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Victória Machado Calil – 2026.1 Vitaminas lipossolúveis · Vitaminas se subdividem em: - Hidrossolúveis: Complexo B e Ácido ascórbico - Lipossolúveis: Vitaminas A, D, K e E · OBS: Cai muito em prova os nomes químicos das vitaminas. Ex: Tiamina é Vitamina B1, Riboflavina é B2, etc. · Vitamina K é a única que tem função de coenzima. · Características: - As lipossolúveis são digeridas, absorvidas e metabolizadas por lipídios da dieta. - São transportadas por lipoproteínas, de forma a não serem perdidas facilmente na urina. - Podem formar depósitos, tendo o potencial de serem tóxicas em grandes quantidades. - São armazenadas pelo fígado e tecido adiposo. Por isso, um dos primeiros sinais de intoxicação de vitaminas lipossolúveis é a hepatite. - São eliminadas pela circulação enterohepática, que é a circulação entre o fígado e intestino. - Somente 5% dessas vitaminas são eliminadas, e isso pelas fezes. Por isso, há risco de alta concentração e sua reposição deve ser muito cuidadosa. - Xenical: Inibe a lipase intestinal, não absorvendo de 30% da gordura e, assim, eliminando-a pelas fezes. Com isso, grande parte de vitaminas lipossolúveis não são absorvidas. O xenical é um exemplo de medicamento que faz isso, mas outros também podem ter esse poder de inibição da lipase intestinal. · Possíveis causas de má absorção das vitaminas lipossolúveis: Doenças hepáticas ou da vesícula biliar, doença inflamatória intestinal (ex: doença de Crohn, doença celíaca...) e fibrose cística. · Vitamina A: · Formas ativas: Retinol (álcool), retinal (aldeído) e ácido retinóico (ácido carboxílico). · O armazenamento é feito no fígado pela forma de retinol palmitato. · São moléculas formadas a partir do Betacaroteno ou outros carotenoides. · Betacaroteno: é obtido pela dieta, por vegetais, e é a pró-vitamina A. Além disso, ele é hidrossolúvel. · Metabolismo: Fontes vegetais (betacaroteno) e animais (éster de retinila) - Éster de retinila perde um ácido graxo pela ação da lipase intestinal e se transforma em retinol. - Betacaroteno e retinol são as duas formas de absorção de vitamina A pelo intestino; - Betacaroteno sofre oxidação e vira retinol no intestino; - Retinol vira éster de retimila, que é forma que será a forma a ser transportada; - O transporte é feito pelos quilomícrons, que irão leva-los do intestino ao fígado; - No fígado, sofrem reação e se transforma em transretinol e é armazenado sob forma de palmitato de retimila ou retinol palmitato (um éster) · Uso da vitamina A – Saída do fígado: - Palmitato de retimila volta a ser transretinol e, depois, vira retinol. - Proteína de ligação do retinol é quem transporta o retinol do fígado para os tecidos periféricos. - Dentro do tecido alvo, o retinol vira ácido retinóico; - Ácido retinóico faz ativação genética via RNAm, atuando sobre proteínas específicas e leva à diferenciação celular. Obs: Saber o nome dos transportadores! · Principais fontes de vitamina A: Vegetais e frutas verdes escuras e amarelas, gema de ovo, manteiga e fígado. · Atuação: - Manutenção da reprodução (espermatogênese) - Manutenção da visão (ex: cegueira noturna) - Promoção do crescimento - Importante papel de renovação epitelial, então, bom para pele, cabelo, unha... - Usado em tratamento de lesões de pele perto de articulações, que causam a descamação (fissoríase); - Tratamento de leucemia, acne severa (roacutan), canceres de pulmão, etc. · Função esteroide: É uma de suas funções por atuar à nível de tecido epitelial de alta proliferação e atividade nuclear. Para isso, ocorre o seguinte processo: - O retinol é levado até um tecido pela proteína ligante do retinol. - O retinol entra na célula do tecido e é oxidado, virando acido retinóico. - Esse ácido entra no núcleo e lá irá se ligar a um receptor de acido retinoico. - Forma-se um complexo ativo, que irá se ligar à cromatina e fazer uma mutação de um gene, atuando sobre a transcrição e expressão gênica. · Ciclo visual (Ciclo de Wald): - Cones e bastonetes são compostos pelo 11-cis-retinal. Este se liga à proteína opsina e forma a rodopsina. - Rodopsina é um pigmento sensível à luz, que na presença dela gera um estímulo para o nervo óptico. Por fim, forma-se novamente a opsina e trans retinal. - Retinal trans volta a ser 11-cis-retinal, possibilitando o começo de mais um ciclo. OBS: Esse esquema cai na prova. - Luteína e xantina, carotenoides, também são importantes para a prevenção da degeneração da mácula. · Crescimento: Sem a vitamina A, a proliferação celular será lenta e haverá baixa síntese de RNAm, levando ao baixo desenvolvimento ósseo e cerebral. · Reprodução: Mantêm a espermatogênese no homem a previne a reabsorção fetal na mulher. · Câncer de pulmão: A vitamina A atua na formação do muco nos brônquios e a falta dessa mucosa acarreta a queratinizarão do tecido. Isso leva ao aparecimento de fissuras e potenciais infecções. O mesmo ocorre no trato genitourinário. · Psoríase: Doença de pele comum, que surge em articulações, são umas cascas que coçam e descamam. Possui origem hereditária e autoimune. Pode ser tratada pela tretioína, que é o ácido retinoico em altas doses. · Acne: Aparece geralmente no dorso e no rosto. Seu tratamento pode ser por tretioína e antibióticos, além do roacutan, que é o retinol em altas doses, chamado isotretioína. Enquanto usam o roacutan, uma das restrições é não poder engravidar, pois altera a cromatina e a criança nasce com má formação encefálica e de membros. · Hiperqueratose folicular: estagio inicial de deficiência de vitamina A, caracterizado por pele áspera, aparentemente esfolada e parece, inclusive, micose. · Cegueira noturna: Ressecamento das córneas, com amolecimento e opacidade, podendo levar a uma série de infecções e, com isso, a perda da visão. Vale dizer ainda que nestes pacientes é possível notar ainda outros sintomas de deficiência de vitamina A, como a hiperqueratose folicular, cabelo ralo, etc. · Anemia: Para que o ferro seja transformado em transferrina (forma a qual será levado de fígado à periferia), é necessário retinol e ácido retinóico. · Hipervitaminose A: Deve-se evitar ingestão de quantidades diárias de retinol superiores a 7,5mg. A manifestação é por dor óssea, cor amarelada da pele e outras áreas, como uma iquiterícea; dermatite escamosa, aumento do fígado e baço e diarreia. · Vitamina E: · Grupo de 8 tocoferóis, sendo os mais importantes o alfa e o gama · Funções: - Atioxidantes, impedindo a ação deletéria dos radicais livres. Aplicação clínica: Diante de displasia mamária, histórico de câncer de mama ou mamas de difícil visualização e avaliação em exames podem ser indicadas a usar vitamina E. Isso porque essa vitamina entra no tecido adiposo da mama e a protege contra a formação de câncer de mama, além de melhorar a dor mamária da tpm. Outra administração dessa vitamina é na esteatose hepática, que é a infiltração de gordura no fígado, justamente por esse tipo de vitamina ter o poder de se impregnar nesse tecido. - Auxiliam a proteína Ubiquitina na cadeia transportadora de elétrons (ciclo de Krebs). - Aumentam a síntese de heme, melhorando a oxigenação celular. Assim, a baixa ingestão da vitamina E pode levar à anemia hemolítica. - Previne o alto nível de LDL, pois o y-tocoferol (gama tocoferol) auxilia na prevenção da oxidação do LDL. - Importante no tratamento da esteatose hepática (hepatite não alcoólica) - Prevenção de parto prematuro. · Fígado – O acúmulo de gordura leva um fígado saudável aos seguintes quadros: Esteatose hepática (acúmulo de gordura no fígado; reversível), depois à esteatohepatite (inflamação causada pela gordura, em que será notado o aumento de TGO e TGP no sangue; também reversível) e, enfim, à cirrose hepática (cicatrização do tecido; irreversível). Nesse sentido, vários trabalhos têm mostrado uma melhora desses quadros com a administração de vitamina E. Isso claro em conjunto com a melhora da alimentação, não ingestão de álcool e prática de atividades físicas. A dose diária recomendada é em torno de 800mgpor dia. · Deficiência: - geralmente associada a bebês prematuros, podendo estar ligada à anemia hemolítica, exatamente porque a vitamina E participa da síntese da hemoglobina. - Em adultos, pode estar associada a alterações na membrana dos eritrócitos e má absorção de lipídios. · Doença arterial coronariana: Tende a cair os riscos de infarto com o aumento da ingestão de vitamina E. · Alimentos ricos em vitamina E: Grãos como semente de girassol, nozes, castanha do pará, amêndoas, etc (principalmente), quinoa, azeite, kiwi, espinafre, peixe, etc. *Lembrar que a “dieta mediterrânea” é conhecida por evitar doenças coronarianas. Além disso e contudo, deve-se tomar cuidado com a ingestão desses alimentos, pois são altamente calóricos. · Vitamina K: · É a única vitamina a atuar como uma coenzima, estando associada a fatores de coagulação sanguínea. · Formas de ocorrência da vit. K (cai na prova da fmc e na prova de residência): - Vitamina K1: Filoquinona, de origem vegetal. - Vitamina K2: Menaquinona, de origem da microbiota intestinal. - Vitamina K3: Menadiona, de origem sintética. Quando o bebê nasce, ele toma uma injeção na perna com essa vitamina K3, para prevenir sangramentos, como do cordão umbilical. Essa vitamina é encontrada também com o nome de Kanakion. · Principais fontes: Verduras verdes escuras, como salsinha, espinafre, couve, brócolis, etc. Além de kiwi, pera, uvas verdes, etc. · É um anti-hemorrágico importante, por sua função pró-coagulante (estimula a coagulação). *cai na prova* - A coagulação sanguínea depende muito da vitamina K e de cálcio, que são dois cofatores que atuam na cascata de coagulação; - Na coagulação se faz a formação da rede fibrina e, para isso, é necessária a maturação dos fatores II, VII, IX e X, que são proteína inativas sintetizadas pelo fígado. - A vitamina K atua como coenzima na carboxilação dos resíduos Glutamil desses fatores, adicionando CO2 e O2. - Haverá a interação do cálcio com o a molécula. - A interação entre os cálcios das moléculas formará pontes de cálcio, permitindo a coagulação. - Essa reação ocorre na superfície das plaquetas, onde depois é formada a rede fibrina. · Anticoagulantes: Warfarina e dicumerol inibem a atuação da vitamina K. · Efeito na matriz óssea: A proteína osteocalcina da matriz óssea parece estar associada à vitamina K, pois os resíduos de carboxiglutamato (um radical formado pela vitamina K) estão relacionados ao processo de remodelação óssea. Isso é importante porque em pacientes com osteoporose, repõem-se não somente cálcio, mas também vitamina K e magnésio. · Outros benefícios: Ajuda pacientes com icterícia e com má absorção de lipídios, além de melhorar o potencial dos anticonvulsivantes. · Racumin: Veneno contra ratos que atua inibindo os fatores de coagulação dependentes da vitamina K. Com isso, o rato morre por hemorragia. · Trombose: Quando ocorre a obstrução do vaso. O perigo é o sangue se desprender, ir para o pulmão e causar uma embolia pulmonar. Nesse sentido, a vitamina K, como estimula a coagulação, não deve ser administrada, porque este cortaria o efeito dos remédios anticoagulantes que são tomados por esse indivíduo. Então, pacientes com histórico de trombose não devem comer alimentos verdes escuros, que são riscos em vitamina K. · Vitamina D: · Pré-hormônio esteroide – Esteroides que possui função hormonal · Pode ser sintetizado pela pele · Está ligada ao sistema imune e anti-inflamatório, e diferenciação e apoptose celular. · Tipos: - D2 (ergocalciferol): Vêm de vegetais, sobretudo cogumelos; - D3 (colecalciferol): Vêm de animais, sobretudo peixes gordurosos (atum, salmão, sardinhas...); - Pró-vitamina D3 – 7-deidrocolesterol: é o intermediário na síntese de colesterol e precursor da D3, que ao sofre ação da luz solar se transforma em colecalciferol. - Forma ativa da vitamina D: 1,25 diidroxicolecalciferol · A luz solar que ativa a vitamina D é rica em raios ultravioletas, que está entre 10 e 15hrs. O tempo de exposição deve ser curso, de 15 a 20 minutos por dia. O recomendado, porém, continua sendo passar filtro solar no rosto. · Independente da forma (D2 ou D3) ou da fonte, a vitamina D chega inativa ao organismo. · Vias de ativação: - Vitamina D inativa passa pelo fígado; - Sofre hidroxilação pela enzima hidroxilase hepática, transformando-se 25-hidroxivitamina D (ou colecalcitriol). Essa é forma mais abundante no plasma e a melhor armazenada, de forma que é ela quem será laboratorialmente dosada para a avaliação da vitamina D. - Passa para o rim (é o principal, mas não exclusivamente nele) e outros órgãos como células beta pancreáticas, coração, intestino, osso... - Em tal tecido, ela irá sofrer a ação da 1-alfa-hidroxilase e se transformar em sua forma ativa, que é a 1,25-di-hidroxivitamina D (ou calcitriol). Por isso o rim é visto como um órgão endócrino. · Inativação: 24-alfa-hidroxilase transformará a 1,25-hidroxivitamina D em 24,25-hidroxivitamina D, que é a forma inativa, que será eliminada. · OBS: Protocolos de tratamento do Covid apresentam a reposição de vitamina D. · Ações: - Intestino: aumenta a absorção intestinal do cálcio. Isso acontece porque a presença de calcitriol induz geneticamente a síntese da proteína ligante do cálcio (calbindina D). Esta capta o cálcio proveniente da alimentação e otimiza, assim, seu transporte e absorção (aumenta a permeabilidade do cálcio à célula) no duodeno e jejuno, com o objetivo de aumentar a calcemia. Esse mecanismo é semelhante aos hormônios esteroides. Além disso, ele também facilita a absorção do fósforo. - Estímulo à reabsorção/mineralização óssea: Junto com o PTH (inimigo da calcitonina), o calcitriol é capaz de retirar o cálcio dos ossos e coloca-lo no sangue, aumentando a calcemia. Nesse processo também haverá o aumento de fósforo. · Regulação do calcitriol: - Feedback: O alto nível de calcitriol inibe a ação da enzima 1-alfa-hidroxilase, diminuindo o nível de 25-hidroxicolecalciferol. - Paratormônio (PTH): Hormônio secretado pelas glândulas paratireoides, que ativam a enzima 1-hidroxilase. Esta vai aumentar a síntese de calcitriol e, com a ajuda deste, tirar o cálcio dos ossos. Além disso, o PTH também estimula a reabsorção renal de cálcio e excreção do fosfato (fosfatúria). Assim, ele é um hormônio hipercalcemiante. - Baixos níveis de fosfato ativam as enzimas 1-hidroxilase para que haja a síntese de calcitriol (que facilita a absorção do fosfato). · OBS: Calcitonina: - Faz o oposto do calcitriol, depositando cálcio nos ossos. - Produzida pelas células parafoliculares ou células C. - Ela diminui a ação absortiva e a produção de novos osteoclastos. - Quando os níveis de cálcio no sangue estão altos, ela promove uma calciúria. · Hormônios reguladores: - Estradiol: hormônio gonadal que contribui para a absorção intestinal. - Estrogênio: hormônio gonadal, ovariano, que aumenta a sobrevida de osteoblastos e estimula a apoptose de osteoclastos. Então, ele estimula a construção óssea. Por isso, mulheres na menopausa, em que há menor atividade ovariana, a sobrevida dos osteoblastos diminui e a reabsorção óssea aumenta, levando à osteoporose. - Glicocorticoides: Hormônio adrenal que aumenta a reabsorção óssea, leva à perda renal de cálcio e reduz a absorção intestinal deste. Com isso há o aumento do risco para osteoporose. · Deficiência de vitamina D: - Raquitismo: matriz óssea com pouca mineralização da matriz óssea de colágeno, gerando ossos dobráveis. Ocorre em crianças. - Osteomalácia: É a desmineralização do osso, expondo o indivíduo a fraturas. Ocorre em adultos. - Raquitismo renal: insuficiência renal crônica, acarretando a não produção de calcitriol. Isso leva à hiperfosfatemia e hipocalcemia, justamente pela falta da atividade da 1-alfa-hidroxilase. O PTH aumenta muito nesse caso para tentar compensar a falta da vitamina D no metabolismo do cálcio. Esse é um caso de hipertireoidismo secundário, pois o aumento do PTH não tem a ver com tumores ou distúrbios na tireoide, mas sim ocasionado pela queda da vitaminaD. - Toxicidade da vitamina D: Leva o aumento da absorção de cálcio, o que acarreta litíase renal (cálculos renais) e calcinose (calcificação de tecidos moles). · Causas da deficiência de 25-di-hidroxivitamina D: - Pouca exposição solar; - Pele escura (negros têm maior tendência) - Obesidade, pois a vitamina d é sequestrada pelo tecido adiposo e não atua; - Cirurgias bariátricas; - Medicamentos anticonvulsivantes; - Síndromes disabsortivas; - Síndrome nefrótica, pois não haverá a hidroxilação nos rins para ativar a vitamina D. - Hiperparatiroidismo primário, linfomas e doenças granulomatosas, pois há o aumento do PTH, o que leva à diminuição do calcitriol. - Uso de medicamentos de tratamento de doenças retrovirais, como HIV, pois diminui a atividade das enzimas que participam da via de ativação da vitamina D. · Quando dosar vitamina D: - Raquitismo - osteomalácea - insuficiência hepática - hiperparatireodismo - obesos - grávidas - Pacientes que passaram por certas cirurgias, como a bariátrica; - Pacientes que usam certas medicações, como anticonvulsivantes, glicocorticoides, antifúngicos, colestiramina (usado para colesterol, que diminui a absorção de gordura pelo intestino) e antirretrovirais.
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