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34 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Unidade II 3 AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL Como vimos, a economia mundial está constituída por países intrinsecamente atados uns aos outros. Quando a crise financeira devasta o topo, o efeito cascata é imediato. Então, seguem‑se ajustes, como forma de equalização. Nesse sentido, cada país deve procurar seus próprios remédios para contornar a situação e continuar a acompanhar o mercado. Diminuíram muito os espaços para o “eu sozinho”, pois apenas raros lunáticos tentariam modificar aquilo que já está não somente montado, mas também funcionando bem. Em termos de comunicação, Rezende e Rodrigues (2015) ponderam que, no mundo tomado pela globalização aliada à tecnologia à disposição de todos, até o mais miserável dos povos consegue entrar em contato com o mundo. Assim, por estar conectado, o mundo tem acesso ao conhecimento dos efeitos econômicos entre todos os povos. Observação O dinheiro constituiu‑se a única maneira global e padronizada de movimentar o comércio nas compras, trocas e reservas de riquezas (ou seja, ouro, papéis e todas as demais formas de movimentação de mercado). O acontecimento no campo econômico de um país certamente se refletirá nas atitudes das empresas ali instaladas e em todo seu processo de marketing, contudo o crescimento de um país não resultará necessariamente em boa notícia, pois o decisivamente importante é o que acontece dentro de seu mercado. 3.1 Ambiente de marketing global Os anos 1990 assinalaram a primeira vez em que as empresas de todo o mundo tiveram de pensar em termos globais. O tempo e as distâncias diminuíram rapidamente com o advento das comunicações e transportes mais eficientes e dos fluxos financeiros. Produtos desenvolvidos em um país encontram aceitação em outros (KOTLER; ARMSTRONG, 1998, p. 435). O marketing é uma filosofia de negócios que passou a ser disciplina e acabou virando uma ferramenta importantíssima nas mãos de gestores, empresários e todas as pessoas que se valem dele, mesmo sem ter ciência disso, como às vezes é o caso do marketing pessoal, o marketing das feiras‑livres etc. 35 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL A corrida pela vanguarda deve, antes de tudo, produzir profundo respeito entre todas as partes envolvidas, desde o profissional especializado até a abordagem do consumidor, que é a mais importante entre todas as estratégias definidas para cada setor. Já o produto inserido no mercado deve estar apoiado em certas práticas de estratégia, ou seja, estar cercado por um aparato de garantias de qualidade, durabilidade, beleza (sem maquiagem) e ser exatamente aquilo que o consumidor esperava encontrar. Se considerarmos as distâncias, chegaremos à conclusão de que o mundo econômico é composto por grandes empresas interligadas e que uma não vive sem a outra. No entanto, se prestarmos atenção, notaremos que as estratégias servem unicamente para que as empresas demonstrem seu valor em grandes competições. É como se enfileirássemos várias empresas produtoras de alumínio, por exemplo. Todas querem vender o mesmo produto. Agora, vejamos: qual empresa exportará mais? Qual a melhor estratégia a ser usada? O tamanho da empresa pode ser comparado ao seu valor no mercado? Qual é o valor real praticado? E, ainda, qual deverá ser o posicionamento das empresas para atingir os mercados ainda não explorados e, principalmente, como concorrer com empresas em mercados que já contam com esses serviços? Os temas de internacionalização de empresas e marketing internacional são intensamente estudados pelo meio acadêmico. Keegan e Green (2006) afirmam que uma das diferenças entre o marketing doméstico e o global reside no escopo das atividades: a empresa que faz marketing global realiza importantes atividades de negócios fora do mercado de seu país de origem. Outra diferença é que o marketing global pressupõe o conhecimento de conceitos, a realização de considerações e o desenvolvimento de estratégias específicas que devem ser aplicadas com habilidade, junto aos fundamentos universais de marketing, para assegurar o alcance do sucesso nos mercados globais. Uma vez que o marketing global considera a combinação dos objetivos estratégicos da empresa com o atendimento das necessidades locais de cada área geográfica, o mercado globalizado pede diferenciação para crescer, tecnologia para competir, integração regional, aproximação entre continentes, proximidade política e econômica, facilidades de financiamentos, menos barreiras e fim de fronteiras. Para entendermos o mundo globalizado e a empresa nesse contexto, é necessária uma prévia e profunda análise de todo o processo, desde a criação do produto até a forma de obtenção do lucro desejado. É preciso, portanto, analisar a empresa friamente e sentir o quanto ela está preparada para enfrentar o mercado lá fora. Para isso, é preciso que se pense o marketing, ou seja, que se pensem os seguintes aspectos: • penetração de mercado: como se dará a expansão da empresa; • como tratar as diferenças transculturais e como diferenciar cada mercado, de modo a atender as necessidades em curto, médio e longo prazo; 36 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II • como desenvolver o mix de marketing; • estratégia de diferenciação; e • perfil e necessidades do público alvo. É preciso analisar se a área marketing está tecnológica e humanamente equipada para assumir uma empreitada de porte internacional, desenvolver um plano de marketing internacional colocado nos moldes do mercado e do público a ser atingido e verificar o quão suficientemente os produtos são conhecidos para que a empresa em questão possa adaptar‑se o mais rápido possível às novas condições. Um dos principais motivos pelos quais uma empresa se aventura no mercado ocorre quando, ao ter excesso de recursos, sejam eles físicos, monetários, de conhecimento ou de qualquer outro tipo, a empresa tenta converter esses recursos em aumento das suas capacidades, podendo equacionar, assim, a possibilidade de se expandir para mercados externos. (PALACIOS; SOUSA, 2004, p. 53). 3.2 Mercados internacionais Por mais que as economias dos países estejam intrinsecamente ligadas, direta ou indiretamente, há que se considerar mercado a mercado em função de suas diferenças, como o poder de compra da população e a força da moeda local. O poder de compra dos países desenvolvidos é obviamente superior ao dos países em desenvolvimento, mas nem por isso esses mercados deixam de ser atraentes, principalmente em função de produtos que já atingiram estágios de maturidade nos países mais desenvolvidos. O G7 – que já foi G8, pois incluía a Rússia – é composto por Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Canadá, integrando o bloco econômico mais importante do mundo, segundo Ramos (2012). Por meio de uma poderosa combinação econômica, militar, diplomática e de influência, esse bloco pode influenciar não só a economia mundial, mas as decisões da Organização das Nações Unidas – ONU, da Organização Mundial do Comércio – OMC, do Banco Mundial – BM, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, da Organização Mundial de Propriedade Intelectual – OMPI, e até mesmo alterar os rumos políticos de vários países. De outro lado, temos os países que entraram na industrialização um pouco tardiamente, alguns mais avançados. Nesse bloco, estão Brasil, Argentina, Egito, Turquia e outros. Pigozzo (2012) cita o PIB e a renda per capita como parâmetros possíveis de análise do potencial do mercado, entre outros. O PIB mede o total de riqueza produzido no país. O PIB per capita, devido a seu cálculo linear (valor do PIB dividido pelo número de habitantes do país) pode esconder diversas 37 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : Már ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL desigualdades. Por esse motivo a ONU criou o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, para avaliar o desenvolvimento dos países. Esse índice analisa o acesso per capita à educação e à saúde. No critério educação, mede a taxa de matrícula nas escolas básicas e o índice de alfabetização da população adulta, ao passo que o critério de saúde é a expectativa de vida ao nascer. Ao se analisar a renda de um país, a atenção deve estar voltada para a estrutura de sua economia. Uma renda relativamente alta não significa um poder de compra alto. Na China, por exemplo, a renda é baixa, mas o custo de vida também o é, de modo que as pessoas têm o suficiente para o consumo. 3.3 Mercado cambial Segundo Kerr (2011), o conceito de mercado cambial é simples: trata‑se da compra e venda de moedas estrangeiras tendo como moeda dominante internacional o dólar americano. O Brasil não consegue importar automóveis da Alemanha pagando em reais: precisa convertê‑los em dólares para isso. As moedas também são negociadas por especuladores, que compram e vendem na intenção de lucrar com a oscilação do mercado. Os especuladores, portanto, estão à mercê do mercado. As operações de câmbio podem ser: • mercado primário: negociação entre clientes e banco; e • mercado secundário: representado por pessoas que desejam vender divisas: turistas, investidores, especuladores, exportadores etc. Nos mercados cambiais, há diversos termos específicos para aquele nicho. Por exemplo: ao comprar moedas, diz‑se que você está “comprado”, e ao vender diz‑se que você está “vendido”. Comprar moedas estrangeiras, por ser uma negociação simples, é virtualmente idêntico em todos os mercados. No mercado cambial, uma “posição aberta” é aquela que está ativa e em andamento. Isso significa que, enquanto estiver nesse estado, seu valor será flutuante e de acordo com a taxa de câmbio no mercado atuante. Exemplo de negociação em moeda estrangeira: Quadro 4 – Simulação sobre o impacto da taxa de câmbio sobre as importações Valor do iene em relação ao real 2,00 4,00 8,00 10,00 Valor das vendas em reais 20.000 20.000 20.000 20.000 Valor pago pelo comprador japonês em ienes 10.000 5.000 2.500 2.000 38 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Aqui, nota‑se que, para o exportador, melhor é que sua moeda valha menos em relação às outras, pois seu produto custará menos no país importador; já, no sentido inverso, inverte‑se essa relação. Suponhamos que um importador brasileiro encomende liquidificadores japoneses, no valor de 20 mil ienes (moeda japonesa). Se o Iene estiver cotado a R$ 2,00, ele desembolsará R$ 40.000,00; se estiver cotado a R$ 4,00, pagará R$ 80.000. Veja o exemplo: Quadro 5 – Simulação sobre o impacto das variações de taxa de câmbio sobre as exportações Valor do iene em relação ao real 2,00 4,00 8,00 10,00 Valor das vendas em reais 20.000 20.000 20.000 20.000 Valor pago pelo comprador japonês em ienes 40.000 80.000 160.000 200.000 Eis o contrário do primeiro quadro. As taxas de câmbio são variáveis, o que cria um risco para o mercado. Para fazerem um bom negócio, as empresas devem atuar com o pensamento já bem à frente e estar 24 horas de olho nas cotações de preços no mercado mundial. 3.4 Classificação dos mercados Podemos entender os grandes mercados, como de produção, bens e serviços, financeiros, monetários, cambiais, especulativos e virtuais. Tebchirani (2012) assim apresenta as estruturas de mercado: • Concorrência pura: o melhor exemplo é um mercado livre – nesse caso, o discurso dos países de primeiro mundo agrega a “liberdade” oferecida por eles, mostrando que todos devem segui‑lo, mas são extremamente protecionistas, como feiras‑livres (várias empresas fazendo publicidade ao mesmo tempo); • Concorrência perfeita: mercado abstrato – possui grande número de vendedores e compradores. Os produtos são iguais, de modo que não há diferença de onde se compra. Existem livre entrada e saída das empresas, como produtos agrícolas como alface, arroz etc. • Concorrência monopolística: composto de pequenas, médias e grandes empresas – possuem grande número de participantes, mais que a concorrência pura e a concorrência perfeita. Grande parte das empresas concorre entre si com um único pensamento: dominar o mercado. Esse monopólio está somente na cabeça dos que pensam dessa maneira. Como exemplo, temos padarias e pequenas mercearias. • Monopólio: condição do mercado controlado por um só vendedor – um certo produto é produzido apenas por uma empresa, a qual não admite concorrência, como a Petrobras, a única produtora de petróleo no Brasil. • Monopsônio: o inverso do monopólio – trata‑se de um mercado com apenas um comprador e inúmeros vendedores (competição imperfeita). Um exemplo são os produtores de fumo que 39 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL vendem com exclusividade para a Souza Cruz e atravessadores que compram a produção agrícola para a região. • Oligopólio: situação de mercado com um número reduzido de empresas – trata‑se de uma estrutura de mercado que pode ser definida como: oligopólio concentrado (poucas empresas no setor) e oligopólio competitivo (pequeno número de empresas que domina um setor com muitas empresas). Também pode ser chamado de cartel, dentre os quais existem os tipos: perfeito, em que se fixa um preço em comum, no qual todas as empresas envolvidas têm a mesma participação; e imperfeitos, em que as empresas líderes fixam os preços, permanecendo a com a maior cota. As demais seguem o líder, como indústria automobilística brasileira, na qual todos os participantes mantêm altas margens de lucro. Podem assumir a forma de truste, cartel, holding e conglomerados na economia: — truste: coligação econômica ou financeira em que um grupo de empresas têm como objetivo eliminar a concorrência por preço; — cartel: poucas empresas líderes da mesma categoria que fazem um acordo para atuarem coordenados por interesses próprios; — holding: geralmente, nada produz, mas centraliza o controle de muitas empresas, pois tem a maior parte das ações e controla/administra subsidiárias; pode ser a forma jurídica de disfarçar um cartel ou um truste; — conglomerados econômicos: o conjunto de entidades financeiras vinculadas, diretamente ou não, por participação acionária ou controle operacional efetivo, caracterizado pela administração ou gerência, sob a mesma marca ou nome comercial; • Oligopsônio: o mais forte de todos, em que há apenas alguns compradores para muitos vendedores. Os preços são determinados pelos compradores. Como exemplo, o setor de alumínio reciclado no Brasil dispõe de grande quantidade de fornecedores (catadores de lata, cooperativas etc.) e pouquíssimos compradores (as indústrias de bebidas). • Duopólio: situação de mercado em que existem apenas duas empresas vendedoras, em face de um grande número de compradores. Exemplos: os únicos fabricantes mundiais de grandes jatos comerciais, Boeing e Airbus, têm como clientes centenas de companhias aéreas do mundo. • Duopsônio: situação de mercado em que existem apenas dois compradores. É uma versão simplificada do oligopsônio. Por exemplo, uma região com grande produção de leite em pequenas e médias propriedades só consegue vender para dois laticínios locais que recebem todo o leite produzido. Keegan (2005) aponta outra forma de classificar mercados levando em consideração se ele já existe ou se tem possibilidade de manifestar‑se: 40 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II • Mercado existente: aquele que já é atendido por uma ou mais empresas. Já há como dimensionar seu tamanho e ter outros dados como crescimento, volume de dinheiro movimentado, unidades vendidas, tipos de produtos mais consumidos etc. • Mercado potencial: pode sersubdividido em latente e incipiente: — Latente: se um mercado tem necessidade não satisfeita, descobrir essa necessidade é uma tarefa difícil até para as pesquisas. Um exemplo é o caso do lançamento de aparelhos de fax, inventado por empresas estadunidenses. Durante as pesquisas de aceitação, seus idealizadores erraram ao enfocar o aspecto econômico. Como o preço do envio do fax era superior ao de uma carta enviada pelo correio, concluíram que a invenção não teria sucesso. Os japoneses, ao contrário, enfocaram os benefícios, analisaram o processo de introdução de computadores e fotocopiadoras no mercado e concluíram que, à medida que fossem sendo usados, os aparelhos ficariam populares. Acertaram na estratégia, tornando‑se os maiores fabricantes mundiais de aparelhos de fax. — Incipiente (principiante): um mercado que está no início de sua trajetória e possui muito para ser explorado. O profissional de marketing deve tomar todas as providências para que esse mercado seja explorado ao máximo. 3.5 Como as empresas atuam no mercado global A forma de responder às oportunidades de operação simultânea em diversas partes do mundo depende de como as organizações enxergam as necessidades locais de região, isto é, depende da orientação ou visão de mundo da administração. Analisando a forma de atuação de organizações de todo mundo, podemos identificar quatro tipos de orientações, de acordo com a classificação de Keegan e Green (2006) das empresas globais. Empresas de gestão etnocêntrica São aquelas para as quais as operações de comércio exterior são vistas como secundárias. Essas empresas consideram‑se superiores em relação às outras e enxergam o mercado mundial como doméstico, elas não imprimem qualquer tipo de alteração nos esforços de marketing, produtos ou estratégias, salvo algumas pequenas exceções. A própria empresa fabrica, testa e aprova seus produtos, que seguem para outros mercados exatamente com a mesma modelagem de seu próprio território. Esse tipo de visão abrange dois modelos de empresas: • Empresas domésticas: aquelas que não operam fora de seus países de origem, mesmo havendo oportunidade. • Empresas internacionais: as que operam fora de seus países de origem, levando seus produtos para o mercado intencional sem qualquer tipo de adaptação. Nesse tipo de empresa, as operações no exterior são consideradas secundárias e subordinadas às operações domésticas. Nesse caso, os mercados internacionais são considerados meio de escoamento do excedente de produção, 41 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL os planos de ação não são específicos para cada região atendida, repetindo as mesmas políticas praticadas na origem, pois são desprezadas quaisquer necessidades particulares dos mercados. Lembrete Etnocentrismo é a predisposição de certas empresas em preocupar‑se com a sua viabilidade mundial, com legitimidade apenas em seu país de origem, onde todas as suas ações estratégicas são preparadas. Empresas de gestão policêntrica As empresas policêntricas são exatamente o oposto das etnocêntricas: suas subsidiárias ou filiais e encarregam‑se de desenvolver estratégias de marketing em seus próprios mercados em que estão sediadas, levando sempre em conta as características do mercado onde seus produtos estão sendo inseridos. Nessas empresas, há vários centros de decisão e a linha de produtos pode ser diversificada, porém, sem a necessidade de estender a todas as subsidiárias ou filiais. É a orientação típica das empresas conhecidas como multinacionais, que desenvolvem estratégias específicas em cada subsidiária. Observação Orientação policêntrica é a predisposição de uma empresa em recorrer a existência de diferenças culturais locais significativas nos mercados, exigindo que a operação em cada país seja vista de forma independente. Empresas de gestão regiocêntrica Tais empresas consideram as áreas de atuação como únicas e desenvolvem estratégias regionais integradas. Normalmente, a sede dessas empresas fica no país considerado mais importante da região. O mais interessante nesse tipo de empresa é o fato de poder tomar atitudes sem ter de submetê‑las à matriz. Um exemplo desse tipo de gestão é a Ford na América do Sul, que tem sua sede em São Paulo, onde as decisões, até certo nível de importância para a região, poderão ser tomadas localmente. Porém, as decisões de maior vulto (em âmbito mais global) são tomadas na sede mundial da Ford, nos Estados Unidos. Empresas de gestão tipo geocêntrica Elas funcionam como etnocêntricas e policêntricas, ou seja, procuram identificar as semelhanças e as diferenças entre os países onde atuam ou pretendem entrar, desenvolvendo estratégias globais que atendam simultaneamente às necessidades do comércio onde operam e ao entendimento dos desejos locais. Agem globalmente de modo que suas pesquisas de mercado particularizem pontos de interesse da empresa e do consumidor local. 42 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II 3.6 Estágios de desenvolvimento de mercado Cavusgil (1980) descreve os estágios naturais que as organizações passam ao longo do processo de internacionalização: • Estágio 1 – marketing doméstico: atuação local de empresas nacionais e estrangeiras. Tendem a ser etnocêntricas, preocupando‑se apenas com as necessidades locais, dando pouca atenção aos acontecimentos globais. • Estágio 2 – marketing de exportação: caracteriza‑se por pedidos encaminhados por clientes estrangeiros. A saturação do mercado local pode, muitas vezes, levar a empresa a exportar. • Estágio 3 – marketing internacional: surge a partir do momento em que o marketing de exportação já se tornou parte integrante da empresa. Nesse estágio, a empresa passa a ter uma orientação policêntrica, ou seja, enfocando as adaptações que forem necessárias (no produto, na comunicação etc.). Para fortalecer a posição competitiva, produtos e promoções são adaptados caso isso seja necessário para atender às necessidades locais. Essas adaptações podem ocorrer no país de origem ou dar início à fabricação local em função de transporte, tarifas e regulamentações diversas. O marketing internacional pode evoluir para o multidoméstico – situação em que a empresa estabelece várias subsidiárias independentes. Nesse caso, é possível observar diferentes linhas de produtos, posicionamento de produto e preço. Também nesse caso a empresa deixa de obter benefícios de economia de escala. O marketing multidoméstico é útil quando os mercados de atuação apresentam muitas diferenças. Vejamos este exemplo: a Philips e a Unilever têm sido historicamente multidomésticas em orientação, embora estejam coordenando de alguns países algumas ações regionais. • Estágio 4 – marketing multinacional: a empresa vende seus produtos em vários países e sua administração percebe os benefícios da economia de escala em desenvolvimento de produto, produção e marketing, consolidando algumas de suas atividades. A abordagem centrada na região sugere que o planejamento do produto pode ser padronizado dentro da região (países vizinhos e semelhantes). • Estágio 5 – marketing global: refere‑se às atividades de marketing que são praticadas pelas empresas e enfatizam: — redução das ineficiências de custo e da duplicidade de esforços entre suas subsidiárias nacionais e regionais; — oportunidades para a transferência de produtos, marcas e outras ideias para suas subsidiárias nacionais e regionais; e 43 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL — surgimento de clientes globais e a melhoria dos vínculos entre infraestrutura de marketing nacional que levam ao desenvolvimento de uma infraestrutura de marketing global. O marketing global não implica necessariamente a padronização dos produtos, da promoção de vendas, do preço e da distribuição mundial; ao contrário,é a disposição proativa para a adoção de uma perspectiva global no desenvolvimento de estudos de mercado. 3.7 Renda per capita e concorrência Em planos de expansão de mercado global, a renda individual é uma informação importante para a decisão de participação e elaboração de estratégias. Para produtos de preço mais baixo, a população é um indicador de potencial do mercado, mas para os produtos de valor mais alto a renda é o indicador de potencial mais importantes. É importante lembrar que mercado é um grupo de pessoas dispostas e com condições de consumir determinado. Além da renda, o PIB e o Produto Nacional Bruto – PNB são outros indicadores usados para comparar os preços dos produtos e a renda individual para se chegar a paridade do poder de compra que representa o quanto uma moeda pode comprar no local da sua emissão. O PIB, o PNB e outras medidas de rendas são avaliadas e comparadas ao preço do produto para analisar a paridade do poder de compra, que é o quanto uma moeda nacional pode comprar no próprio país. Observação PIB é a soma, em valores monetários, de todos os bens e serviços produzidos em um país, em certo período de tempo, mensura o nível de atividade econômica de uma região. PNB é a soma de todas as riquezas produzidas por um país em território nacional ou não, durante determinado período; considera, portanto, o que o país produz no exterior por meio de suas empresas. A comparação da paridade de compra entre países é mais eficiente que analisar apenas o PIB ou PNB per capita. Rendas per capita menores, de até US$ 5,000, são destinadas, em grande parte, para despesas com alimentação e com outros itens de necessidade básica, sobrando pouca renda pessoal disponível para o consumo de itens nem tão necessários. Porém, quando a renda per capita chega ao patamar de US$ 10.000 ou mais, há um montante maior que pode ser destinado para despesas não consideradas básicas. Isso porque o monte necessário para as despesas básicas (alimentação, moradia etc.) não aumenta na mesma proporção em que a renda também aumenta. De forma geral, em todo o mundo, observa‑se que pessoas com nacionalidade, nível educacional, formação acadêmica, cultura, estilo de vida e acesso a informação diferentes, mas com renda igual 44 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II ou superior a US$ 10,000 desfruta de poder de compra bastante satisfatório. Esse fenômeno iguala as pessoas no que diz respeito às suas aspirações, mesmo sendo de perfis diferentes, e acabam tanto adotando hábitos bastante semelhantes quanto consumindo os mesmos produtos. A análise isolada do PIB ou do PNB não conclui uma informação real sobre o poder de comprada população. O Brasil, em 2014, ficou em 10º lugar entre os países de maior PIB, no entanto, a maior parte da população brasileira não chega a uma renda per capta de US$ 5,000. Quadro 6 – Países com os maiores PIB País 2014 2013 2012 2011 2010 Estados Unidos 17.049.027,00 16.237.746,00 15.684.750,00 15.075.675,00 14.498.925,00 China 9.951.936,00 9.020.309,00 8.227.037,00 7.321.986,00 5.930.393,00 Japão 5.285.274,00 5.149.897,00 5.963.969,00 5.897.015,00 5.495.387,00 Alemanha 3.660.934,00 3.597.965,00 3.400.579,00 3.607.364,00 3.312.193,00 França 2.789.030,00 2.739.274,00 2.608.699,00 2.778.085,00 2.570.592,00 Brasil 2.623.866,00 2.456.663,00 2.395.968,00 2.492.907,00 2.142.926,00 Reino Unido 2.503.861,00 2.422.921,00 2.440.505,00 2.431.530,00 2.267.482,00 Fonte: FMI (2013). 3.8 Ciclo do comércio do produto internacional Keegan e Green (2006) explicam que o comércio também passa por estágios, da mesma forma que os produtos, resultando em ciclos. Porém, a forma de analisar o ciclo de comércio de produtos é enfocada em como os países comportam‑se com relação ao lançamento e à adoção de produtos. O ciclo de comércio de produto mostra com precisão como se deu a evolução do mercado internacional por meio da identificação das categorias de países onde ocorriam a produção e as exportações de determinados produtos. O que se percebe é que países de alta renda e, portanto, detentores não somente de alto consumo como também de expertise na fabricação, eram os responsáveis pela introdução dos produtos lançados no mercado internacional, exportando‑os. Quando o produto entrava na fase de crescimento, os exportadores passavam a ser os países de renda média; quando atingiam a maturidade, da produção e da exportação encarregavam‑se os países de renda baixa. O ciclo de produção, exportação e consumo de aparelhos de videocassetes exemplifica bem o ciclo de comércio de produtos. A Sony e a JVC, empresas japonesas fabricantes de produtos eletrônicos, lançaram os aparelhos de videocassete nos anos 1970. Essas empresas eram as únicas fabricantes desse tipo de equipamento, abastecendo não só mercado local, como também 45 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL o mundial. O bem sucedido nível de consumo dos videocassetes fomentou o aparecimento de outros fabricantes na Coreia, país de renda média, com todas as condições de fabricar o produto a preços mais baixos, mantendo a qualidade. Dessa forma, outra camada da população mundial foi atingida pelo produto. Assim que as vendas dos equipamentos coreanos ficaram estáveis, foi a vez de países de baixa renda passarem a fabricar o produto, que eram vendidos a preços inferiores a US$ 100. O fluxo que ocorreu é o da abordagem em cascata, conforme você pode verificar na figura a seguir: Abordagem em cascata Alto Baixo Tempo PN B Países industrializados Países emergentes Países menos desenvolvidos Figura 5 – Ciclo de comércio do produto internacional Com base nessa experiência, os gestores de marketing desenvolveram uma nova estratégia com o objetivo de lançar produtos em diversos mercados simultaneamente, estabelecendo assim a abordagem em chuveiro. Abordagem do chuveiro Países industrializados Países emergentes Países menos desenvolvidos Figura 6 – Ciclo de comércio do produto internacional Nessa abordagem, o lançamento de determinados produtos ocorre em todas as categorias de países ao mesmo tempo. Como exemplo, veja os lançamentos dos iPhones da Apple e a estreia de filmes de cinema (inclusive de séries de TV): tudo lançado em uma pequena janela de tempo em vários países do mundo. 46 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II 3.9 Liderança e organização em operações globais A opção de participar de negócios em nível global exige que as empresas desenvolvam um alto nível de liderança em seus mercados. Essa liderança está intimamente relacionada ao nível de diferencial que empresa consegue empreender e, para isso, deverá desenvolver a capacidade de formulação e de implementação de estratégias globais que tragam como resultado para o negócio alto grau de aprendizado, alta capacidade de responder demandas e forte empenho de seus colaboradores que, por sua vez, devem administrar questões de ordem imediata (locais) e alinhar a estratégia global aos objetivos do negócio local. Observação Para a empresa de atuação global é imprescindível ter visão estratégica também global somada à sensibilidade para o atendimento das necessidades locais. A liderança, portanto, depende fortemente, entre outras coisas, da combinação de equipes e de posturas. No que diz respeito às equipes, estas devem ser enxutas e ter autonomia para que as unidades adquiram competitividade. Poucas camadas na hierarquia favorecem tanto a comunicação entre os membros que estão na sede e nas unidades espalhadas pelo mundo, bem como as tomadas de decisão; os membros, através de sua especialidade, colaboram com o entendimento das necessidades locais e contribuem com o alinhamento estratégico entre visão global e atendimento dessas necessidades. Equipes reduzidas verticalmente também colaboram com a reduçãode custos e com a capacidade de reação frente aos mercados. A definição de uma postura única é outro fator importante que alinha as equipes, consolidando o perfil de empresa global. O entendimento uniforme dessas posturas que se traduzem em valores de uma empresa deve levar em conta aspectos inerentes ao perfil de uma empresa global, como a existência de um corpo diretivo composto por pessoas de diferentes nacionalidades, a necessidade de um lugar determinado para a realização de reuniões de diretoria, a experiência internacional anterior dos membros do corpo diretivo, a dedicação dos líderes às diversas unidades internacionais de forma equilibrada, a definição adequada das sedes das unidades de negócios, a composição equilibrada do número de gerentes, os programas de carreira, as métricas de desempenho e os programas de incentivo que favoreçam os times locais e globais. O tamanho das empresas varia, bem como os potenciais de mercados globais e, por isso, do ponto de vista organizacional, não existe uma prática específica para a estruturação das empresas globais. O que norteia a estruturação organizacional – divisões por produtos ou mercados, reporte direto ou matricial dos membros etc. – é a operação ideal que responda aos objetivos estratégicos que levaram a empresa a operar de forma global. A organização de uma empresa voltada para marketing internacional tem foco em definir uma estrutura que possibilite respostas às diferenças dos diversos mercados globais, além de 47 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL assegurar a difusão do conhecimento corporativo de cada mercado nacional por todo o ambiente da empresa. Uma empresa geograficamente dispersa não pode limitar seu conhecimento a produto, função e território de origem. O pessoal da empresa tem de conhecer o complexo conjunto de arranjos sociais, políticos, econômicos e institucionais que existe dentro de cada mercado internacional (KEEGAN, 2005, p. 374). Quando uma empresa decide expandir suas fronteiras, surge a questão de como será essa estrutura. A quem delegar responsabilidade? É necessário criar uma divisão internacional ou as operações são diretas? As filiais ou subsidiárias de cada país‑alvo devem reportar‑se à presidência ou a outro nível de executivo? E, uma vez dicidido e com a operação em crescimento, qual nova estrutura deve ser adotada para suportar o crescimento? As atividades de coordenação e de direção das empresas internacionais atingem maior ou menor complexidade de acordo com os níveis de crescimento atingidos. As funções relacionadas à direção ficam nas mãos de diversas pessoas que estão, por sua vez, alocadas em departamentos e divisões diversas que são criadas conforme deve‑se dar a operação. Assim, fica fácil concluir que há diferentes formas de organização entre as empresas globais. Keegan (2005) nota que normalmente as empresas dão início às suas expansões internacionais iniciais com estruturas mais simples (denominadas de divisão pré‑internacional), com reporte direto ao presidente. As atividades de staff (marketing, produção, finanças etc.) são doméstica, ou seja, são localizadas no país de origem. Existem dois padrões observados de organização pré‑internacional: com e sem divisão de produtos. Um exemplo da estrutura sem divisão de produtos pode ser visto quando se desenha uma indústria de calçados cujas atividades de marketing, produção, finanças etc. são realizadas no país de origem, cabendo às subsidiárias executar o planejamento e vender nos seus países as linhas de calçados definidas. Presidente Subsidiárias estrangeiras Marketing Produção País 1 País 2 País 3 P&D Finanças Planejamento Recursos Humanos Staff corporativo Figura 7 – Estrutura corporativa funcional, com orientação de staff corporativo doméstico, divisão pré‑internacional 48 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Um exemplo da estrutura com divisão de produtos pode ser visto quando se planeja uma indústria de confecção com divisões de roupas masculina, feminina e infantil. As atividades de marketing, produção, finanças etc. são realizadas no país de origem, cabendo às subsidiárias executar o planejamento e vender nos seus países os produtos de pelo menos uma das divisões. Presidente Marketing Produção Divisão A Divisão B Divisão C Divisão D P&D Finanças Planejamento Recursos Humanos Staff corporativo País 1 País 2 País 3 Subsidiárias estrangeiras Divisões de produtos Figura 8 – Estrutura corporativa divisional, com staff de divisão de produtos orientado domesticamente, divisão pré‑internacional Note que, nas duas estruturas anteriores, as subsidiárias respondem diretamente ao presidente. O staff corporativo presta auxílio às necessidades locais de cada subsidiária. Como já comentado anteriormente, à medida que a empresa cresce, seja no volume das operações, seja na diversificação de linhas produtos e serviços, surge a necessidade de evoluir a estrutura com mais níveis de gestão que adquirem poder de decisão, bem como dividem a empresa de acordo com a forma como elas veem o mercado. Estamos falando de estruturas com divisões internacionais. As razões que levam as empresas a decidirem‑se pela estruturação de divisão internacional são: • Crescimento da necessidade dedicação às operações globais da alta administração. • Nível de complexidade das operações internacionais, o que implica no estabelecimento de gerências sêniores locais para tomadas de decisão e elaboração de estratégias para entrada e manutenção de mercados locais. • Necessidade de profissionais especializados para o atendimento das demandas específicas geradas pelos mercados locais. • Entendimento por parte da alta administração de que a avaliação da competitividade local requer enfoque específico, e não apenas uma visão global. Há dois padrões para estruturas com divisões internacionais: uma tem um staff específico para a divisão internacional e a outra vale‑se desse mesmo staff para os mercados doméstico e internacional. 49 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Na estrutura a seguir, a divisão Internacional tem seu próprio staff para atender as subsidiárias, e não há divisões de produtos. Para entender melhor: a equipe de marketing do mercado doméstico é diferente da equipe de marketing do mercado internacional, e isso vale para as outras funções de staff. Presidente Vice‑presidente de divisão internacional 1, ..., enésima subsidiária internacional Marketing Marketing Produção Produção P&D P&D Finanças Finanças Planejamento Planejamento Recursos Humanos Recursos Humanos Staff corporativo Staff da divisão internacional Figura 9 – Estrutura corporativa funcional, com orientação de staff corporativo doméstico, divisão internacional Na estrutura seguinte, a divisão internacional é atendida pelo mesmo staff que atende as divisões domésticas. Note que o status da divisão internacional equivale às outras divisões domésticas. Presidente Gerenciamento de linha 1, ..., enésima subsidiária internacional Marketing Produção P&D Finanças Planejamento Recursos Humanos Divisão internacional Staff corporativo Divisão A Divisão B Divisão C Divisão D Figura 10 – Estrutura corporativa divisional, com staff corporativo orientado domesticamente, divisões orientadas por produto, divisão internacional 50 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Outra situação é quando a empresa verifica que há similaridades de ordem econômica, social, geográfica e política em determinada região/continente e, por esse motivo, estabelece o gerenciamento regional. Nesse caso, o gerencialmente regional é responsável por decisões voltadas à linha de fornecimento e preços de produtos, além de participar dos trabalhosde planejamento e controle das operações de cada país pertencente à região tendo em vista a utilização dos recursos corporativos. Nesse caso, replicam‑se as duas estruturas anteriores acrescentando a responsabilidade de gerentes de área (ou de continentes). Portanto, há dois padrões para estruturas com divisões internacionais com divisão de áreas (ou regiões): uma tem um staff específico para a divisão internacional e a outra utiliza o mesmo staff para os mercados doméstico e internacional. Na estrutura a seguir, note que cada área/região (nomeada como continente, no caso) tem seu próprio staff. Assim, as decisões comuns aos mercados cobertos pela área/região são tomadas por pessoal específico. Presidente Vice‑presidente de divisão internacional Gerente de área continente 1 Gerente de área continente 2 Gerente de área continente 3 Gerente de área continente 4 Subsidiária internacional Subsidiária internacional Subsidiária internacional Subsidiária internacional Staff de área Staff de área Staff de área Staff de área Marketing Marketing Produção Produção P&D P&D Finanças Finanças Planejamento Planejamento Recursos Humanos Recursos Humanos Staff corporativo Staff da divisão internacional Figura 11 – Estrutura corporativa funcional, com orientação de staff corporativo doméstico, divisão internacional e divisões de áreas Na estrutura seguinte, note que o status da divisão internacional é equivalente às outras divisões, e que cada área/ região tem seu próprio staff. Esse arranjo é típico de empresas com alta importância do mercado doméstico no faturamento, já que as divisões domésticas têm importância equivalente à única divisão internacional. 51 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Gerente de área continente 1 Gerente de área continente 2 Gerente de área continente 3 Gerente de área continente 4 Subsidiária internacional Subsidiária internacional Subsidiária internacional Subsidiária internacional Staff de área Staff de área Staff de área Staff de área Staff da divisão internacional Presidente Gerenciamento de linha Marketing Produção P&D Finanças Planejamento Recursos Humanos Divisão internacional Staff corporativo Divisão A Divisão B Divisão C Divisão D Figura 12 – Estrutura corporativa divisional, com staff corporativo orientado domesticamente, divisão internacional, subdivisões de área) Empresas de negócio único são aquelas que possuem linhas de produto estreitamente relacionadas. São exemplos disso as companhias petrolíferas internacionais que encaram o mercado doméstico como mais um a atender, além de, por terem um único negócio (petróleo e derivados), não têm divisões de produto. Na estrutura a seguir, note que a empresa já é estruturada geograficamente, e o status do mercado do país de origem equivale aos outros mercados internacionais, e que cada área/região tem seu próprio staff. Presidente Continente 1 Continente 2 Continente 3 Continente 4 1, ..., enésima subsidiária internacional 1, ..., enésima subsidiária internacional 1, ..., enésima subsidiária internacional 1, ..., enésima subsidiária internacional Staff de área Staff de área Staff de área Staff de área Marketing Produção P&D Finanças Planejamento Recursos Humanos Staff corporativo Figura 13 – Empresa de negócio único Há, ainda, um padrão de estrutura organizacional em função da gestão responsável por produtos globais. Nesse caso, a estrutura geográfica está dentro de cada divisão de produto. 52 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Na estrutura que segue, cada divisão de produto tem seu próprio staff para decisões de marketing, produção, finanças etc., além de dois departamentos internacionais para cada área/continente. Um exemplo típico é o de grandes corporações, como a Samsung, que comercializa eletroeletrônicos, produtos químicos, navios, semicondutores e outros – cada divisão de produto tem sua divisão geográfica com staff específico. CEO/Presidente Continente 1 Continente 2 Continente 3 1, ..., enésima subsidiária internacional, cada uma com staff e linha 1, ..., enésima subsidiária internacional, cada uma com staff e linha 1, ..., enésima subsidiária internacional, cada uma com staff e linha Marketing Divisão A Divisão B Divisão C Produção P&D Finanças Planejamento Recursos Humanos Staff corporativo MKTG MKTG MKTGProd. Prod. Prod.P&D P&D P&DFin. Fin. Fin.Planej. Planej. Planej.RH RH RH Figura 14 – Estrutura corporativa mundial de divisão por produto, com orientação de staff corporativo mundial (empresa multidivisional)) O padrão organizacional mais sofisticado demanda quatro competências essenciais em termos globais: • Conhecimento geográfico: entendimento profundo das características sociais, econômicas, culturais e políticas dos países‑alvo. A filial/subsidiária do país é o recurso utilizado para adquirir este conhecimento. • Conhecimento e know‑how do produto: os gerentes das divisões de produto devem conhecer profundamente seus produtos, características, vantagens e desvantagens (incluindo problemas ambientais), em termos globais. • Competência funcional em finanças, produção e marketing: o staff corporativo mundial deve ser altamente especializado e deve contribuir para o desenvolvimento de competência funcional nas instâncias inferiores de staffs regionais/locais. Por exemplo: é comum que a nomeação/ contratação de gerentes de marketing das filiais/subsidiárias sejam revistas pelo gerente de marketing corporativo. • Conhecimento do cliente ou setor e suas necessidades: o entendimento especializado do setor e das necessidades dos clientes é dever tanto do staff corporativo quanto do local, e frequentemente o corporativo auxilia os locais nos esforços de melhoria no setor. 53 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL A estrutura matricial oferece duas linhas de reporte para o staff: uma formal e outra de coordenação. A tarefa do staff é buscar equilíbrio desses reportes. A estrutura a seguir ilustra uma organização matricial para atendimento ao mercado internacional. O staff local de marketing, por exemplo, reporta‑se ao staff de marketing corporativo, e é coordenado pelo responsável de sua região (como o presidente local). Assim, as estratégias são definidas pelo staff de marketing corporativo e implantadas pelo staff de marketing local, coordenado pelo presidente daquela filial/subsidiária. Presidente mundial – CEO Finanças P&D Produção Recursos Humanos Industrias globais Divisão de negócio 1 Divisão de negócio 2 Divisão de negócio 3 Marketing Divisão 1 Região 1 Divisão 2 Região 1 Divisão 1 Região 1 Divisão 1 Região 2 Divisão 2 Região 2 Divisão 1 Região 2 Divisão 1 Região 3 Divisão 3 Região 3 Divisão 1 Região 3 Finanças P&D Produção Recursos Humanos Marketing Staff corporativo Staff local Indústrias regionais Figura 15 – Estrutura corporativa mundial matricial Portanto, podemos concluir que há vários padrões de organização de empresas internacionalizadas, e que cabe à alta direção decidir quais estruturas serão as mais adequadas para cada fase de crescimento de operações globais. 4 TIPOS DE AMBIENTE ECONÔMICO GLOBAL 4.1 Ambiente social e cultural Eu preciso realmente de uma impressora japonesa? Será que se a sociedade utilizasse e comprasse somente o de que precisa, o mundo seria o que é hoje? Será que tudo estaria como está na atualidade? E essa economia estaria em que situação? Como viveríamos? Ou esses pensamentos são simplesmente pura utopia? A construção de culturas é o que distingue a espécie humana das demais. Essas culturas apesar de universais, apresentam características específicas que as identificam, e todas possuem algum aparato que lhes permite obter de seu ambiente natural tudoaquilo de que precisam para sobreviver. Esses aparatos são, portanto, importantes para compor os sistemas de produção e distribuição do bens produzidos. 54 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II As sociedades desenvolvem algum tipo relacionamento, tanto estabelecendo parentescos, quanto associações independentes dos laços de sangue; em geral, funcionam sob algum tipo de controle social. Além disso, possuem uma filosofia de vida normalmente de configuração baseada em algum sistema religioso. As culturas também criam e perpetuam cantos, danças, expressões gráficas e plásticas, que lhes proporcionam vivências estéticas, e a linguagem tem a função de transmitir ideias e construir relacionamentos. As sociedades ainda possuem um sistema de sanções e valores que lhes confere significados à vida e garante a união e a solidariedade entre seus membros. O nível sociocultural do Brasil e do mundo, hoje, assemelha‑se a um labirinto sem saída. Estamos vivendo a “era do tudo”, ou seja, tudo para mais e tudo para menos, matemática que não computará resultado satisfatório, talvez nem some resultado algum: é como se apanhássemos uma balança, dispondo de um lado 100 kg e, do outro, 0. A desigualdade avança quase sem via intermediária. Os habitantes de determinados lugares representam sua população absoluta. Portanto, se dissermos que a Terra tem mais de 6 bilhões de habitantes, estimaremos uma proporção para todo o planeta. Morning (2008) descreve que a avaliação da população de um determinado lugar, o que deverá ser considerado sempre, refere‑se à “população relativa”, que é apenas um conceito de distribuição para determinado local. Tais dados são aproximados de tal forma que até mesmo a ONU e o BM enfrentam dificuldades para realizar essas pesquisas com precisão. Tal dificuldade advém do recenseamento mundial falho, este explicável por vários motivos: países com território muito amplo, falta de alcance comunicativo, distâncias a percorrer, entre outros. Devem ser computados também países que não fornecem uma pesquisa totalmente confiável. Portanto, não há como fazer uma pesquisa que revele, tampouco numere a “verdadeira” face do mundo. Claro que diversos países têm processos próprios de realizar censos demográficos, inclusive o Brasil, mas não todos. Quadro 7 – Evolução da população residente Grandes regiões 1991 2000 2001 Brasil 146.825.475 169.799.170 190.755.799 Norte 10.030.556 12.900.704 15.864.454 Nordeste 42.497.540 47.741.711 53.081.950 Sudeste 62.740.401 72.412.411 80.364.410 Sul 22.129.377 25.107.616 27.386.891 Centro‑oeste 9.427.601 11.636.728 14.058.094 Fonte: IBGE (2012). Segundo o Censo do IBGE, o Brasil tinha, em 2010, 190.755.799 habitantes. Em 2014, esse número subiu para 202.656.788 pessoas. 55 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Em termos mundiais, o que é feito, na realidade, é o recenseamento mais perfeito possível e que se aproxime da realidade (MORNING, 2008). A geografia humana vale‑se de dois conceitos para tentar avaliar e projetar a população mundial: populoso e povoado. Isso se deve à distribuição populacional não homogênea. Quando dizemos que um país é populoso, estamos levando em conta sua população total, também chamada de população absoluta. Já o termo povoado se refere à população relativa, ou seja, ao número de pessoas que residem em determinada área. A esse resultado dá‑se o nome de densidade demográfica (DANELLI, 2009, p. 38). A Ásia é o continente mais populoso e mais povoado do mundo. A Oceania, por sua vez, é considerada um continente pouco povoado. E a maior densidade demográfica da Terra está na Europa Centro‑Ocidental: Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Alemanha e Reino Unido. Quadro 8 – Países mais populosos do mundo em 2014 1 China 1,355,692,576 2 Índia 1,236,344,631 3 União Europeia * 511,434,812 4 EUA 318,892,103 5 Indonésia 253,609,643 6 Brasil 202,656,788 7 Paquistão 196,174,380 8 Nigéria 177,155,754 9 Bangladesh 166,280,712 10 Rússia 142,470,272 11 Japão 127,103,388 12 México 120,286,655 * Somatória dos países da U.E. Fonte: CIA (2014). Além da quantidade, devemos levar em consideração as características que diferenciam as populações, como a renda, por exemplo: há casos que vão da riqueza até a mais absoluta miséria. Existem países que, apesar da tecnologia avançada, possuem uma população vivendo em extrema pobreza, bastante suscetível à fome e a doenças infectocontagiosas. A Índia, por exemplo, apesar de ter esse padrão, com uma superpopulação, não tem a maior densidade demográfica mundial e está no mesmo patamar que a Bélgica. De uma forma geral, a população mais jovem concentra‑se nas sociedades pobres e com poucos recursos, uma vez que vivem em países de renda baixa ou média‑baixa, que ainda se industrializaram pouco ou nada. Grande parte dessa população ainda vive da agricultura e possui fraca urbanização, de modo que se torna necessário a tais países investir em saúde, educação e qualificação de mão de obra para poderem competir no mercado econômico global. A maioria desses países está localizada na região da África Subsaariana. 56 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Carvalho (2001) aponta que, ao longo do século XX, começou a surgir uma população madura, ou envelhecida, e em consequência disso a população adulta em alguns países europeus envelheceu com pouca reposição de população mais jovem, como Suécia, Dinamarca, França e Bélgica. Esses países, marcados pelo envelhecimento populacional, tiveram de buscar imigrantes para suprir a mão de obra; mais tarde, houve a retração do mercado de trabalho, além de problemas como a rejeição, o choque cultural e a xenofobia demonstrada por antigos habitantes. Ainda havia os problemas com o sistema previdenciário, o atendimento ao idoso etc. De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, o IDH é a medida comparativa utilizada na classificação dos países em relação ao desenvolvimento humano: • países desenvolvidos: grau muito alto de desenvolvimento humano; • países em desenvolvimento: desenvolvimento humano médio‑alto; • países subdesenvolvidos: desenvolvimento humano baixo. Para o cálculo dos índices, é preciso levar em conta algumas informações recolhidas, como: expectativa de vida ao nascer, educação, PIB e renda per capita (indicadores de vida padrão). O PNUD publica anualmente um Relatório de Desenvolvimento Humano – RDH Global, com dados de interesse internacional, bem como o cálculo do IDH de grande parte dos países do mundo. O IDH é bastante utilizado por governos e organizações locais, além de empresas, no intuito de medir o desenvolvimento de entidades como estados, cidades, vilas e aldeias. Observação O RDH foi criado pelo economista paquistanês Mahbub Ul Haq, em 1990, na intenção de desviar a atenção da renda baseada em PIB e focalizar no ser humano. Quanto à cultura, Abbagnano (2012) define‑a como os modos de vida criados por um grupo de seres humanos e transmitidos de geração em geração. Na Índia, por parte da população, o consumo de carne bovina é considerado uma aberração, por motivos culturais, já que as vacas são, para eles, animais sagrados. Por isso, o McDonald’s indiano não oferece o Big Mac, nem qualquer outro produto que tenha carne bovina em sua composição (SILVA, 2012). Em algumas regiões da Ásia, é comum a criação de cachorros para consumo – um prato considerado especial (PINHEIRO‑MACHADO, 2011). Para nós, ocidentais, esses hábitos podem parecer estranhos, mas apenas se fitarmos o mundo com os filtros culturais aos quais estamos já nos acostumamos e, de certa forma, condicionados. 57 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL O significado das cores também é de importância e interesse.Em países muçulmanos, o verde é associado à beleza, ao passo que, em países asiáticos, é à doença; o branco produz efeito de limpeza e paz no ocidente, diferentemente de algumas regiões da Ásia, nos quais é a cor do luto. A partir de tais exemplos, depreendemos o quanto a cultura exerce influência sobre a conceituação de tudo ao nosso redor. Em âmbito mais comercial, a cultura também pode influenciar a atitude de uma sociedade em relação a categorias de produtos. A cultura estadunidense, por exemplo, dá à população uma grande predisposição em aceitar produtos inovadores, que poupem trabalho. Por essa razão, a faca elétrica foi um grande exemplo que alcançou sucesso ao ser lançada nesse mercado. Outro fator muito importante que influi a atitude de compra é a renda. Quanto maior a renda, mais propenso a experimentar novidades será o consumidor. Uma indagação dos profissionais de marketing é a possível existência de alguns traços culturais universais que permitam a padronização de uma campanha de marketing. Segundo um estudo de antropologia, as culturas possuem alguns traços comuns, como prática esportiva, dança, arte, tabus alimentares, luto, linguagem, horários de refeição, religião, namoro e outros. Um estudo de mercado pode revelar como usar uma linguagem única para atingir diferentes culturas. Walker (2002) argumenta que as culturas podem ser agrupadas pelo modo como encaram a formalidade social, o que abre espaço para a existência de culturas de alto e baixo contexto. Nas culturas de alto contexto, a palavra da pessoa, ao firmar um contrato, é mais importante que o papel assinado. No Brasil da década de 1950, era comum dizer que se assinava “com um fio de bigode”, ou seja, empenhava‑se sua palavra e cumpria‑se o prometido. O Japão é, hoje, um exemplo de país de alto contexto, uma vez que o sentido de dever e honra substitui as sanções legais. Assim, as negociações acabam sendo lentas, pois cada parte faz questão de conhecer a outra. Já nas culturas de baixo contexto, os negócios são feitos com poucas informações sobre o caráter dos participantes. Aqui, o importante são os documentos assinados e as sanções previstas para o caso de descumprimento do contrato. Quadro 9 – Comparativo de culturas de alto e baixo contexto Fatores/Dimensões Alto contexto Baixo contexto Advogados Menos importante Muito importante A palavra da pessoa Sua garantia Não confie, tenha tudo por escrito Responsabilidade pelo erro organizacional Tomada no sentido mais estrito Relegada ao mais baixo nível Espaço As pessoas convivem em espaços exíguos As pessoas mantêm um espaço vital em torno de si e rejeitam intromissões Tempo Policrômica (tudo na vida deve ser feito em seu próprio ritmo) Monocrômica (tempo é dinheiro). Linear (uma coisa de cada vez) 58 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Negociações Demoradas (um propósito importante é permitir que as partes se conheçam) Fazer tudo rapidamente Propostas competitivas Infrequentes Comuns Exemplos nacionais/regionais Japão, Oriente Médio Estados Unidos, norte da Europa Fonte: Keegan; Green (2006, p. 97). A Samsung, empresa de tecnologia sul‑coreana, é uma organização globalizada. Seus gerentes são treinados para pensar, sentir e agir de maneira diferente em relação ao que estão acostumados, de modo a conseguir lidar com todos seus diferentes clientes. Assim, na fase de treinamento, um gerente pode ser mandado a um país para observar o comportamento local por meses seguidos. Sua única tarefa será aprender o idioma e frequentar o comércio, observando como as pessoas se comportam durante as compras. Esse tipo de experiência é considerado fundamental para os funcionários da empresa, caso um dia ela chegue a fazer negócios com o país em questão, pois é a partir da cultura e dos costumes do país que é possível compreender o gosto do público‑alvo e, assim, realizar um negócio acertado (KEEGAN, 2005). Dessa maneira, levando em consideração os desejos e as necessidades de um público‑alvo internacional a que se deseja atender, geralmente se tornam necessárias modificações no produto ou serviço. Mas que adequações ou modificações seriam essas? Isso está ligado ao posicionamento internacional da marca, do produto ou serviço no exterior. Por exemplo, a Coca‑Cola muda a concentração de seu xarope e o nível de açúcar dependendo da região do mundo onde o produto está sendo vendido. A suspensão de automóveis alemães é reforçada para serem comercializados na Índia, pois as estradas têm péssima pavimentação. Outro dos grandes desafios do comércio entre países está em compreender as comunicações verbal e não verbal. Observação Na língua japonesa, pode‑se afirmar ou negar uma pergunta. Por exemplo: diante da pergunta “Você não gosta de estudar?”, a resposta “Sim” quer dizer “Sim, eu não gosto de estudar”, ao passo que o “Não” negaria a pergunta: “Não, eu gosto de estudar.” Portanto, para evitar enganos, é preciso estudar e compreender bem as minúcias e os hábitos de cada lugar. Os desafios da comunicação não verbal são também imensos. Prieto (2012) conta que, no Oriente Médio, é ofensivo mostrar a sola do sapato para outro; e, no Japão, curvar‑se é mostrar respeito. Dessa maneira, estudar tais nuances são essenciais para que os profissionais evitem problemas na negociação. 59 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Ele ainda comenta que os ocidentais são muito centrados em si mesmos, adotando táticas de negociação que podem causar problemas se confrontadas com outras culturas. A compreensão das culturas que cercam o mundo e os estudos sobre esse assunto foram realizados tendo em vista a melhoria da capacidade de transformar a comunicação em algo comum e de acesso a todos. Assim, a base da comunicação internacional, a qual se impunham tantos entraves décadas atrás, já avançou na era digital: o computador e o telefone celular adiantaram o mundo em dezenas de anos, principalmente para os exportadores/importadores. Agora a comunicação com o outro lado do planeta tornou‑se tarefa exequível em segundos. Logicamente, houve uma melhora significativa em diversos aspectos, pois se tornou possível conhecer outras culturas, moedas, políticas e tudo sobre países com os quais se pretende comercializar. No entanto, diante desse contexto, o profissional de marketing precisa estar sempre alerta, porque o volume das informações muitas vezes não permite absorção total em tempo hábil. Segundo o antropólogo e psicólogo social Geert Hofstede (apud TEORIA, 2011), as culturas das nações podem ser listadas em quatro dimensões, a saber: • distância do poder: até que ponto as pessoas aceitam a distribuição desigual do poder na sociedade; • cultura individual e coletiva: reflete o grau de integração de grupos e indivíduos na sociedade – nas culturas individuais, as pessoas preocupam‑se consigo e com a família, já, nas culturas coletivas, as pessoas estão integradas em grupos coesos; • masculinidade e feminilidade: na dimensão masculina, o papel dos homens é ser competitivo e preocupado com as providências materiais, enquanto as mulheres cuidam da casa e dos filhos; já, na dimensão feminina, os papéis de homens e mulheres confundem‑se.; • aversão ao risco: em algumas sociedades, as pessoas sentem‑se mal diante de incertezas e situações ambíguas; outras, ao contrário, têm comportamento mais contemplativo e tolerante. Saiba mais Leia como essa teoria de Geert Hofstede desenvolveu‑se em: TEORIA das dimensões culturais. Portal gestão, 2011. Disponível em: <https://www.portal‑gestao.com/ item/6675‑teoria‑das‑dimens%C3%B5es‑culturais‑geert‑hofstede.html>. Acesso em: 25 jun. 2015. 60 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II Por meio da análise pelas dimensões, antropólogos e economistas procuram prever o comportamento das sociedades.Assim, a maneira como os profissionais percebem as necessidades do mercado é baseada em sua experiência cultural. Para que isso não provoque distorções, pesquisadores criaram sistemas de análise que buscam eliminar as referências culturais da análise. Um deles é o critério de autoanálise e percepção de quatro passos (PIPKIN, 2009): • definir o problema segundo os hábitos e as normas do país de origem; • definir o problema segundo os hábitos e as normas do país de destino; • isolar a influência do critério de autorreferência; • redefinir o problema e resolvê‑lo segundo os critérios do país de destino. 4.1.1 Sensibilidade ambiental Sensibilidade ambiental é o grau de adaptação dos produtos às necessidades culturais específicas dos diferentes mercados nacionais. Produtos sem sensibilidade ambiental não exigem grandes adaptações aos ambientes dos diversos mercados. São produtos basicamente universais e, por isso, a empresa que os produz gastará relativamente menos tempo para determinar as condições especÍficas e peculiares dos mercados locais. 4.1.2 Teoria da difusão Vários estudos descrevem o processo pelo qual um indivíduo adota uma nova ideia (ou, no caso de marketing, um novo produto). Rogers (2003) verificou um padrão de semelhança e dividiu esse processo em três conceitos: processo de adoção, características das inovações e categorias de adotantes. • Processo de adoção: dá‑se em cinco estágios mentais pelos quais um indivíduo passa desde o momento em que toma conhecimento de uma novidade até o momento da sua adoção ou compra: — Conscientização: quando o consumidor tem o primeiro contato e as fontes de informação pessoal são muito importantes (propaganda, indicação de conhecidos etc.). — Interesse: o consumidor quer ter mais informações e está suficientemente interessado. — Avaliação: avaliação mental dos benefícios do produto e da possibilidade de atender suas necessidades atuais de futuras. 61 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL — Experimentação: tentativa de testar o produto antes de comprar. Quanto mais caro o produto, maior a necessidade de experimentação (exemplo: test‑drive de carros). Em produtos mais baratos, a experimentação normalmente é a própria compra, a não ser que haja degustação ou amostras à disposição. — Adoção: a compra propriamente dita e sua repetição, se atendida a expectativa. • Características das inovações: cinco fatores que afetam o ritmo de adoção de inovações: — Vantagem relativa: diferenças e vantagens de um produto sobre outro, aos olhos do consumidor. Quanto maior a vantagem relativa substancial, maior probabilidade de rápida adoção. Exemplo: TV por assinatura versus assinatura de streaming, como NetFlix. Se o cliente preferir assistir em qualquer lugar, o streaming ganhará, se preferir ter acesso a vários canais, a TV por assinatura ganhará. — Compatibilidade: entre produto, além de valores do momento, e experiências anteriores de quem o adota. Exemplo: celulares versus smartphones. Se o cliente só pretende fazer ligações, o celular ganha; se quiser também navegar na internet, o smartphone ganhará. — Complexidade: a facilidade de uso pode aumentar ou reduzir a taxa de adoção. Esse é um fator importante em países de baixo índice de alfabetização. Exemplo: sites de e‑commerce chineses só foram realmente utilizados por brasileiros após a barreira da língua ter sido superada. — Divisibilidade: as enormes diferenças entre os níveis de renda em todo o mundo resultam em produtos com diferentes apresentações de tamanho/quantidade. — Comunicabilidade: os benefícios de um novo produto devem ser passados claramente para o público‑alvo sob o risco de não serem entendidos e/ou diferenciados. • Categorias de adotantes: refere‑se à classificação de indivíduos dentro de um mercado tomando por base sua capacidade (ou interesse) em adotar o novo produto. Rogers (2003) postulou que a adoção é um fenômeno social caracterizado por uma curva de distribuição normal. Conforme pode ser visto no gráfico a seguir, uma minoria (estimada em 2,5% do total de compradores) adota o produto assim que lançado. Depois, uma nova leva adota o produto (mais 13,5% estimados) e assim por diante. Inovadores (2,5%) Adotadores (13,5%) Maioria inicial (34%) Maioria tardia (34%) Retardatários (16%) Figura 16 – Categorias de adotantes 62 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II A essa classificação, foram atribuídas cinco categorias: • inovadores; • adotadores; • maioria inicial; • maioria tardia; • retardatários. Os inovadores tendem a aventurar‑se mais, além de serem cosmopolitas e mais ricos. Os adotadores são pessoas influentes em suas comunidades – com grande influência nos grupos maioria inicial e maioria tardia (até mais que os inovadores) –, formam um grupo crítico, costumam ser mais jovens, têm status mais elevado e melhor situação financeira que os da maioria inicial. O preceito da distribuição normal se dá pelo princípio interativo. Um adotante conta sua experiência para outros indivíduos. A adoção de uma nova ideia ou produto é resultante de uma interação social. Lembre‑se de seus conhecidos que já têm smartphone há anos: são os inovadores, foram os primeiros a comprar, ou adotadores, se levaram algum tempo. Agora, pense naqueles que só recentemente compraram seu primeiro smartphone: são os retardatários. 4.2 Ambientes político, jurídico e normativo No campo legal e político, o marketing está, e sempre estará, sujeito às regras do importador, com algumas poucas ressalvas. Diante de fatores como barreiras alfandegárias, leis do país de destino e tipo de relação entre os dois países no que se refere ao comércio exterior, uma coisa é certa: o risco político existe em qualquer operação externa, razão pela qual há que se fazer um profundo estudo antes de se aventurar no mercado internacional. Como já referimos anteriormente, as empresas trabalham de acordo com suas visões, de modo que existem cartéis, trustes, monopólios, oligopólios etc. Assim, podemos dizer que o mercado funciona com probabilidades, e não determinantes. O mercado pode funcionar a partir de suas próprias leis, mas também se pode consolidar um funcionamento interativo entre interesses individuais e a concorrência. O comércio funciona a partir da lei mais simples: a da oferta e procura. Toda empresa está sujeita à lei de seu país, pois se trata de uma entidade constituída legalmente com objetivos bem definidos e que possui um estatuto ou contrato social que rege o seu funcionamento e 63 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL o relacionamento entre sócios ou cotistas. Pode ser constituída como uma sociedade simples, em nome coletivo, em comandita simples, sociedade limitada e sociedade anônima, de acordo com o Código Civil Brasileiro. Em marketing internacional, é preciso conhecer as bases do Direito Internacional Público (MOTTA, 2010). Trata‑se do conjunto de normas que regem as relações diretas e indiretas entre estados e organismos internacionais como a ONU, OIT etc. Os Estados sujeitam‑se às normas por considerar que são justas e necessárias à paz mundial. Sempre que há desrespeito às normas, o Estado prejudicado pode requerer que os órgãos internacionais imponham sanções ao transgressor. As disputas podem ser levadas ao Tribunal de Justiça Internacional, órgão da ONU fundado em 1946. O tribunal julgará o caso baseado: • nas convenções internacionais; • nos costumes aceitos como lei; • nos princípios gerais de lei de países civilizados; • nos ensinamentos de especialistas. No caso de desobediência à sentença, o país prejudicado pode apelar ao Conselho de Segurança de ONU para impor sanções econômicas ao país faltoso. No caso de países islâmicos, a lei confunde‑se com dois livros sagrados: o Corão e o Hadith,que ditam como os muçulmanos devem agir, inclusive nos negócios (WEISE, 2014). Assim, os profissionais de marketing que pretendem comercializar com esse bloco devem ter um entendimento mínimo sobre a lei islâmica. Quanto ao tema da propriedade intelectual, as patentes e os registros são barreiras importantes utilizadas pelas empresas, a fim de evitar a concorrência direta de outros fabricantes. A existência de patente em um país, porém, não garante que essa proteção valha para outros países. Há, inclusive, países que não reconhecem patentes. A primeira tentativa de padronizar o reconhecimento de patente data do final do século XIX, quando cem países assinaram um acordo para dar legitimidade às patentes obtidas em qualquer país signatário. De lá para cá, vários outros acordos foram celebrados. Além do não reconhecimento de patentes, uma das maiores ameaças aos direitos de propriedade intelectual são a falsificação e a pirataria. A falsificação atinge principalmente as marcas líderes de mercado, ao passo que a pirataria atinge os DVDs e softwares. Outro tema debatido no comércio internacional é o suborno a governantes durante o fechamento de negócios. Um dos casos mais famosos foi o presente que o dono de uma siderúrgica deu à amante do 64 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II sobrinho do czar da Rússia, no início do século XX, no valor de US$ 200 mil. Em retribuição, a siderúrgica ganhou o contrato para ser a única fornecedora de trilhos da Transiberiana, uma ferrovia de 9.289 quilômetros de extensão. Mas quais as implicações éticas do suborno a governantes corruptos? Essa é uma questão muito discutida hoje em dia. A partir do crescimento do comércio com os países do Leste Europeu e da Ásia principalmente, as empresas estão deparando com sistemas em que a corrupção é disseminada. O que fazer? A algumas empresas, a lei proíbe a oferta de propinas; já outras não possuem essa restrição. Segundo um levantamento do Departamento de Comércio dos Estados Unidos, em um único ano, as empresas estadunidenses perderam cerca de cem contratos no valor de US$ 45 bilhões para concorrentes estrangeiros que usaram o suborno como argumento para vencer. Por causa disso, alguns profissionais de marketing defendem a posição de que, se do outro lado da mesa de negociação houver um corrupto, e, na disputa, empresas dispostas a ceder à corrupção, não resta alternativa senão ceder também. Por outro lado, as pressões legais e da própria sociedade civil estão forçando as empresas a adotarem procedimentos de governança corporativa que asseguram transparência nas atividades, afastando cada vez mais a possibilidade de envolvimento em casos de corrupção. Com a nacionalização das refinarias de petróleo da Bolívia, em 2007, uma das empresas que saiu prejudicada foi a Petrobras, uma vez que investe no país há dezenas de anos. Esse é um dos riscos das atividades em outros países, principalmente em sociedades com sistemas políticos frágeis. Mas, mesmo em países de tradição de respeito às leis, existem ameaças. Em 1996, por exemplo, em retaliação ao fato de Cuba ter derrubado dois aviões estadunidenses, o presidente dos Estados Unidos assinou um ato permitindo que investidores estadunidenses processem empresas que negociem com ex‑empresas estadunidenses confiscadas por Cuba. O risco político existe em todas as operações externas e deve ser analisado antes da decisão de investir num mercado. Quanto menor o risco de mudanças políticas, mais atrativo é o país para receber investimento. Outro fator a ser analisado é a legislação do lugar. Na Alemanha, por exemplo, as empresas arcam com os custos do processamento do lixo. Essa foi uma maneira que o governo alemão encontrou para forçar as empresas a usar produtos recicláveis. No mesmo sentido, a União Europeia instituiu o rótulo ecológico para produtos que são produzidos em respeito ao meio ambiente. Assim, o produto que utiliza esse rótulo é mais bem aceito pelo consumidor europeu e tem maiores chances de sucesso. Fatores como barreiras alfandegárias e leis do país de destino podem inviabilizar toda uma operação de internacionalização de uma empresa ou de seus produtos. Cabe aos investidores fazer um estudo dos aspectos legais e políticos do país de destino, com o intuito de saber se existe a possibilidade de lograr êxito com a operação pretendida. 65 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 MARKETING INTERNACIONAL Quanto aos impostos, com as facilidades de comunicação e deslocamento, é comum empresas serem fundadas em um local, operarem em outro e manterem sua sede num terceiro. Muitas empresas agem assim para diminuir a carga tributária, pois podem redistribuir custos entre filiais e concentrar os lucros onde a alíquota de imposto é menor. Estima‑se que as empresas que comercializam nos Estados Unidos deixam de recolher US$ 3 bilhões anualmente ao governo daquele país. Não há leis internacionais que taxem as empresas que operam fora das fronteiras. Ao lidar com as mudanças legais, não existe um único caminho. As principais lições das experiências nos países são: ouvir os gerentes locais, prever as mudanças e preparar‑se para elas, de modo que não há uma posição pré‑definida, nem como analisar todas as alternativas. Lembrete A pior medida para o capital estrangeiro é a expropriação, como aconteceu com a Petrobras na Bolívia. A empresa perde a posse da propriedade e pode até não ser indenizada adequadamente. Qualquer empresa que tenha ou queira ter operações comerciais fora de seu país deve avaliar e entender a estrutura governamental do país‑alvo e verificar as atitudes do partido do governo com relação a soberania, risco político, impostos, ameaças de controle sobre participação de capital e expropriação. • Soberania: — Autoridade política suprema e independente. — Estende‑se sobre a regulamentação do comércio, fluxo de pessoas para dentro e fora das fronteiras. — Jurisdição única sobre pessoas e propriedades. • Risco político: — Risco de mudança governamental capaz de afetar significativamente a capacidade da empresa de operar com eficácia e lucro naquele país. — Quanto menor o risco país, maior é a atratividade para investimentos estrangeiros. — O grau do risco país é inversamente proporcional ao estágio de desenvolvimento econômico do país. 66 Re vi sã o: G us ta vo - D ia gr am aç ão : M ár ci o - 25 -0 6- 20 15 Unidade II • Impostos: — Muitas empresas tentam diminuir suas obrigações com impostos mudando a localização de sua renda (origem em um país, negócios em um segundo país e sede em um terceiro país). — Existe também a prática de “empréstimos” às coligadas, em vez de aplicação dos recursos em investimentos diretos – as coligadas debitam os juros relativos ao empréstimo de suas margens de lucro, reduzindo a sua carga tributária. — Como não há leis que regulamentam a incidência de impostos sobre empresas que fazem negócios em outros países, muitos governos fazem acordos tributários bilaterais que possibilitem e garantam o crédito fiscal. • Controle sobre participação de capital: — A pressão por controle sobre as empresas é comum nos países de baixa renda. — Nesse caso, a meta do governo é proteger o direito de soberania nacional. — Em países emergentes, as pressões políticas muitas vezes levam as empresas a ter sócios locais. Observação Veja o caso de empresas que enfrentaram pressão por controle de participação de capital: Segundo Keegan e Green (2006), em 1973, a Índia publicou uma lei que restringia em 40% a participação estrangeira nas suas empresas locais. As empresas internacionais adotaram quatro estratégias diferentes para lidar com a mudança: 1. A Colgate seguiu a lei à risca e tornou‑se uma empresa indiana, mantendo sua liderança no mercado. 2. A IBM saiu do país, pois achou que não compensava adaptar suas operações. 3. A Ciba‑Geigy
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