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MICROBIOLOGIA DOS ALIMENTOS É o estudo científico dos microrganismos nos alimentos, os quais podem ter tanto efeitos deletérios como benéficos na qualidade do alimento. MICRORGANISMOS DETERIORANTES Alteram os alimentos, causando alterações químicas prejudiciais (deterioração microbiana). Resulta na alteração de cor, odor, sabor, textura e aspecto do alimento. MICRORGANISMOS PATOGÊNICOS Causadores de doenças, representam risco à saúde e afetam tanto ao homem quanto aos animais. Depende do tipo de alimento e do indivíduo afetado. MICRORGANISMOS TECNOLÓGICOS Microrganismos que realizam funções positivas na produção de alimentos, tais como vinho, cerveja, panificadora e produtos lácteos. FONTES DE CONTAMINAÇÃO: As principais fontes de contaminação dos alimentos são: solo e água, utensílios, manipuladores de alimentos, pele de animais, plantas, trato intestinal, ração animal e ar e pó. 1.1 - FATORES QUE AFETAM O CRESCIMENTO MICROBIANO Um alimento é uma matriz quimicamente complexa e, por isso, prever como e o quão rápido os microrganismos se desenvolverão é importante. A qualidade microbiológica dos alimentos está condicionada, primeiro, à quantidade e ao tipo de microrganismos inicialmente presentes, chamado de CONTAMINAÇÃO INICIAL e depois à multiplicação dos mesmos no alimento. A quantidade das matérias primas e de higiene (de ambiente, manipulação e superfície) representam também a contaminação inicial. FATORES INTRÍNSECOS: São os parâmetros que fazem parte do alimento, são as próprias características do alimento. 1 - ATIVIDADE DA ÁGUA (AA/AW) Quando outras substâncias (solutos) são adicionadas à água, suas moléculas orientam-se na superfície dos solutos, e as propriedades da solução mudam drasticamente. Microrganismos necessitam de água para sobreviver. A célula microbiana deve competir com as moléculas de soluto pela água livre. A Aa é a disponibilidade de água em um alimento. É a razão entre a pressão do valor d’água da amostra e a da água pura, à mesma temperatura. Microrganismos apresentam um valor mínimo, ótimo e máximo de Aaa para sua multiplicação. Bactérias requerem maiores Aa em relação aos fungos. A Aa é definida como relação existente entre a pressão de vapor de uma solução ou de um alimento (P) com relação à pressão de valor da água pura (Po) à mesma temperatura: Aa = P/Po • Quanto maior for a Aa no alimento, maior será a presença de microrganismos FORMAS DE REDUÇÃO DA Aa: • Adição de solutos (sais e açúcares) • Remoção de água (desidratação e congelamento) 0.60 é considerado o valor limitante de Aa para a multiplicação dos microrganismos. O efeito da diminuição de Aa aumenta a fase lag, diminuindo assim a velocidade de multiplicação e do tamanho da população microbiana final. TECNOLOGIA DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL VALORES DE AA NOS ALIMENTOS: VALORES DE AA MÍNIMA PARA MULTIPLICAÇÃO DE MICRORGANISMOS: 2 - PH É a concentração de íons de hidrogênio, acidez ou alcalinidade relativa do alimento. É um dos principais fatores intrínsecos capaz de determinar o crescimento, sobrevivência ou destruição dos microrganismos nele existente. Os microrganismos têm valores de pH mínimo, máximo e ótimo. O pH próximo ao neutro (6.6 - 7.5) é o mais favorável para a maioria dos microrganismos. Poucos crescem abaixo do pH 4. Bactérias não toleram grandes variações de pH, enquanto que fungos e leveduras são mais acidófilos. Um pH desfavorável aumenta a fase lag dos microrganismos. Um pH diferente do pH neutro torna a capacidade de multiplicação dos microrganismos mias eficiente, dependendo sempre da sua capacidade de modificar o pH adverso. No PH ÁCIDO as aminoácido-descarboxilases dos microrganismos são ativadas, resultando na produção de aminas que aumentam o pH. No PH ALCALINO as amino-desaminases dos microrganismos são ativadas, resultando na produção de ácidos orgânicos que reduzem o pH. Os alimentos também possuem pH: POUCO ÁCIDOS (pH > 4.5) é o alimento mais sujeito à contaminações bacterianas (patogênicas ou deteriorantes). ÁCIDOS (pH entre 4 - 4,5), nesta faixa a microbiota já é bem mais restrita, representanda por bactérias láticas e algumas formas esporuladas do gênelo Bacillus e Clostridium. MUITO ÁCIDOS (pH < 4.5), nesta faixa a microbiota capaz de se desenvolver é restrita, praticamente aos bolores e leveduras além de bactérias lácteas e acéticas. VALORES DE pH DE ALGUNS ALIMENTOS: VALORES DE pH PARA MULTIPLICAÇÃO DE ALGUNS MICRORGANISMOS: 3 - POTENCIAL DE OXI-REDUÇÃO (EH) Os processos de oxidação e redução estão relacionados com a troca de elétrons entre compostos químicos. O EH é facilidade com que determinado substrato ganho ou perde elétrons. Quando um elemento perde elétrons (oxidado), e quando ganha (reduzido). Quando ocorre a transferência de elétrons de um composto para o outro, estabelece-se uma diferença de potencial entre os mesmos, a qual pode ser medida por instrumentos apropriados, sendo expressa em volts (V) ou milivolts (mV). Quanto mais oxidado é um composto, mais positivo é o seu potencial de oxi-redução (> O2), e quanto mais reduzido é um composto, mais negativo é esse potencial (< O2). EH dos microrganismos: AERÓBICOS (entre +350 e +500mV), abrange a maioria dos bolores, das leveduras oxidativas e muitas bactérias, principalmente as deteorizantes. As microaerófilas (Lactobacillus e Streptococcus) multiplicam-se melhor em condições ligeiramente reduzidas. ANAERÓBIOCOS (< -150mV), abrange espécies de bactérias patogênicas (C. botulinum) e deteriorantes. Espécies de Clostridium como o C. perfringens podem ser aerotolerantes. Os ANAERÓBICOS FACULTATIVOS multiplicam- se bem em condições de aerobiose quanto de anaerobiose. VALORES DE EH DE ALGUNS ALIMENTOS: 4 - COMPOSIÇÃO QUÍMICA São os nutrientes disponíveis. Os microrganismos variam quanto às suas exigências aos fatores de crescimento e à capacidade de utilizarem os diferentes substratos que compõem os alimentos. Para que a multiplicação microbiana seja possível, os seguintes nutrientes devem estar disponíveis: • Água • Fonte de nitrogênio (aa, nucleotídeos e proteínas complexas) e carbono • Fonte de energia (açúcares, álcoois, aa e lipídeos) • Vitaminas (Complexo B, biotina e ácido pantogênico). As bactérias Gram + são mais exigentes que as Gram - e bolores • Sais minerais (Na, K, Ca, Fe, Cu, Zn, P e S) De acordo com os nutrientes disponíveis no alimento, é possível determinar qual microrganismo que terá maiores possibilidades de se desenvolver. Os bolores são de particular interesse na deterioração de matérias primas ricas em carboidratos complexos (polissacarídeos), como amido e celulose. Os óleos e gorduras sofrem a ação de muitos bolores, leveduras e algumas bactérias. 5 - SUBSTÂNCIAS NATURALMENTE ANTIMICROBIANAS A estabilidade de alguns produtos de origem animal e vegetal ocorre, na natureza, devido à presença de constituintes antimicrobianos, que são substâncias naturalmente presentes nesses alimentos tendo a capacidade de retardar ou inibir a multiplicação microbiana. • Cravo (eugenol) • Alho (alicina) • Canela (aldeído cinâmico e eugenol) • Orégano (timol e isotimol) • Mostarda (alil-isotiocianato) • Clara do ovo (lisozima) que é capaz de destruir a parede celular bacteriana, avidina e conalbumina • Leite (lactoferrina, lisozima, nisinam imunoglobulinas, macrófagos e linfócitos). Possui também SLP (Sistema Lactoperoxidase) que libera O2 pela quebra de peróxidos, promovendo a oxidação de grupos SH de enzimas vitais para o microrganismo. É um bactericida para bactérias Gram - e bacteriostático para Gram + • Barreiras mecânicas (casca das frutas e ovos e pele dos animais) • Conservantes(sorbatos, propionatos e benzoatos) 6- INTERAÇÃO ENTRE MICRORGANISMOS Um determinado microrganismo ao se multiplicar em um alimento produz metabólitos que podem afetar (positivamente ou negativamente) a capacidade de sobrevivência e de multiplicação de outros microrganismos presentes nesse alimento. BACTÉRIAS LÁTICAS são produtoras de ácido lático e podem alterar o pH do alimento, tornando-o ácido demais para outros microrganismos. AMINAS formam compostos alcalinos e aumentam o pH. TIAMINA E TRIPTOFANO são produzidas por Pseudomonas aeruginosa que são essenciais para S. aureus. BACTERIOCINAS são substâncias produzidas por microrganismos com atividade bacterucuda. São consideradas conservadores naturais. Bacteriocinas e bactérias produtoras da mesma são muito utilizadas na indústria de alimentos com o intuito de controlar o desenvolvimento de microrganismos patogênicos e/ou deteriorantes • Nisina x Clostridios e Bacillus A EXCLUSÃO COMPETITIVA é adição de microrganismos inofensivos a um produto que pode estimular o processo competitivo existente entre os componentes da microbiota presente. Os microrganismos patogênicos podem ficar desfavorecidos na competição e serem eliminados ou terem a população reduzida • Para prevenir a Salmonella e Campylobacter em frangos ocorre a colonização da superfície epitelial do TGI de aves recém-nascidas com microrganismos inócuos FATORES EXTRÍNSECOS: São aquelas propriedades do meio (processamento e armazenamento) que existem fora do alimento, que afetam ambos, os alimentos e os microrganismos que estão neles. 1 - TEMPERATURA AMBIENTAL Importante fator que pode afetar o crescimento microbiano. Os microrganismos, individualmente ou como um grupo, crescem sob uma faixa de temperaturas. Um microrganismo termófilo não se desenvolve em temperatura ambiente e, portanto, alimentos enlatados podem ser estocados à temperatura ambiente mesmo que contenham termófilos que sobreviveram a processamentos com altas temperaturas. Os fungos crescem em faixas de temperatura mais ampla que as bactérias, muitos se multiplicam em alimentos refrigerados. As leveduras não toleram bem temperaturas altas, são predominantemente mesófilas e psicrófilas. PSICRÓFILOS E PSICROTRÓFICOS multiplicam-se bem em temperatura de refrigeração, sendo os principais agentes de deterioração de carnes, pescados, ovos e aves. Pseudomonas, Flavobacterium e Microccus. MESÓFILOS são aqueles que têm temperatura ótima de multiplicação entre 25-40°C, mínima entre 5-25°C e, máxima entre 40-50°C. Correspondem a grande maioria em microrganismos patógenos. TERMÓFILOS são aqueles com temperatura ótima entre 45-60°C, mínima de 35-45°C e, máxima entre 60-90°C. A maioria das bactérias pertencem ao gênero Bacillus e Clostridium 2 - UMIDADE RELATIVA DO AR (UR) Há uma relação estreita entre Aa de um alimento relativo e a umidade relativa de equilíbrio do ambiente. Quando o alimento está em equilíbrio em a ATM: UR = Aa x 100 Assim, os alimentos conservados em ambiente com UR superior à sua Aa tenderão a absorver umidade do ambiente, causando um aumento da sua Aa. Por outro lado, os alimentos perderão água se a umidade ambiental foi inferior á sua Aa, causando uma diminuição nesse valor. Essas alterações provocarão modificações na capacidade de multiplicação dos microrganismos presentes, que será determinada pela Aa final. 3 - COMPOSIÇÃO GASOSA DO AMBIENTE A composição gasosa do ambiente que envolve um alimento pode determinar os tipos de microrganismos que poderão predominar nele. A presença de O2 favorece a multiplicação de microrganismos aeróbicos, enquanto que sua ausência causa a predominância de anaeróbicos. Modificações na composição gasosa são capazes de causar alterações na microbiota que sobrevivem ou multiplicam-se em determinado alimento. A atmosfera (ATM) modificado corresponde a ambientes nos quais o oxigênio é total ou parcial, substituído também por outros gases, são empregados como recursos tecnológicos para aumentar a vida útil dos alimentos. Embalagens contendo diferentes combinações entre oxigênio, nitrogênio e gás carbônico são as mais empregadas industrialmente, embora outros gases possam também ser utilizados (monóxido de carbono, óxido nitroso e dióxido de enxofre). A embalagem a vácuo também é utilizada, principalmente em carnes. N2 não tem efeito antimicrobiano, é usado para substituir o O2). CO2 seu efeito antimicrobiano depende de vários fatores, o principal é a temperatura, quanto mais baixa for melhor o efeito do gás. A temperatura inadequada pode cancelar esta ação biostática do gá. Sua ação ainda depende do pH, Aa do alimento, e as condições metabólicas do microrganismo. 1.2 - CICLO DE CRESCIMENTO E MULTIPLICAÇÃO MICROBIANO Encontrando no alimento substrato adequado ao seu crescimento e multiplicação, os microrganismos iniciam sua proliferação que se processa em etapas sucessivas e em diferentes graus de intensidade. A curva de crescimento é representada através de um gráfico, no qual é ordenado pelo logaritmo de números de microrganismos viáveis por mililitro e a abscissa representando a unidade de tempo. O ciclo de crescimento microbiano é composto por 6 fases: Na FASE 1 (LAG) as células não estão se multiplicando, mas sintetizando as enzimas apropriadas para o ambiente. Na FASE 2 (ACELERAÇÃO) uma proporção crescente de células está se multiplicando. Na FASE 3 (EXPONENCIAL OU LOG) a população está se multiplicando de 1-2-4-8 e etc. O número de células cresce de maneira tal que, para visualização gráfica, melhor seria utilizar valores exponenciais (logarítimos). Como resultado, tem-se uma linha reta cuja inclinação representa a taxa de crescimento de máximo e o tempo necessário para a massa celular aumentar 2x. Na fase exponencial ocorre uma multiplicação em ritmo contínuo, podendo ser avaliada pela seguinte equação: Nt = N0 x 2n • Nt = número de microrganismos após o tempo “t” de crescimento • N0 = número inicial de microrganismos • N = número de gerações O valor de “n” pode ser calculado: n = t/tg • t = tempo (minutos) • tg = tempo de geração, ou tempo necessário para dobrar o número de células O tempo de geração varia de acordo com o microrganismo e, para um mesmo microrganismo o tempo varia de acordo as condições ambientais. Na FASE 4 (DESACELERAÇÃO) é quando uma crescente população de células não está mais se multiplicando. Na FASE 5 (ESTACIONÁRIA) a taxa de crescimento é igual à de morte, resultando em um número igual de células em dado tempo. A morte é causada pelo esgotamento de nutrientes, pela acumulação de produtos finais tóxicos e/ou outras mudanças no ambiente, tais como variações de pH. A duração dessa fase estacionária depende de fatores como o organismo e as condições ambientais. Na FASE 6 (MORTE) o número de células morrendo é maior do que o de células nascendo. As células que formam esporos sobreviverão mais tempo do que as não formam. MÉTODOS DE CONSERVAÇÃO Os métodos de conservação têm o objetivo de aumentar a vida útil dos alimentos através de técnicas que evitam alterações microbianas, enzimáticas, químicas e físicas, mantendo sempre seus nutrientes e suas características organolépticas. A conservação deve manter durante maior tempo as qualidades sanitárias e o valor nutritivo do alimento, modificar ou suprimir um ou mais fatores essenciais para o desenvolvimento microbiano (a fim de eliminar microrganismos), deter ou retardar a proliferação de floras patogênicas, destruir ou inativar as enzimas indesejáveis e atrasar as reações químicas (oxidação). Os melhores processos de conservação sãoaqueles que garantem uma satisfatória conservação e provoquem menos alterações nas condições naturais dos produtos. Tipos de conservação: 1 - AÇÃO DIRETA SOBRE O MICRORGANISMO 2 - AÇÃO INDIRETA SOBRE O MICRORGANISMO 3 - AÇÃO INDIRETA SOBRE O MICRORGANISMO PELA ADIÇÃO DE CONTEÚDO 4 - MÉTODOS FÍSICOS E QUÍMICOS 2.1 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELO CALOR O produto alimentício é submetido a elevadas temperaturas com o objetivo de destruir ou inativar microrganismos e/ou enzimas indesejáveis, permitindo que o alimento permaneça seguro e com características desejáveis por mais tempo. BRANQUEAMENTO Tratamento térmico brando o qual utiliza temperaturas entre 70-100°C em tempos que variam de 1-5 minutos, com posterior resfriamento para evitar que o produto permaneça por mais tempo na temperatura elevada, causando cozimento no produto. É um tratamento geralmente praticado em frutas e hortaliças, antes do congelamento ou desidratação. O principal objetivo é a inativação de enzimas naturais, todavia, é utilizado combinado com o processo de descascamento. O branqueamento não é um processo de conservação por si só, mas também um pré-tratamento com a finalidade de reduzir o número de microrganismos contaminantes na superfície dos alimentos, abrandar a textura (facilitando o enchimento dos recipientes), eliminar ar dos tecidos vegetais e favorecer a fixação de cor. Os métodos comerciais mais comuns é à vapor (quando submete o alimento por um determinado tempo através de uma atmosfera de vapor saturado) e pela água quente (quando se mergulha o produto em um banho de água quente por um determinado tempo). PASTEURIZAÇÃO Tratamento térmico relativamente brando, no qual o alimento é aquecido a temperaturas menos que 100°C. Esse processo destrói todos os microrganismos patogênicos e parte do que podem causar danos aos alimentos sem causar doenças. A conservação é dependente do tipo de pH do alimento. ESTERILIZAÇÃO É o tratamento térmico que se refere à completa destruição microbiana de um alimento ou produto. Toda a flora microbiana patogênica ou deteriorada, assim como as enzimas serão destruídas ou inativadas, tornando o alimento estéril. DEFUMAÇÃO À QUENTE O calor é gerado com gás, e o fumo, com serragem ou aparas grossas de madeira. A temperatura de defumação varia de 60ºC a 85ºC, o que exige o controle da temperatura e da umidade relativa. Este tipo de defumação é recomendado para embutidos crus frescos, que secaram previamente alguns dias até alcançar um tom levemente avermelhado. O sabor destes produtos é mais intenso e forte, e o brilho é consequência de gordura exsudada. A defumação a quente completa o processo de cura, quanto à fixação de cor. 2.2 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELA RADIAÇÃO Técnica eficiente na conservação dos alimentos. Reduz as perdas naturais causadas por processos fisiológicos (brotamento, maturação e envelhecimento) e elimina ou reduz microrganismos, parasitas e pragas sem causar qualquer prejuízo ao alimento, tornando-os também mais seguros ao consumidor. RADURIZAÇÃO Nessa técnica o alimento é submetido a doses baixas de radiação, o processo é indicado para inibir o brotamento da cebola e do alho, desta forma o tempo de maturação natural de frutas e verduras diminui. A fruta que passa por esse processo pode ser exportada para longas distancias sem problemas de estar madura e apodrecer no meio da viagem. RADICIDAÇÃO É utilizado em doses intermediárias de radiação. A técnica tem finalidade de controlar a população de bactérias e fungos na superfície de alimentos, neste processo de irradiação as bactérias não são totalmente eliminadas porque algumas são importantes para determinados alimentos como peixes e carnes. RADAPERTIZAÇÃO O alimento é exposto à doses maiores de radiação. Sua finalidade é eliminar todos os microrganismos que podem decompor os alimentos. Esses processo é similar a uma esterilização pois o alimento fica livre de qualquer bactérias contaminante. 2.3 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELO FRIO O efeito conservador do frio baseia-se na inibição total ou parcial dos principais agentes responsáveis pela alteração dos alimentos. Quanto mais baixa for a temperatura, mais reduzida será a ação química, enzimática e o crescimento microbiano. REFRIGERAÇÃO Processo de conservação a baixas temperaturas (- 1 a 8°C). Preserva as características in natura. É um método de conservação temporário (dias ou semanas) pois a atividade microbiana e enzimática não é evitada, apenas retardada. CONGELAMENTO É quando a temperatura de um alimento é reduzida abaixo do seu ponto de congelamento, formando cristais de gelos. É melhor método de conservação à longo prazo pois mantém todas as características naturais dos produtos. É um método caro. A conservação é alcançada pela redução da Aa. SUPERCONGELAMENTO O ultracongelamento é um processo de congelamento e resfriamento rápido, realizado por um equipamento chamado ultracongelador. O equipamento tem o objetivo de reduzir rapidamente a temperatura de produtos perecíveis, ou não, mantendo as suas características originais e nutricionais intactas, reduzindo também a possibilidade de proliferação de bactérias e qualquer outro fator que possa comprometer a qualidade do alimento. LIOFILIZAÇÃO Liofilização ou criodessecação é um processo de desidratação em que o produto é congelado sob vácuo e o gelo formado, sublimado.É utilizado em alimentos que apresentam um alto teor de água. A liofilização funciona congelando o alimento, depois é encaminhada para a câmara de vácuo e aumento gradativo da temperatura, reduzindo-se deste modo a pressão circunvizinha, o que permite à água congelada no material passar diretamente da fase sólida para a fase gasosa sem passar pela fase líquida. Esse processo só é possível devido ao calor extremamente baixo de pressão a que o alimento é submetido. 2.4 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELA SECAGEM Secagem é uma técnica antiga de conservação de alimentos que consiste em remoção de água ou qualquer outro líquido do alimento na forma de vapor para o ar não saturado. A umidade dos produtos alimentícios é reduzida até atingir o nível de 10-15%, para que os microorganismos presentes nos alimentos sejam retirados evitando a perda da qualidade. NATURAL é a simples exposição do alimento ao sol colocados em piso apropriado, capaz de reter calor e fazer com que o alimento perca água por aquecimento do piso e superfície ligeiramente próxima ou ainda em galpões com ventiladores e aspiradores. É o método mais comum em pequenas propriedades que trabalham com grãos. Este método é bastante econômico já que não emprega gasto de energia para uso de equipamentos sofisticados de secagem, porém lento e necessita de grandes áreas de exposição dos alimentos. ARTIFICIAL É um método de desidratação de alimentos, o calor é produzido artificialmente em estufas ou galpões (armazéns climatizados) preparados para esta finalidade. Há um maior controle de temperatura, umidade e corrente do ar. É um método relativamente rápido, não exige grandes áreas de secagem e exige capital e mão de obra especializada. A desidratação dos alimentos é feita por meio de vapor superaquecido, sistema a vácuo, uso de gases inertes ou pela aplicação direta de calor. INSTANTANEIZAÇÃO Alimentos instantâneos são aqueles que se dissolvem facilmente em água. Esta secagem pode ser feita auxiliada pelo uso de substâncias dispersantes. Alguns produtos necessitam duma mudança física na estrutura da partícula, conseguida por um processo de aglomeração. EVAPORAÇÃO É a retirada de uma parte de água de alimentos líquidos através da fervura do mesmo, ocorrendo a liberação de vapor d’água. https://pt.wikipedia.org/wiki/V%C3%A1cuo2.5 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELA OSMOSE Osmose, retira água do meio menos concentrado (Hipotônico) para o meio mais concentrado (Hipertônico). Sendo assim, ao se jogar sal na carne, ela desidrata, porque o sal fica concentrado e suga a água da carne. Dessa forma, microrganismos morrerão pois não tem acesso à água que é fundamental a sua proliferação e manutenção. 2.6 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS POR EMBALAGENS Embalagens preservativas é a seleção e a manutenção da atmosfera apropriada dentro da embalagem. A embalagem em atmosfera modificada é um dos métodos de preservação de alimentos que mantém a qualidade natural e prolonga o tempo de estocagem dos mesmos. O uso de embalagem com atmosfera modificada altera o meio ambiente no momento do empacotamento, mas permite que a atmosfera no interior do pacote mude ao longo do período de estocagem. 2.7 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELA FERMENTAÇÃO É a modificação intencional dos alimentos pela atividade de certos microrganismos para obter produtos de sabor agradável, saudáveis e estáveis. É um processo anaeróbico no qual uma transformação química é realizada em um substrato orgânico pela ação de enzimas produzidas por microrganismos. O produto fermentado é conservado devido ao abaixamento do pH ou produção de álcool. ACÉTICA É um subproduto da fabricação do vinho, mas qualquer produto com fermentação alcoólica pode ser utilizado. É adicionado leveduras para conservação dos açúcares em álcool e depois adiciona bactérias dos gêneros Acetobacter ou Gluconobacter para transformar o álcool em ácido acético (vinagre). ALCOÓLICA Reação química realizada pela ação de microrganismos (leveduras) sobre os açúcares (glicose ou outro monossacarídeo), produzindo etanol (álcool etílico) e gás carbônico. Processo importante pois com ele é gerado todo o álcool industrial e todas as bebidas destiladas e fermentadas, além da produção de pão. LÁTICA Tem como produto principal o ácido lático. Ocorre sobre açúcares de origem vegetal e animal, formando ácidos orgânicos. Na produção de iogurtes ocorre a fermentação do leite por bactérias que produzem ácido lático a partir da lactose. 2.8 - CONSERVAÇÃO DE ALIMENTOS PELA ADIÇÃO DE ELEMENTOS SALGA E CURA O SAL é uma substância higroscópica, ou seja, absorve umidade. É justamente com esta finalidade que a salga é utilizada na conservação e alimentos: retirar a umidade. Resulta em produtos secos, de textura inadequada e pouco palatáveis. O sal contribui para solubilizar proteínas miofribilares em emulsões além de influir no sabor e aroma.Oxida a mioglobina conferindo coloração escura (metamioglobina). Apenas 5% inibe completamente o desenvolvimento de bactérias anaeróbicas. 10% inibe bactérias em geral (exceto halotolerantes). Alta concentração de NaCl (> 20%) resulta em plasmólise da mioglobina e da célula da carne pela desidratação, inibição ou morte celular. A CURA é uma forma de conservação de alimentos, principalmente carne, peixe e queijo, em que se usa o sal-de-cozinha para evitar a sua deterioração por bactérias. Por outro lado, quando o alimento seca, depois do tratamento com sal, quer simples, quer em combinação com o uso de açúcar, condimentos ou fumagem, a carne curada fica com características totalmente diferentes da carne crua ou cozinhada. Os principais produtos obtidos pela cura de carnes são o presunto. https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_de_alimentos https://pt.wikipedia.org/wiki/Conserva%C3%A7%C3%A3o_de_alimentos https://pt.wikipedia.org/wiki/Carne https://pt.wikipedia.org/wiki/Peixe https://pt.wikipedia.org/wiki/Queijo https://pt.wikipedia.org/wiki/Sal-de-cozinha https://pt.wikipedia.org/wiki/Bact%C3%A9rias https://pt.wikipedia.org/wiki/A%C3%A7%C3%BAcar https://pt.wikipedia.org/wiki/Condimentos https://pt.wikipedia.org/wiki/Fumagem https://pt.wikipedia.org/wiki/Presunto AÇÚCAR O açúcar é um bom agente de conservação para diversos alimentos, principalmente os produtos derivados de frutas. A presença do açúcar aumenta a pressão osmótica do meio, criando assim condições desfavoráveis para o crescimento da maioria dos microrganismos, em conseqüência da redução da atividade de água do substrato. Ao lado de outros elementos (cura) não tem significado como conservador direto pela pequena quantidade. Em alimentos que contém altos teores de açúcar, apenas os microrganismos osmofílicos têm capacidade para se desenvolver, porém podem ser destruídos quando se utilizam outros métodos de conservação, como o calor ou o aumento da acidez. REVESTIMENTOS GRAXOS A imersão na gordura é uma técnica muito utilizada em fazendas ou em locais onde há carência de refrigeração e do congelamento. Esse método consiste em uma barreira física. O alimento fica isolado do ar e da água impedindo, assim, a ação de micro-organismos. Além disso, a cobertura de frutas, por exemplo, com estes materiais graxos altera seu processo respiratório, retardando o amadurecimento e permitindo a estocagem por tempos maiores. GASES (NITRITO E NITRATO) A adição de nitritos e nitratos em carne e derivados está também associada à obtenção de cor, sabor e textura, além de servir como antioxidante. Reagem com o pigmento da carne, a mioglobina, para formar a cor característica da carne curada (nitromioglobina). Apesar do perigo de toxidade pela formação da metahemoglobina e das nitrosaminas, nitratos e nitritos são muito importantes para o preparo de produtos curados, porque ajudam a evitar o crescimento do Clostridium botuliniun, fator importante na segurança de produtos cárneos curados. São altamente reativos, sendo utilizados como agente oxidante ou redutor. Tanto os nitratos como os nitritos possuem uma ação antimicrobiana. O NITRITO não evita a germinação dos esporos (apenas concentrações muito altas inibem a germinação dos esporos), mas evita o crescimento dos esporos germinados, inibindo a multiplicação das células vegetativas. A atividade do nitrito aumenta à medida que o pH cai. É mais ativo em anaerobiose. O nitrito reage também com aminas secundárias, formando o N- nitrosodietilamina • Nitrosaminas são consideradas carcinogênicas O NITRATO, por exemplo, é usado na produção do queijo tipo Gouda para prevenir a formação de gás por bactérias que formam ácido butírico. • Nitrato de sódio (NaNO3) • Nitrito de sódio (NaNO2) Reações: • Em meio ácido: nitrito é reduzido à Óxido nítrico (NO) - agente fixador de cor. O NO reage com a mioglobina, transformando-se em nitrosilmioglobina (cor vermelha escura). Após o cozimento gera-se cor rósea. ADITIVOS Os aditivos conservadores previnem ou retardam o processo de deterioração. O aditivo é uma substância não-nutritiva com a finalidade de melhorar a aparência, sabor, textura e tempo de armazenamento. A sua sode é determinada por legislações Tipos de aditivos: • Naturais: obtidos por processos extrativos) • Semi-naturais: obtidos de substâncias naturais, por fracionamento ou síntese. Ex: Eugenol de cravo • Sintéticos: obtidos em laboratório por processos de síntese • Intecionais: colocados para finalidade (optativos ou obrigatórios) • Incidentais: substâncias residuais encontradas em alimentos através de práticas inadequadas nas fases de processamento, migração de embalagens e tratamentos nos animais Os ácidos como aditivos alimentícios servem a um duplo propósito, como acidulantes e como conservantes. Os ácidos orgânicos constituem a classe de conservantes mais utilizada em alimentos. São compostos que inibem o crescimento tanto de bactérias quanto de fungos, além de existirem relatos sobre a inibição da germinação e do crescimento de esporos de bactérias. O ÁCIDO ACÉTICO (ação preservativa na forma de vinagre). O ácido acético e seuscompostos não têm somente ação preservativa, mas funcionam como seqüestrantes, acidulantes e agentes flavorizantes. É um ácido natural que se forma no vinagre mediante a ação da bactéria Acetobacter. Apenas a Acetobacter, as bactérias láticas e as bactérias butírico ácidas são tolerantes ao ácido acético. Inibe bem as Bacillus, Clostridium, Listeria, Salmonella, Staphylococcus aureus, Pseudomonas, E. coli e Campylobacter. Os fungos são mais resistentes do que as bactérias; os fungos sensíveis são os Aspergillus, Penicillium, Rhizopus e Sacharomyces. O ÁCIDO BENZÓICO e seus sais (Na e K) são os conservantes alimentícios mais usados. Seus sais são inibidores das enzimas digestivas pepsinas e tripsinas. Ocorre de forma natural em muitos tipos de bagas, ameixas e algumas especiarias. O ÁCIDO LÁCTICO e seus sais, os lactatos de sódio ou de potássio, atuam como agentes bacteriostáticos que aumentam o tempo de latência dos microrganismos e/ou diminuem sua taxa de crescimento. Agem diretamente sobre o metabolismo bacteriano por acidificação intracelular, interferindo na transferência transmembranária de prótons, inibindo o mecanismo de retroação e tendo ação quelante nos cátions divalentes essenciais ao crescimento de patógenos. O ÁCIDO PROPIÔNICO é um ácido graxo que se apresenta no estado natural, como um dos produtos da digestão da celulose pelas bactérias que residem no rúmen dos animais herbívoros. Apresentam idêntica eficácia contra os microrganismos e são bastante eficazes contra bolores, porém têm pouca ação contra a maioria das bactérias e não apresentam efeito contra as leveduras. O ÁCIDO SÓRBICO é um ácido graxo insaturado (ácido hexa-2,4-dienóico), presente de forma natural em alguns vegetais, mas fabricado para seu uso como aditivo alimentar por síntese química. O ácido sórbico é um ácido monocarboxílico. Como conservantes, os sorbatos são únicos, tanto em termo de versatilidade, quanto ao largo espectro de microrganismos cujo crescimento eles inibem, a variedade de produtos alimentícios cujo frescor eles protegem, e o efeito quase nulo sobre o sabor de alimentos de pouco gosto ou sabor bastante suave. Outra vantagem no seu uso é a seletividade da ação antimicrobiana exercida pelos sorbatos. CONCEITO DOS OBSTÁCULOS DE LEISTNER É baseado no estudo das interações entre os fatores intrínsecos e extrínsecos. É a utilização simultânea de mais de uma forma de controle microbiano, de forma a dificultar o desenvolvimento dos microrganismos. É a interação de intrínseco- extrínseco para impedir a multiplicação de microrganismos deterioradores e patogênicos, melhorando a estabilidade e a qualidade do alimento. É a utilização simultânea de mais de uma forma de controle microbiano nos alimentos com o objetivo de gerar produtos estáveis, de prolongada vida de prateleira e seguros a saúde do consumidor. Cada um dos fatores intrínseco-extrínseco contribui no retardamento do crescimento microbiano, para que, em algum ponto, esse crescimento seja bloqueado. O bloqueio do crescimento é dependente da carga microbiana inicial (podendo ser baixa ou alta). Um único fator intrínseco pode ser suficiente para manter a estabilidade do alimento: Produtos enriquecidos com nutrientes geram o “efeito trampolim” do crescimento microbiano: Carga microbiana inicial elevada em que 4 fatores são insuficientes para controlar o desenvolvimento microbiano: Microrganismos injuriados fazem com que menos obstáculos sejam necessários: Obstáculos agem sinergicamente, obtendo um efeito final mais eficiente: FLUXOGRAMA DE OBTENÇÃO DE CARNES 1.1 - CARNE Em decreto (Art. 277), carcaças são as massas musculares e os ossos do animal abatido, tecnicamente preparado, desprovido de cabeça, órgãos e vísceras torácicas e abdominais, respeitadas as particularidades de cada espécie. VALOR NUTRICIONAL DA CARNE: ÁGUA Representa até 70% da massa do músculo fresco. Fica dentro ou entre as células musculares. LIPÍDEOS É a porção mais variável. Estão presentes no tecido muscular (membranas celulares) ou no tecido adiposo. Os fosfolipídeos são altamente reativos e contribuem para a degradação da carne. • Triacilglicerol • Ácidos graxos PROTEÍNAS Os aminoácidos da carne são próximos aos essenciais à dieta humana (histidina, isoleucina, leucina, lisina, metionina, felilalanina, tronina, triptofano e valina). VITAMINAS LIPOSSOLÚVEIS NA CARNE • Tiamina, riboflavina, niacina, vitaminas (B6- 12). As vitaminas (C, D, E e K) estão em baixos níveis em carnes comestíveis. Na carne suína (alta concentração de tiamina e baixa de B12). MINERAIS • O ferro está presente na carne vermelha (mioglobina) 1.2 - ABATE HUMANITÁRIO Conjunto de diretrizes técnicas e científicas que garantam o bem-estar dos animais desde a recepção até a operação de sangria. Esta definição ressalta dois aspectos importantes: a preocupação em se oferecer recursos que possibilitem um bom bem-estar aos animais e a implementação de pesquisas que busquem o desenvolvimento ou a melhoria das técnicas de pré-abate e de abate, propriamente dito. Comitê de Brambell por Ruth Harisson (1964). 5 liberdades: • Psicológica: de não sentir medo, ansiedade ou estresse • Comportamental: de expressar seu comportamento normal • Fisiológica: de não sentir fome ou sede • Sanitária: de não estar exposto a doenças, injúrias ou dor • Ambiental: de viver em ambientes adequado, com conforto A qualidade da carne é caracterizada por suas propriedades físico-químicas, traduzidas, na avaliação de quem a consome, em maciez, sabor, cor, aroma e suculência. Estas propriedades são determinadas por muitos fatores inerentes ao indivíduo (genética, idade, sexo), à fazenda de origem (manejo alimentar, manejo geral), ao transporte, ao manejo pré-abate, ao abate e métodos de processamento da carcaça, à duração e temperatura de estocagem e a forma de cocção utilizada. 1.3 - ABATE DE BOVINOS TRANSPORTE E CHEGADA DOS ANIMAIS O aumento do estresse durante o transporte é proporcionado pelas condições desfavoráveis com privação de alimento e água, alta umidade, alta velocidade do ar e densidade de carga. A não adequação do transporte dos animais pode também causar grandes perdas financeiras na indústria de carnes, resultadas por carcaças contundidas. Onde a contusão pode ocorrer em qualquer estágio do transporte, e pode ser atribuída também a inadequadas condições de carregamento e descarregamento dos animais, falta de cuidado ao dirigir por parte do motorista do caminhão e condução dos animais nos abatedouros feita de maneira impropria. A mistura dos animais no curral não pode ultrapassar até 24h. O transporte dos animais deve ser feito em locais planos e com superfície antiderrapante (sem curvas e rampas acentuadas, não podendo ser superior a 25°, o ideal é 15°). A condução deve ser feita pelo uso de bandeiras da cor branca (estimula principalmente a condução, auxiliando, também, no bloqueio da visão). O uso dos bastões elétricos é permitido apenas como último recurso (nunca usado em partes sensíveis do bovino). Zona de fuga Os animais devem ser transportados até o matadouro em caminhões previamente limpos e desinfetados. No dia anterior ao abate o matadouro fornece ao Serviço de Inspeção Federal (SIF), a papeleta de comunicação de abate do dia seguinte, onde estão configurados os seguintes detalhes: o número do lote, número e classificação dos animais, proprietário, propriedade, município e estado de origem e o número da guia de trânsito animal (GTA). Os caminhões devem ter as laterais seguras(fortes e altas), com piso antiderrapante, livre de pontas e protuberâncias, de suspensão pneumática e não precisa ser necessariamente coberto. Permitido até 20 bovinos por caminhão com uma densidade de até 600 kg/m². Animais que estão no terço-final do veículo sofrem mais estresse. O excesso de luz e ruídos e a exiguidade de espaço disponível no transporte excitam os animais. Essas condições promovem a ocorrência de músculos que podem apresentar-se exsudativos, de coloração pálida e mole (carne PSE). O transporte deve ser submetido ao sistema online de rastreamento das operações de transporte (TRETAD para aferir a identificação, temperatura corporal e sua localização no veículo). DESCANSO E DIETA HIDRICA O período de descanso e dieta hídrica no matadouro é o tempo necessário para que os animais se recuperem totalmente das perturbações surgidas pelo deslocamento desde o local de origem até ao estabelecimento de abate. O descanso após desembarque tem como objetivo principal reduzir o conteúdo gástrico, facilitando a evisceração da carcaça. Nesse sentido, de acordo com a legislação vigente, os animais transportados até o abatedouro devem permanecer em descanso, jejum e dieta hídrica nos currais até um período máximo de 24h, tempo este variando de acordo com a distância percorrida. É nessa hora também em que os fiscais avaliam a documentação e o estado dos animais. • Alguns estresses durantes o descanso: estrutura e manejo, contrastes, barulhos, ventos e cheiros e distrações BANHO DE ASPERSÃO Após o período de descanso, é realizada, anteriormente ao abate, a aspersão de água hiper-clorada. O banheiro de aspersão constitui parte do corredor que liga os currais ao corredor de acesso à sala de abate. Este possui um sistema tubular de chuveiros dispostos transversal, longitudinal e lateralmente orientando os jatos de água para o centro do corredor. O objetivo do banho dos animais antes do abate é limpar a pele para assegurar uma esfola higiênica, reduzir poeira, tendo em vista que a pele fica úmida, diminuindo a sujeira da sala de abate. Esse banho reduz a excitação dos animais, limpeza parcial externa dos animais e vasoconstrição periférica favorecendo a sangria. CORREDOR DE ACESSO À SALA DE ABATE Na rampa de acesso ao boxe de atordoamento, deve ser realizada as avaliações do estresse provocado no período ante-mortem que propõe a avaliação do deslizamento e quedas dos animais bem como das vocalizações ou mugidos dos animais na rampa de acesso ao boxe de insensibilização. Em relação à queda: • Excelente: sem deslizamentos ou quedas • Aceitável: sem quedas e 3% de deslizamentos • Não-aceitável: 1% de quedas • Gravíssimo: 5% de quedas ou mais de 15% de deslizamentos Em relação à vocalização: • Excelente: 0.5% de vocalizações • Aceitável: 3% • Não-aceitável: 4-10% • Gravíssimo: > 10% Com um manejo tranquilo que proporcione bem- estar dos animais torna-se quase impossível que eles escorreguem ou sofram quedas. Todas as áreas por onde os animais caminham devem possuir pisos antiderrapantes. Os corredores devem se tornar afunilados aos poucos, podendo conter curvas. O afunilamento é importante para que possa se formar uma fila dos animais (seringa). A seringa deve ser dotada de guilhotinas no seu final. INSENSIBILIZAÇÃO Todos os animais abatidos para fins de consumo da carne devam ser insensibilizados instantaneamente e permaneçam insensíveis à dor até que haja perda completa da atividade cerebral, decorrente da sangria. O boxe promove o isolamento do bovino dos demais do grupo, para que seja efetuada a insensibilização. Essa estrutura restringe a movimentação do animal, o que permite maior precisão para o disparo da pistola. Os equipamentos de dardo cativo têm como finalidade causar perda imediata da consciência, provocando a inconsciência do bovino sem que haja transdução do estímulo da dor, o qual é obtido em torno de 150 – 200 milésimos de segundo. A força causada pelo impacto do dardo contra o crânio do animal produzirá concussão cerebral o que o torna inconsciente em aproximadamente dois milésimos de segundo, assegurando que o mesmo não sinta dor. Tipos de pistola: PISTOLA DE DARDO CATIVO PENETRANTE, além de causar concussão, ocasiona danos irreversíveis. A penetração do dardo causa uma grande hemorragia, lesão severa (laceração) com perda de tecido neural do cerebelo e mesencéfalo, atingindo frequentemente a ponte, a medula oblonga e a parte caudal do córtex cerebral. Outro efeito é a pressão gerada através da onda de impacto e um colapso do tecido cerebral induzido pela retração do dardo. Para que isso ocorra, o dardo cativo deve penetrar até o limite máximo nas estruturas cerebrais. Entretanto, na prática, existem diversos fatores que interferem significativamente na eficácia e duração da insensibilização, e por isso as legislações exigem que os animais sejam sangrados sem demora, não mais que 60 segundos após a insensibilização (primeiro disparo). PISTOLA DE DARDO CATIVO NÃO- PENETRANTE possuem a ponta do dardo em formato similar a um cogumelo. O impacto desse dardo contra o crânio do animal provoca uma depressão do osso frontal sem perfuração, resultando em perda imediata da consciência. O impacto do dardo contra o crânio do animal contribui para a formação de hemorragia sub- aracnoide generalizada nos lobos temporais e frontais e ao redor do córtex cerebral. Há também a formação de vacúolos no tecido cerebral e alteração na pressão intracraniana, quando o encéfalo é arremessado para trás e para frente. Dependendo do dano tecidual causado pelo impacto, pode provocar a perda temporária ou permanente da consciência. Como não há perfuração do crânio pelo dardo, o dano é menor ao cérebro, com isso o período de inconsciência pode ser curto. Portanto, o tempo entre a insensibilização e a sangria deve ser o menor possível, dentro de 30 segundos a partir do primeiro disparo. Monitoramento da insensibilização: Quando os bovinos são insensibilizados corretamente, passam por duas fases, que são denominadas tônica e clônica. Na FASE TÔNICA o bovino se manifesta pela Perda da consciência, com colapso imediato (queda), a musculatura torna-se contraída, flexão dos membros traseiros e extensão dos dianteiros, ausência da respiração rítmica, midríase, ausência de reflexo corneal, mandícula relaxa e língua solta, ausência de vocalização, ausência do endireitamento da cabeça e ausência de reflexos à estímulos dolorosos. Logo após a fase tônica inicia-se a FASE CLÔNICA, em que o bovino manifesta espasmos musculares (contração involuntária dos músculos), sendo comum movimentos não coordenados dos membros posteriores (coices, pedaleio) e relaxamento gradual da musculatura. SANGRIA O volume de sangue de bovino é estimado em 6,4 a 8,2 litros/100kg de peso vivo. A quantidade de sangue obtida na sangria com animal deitado é aproximadamente de 3,6 litros /100 kg de peso vivo e com a utilização do trilho aéreo é 4,42 litros por 100 kg de peso vivo. A sangria é necessária para a obtenção de uma carne com adequada capacidade de conservação, precisando ser removida cerca de 60 % do volume total de sangue, sendo que o restante fica retido nos músculos (10%) e vísceras (20 a 25%). Para obtenção de carne de boa qualidade, é indispensável que durante a sangria seja removida a maior quantidade de sangue possível, uma vez que a carcaça mal sangrada apresenta, invariavelmente, um aspecto desagradável além de se constituir em um excelente meio de cultura para o crescimento de microrganismos. A importância da sangria imediata é evidente quando se verifica que a velocidade de um fluxo de um vaso cortado é 5 a 10 vezes mais rápido doque no vaso integro e somente depois de perder- se muito sangue é que a pressão sanguínea começa a cair. O procedimento adequado para a sangria deve ser realizado cortando (incisão) os grandes vasos que emergem do coração (artérias carótidas e artérias vertebrais), localizados próximos às vértebras cervicais. Um problema relacionado com a sangria é o aparecimento de hemorragias musculares caracterizadas por petéquias, listras ou equimoses em várias partes da musculatura, provocada por aumento da pressão sanguínea e ruptura capilar. Vários fatores são responsáveis por estas alterações como o aumento do intervalo entre o atordoamento e a sangria, o estado de tensão dos animais no momento do abate, traumatismos, infecções e ingestão de substâncias tóxicas. OUTRAS OPERAÇÕES: ESFOLA Conjunto de operações com a finalidade de remoção do couro do animal após o abate. É um PC do abate (risco de contaminação). O animal deve estar suspenso em trilho ou em cama elevada. Etapas: • Descouramento manual das patas dianteiras • Desarticulação dos mocotós • Abertura da barbela e coureamento da cabeça • Coureamento da pata traseira-direita • 1° transpasse • Prender tendão na carretilha • Courear pata traseira esquerda • 2° transpasse • Oclusão do reto (nó com barbante) • Completar com remoção mecânica (conjunto de guincho-rolete) • Fim da área suja EVISCERAÇÃO • Desarticulação parcial da cabeça e identificação • Evisceração deve ser mediada a esfola para prevenir contaminação (30min após sangria) • Lavagem com agentes antimicrobianos de ácidos orgânicos (lático, acético ou peracético) • Serragem: esterno e pélvis para liberação das vísceras • Deslocamento do útero e colocação das vísceras em mesas • Tubo gastrointestinal (amarra porção causal do esôfago e duodeno), fígado, pulmões e coração • Subprodutos: bile (usada para produtos farmacêuticos), tripas e estômago (bucharia suja e limpa) LAVAGEM DAS CARCAÇAS • Remoção dos rins, rabo, gordura e medula • Lavagem com água de 38-40°C • Eliminar esquírolas ósseas, coágulos e pelos • Reduzir a contagem microbiana da carne fresca • Aspersão de ácidos orgânicos o uso não é regulamentado 1.4 - ABATE DE SUÍNOS TRANSPORTE E CHEGADA DOS ANIMAIS O abate de suínos, assim como o de bovinos é realizado por diversas fases. Todas as etapas devem ser feitas de forma que não afeta a qualidade final da carne, adotando medidas higiênicas e preventivas. O embarque e transporte dos suínos para o abatedouro podem acarretar sérios prejuízos ao criador, comprador ou ao frigorífico, devido lesões, perda de peso, diminuição na qualidade da carne e perda por morte de animais. Os suínos são transportados por caminhões até o abatedouro, e através de rampas colocadas neles vão para pocilgas de recepção. Os animais são inspecionados, separados por lotes de acordo com a procedência e permanecem nas pocilgas, em repouso e jejum, por 16 a 24 horas para recuperação do estresse causado pelo transporte e diminuição do conteúdo estomacal e intestinal. Os animais deverão passar por um período de descanso que antecede o abate, diminuindo o estresse e melhorando a qualidade da carne pois serão estabelecidos os níveis normais de adrenalina e de glicogênio presente no sangue. Antes do abate o animal deve ficar no jejum de 8 horas. Importante pois evita PSE. Transporte: Independente da predisposição, condições adequadas no transporte (qualidade do veículo, densidade, tempo de percurso). Sensibilidade do motorista. Carrocerias compartimentadas: definição do espaço interno, evita mistura de grupos diferentes com piso revestido. A ventilação do veículo deve ser natural ou mecanizada, garantindo o conforto térmico e a eliminação de gases indesejáveis dos suínos (dióxido de carbono e amônia). Quando em climas quentes: molhar os animais por 5min após o embarque O banho de aspersão (água 9°C no verão) sobre os animais para auxiliar no processo “anti-stress”, pois, acalma o animal bem como para efetuar uma pré-lavagem do couro. Os animais que foram separados na inspeção sanitária são tratados e processados separados dos animais sadios, de forma diferente. Após a entrega dos animais os caminhões são limpos para retirada de fezes, urina, entre outros, sendo que a maioria dos abatedouros tem uma área especial para a lavagem dos caminhões. As pocilgas são limpas removendo os estercos e depois é feita uma lavagem com produtos sanitizantes. Os animais são conduzidos para o abate por lotes, e durante o percurso são lavados com jatos de água clorada que podem ser de cima para baixo, de baixo para cima ou pelas laterais. O banho de aspersão com água com 1 atm de pressão dura em média 3 minutos. Suínos tem muita predisposição ao estresse: • Estresse em longo prazo: coleta, embarque e transporte • Estresse em curto prazo: seleção, espera e condução Auxílios para o manejo: Chocalhos, remo, voz, palmas e ar comprimido: auxílios que estimulam a condução do suíno através, principalmente, do som emitido e da forma com que são movimentados Pranchas (tábuas) e lonas: tem como principal função limitar e/ou bloquear a visão do suíno para incentivá-los a se mover para frente. Outra função é evitar que o suíno se recuse a andar ou se mova em direção não desejada Bastão elétrico: utilizado apenas como último recurso e somente quando os suínos se recusam permanentemente a se mover. Nunca utilizar em partes sensíveis. INSENSIBILIZAÇÃO Uso de esteiras de retenção (menos chanes de fraturas, porém mais estresse). A insensibilização consiste na instantânea e completa inconsciência do suíno antes do abate e no Brasil, geralmente é feita por choque elétrico (eletronarcose) de alta voltagem (300 volts) e baixa amperagem atrás das orelhas do animal (fossas temporais), mas pode ser realizada por marreta, pistola pneumática ou gás carbônico. O choque é efetuado por 6 a 10 segundos e em box de atordoamento coletivo. Posteriormente o animal é preso, por uma das pernas, a um transportador aéreo. Nível de estresse: • Excelente: nenhum suíno vocaliza • Aceitável: até 1% dos suínos vocalizam durante a contenção mas nenhum durante a insensibilização • Não-aceitável: 2-5% vocalizam em qualquer etapa • Gravíssimo: acima de 5% de vocalização SANGRIA Deve ser realizada após a insensibilização em no máximo 30 segundos por meio de seccionamento dos grandes vasos ou punção diretamente no coração, é feita retirada do sangue, que é recolhido para reaproveitamento. Os animais são pendurados em trilho aéreo, ou podem ser feitas em mesas ou bancadas apropriadas para a drenagem do sangue. Túnel de sangria (3 min no mínimo). Em média, o volume de sangue drenado por animal é de 3 litros. Parte deste sangue pode ser coletado de forma asséptica, caso seja direcionado para fins farmacêuticos ou ser totalmente enviado para tanques para ser posteriormente processado visando separação de seus componentes ou seu uso em rações animais. Terminada a sangria os animais passam novamente por um banho de aspersão e em seguida são encaminhados para escaldagem. ESCALDAGEM Os animais saem do trilho e são imersos em banhos de água quente tratada aquecida à 65ºC. A escaldagem é feita em tanques metálicos com renovação constante de água realizada e é facilita a remoção posterior dos pelos e das unhas ou cascos e para retirada de parte da sujidade presente no couro dos animais. A passagem pela escaldagem dura entre 2 a 5 minutos. DEPILAÇÃO Após a escaldagem é feita a remoção dos pêlos, inicialmente, em máquinas de depilação, que possuem um cilindro. A rotação deste cilindro provoca o impacto destas pás com o couro dos animais, removendo boa parte dos pêlospor atrito. Depois de passar pela máquina a depilação dos pêlos remanescentes são feitos manualmente com auxílio de facas. As unhas ou cascos dos suínos também são removidos pelo uso da faca. Posteriormente deve ser realizado o chamuscamento da carcaça com bico de gás. EVISCERAÇÃO É a abertura neutral da carcaça que vai desde o pescoço até a região inguinal. A abertura é feita com uma faca e as víceras são removidas. Para que a carcaça não se contamine é necessário amarrar o ânus e a bexiga. As vísceras são retiradas em operação manual, à carcaça é lavada e encaminhada para câmaras frigoríficas. O osso do peito é aberto com serra e remove-se coração, pulmões e fígado. Neste ponto, pode haver ou não a remoção das cabeças. Normalmente, as vísceras são colocadas em bandejas da mesa de evisceração, onde são separadas, inspecionadas e encaminhadas para seu processamento, de acordo com o resultado da inspeção. O processamento dos intestinos gera a produção de tripas, normalmente salgadas, utilizadas para fabricação de embutidos ou para aplicações médicas. CORTE, TOALETE, PESAGEM E REFRIGERAÇÃO As carcaças são serradas longitudinalmente após a retirada da cabeça e incisão do toucinho as carcaças são serradas ao meio pela coluna vertebral. Remove-se a medula e o cérebro dos animais e as carcaças são limpas com facas. Estas carcaças são então lavadas com água sob pressão, pesadas e encaminhadas para refrigeração em câmaras frias, com temperaturas controladas para seu resfriamento e sua conservação. O resfriamento não deve ser tão rápido para não encurtar o músculo pelo frio (causa diminuição das enzimas proteolíticas - calpaína e catepsina, responsáveis pela maciez da carne). Ideal de 2- 4°C em 24h. Remoção de calor da carcaça após o abate (se for lenta, chance de PSE) 1.5 - ABATE DE AVES No Brasil o abate de aves deve ocorrer conforme o estabelecido no RIISPOA. PRÉ-ABATE O manuseio pré-abate tem início do jejum das aves e a dieta líquida. O jejum é praticado com o objetivo de limpar o trato digestivo de tal forma evitar a contaminação da carcaça e casos de ruptura. O tempo de jejum é iniciado quando os comedouros são suspensos e termina no abate. A duração ideal deste tempo está entre 8 a 12 horas. Períodos superiores à doze horas podem levar a ocorrências fisiológicas indesejáveis que comprometem a qualidade da carne. Essas ocorrências normalmente causam problemas quando a evisceração: Os problemas mais comuns são: • Rompimento do intestino devido o acúmulo de gases e a redução da espessura • Contaminação com bílis - no período de jejum ocorre acúmulo de bílis na vesícula biliar e está ao romper durante a evisceração causa contaminação da carcaça • Endurecimento do tecido de revestimento das moelas • Aderência do papo a carcaça, em razão da desidratação da ave, entre outros. CAPTURA DOS FRANGOS A captura dos frangos deve ser realizada com rapidez e preferencialmente no período noturno, sob luz azul, pois as aves não apresentam visibilidade da cor azul. Deve-se agrupar o lote facilitando a sua captura. Os frangos devem ser capturados individualmente e levados pelas duas pernas. Deve ser cuidadosamente segurado na posição vertical. Se forem levadas em grupos, nunca levar mais que três aves na mão. Elas devem ser carregadas sem causar desconforto e ferimento (lesões, hematomas e fraturas) aos animais que serão visíveis após a depenagem. TRANSPORTE Recomenda-se realizar o transporte à noite, lembrando que na hora do abate, o primeiro lote que chegou ao abatedouro será o primeiro a ser abatido. Os animais são transportados em gaiolas, sendo que em cada m² no inverno é possível realizar o transporte de 45kg e no verão 38kg (10 a 12 aves por gaiola). Em dias muito quentes é necessário molhar as aves para a realização do transporte evitando assim a morte de alguns animais. Ao chegar ao abatedouro, os caminhões devem ficar em plataforma de descanso com ventiladores com aspersão de água. PENDURA Tensão aplicada sobre as articulações das aves que pode ocasionar em quebras (necessita de treinamento dos operadores). Os ganchos devem estar em tamanhos e em posições corretas para a espécie. Realizar em iluminação azul ou vermelha. INSENSIBILIZAÇÃO Esta técnica pode ser feita através de gás, sendo um processo pouco usual devido ao alto custo, portanto na maioria das vezes a insensibilização é realizada através da eletronarcose, que nada mais é a imersão da ave em água com corrente elétrica causando um choque na mesma. A voltagem do choque é de acordo com o fabricante. A eletronarcose diminui a eficiência da sangria (principalmente acima de 80 v) e pode, também, inibir parcialmente as reações bioquímicas post- mortem, atuando na maciez do peito. SANGRIA Dura, em média, 3 minutos, sendo um processo passivo podendo ser acelerada pelo bombeamento cardíaco. Nos primeiros 40% do tempo desse processo, os animais devem ter perdido 80% do sangue. Se a sangria ultrapassar o limite de 3 minutos a depenagem será prejudicada, pois as aves estarão aprisionando as penas pelos folículos devido ao estado de rigor mortis. • Corte: artérias carótidas e veias jugulares abaixo da mandíbula (pode ser manual ou automatizado) ESCALDAGEM O tempo necessário é de 2 minutos com a temperatura de 52ºC para que ocorra o afrouxamento das penas. É importante ressaltar que não se deve ultrapassar este tempo pois irá ocorrer o cozimento da carcaça e se ficar um tempo menor que o recomendado não ocorrerá o afrouxamento das penas dificultando a depenagem. Quando a escaldagem é branda: confere pigmentação amarelada à pele, evita rompimento, menos eficiente na redução da microbiota contaminante e na maior dificuldade de depenagem DEPENAGEM É o processo de retirada das penas feita através de um rolo que possui um dedo de borracha para não machucar a carcaça. Durante esse processo podem ocorrer algumas lesões na carcaça sendo a mais comum à fratura das asas. Evitar lesões cutâneas. É importante ajustar as depenadeiras para o tamanho do frango. Depois da depenagem é necessário fazer um acabamento que consiste na retirada das penas que ficaram na carcaça de forma manual. TRANSPASSE Após a depenagem, ocorre a mudança das carcaças da nória de sangria (área suja) para a nória de evisceração (área limpa). Escalda dos pés. Ocorre também a lavagem para remoção de resíduos da depenagem e da redução de microrganismos contaminantes presentes nas dedeiras. EVISCERAÇÃO Antes da evisceração as aves são lavadas em chuveiros de aspersão. Inicialmente é feito o corte da cloaca e a seguir abertura do abdome. As vísceras são expostas, examinadas e separadas. A retirada das víceras procede na seguinte ordem: glândula uropígea, traquéia, cloaca, retirada das víceras não comestíveis, retirada das víceras comestíveis e pulmões. Os pulmões são extraídos através da pistola de compressão de ar, pois estes são fixos. LAVAGEM É a remoção do sangue coagulado, de vísceras remanescentes, da cabeça e do pescoço e dos pés. PRÉ-RESFRIAMENTO (PRÉ-CHILLER) O pré-resfriamento consiste na imersão em tanques de inox a uma temperatura de 10- 18ºC, durante 12 minutos, com 2 litros de água por ave. O pré-chiller serve para dar início ao resfriamento, limpeza (inibe o crescimento bacteriano) e reidratação da carcaça. O chiller finaliza este processo. RESFRIAMENTO (CHILLER) Ocorre com temperatura de 2ºC durante 17 minutos sendo necessário 1,5 litros de água por ave e para aumentar o resfriamento pode-se acrescentar 2 a 5 ppm de propilenoglicol na água. Reduz as alterações microbiológicas e químicas, recupera a água perdida no transporte e abate. Agitações excessivas causam maior reabsorção de água (acima dopermitido). GOTEJAMENTO É o escorrimento do excesso de água absorvida no pré-resfriamento. Dura 3 minutos, o máximo de água que pode ser absorvida é 8%, porém, no Brasil, existem carcaças com até 25% de água. VELOCIDADE DO ABATE A velocidade de abate tem implicação sobre todos os trabalhos, abrangendo os aspectos tecnológicos, higiênicos e sanitários. Assim sendo, deverá estar ajustada à área útil de trabalho, à capacidade do equipamento e ao número e qualificação técnica dos operários encarregados das diferentes tarefas. CLASSIFICAÇÃO As aves podem ser classificadas em frangos inteiros e frangos em cortes. Aves com lesões têm aproveitamento parcial para cortes. A tipificação é realizada pelo peso, ou de acordo com o desejo do comprador. ESPOSTEJAMENTO E DESOSSA É o corte manual ou mecânico dos cortes comerciais nobres e os de valor comercial mais baixo: desossa, filetagem, embalagem, resfriamento ou congelamento. EMBALAGEM, ESTOCAGEM E EXPEDIÇÃO Art. 6.5: Nas câmaras de resfriamento, não será permitida a estivagem de carcaças, entendendo-se como tal, a deposição das carcaças sem seus recipientes (caixas, bandejas, etc.) Art. 6.6: As carcaças depositadas nas câmaras de resfriamento, deverão apresentar, temperatura ao redor de 0ºC (zero grau centígrado), tolerando-se, no máximo, variação de um grau centígrado. Separação: miúdos (coração, fígado e moela) depois de lavados e resfriados, podem ser embalados, juntamente com os pés e pescoço e inseridos dentro da carcaça. Embalados em bandejas ou em embalagens secundárias para serem enviados para as câmaras de resfriamento (-1 a 4°C com validades de 12 dias) ou congelamento (-12°C válido por 12 meses). Frango temperado (Art. 9.11): No comércio varejista de carnes, somente será permitido empanar e adicionar temperos em carnes quando existir local que atenda os mesmos requisitos da área de pré-preparo. O responsável pelas atividades deve estar devidamente treinado em manipulação de carnes. CMS: Entende-se por Carne Mecanicamente Separada a carne obtida por processo mecânico de moagem e separação de ossos de animais de açougue, destinada a elaboração de produtos cárneos específicos. Trata-se de um Produto Resfriado ou Congelado. BIOQUÍMICA DA CARNE 1.1 - MÚSCULO ESQUELÉTICO É formado por feixes de células longas, cilíndricas, multinucleadas e que contêm muitos filamentos (miofibrilas). Os numerosos núcleos se localizam na periferia das fibras, nas proximidades do sarcolema. ORGANIZAÇÃO DO MÚSCULO ESQUELÉTICO EPIMÍSIO é o conjunto de feixes envolvidos por uma camada de tecido conjuntivo que recobre o músculo inteiro. Do epimísio partem finos septos de tecido conjuntivo que se dirigem para o interior do músculo, separando os feixes. Esses septos constituem o PERIMÍSIO, envolvendo o os feixes de fibras. Cada fibra muscular, individualmente, é envolvida pelo ENDOMÍSIO, que é formado por uma lâmina basal da fibra muscular, associada a fibras reticulares. Possui fibroblastos. ORGANIZAÇÃO DAS FIBRAS MUSCULARES ESQUELÉTICAS A contratilidade é feita: sarcolema, túbulos T, retículo sarcoplasmático, aparelho contrátil das miofibrilas e mitocôndrias As fibras musculares esqueléticas mostram estriações transversais, pela alternância de faixas claras e escuras. A faixa escura é anisotrópica (BANDA A). A faixa clara, é isotrópica (BANDA I). No centro de cada Banda I existe uma linha transversal escura (LINHA Z). A estriação da miofibrila se deve à repetição de unidades iguais (SARCÔMEROS). O sarcômero é formado pela parte da miofibrila que fica entre duas Linhas Z sucessivas e contém uma Banda A separando duas semibandas I. A Banda A apresenta uma zona mais clara no seu centro, a BANDA H. JUNÇÃO MIONEURAL É a junção entre a parte terminal de um axónio motor com uma placa motora (ou sinapse neuromuscular), que é a região da membrana plasmática de uma fibra muscular (o sarcolema) onde se dá o encontro entre o nervo e o músculo permitindo desencadear a contração muscular. A fibra muscular apresenta retículo sarcoplasmático bastante desenvolvido. O retículo sarcoplasmático é conectado com uma rede de túneis (túbulo T) do sarcolema. É um grande reservatório de Ca2+. As mitocôndrias provêm muito do ATP necessário para a contração muscular. O retículo sarcoplasmático se enrola ao redor de cada miofibrila. Os túbulos T permitem que os potenciais de ação entrem rapidamente no interior da fibra. A potencial de ação provoca alteração que libera Ca2+ do retículo sarcoplasmático para o citosol. O Ca2+ é importante para a contração das miofibrilas musculares. PROTEÍNAS MUSCULARES: CONTRÁTEIS São as proteínas que geram força durante a contração: actina e miosina A ACTINA é formada por filamentos finos compostos por moléculas globulares em forma de filamentos enrolados onde situam-se moléculas regulatórias. Cada actina tem um sítio de ligação de miosina. 20% das miofibrilas A MIOSINA é formada por filamentos grossos compostos por moléculas com uma cauda longa e duas cabeças globulares. Na cabeça globular encontram-se sítios de ligação para ATP (domínio motor) e sítio de fixação à molécula de actina. 45% das miofibrilas. Na contração: A ligação da cabeça de miosina em seu sítio na molécula de actina forma um ângulo de 90°, e ativa a ATPase que hidrolisa o ATP da cabeça de miosina e gera o movimento de deslizamento. REGULATÓRIAS São as proteínas que ajudam a ligar ou desligar o processo de contração: tropomiosina e troponina A TROPOMIOSINA é uma molécula presa à actina de forma espiralada sobre a dupla hélice. A tropomiosina impede a ligação actina/miosina bloqueando o sítio de ligação. A TROPONINA fica presa à molécula de tropomiosina, e possui três subunidades: • Troponina C (TnC): liga-se fortemente aos íons de Ca2+ • Troponina T (TnT): grande afinidade pela tropomiosina • Troponina I (TnI): cobre o sítio ativo da actina, fazendo com que a actina e a miosina interagem ACESSÓRIAS São as proteínas que mantém os filamentos grossos e finos no seu alinhamento adequado, dão elasticidade e extensibilidade às miofibrilas e ligam as miofibrilas ao sarcolema e à matriz extracelular: tinina e nebulina https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B4nio_motor https://pt.wikipedia.org/wiki/Neur%C3%B4nio_motor https://pt.wikipedia.org/wiki/Placa_motora https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinapse_neuromuscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Sinapse_neuromuscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana_plasm%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Membrana_plasm%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Fibra_muscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Sarcolema https://pt.wikipedia.org/wiki/Nervo https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%BAsculo https://pt.wikipedia.org/wiki/Contra%C3%A7%C3%A3o_muscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Contra%C3%A7%C3%A3o_muscular https://pt.wikipedia.org/wiki/Troponina_T https://pt.wikipedia.org/wiki/Tropomiosina https://pt.wikipedia.org/wiki/Troponina_I https://pt.wikipedia.org/wiki/Actina https://pt.wikipedia.org/wiki/Miosina CONTRAÇÃO E RELAXAMENTO MUSCULAR A contração das fibras musculares esqueléticas é estimulada por terminações das fibras nervosas motoras. Próximo à superfície da célula muscular, o axônio perde a bainha de mielina e dilata-se, formando a junção neuromuscular (ou placa motora). O impulso nervoso é transmitido com a liberação de acetilcolina do terminal axônico. Essa substância difunde-se através da fenda sináptica e prende-se a receptores na membrana da célula muscular, tornando-a permeável ao Na+ , o que resulta na despolarização da membrana. A membrana plasmática leva a despolarização para o interior da célula através de invaginações que envolvem as junções das bandas A e I nos mamíferos ou a regiãodo disco Z nos peixes e nos anfíbios. Essas invaginações compõem o sistema de túbulos transversais (ou túbulos T). Em cada lado do túbulo T, há uma expansão do retículo sarcoplasmático, a cisterna terminal. O conjunto de um túbulo T e duas expansões do retículo sarcoplasmático é conhecido como tríade. Na tríade, a despolarização dos túbulos T é transmitida ao retículo sarcoplasmático, promovendo a abertura dos canais de Ca2+ com a consequente saída desse íon para o citoplasma. Quando a subunidade troponina C se liga a quatro íons de Ca2+, a troponina sofre uma mudança conformacional, empurrando a tropomiosina para dentro do sulco do filamento de actina, liberando o sítio de ligação da actina à miosina. A quebra de ATP faz com que a cabeça e parte da cauda da miosina II dobrem-se, levando junto a actina. A ligação e a quebra de outra molécula de ATP promovem a dissociação entre a actina e a miosina. O ciclo de ligação e dissociação repete-se várias vezes, promovendo o deslizamento dos filamentos finos e espessos uns em relação aos outros. O relaxamento do músculo ocorre quando cessa o impulso nervoso, e os íons Ca2+ são retirados do citoplasma, através de Ca2+ ATPases, para o retículo sarcoplasmático, onde se ligam à proteína calsequestrina. Com os níveis citosólicos de Ca2+ reduzidos, a troponina C perde aqueles ligados, e a troponina leva a tropomiosina a inibir o sítio de ligação da actina à miosina. A glicólise anaeróbia ocorre quando o aporte de oxigênio não é suficiente (ex: contração violenta do músculo). Há abaixamento do pH do músculo (6,6), e no sangue (lactato). No fígado é novamente convertido em glicose e armazenada no músculo como glicogênio. CONVERSÃO DO MÚSCULO EM CARNE As funções do sistema muscular não cessam no momento da morte do animal. Ocorre a ativação de mecanismos de reserva numa tentativa de manter a homeostasia. As reações bioquímicas dependem dos tratamentos ante-morten (abate e pré-abate) e das técnicas de processamento posterior. ALTERAÇÕES POST-MORTEM Após a morte (sangria), há a interrupção do fluxo sanguíneo e, com isto, é interrompido também o aporte de nutrientes e a excreção de metabólitos. O tecido muscular, assim como outros tecidos, continua exercendo suas funções metabólicas para tentar manter a homeostase. Os processos bioquímicos do músculo após o abate são, principalmente, processos de degradação e ressíntese de ATP, creatinina- fosfato (CP) e o glicogênio. Tanto o ATP como a CP estão presentes em pequenas quantidades no músculo, fazendo com que o glicogênio seja a principal fonte de energia para a glicólise. Com a interrupção de O2, a síntese de ATP se realiza exclusivamente por via anaeróbica (fosforilação glicolítica) a partir da CP e pela ação da adenilato-quinase muscular. Em condições anaeróbicas o ácido pirúvico é reduzido em ácido láctico ao invés de ser metabolizado pela acetil-CoA e entrar na cadeia respiratória como acontece por via aeróbica. A formação do ácido láctico fornece energia para a “reabilitação” da CP, permitindo a contração muscular. Como não há mais fluxo sanguíneo, o ácido láctico produzido se acumula no músculo e, consequentemente, há um declínio de pH post- mortem essencialmente ligado à quantidade de glicogênio presente no músculo no momento do abate. Outro fator que contribui para a diminuição do pH post-mortem é a inativação das enzimas de cadeia respiratória que atuam como receptoras de H+. A diminuição do pH causa inativação gradual do complexo troponina, levando a um aumento da atividade da miosina-ATPase, acelerando a hidrólise do ATP. A atividade da mioquinase é aumentada gradualmente também por efeito da queda de pH. A queda do glicogênio não ocorre uniforme em todos os estágios após o abate. Ocorre um aumento progressivo da velocidade de glicólise até atingir o pH que corresponde ao momento em que as membranas pedem a resistência. Neste momento, o músculo perde a sua capacidade de contração e há livre passagem de íons pela membrana. Disto, resulta uma rápida equalização do pH em todo o tecido. Deste ponto em diante, a glicólise vai diminuindo até que as reservas de glicogênio estejam esgotadas ou até que o pH seja tão baixo ao ponto de inibir completamente as enzimas glicolíticas. Após o esgotamento da reserva de glicogênio e CP, ocorre uma rápida diminuição da concentração de ATP e seu efeito de relaxamento sobre as fibras musculares desaparece. Não há mais a retirada de Ca2+ do citoplasma. RIGOR MORTIS O tempo de instalação do rigor mortis depende de fatores internos e externos. • Internos: reserva de glicogênio e CP. Quanto maior é o conteúdo de glicogênio e CP no abate mais tarde aparece o rigor mortis e vice-versa • Externos: temperatura (15-20°C). A glicólise e, consequentemente, a queda de pH ocorre mais lentamente quando menor for a temperatura da carne. O resfriamento rápido da carne retarda os processos post mortem e o rigor mortis aparece mais tardiamente O rigor mortis começa a aparecer em torno de 9- 12h após a sangria, atingindo um máximo em 20- 24h, para então, sofrer um progressivo declínio. Quando o rigor mortis está completo (momento que coincide com o esgotamento do ATP), começa a haver ruptura da linha Z e de outras proteínas do citoesqueleto pelo Ca2+. A estrutura miofibrilar também começa a sofrer progressiva degradação, porém sem que se desfaçam as pontes de actomiosina (essa degradação é diferente entre as espécies). A resolução do rigor mortis é indicada pelo amaciamento das massas musculares e resulta de alterações causadas por degradação da ultraestrutura da fibra muscular. O valor final do pH da carne influi na conservação e em propriedades tecnológicas da carne. Acidificação adequada (5.4-5.8). Neste intervalo muitos microrganismos são inibidos, principalmente os proteolíticos. Valores finais de pH superiores podem comprometer a conservação da carne e diminuir sua capacidade de retenção de água Fases do rigor mortis: • A flexibilidade e a elasticidade do músculo permanecem inalteradas. A carne é macia e elástica. (duração variável de 1-20h dependendo das reservas de glicogênio e CP, assim como da temperatura do músculo). A hidrólise do ATP aumenta como consequência da queda progressiva de pH, porém é compensada pela ressíntese de ATP • A capacidade de extensão e de elasticidade diminuem rapidamente (2-3h) e, pela menor concentração de ATP, diminui até desaparecer completamente, se instalado, então, o rigor mortis Enrijecimento da carne: Ocorre quando a concentração de ATP não é mais suficiente para manter as miofibrilas em estado de relaxamento. Neste ponto a actina e a miosina interagem formando o complexo actomiosina de maneira irreversível FATORES QUE INFLUENCIAM NA QUALIDADE DO MÚSCULO • Temperatura: tremores causados pelo frio ou grandes atividades para dissipação do calor • Estresse: animais sensíveis ao estresse e elevadas temperaturas levam a queda rápida do pH (glicólise, acúmulo de ácido láctico e instalação precoce do rigor mortis) ALTERAÇÕES DA CARNE: PSE Pálida, flácida e exsudativas. Principal causa: contração muscular excessiva no ante morten É uma carne com baixa capacidade de retenção de água. Este defeito é relacionado com o genótipo (RyY - napoleão) de determinadas raças suínas, principalmente naquelas que sofreram intensa seleção para CA e produção de carcaças magras. Ocorre maior liberação de Ca2+, ativando enzimas que ativam a produção de ATP e de glicogênio, favorecendo a queda de pH. A suplementação com vitamina E é usada pois protege as membranas celulares da destruição oxidativa. Os suínos são muito susceptíveis ao estresse e à hipertermia. Em suínos: rápida degradação
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