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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 2 SUMÁRIO 01.PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................. 6 1.1 Princípio do devido processo legal ............................................................................................... 7 1.2 Princípio da isonomia .................................................................................................................... 7 1.3 Princípio do juiz natural ou da imparcialidade do juiz ................................................................... 7 1.4 Princípio do contraditório e da ampla defesa ................................................................................ 8 1.5 Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional / princípio do acesso à justiça .................. 9 1.6 Princípio da motivação das decisões judiciais .............................................................................. 9 1.7 Princípio da boa-fé processual .................................................................................................... 10 1.8 Duração razoável do processo.................................................................................................... 10 1.9 Princípio do duplo grau de jurisdição .......................................................................................... 10 1.10 Norma processual ..................................................................................................................... 10 1.11 Princípio da proporcionalidade e razoabilidade ........................................................................ 11 1.12 Princípio da ouvida da parte contrária ...................................................................................... 11 1.13 Princípio da Legalidade: ............................................................................................................ 12 1.14 Princípio da publicidade dos atos processuais ......................................................................... 12 02.PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO ........................................................................................................ 13 2.1 Investidura ................................................................................................................................... 13 2.2 Indelegabilidade .......................................................................................................................... 13 2.3 Aderência ou territorialidade ....................................................................................................... 13 2.4 Indeclinabilidade .......................................................................................................................... 13 2.5 Inércia .......................................................................................................................................... 14 03.ATOS PROCESSUAIS ..................................................................................................................... 14 3.1 Teoria geral e espécies ............................................................................................................... 14 3.2 Nulidades..................................................................................................................................... 16 3.3 Ineficácia ..................................................................................................................................... 17 3.4 Expediente forense ..................................................................................................................... 17 04.ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO........................................................................................................... 19 05.LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL ........................................................................................... 19 06.A AÇÃO E O DIREITO DE DEFESA ............................................................................................... 20 07.PROCESSO DE CONHECIMENTO ................................................................................................ 21 7.1 Procedimentos no novo processo civil ........................................................................................ 21 08.PETIÇÃO INICIAL ............................................................................................................................ 21 8.1 Endereçamento ........................................................................................................................... 22 8.2 Da qualificação das partes .......................................................................................................... 23 8.3 Identificação da ação e fundamentação ..................................................................................... 25 8.4 Dos fatos ..................................................................................................................................... 26 8.5 Causa de pedir (o fato e o fundamento jurídico do pedido), art. 319, III .................................... 26 8.6 Dos pedidos................................................................................................................................. 27 8.7 Valor da causa ............................................................................................................................ 31 8.8 As provas com que o autor pretende demonstrar a veracidade dos fatos alegados .................. 33 8.9 A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação ........... 33 8.10 Documentos indispensáveis à propositura da demanda, art. 320: ........................................... 33 09.EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL...................................................................................................... 34 10.INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL E IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO ............................... 35 10.1 Juízo de admissibilidade: .......................................................................................................... 35 10.2 Indeferimento da petição inicial: ................................................................................................ 36 10.3 Hipóteses de indeferimento (art. 330, CPC): ............................................................................ 38 10.4 Improcedência liminar do pedido: ............................................................................................. 41 10.5 Requisitos para improcedência liminar: .................................................................................... 41 11.CITAÇÃO .......................................................................................................................................... 43 11.1 Formas de citação ..................................................................................................................... 44 11.2 Nulidade da citação ................................................................................................................... 46 11.3 Não poderá ser citado: .............................................................................................................. 47 12.MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS ....................................................... 47 12.1 Da conciliação e mediação ....................................................................................................... 48 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 3 12.3 Ausência das partes em audiência ........................................................................................... 49 12.4 Prazo para defesa .....................................................................................................................49 12.5 Mediação ................................................................................................................................... 50 12.6 Funções do mediador ................................................................................................................ 51 12.7 Conciliação e mediação envolvendo o Poder Público .............................................................. 51 12.8 A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis transacionáveis .................. 52 12.9 Audiência de conciliação após o encerramento da fase postulatória ....................................... 53 13.DO DESINTERESSE DAS PARTES ............................................................................................... 53 13.2 Prazo para defesa ..................................................................................................................... 55 14.ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 13.129/15 ............................................................................................................................................... 56 14.1 A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 ........................................ 56 15.LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ................................................................ 57 16.CUSTAS PROCESSUAIS ................................................................................................................ 60 16.1 Justiça gratuita .......................................................................................................................... 60 16.2 Má-fé na relação processual ..................................................................................................... 62 16.2 Responsabilidade por dano processual .................................................................................... 63 16.3 Dever de colaboração ............................................................................................................... 63 16.4 Processo eletrônico ................................................................................................................... 64 17.PRECLUSÃO ................................................................................................................................... 64 17.1 Preclusão temporal ................................................................................................................... 65 17.2 Preclusão lógica ........................................................................................................................ 65 17.3 Preclusão consumativa ............................................................................................................. 65 17.4 Preclusão “pro judicato” ............................................................................................................ 66 18.CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO ............................................................................................. 66 18.1 Formas de resposta: ................................................................................................................. 67 18.2 Princípio da Eventualidade ou da concentração de defesa: ..................................................... 67 18.3 Ônus da impugnação especificada: .......................................................................................... 68 18.4 Prazo para contestação: ........................................................................................................... 69 18.5 Preliminares: ............................................................................................................................. 70 18.6 Defesas que devem ser alegadas fora da contestação ou que podem ser alegadas depois da contestação: ...................................................................................................................................... 78 18.7 Aditamento ou indeferimento da contestação: .......................................................................... 78 18.4 Reconvenção ............................................................................................................................ 79 19.REVELIA .......................................................................................................................................... 81 19.1 São efeitos da revelia: ............................................................................................................... 83 19.2 Quando a revelia não produz seus efeitos: ............................................................................... 83 19.3 Observações importantes sobre a revelia: ................................................................................ 84 20.COMPETÊNCIA ............................................................................................................................... 84 20.1 Incompetência ........................................................................................................................... 85 20.2 Modificação de competência ..................................................................................................... 87 21.SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO....................................................................................................... 88 21.1 Arguição de impedimento ou suspeição ................................................................................... 88 21.2 Hipóteses de impedimento ........................................................................................................ 90 21.3 Hipóteses de suspeição ............................................................................................................ 91 22.RÉPLICA .......................................................................................................................................... 92 23.FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO .............................................................................. 93 23.1 Suspensão do processo ............................................................................................................ 94 24.PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES .................................................................................................. 96 25.JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO PROCESSO .......................................................................................................................................... 97 25.1 Providências preliminares ......................................................................................................... 97 25.2 Julgamento conforme estado do processo ............................................................................... 99 25.4 Julgamento antecipado do mérito ........................................................................................... 100 25.5 Julgamento antecipado parcial do mérito ............................................................................... 101 25.6 Processo calendário ................................................................................................................ 102 26.DESPACHO SANEADOR .............................................................................................................. 103 27.AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO........................................................................................................ 104 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 4 27.1 Dos atos em audiência: ........................................................................................................... 105 27.2 Antecipação e adiamento da audiência de instrução e julgamento: ....................................... 106 27.3 Conciliação ..............................................................................................................................107 27.4 Documentos da audiência ....................................................................................................... 107 27.5 Estrutura da audiência ............................................................................................................ 108 28.TEORIA GERAL DA PROVA ......................................................................................................... 109 28.1 Conceito de prova ................................................................................................................... 109 28.2 Características e objeto da prova ........................................................................................... 109 28.3 Valoração da prova ................................................................................................................. 111 28.4 A quem cabe o requerimento de produção de provas? .......................................................... 111 28.5 Ônus da prova ......................................................................................................................... 112 28.5.1 Ônus da prova em ações do consumidor ............................................................................ 114 28.6 Provas por presunção ............................................................................................................. 114 28.7 Provas ilícitas .......................................................................................................................... 115 28.8 Instrução por meio de carta precatória ou rogatória ............................................................... 115 28.9 Dever de cooperação: ............................................................................................................. 116 28.10 Prova emprestada ................................................................................................................. 117 28.11 Produção antecipada de provas ............................................................................................ 117 28.11.1Tipos de provas que podem ser antecipadas ..................................................................... 119 28.11.2 Competência ...................................................................................................................... 119 28.11.3 Petição e procedimento...................................................................................................... 119 28.11.4 Medida inaudita altera parte ............................................................................................... 121 28.11.5 Destino dos autos ............................................................................................................... 122 29.PROVAS EM ESPÉCIE.................................................................................................................. 122 29.1 Ata notarial .............................................................................................................................. 122 29.2 Depoimento pessoal ................................................................................................................ 124 29.3 Confissão: conceito ................................................................................................................. 126 29.3.1 (In)eficácia da confissão:...................................................................................................... 127 29.3.2 Classificação da confissão: .................................................................................................. 128 29.3.3 Efeitos da confissão: ............................................................................................................ 129 29.3.4 Indivisibilidade da confissão ................................................................................................. 130 29.4 Exibição de documento ou coisa: ........................................................................................... 130 29.4.1 Procedimento e efeitos da exibição requerida contra a parte .............................................. 130 29.4.2 Quando o documento ou coisa estiver em poder de terceiros: ........................................... 132 29.5 Prova documental: conceito e força probante ......................................................................... 134 29.5.1 Documentos públicos ........................................................................................................... 135 29.5.2 Documentos particulares...................................................................................................... 136 29.5.3 Alguns documentos regulados pelo CPC: ........................................................................... 138 A) Telegrama, radiograma ou qualquer outro meio de transmissão: .......................................... 138 B) Cartas e registros domésticos: ................................................................................................ 138 C) Nota escrita: ............................................................................................................................ 138 D) Livros empresariais: ................................................................................................................ 139 E) Reproduções mecânicas de coisas ou fatos: .......................................................................... 139 F) Arguição de falsidade de documento ...................................................................................... 140 29.5.4 Procedimento do incidente de falsidade .............................................................................. 140 29.5.5 Produção da prova documental ........................................................................................... 141 29.5.6 Produção de prova que pertencem à administração pública: .............................................. 142 29.5.7 Documentos eletrônicos ....................................................................................................... 143 29.6 Prova testemunhal: conceito e admissibilidade ...................................................................... 144 29.6.1 Direitos e deveres da testemunha: ...................................................................................... 146 29.6.2 Produção da prova testemunhal: ......................................................................................... 148 29.7 Prova pericial ........................................................................................................................... 151 29.8 Inspeção judicial ...................................................................................................................... 154 30.EXTINÇÃO DO PROCESSO ......................................................................................................... 155 30.1 Alegações Finais ..................................................................................................................... 155 30.2 Sentença ................................................................................................................................. 155 30.3 Sentença terminativa: extinção do processo SEM resolução do mérito ................................. 156 30.4 Sentença definitiva: extinção do processo COM resolução do mérito ................................... 160 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 5 30.5 Estrutura e formalidades da sentença .................................................................................... 161 30.6 Classificação da sentença ....................................................................................................... 163 30.7 Remessa necessária ............................................................................................................... 163 31.PRINCÍPIOSDA EXECUÇÃO ....................................................................................................... 165 31.1 Princípio da autonomia da execução ...................................................................................... 165 31.2 Princípio do título ..................................................................................................................... 165 31.3 Princípio da patrimonialidade / responsabilidade patrimonial ................................................. 165 31.4 Princípio da disponibilidade da execução ............................................................................... 166 31.5 Princípio do exato adimplemento e da utilidade ..................................................................... 166 31.6 Princípio da menor onerosidade ............................................................................................. 166 31.7 Princípio do contraditório......................................................................................................... 166 32.AS PARTES NA RELAÇÃO PROCESSUAL EXECUTIVA ............................................................ 167 33.REQUISITOS DA EXECUÇÃO ...................................................................................................... 170 33.1 Inadimplemento do devedor .................................................................................................... 170 33.2 Titulo executivo ....................................................................................................................... 171 33.2.1 Requisitos do título executivo .............................................................................................. 172 34.RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ......................................................................................... 173 34.1 Responsabilidade patrimonial de terceiros ............................................................................. 175 35.LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA....................................................................................................... 178 35.1 Liquidação provisória .............................................................................................................. 178 35.2 Liquidação de sentença parcialmente ilíquida ........................................................................ 179 35.3 Liquidação por arbitramento x Liquidação pelo procedimento comum .................................. 179 36.MEIOS DE EXECUÇÃO ................................................................................................................. 180 36.1 Execução de título extrajudicial: regras gerais........................................................................ 180 36.2 Execução por quantia certa..................................................................................................... 182 36.2.1 Processo de execução para entrega de coisa certa ............................................................ 195 36.3 Processo de execução para entrega de coisa incerta ............................................................ 197 36.4 Processo de execução de obrigação de fazer e não fazer ..................................................... 197 36.5 Execução contra fazenda pública ........................................................................................... 199 36.6 Execução de alimentos ........................................................................................................... 200 37.FRAUDE A EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES ....................................................... 200 38.CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ................................................................................................. 203 38.1 Cumprimento de sentença: obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa certa ............. 203 38.2 Cumprimento de sentença de quantia certa ........................................................................... 204 38.3 Cumprimento de sentença de quantia certa contra fazenda pública ...................................... 205 38.4 Cumprimento de sentença de prestação de alimentos ........................................................... 205 39.PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E NEGATIVAÇÃO DO NOME DO DEVEDOR .................................................................................................................................... 206 40.A HIPOTECA JUDICIÁRIA ............................................................................................................. 207 41.SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DAS EXECUÇÕES .......................................................................... 207 41.1 Suspensão das execuções ..................................................................................................... 207 41.2 Extinção das execuções .......................................................................................................... 208 42.DEFESA DO EXECUTADO ........................................................................................................... 209 42.2 Embargos à execução ............................................................................................................. 209 42.3 Procedimento dos embargos .................................................................................................. 212 42.4 Impugnação ao cumprimento de sentença ............................................................................. 220 42.4.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença .............................................. 221 43.EXCEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ....................................................................................... 225 44.DEFESA DO EXECUTADO APÓS A APRESENTAÇÃO DOS EMBARGOS ............................... 226 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 228 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 6 PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL O conflito entre pessoas e o conflito que pode resultar na instauração de um processo judicial são diferentes. No processo há a interferência judicial, na figura de um juiz, cuja a função é a de aplicar a lei ao caso concreto, na busca da pacificação social, através de um mecanismo político e ético (GONÇALVES; LENZA, 2016). Processo Civil é um dos subgrupos de processo, ainda se tem processo penal e processo do trabalho. O processo civil tem ligação com todos os demais ramos do direito, entre eles, com o Direito Constitucional. Direito material (direito primário) é aquilo que pertence a cada um, por exemplo o direito de um filho de postular alimento do pai. O direito processual (direito secundário) é aquele de pleitear perante o Estado um direito material desrespeitado, onde, através das normas de direito processual, o Estado-juiz fará valer o direito. O direito processual é formado por um conjunto de normas processuais, que, segundo Fredie Didier Jr (2016), podem ser princípios (como o devido processo legal) ou regras (como a proibição do uso de provas ilícitas). A norma é fundamental porque estrutura o modelo do processo civil brasileiro e serve de norte para compreensão de todos atos e procedimentos, portanto, além da regra é muito importante estudar os princípios do direito processual, pois visam alcançar o estado de coisas ideal. Assim, nesse primeiro problema, vamos revisar alguns dos principais princípios do processo civil. 01 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 7 1.1 Princípio do devido processo legal O princípio do devidoprocesso legal, também conhecido como due process of law, encontra-se previsto no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, que diz que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. É um princípio geral, do qual os demais princípios derivam e que regula todos os procedimentos, seja judicial, administrativo ou privado. 1.2 Princípio da isonomia Trata-se de um princípio que visa dar tratamento igual às partes, objetivando um processo justo e equilibrado. Encontra-se presente no artigo 5º, caput, da Constituição Federal, bem como no artigo 7º do CPC, com as seguintes redações: Art. 5o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes. Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Também está vinculado ao princípio da isonomia o direito ao contraditório e ampla defesa, conforme artigo 5º, inciso LV, da CF e as súmulas vinculantes número 5 e 14. A isonomia formal é aquela que busca tratamento igualitário sem levar em consideração diferenças entre os sujeitos da ação, já a isonomia real, a qual leva em consideração a peculiaridade de cada sujeito, é a famosa frase “tratar igualmente os iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”. 1.3 Princípio do juiz natural ou da imparcialidade do juiz O princípio do juiz natural determina que as partes têm direito a um julgamento realizado por um juiz competente e imparcial artigo 5º, LIII e XXXVII, da CF. O primeiro inciso dispõe que ninguém será processado nem sentenciado senão Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 8 pela autoridade competente, e o segundo, que não haverá juízo ou tribunal de exceção. Requisitos para caracterização do juiz natural: a) o julgamento deve ser proferido por alguém investido de jurisdição; b) o órgão deve ser preexistente; c) a causa deve ser submetida ao juiz competente, de acordo com as regras postas pela CF e por lei. Exceção: leis novas que suprimam o órgão ou que alterem a competência absoluta (hipóteses de lei superveniente, art. 43, CPC). Exemplo: a partir da lei 9.278/96 (vide art. 9º, da lei) a união estável deixou de ser julgada pelas Varas Cíveis comuns e passou a ser julgada pelas Varas de família, essa alteração não viola o princípio da imparcialidade do juiz. Todos os processos que ainda não haviam sido julgados, quando sobreveio lei nova, foram encaminhados às Varas de família. . 1.4 Princípio do contraditório e da ampla defesa Trata-se de um princípio muito importante, que garante às partes a oportunidade de se manifestar em todos os atos do processo, sob pena de nulidade, não podendo, assim, o juiz julgar qualquer ação sem que os litigantes tenham tido a oportunidade de se defender. Encontra amparo legal no artigo 5º, LV, CP, art. 9º e 10, do CPC. Nesse princípio podemos chamar a atenção do fato que o juiz não pode proferir nenhuma decisão sem antes ter ouvido todas as partes, nem mesmo quando se tratar de matéria que deva ser decidida de ofício. Exceção 01: quando se tratar de tutela provisória de urgência, tutela de evidência e a decisão prevista no artigo 701 (quando evidente o direito do autor, o juiz poderá deferir expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer...). É possível ocorrer um fato em que o juiz precisa decidir antes de ouvir o réu, para evitar dano irreparável ou de Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 9 difícil reparação, o direito de defesa não é afastado, somente tomado a posteriori. Exceção 02: No artigo 332, do CPC, estão descritas as hipóteses em que o juiz poderá julgar liminarmente improcedente o pedido do autor, sem mesmo citar o réu, isto não acarretará em nulidade da decisão, por ofensa ao princípio, visto que não prejudica ao réu, mas sim o autor (o que caberá apelação da liminar). Vedada a “decisão surpresa”, artigo 10, do CPC. 1.5 Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional / princípio do acesso à justiça O artigo 3º do CPC, disciplina que “não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito”, estando quase igualmente de acordo com o artigo 5º, inciso XXXV, da CF. Diante disso, não pode o Poder Judiciário deixar de amparar casos que lesionem ou ameacem lesionar algum direito. 1.6 Princípio da motivação das decisões judiciais Esse princípio disciplina que todas as decisões judiciais devem obrigatoriamente ser motivava, de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição Federal e artigo 11 do CPC, abaixo transcritos: Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. Art. 93. (...) IX. todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 10 1.7 Princípio da boa-fé processual De acordo com esse princípio as partes do processo devem sempre se comportar com boa-fé, lealdade e urbanidade. (MOTA et al., 2016, p. 579). Encontra-se previsto no artigo 5º do CPC. 1.8 Duração razoável do processo Também conhecido como princípio da celeridade processual, está previsto no artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF, garantindo que “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”. Está previsto também nos artigos 4º e 6º do CPC. 1.9 Princípio do duplo grau de jurisdição Esse princípio não se encontra expresso na Constituição Federal, mas diante de terem sido criados juízos e tribunais, cuja competência é julgar os recursos contra as decisões de primeiro grau, automaticamente estabeleceu-se o duplo grau de jurisdição, que busca reanalisar os atos judiciais que geram inconformismo na parte, através do julgamento de um órgão superior. (GONÇALVES, 2016, p. 83). Exceções: não há duplo grau de jurisdição para as ações originárias do Supremo Tribunal Federal, para embargos infringentes (previstos na lei de execução fiscal), nas hipóteses do artigo 1.013, §3º, do CPC. 1.10 Norma processual Visa disciplinar como um processo judicial deverá ser seguido, acarretando a nulidade da decisão a inobservância dos devidos procedimentos. Ainda, busca regular os meios pelos quais os envolvidos no processo se relacionam. As normas processuais se dividem em cogentes e dispositivas. As cogentes são aquelas que não dão possibilidade de escolha para a parte, como por exemplo, o prazo fixado para interpor uma apelação. Já as dispositivas dependem da vontade Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 11 das partes,como é o caso do artigo 313, inciso II, do CPC, que possibilita a suspensão do processo pela convenção das partes. 1.11 Princípio da proporcionalidade e razoabilidade De acordo com o artigo 8º do CPC, o juiz, ao aplicar as normas deverá atender os fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 1.12 Princípio da ouvida da parte contrária Conforme artigos 9 e 10 do CPC, o juiz não poderá proferir nenhuma decisão, em nenhum grau de jurisdição, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício, sem a oitiva prévia da outra parte, em regra. Exceções: a) Em tutela provisória de urgência (artigo 294 CPC); b) Tutela de evidência (art. 311, II e III): quando as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou sem súmula vinculante e se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entre do objeto custodiado, sob cominação de multa. c) Para decisões previstas no artigo 701: Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. § 1o O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo. § 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. § 3o É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quando ocorrer a hipótese do § 2o. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 12 § 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos no art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. § 5o Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916. 1.13 Princípio da Legalidade: Previsto no artigo 8º, do CPC, e artigo 5º, II, da CF. Lembrando que o direito não é apenas legal, não está somente escrito na lei (fonte formal), há as fontes formais acessórias ou indiretas: analogia, costumes, princípios gerais do direito (art. 4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), súmulas do STF (art. 103- A, e parágrafos, da CF; Lei n. 11.417/2006), decisões de mérito do STF (art. 102, §2º, da CF); e as fontes não formais: doutrina e os precedentes jurisprudenciais (salvo as súmulas vinculantes e as decisões de mérito do STF). 1.14 Princípio da publicidade dos atos processuais Está previsto nos artigos 5º, LX, 93, X, ambos da CF e artigo 11, caput, do CPC. A publicidade é mecanismo de controle das decisões judiciais. Exceção: processos que correm com segredo de justiça: o segredo de justiça ocorre, evidentemente, apenas com terceiros, não com as partes e seus procuradores. Haverá segredo de justiça quando: a) em que o exigir o interesse público ou social (art. 189, I, CPC); b) que dizem respeito a casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes (art. 189, II); c) em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade (art. 189, III); d) que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo (art. 189, IV) (GONÇALVES; LENZA, 2016). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 13 PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 2.1 Investidura De acordo com esse princípio, apenas o juiz, regularmente investido no cargo, tem competência para exercer a jurisdição, sendo que “a ausência de investidura implica óbice intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual da própria existência do processo”. (GONÇALVES, 2016, p. 104). 2.2 Indelegabilidade A função jurisdicional não poderá ser exercida por outro órgão que não o Poder Judiciário, sendo, portanto, indelegável. Isso porque afetaria o princípio constitucional do juiz natural. 2.3 Aderência ou territorialidade Ao exercer a função jurisdicional, o juiz deve-se limitar ao território nacional, bem como ao limite de sua competência. Entretanto, há casos em que os juízes devem cooperar entre si, como no caso da carta precatória. 2.4 Indeclinabilidade Trata-se de um princípio que visa garantir a tutela jurisdicional aos processos, devendo o juiz, independentemente de lacuna ou obscuridade na lei julgar a demanda. Nesse caso ele irá julgar através dos mecanismos de integração, visto que de acordo com o artigo 5º, inciso XXXV, da CF, não se “excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Encontra amparo legal também no artigo 140 do CPC. 02 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 14 2.5 Inércia Também chamado de princípio da ação ou da demanda, ou princípio da iniciativa da parte, regula que, como o juiz não tem autonomia para agir por conta própria, ou seja, de ofício, deve necessariamente ser provocado pela parte interessada, conforme o artigo 2º do CPC. ATOS PROCESSUAIS O processo consiste em uma sucessão de atos. Atos processuais são os atos humanos realizados no processo, os quais devem ser praticados em conformidade com o que determina a lei. “No entanto, o CPC flexibiliza essa regra, em especial no artigo 190, ao permitir que, nos processos em que se admite a autocomposição, as partes capazes possam estipular mudanças no procedimento e convencionar sobre o seu ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou depois do processo, com o controle do juiz” (GONÇALVES, 2016, p. 307). Um ato processual não se assemelha a um fato processual, visto que esses se realizam independentemente da vontade do agente, ocorrendo naturalmente, porém causando algum efeito ao processo, como a morte de uma das partes, por exemplo. 3.1 Teoria geral e espécies Como visto, os atos processuais são os atos praticados dentro de um processo, voluntariamente por uma das partes e que tenham alguma relevância processual. Quanto a sua forma, os atos são considerados válidos se atingirem a finalidade para a qual foram propostos. Em regra, não precisam seguir uma forma determinada, diante do princípio da instrumentalidade das formas, exceto se a lei expressamente a estipular. 03 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 15 Independentemente de sua forma, em regra, os atos processuais serão públicos. Há determinados casos, entretanto, que requerem uma proteção maior, necessitando tramitar em segredo de justiça, sendo eles (artigo 189): I - em que o exija o interesse público ou social; II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes; III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucionalà intimidade; IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo. Esses atos protegidos pelo segredo de justiça ficam restringidos à apreciação das partes e de seus procuradores, cabendo a um terceiro interessado apenas a possibilidade de ter acesso a certidão do dispositivo da sentença, do inventário e da partilha. É possível a prática de atos processuais também por meio eletrônico. Um requisito obrigatório de todos os atos e termos processuais é a utilização da língua nacional (portuguesa). Na hipótese de a parte querer juntar ao processo um documento escrito em outra língua que não a nacional, deverá necessariamente juntar também a respectiva tradução, realizada por tradutor juramentado. Os atos processuais classificam-se de acordo com a pessoa que o pratica, podendo ser ato das partes, do juiz ou dos auxiliares da justiça. a) Atos processuais das partes: previsto no artigo 200 do CPC, se subdivide em declarações unilaterais, que são os atos realizados apenas pela parte, como no caso da petição inicial, ou bilaterais, que requerem a manifestação de ambas as partes, como no caso do acordo. São atos que geram imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Os atos das partes também podem ser classificados em atos postulatórios, que exprimem a pretensão das partes (petição inicial), instrutórios, que visam provar as respectivas alegações, ou dispositivos, que são os atos que finalizam o processo. b) Atos processuais do juiz: o pronunciamento do juiz poderá ser feito através de sentenças, decisões interlocutórias e despachos. De acordo com art. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 16 203, §1º, sentença é o meio pelo qual o juiz, através dos artigos 485 e 487, finaliza a fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Decisão interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de sentença (§ 2º). E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de ofício ou a requerimento da parte (§ 3º). c) Atos processuais dos auxiliares de justiça: são os atos praticados pelo escrivão ou chefe de secretaria. Estão disciplinados nos artigos 206 a 2011 do CPC. 3.2 Nulidades Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os requisitos de validade e acarretar algum prejuízo. Se o juiz identificar uma nulidade durante o processo, ordenará que seja corrigida, avaliando, inclusive, se os atos posteriores que dele dependam também devem ser reparados (artigo 282 do CPC). A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele dependam, não prejudicando os atos posteriores independentes, conforme disciplina o artigo 281 do CPC. Após o encerramento do processo ainda haverá a possibilidade de ser alegada alguma nulidade absoluta, através da ação rescisória, entretanto, passado o prazo para a propositura da ação, a nulidade restará sanada. Já a nulidade relativa deverá ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão. Enquanto a nulidade não for identificada e o juiz não a reconhecer ela será considerada um ato válido, produzindo seus efeitos normalmente. A nulidade, nesse caso, diz respeito apenas aos atos praticados pelo juiz ou seus auxiliares, sendo que os atos praticados pelas partes, caso estejam em desconformidade com os requisitos legais, apenas não irão gerar efeitos, sendo atos ineficazes e não nulos. São exemplos de atos nulos: - As decisões prolatadas por juízes impedidos ou por juízos absolutamente incompetentes; - Falta de intervenção do Ministério Público, quando obrigatória; - A citação realizada sem obediência às formalidades legais; Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 17 - A sentença que não observe a forma prescrita em lei. (GONÇALVES, 2016, p. 322). A nulidade absoluta poderá ser decretada de ofício ou por qualquer uma das partes (exceto em alguns casos), já a relativa só poderá ser alegada pela parte interessada/prejudicada. De acordo com o artigo 277 do CPC, o ato será considerado válido pelo juiz, desde que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha sido realizado de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da instrumentalidade das formas, que diz que a forma é necessária apenas para que o ato alcance o seu objetivo, sendo que se atingir o objetivo por outro meio não existirá o vício. Exemplo: o réu é citado de forma incorreta, mas comparece à audiência e se defende. O ato que inicialmente era nulo se tornará válido. 3.3 Ineficácia A ineficácia de um ato processual ocorre quando não há a observância de alguma forma essencial ou estrutural do processo. A ineficácia, diferentemente da nulidade, não será sanada pelo decurso do tempo, podendo ser alegada a qualquer momento, ou seja, não gera a preclusão. Se for identificada a ineficácia no curso do processo, o juiz determinará que o ato seja sanado, com a renovação dos atos viciados e os seus subsequentes, e se o processo já estiver encerrado poderá ser alegada através de uma ação declaratória de ineficácia, impugnação ao cumprimento de sentença ou ação de embargos à execução. 3.4 Expediente forense Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas, conforme o artigo 212 do CPC. Esse prazo poderá ser prorrogado no caso de finalização de algum ato iniciado dentro do horário, quando o adiamento prejudicar a diligência ou causar grave dano (§1º), exceto no caso dos atos (não eletrônicos) que dependam de protocolo, sendo que esses só poderão ser realizados dentro do Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 18 horário de expediente do respectivo órgão. Já os atos processuais realizados por meio eletrônico poderão ocorrer até as 24 horas do último dia do prazo, independentemente do horário (artigo 213 do CPC). No período das férias forenses, feriados ou dias úteis fora do horário mencionado anteriormente os atos processuais não serão praticados, exceto no caso das citações, intimações, penhoras e tutelas de urgência, independentemente de autorização judicial. Ainda, durante as férias forenses também serão praticados outros atos processuais, conforme o artigo 215 do CPC. Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não se suspendem pela superveniência delas: I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e curador; III - os processos que a lei determinar. Para efeito forense, além dos declarados em lei, também consideram-se como feriados, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente nos órgãos jurisdicionais (artigo 216 do CPC). Em regra, os atos processuais se realizarão na sede do juízo (cartório ou vara judicial). Porém, de acordo com o artigo 217 do CPC, também podem se realizar em outro lugar, em razão de deferência, interesse da justiça (cartas precatórias), bem como diante da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido pelo juiz (testemunha que não tem condições de se locomover). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor LeonardoRizzolo Fetter 19 ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO A jurisdição é algo único, não se divide. Porém, é separada em algumas espécies, como a jurisdição contenciosa e voluntária, a distinção em relação ao seu objeto, órgão que a exerce e hierarquia. A jurisdição contenciosa é aquela em que o juiz interfere diretamente na demanda, julgando o processo de acordo com o que entende correto e impondo a sua vontade sobre as partes. Já na voluntária, o juiz age como um tipo de fiscal da lei, cabendo a ele apenas participar e validar alguns atos de interesse privado, como no caso da separação consensual. Quanto ao objeto e ao órgão que a exerce, a jurisdição se divide em relação ao conteúdo que será apreciado pelo Poder Judiciário. Diante disso, é definido quem tem a competência para o julgamento da demanda, que será apreciada pela justiça comum ou especial. A especial cuida das matérias trabalhista, eleitoral e militar, sobrando as demais para a justiça comum, que se subdivide em estadual e federal. E, por fim, quanto à hierarquia, a jurisdição pode ser inferior ou superior, dependendo da instância do órgão a quem compete o julgamento. LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL Como regra, a jurisdição brasileira deve se limitar ao território nacional, entretanto, em alguns casos, admite-se a aceitação de decisões de outros países, levando-se em conta alguns limites definidos nos tratados internacionais, e diante do interesse de manterem uma boa relação entre si. A competência brasileira para o julgamento das demandas está prevista no artigo 21 do CPC, que disciplina que: Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as ações em que: I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no Brasil; II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 04 05 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 20 Além dessas, cabe também à autoridade judiciária julgar as ações de alimentos quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil ou quando o réu mantiver vínculos no Brasil, como posse ou propriedade de bens. Ou, ainda, nas hipóteses de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou residência no Brasil ou em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem à jurisdição nacional. (MOTA et al., 2016, p. 586). O artigo 23 do CPC, elenca as hipóteses de competência exclusiva da jurisdição brasileira: Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de qualquer outra: I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional; III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. A AÇÃO E O DIREITO DE DEFESA Ação é o meio pelo qual as pessoas exercem o direito subjetivo de provocar o Poder Judiciário, requerendo uma solução à demanda proposta, ou seja, o meio utilizado para a defesa de seus direitos. Para a concretização desse direito é preciso seguir todo um trâmite processual. O direito de ação está previsto no artigo 5º, inciso XXXV, da CF, e trata-se de um direito independente, não estando diretamente vinculado ao direito material. Assim, mesmo que a ação seja julgada improcedente, continua existindo o direito de ação. E a demanda é o problema apresentado ao juiz, aquilo que se visa requerer com a ação proposta. 06 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 21 PROCESSO DE CONHECIMENTO 7.1 Procedimentos no novo processo civil A partir da entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, as disposições relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais (do antigo CPC, que foram revogadas) passam a seguir o procedimento comum ou um dos procedimentos especiais regulados em outras leis, conforme dispõe o artigo 1.046. Desta forma, conforme o § 1o, do referido artigo, o procedimento sumário deixa de existir nos novos processos, contudo, as ações propostas que não foram sentenciadas até a entrada em vigor do CPC, seguirão o rito sumário normalmente. Os procedimentos podem ser classificados em: a) Comuns: segue sempre o mesmo padrão, são aqueles que a lei não definir o procedimento especial. É encontrado no Livro I, Título I, da Parte Especial do CPC. b) Especiais: possuí procedimento especifico, encontrado no Título III, do mesmo livro. PETIÇÃO INICIAL O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa da parte (ou do Ministério Público, arts. 177 e 720) a partir da formulação do pedido, a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo civil, independente do rito. Será a responsável pela instauração da demanda e da tutela pública ou privada. Portanto, Petição Inicial “é o ato que dá início ao processo, e define os contornos subjetivo e objetivo da lide, dos quais o juiz não poderá desbordar” (GONÇALVES; LENZA, 2016). É por meio dela que serão identificadas as partes, o pedido e a causa do pedir do novo processo. Em regra, deve ser escrita, datada e assinada, contudo admite-se postulação oral, como por exemplo, nos Juizados Especiais Cíveis (art. 14, §3º, lei n. 9099/95), 07 08 Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 22 pedido de concessão de medidas protetivas de urgência em favor da mulher vítima de violência doméstica ou familiar (art. 12, lei n. 11340/06) e no procedimento especial da ação de alimentos (art. 3º, §1º, da lei n. 5478/68), ainda assim, a postulação oral é sempre reduzida a termo escrito (DIDIER JR, 2016). Conforme artigos 319 e 320 do CPC, a petição inicial deverá conter alguns requisitos: 8.1 Endereçamento Compreende a competência a que será dirigida a inicial, conforme inciso I, do artigo 319, do CPC. Trata-se do órgão competente para conhecer a demanda, observando, para tanto, as regras de competência funcional (como regra, previstas na Constituição Federal, Constituições Estaduais e nas leis de organização judiciária), bem como, de competência territorial (estabelecidas nos arts. 46 a 53 do CPC). O autor deve indicar o juízo a quem dirige a sua pretensão (singular ou colegiado), observando as regras de competência1. Um eventual erro não enseja no indeferimento da inicial (GONÇALVES; LENZA, 2016), mas a remessa da inicial ao correto destinatário. O endereço é feito no cabeçalho da petição inicial e deve ser observada as designações correta, por exemplo, “Comarca” é a unidade territorial da Justiça Estadual, já da Justiça Federal chama-se “Seção Judiciária”, juiz federal é o juiz da Justiça Federal, já o juiz de direito, é o juiz da Justiça Estadual. Exemplo de endereçamento: “Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da Comarca de Salvador, estado da Bahia” (DIDIER JR, 2016), ou, então, “Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da 1ª Vara Cível da Subseção Judiciária da Capital de São Paulo” ou “Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador Presidente de Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul”.1 Que pode ser: a) funcional (em razão da hierarquia); b) territorial; c) Objetiva (em razão da matéria, valor da causa ou pessoa da parte). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 23 8.2 Da qualificação das partes O CPC traz uma inovação referente a qualificação das partes na petição inicial, tratado no artigo 319, inciso II, refere que a petição agora deverá indicar além do nome, prenomes, estado civil, profissão, domicilio e residência do autor e do réu, deverá mencionar também a existência de união estável, o CPF ou CNPJ e o email (pelo qual poderá ser feita intimação ou citação, de acordo com o artigo 246, incido V do CPC). A petição não será indeferida, se na falta da indicação de uma dessas informações, ainda seja possível a citação do réu, ou então se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça, conforme §§ 2º e 3º, do artigo 319 do CPC. Ainda, o juiz tem o dever de, quando o réu não for encontrado, ou não houver dados suficientes sobre sua localização, requisitar informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de concessionárias de serviços públicos (art. 256, §3º), podendo essas diligências serem requeridas ao juiz, na petição inicial (art. 319, VII e 334, do CPC). Além do mais, a petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que lhe seja designada audiência de conciliação ou mediação (art. 334), bem como, deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo (art. 105, §2º). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c art. 104). Assim, a indicação e a qualificação completa das partes deverá conter: os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. Para as pessoas jurídicas deve ser indicado: nome da empresa, sede, número de inscrição no CNPJ, endereço eletrônico, representante da pessoa jurídica (colocar a qualificação do representante). Se o autor for absolutamente ou relativamente incapaz, deverá ser indicado a pessoa que o representa ou assiste. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 24 A qualificação é indispensável para que as partes sejam identificadas no processo, para que não sejam processadas pessoas de forma equivocada, para concessão do benefício da justiça gratuita (art. 98 e seguintes), etc. Nesse momento é muito importante que o autor identifique corretamente e da forma mais completa o réu, contudo, se o juiz identificar que não há meios para identificar o réu, ele receberá a inicial e a citação será feita por edital, na forma do artigo 256, I, do CPC. Como exemplo disso, temos as ações possessórias, quando há grandes invasões de sem-terra e não é possível identificar e qualificar os invasores, neste caso, seguirá a citação prevista no artigo 554, §1º, do CPC (serão citados os ocupantes encontrados no local, os demais serão citados por edital, também, neste caso, serão intimado o Ministério Público e a Defensoria Pública, em caso de pessoas em situação de hipossuficiência). O legislador, atento a essas circunstâncias, trouxe em sua redação (DIDIER JR, 2016): Art. 319, § 1°, CPC: Caso não disponha das informações previstas no inciso 11, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias à sua obtenção. § 2° A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso 11, for possível a citação do réu. § 3° A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso 11 deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça". A Resolução n. 46 de· Conselho Nacional de Justiça: determina que "o cadastramento de partes dos processos deverá ser realizado, prioritariamente, pelo nome ou razão social constante do cadastro de pessoas físicas ou jurídicas perante a Secretaria. Da Receita Federal do Brasil, mediante alimentação automática, observados os convênios e condições tecnológicas disponíveis" (Art. 6°, da resolução). Além disso, "na impossibilidade de cumprimento da previsão do caput, deverão ser cadastrados o nome ou razão social informada na petição inicial, vedado o uso de abreviaturas, e outros dados necessários à precisa identificação das panes (RG, título de eleitor, nome da mãe etc.), sem prejuízo de posterior adequação à denominação constante do cadastro de pessoas físicas ou jurídicas perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil (CPF/ CNPJ)" (art. 6°, par. ún.). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 25 O art. 15 da Lei n. 11.419/2006, que regulamenta o processo eletrônico, dispõe que: "Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte deverá informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o número no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, perante a Secretaria da Receita Federal". Obs. 1: Quando a parte autora for pessoa jurídica, é fundamental que a petição venha acompanhada do estatuto social e da documentação que comprove a regularidade da representação. Obs. 2: quando a parte for incapaz, deverá ser qualificado junto o seu representante legal. 8.3 Identificação da ação e fundamentação Outro requisito fundamental para pontuar na sua peça é indicar o nome da ação e o artigo que fundamenta a sua peça processual. Exemplo: Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 26 8.4 Dos fatos Após o endereçamento, qualificação das partes e indicação da peça e fundamento, o aluno deverá indicar a síntese dos fatos. De forma objetiva e clara, deverá narrar os fatos que tenham relevância para a procedência de seu pedido. 8.5 Causa de pedir (o fato e o fundamento jurídico do pedido), art. 319, III Esse é um dos requisitos de maior importância, porque vincula a ação e a sentença ao fato concreto, pois caso contrário, a sentença será extra petita. A causa de pedir é o fato ou o conjunto de fatos, o fundamento jurídico é a relação jurídica do fato com a norma, do qual o autor tem o ônus de indicar a relação, chama-se teoria da substancialização2, adotada pelo direito brasileiro. A causa de pedir e o pedido dão limites objetivos a lide. Importante que os fatos sejam escritos com clareza, mantendo a correspondência com a pretensão inicial. A falta de causa de pedir ou a falta de correspondência entre o fato e o pedido, provocam a inépcia da petição inicial, segundo artigo 330, §1º, do CPC. Quando a causa de pedir não se completa (fato e fundamento) a petição não pode ser admitida, como exemplo podemos citar as ações de responsabilidade subjetiva, nelas é necessário comprovar conduta, culpa, nexo de causalidade e dano, o direito de indenização só é admitido quando demonstrado esses quatro requisitos, a falta de um deles implica na impossibilidade de obter efeito jurídico pretendido, de forma mais exemplificada, vamos imaginar que João, dirigindo de forma imprudente, em alta velocidade dentro do seu bairro, não consegue completar uma curva e colide em um poste de luz que caiem cima da casa da Maria e destrói toda sua sala, temos a conduta de João (dirigir em alta velocidade), a culpa 2 Diferente da teoria da individualização, onde é necessária apenas a indicação da relação jurídica, efeito fato jurídico, sem que seja necessário indicar qual o fato jurídico que deu causa (DIDIER JR, 2016). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 27 (imprudência, por saber que deveria tomar os cuidados necessários para dirigir dentro de área urbana), dano (danos materiais ocorridos na residência de Maria) e nexo de causalidade (o ato de João está diretamente ligado ao dano ocorrido na casa de Maria). Neste exemplo, se o poste tivesse caído por estar velho na mesma hora em que João corria em frente à casa de Maria, não haveria nexo de causalidade entre a imprudência de João e os danos ocorridos. CUIDADO: O juiz pode-se valer de normas diferentes daquelas apontadas na inicial para resolução do conflito, mas não pode alterar os fatos, isto é, o juiz não pode ir além, ficar aquém ou fora do pedido, pode mudar a tipificação, caso tenha categorizado mal, contudo não poderá alterar os fatos. Ademais, não se deve confundir fundamento jurídico com fundamentação legal, ainda que muito próximos. No exemplo acima, a responsabilidade civil subjetiva é o fundamento jurídico para Maria requerer reparação por danos materiais em face de João. 8.6 Dos pedidos “É a pretensão que o autor leva à apreciação do juiz” (GONÇALVES; LENZA, 2016). Os pedidos devem ser expressos, certos (imediato) e determinados (mediato). Os pedidos são tão importantes que o Código de Processo Civil dedicou- lhes uma seção própria, tratando das possibilidades de pedido genérico, implícito e de cumulação de pedidos (Seção II, Capítulo II, Título I, Livro I, da Parte Especial). O pedido será composto por duas partes: i) Pedido imediato: “equivale à espécie de provimento jurisdicional esperada pelo autor, ou seja, condenação, declaração ou constituição3 (constituição ou desconstituição) (BARROSO, LETTIÉRE, 2016). Exemplo: Por todo exposto, requer a Vossa Excelência a procedência do pedido de condenação do réu ao pagamento... 3 Condenação para obetenção de uma obrigação, declaração para obtenção de manifestação acerca da existência ou não de um direito e constituição, positiva ou negativa para criar, modificar ou extinguir uma relação jurídica ou obrigação (BARROSO, LETTIÉRE, 2016). Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 28 ii) Pedido mediato: representa os efeitos práticos da tutela. Exemplo: Por todo exposto, requer a Vossa Excelência a procedência do pedido de condenação do réu ao pagamento do valor de R$10.000,00... (BARROSO, LETTIÉRE, 2016). Atenção para as exceções: i) Pedidos implícitos: exceção à regra de que os pedidos devem ser expressos: A condenação da parte vencida ao pagamento de honorários advocatícios e ao reembolso das custas judiciais adiantadas pela parte vencedora, nos termos do art. 322, §1º, do CPC. A condenação do réu ao pagamento das prestações que se vencerem no curso da demanda, conforme artigo 323, do CPC. Inclui-se no pedido incidência de juros e correção monetária (art. 322, §1º, CPC e art. 1º, da lei n. 6.899/81). A comunicação de astreintes nos casos de obrigações de fazer, não fazer ou entrega de coisa, nos termos dos artigos 497 e 536, §1º, do CPC, como a imposição de multa diária, busca e apreensão, remoção de pessoas ou coisas, força policial, etc. (BARROSO, LETTIÉRE, 2016). ii) Pedidos genéricos: representam exceções à regra que estabelece que o pedido deve ser determinado. No artigo 324, §1º, do CPC, estão elencadas as circunstâncias que o autor poderá deixar de fazer o pedido mediato, sendo posteriormente liquidado: Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 29 § 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. É lícita a cumulação de pedidos, ainda que não haja conexão entre eles (art. 327), desde que: § 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: I - os pedidos sejam compatíveis entre si; II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. § 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o procedimento comum. § 3º O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326. A cumulação de pedidos pode ser (DIDIER JR., 2016): a) Cumulação própria: simples ou sucessiva Quando se formulam vários pedidos, pretendendo-se o acolhimento simultâneo de todos eles. Está expressamente autorizado no artigo 327, do CPC. Essa cumulação poderá ser simples ou sucessiva: I) Cumulação simples: quando podem ser analisados independentemente de um ou de outro, não possuem relação lógica, não há a necessidade de exame prévio, pois são autônomos. Por exemplo as súmulas 37 e 387 do STJ. II) Cumulação sucessiva: ao contrário do anterior, os pedidos guardam relação entre si, o acolhimento de um pedido pressupõe o não acolhimento do anterior. O não acolhimento do primeiro pedido implica na rejeição do segundo pedido. Por exemplo: investigação de paternidade e alimentos. b) Cumulação imprópria: subsidiária ou alternativa Há vários pedidos, mas somente um será acolhido. Na cumulação imprópria não se aplica o requisito de compatibilidade que trata o artigo 327, I, do CPC, pois os pedidos jamais poderão ser acolhidos simultaneamente (art. 327, §3º, CPC). Os demais requisitos, de competência e identidade de procedimento sem aplicam Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil Professor Leonardo Rizzolo Fetter 30 normalmente. Estão previstos no artigo 326, caput e parágrafo único, do CPC. É dividido em (DIDIER JR.,2016): I) Cumulação eventual ou subsidiária: o demandante estabelece uma hierarquia/preferência entre os pedidos, o segundo só é analisado se o primeiro for rejeitado ou se não puder ser examinado. Assim, por exemplo, o autor poderá pedir a decretação da nulidade ou, se rejeitado o pedido, a rescisão do contrato. Devolução do bem, ou no caso de extravio, indenização em dinheiro. II) Cumulação alternativa: duas ou mais alternativas, sem expressar preferência. Somente um dos pedidos será acolhido, entretanto não hierarquia entre eles. Não se confunda com a obrigação alternativa que trata o artigo 325, do CPC, pois nela é autorizado o adimplemento por mais de uma forma, ainda que a parte não tenha formulado pedido alternativo, já na cumulação alternativa há no mínimo dois pedidos autônomos. Por exemplo: João comprou um cavalo de Caio, dois dias depois descobre que o cavalo não tem os dentes posteriores, ajuíza ação contra Caio requerendo
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