos os 
lados (MOORE, 7ª ed.). 
 A linfa dos linfonodos axilares drena para os linfonodos 
claviculares (infraclaviculares e supraclaviculares) e daí para o tronco 
linfático subclávio, que também drena a linfa do membro superior. A 
linfa dos linfonodos paraesternais entra nos troncos linfáticos 
broncomediastinais, que também drena linfa das vísceras torácicas. A 
interrupção dos troncos linfáticos varia; tradicionalmente, esses troncos 
se fundem um ao outro e com o tronco linfático jugular, drenando a 
cabeça e o pescoço para formar um ducto linfático direito curto no 
lado direito ou entrando no ducto torácico do lado esquerdo. No 
entanto, em muitos casos (talvez na maioria), os troncos se abrem 
independentemente na junção das veias jugular interna e subclávia, no 
ângulo venoso direito ou esquerdo, que formam as veias 
braquiocefálicas direita e esquerda. Em alguns casos, eles se abrem 
em duas veias imediatamente antes do ângulo (MOORE, 7ª ed.). 
HISTOLOGIA 
ESTRUTURA DAS GLÂNDULAS MAMÁRIAS DURANTE A 
PUBERDADE E NA MULHER ADULTA 
↠ A unidade lobular do ducto terminal (ULDT) da glândula 
mamária representa um aglomerado de pequenos 
alvéolos secretores (na glândula em lactação) ou ductos 
terminais (na glândula inativa) circundado por estroma 
intralobular, consistindo nas seguintes estruturas: (ROSS, 
7ª ed.) 
• Os ductos terminais estão presentes na glândula 
inativa. Durante a gravidez e após o nascimento, 
os ductos terminais, que são revestidos por 
células epiteliais secretoras, diferenciam-se em 
alvéolos secretores totalmente funcionais,produtores de leite. 
• O ducto coletor intralobular transporta 
secreções alveolares para dentro do ducto 
galactóforo. 
• O estroma intralobular é um tecido conjuntivo 
frouxo especializado sensível a hormônios, que 
circunda os ductos terminais e os alvéolos. O 
tecido conjuntivo intralobular contém poucos 
adipócitos. 
 Antes da puberdade, as glândulas mamárias são compostas de 
porções dilatadas, os seios galactóforos, e várias ramificações desses 
seios, os ductos galactóforos. Seu desenvolvimento em meninas 
durante a puberdade faz parte do processo de aquisição das 
características sexuais secundárias (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
 
 
 Na mulher adulta, a estrutura característica da glândula – o lóbulo 
– desenvolve-se a partir das extremidades dos menores ductos. Um 
lóbulo consiste em vários ductos intralobulares que se unem em um 
ducto interlobular terminal. Cada lóbulo é imerso em tecido conjuntivo 
intralobular frouxo e muito celularizado, sendo que o tecido conjuntivo 
interlobular que separa os lóbulos é mais denso e menos celularizado 
(JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
↠ Próximo à abertura do mamilo, os ductos galactóforos 
se dilatam para formar os seios galactóforos. As aberturas 
externas dos ductos são revestidas por epitélio 
estratificado pavimentoso, o qual bruscamente se 
transforma em estratificado colunar ou cuboide nos 
ductos galactóforos (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
↠ O revestimento dos ductos galactóforos e ductos 
interlobulares terminais é formado por epitélio simples 
cuboide, envolvido por células mioepiteliais (JUNQUEIRA, 
13ª ed.). 
↠ O tecido conjuntivo que cerca os alvéolos contém 
muitos linfócitos e plasmócitos. A população de 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
plasmócitos aumenta significativamente no fim da 
gravidez; eles são responsáveis pela secreção de 
imunoglobulinas (IgA secretora), que conferem imunidade 
passiva ao recém-nascido (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
 
 
↠ O mamilo tem forma cônica e pode ser rosa, marrom- 
claro ou marrom-escuro. Externamente, é coberto por 
epitélio estratificado pavimentoso queratinizado contínuo 
com o da pele adjacente. A pele ao redor do mamilo constitui a 
aréola. Sua cor escurece durante a gravidez, como resultado de 
acúmulo local de melanina, e após o parto pode ficar mais claro, mas 
raramente retorna à sua tonalidade original (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
↠ A aréola contém glândulas sebáceas, glândulas 
sudoríparas e glândulas mamárias modificadas (glândulas 
de Montgomery). Essas glândulas apresentam estrutura 
intermediária entre as glândulas sudoríparas e as glândulas 
mamárias verdadeiras e produzem pequenas elevações 
na superfície da aréola. Acredita-se que as glândulas de 
Montgomery produzam uma secreção lubrificante e 
protetora que modifica o pH da pele e inibe o 
crescimento microbiano (ROSS, 7ª ed.) 
GLÂNDULAS MAMÁRIAS DURANTE A GRAVIDEZ E A 
LACTAÇÃO 
 As glândulas mamárias sofrem intenso crescimento durante a 
gravidez por ação sinérgica de vários hormônios, principalmente 
estrógenos, progesterona, prolactina e lactogênio placentário humano. 
Uma das ações desses hormônios é o desenvolvimento de alvéolos 
nas extremidades dos ductos interlobulares terminais (JUNQUEIRA, 13ª 
ed.). 
As glândulas mamárias exibem várias alterações durante sua 
preparação para a lactação. Essas alterações ocorrem de acordo com 
o trimestre de gravidez. (ROSS, 7ª ed.) 
• O primeiro trimestre caracteriza-se por alongamento e 
ramificação dos ductos terminais. As células epiteliais de 
revestimento e as células mioepiteliais proliferam e 
diferenciam-se a partir das células progenitoras da mama 
encontradas no epitélio dos ductos terminais. As células 
mioepiteliais proliferam entre a base das células epiteliais e 
a lâmina basal nas porções tanto alveolares quanto ductais 
da glândula. 
• O segundo trimestre caracteriza-se pela diferenciação dos 
alvéolos a partir das extremidades em crescimento dos 
ductos terminais. O desenvolvimento do tecido glandular 
não é uniforme. Observa-se variação no grau de 
desenvolvimento até mesmo em um único lóbulo. As 
células variam quanto a seu formato, de achatadas a 
colunares baixas. O estroma de tecido conjuntivo 
intralobular é infiltrado por plasmócitos, linfócitos e 
eosinófilos à medida que a mama se desenvolve. Nesse 
estágio, a quantidade de tecido glandular e a massa da 
mama aumentam principalmente devido ao crescimento 
dos alvéolos. 
• O terceiro trimestre começa com a maturação dos 
alvéolos. As células glandulares epiteliais tornam-se 
cuboides, com núcleos localizados no citoplasma basal da 
célula. Essas células desenvolvem um RER extenso, e 
surgem vesículas secretoras e gotículas de lipídios no 
citoplasma. A proliferação efetiva das células estromais 
interlobulares declina, e ocorre aumento subsequente da 
mama por meio de hipertrofia das células secretoras e 
acúmulo de produto secretor nos alvéolos. 
↠ As alterações no tecido glandular durante a gravidez 
são acompanhadas de uma diminuição na quantidade de 
tecido conjuntivo e tecido adiposo (ROSS, 7ª ed.). 
 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
SECREÇÃO MERÓCRINA E APÓCRINA 
As glândulas mamárias são glândulas sudoríparas apócrinas 
tubuloalveolares modificadas (ROSS, 7ª ed.). 
↠ As células secretoras contêm retículo endoplasmático 
rugoso abundante, um número moderado de 
mitocôndrias grandes, um complexo de Golgi 
supranuclear e vários lisossomos densos. Dependendo do 
estado secretor, pode haver grandes gotículas de lipídios 
e vesículas secretoras no citoplasma apical. As células 
secretoras produzem dois produtos distintos, que são 
liberados por mecanismos diferentes (ROSS, 7ª ed.). 
• Secreção merócrina: O componente proteico 
do leite é sintetizado no RER, acondicionado em 
vesículas secretoras limitadas por membrana 
para o seu transporte no complexo de Golgi e 
liberado da célula por fusão da membrana da 
vesícula com a membrana plasmática. 
• Secreção apócrina: O componente de gordura 
ou lipídios do leite surge como gotículas de 
lipídios livres no citoplasma. O lipídio coalesce 
para formar grandes gotículas que passam para 
a região apical da célula e projetam-se no lúmen 
do ácino. As gotículas são revestidas por um 
envoltório de membrana plasmática quando são 
liberadas. Uma fina camada de citoplasma é retida 
entre a membrana plasmática e a gotícula de 
lipídio e liberada juntamente com o lipídio, mas a 
perda de citoplasma nesse processo é mínima. 
 
 
 
 
REGRESSÃO PÓS-LACTACIONAL 
↠ Quando cessa a amamentação (desmame), a maioria 
dos alvéolos desenvolvidos durante a gravidez sofre 
degeneração por apoptose. Assim, células inteiras são 
liberadas no lúmen dos alvéolos, e seus restos são 
retirados por macrófagos (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
↠ Depois da menopausa, ocorre a involução das 
glândulas mamárias em consequência da diminuição da 
produção regular de hormônios sexuais. A involução é 
caracterizada por redução em tamanho e atrofia das 
porções secretoras e, até certo ponto, dos ductos. 
Modificações atróficas afetam também o tecido 
conjuntivo interlobular (JUNQUEIRA, 13ª ed.). 
FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO 
DESENVOLVIMENTO DAS MAMAS 
As mamas começam a se desenvolver na puberdade. Esse desenvolvimento é 
estimulado pelos estrogênios do ciclo sexual feminino mensal; os estrogênios 
estimulam o crescimento da parte glandular das mamas, além do depósito de 
gordura que dá massa às mamas. Além disso, ocorre crescimento bem mais 
intenso durante o estado de altos níveis de estrogênio da gravidez, e só então 
o tecido glandular fica inteiramente desenvolvido para a produção de leite 
(GUYTON, 13ª ed.). 
ESTROGÊNIO 
↠ Durante toda a gravidez, a grande quantidade de 
estrogênios secretada pela placenta faz com que o 
sistema de ductos das mamas cresça e se ramifique 
(GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Quatro outros hormônios são igualmente importantes 
para o crescimento do sistema de ductos:hormônio do 
crescimento, prolactina, os glicocorticoides adrenais e 
insulina. Sabe-se que cada um desses hormônios tem pelo 
menos algum papel no metabolismo das proteínas, o que, 
presumivelmente, explica a função deles no 
desenvolvimento das mamas (GUYTON, 13ª ed.). 
PROGESTERONA 
↠ O desenvolvimento final das mamas em órgãos 
secretores de leite também requer progesterona. 
Quando o sistema de ductos estiver desenvolvido, a 
progesterona - agindo sinergicamente com o estrogênio, 
bem como com os outros hormônios mencionados - 
causará o crescimento adicional dos lóbulos mamários, 
com multiplicação dos alvéolos e desenvolvimento de 
características secretoras nas células dos alvéolos. Essas 
mudanças são análogas aos efeitos secretores da 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
progesterona no endométrio uterino na última metade do 
ciclo menstrual feminino (GUYTON, 13ª ed.). 
AÇÃO DA PROLACTINA E DO SEU INIBIDOR 
Embora o estrogênio e a progesterona sejam essenciais ao 
desenvolvimento físico das mamas durante a gravidez, um efeito 
especial de ambos esses hormônios é inibir a verdadeira secreção de 
leite (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Por outro lado, o hormônio prolactina tem o efeito 
exatamente oposto na secreção de leite, promovendo-a. 
A prolactina é secretada pela hipófise anterior materna, e 
sua concentração no sangue da mãe aumenta 
uniformemente a partir da quinta semana de gravidez até 
o nascimento do bebê, época em que já aumentou de 10 
a 20 vezes o nível normal não grávido. Esse nível elevado 
de prolactina, no final da gravidez, é mostrado na figura 
abaixo (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Além disso, a placenta secreta grande quantidade de 
somatomamotropina coriônica humana, que 
provavelmente tem propriedades lactogênicas, apoiando, 
assim, a prolactina da hipófise materna durante a gravidez. 
Mesmo assim, devido aos efeitos supressivos do 
estrogênio e da progesterona, não mais do que uns 
poucos mililitros de líquido são secretados a cada dia até 
após o nascimento do bebê (GUYTON, 13ª ed.). 
 
↠ Imediatamente depois que o bebê nasce, a perda 
súbita tanto de secreção de estrogênio quanto de 
progesterona da placenta permite que o efeito 
lactogênico da prolactina da hipófise materna assuma seu 
papel natural de promotor da lactação, e no período de 1 
a 7 dias as mamas começam a secretar quantidades 
copiosas de leite, em vez de colostro (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Essa secreção de leite requer uma secreção de 
suporte adequada da maioria dos outros hormônios 
maternos também, porém os mais importantes são 
hormônio do crescimento, cortisol, paratormônio e insulina. 
Esses hormônios são necessários para fornecer 
aminoácidos, ácidos graxos, glicose e cálcio, fundamentais 
para a formação do leite (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ Depois do nascimento do bebê, o nível basal da 
secreção de prolactina retorna aos níveis não grávidos 
durante algumas semanas. Entretanto, cada vez que a 
mãe amamenta o bebê, sinais neurais dos mamilos para 
o hipotálamo causam um pico de 10 a 20 vezes da 
secreção de prolactina, que dura aproximadamente 1 hora 
(GUYTON, 13ª ed.). 
AÇÃO DA OCITOCINA NA EJEÇÃO DO LEITE 
↠ O leite é secretado de maneira contínua nos alvéolos 
das mamas, mas não flui facilmente dos alvéolos para o 
sistema de ductos e, portanto, não vaza continuamente 
pelos mamilos. Em vez disso, o leite precisa ser ejetado 
dos alvéolos para os ductos, antes de o bebê poder obtê-
lo. Essa ejeção é causada por um reflexo neurogênico e 
hormonal combinado, que envolve o hormônio hipofisário 
posterior ocitocina (GUYTON, 13ª ed.). 
↠ A ocitocina é transportada no sangue para as mamas, 
onde faz com que as células mioepiteliais (que circundam 
as paredes externas nos alvéolos) se contraiam, assim 
transportando o leite dos alvéolos para os ductos, sob 
uma pressão de +10 a 20 mmHg. Em seguida, a sucção 
do bebê fica efetiva em remover o leite. Assim, dentro 
de 30 segundos a 1 minuto depois que o bebê começa a 
sugar, o leite começa a fluir. Esse processo é denominado 
ejeção ou descida do leite (GUYTON, 13ª ed.). 
Avaliação das mamas 
↠ A Semiologia Mamária compreende um conjunto de 
procedimentos que visam um diagnóstico do que é 
normal e do que é patológico, a partir de interpretações 
de sintomas e sinais obtidos através da anamnese e do 
exame físico (CARRARA; PHILBERT). 
ANAMNESE 
↠ Os principais componentes da história clínica são: 
(PASSOS, 7ª ed.) 
Todas as mulheres 
• Idade da menarca; 
• Número de gestações; 
• Número de nascidos vivos; 
• Idade da primeira gestação; 
• História familiar de câncer de mama – Número de 
afetados, grau de parentesco, idade do diagnóstico e 
presença de doença bilateral; 
7 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• História de cirurgias e/ou biópsias mamárias – Se 
possível, com o diagnóstico histológico. 
Mulheres na pré-menopausa 
• Data da última menstruação; 
• Duração e regularidade dos ciclos; 
• Uso de anticonceptivos hormonais. 
Mulheres na pós-menopausa 
• Data da menopausa; 
• Uso de terapia de reposição hormonal; 
• Idade – As patologias mamárias podem ocorrer em 
qualquer faixa etária. De modo geral, as patologias 
benignas são mais comuns em pacientes jovens. As 
patologias malignas aumentam em incidência a partir 
dos 45 anos, tendo seu pico aos 60 anos. 
• Etnia – Pacientes com descendência judaica 
asquenazi têm risco elevado por apresentar maior 
frequência de mutações no gene BRCA2, que, 
quando mutado, representa chance de 80% de 
desenvolvimento de neoplasia maligna ao longo da 
vida. 
• Antecedentes gineco-obstétricos – Menarca 
precoce (antes dos 12 anos), menopausa tardia (após 
os 55 anos), nuliparidade, idade tardia da primeira 
gestação (após os 28 anos), ausência de 
amamentação e uso de anticoncepção e terapias 
hormonais por mais de 5 anos também representam 
risco. 
• História pessoal – Cirurgias prévias de doenças 
benignas de mama podem representar aumento de 
risco, já que algumas lesões estão associadas, como 
as proliferativas e as proliferativas com atipias. História 
de outro tumor primário, por exemplo, tumor 
maligno de ovário, pode estar relacionada à mutação 
genética. 
• História familiar – Observa-se um aumento de risco 
(RR 2,6 vezes) em mulheres com familiares de 
primeiro grau (mãe, irmã ou filha). Esse risco é maior 
se o câncer tiver ocorrido antes dos 50 anos, em 
ambas as mamas ou se vários familiares 
apresentaram a doença. 
• Perfil psicossocial – A obesidade é relacionada ao 
aumento do número de casos de câncer de mama, 
principalmente na pós-menopausa. O consumo 
regular de álcool tem sido associado a maior risco em 
vários estudos epidemiológicos: o excesso de 10 g no 
consumo de álcool aumenta esse risco em 9%. 
Além desses aspectos gerais, é fundamental avaliar e 
caracterizar a queixa específica da paciente. O nódulo de mama 
é a queixa clínica mais frequente e é a apresentação mais 
comum do câncer de mama (PASSOS, 7ª ed.) 
 
• Nódulo – Data da percepção, localização, 
crescimento, relação com ciclo menstrual ou história 
de traumatismo; 
• Dor mamária – Data do início, localização, intensidade 
da dor, uso de medicações, relação com ciclo 
menstrual ou traumatismo, relação com esforço 
físico; 
• Derrame papilar – Data do início, cor, espontâneo ou 
provocado, unilateral ou bilateral e relação com o uso 
de fármacos; 
• Anormalidades de pele/mamilo e sinais inflamatórios – 
Data do início, se agudo ou crônico, localização, saída 
de secreção purulenta, flogose, presença de 
retração ou abaulamento. 
EXME FÍSICO 
↠ O exame físico mamário deve ser parte integrante e 
obrigatório durante a consulta ginecológica (CARRARA; 
PHILBERT). 
↠ Deve ser realizado em ambiente adequado, 
confortável para a paciente e para o examinador e a boa 
iluminação é fundamental. Deve ser realizado com critério 
e atenção e sempre de forma completa, abrangendo 
todosos diferentes tempos do exame (CARRARA; 
PHILBERT). 
 O exame físico mamário é dividido em três etapas 
distintas, quais sejam: INSPEÇÃO (estática e dinâmica), PALPAÇÃO 
(cadeias linfáticas, mamas e outras estruturas) e terminamos com a 
EXPRESSÃO MAMÁRIA (CARRARA; PHILBERT). 
Inspeção estática 
 
Para esta etapa do exame físico, a paciente deverá estar em 
posição ortostática ou sentada, com os braços soltos ao longo 
do corpo. Lembrar que nas pacientes com mamas muito 
volumosas, e/ou muito flácidas, devemos elevá-las para melhor 
visualização do pólo inferior e sulco inframamário (CARRARA; 
PHILBERT). 
8 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• Em relação às mamas, deve-se observar o número 
de mamas, localização, forma, volume, contornos 
(abaulamentos e retrações) e também a simetria. Em 
relação à pele, deve-se observar a cor, brilho, 
presença de cicatrizes, vascularização e distribuição 
dos vasos, pêlos, edema cutâneo (“peau d’orange”) e 
lesões (úlceras e feridas). 
• Em relação ao complexo aréolo-mamilar (CAM), 
avalia-se a forma, dimensões, simetria, características 
da pele e retração. Devem-se observar ainda 
eventuais alterações do tórax (cifoses, escolioses e 
defeitos das articulações costo- esternal) e da cintura 
escapular. 
Inspeção dinâmica 
Engloba três manobras distintas que visam mobilizar a glândula 
mamária sobre a parede torácica. Primeiramente pedimos que 
a paciente eleve progressivamente os braços, que devem estar 
estendidos, com o objetivo de tornar tenso a pele e ligamentos 
de Cooper (CARRARA; PHILBERT). 
 
Na sequência pedimos que a paciente coloque as mãos na 
cintura e faça compressão, ou com os braços na frente do 
tórax, comprima a palma da mão esquerda contra a palma da 
mão direita. O objetivo desta manobra é contrair o músculo 
peitoral maior, o que pode realçar eventuais nódulos mamários 
que estejam aderidos a esta estrutura (CARRARA; PHILBERT). 
 
A terceira manobra utilizada implica que a paciente estenda os 
braços e flexione o tronco anteriormente, de modo que as 
mamas fiquem pêndulas. Nesta etapa do exame físico devemos 
observar se há limitação da movimentação dos membros 
superiores, se há edema dos mesmos e a presença de 
escápula alada, principalmente em pacientes submetidas à 
cirurgia prévia (CARRARA; PHILBERT). 
 
Palpação 
Realizamos em dois tempos distintos, quais sejam: palpação das 
cadeias ganglionares e a palpação das mamas, sempre 
bilateralmente (CARRARA; PHILBERT). 
Iniciamos a palpação pelas cadeias ganglionares cervicais e 
supra-claviculares. Para a palpação destas cadeias, preferimos 
nos posicionar de frente para a paciente, porém há quem 
prefira estar posicionado atrás da mesma (CARRARA; 
PHILBERT). 
 
Na sequência, palpa-se as cadeias infra-ganglionares e 
finalmente as cadeias axilares. Deve-se fazer a palpação da 
cadeia da mamária interna com a paciente deitada. Para a 
palpação da cadeia linfática axilar direita, deve-se deixar o braço 
direito da paciente solto ao longo do corpo, ou apoiado ou 
sustentado pelo braço direito do examinador, enquanto com a 
mão esquerda, este faz a palpação (CARRARA; PHILBERT). 
 
Deve-se observar a presença de gânglios, localização dos 
mesmos, tamanho, consistência, mobilidade, relação entre si, 
9 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
aderência a planos profundos e eventuais ulcerações. Da 
mesma forma, todos os achados devem ser criteriosamente 
anotados (CARRARA; PHILBERT). 
Na palpação das mamas, lembrar que este tempo implica no 
exame da região que tem como limites a clavícula, o sulco infra-
mamário, a linha axilar posterior, a linha médio-esternal e o 
prolongamento axilar. Para a palpação das mamas, a paciente 
deve estar em decúbito dorsal, de forma que toda a mama se 
distribua sobre a parede torácica (CARRARA; PHILBERT). 
Os braços devem estar elevados com as mãos atrás da nuca. 
Deve-se colocar um coxim embaixo do dorso (espádua) 
correspondente à mama que se palpa. Preconizamos iniciar a 
palpação pela mama “sadia”, palpando a mama afetada após, e 
sempre comparando os achados (CARRARA; PHILBERT). 
A palpação pode ser executada por meio de duas técnicas: 
(PORTO & PORTO, 8ª ed.). 
• a de Velpeaux, em que utiliza-se a região palmar dos 
dedos; 
• a de Bloodgood, em que são utilizadas as falanges 
distais, semelhante ao tocar de um piano. 
 
Para a descrição mais acurada do local onde a alteração se 
encontra na mama, dividimos a mama em quatro quadrantes, 
direitos ou esquerdos, quais sejam: Quadrante súpero lateral 
(QSL), quadrante ínfero lateral (QIL), quadrante súpero medial 
(QSM) e quadrante ínfero medial (QIM). Alguns consideram 
ainda um quinto quadrante que seria o quadrante central (retro 
areolar). Além destas informações, a descrição da lesão pode 
ser feita de forma bastante precisa tomando-se como 
referência um mostrador de relógio e a distância do CAM onde 
está a lesão (CARRARA; PHILBERT). 
 
Expressão 
Deve-se fazer ordenha, de forma firme, porém delicada. Os 
movimentos devem ser abrangentes, estendendo-se da base 
da mama até o CAM e de forma radiada. Caso ocorra a 
descarga papilar, devemos observar sua característica (líquida, 
oleosa ou pastosa), coloração (hialina, leitosa, sanguinolenta ou 
escura), volume, número de ductos excretores, bilateralidade e 
a presença de ponto gatilho, ou seja, ponto que ao ser tocado 
produz derrame papilar (CARRARA; PHILBERT). 
 
Patologias benignas 
 
↠ O termo “doenças benignas da mama” engloba um 
grupo heterogêneo de lesões que pode representar uma 
ampla variedade de sinais e sintomas, e em faixas etárias 
variadas. O seu entendimento depende do conhecimento 
dos aspectos morfofuncionais da mama, desde a vida 
embrionária até a senectude (FEBRASGO, 2018). 
10 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A incidência das lesões benignas mamárias começa a 
aumentar durante a segunda década de vida, com picos 
na quarta e quinta década. Diferentemente, as lesões 
malignas continuam a aumentar após a menopausa 
(FEBRASGO, 2018). 
↠ Podem ser classificadas em três categorias: (SOGIMIG, 
2017). 
• Lesões não proliferativas: alterações fibrocísticas (cistos, 
ectasia ductal e fibrose), adenoses não esclerosantes, 
mastites, fibroadenomas, hamartomas e hiperplasias ductais 
mínimas (até quatro camadas de células) sem atipias. 
Representam até 70% dos achados histopatológicos. 
• Lesões proliferativas sem atipias: hiperplasia ductal sem 
atipia ou usual (HDU), papilomas, adenose esclerosante, 
fibroadenoma complexo e cicatriz radial (lesão esclerosan-
te complexa). 
• Lesões proliferativas com atipias: hiperplasia ductal atípica 
(HDA), hiperplasia lobular atípica (HLA) e atipia epitelial plana 
(AEP). 
 
ANOMALIAS DO DESENVOLVIMENTO 
↠ Diferenças no tamanho e no formato da mama são 
tão frequentes que dificilmente podem ser classificadas 
como anormalidades. As verdadeiras anomalias incluem 
aquelas em que a mama é ausente, rudimentar, existe 
assimetria grosseira, hipertrofia ou glândula e mamilos 
acessórios. As anomalias do desenvolvimento podem ser 
divididas, de acordo com o comprometimento, em 
anomalias de volume e de número (PASSOS, 7ª ed.). 
VOLUME 
• Hipomastia: Mama de pequeno volume, unilateral ou 
bilateral. Costuma não responder a tratamento 
hormonal. A solução é cirúrgica com inclusão de 
próteses de silicone (PASSOS, 7ª ed.). 
• Hipertrofia: Mama de grande volume, unilateral ou 
bilateral. Causa danos psicológicos e de postura, 
alterando o centro gravitacional da coluna. Casos 
extremos, que redundam em ressecções > 1.000 g, 
são denominados gigantomastia (PASSOS, 7ª ed.). 
 
• Simastia: Confluência medial das mamas, ou seja, uma 
ponte de tecido na linha média une as duas mamas. 
É congênita e está associada a mamas hipertróficas, 
geralmentesimétricas (PASSOS, 7ª ed.). 
NÚMERO 
• Amastia: Ausência total da glândula, unilateral ou 
bilateral. É extremamente rara e, quando unilateral, é 
quase sempre acompanhada de hipotrofia ou 
agenesia do grande peitoral, constituindo a síndrome 
de Poland (o quadro completo inclui sindactilia). 
Quando bilateral, frequentemente se associa à 
agenesia ovariana. 
• Amazia: Ausência do tecido mamário, com a 
presença do complexo areolomamilar, podendo ser 
adquirida – iatrogênica (por cirurgias, trauma, 
queimadura sobre o botão mamário), mais comum – 
ou congênita. 
• Atelia: Ausência areolomamilar, de extrema raridade. 
• Polimastia: Presença de mais de duas glândulas 
mamárias, podendo ser completa (com aréola e 
mamilo) ou apenas com parênquima. A forma mais 
comum é a mama axilar que se manifesta por um 
abaulamento na região, geralmente durante o ciclo 
grávido-puerperal. 
• Politelia: Presença de mamilo acessório, geralmente 
na região torácica inferior e no abdome superior. 
 
 
11 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 Tanto a polimastia como a politelia acontecem ao longo da linha 
láctea. A ocorrência do tecido mamário fora dessa localização chama-
se mama aberrante (PASSOS, 7ª ed.). 
 
GINECOMASTIA 
↠ É a hipertrofia de uma ou ambas as mamas no 
homem. No recém-nascido, na adolescência e na 
senectude, pode assumir caráter transitório. Apresenta 
pico de incidência entre 13 e 14 anos, e tende a regredir 
em até 2 anos. O segundo pico de incidência ocorre entre 
50 e 80 anos. Em boa parte dos casos, é induzida por uso de 
substâncias como anabolizantes, estrogênios, digitálicos, isoniazida, 
espironolactona, reserpina e metildopa ou está vinculada a doenças 
orgânicas como lesões testiculares e hepáticas, carcinoma 
corticossuprarrenal, adenoma de hipófise ou hipertireoidismo 
(PASSOS, 7ª ed.). 
 A avaliação com exames de imagem é feita com a mamografia, 
sendo que a solicitação de US mamária não deve ser encorajada, pois 
a mamografia consegue distinguir a ginecomastia verdadeira da 
lipomastia (PASSOS, 7ª ed.). 
PROCESSOS INFLAMATÓRIOS 
MASTITE AGUDA 
↠ É mais comum no puerpério tardio, podendo 
acometer cerca de 2 a 10% das lactantes. Os agentes 
patogênicos normalmente envolvidos são Staphylococcus 
aureus, principal agente, presente em 60% dos casos, 
Staphylococcus epidermidis, estreptococos, Escherichia 
coli, entre outros (PASSOS et al., 2023). 
↠ Normalmente, há história de fissura do mamilo ou de 
queimadura da pele, que resulta na quebra dos 
mecanismos de defesa do organismo e em aumento do 
número de bactérias sobre a pele da mama. Esses 
germes também chegam ao mamilo pelas roupas, pelas 
mãos ou pela nasofaringe do recém-nascido. A 
penetração acontece pelos linfáticos superficiais, 
expostos pelas fissuras mamilares (PASSOS, 7ª ed.). 
↠ Os fatores predisponentes de mastite aguda incluem: 
(PASSOS et al., 2023). 
• Mamas ingurgitadas. 
• Fissura mamilar. 
• Infecção da rinofaringe do lactente. 
• Anormalidade do mamilo. 
• Primiparidade. 
• Má higiene. 
• Escabiose. 
 Inicia com estase láctea e, posteriormente, aparecem os sinais 
clássicos de inflamação: dor, tumor, calor, rubor, que podem ou não 
estar acompanhados de sintomas gerais (febre, mal-estar, calafrios). 
Adenopatia axilar costuma se apresentar (PASSOS, 7ª ed.). 
 Se, após 48 a 72 horas de tratamento, persistir 
infecção, deve-se suspeitar de abscesso, o qual se estabelece em 5 a 
10% dos casos, apesar do tratamento (PASSOS et al., 2023). 
ECTASIA DUCTAL 
↠ Trata-se da dilatação dos ductos terminais por 
acúmulo de material lipídico e detritos celulares que levaria 
a inflamação, espessamento, atrofia e perda da 
elasticidade da parede ductal, podendo causar derrame 
papilar (PASSOS et al., 2023). 
Na maioria dos casos, manifesta-se como secreção papilar bilateral, 
multiductal e colorida (esbranquiçada, amarelada, acastanhada, 
esverdeada e enegrecida), podendo haver associação com 
nodularidade e alterações anatômicas do complexo areolopapilar. 
Eventualmente, o fluxo é hemorrágico, e, nesse caso, o diagnóstico 
deve ser amparado por alguns exames de imagem para exclusão de 
outras causas, como papilomas e câncer (PASSOS et al., 2023). 
 O diagnóstico é clínico, e, quando há dúvidas, a US é o 
método de imagem que pode trazer mais informações, pois consegue 
mostrar toda a árvore ductal retroareolar. Por esse método, considera-
se ectasia quando o diâmetro do ducto é igual ou superior a 5 mm 
(PASSOS et al., 2023). 
↠ As formas clínicas são as seguintes: (PASSOS et al., 
2023). 
• Derrame papilar: Mais comum em mulheres peri ou 
pós-menopáusicas, surgindo secreção amarelo-
esverdeada, purulenta. Desde que o sintoma não seja 
espontâneo e abundante, não requer tratamento. Se 
a descarga for desconfortável para a paciente, indica-
se a exérese do sistema ductal terminal. 
• Tumoral: A ectasia, com o tempo, pode ocasionar 
ruptura dos ductos e inflamação circundante, com 
sinais típicos de mastite. Esse processo, ao se 
cronificar, pode originar massa endurecida e retração 
do mamilo, simulando um carcinoma. É comum a 
retração do mamilo no local do ducto ou dos ductos 
encurtados. A idade é um fator importante na 
12 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
etiologia da ectasia ductal, pois a frequência dessa 
condição aumenta com a idade. 
SECREÇÕES BENIGNAS 
GALACTORREIA 
↠ Galactorreia consiste na eliminação de secreção láctea 
pelos mamilos em homem, mulher nulípara ou pelo 
menos 12 meses após a gravidez ou lactação. Sua principal 
causa é farmacológica, mas pode ser idiopática ou 
secundária a adenomas hipofisários. Estímulo papilar, 
trauma, cirurgia da parede torácica e distúrbios da tireoide 
também podem ser fatores etiológicos (SOGIMIG, 2017). 
MACROCISTOS 
↠ Os cistos mamários são a expressão da etapa 
involutiva do lóbulo mamário. Estima-se que ocorram em 
7 a 10% das mulheres, predominantemente na meia-idade 
e no final do período reprodutivo. Eles têm importância 
clínica, pois, em geral, apresentam-se como tumor de 
aparecimento rápido, trazendo ansiedade para as 
pacientes (PASSOS et al., 2023). 
↠ A etiologia é desconhecida, mas estudos demonstraram que 
eles podem ser divididos em dois grandes grupos: um revestido por 
epitélio atrófico e com líquido intracavitário contendo relação Na:K > 
3, e o outro formado por epitélio apócrino, cuja relação Na:K é < 3. 
Este último, para alguns autores, teria risco maior para carcinoma 
(PASSOS et al., 2023). 
↠ Podem ser cistos simples (apenas com conteúdo 
líquido) ou complexos (com componente sólido no 
interior) e provocam dor quando crescem 
repentinamente (PASSOS et al., 2023). 
 
 
↠ O pico de incidência se dá entre os 40 e os 50 anos, 
aumentando em frequência a partir dos 35 anos. É 
importante salientar que essa incidência se refere a 
macrocistos palpáveis. Se forem considerados, na 
estatística, os microcistos (< 1 cm) detectados apenas por 
exame ultrassonográfico, esse número sobe para 70% 
(PASSOS et al., 2023). 
↠ O quadro clínico é de surgimento rápido de tumor 
móvel, de consistência firme/elástica, às vezes 
apresentando aspecto “achatado”. Na grande maioria das 
vezes, não há dor à palpação. Essa alteração é mais 
frequentemente identificada nas regiões centrais da 
mama e no período pré-menopausa (é raríssimo na 
senectude, a não ser nos casos em que a paciente esteja 
em vigência de terapia de reposição hormonal) (PASSOS 
et al., 2023). 
 O tratamento consiste na punção evacuadora do cisto, 
procedimento ambulatorial simples que, além de ser diagnóstico (pois 
afasta a possibilidade de câncer), também tem caráter terapêutico. 
Cabe ressaltar que cistos simples não palpáveis, identificados apenas 
em exame ultrassonográfico, não devem ser abordados ou 
acompanhados, e a paciente deve ser tranquilizada. Nas pacientes 
portadoras de cistos múltiplos, também não hánecessidade de 
puncionar todos os cistos em todas as ocasiões; deve-se apenas 
realizar a avaliação da alteração por meio da US. Se essa avaliação 
mostrar que se trata de cistos simples (não complexos e não 
habitados), deverão ser programadas sessões de punção dos cistos 
maiores, sintomáticos. Os cistos com conteúdo espesso, septos finos 
ou microcistos agrupados apresentam pouco risco de malignidade e 
podem ser acompanhados clinicamente (PASSOS et al., 2023). 
TUMORES BENIGNOS 
LESÕES FIBROEPITELIAIS 
↠ As lesões fibroepiteliais da mama englobam neoplasias 
constituídas pela proliferação do tecido conectivo do 
estroma e pelo componente epitelial, representados pelos 
ductos e ácinos. Os dois componentes estão presentes 
em proporções variáveis, mas são os diferentes graus de 
proliferação e atipia estromal que determinam a 
classificação e o comportamento clínico dessas lesões 
(PASSOS et al., 2023). 
↠ Esse grupo heterogêneo de lesões bifásicas 
predominantemente manifesta comportamento benigno, 
sendo representado pelos fibroadenomas e pelos 
tumores filoides (PASSOS et al., 2023). 
FIBROADENOMAS 
↠ Os fibroadenomas são os principais tumores benignos 
da mama, ficando atrás apenas dos carcinomas em 
termos de prevalência geral (PASSOS et al., 2023). Macrocistos. (A) Aspecto clínico. (B) Aspecto mamográfico. (C) Aspecto 
ultrassonográfico. 
13 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
EPIDEMIOLOGIA: Eles acometem preferencialmente 
mulheres com idade entre 15 e 35 anos. Em decorrência 
da presença de receptores hormonais, apresentam 
tendência a crescimento durante a gestação e 
degeneração e calcificação após a menopausa, sendo um 
achado comum em mamografias de rotina (PASSOS et 
al., 2023). 
↠ O fibroadenoma apresenta-se como nódulo indolor, 
sólido, de consistência firme, formato arredondado ou 
lobulado, limites nítidos e ampla mobilidade. O crescimento 
é lento, raras vezes atingindo grandes dimensões. Os 
fibroadenomas podem ser múltiplos em 20% dos casos, 
uni ou bilateralmente (PASSOS et al., 2023). 
↠ O diagnóstico é eminentemente clínico, podendo ser 
complementado por exames de imagem e/ou análise 
cito/histológica (PASSOS et al., 2023). 
Os exames de imagem evidenciam massa sólida regular ou lobulada, 
de margens bem definidas. Em pacientes jovens, a US mamária auxilia 
a caracterização dessas lesões e a diferenciação entre lesões sólidas 
ou císticas. À mamografia, lesões involutivas podem apresentar as 
clássicas calcificações grosseiras em pipoca (PASSOS et al., 2023). 
O fibroadenoma comum apresenta estroma de baixa celularidade, 
uniforme, sem pleomorfismo celular. Em pacientes idosas, o estroma 
pode estar hialinizado. Existe uma forma especial de fibroadenoma com 
estroma com maior celularidade e hiperplasia epitelial, conhecido como 
gigante juvenil, que ocorre na puberdade e causa acentuada assimetria 
mamária, atingindo grandes dimensões (> 5 cm) (PASSOS et al., 2023). 
↠ É rara a transformação de componentes epiteliais do 
fibroadenoma em carcinoma mamário, bem como a 
coexistência entre essas lesões (PASSOS et al., 2023). 
TUMORES FILOIDES 
↠ Respondem por menos de 1% dos tumores da mama 
e 2,5% dos tumores fibroepiteliais (PASSOS et al., 2023). 
EPIDEMIOLOGIA: Costumam se manifestar dos 35 aos 55 
anos, faixa etária mais avançada quando comparada com 
seu principal diagnóstico diferencial, os fibroadenomas 
(PASSOS et al., 2023). 
↠ O seu comportamento biológico engloba tumores 
benignos, borderline e malignos, levando em 
consideração alterações do componente estromal e 
características de margens da lesão. São lesões 
clinicamente semelhantes aos fibroadenomas, com rápido 
crescimento. Embora tumores malignos ocorram em 
apenas 10% dos casos, mesmo benignos, eles têm 
tendência à recidiva local e podem atingir grandes 
volumes (PASSOS et al., 2023). 
↠ O seu diagnóstico pela amostra histológica via core 
biopsy pode ser desafiador e, por vezes, só é confirmado 
em análise com maiores amostras teciduais. O tratamento 
envolve ressecção da lesão com margens livres 
(idealmente de 1 cm em tumores de comportamento 
borderline e malignos (PASSOS et al., 2023). 
PAPILOMA INTRADUCTAL 
↠ É uma lesão hiperplásica caracterizada pela 
proliferação do epitélio ductal com um eixo fibrovascular 
com crescimento para o lúmen de um ducto, 
distendendo-o, formando lesões em geral sólido-císticas 
(PASSOS et al., 2023). 
EPIDEMIOLOGIA: É mais frequentemente observado em 
mulheres entre a quarta e sexta décadas de vida. Os 
papilomas intraductais em geral são solitários e centrais, 
localizados nos ductos terminais, atingindo pequenas 
dimensões (PASSOS et al., 2023). 
↠ Essas lesões costumam apresentar achado clínico 
característico de descarga papilar sanguinolenta ou 
serosa; em 50% delas, nota-se nódulo subareolar. Elas 
apresentam potencial de abrigar áreas de atipia ou 
carcinoma in situ (menos de 10% dos casos) (PASSOS et 
al., 2023). 
 
↠ Em contrapartida, lesões múltiplas e periféricas são 
denominadas papilomatose múltipla e estão mais 
relacionadas com nódulos do que com a descarga papilar. 
A sua etiologia está correlacionada com hiperplasia ductal 
ou lobular e apresenta maior risco de desenvolvimento 
de carcinomas em comparação com a população geral 
(PASSOS et al., 2023). 
↠ O diagnóstico de papiloma intraductal exige análise 
histológica, e seu tratamento consiste em exérese com 
ressecção total do papiloma (PASSOS et al., 2023). 
 
 
14 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
CONDIÇÕES BENIGNAS DA MAMA E RISCO PARA O CÂNCER 
A quantificação do risco histológico é obtida pelo acompanhamento, 
em longo prazo, dos casos de patologia benigna submetidos à biópsia 
e é expressa em termos de risco relativo (RR) (PASSOS et al., 2023). 
 
Patologias malignas 
↠ O câncer de mama é o mais incidente na população 
feminina mundial e brasileira, excetuando-se os casos de 
câncer de pele não melanoma (PASSOS et al., 2023). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ O câncer invasor de mama é a primeira causa de 
morte por câncer na população feminina em todas as 
regiões do Brasil, exceto na região Norte, onde o câncer 
de colo do útero ocupa essa posição. A taxa de mortalidade 
por câncer de mama, ajustada pela população mundial, foi de 14,23 
óbitos/100.000 mulheres em 2019, com as maiores taxas nas regiões 
Sudeste e Sul, com 16,14 e 15,08 óbitos/100.000 mulheres, 
respectivamente (PASSOS et al., 2023). 
↠ O aumento das taxas de incidência em países com 
índice de desenvolvimento humano (IDH) mais elevado 
reflete uma prevalência mais alta de longa data de fatores 
de risco reprodutivos e hormonais (idade precoce da 
menarca, idade tardia da menopausa, idade avançada no 
primeiro parto, menor número de filhos, menos tempo 
de amamentação, terapia hormonal na menopausa, 
anticoncepcionais orais), bem como de fatores de risco 
de estilo de vida (ingestão de álcool, excesso de peso 
corporal, sedentarismo), além de maior detecção por 
meio de rastreamento mamográfico organizado ou 
oportunista (PASSOS et al., 2023). 
↠ Uma prevalência excepcionalmente alta de mutações 
em genes de alta penetrância, como BRCA1 e BRCA2, 
entre mulheres de herança judaica asquenazi (variação de 
1-2,5%) é, em parte, responsável pela alta incidência em 
Israel e em certas subpopulações europeias (PASSOS et 
al., 2023). 
FATORES DE RISCO 
↠ A maioria dos carcinomas mamários é esporádica, e 
apenas 10% estão associados a história familiar ou fatores 
genéticos. Dessa forma, o conhecimento dos fatores de 
risco que podem estar associados é importante, uma vez 
que alguns deles podem ser modificados, reduzindo o 
risco de ocorrência (PASSOS et al., 2023). 
SEXO E IDADE 
↠ As mulheres apresentam risco de serem 
diagnosticadas com câncer de mama 100 vezes maior que 
os homens. Além disso, a incidência do câncer de mama 
está diretamente relacionada com o aumento da idade, 
justificandoo início do rastreamento mamográfico a partir 
dos 40 a 50 anos (PASSOS et al., 2023). 
 
OBESIDADE E AUMENTO DE PESO 
↠ A obesidade (índice de massa corporal [IMC] ≥ 30 
kg/m2) está associada ao aumento de morbidade e 
mortalidade relacionadas com o câncer de mama. Esse 
risco está ligado ainda ao aumento da incidência do câncer 
de mama, quando ocorre na pós-menopausa. Tal 
associação resulta dos maiores níveis de estrogênio pela 
conversão periférica no tecido adiposo mediada pela 
aromatase e pela hiperinsulinemia (PASSOS et al., 2023). 
↠ A perda de peso, mesmo após o início da menopausa, 
está associada à redução do risco. Além disso, a atividade 
física é um fator protetor para a mama na pré-
menopausa, levando a uma redução de risco de 23% (RR 
0,75), e na pós-menopausa, a uma redução de risco de 
17% (RR 0,87), mesmo após o ajuste para outros fatores 
(PASSOS et al., 2023). 
DENSIDADE MAMÁRIA 
↠ Mulheres com mamas densas na mamografia – ou 
seja, com a presença de tecido mamário (parênquima) 
formando ≥ 75% da mama – apresentam maior risco 
para câncer de mama quando comparadas com mulheres 
15 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
da mesma idade com mamas menos densas ou 
lipossubstituídas. O aumento da densidade mamária não 
representa impacto em maior mortalidade por câncer de 
mama (PASSOS et al., 2023). 
DOENÇAS BENIGNAS DA MAMA 
↠ As lesões proliferativas da mama (em especial, 
alterações com atipias histológicas) estão associadas ao 
aumento do risco de câncer de mama. Tais lesões são 
consideradas marcadores de risco tanto para a mama 
afetada como para a mama contralateral. As lesões 
proliferativas incluem hiperplasia ductal atípica, hiperplasia 
lobular atípica e carcinoma lobular in situ (PASSOS et al., 
2023). 
TERAPIA HORMONAL NA MENOPAUSA 
↠ A terapia hormonal combinada de 
estrogênio/progesterona na menopausa aumenta o risco 
de câncer de mama receptor hormonal positivo (RR 1,66), 
sobretudo com o uso por mais de 5 anos. Esse risco 
diminui significativamente após 2 anos da sua interrupção. 
A terapia hormonal com apenas estrogênio em pacientes 
histerectomizadas não está associada ao aumento de 
risco (PASSOS et al., 2023). 
CONTRACEPTIVOS HORMONAIS 
↠ O risco de câncer de mama é maior entre as mulheres 
usuárias de contraceptivos hormonais em relação àquelas 
que nunca os utilizaram (RR 1,21; intervalo de confiança [IC] 
95%, 1,11-1,33), e esse risco aumenta com o uso prolongado. 
No entanto, o aumento absoluto do risco é pequeno 
(risco absoluto de 13/100.000 mulheres-ano). Alguns 
estudos indicam que esse risco desaparece em 2 a 5 
anos após a interrupção do uso (PASSOS et al., 2023). 
 Apesar dos dados limitados, os dispositivos intrauterinos com 
levonorgestrel estão contraindicados em mulheres com história prévia 
de câncer de mama, devido a uma possível associação com aumento 
de recidiva, em especial nas pacientes que mantiveram seu uso 
durante o tratamento do câncer de mama (PASSOS et al., 2023). 
MENARCA PRECOCE E MENOPAUSA TARDIA 
↠ Estudos demonstraram que cada ano de atraso do 
início da menarca diminui em 5% o risco de câncer de 
mama. Em contrapartida, cada ano de atraso para início 
da menopausa representa um aumento de risco de 3% 
para câncer de mama (PASSOS et al., 2023). 
NULIPARIDADE 
↠ A nuliparidade representa um maior risco para câncer 
de mama (RR 1,2-1,7). Estudos sugerem uma redução de 
risco adicional para cada parto a termo em torno de 10% 
(PASSOS et al., 2023). 
IDADE NO PRIMEIRO PARTO A TERMO 
↠ A incidência cumulativa de câncer de mama (até a 
idade de 70 anos) parece ser 10% menor para mulheres 
que tiveram o primeiro parto a termo até os 25 anos e 
5% maior entre aquelas com primeiro parto a termo aos 
35 anos, semelhante ao risco de mulheres nulíparas 
(PASSOS et al., 2023). 
HISTÓRIA FAMILIAR E MUTAÇÕES GENÉTICAS 
↠ Os dois principais fatores que afetam esse risco são o 
número de familiares de primeiro grau com câncer de 
mama e a idade em que foram diagnosticados. Uma 
mulher com um familiar de primeiro grau com câncer de 
mama apresenta risco 1,75 vezes maior de desenvolver a 
doença em relação a uma mulher sem nenhum familiar 
afetado. Esse risco se torna 2,5 vezes maior com dois ou 
mais familiares de primeiro grau com câncer de mama. A 
idade jovem no diagnóstico dos familiares de primeiro 
grau também pode influenciar esse risco, principalmente 
quando ocorre na pré-menopausa (PASSOS et al., 2023). 
 Mutações genéticas associadas à predisposição ao câncer de 
mama são raras. Cerca de apenas 6% de todos os cânceres de mama 
estão diretamente relacionados com mutações nos genes BRCA1 ou 
BRCA2 (PASSOS et al., 2023). 
ÁLCOOL E TABAGISMO 
↠ O consumo de álcool está associado ao aumento do 
risco para câncer de mama. O consumo de 35 a 44 g 
de álcool por dia pode aumentar o risco de câncer de 
mama em 32%. O risco aumenta diretamente em relação 
ao aumento do consumo de álcool, cerca de 7,1% de 
aumento no RR para cada 10 g de álcool adicional (1 taça 
de vinho – 20 mL, 1 copo de cerveja – 285 mL ou 1 dose 
de bebida destilada – 30 mL) consumida por dia (PASSOS 
et al., 2023). 
↠ Embora a associação de risco com o tabagismo 
permaneça controversa (RR 1,1), parece haver uma 
correlação com o início precoce, em idade jovem, do 
consumo de cigarros (PASSOS et al., 2023). 
EXPOSIÇÃO À RADIAÇÃO IONIZANTE 
↠ A exposição do tórax à radiação ionizante em uma 
idade jovem, como ocorre no tratamento do linfoma de 
16 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Hodgkin, está associada ao aumento de risco para câncer 
de mama. Esse risco parece maior quando a exposição 
ocorre entre 10 e 14 anos, embora pareça persistir 
mesmo com exposições até os 45 anos (PASSOS et al., 
2023). 
CLASSIFICAÇÃO MOLECULAR DO CÂNCER DE MAMA 
↠ O carcinoma de mama é uma neoplasia com múltiplos 
achados morfológicos, além de comportamento clínico e 
resposta a regimes terapêuticos variáveis. Essa 
heterogeneidade está relacionada com a origem celular 
ou a via de diferenciação das células tumorais. O 
desenvolvimento da biologia molecular permitiu ampliar o 
conhecimento da evolução e das características do carcinoma de 
mama, lançando uma nova luz sobre seu prognóstico e respostas 
terapêuticas (PASSOS et al., 2023). 
↠ A análise do perfil de expressão gênica, por meio do 
uso da metodologia de microarranjos de ácido 
desoxirribonucleico (DNA) (microarray), categoriza cinco 
subtipos moleculares diferentes de carcinoma de mama: 
(PASSOS et al., 2023). 
• Luminal A: Apresenta elevados índices de RE e RP, 
baixo grau histológico e baixos níveis de genes de 
proliferação celular (Ki-67), caracterizando um perfil 
de bom prognóstico; corresponde a 40 a 50% dos 
carcinomas de mama. 
• Luminal B: Também se caracteriza pela expressão 
de RE e RP, porém associado a grau histológico mais 
alto e maiores níveis de genes de proliferação celular, 
motivo pelo qual está relacionado com um 
prognóstico mais reservado. Os carcinomas luminais 
(A e B) correspondem a cerca de 75% dos 
carcinomas invasores de mama. 
• HER-2: Apresenta um comportamento mais 
agressivo, associado ao surgimento precoce de 
metástases a distância e metástases cerebrais; 
também se caracteriza pela ausência de expressão 
de RE e RP e amplificação do gene que codifica o 
HER-2. Cerca de 15% das pacientes com carcinoma 
de mama apresentam a amplificação desse gene. 
• Basaloide ou triplo-negativo: Denominação devida ao 
perfil de expressão gênica desses tumores, 
semelhante ao das células basais da mama, 
precursoras das células epiteliais glandulares e das 
células mioepiteliais. Os tumores basaloides ou triplo-
negativos compreendem 10 a 15% dos tumores, 
estando associados a pior prognóstico, quando 
avaliados pela sobrevida livre de doença, sendo o 
risco de recidivas maior nos 5 anos após o 
diagnóstico. Estudos que avaliaram o perfil imuno-
histoquímicodesse grupo de carcinomas revelaram 
tumores em geral negativos para RE, RP e para o 
produto proteico do HER-2. Devido à negatividade 
para esses três marcadores, esses carcinomas 
receberam a denominação triplo-negativo e têm sido 
relacionados com a mutação do gene BRCA1. São 
mais frequentes no grupo de mulheres na pré-
menopausa, o que sinaliza provável incidência em 
pacientes jovens. 
 Os tumores HER-2 e triplo-negativo estão associados a altos 
graus histológicos e maiores índices de proliferação celular (PASSOS 
et al., 2023). 
 
PATOLOGIA DO CARCINOMA DE MAMA 
↠ O carcinoma de mama é uma doença heterogênea 
que difere quanto à sua apresentação histológica e seu 
comportamento biológico. Os dois tipos histológicos mais 
comuns de carcinomas invasivos são os carcinomas ductal 
e lobular, correspondendo a cerca de 75 e 15% de todos 
os casos, respectivamente. Os demais tipos histológicos 
de carcinomas são mais raros (mucinoso, tubular, medular, 
papilar, metaplásico) e correspondem aproximadamente 
a 10% de todos os casos (PASSOS et al., 2023). 
 O câncer de mama pode ser dividido em lesões in situ e 
invasoras, e nessa divisão há vários tipos histológicos específicos com 
vários prognósticos (SOGIMIG, 2017). 
CARCINOMA DUCTAL IN SITU 
↠ O carcinoma ductal in situ (CDIS) ou intraductal é uma 
forma não invasiva do câncer de mama. A sua incidência 
tem aumentado com o uso mais amplo do rastreamento 
mamográfico (PASSOS et al., 2023). 
↠ O CDIS é caracterizado pela proliferação de células 
epiteliais neoplásicas no interior do ducto, sem invadir a 
membrana basal. Desse modo, sem a capacidade de 
metastatizar, seja por via linfática, seja por via 
hematogênica, não exige tratamento sistêmico adjuvante 
(PASSOS et al., 2023). 
17 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ É considerado uma lesão precursora do carcinoma 
invasor, e sua presença aumenta em 10 vezes o risco de 
carcinoma invasor no futuro. Até o momento, sabe-se 
que alterações genéticas presentes no carcinoma ductal 
invasor também ocorrem no CDIS, mas preditores de 
progressão para invasão ainda não foram identificados 
(PASSOS et al., 2023). 
 O carcinoma ductal in situ é considerado câncer de mama 
estádio 0 (SANARFLIX). 
↠ O CDIS manifesta-se comumente por 
microcalcificações pleomórficas, agrupadas e com trajeto 
ductal na mamografia. Representa 15 a 30% dos cânceres 
detectados por mamografia e acomete, 
preferencialmente, mulheres com idade entre 50 e 70 
anos. A expressão de receptores de estrogênio (RE) é 
observada em mais de 80% dos casos de CDIS, ao passo 
que os receptores de progesterona (RP) são encontrados 
em cerca de 60% dos casos. Os CDIS com RE negativos 
têm sido associados a maior risco de recorrência local 
(PASSOS et al., 2023). 
 
 
CARCINOMA LOBULAR IN SITU 
↠ Este não é tradicionalmente visto como percussor do 
câncer de mama, mas sim como um marcador de risco 
aumentado (cerca de 1%/ano). Por ter como característica 
multifocal e bilateral, sua excisão torna-se difícil e por isso 
não costuma ser realizada (SANARFLIX). 
 
CARCINOMA INVASOR DA MAMA (CÂNCER DE MAMA) 
↠ Os carcinomas invasores são aqueles cujas células 
tumorais invadem os tecidos adjacentes aos ductos 
mamários e apresentam capacidade de metastatizar para 
sítios anatômicos distantes (PASSOS et al., 2023). 
 Dos cânceres que afetam as mamas, 97% são primários e 3% 
são metástases de outros sítios, sendo o carcinoma ductal invasivo o 
mais comum (80%) seguido do carcinoma lobular invasivo (15%). Esta 
é a neoplasia maligna mais incidentes em mulheres no mundo sendo 
que no Brasil, em 2019, foram 59.700 novos casos o que representa 
29,5% dos cânceres em brasileiras, excetuando o câncer de pele não 
melanoma (SANARFLIX). 
CARCINOMA DUCTAL INFILTRANTE 
↠ Como visto, esse é o tipo histológico mais comum, 
correspondendo a 80 a 90% dos carcinomas de mama, 
dependendo da série avaliada. Trata-se de um grupo 
heterogêneo de tumores cujo diagnóstico é feito por 
exclusão quando a lesão não preenche os critérios 
diagnósticos (achados morfológicos/histológicos) para os 
tipos especiais de carcinoma mamário, sendo classificado 
como carcinoma ductal infiltrante – sem outra 
especificação (CDI-SOE) (PASSOS et al., 2023). 
 Os carcinomas ductais de tipo especial (medular, tubular, etc.) 
compreendem 10 a 20% dos carcinomas invasivos e apresentam, em 
geral, melhor prognóstico quando comparados com o CDI-SOE. Para 
ser classificado como tipo especial, é necessário que o carcinoma seja 
composto quase completamente (90% de um tumor) pelas 
características histológicas do tipo em questão (PASSOS et al., 2023). 
 
18 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Apresentação macroscópica 
↠ Costuma apresentar-se como um nódulo sólido ou 
uma área de condensação no parênquima, com 
coloração acinzentada ou esbranquiçada, geralmente 
endurecido, com consistência de pera verde ao corte 
(carcinoma cirroso), o que depende da quantidade de 
fibrose no estroma, da elastose peritumoral e da presença 
de necrose e de calcificações relativamente grosseiras. As 
lesões podem ter forma espiculada ou circunscrita 
(PASSOS et al., 2023). 
 
 
 
Histologia 
↠ Pode apresentar uma ampla variabilidade histológica, 
com proliferação de elementos epiteliais com atipias 
citológicas relativamente acentuadas, com uma tendência 
diversa a formar estruturas pseudoglandulares ou 
semelhantes aos ductos, e com atividade mitótica variável, 
citoplasma abundante e eosinofílico e núcleos que variam 
de regulares e uniformes a pleomórficos, com nucléolos 
proeminentes. Microcalcificações podem ou não estar 
presentes (PASSOS et al., 2023). 
 A grande maioria corresponde ao tipo carcinoma ductal 
invasivo, que é usado aqui como exemplo. O tumor é pouco diferenciado. As 
células formam cordões sólidos que infiltram difusamente o tecido mamário. É 
característico que haja extensa reação desmoplásica do tecido infiltrado, ou 
seja, proliferação fibroblástica e produção de colágeno, o que dá ao tumor 
consistência dura na macroscopia. Na periferia, o tumor é mal delimitado e sem 
cápsula, infiltrando o tecido adiposo e o tecido mamário pré-existente. 
 
 
 
A avaliação histológica de três características (formação tubular, atipias 
nucleares e atividade mitótica) serve para graduar o CDI em bem 
diferenciado (grau 1), diferenciação intermediária (grau 2) e pouco 
diferenciado (grau 3) e tem um importante significado prognóstico 
(PASSOS et al., 2023). 
 O prognóstico desses carcinomas depende de muitos 
fatores, sobretudo grau histológico, tamanho tumoral, status dos 
linfonodos regionais, invasão angiolinfática, além de outros fatores 
biológicos, como a expressão de RE e RP e do receptor tipo 2 do 
fator de crescimento epidérmico humano (HER-2, human epidermal 
growth factor receptor 2) (PASSOS et al., 2023). 
CARCINOMA LOBULAR INVASOR 
↠ O carcinoma lobular invasor (CLI) constitui o segundo 
tipo mais comum de carcinoma infiltrante da mama, 
correspondendo a 5 a 15% dos carcinomas mamários, 
sendo mais frequente em mulheres na pós-menopausa, 
principalmente após os 60 anos. Estudos recentes sugerem 
uma forte associação entre a terapia de reposição hormonal pós-
menopausa e o aumento da incidência de CLI (PASSOS et al., 
2023). 
 Esses carcinomas apresentam maior frequência de 
multifocalidade e multicentricidade (30% dos casos), assim como maior 
tendência à bilateralidade (6-8% dos casos) (PASSOS et al., 2023). 
Carcinoma ductal invasivo em mulher de 52 anos. (A) A mamografia 
mediolateral direita mostra densidade assimétrica no quadrante superior. (B) 
DMCE, imagem mediolateral mostra uma massa com realce espiculado 
(seta e pontas de seta). 
 
19 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ Os CLIs apresentam um padrão de infiltração tecidual 
insidioso, provocando pouca reação tecidual desmoplásica 
adjacente,fato que pode impedir a formação de massa 
palpável, tornando o diagnóstico clínico difícil e 
acarretando dificuldades de visualização da lesão nos 
exames de imagem. A forma mais comum de 
apresentação é uma densidade assimétrica à palpação, 
sem nódulo bem definido, e presença de assimetria e 
distorção arquitetural mamária no exame mamográfico. A 
extensão do tumor pode ser subestimada tanto pelo 
exame físico como pelo mamográfico (PASSOS et al., 
2023). 
 Apesar de ser considerado uma entidade única, existem 
subclassificações histológicas que apresentam padrões de 
agressividade diversos, desde o clássico (menos agressivo), sólido, 
alveolar, em “anel de sinete” até o pleomórfico (mais indiferenciado e 
agressivo) (PASSOS et al., 2023). 
Histologia 
↠ O subtipo clássico (60% dos casos) se caracteriza pela 
presença de células tumorais pequenas e homogêneas 
semelhantes ao carcinoma lobular in situ (CLIS), que 
crescem em “fila indiana” com um padrão concêntrico, 
circundando os ductos mamários residuais, com formação 
de crescimento “em alvo”. Algumas vezes, observam-se 
vacúolos de secreção no citoplasma das células 
neoplásicas, deslocando o núcleo para a periferia da célula, 
conferindo a ela um aspecto de “célula em anel de sinete” 
– o que classifica um subtipo de carcinoma lobular invasor, 
chamado de carcinoma com células em anel de sinete (a 
lesão apresenta mucina intracelular). Em muitos casos, é 
possível identificar um componente de CLIS associado 
(PASSOS et al., 2023). 
 
 O CLI clássico costuma expressar RE e RP em mais de 
93% dos casos, sendo rara a expressão de HER-2, geralmente 
apresentando grau nuclear mais baixo e baixa fração de proliferação 
celular (Ki-67 < 20%) (PASSOS et al., 2023). 
 
↠ O padrão de disseminação metastático difere do CDI, 
sendo mais raras as metástases pulmonares, cerebrais e 
hepáticas. Em contrapartida, são mais frequentes as 
metástases para leptomeninges, peritônio, trato 
gastrintestinal, órgãos pélvicos (p. ex., ovários) e ossos. Tal 
característica se reflete na elevada diferença de incidência 
de metástase para órgãos sexuais entre CLI (16%) e CDI 
(1%) (PASSOS et al., 2023). 
 Em geral, o prognóstico do CLI é semelhante ao do 
CDI-SOE, sendo o tamanho tumoral, o estadiamento dos linfonodos 
axilares e os marcadores tumorais os mais importantes fatores 
prognósticos. No entanto, em relação ao aspecto histológico, o CLI 
clássico costuma apresentar melhor prognóstico que o CDI-SOE, e 
variantes como o pleomórfico e o alveolar podem apresentar um 
prognóstico levemente pior (PASSOS et al., 2023). 
CARCINOMA TUBULAR 
 Para ser classificado como tipo especial, o carcinoma invasor de 
mama precisa ser composto quase completamente (90% de um 
tumor) pelas características histológicas do tipo em questão (PASSOS 
et al., 2023). 
↠ É um tipo especial de carcinoma que costuma ser 
bem diferenciado e associado a um bom prognóstico. A 
lesão deve ser constituída por, no mínimo, 75% de 
elementos característicos; caso contrário, é considerado 
um carcinoma tubular misto. Esse carcinoma compreende 
menos de 1 a 4% dos carcinomas de mama, e a média 
de idade das pacientes é de 60 anos (PASSOS et al., 
2023). 
↠ Os tumores costumam ser pequenos, com diâmetro 
médio de 1 cm, em geral, sem comprometimento de 
linfonodos axilares. A consistência do tumor é firme-
endurecida, com coloração branco-acinzentada e aspecto 
estrelado ao corte. Na mamografia, a lesão tem aspecto 
espiculado (PASSOS et al., 2023). 
Histologia 
↠ A lesão é composta de proliferação de túbulos 
glandulares, de forma irregular, revestidos por uma única 
camada de células bem diferenciadas, homogêneas, 
apresentando, muitas vezes, secreção apócrina. O 
estroma adjacente aos túbulos costuma ser abundante, 
fibrótico e com elastase. As calcificações estão presentes 
em 50% dos casos, geralmente no componente 
intraductal (presente em 60-80% dos tumores) (PASSOS 
et al., 2023). 
 
20 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
CARCINOMA MEDULAR 
↠ Compreende menos de 5 a 7% dos carcinomas 
mamários invasivos, e as pacientes costumam ser mais 
jovens (< 35 anos) no momento do diagnóstico. Muitos 
estudos encontraram associação entre a ocorrência de 
mutações genéticas em BRCA1 e o carcinoma medular 
(PASSOS et al., 2023). 
↠ Esse tipo de tumor costuma ser bem delimitado, 
circunscrito, com consistência firme, em geral com 2 a 3 
cm de diâmetro, sendo, muitas vezes, confundido com 
fibroadenoma ao exame físico. Tumores maiores podem 
sofrer degeneração cística. Na mamografia, também 
pode apresentar-se como um tumor bem circunscrito, 
sendo possível confundi-lo com tumor benigno (PASSOS 
et al., 2023). 
Histologia 
↠ É composto de células pouco diferenciadas, com alto 
índice mitótico, estroma escasso, com intenso infiltrado 
linfoplasmocitário e um padrão sincicial de proliferação 
(sem a presença de estruturas glandulares) (PASSOS et 
al., 2023). 
↠ O carcinoma medular, apesar de suas características 
histológicas de neoplasia pouco diferenciada e da ausência 
de receptores hormonais (RH), é uma neoplasia com 
prognóstico relativamente favorável, quando comparado 
com o CDI-SOE. No entanto, também costuma ser 
negativo para HER-2, fazendo parte do grupo dos 
tumores triplo-negativos, relacionados com prognóstico 
mais reservado (PASSOS et al., 2023). 
CARCINOMA MUCINOSO 
↠ O carcinoma mucinoso, também chamado de 
carcinoma coloide, corresponde a 1 a 2% dos carcinomas 
de mama em geral. Representa 7% dos carcinomas de 
mama em mulheres com mais de 75 anos (PASSOS et 
al., 2023). 
↠ Esse tumor costuma ser circunscrito e de aparência 
bocelada e mucinosa (gelatinosa) ao corte e caracteriza-
se pela presença de abundante secreção mucinosa no 
tumor (quase totalmente extracelular). A quantidade 
relativa de mucina e estroma determina a consistência da 
lesão: macia, gelatinosa ou firme. A maioria dos 
carcinomas são RH positivos e não expressam a 
oncoproteína HER-2 (PASSOS et al., 2023). 
↠ É um carcinoma de bom prognóstico (80-90% de 
sobrevida em 10 anos), sendo muito importante excluir as 
formas não puras, pois 60% dos carcinomas de mama 
produzem algum grau de mucina, não devendo ser 
classificados como mucinosos (PASSOS et al., 2023). 
 
CARCINOMA PAPILÍFERO 
↠ Corresponde a 1 a 2% dos carcinomas de mama, 
sendo mais frequente em mulheres na pós-menopausa e 
idosas (idade média de 63-67 anos) e com prognóstico 
favorável. Em geral, é circunscrito ou lobulado, às vezes 
com componente cístico. Costuma ser mais frequente na 
região central da mama, e 22 a 34% das pacientes 
apresentam derrame papilar no momento do diagnóstico. 
Apresenta uma arquitetura papilar do componente 
invasor e intraductal, e este último está presente em mais 
de 75% dos casos (PASSOS et al., 2023). 
CARCINOMA METAPLÁSICO 
↠ Representa um grupo morfologicamente heterogêneo 
de neoplasias, formado por uma combinação variável de 
adenocarcinoma ductal pouco diferenciado, células 
epiteliais glandulares com transformação em células 
epiteliais não glandulares (células escamosas) e células 
mesenquimais (sarcomatosas), correspondendo a 1% dos 
carcinomas de mama (PASSOS et al., 2023). 
↠ A idade média ao diagnóstico é de 47 anos, e mais de 
50% das pacientes desenvolvem doença metastática em 
5 anos do diagnóstico. Os achados clínicos são 
semelhantes aos do CDI-SOE e, na mamografia, costuma 
apresentar-se como uma massa densa bem delimitada. 
Embora os tumores possam ter grandes dimensões e 
crescimento rápido, as metástases para linfonodos 
axilares são relativamente incomuns (10-15% dos 
carcinomas com componente escamoso). A maioria 
desses carcinomas são RH negativos, sendo tratados de 
forma semelhante ao CDI-SOE, apesar de ser comum 
apresentarem pior resposta aos tratamentos 
quimioterápicos e radioterápicos (PASSOS et al., 2023). 
Estadiamento 
↠ Conforme aAmerican Joint Committee on Cancer 
(AJCC), 8ª edição, o estadiamento TNM do carcinoma de 
mama (invasor e in situ) visa a estabelecer critérios para 
21 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
agrupar os carcinomas de acordo com seu impacto no 
prognóstico da paciente (PASSOS et al., 2023). 
↠ O estadiamento do carcinoma de mama baseia-se no 
diâmetro máximo do tumor (T), na presença ou não de 
metástases para linfonodos regionais axilares, 
infraclaviculares, supraclaviculares, mamários internos 
homolaterais (N) e na presença ou não de metástase a 
distância (M) (PASSOS et al., 2023). 
 
 
 O estadiamento do tumor primário inclui estádios anatômicos e 
estádios prognósticos clínico e patológico, incorporando os 
marcadores biológicos tumorais. Os fatores RE, RP, HER-2, grau 
histológico e assinaturas gênicas, incluídos na nova edição do 
estadiamento TNM do câncer de mama, são amplamente usados na 
prática para definir prognóstico e determinar melhor as condutas 
terapêuticas. Ao associar os marcadores biológicos, um tumor a 
princípio classificado em um estádio anatômico poderá ter seu 
prognóstico modificado para um estádio menos ou mais avançado 
(PASSOS et al., 2023). 
Rastreamento 
Os exames de imagem são essenciais no rastreamento, na 
investigação de pacientes com queixas mamárias ou com alterações 
no exame físico das mamas e no seguimento de pacientes com 
doenças mamárias, bem como no estadiamento dos casos de câncer 
de mama (PASSOS et al., 2023). 
Os principais exames complementares de rotina para a avaliação das 
mamas são a mamografia e a ultrassonografia (US), esta última dividida 
entre avaliação de mamas e avaliação de axilas, conforme 
recomendação do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) (PASSOS et 
al., 2023). 
A RM mamária é uma importante aliada nos casos de 
complementação de dúvidas nos exames essenciais de rastreio, bem 
como amplamente utilizada na avaliação de implantes de silicone e no 
rastreamento de pacientes com alto risco de câncer de mama 
(PASSOS et al., 2023). 
AUTOEXAME DAS MAMAS 
↠ Apesar de o autoexame das mamas não ter qualquer 
impacto sobre a mortalidade, ele permite que a paciente 
observe modificações que possam ter ocorrido. Ele tem 
especial importância nas pacientes não abrangidas nos 
programas de rastreamento, principalmente aquelas com 
idade inferior a 50 anos. As suas vantagens são a 
simplicidade, o custo inexistente e a possibilidade de 
repetição a qualquer momento. As desvantagens são a 
baixa sensibilidade e a falsa segurança que a paciente 
sente ao não notar alterações, evitando, assim, a 
realização de mamografia. Tal fato é tão importante que 
a Sociedade Americana de Oncologia não mais 
recomenda que o autoexame seja realizado (PASSOS et 
al., 2023). 
↠ A técnica do autoexame é simples e segue os 
mesmos passos que o exame físico: inspeção e palpação. 
A inspeção é realizada em frente ao espelho. Com 
relação à palpação, recomenda-se que seja realizada 
durante o banho, mensalmente, nos 10 dias que se 
seguem à menstruação. As pacientes na menopausa 
podem estabelecer um dia do mês para a sua realização 
periódica (PASSOS et al., 2023). 
MAMOGRAFIA 
↠ A mamografia é o exame de imagem mais utilizado, 
amplamente testado, questionado e aprovado 
internacionalmente como principal método de detecção 
do câncer de mama, sendo essencial para a avaliação 
mamária por imagem (PASSOS et al., 2023). 
 A mamografia utiliza o raio X como fonte de obtenção da 
imagem, criado principalmente por meio de filamentos de molibdênio 
e não tungstênio, como é habitual nas radiografias simples (PASSOS 
et al., 2023). 
 O Instituto Nacional de Câncer (Inca) recomenda 
mamografias bianuais dos 50 aos 69 anos. No entanto, as principais 
sociedades nacionais e internacionais, como a Sociedade Brasileira de 
Mastologia, a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e 
Obstetrícia (Febrasgo), o CBR, o American College of Radiology (ACR), 
a Society of Breast Imaging (SBI) e a European Society of Breast 
Imaging (Eusobi), recomendam rastreamento mamográfico bilateral 
anual a partir dos 40 anos, sempre que possível, para mulheres com 
risco habitual populacional geral de câncer de mama (PASSOS et al., 
2023). 
↠ A mamografia de rastreamento inclui duas incidências: 
mediolateral oblíqua (MLO) e craniocaudal (CC), sendo o 
22 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
estudo comparativo com os dois lados e com os exames 
anteriores (PASSOS et al., 2023). 
 
 
 A capacidade de detectar lesões depende da densidade mamária, 
da morfologia da lesão, do treinamento do médico imaginologista e de 
fatores técnicos, como posicionamento adequado, dose apropriada de 
radiação, compressão, tempo de exposição correta e processamento 
correto do filme. Atualmente, a mamografia digital já substituiu a 
mamografia convencional na maior parte do país, tendo maior 
sensibilidade em mamas densas (PASSOS et al., 2023). 
↠ De forma geral, as alterações mamográficas podem 
ser descritas como: (PASSOS et al., 2023). 
• Nódulos: Lesões observadas em duas projeções 
mamográficas classificadas quanto à forma (oval, 
redonda, irregular), às margens (circunscrita, 
obscurecida, microlobulada) e à densidade (alta 
densidade, isodensa, contendo tecido adiposo). Os 
nódulos de limites bem precisos, arredondados ou 
ovalados geralmente são benignos, ao passo que os 
irregulares e espiculados sugerem malignidade. 
• Assimetrias: Global, focal, em desenvolvimento. 
• Calcificações: Em geral benignas (pele, vascular, “em 
pipoca”, grande em bastão, redonda, anelar, distrófica, 
leite de cálcio, sutura), suspeitas (amorfa, grosseira 
heterogênea, pleomórfica fina, linear final ou fina linear 
ramificada), de distribuição (difusa, regional, agrupada, 
linear, segmentar). As microcalcificações agrupadas, 
pequenas, irregulares e lineares ou segmentares 
sugerem malignidade. Aproximadamente 60 a 90% 
dos carcinomas in situ da mama manifestam-se por 
microcalcificações. 
• Distorção da arquitetura: Vista como espículas 
irradiadas de um ponto, pode ser decorrente de 
cicatriz pós-cirúrgica, cicatriz radial ou carcinoma de 
mama. 
 A partir de 1998, foi criado um léxico para padronizar os laudos 
de imagem de mama conhecido como BI-RADS (breast imaging 
reporting and data system), proposto pelo ACR, consistindo em vários 
termos a serem utilizados nos laudos, quatro classificações de 
densidade mamária e categorias que variam do 0 a 6, facilitando o 
entendimento do resultado do exame de imagem e as 
recomendações sugeridas pelo médico imaginologista durante a análise 
do exame. O objetivo maior do BI-RADS é melhorar a qualidade da 
comunicação, bem como padronizar os laudos de imagem da mama 
(PASSOS et al., 2023). 
 
ULTRASSONOGRAFIA MAMÁRIA E ULTRASSONOGRAFIA 
AXILAR 
↠ A US é baseada na formação e na captação de ondas 
sonoras. O aparelho de ultrassom traduz essas ondas 
sonoras em imagens. A US mamária é um valioso 
complemento da mamografia, sendo o primeiro exame 
realizado em mulheres jovens ou grávidas. Comparada 
com a mamografia e a RM, a US é um exame rápido, 
seguro, bem tolerado e relativamente barato. Uma de 
suas limitações é não conseguir detectar 
microcalcificações agrupadas fora do tumor e em mamas 
adiposas, diminuindo a acuidade diagnóstica da US 
(PASSOS et al., 2023). 
 O seu principal papel está na diferenciação de lesões císticas e 
sólidas, além de ser um método auxiliar à caracterização de nódulos 
benignos e malignos, com alta sensibilidade na diferenciação de lesões 
malignas, embora apresente alta taxa de falso-positivo (PASSOS et al., 
2023). 
 
↠ De modo geral, pode-se dizer que nódulos sólidos 
hipoecogênicos homogêneos, circunscritos, ovais, de 
contornos regulares e maior eixo paralelo à pele têm 
Mamografia demonstrando as duas incidências principais: mediolateral 
oblíqua (inferior e superior) e craniocaudal (medial e lateral).

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