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Carla Bezerra Lopes Almeida Geriatra Faculdade de Medicina/UniChristus 2020 § Entender como a queda pode ser uma manifestação de doença § Reconhecer fatores de risco para quedas § Reconhecer e indicar medidas de intervenção e prevenção de quedas em idosos Síndrome Geriátrica Pouco abordada pelas demais especialidade Problema de saúde pública Comum • Cerca de 1/3 dos indivíduos de 65 anos ou mais sofrem uma queda/ano • 30% > 65 anos e 50% > 80 anos: queda 1x/ano • 30% indivíduos >60 anos caem ao ano e 5-10% destas quedas resultam em consequências graves. Devastador • Acidentes (2/3 são quedas) são a 5 a causa de morte em > 65 anos • Principal causa de morte acidental, associado a declínio funcional e institucionalização em idosos. • Até 50% das quedas resultam em algum tipo de lesão e 10% resultam em lesões graves • Cerca de 50% idosos hospitalizados por fratura de quadril não recupera a mobilidade prévia ao evento. • Pneumonia, ITU e tromboembolismo venoso => Complicações na internação por quedas Oneroso • EUA U$19 bilhões/ano, internações relacionadas a quedas. • Em 2009, o SUS gastou pelo menos R$ 57,6 milhões com internações por quedas de idosos. • Em 2010, 74 mil brasileiros foram internados no SUS em razão de fratura de fêmur decorrente de quedas acidentais e osteoporose. Epidemiologia § 60% com histórico de quedas no ano anterior sofrerão queda subsequente. § A queda e suas complicações aumentam com a idade § Mais da metade das quedas está relacionada a condições médicas diagnosticadas. § > 70% ocorrem no domicílio § Metade dos moradores de lares de idosos caem 1x/ano Gillespie LD, Roberteson MC, Gillespie WJ, et al. Interventions for preventing falls in older people living in the comunity. Cochrane Database Syst Ver. 2009;(2):CD007146. Beattie BL. The National Falls Free Iniciative, Working Collaboratively to affcet change. J Safety Res. 2011;42 (6): 521- 523. Cenário do problema � Brasil: 30% dos idosos caem ao menos 1x/ano e 13% caem de forma recorrente � Institucionalizados > hospitalizados > comunidade � As quedas são responsáveis por mais de 85% das principais fraturas osteoporóticas (quadril) � Pacientes com fratura de quadril apresentam aumento da mortalidade � Geram aumento dos custos devido à utilização de serviços especializados e pelo aumento de internações hospitalares. � Representa um importante indicador da qualidade assistencial Queda Ø Evento descrito por vítima ou testemunha, em que a pessoa inadvertidamente vai de encontro ao solo ou a outro local em nível mais baixo que o anteriormente ocupado, consciente ou inconsciente, com lesão ou não.(Tratado de Geriatria e Gerontologia, 4 Ed.) Ø Excluem-se dessa definição as quedas decorrentes de síncope, acidente vascular encefálico, convulsão, atropelamento, acidente em exercícios de alta performance e causas violentas. v É considerada um marcador potencial do início de um importante declínio das funções orgânicas e/ou um sinal de uma patologia grave Instabilidade postural § É uma tendência a quedas. § A instabilidade postural é, geralmente, o resultado de múltiplas doenças agindo em conjunto. § É considerada um Gigante da Geriatria § Redução da velocidade da marcha e da amplitude do passo. § Flexão plantar diminuída na fase final de apoio. § Diminuição do balanço dos braços, da rotação da pelve e do apoio unipodal. 14 Soares AT, Cabral KN www.sbgg.org.br § Redução da adaptação visual ao escuro. § Menor percepção visual de profundidade. § Redução da visão de contraste § Redução da visão periférica 15 Soares AT, Cabral KN www.sbgg.org.br § Embora sejam síndromes geriátricas distintas, se correlacionam e compartilham múltiplos fatores de risco. Ferruci, Guralnik, Studenski et al. JAGS 2004,52:625-34. 15 Soares AT, Cabral KN www.sbgg.org.br Idosos ativos e saudáveis (atividades vigorosas) Idosos frágeis (instabilidade) Consequências § 40 a 60% levam a lesões : Ø 30-50% lesões menores e 5-6% lesões maiores como TCE Ø 5% fraturas ( 1% colo de fêmur) § Hematoma subdural § Hospitalizações § Medo de cair novamente § Restrição de atividades/Imobilidade § Institucionalização § Dor persistente § Óbito • Fraturas: 4 a 6 % • Morte: 2,2 % • Incapacidade em levantar-se • Medo de cair : 40 a 73% dos que já caíram 20 a 46% dos que não caíram • Diminuição na atividade • Maior morbidade (quedas = marcadores de condições clínicas subjacentes) Outras situaçoes: hipersensibilidade do seio carotideo coloca MP E depois que o idoso cai? Síndrome pós-queda • Medo de cair novamente/Perda da autoconfiança • Gatilho para a perda da independência • Restrição de grande parte das atividades • Provocam sintomas de ansiedade, depressão e inutilidade e isolamento social E depois que o idoso cai? Classificação § Acidentais ou não acidentais § Intrínsecas (70%) ou extrínsecas (30%) § Idoso “ caidor” → caiu pelo menos uma vez nos últimos 6 meses § Idoso “caidor” recorrente → cai duas vezes ou mais no período de 6 meses § Fatores de risco para recorrência: 1.Mulheres/ cor branca 2.Idosos divorciados/viúvos 3.Comprometimento cognitivo/depressão 4.História prévia de quedas 5.Comorbidades Fatores de risco ■ INTRÍNSECOS 1. Doenças crônicas 2. Mudanças do envelhecimento 3. Doenças Agudas ■ EXTRÍSECOS 1. Risco ambientais 2. Riscos na atividades diárias 3. Medicamentos Falls. King, M.B. Hazzard’s Geriatric Medicine and Gerontology. 6ª Ed. 2009. 15 Soares AT, Cabral KN www.sbgg.org.br Fatores de risco intrínsecos � Idade � Sexo feminino � Estado funcional � Manifestação de doenças agudas ou condições crônicas descompensadas � Deficiência nutricional � Incontinência urinária � Depressão Fatores de risco § Associados ao envelhecimento: § Diminuição da visão/audição § Distúrbios vestibulares § Aumento do tempo de reação a situações de perigo § Diminuição da sensibilidade aos barorreceptores à hipotensão postural § Alterações da marcha e postura § Degenerações articulares/fraqueza muscular § Sedentarismo § Deformidade dos pés Medicamentos § Benzodiazepínicos § Neurolépticos § Antidepressivos § Anti-hipertensivos § Anticolinérgicos § Diuréticos § Antiarrítmicos § Hipoglicemiantes § Polifarmárcia (uso de 5 ou mais drogas associadas) § Mudanças de medicações/alteração recente da dose § Intoxicação por álcool Riscos ambientais ■ Iluminação inadequada ■ Superfícies escorregadias ■ Tapetes soltos ou com dobras ■ Degraus altos ou estreitos ■ Obstáculos no caminho (móveis baixos, pequenos objetos, fios) ■ Animais de estimação ■ Ausência de corrimãos ■ Prateleiras excessivamente baixas ou elevadas ■ Sapatos inadequados ■ Roupas excessivamente compridas ■ Via pública mal conservada ■ Órteses mal-adaptadas Atividades de risco em domicílio § Ir ou sair de camas e cadeiras § Ir ou sair de vasos sanitários § Urinar ou defecar § Tropeçar em objetos/tapetes/soleira porta § Escorregar em superfícies úmidas ou polidas § Tropeçar pelo uso de calçados inadequados § Descer rampas, principalmente últimos degraus § Curvar o pescoço (olhar para cima ou para trás) Atividades de risco em ILP § Deitar ou levantar-se (camas e grades) § Ir ou sair vaso sanitário § Urinar ou defecar § Técnicas inadequadas de transferência § Cadeiras-de-rodas inadequadas QUEDA CONDIÇÕES MÉDICAS ALTERAÇÕES SENSORIAIS ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO MEDICAMENTOS INADEQUADA AJUDA PARA O CUIDAR PERIGOS DO MEIO AMBIENTE COMPLICAÇÕES FRATURAS IMOBILISMO HEMATOMAS, TRAUMAS, FERIDAS PERDA DA AUTOCONFIANÇA, MEDO DA QUEDA DIMINUIÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NENHUMA CONSEQUÊNCIA INSTITUCIONALIZAÇÃO MORTE CAUSAS INTRÍNSECAS CAUSAS EXTRÍNSECAS § Todos os idosos devem ser perguntados quanto à ocorrência de quedas, pelo menos uma vez ao ano. § Determinação da contribuição externa à queda, avaliando se a contribuição teria sido suficiente para derrubar alguém saudável e mais jovem § Investigaçãosomente daqueles indivíduos que sofreram duas ou mais quedas § Classificação da intensidade de movimento no momento da queda. § Circunstâncias da queda Local, hora do dia, atividade que estava desempenhando § Ambiente § Sintomas pré e pós-queda § Inventário medicamentoso (psicotrópicos, antiarrítmicos) § História de doenças prévias § Avaliação da acuidade visual Tinetti ME. N Engl J Med, 2003 Chang JT, Ganz DA. Quality indicators for falls and mobility problems in vulnerable elders. J Am Geriatrc Soc, 2007 AGS/BGS Clinical Practice Guideline: Prevention of falls in Older Persons § Exame neurológico sensibilidade proprioceptiva, déficits motores § Exame cardiovascular buscar hipotensão ortostática e arritmias § Exame do sistema locomotor pés, articulações dos MMII, marcha e equilíbrio § Avaliações das capacidades funcional e mental prévias § Avaliar os óculos, sapatos e instrumentos auxiliares da marcha Tinetti ME. N Engl J Med, 2003 Chang JT, Ganz DA. Quality indicators for falls and mobility problems in vulnerable elders. J Am Geriatrc Soc, 2007 AGS/BGS Clinical Practice Guideline: Prevention of falls in Older Persons, 15 Soares AT, Cabral KN www.sbgg.org.br Testes desempenho físico Para idosos da comunidade: ■ Timed up and go test ■ Step test ■ Teste de sentar e levantar da cadeira Para idosos institucionalizados ■ POMA Brasil ■ Escala de equilíbrio de Berg Para avaliação da percepção de autoeficácia e medo de cair ■ falls eficacy scale Time up and go Test § Recomendado pela American e British Geriatric Society na avaliação risco de quedas - Pacientes adultos independentes sem alterações no equilíbrio realizam o teste em até 10-12s - > 20s = dependente em muitas atividades diárias e mobilidade Manejo § Identificação de pacientes de alto risco § Equipe multiprofissional § É essencial a colaboração do paciente e de seus familiares § Tratamento das patologias de base § Exercícios físicos regulares § Caminhadas 150min/ semana § Tai chi, Yoga § Exercícios para ganho de força,equilíbrio e alongamento O Intervenção e prevenção ■ Suplementação de vitamina D (800-1000UI/dia) ■ Reposição melhora a densidade mineral óssea e força muscular ■ Diminui em 19% o risco de quedas ■ Banho de sol diário ■ Correção dos riscos ambientais domésticos ■ Ajuste de medicações ■ Atividades de risco supervisionadas ■ Correção de deficiências sensoriais ■ Tratamento de incontinência urinária/urgência miccional ■ Fisioterapia Intervenção e prevenção ■ Recuperar o equilíbrio com fisioterapia – Exercícios de equilíbrio,treinamento de força e exercício aeróbico de baixo impacto/resistência – Exercícios individualizados e direcionados ■ Prevenção e tratamento da osteoporose ■ Vestimenta e calçados adequados ■ Gerenciar os problemas dos pés ■ Nutrição adequada ■ Uso de protetores de quadril quando indicado ■ Uso de dispositivos de apoio para deambulação – Bengala – Andadores Quedas § Principais problemas e soluções: Fraqueza muscular Exercícios de fortalecimento Má visão Avaliação oftalmológica Distúrbios do equilíbrio - Reavaliar medicamentos - Treinar uso de dispositivo de marcha Hipotensão postural - Elevar a cabeceira 15cm - Uso de meias -Educar o paciente Drogas Reduzir ou trocar medicamentos sedativos Ambiente - Adaptação ambiental Estratégias eficazes em reduzir a ocorrência de quedas Tinetti M. Preventing falls in the elderly NEJM, 2003 Estratégia Estimativa de redução de risco(%) Treino específico de marcha e equilíbrio 29-49 Treino de força 14-27 Redução de riscos ambientais domiciliares após alta hospitalar 19 Retirada de psicotrópicos 39 Avaliação multidimensional com intervenções direcionadas para os fatores de risco 25-39 Intervenção e prevenção Identificação de pacientes de alto risco Tratamento das patologias de base Manuseio de medicamentos Avaliação e vigilância ambiental Traduzido do WHO Global Report on falls pevention in older age. World Health Organization 2007. 15 Soares AT, Cabral KN www.sbgg.org.br Conclusões Quedas mostram-se como um grave problema de saúde pública A prevenção é a principal abordagem A abordagem interdisciplinar é também primordial É considerado um marcador de fragilidade e declínio na saúde do Idoso. Bibliografia sugerida 4. Desafios do Diagnóstico Diferencial em Geriatria.Moriguti,J.C.;Lima , N.k.C.;Ferrioli E, Editora Atheneu, 2012. § Freitas, E.V.; Py L.; Cançado, F.A.X.; Doll, J.; Gorzoni,M.L.; Tratado de Geriatria e Gerontologia, 4º Edição, 2016. § Falls. King, M.B. Hazzard’s Geriatric Medicine and Gerontology. 6ª Ed. 2009.
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