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Material de apoio Processo Civil - Leonardo Fetter

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Curso Preparatório para OAB 2ª Fase Civil 
Professor Leonardo Rizzolo Fetter 
 
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SUMÁRIO 
 
01.PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL .............................................................. 6 
1.1 Princípio do devido processo legal ............................................................................................... 7 
1.2 Princípio da isonomia .................................................................................................................... 7 
1.3 Princípio do juiz natural ou da imparcialidade do juiz ................................................................... 7 
1.4 Princípio do contraditório e da ampla defesa ................................................................................ 8 
1.5 Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional / princípio do acesso à justiça .................. 9 
1.6 Princípio da motivação das decisões judiciais .............................................................................. 9 
1.7 Princípio da boa-fé processual .................................................................................................... 10 
1.8 Duração razoável do processo.................................................................................................... 10 
1.9 Princípio do duplo grau de jurisdição .......................................................................................... 10 
1.10 Norma processual ..................................................................................................................... 10 
1.11 Princípio da proporcionalidade e razoabilidade ........................................................................ 11 
1.12 Princípio da ouvida da parte contrária ...................................................................................... 11 
1.13 Princípio da Legalidade: ............................................................................................................ 12 
1.14 Princípio da publicidade dos atos processuais ......................................................................... 12 
02.PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO ........................................................................................................ 13 
2.1 Investidura ................................................................................................................................... 13 
2.2 Indelegabilidade .......................................................................................................................... 13 
2.3 Aderência ou territorialidade ....................................................................................................... 13 
2.4 Indeclinabilidade .......................................................................................................................... 13 
2.5 Inércia .......................................................................................................................................... 14 
03.ATOS PROCESSUAIS ..................................................................................................................... 14 
3.1 Teoria geral e espécies ............................................................................................................... 14 
3.2 Nulidades..................................................................................................................................... 16 
3.3 Ineficácia ..................................................................................................................................... 17 
3.4 Expediente forense ..................................................................................................................... 17 
04.ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO........................................................................................................... 19 
05.LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL ........................................................................................... 19 
06.A AÇÃO E O DIREITO DE DEFESA ............................................................................................... 20 
07.PROCESSO DE CONHECIMENTO ................................................................................................ 21 
7.1 Procedimentos no novo processo civil ........................................................................................ 21 
08.PETIÇÃO INICIAL ............................................................................................................................ 21 
8.1 Endereçamento ........................................................................................................................... 22 
8.2 Da qualificação das partes .......................................................................................................... 23 
8.3 Identificação da ação e fundamentação ..................................................................................... 25 
8.4 Dos fatos ..................................................................................................................................... 26 
8.5 Causa de pedir (o fato e o fundamento jurídico do pedido), art. 319, III .................................... 26 
8.6 Dos pedidos................................................................................................................................. 27 
8.7 Valor da causa ............................................................................................................................ 31 
8.8 As provas com que o autor pretende demonstrar a veracidade dos fatos alegados .................. 33 
8.9 A opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação ........... 33 
8.10 Documentos indispensáveis à propositura da demanda, art. 320: ........................................... 33 
09.EMENDA DA PETIÇÃO INICIAL...................................................................................................... 34 
10.INDEFERIMENTO DA PETIÇÃO INICIAL E IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO ............................... 35 
10.1 Juízo de admissibilidade: .......................................................................................................... 35 
10.2 Indeferimento da petição inicial: ................................................................................................ 36 
10.3 Hipóteses de indeferimento (art. 330, CPC): ............................................................................ 38 
10.4 Improcedência liminar do pedido: ............................................................................................. 41 
10.5 Requisitos para improcedência liminar: .................................................................................... 41 
11.CITAÇÃO .......................................................................................................................................... 43 
11.1 Formas de citação ..................................................................................................................... 44 
11.2 Nulidade da citação ................................................................................................................... 46 
11.3 Não poderá ser citado: .............................................................................................................. 47 
12.MECANISMOS DE SOLUÇÃO ADEQUADA DE CONFLITOS ....................................................... 47 
12.1 Da conciliação e mediação ....................................................................................................... 48 
 
 
 
 
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12.3 Ausência das partes em audiência ........................................................................................... 49 
12.4 Prazo para defesa .....................................................................................................................49 
12.5 Mediação ................................................................................................................................... 50 
12.6 Funções do mediador ................................................................................................................ 51 
12.7 Conciliação e mediação envolvendo o Poder Público .............................................................. 51 
12.8 A mediação extrajudicial dos direitos disponíveis e indisponíveis transacionáveis .................. 52 
12.9 Audiência de conciliação após o encerramento da fase postulatória ....................................... 53 
13.DO DESINTERESSE DAS PARTES ............................................................................................... 53 
13.2 Prazo para defesa ..................................................................................................................... 55 
14.ARBITRAGEM E A LEI 9.307/96 COM AS MODIFICAÇÕES INTRODUZIDAS PELA LEI Nº 
13.129/15 ............................................................................................................................................... 56 
14.1 A conciliação e a mediação judiciais no CPC e na Lei nº 13.140/15 ........................................ 56 
15.LITISCONSÓRCIO E INTERVENÇÃO DE TERCEIROS ................................................................ 57 
16.CUSTAS PROCESSUAIS ................................................................................................................ 60 
16.1 Justiça gratuita .......................................................................................................................... 60 
16.2 Má-fé na relação processual ..................................................................................................... 62 
16.2 Responsabilidade por dano processual .................................................................................... 63 
16.3 Dever de colaboração ............................................................................................................... 63 
16.4 Processo eletrônico ................................................................................................................... 64 
17.PRECLUSÃO ................................................................................................................................... 64 
17.1 Preclusão temporal ................................................................................................................... 65 
17.2 Preclusão lógica ........................................................................................................................ 65 
17.3 Preclusão consumativa ............................................................................................................. 65 
17.4 Preclusão “pro judicato” ............................................................................................................ 66 
18.CONTESTAÇÃO E RECONVENÇÃO ............................................................................................. 66 
18.1 Formas de resposta: ................................................................................................................. 67 
18.2 Princípio da Eventualidade ou da concentração de defesa: ..................................................... 67 
18.3 Ônus da impugnação especificada: .......................................................................................... 68 
18.4 Prazo para contestação: ........................................................................................................... 69 
18.5 Preliminares: ............................................................................................................................. 70 
18.6 Defesas que devem ser alegadas fora da contestação ou que podem ser alegadas depois da 
contestação: ...................................................................................................................................... 78 
18.7 Aditamento ou indeferimento da contestação: .......................................................................... 78 
18.4 Reconvenção ............................................................................................................................ 79 
19.REVELIA .......................................................................................................................................... 81 
19.1 São efeitos da revelia: ............................................................................................................... 83 
19.2 Quando a revelia não produz seus efeitos: ............................................................................... 83 
19.3 Observações importantes sobre a revelia: ................................................................................ 84 
20.COMPETÊNCIA ............................................................................................................................... 84 
20.1 Incompetência ........................................................................................................................... 85 
20.2 Modificação de competência ..................................................................................................... 87 
21.SUSPEIÇÃO E IMPEDIMENTO....................................................................................................... 88 
21.1 Arguição de impedimento ou suspeição ................................................................................... 88 
21.2 Hipóteses de impedimento ........................................................................................................ 90 
21.3 Hipóteses de suspeição ............................................................................................................ 91 
22.RÉPLICA .......................................................................................................................................... 92 
23.FORMAÇÃO E SUSPENSÃO DO PROCESSO .............................................................................. 93 
23.1 Suspensão do processo ............................................................................................................ 94 
24.PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES .................................................................................................. 96 
25.JULGAMENTO CONFORME ESTADO DO PROCESSO: EXTINÇÃO PARCIAL OU TOTAL DO 
PROCESSO .......................................................................................................................................... 97 
25.1 Providências preliminares ......................................................................................................... 97 
25.2 Julgamento conforme estado do processo ............................................................................... 99 
25.4 Julgamento antecipado do mérito ........................................................................................... 100 
25.5 Julgamento antecipado parcial do mérito ............................................................................... 101 
25.6 Processo calendário ................................................................................................................ 102 
26.DESPACHO SANEADOR .............................................................................................................. 103 
27.AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO........................................................................................................ 104 
 
 
 
 
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27.1 Dos atos em audiência: ........................................................................................................... 105 
27.2 Antecipação e adiamento da audiência de instrução e julgamento: ....................................... 106 
27.3 Conciliação ..............................................................................................................................107 
27.4 Documentos da audiência ....................................................................................................... 107 
27.5 Estrutura da audiência ............................................................................................................ 108 
28.TEORIA GERAL DA PROVA ......................................................................................................... 109 
28.1 Conceito de prova ................................................................................................................... 109 
28.2 Características e objeto da prova ........................................................................................... 109 
28.3 Valoração da prova ................................................................................................................. 111 
28.4 A quem cabe o requerimento de produção de provas? .......................................................... 111 
28.5 Ônus da prova ......................................................................................................................... 112 
28.5.1 Ônus da prova em ações do consumidor ............................................................................ 114 
28.6 Provas por presunção ............................................................................................................. 114 
28.7 Provas ilícitas .......................................................................................................................... 115 
28.8 Instrução por meio de carta precatória ou rogatória ............................................................... 115 
28.9 Dever de cooperação: ............................................................................................................. 116 
28.10 Prova emprestada ................................................................................................................. 117 
28.11 Produção antecipada de provas ............................................................................................ 117 
28.11.1Tipos de provas que podem ser antecipadas ..................................................................... 119 
28.11.2 Competência ...................................................................................................................... 119 
28.11.3 Petição e procedimento...................................................................................................... 119 
28.11.4 Medida inaudita altera parte ............................................................................................... 121 
28.11.5 Destino dos autos ............................................................................................................... 122 
29.PROVAS EM ESPÉCIE.................................................................................................................. 122 
29.1 Ata notarial .............................................................................................................................. 122 
29.2 Depoimento pessoal ................................................................................................................ 124 
29.3 Confissão: conceito ................................................................................................................. 126 
29.3.1 (In)eficácia da confissão:...................................................................................................... 127 
29.3.2 Classificação da confissão: .................................................................................................. 128 
29.3.3 Efeitos da confissão: ............................................................................................................ 129 
29.3.4 Indivisibilidade da confissão ................................................................................................. 130 
29.4 Exibição de documento ou coisa: ........................................................................................... 130 
29.4.1 Procedimento e efeitos da exibição requerida contra a parte .............................................. 130 
29.4.2 Quando o documento ou coisa estiver em poder de terceiros: ........................................... 132 
29.5 Prova documental: conceito e força probante ......................................................................... 134 
29.5.1 Documentos públicos ........................................................................................................... 135 
29.5.2 Documentos particulares...................................................................................................... 136 
29.5.3 Alguns documentos regulados pelo CPC: ........................................................................... 138 
A) Telegrama, radiograma ou qualquer outro meio de transmissão: .......................................... 138 
B) Cartas e registros domésticos: ................................................................................................ 138 
C) Nota escrita: ............................................................................................................................ 138 
D) Livros empresariais: ................................................................................................................ 139 
E) Reproduções mecânicas de coisas ou fatos: .......................................................................... 139 
F) Arguição de falsidade de documento ...................................................................................... 140 
29.5.4 Procedimento do incidente de falsidade .............................................................................. 140 
29.5.5 Produção da prova documental ........................................................................................... 141 
29.5.6 Produção de prova que pertencem à administração pública: .............................................. 142 
29.5.7 Documentos eletrônicos ....................................................................................................... 143 
29.6 Prova testemunhal: conceito e admissibilidade ...................................................................... 144 
29.6.1 Direitos e deveres da testemunha: ...................................................................................... 146 
29.6.2 Produção da prova testemunhal: ......................................................................................... 148 
29.7 Prova pericial ........................................................................................................................... 151 
29.8 Inspeção judicial ...................................................................................................................... 154 
30.EXTINÇÃO DO PROCESSO ......................................................................................................... 155 
30.1 Alegações Finais ..................................................................................................................... 155 
30.2 Sentença ................................................................................................................................. 155 
30.3 Sentença terminativa: extinção do processo SEM resolução do mérito ................................. 156 
30.4 Sentença definitiva: extinção do processo COM resolução do mérito ................................... 160 
 
 
 
 
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30.5 Estrutura e formalidades da sentença .................................................................................... 161 
30.6 Classificação da sentença ....................................................................................................... 163 
30.7 Remessa necessária ............................................................................................................... 163 
31.PRINCÍPIOSDA EXECUÇÃO ....................................................................................................... 165 
31.1 Princípio da autonomia da execução ...................................................................................... 165 
31.2 Princípio do título ..................................................................................................................... 165 
31.3 Princípio da patrimonialidade / responsabilidade patrimonial ................................................. 165 
31.4 Princípio da disponibilidade da execução ............................................................................... 166 
31.5 Princípio do exato adimplemento e da utilidade ..................................................................... 166 
31.6 Princípio da menor onerosidade ............................................................................................. 166 
31.7 Princípio do contraditório......................................................................................................... 166 
32.AS PARTES NA RELAÇÃO PROCESSUAL EXECUTIVA ............................................................ 167 
33.REQUISITOS DA EXECUÇÃO ...................................................................................................... 170 
33.1 Inadimplemento do devedor .................................................................................................... 170 
33.2 Titulo executivo ....................................................................................................................... 171 
33.2.1 Requisitos do título executivo .............................................................................................. 172 
34.RESPONSABILIDADE PATRIMONIAL ......................................................................................... 173 
34.1 Responsabilidade patrimonial de terceiros ............................................................................. 175 
35.LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA....................................................................................................... 178 
35.1 Liquidação provisória .............................................................................................................. 178 
35.2 Liquidação de sentença parcialmente ilíquida ........................................................................ 179 
35.3 Liquidação por arbitramento x Liquidação pelo procedimento comum .................................. 179 
36.MEIOS DE EXECUÇÃO ................................................................................................................. 180 
36.1 Execução de título extrajudicial: regras gerais........................................................................ 180 
36.2 Execução por quantia certa..................................................................................................... 182 
36.2.1 Processo de execução para entrega de coisa certa ............................................................ 195 
36.3 Processo de execução para entrega de coisa incerta ............................................................ 197 
36.4 Processo de execução de obrigação de fazer e não fazer ..................................................... 197 
36.5 Execução contra fazenda pública ........................................................................................... 199 
36.6 Execução de alimentos ........................................................................................................... 200 
37.FRAUDE A EXECUÇÃO E FRAUDE CONTRA CREDORES ....................................................... 200 
38.CUMPRIMENTO DE SENTENÇA ................................................................................................. 203 
38.1 Cumprimento de sentença: obrigação de fazer, não fazer e entrega de coisa certa ............. 203 
38.2 Cumprimento de sentença de quantia certa ........................................................................... 204 
38.3 Cumprimento de sentença de quantia certa contra fazenda pública ...................................... 205 
38.4 Cumprimento de sentença de prestação de alimentos ........................................................... 205 
39.PROTESTO DA DECISÃO JUDICIAL TRANSITADA EM JULGADO E NEGATIVAÇÃO DO NOME 
DO DEVEDOR .................................................................................................................................... 206 
40.A HIPOTECA JUDICIÁRIA ............................................................................................................. 207 
41.SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DAS EXECUÇÕES .......................................................................... 207 
41.1 Suspensão das execuções ..................................................................................................... 207 
41.2 Extinção das execuções .......................................................................................................... 208 
42.DEFESA DO EXECUTADO ........................................................................................................... 209 
42.2 Embargos à execução ............................................................................................................. 209 
42.3 Procedimento dos embargos .................................................................................................. 212 
42.4 Impugnação ao cumprimento de sentença ............................................................................. 220 
42.4.1 Procedimento da impugnação ao cumprimento de sentença .............................................. 221 
43.EXCEÇÕES DE PRÉ-EXECUTIVIDADE ....................................................................................... 225 
44.DEFESA DO EXECUTADO APÓS A APRESENTAÇÃO DOS EMBARGOS ............................... 226 
REFERÊNCIAS ................................................................................................................................... 228 
 
 
 
 
 
 
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PRINCÍPIOS GERAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL 
 
O conflito entre pessoas e o conflito que pode resultar na instauração de um 
processo judicial são diferentes. No processo há a interferência judicial, na figura de 
um juiz, cuja a função é a de aplicar a lei ao caso concreto, na busca da pacificação 
social, através de um mecanismo político e ético (GONÇALVES; LENZA, 2016). 
 
 
 
 
 
 
Processo Civil é um dos subgrupos de processo, ainda se tem processo penal 
e processo do trabalho. O processo civil tem ligação com todos os demais ramos do 
direito, entre eles, com o Direito Constitucional. 
Direito material (direito primário) é aquilo que pertence a cada um, por 
exemplo o direito de um filho de postular alimento do pai. O direito processual 
(direito secundário) é aquele de pleitear perante o Estado um direito material 
desrespeitado, onde, através das normas de direito processual, o Estado-juiz fará 
valer o direito. 
O direito processual é formado por um conjunto de normas processuais, que, 
segundo Fredie Didier Jr (2016), podem ser princípios (como o devido processo 
legal) ou regras (como a proibição do uso de provas ilícitas). A norma é fundamental 
porque estrutura o modelo do processo civil brasileiro e serve de norte para 
compreensão de todos atos e procedimentos, portanto, além da regra é muito 
importante estudar os princípios do direito processual, pois visam alcançar o estado 
de coisas ideal. Assim, nesse primeiro problema, vamos revisar alguns dos 
principais princípios do processo civil. 
 
 
 
 
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1.1 Princípio do devido processo legal 
 
O princípio do devidoprocesso legal, também conhecido como due process of 
law, encontra-se previsto no artigo 5º, inciso LIV, da Constituição Federal, que diz 
que “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo 
legal”. 
É um princípio geral, do qual os demais princípios derivam e que regula todos 
os procedimentos, seja judicial, administrativo ou privado. 
 
1.2 Princípio da isonomia 
 
 Trata-se de um princípio que visa dar tratamento igual às partes, objetivando 
um processo justo e equilibrado. Encontra-se presente no artigo 5º, caput, da 
Constituição Federal, bem como no artigo 7º do CPC, com as seguintes redações: 
 
Art. 5o. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes. 
 
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao 
exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos 
ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao 
juiz zelar pelo efetivo contraditório. 
 
 Também está vinculado ao princípio da isonomia o direito ao contraditório e 
ampla defesa, conforme artigo 5º, inciso LV, da CF e as súmulas vinculantes número 
5 e 14. A isonomia formal é aquela que busca tratamento igualitário sem levar em 
consideração diferenças entre os sujeitos da ação, já a isonomia real, a qual leva em 
consideração a peculiaridade de cada sujeito, é a famosa frase “tratar igualmente os 
iguais e desigualmente os desiguais na medida de sua desigualdade”. 
 
1.3 Princípio do juiz natural ou da imparcialidade do juiz 
 
O princípio do juiz natural determina que as partes têm direito a um 
julgamento realizado por um juiz competente e imparcial artigo 5º, LIII e XXXVII, da 
CF. O primeiro inciso dispõe que ninguém será processado nem sentenciado senão 
 
 
 
 
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pela autoridade competente, e o segundo, que não haverá juízo ou tribunal de 
exceção. 
Requisitos para caracterização do juiz natural: a) o julgamento deve ser 
proferido por alguém investido de jurisdição; b) o órgão deve ser preexistente; c) a 
causa deve ser submetida ao juiz competente, de acordo com as regras postas pela 
CF e por lei. 
 
 Exceção: leis novas que suprimam o órgão ou que alterem a 
competência absoluta (hipóteses de lei superveniente, art. 43, CPC). 
 
Exemplo: a partir da lei 9.278/96 (vide art. 9º, da lei) a união estável deixou 
de ser julgada pelas Varas Cíveis comuns e passou a ser julgada pelas Varas de 
família, essa alteração não viola o princípio da imparcialidade do juiz. Todos os 
processos que ainda não haviam sido julgados, quando sobreveio lei nova, foram 
encaminhados às Varas de família. 
. 
1.4 Princípio do contraditório e da ampla defesa 
 
Trata-se de um princípio muito importante, que garante às partes a 
oportunidade de se manifestar em todos os atos do processo, sob pena de nulidade, 
não podendo, assim, o juiz julgar qualquer ação sem que os litigantes tenham tido a 
oportunidade de se defender. 
Encontra amparo legal no artigo 5º, LV, CP, art. 9º e 10, do CPC. Nesse 
princípio podemos chamar a atenção do fato que o juiz não pode proferir nenhuma 
decisão sem antes ter ouvido todas as partes, nem mesmo quando se tratar de 
matéria que deva ser decidida de ofício. 
 Exceção 01: quando se tratar de tutela provisória de urgência, tutela 
de evidência e a decisão prevista no artigo 701 (quando evidente o 
direito do autor, o juiz poderá deferir expedição de mandado de 
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de 
fazer ou de não fazer...). É possível ocorrer um fato em que o juiz 
precisa decidir antes de ouvir o réu, para evitar dano irreparável ou de 
 
 
 
 
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difícil reparação, o direito de defesa não é afastado, somente tomado a 
posteriori. 
 Exceção 02: No artigo 332, do CPC, estão descritas as hipóteses em 
que o juiz poderá julgar liminarmente improcedente o pedido do autor, 
sem mesmo citar o réu, isto não acarretará em nulidade da decisão, 
por ofensa ao princípio, visto que não prejudica ao réu, mas sim o autor 
(o que caberá apelação da liminar). Vedada a “decisão surpresa”, 
artigo 10, do CPC. 
 
1.5 Princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional / princípio do acesso 
à justiça 
 
 O artigo 3º do CPC, disciplina que “não se excluirá da apreciação jurisdicional 
ameaça ou lesão a direito”, estando quase igualmente de acordo com o artigo 5º, 
inciso XXXV, da CF. Diante disso, não pode o Poder Judiciário deixar de amparar 
casos que lesionem ou ameacem lesionar algum direito. 
 
1.6 Princípio da motivação das decisões judiciais 
 
 Esse princípio disciplina que todas as decisões judiciais devem 
obrigatoriamente ser motivava, de acordo com o artigo 93, inciso IX, da Constituição 
Federal e artigo 11 do CPC, abaixo transcritos: 
 
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão 
públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. 
Art. 93. (...) 
IX. todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e 
fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei 
limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus 
advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do 
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse 
público à informação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1.7 Princípio da boa-fé processual 
 
 De acordo com esse princípio as partes do processo devem sempre se 
comportar com boa-fé, lealdade e urbanidade. (MOTA et al., 2016, p. 579). 
Encontra-se previsto no artigo 5º do CPC. 
 
1.8 Duração razoável do processo 
 
 Também conhecido como princípio da celeridade processual, está previsto no 
artigo 5º, inciso LXXVIII, da CF, garantindo que “a todos, no âmbito judicial e 
administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que 
garantam a celeridade de sua tramitação”. Está previsto também nos artigos 4º e 6º 
do CPC. 
 
1.9 Princípio do duplo grau de jurisdição 
 
 Esse princípio não se encontra expresso na Constituição Federal, mas diante 
de terem sido criados juízos e tribunais, cuja competência é julgar os recursos contra 
as decisões de primeiro grau, automaticamente estabeleceu-se o duplo grau de 
jurisdição, que busca reanalisar os atos judiciais que geram inconformismo na parte, 
através do julgamento de um órgão superior. (GONÇALVES, 2016, p. 83). 
 Exceções: não há duplo grau de jurisdição para as ações originárias 
do Supremo Tribunal Federal, para embargos infringentes (previstos na 
lei de execução fiscal), nas hipóteses do artigo 1.013, §3º, do CPC. 
 
1.10 Norma processual 
 
Visa disciplinar como um processo judicial deverá ser seguido, acarretando a 
nulidade da decisão a inobservância dos devidos procedimentos. Ainda, busca 
regular os meios pelos quais os envolvidos no processo se relacionam. 
As normas processuais se dividem em cogentes e dispositivas. As cogentes 
são aquelas que não dão possibilidade de escolha para a parte, como por exemplo, 
o prazo fixado para interpor uma apelação. Já as dispositivas dependem da vontade 
 
 
 
 
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das partes,como é o caso do artigo 313, inciso II, do CPC, que possibilita a 
suspensão do processo pela convenção das partes. 
 
1.11 Princípio da proporcionalidade e razoabilidade 
 
 De acordo com o artigo 8º do CPC, o juiz, ao aplicar as normas deverá 
atender os fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo 
a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, 
a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
 
1.12 Princípio da ouvida da parte contrária 
 
 Conforme artigos 9 e 10 do CPC, o juiz não poderá proferir nenhuma decisão, 
em nenhum grau de jurisdição, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva 
decidir de ofício, sem a oitiva prévia da outra parte, em regra. Exceções: 
 
a) Em tutela provisória de urgência (artigo 294 CPC); 
b) Tutela de evidência (art. 311, II e III): quando as alegações de fato puderem 
ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em 
julgamento de casos repetitivos ou sem súmula vinculante e se tratar de 
pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato 
de depósito, caso em que será decretada a ordem de entre do objeto 
custodiado, sob cominação de multa. 
c) Para decisões previstas no artigo 701: 
 
Art. 701. Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de 
mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de 
obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 
(quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários 
advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. 
§ 1o O réu será isento do pagamento de custas processuais se cumprir o 
mandado no prazo. 
§ 2o Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, 
independentemente de qualquer formalidade, se não realizado o pagamento 
e não apresentados os embargos previstos no art. 702, observando-se, no 
que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. 
§ 3o É cabível ação rescisória da decisão prevista no caput quando ocorrer 
a hipótese do § 2o. 
 
 
 
 
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§ 4o Sendo a ré Fazenda Pública, não apresentados os embargos previstos 
no art. 702, aplicar-se-á o disposto no art. 496, observando-se, a seguir, no 
que couber, o Título II do Livro I da Parte Especial. 
§ 5o Aplica-se à ação monitória, no que couber, o art. 916. 
 
1.13 Princípio da Legalidade: 
 
Previsto no artigo 8º, do CPC, e artigo 5º, II, da CF. Lembrando que o direito 
não é apenas legal, não está somente escrito na lei (fonte formal), há as fontes 
formais acessórias ou indiretas: analogia, costumes, princípios gerais do direito (art. 
4º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), súmulas do STF (art. 103-
A, e parágrafos, da CF; Lei n. 11.417/2006), decisões de mérito do STF (art. 102, 
§2º, da CF); e as fontes não formais: doutrina e os precedentes jurisprudenciais 
(salvo as súmulas vinculantes e as decisões de mérito do STF). 
 
1.14 Princípio da publicidade dos atos processuais 
 
Está previsto nos artigos 5º, LX, 93, X, ambos da CF e artigo 11, caput, do 
CPC. A publicidade é mecanismo de controle das decisões judiciais. 
 Exceção: processos que correm com segredo de justiça: o segredo de 
justiça ocorre, evidentemente, apenas com terceiros, não com as 
partes e seus procuradores. Haverá segredo de justiça quando: a) em 
que o exigir o interesse público ou social (art. 189, I, CPC); b) que 
dizem respeito a casamento, separação de corpos, divórcio, 
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e 
adolescentes (art. 189, II); c) em que constem dados protegidos pelo 
direito constitucional à intimidade (art. 189, III); d) que versem sobre 
arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a 
confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o 
juízo (art. 189, IV) (GONÇALVES; LENZA, 2016). 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PRINCÍPIOS DA JURISDIÇÃO 
 
2.1 Investidura 
 
 De acordo com esse princípio, apenas o juiz, regularmente investido no cargo, 
tem competência para exercer a jurisdição, sendo que “a ausência de investidura 
implica óbice intransponível para o exercício da jurisdição, pressuposto processual 
da própria existência do processo”. (GONÇALVES, 2016, p. 104). 
 
2.2 Indelegabilidade 
 
 A função jurisdicional não poderá ser exercida por outro órgão que não o 
Poder Judiciário, sendo, portanto, indelegável. Isso porque afetaria o princípio 
constitucional do juiz natural. 
 
2.3 Aderência ou territorialidade 
 
 Ao exercer a função jurisdicional, o juiz deve-se limitar ao território nacional, 
bem como ao limite de sua competência. Entretanto, há casos em que os juízes 
devem cooperar entre si, como no caso da carta precatória. 
 
2.4 Indeclinabilidade 
 
 Trata-se de um princípio que visa garantir a tutela jurisdicional aos processos, 
devendo o juiz, independentemente de lacuna ou obscuridade na lei julgar a 
demanda. Nesse caso ele irá julgar através dos mecanismos de integração, visto 
que de acordo com o artigo 5º, inciso XXXV, da CF, não se “excluirá da apreciação 
do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Encontra amparo legal também no 
artigo 140 do CPC. 
 
 
 
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2.5 Inércia 
 
 Também chamado de princípio da ação ou da demanda, ou princípio da 
iniciativa da parte, regula que, como o juiz não tem autonomia para agir por conta 
própria, ou seja, de ofício, deve necessariamente ser provocado pela parte 
interessada, conforme o artigo 2º do CPC. 
 
 
ATOS PROCESSUAIS 
 
O processo consiste em uma sucessão de atos. Atos processuais são os atos 
humanos realizados no processo, os quais devem ser praticados em conformidade 
com o que determina a lei. “No entanto, o CPC flexibiliza essa regra, em especial no 
artigo 190, ao permitir que, nos processos em que se admite a autocomposição, as 
partes capazes possam estipular mudanças no procedimento e convencionar sobre 
o seu ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou depois do 
processo, com o controle do juiz” (GONÇALVES, 2016, p. 307). 
Um ato processual não se assemelha a um fato processual, visto que esses 
se realizam independentemente da vontade do agente, ocorrendo naturalmente, 
porém causando algum efeito ao processo, como a morte de uma das partes, por 
exemplo. 
 
3.1 Teoria geral e espécies 
 
 Como visto, os atos processuais são os atos praticados dentro de um 
processo, voluntariamente por uma das partes e que tenham alguma relevância 
processual. 
Quanto a sua forma, os atos são considerados válidos se atingirem a 
finalidade para a qual foram propostos. Em regra, não precisam seguir uma forma 
determinada, diante do princípio da instrumentalidade das formas, exceto se a lei 
expressamente a estipular. 
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 Independentemente de sua forma, em regra, os atos processuais serão 
públicos. Há determinados casos, entretanto, que requerem uma proteção maior, 
necessitando tramitar em segredo de justiça, sendo eles (artigo 189): 
 
I - em que o exija o interesse público ou social; 
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, 
separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e 
adolescentes; 
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucionalà 
intimidade; 
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta 
arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja 
comprovada perante o juízo. 
 
Esses atos protegidos pelo segredo de justiça ficam restringidos à apreciação 
das partes e de seus procuradores, cabendo a um terceiro interessado apenas a 
possibilidade de ter acesso a certidão do dispositivo da sentença, do inventário e da 
partilha. 
É possível a prática de atos processuais também por meio eletrônico. 
 Um requisito obrigatório de todos os atos e termos processuais é a utilização 
da língua nacional (portuguesa). Na hipótese de a parte querer juntar ao processo 
um documento escrito em outra língua que não a nacional, deverá necessariamente 
juntar também a respectiva tradução, realizada por tradutor juramentado. 
Os atos processuais classificam-se de acordo com a pessoa que o pratica, 
podendo ser ato das partes, do juiz ou dos auxiliares da justiça. 
 
a) Atos processuais das partes: previsto no artigo 200 do CPC, se 
subdivide em declarações unilaterais, que são os atos realizados apenas pela parte, 
como no caso da petição inicial, ou bilaterais, que requerem a manifestação de 
ambas as partes, como no caso do acordo. São atos que geram imediatamente a 
constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Os atos das partes 
também podem ser classificados em atos postulatórios, que exprimem a pretensão 
das partes (petição inicial), instrutórios, que visam provar as respectivas alegações, 
ou dispositivos, que são os atos que finalizam o processo. 
 
b) Atos processuais do juiz: o pronunciamento do juiz poderá ser feito 
através de sentenças, decisões interlocutórias e despachos. De acordo com art. 
 
 
 
 
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203, §1º, sentença é o meio pelo qual o juiz, através dos artigos 485 e 487, finaliza a 
fase cognitiva do procedimento comum, bem como extingue a execução. Decisão 
interlocutória é toda decisão judicial que não se enquadra no conceito de sentença 
(§ 2º). E despacho são os demais procedimentos do juiz realizados no processo, de 
ofício ou a requerimento da parte (§ 3º). 
 
c) Atos processuais dos auxiliares de justiça: são os atos praticados pelo 
escrivão ou chefe de secretaria. Estão disciplinados nos artigos 206 a 2011 do CPC. 
 
3.2 Nulidades 
 
Um ato processual será considerado nulo quando não observar todos os 
requisitos de validade e acarretar algum prejuízo. Se o juiz identificar uma nulidade 
durante o processo, ordenará que seja corrigida, avaliando, inclusive, se os atos 
posteriores que dele dependam também devem ser reparados (artigo 282 do CPC). 
A nulidade de um ato só poderá anular os atos posteriores que dele dependam, não 
prejudicando os atos posteriores independentes, conforme disciplina o artigo 281 do 
CPC. 
Após o encerramento do processo ainda haverá a possibilidade de ser 
alegada alguma nulidade absoluta, através da ação rescisória, entretanto, passado o 
prazo para a propositura da ação, a nulidade restará sanada. Já a nulidade relativa 
deverá ser alegada na primeira oportunidade, sob pena de preclusão. 
 Enquanto a nulidade não for identificada e o juiz não a reconhecer ela será 
considerada um ato válido, produzindo seus efeitos normalmente. 
 A nulidade, nesse caso, diz respeito apenas aos atos praticados pelo juiz ou 
seus auxiliares, sendo que os atos praticados pelas partes, caso estejam em 
desconformidade com os requisitos legais, apenas não irão gerar efeitos, sendo atos 
ineficazes e não nulos. 
 São exemplos de atos nulos: 
 
- As decisões prolatadas por juízes impedidos ou por juízos 
absolutamente incompetentes; 
- Falta de intervenção do Ministério Público, quando obrigatória; 
- A citação realizada sem obediência às formalidades legais; 
 
 
 
 
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- A sentença que não observe a forma prescrita em lei. (GONÇALVES, 
2016, p. 322). 
 
A nulidade absoluta poderá ser decretada de ofício ou por qualquer uma das 
partes (exceto em alguns casos), já a relativa só poderá ser alegada pela parte 
interessada/prejudicada. 
 De acordo com o artigo 277 do CPC, o ato será considerado válido pelo juiz, 
desde que tenha alcançado a finalidade para o qual foi previsto, mesmo que tenha 
sido realizado de forma contrária a lei. Isso porque adota-se o princípio da 
instrumentalidade das formas, que diz que a forma é necessária apenas para que o 
ato alcance o seu objetivo, sendo que se atingir o objetivo por outro meio não 
existirá o vício. Exemplo: o réu é citado de forma incorreta, mas comparece à 
audiência e se defende. O ato que inicialmente era nulo se tornará válido. 
 
3.3 Ineficácia 
 
 A ineficácia de um ato processual ocorre quando não há a observância de 
alguma forma essencial ou estrutural do processo. 
 A ineficácia, diferentemente da nulidade, não será sanada pelo decurso do 
tempo, podendo ser alegada a qualquer momento, ou seja, não gera a preclusão. 
 Se for identificada a ineficácia no curso do processo, o juiz determinará que o 
ato seja sanado, com a renovação dos atos viciados e os seus subsequentes, e se o 
processo já estiver encerrado poderá ser alegada através de uma ação declaratória 
de ineficácia, impugnação ao cumprimento de sentença ou ação de embargos à 
execução. 
 
3.4 Expediente forense 
 
Os atos processuais serão praticados em dias úteis, das 06 às 20 horas, 
conforme o artigo 212 do CPC. Esse prazo poderá ser prorrogado no caso de 
finalização de algum ato iniciado dentro do horário, quando o adiamento prejudicar a 
diligência ou causar grave dano (§1º), exceto no caso dos atos (não eletrônicos) que 
dependam de protocolo, sendo que esses só poderão ser realizados dentro do 
 
 
 
 
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horário de expediente do respectivo órgão. Já os atos processuais realizados por 
meio eletrônico poderão ocorrer até as 24 horas do último dia do prazo, 
independentemente do horário (artigo 213 do CPC). 
 
 
 
 
 No período das férias forenses, feriados ou dias úteis fora do horário 
mencionado anteriormente os atos processuais não serão praticados, exceto no 
caso das citações, intimações, penhoras e tutelas de urgência, independentemente 
de autorização judicial. 
 Ainda, durante as férias forenses também serão praticados outros atos 
processuais, conforme o artigo 215 do CPC. 
 
Art. 215. Processam-se durante as férias forenses, onde as houver, e não 
se suspendem pela superveniência delas: 
I - os procedimentos de jurisdição voluntária e os necessários à 
conservação de direitos, quando puderem ser prejudicados pelo adiamento; 
II - a ação de alimentos e os processos de nomeação ou remoção de tutor e 
curador; 
III - os processos que a lei determinar. 
 
 Para efeito forense, além dos declarados em lei, também consideram-se 
como feriados, os sábados, os domingos e os dias em que não haja expediente nos 
órgãos jurisdicionais (artigo 216 do CPC). 
 Em regra, os atos processuais se realizarão na sede do juízo (cartório ou vara 
judicial). Porém, de acordo com o artigo 217 do CPC, também podem se realizar em 
outro lugar, em razão de deferência, interesse da justiça (cartas precatórias), bem 
como diante da natureza do ato ou de obstáculo arguido pelo interessado e acolhido 
pelo juiz (testemunha que não tem condições de se locomover). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO 
 
 A jurisdição é algo único, não se divide. Porém, é separada em algumas 
espécies, como a jurisdição contenciosa e voluntária, a distinção em relação ao seu 
objeto, órgão que a exerce e hierarquia. 
 A jurisdição contenciosa é aquela em que o juiz interfere diretamente na 
demanda, julgando o processo de acordo com o que entende correto e impondo a 
sua vontade sobre as partes. Já na voluntária, o juiz age como um tipo de fiscal da 
lei, cabendo a ele apenas participar e validar alguns atos de interesse privado, como 
no caso da separação consensual. 
 Quanto ao objeto e ao órgão que a exerce, a jurisdição se divide em relação 
ao conteúdo que será apreciado pelo Poder Judiciário. Diante disso, é definido quem 
tem a competência para o julgamento da demanda, que será apreciada pela justiça 
comum ou especial. A especial cuida das matérias trabalhista, eleitoral e militar, 
sobrando as demais para a justiça comum, que se subdivide em estadual e federal. 
 E, por fim, quanto à hierarquia, a jurisdição pode ser inferior ou superior, 
dependendo da instância do órgão a quem compete o julgamento. 
 
LIMITES DA JURISDIÇÃO NACIONAL 
 
 Como regra, a jurisdição brasileira deve se limitar ao território nacional, 
entretanto, em alguns casos, admite-se a aceitação de decisões de outros países, 
levando-se em conta alguns limites definidos nos tratados internacionais, e diante do 
interesse de manterem uma boa relação entre si. 
 A competência brasileira para o julgamento das demandas está prevista no 
artigo 21 do CPC, que disciplina que: 
 
Art. 21. Compete à autoridade judiciária brasileira processar e julgar as 
ações em que: 
I - o réu, qualquer que seja a sua nacionalidade, estiver domiciliado no 
Brasil; 
II - no Brasil tiver de ser cumprida a obrigação; 
III - o fundamento seja fato ocorrido ou ato praticado no Brasil. 
 
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Além dessas, cabe também à autoridade judiciária julgar as ações de 
alimentos quando o credor tiver domicílio ou residência no Brasil ou quando o réu 
mantiver vínculos no Brasil, como posse ou propriedade de bens. Ou, ainda, nas 
hipóteses de relações de consumo, quando o consumidor tiver domicílio ou 
residência no Brasil ou em que as partes, expressa ou tacitamente, se submeterem 
à jurisdição nacional. (MOTA et al., 2016, p. 586). 
 O artigo 23 do CPC, elenca as hipóteses de competência exclusiva da 
jurisdição brasileira: 
 
Art. 23. Compete à autoridade judiciária brasileira, com exclusão de 
qualquer outra: 
I - conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil; 
II - em matéria de sucessão hereditária, proceder à confirmação de 
testamento particular e ao inventário e à partilha de bens situados no Brasil, 
ainda que o autor da herança seja de nacionalidade estrangeira ou tenha 
domicílio fora do território nacional; 
III - em divórcio, separação judicial ou dissolução de união estável, proceder 
à partilha de bens situados no Brasil, ainda que o titular seja de 
nacionalidade estrangeira ou tenha domicílio fora do território nacional. 
 
A AÇÃO E O DIREITO DE DEFESA 
 
 Ação é o meio pelo qual as pessoas exercem o direito subjetivo de provocar o 
Poder Judiciário, requerendo uma solução à demanda proposta, ou seja, o meio 
utilizado para a defesa de seus direitos. Para a concretização desse direito é preciso 
seguir todo um trâmite processual. 
 O direito de ação está previsto no artigo 5º, inciso XXXV, da CF, e trata-se de 
um direito independente, não estando diretamente vinculado ao direito material. 
Assim, mesmo que a ação seja julgada improcedente, continua existindo o direito de 
ação. E a demanda é o problema apresentado ao juiz, aquilo que se visa requerer 
com a ação proposta. 
 
 
 
 
 
 
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PROCESSO DE CONHECIMENTO 
 
7.1 Procedimentos no novo processo civil 
 
A partir da entrada em vigor do Novo Código de Processo Civil, as 
disposições relativas ao procedimento sumário e aos procedimentos especiais (do 
antigo CPC, que foram revogadas) passam a seguir o procedimento comum ou um 
dos procedimentos especiais regulados em outras leis, conforme dispõe o artigo 
1.046. 
Desta forma, conforme o § 1o, do referido artigo, o procedimento sumário 
deixa de existir nos novos processos, contudo, as ações propostas que não foram 
sentenciadas até a entrada em vigor do CPC, seguirão o rito sumário normalmente. 
 Os procedimentos podem ser classificados em: 
a) Comuns: segue sempre o mesmo padrão, são aqueles que a lei não definir o 
procedimento especial. É encontrado no Livro I, Título I, da Parte Especial do 
CPC. 
b) Especiais: possuí procedimento especifico, encontrado no Título III, do 
mesmo livro. 
 
PETIÇÃO INICIAL 
 
O juiz não age por ofício nos processos, isto é, faz-se necessário a iniciativa 
da parte (ou do Ministério Público, arts. 177 e 720) a partir da formulação do pedido, 
a petição inicial é a peça exordial para a inauguração do processo civil, 
independente do rito. Será a responsável pela instauração da demanda e da tutela 
pública ou privada. 
Portanto, Petição Inicial “é o ato que dá início ao processo, e define os 
contornos subjetivo e objetivo da lide, dos quais o juiz não poderá desbordar” 
(GONÇALVES; LENZA, 2016). É por meio dela que serão identificadas as partes, o 
pedido e a causa do pedir do novo processo. 
Em regra, deve ser escrita, datada e assinada, contudo admite-se postulação 
oral, como por exemplo, nos Juizados Especiais Cíveis (art. 14, §3º, lei n. 9099/95), 
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pedido de concessão de medidas protetivas de urgência em favor da mulher vítima 
de violência doméstica ou familiar (art. 12, lei n. 11340/06) e no procedimento 
especial da ação de alimentos (art. 3º, §1º, da lei n. 5478/68), ainda assim, a 
postulação oral é sempre reduzida a termo escrito (DIDIER JR, 2016). 
Conforme artigos 319 e 320 do CPC, a petição inicial deverá conter alguns 
requisitos: 
 
8.1 Endereçamento 
 
Compreende a competência a que será dirigida a inicial, conforme inciso I, do 
artigo 319, do CPC. Trata-se do órgão competente para conhecer a demanda, 
observando, para tanto, as regras de competência funcional (como regra, previstas 
na Constituição Federal, Constituições Estaduais e nas leis de organização 
judiciária), bem como, de competência territorial (estabelecidas nos arts. 46 a 53 do 
CPC). 
O autor deve indicar o juízo a quem dirige a sua pretensão (singular ou 
colegiado), observando as regras de competência1. Um eventual erro não enseja no 
indeferimento da inicial (GONÇALVES; LENZA, 2016), mas a remessa da inicial ao 
correto destinatário. O endereço é feito no cabeçalho da petição inicial e deve ser 
observada as designações correta, por exemplo, “Comarca” é a unidade territorial da 
Justiça Estadual, já da Justiça Federal chama-se “Seção Judiciária”, juiz federal é o 
juiz da Justiça Federal, já o juiz de direito, é o juiz da Justiça Estadual. Exemplo de 
endereçamento: “Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da 2ª Vara Cível da 
Comarca de Salvador, estado da Bahia” (DIDIER JR, 2016), ou, então, 
“Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz Federal da 1ª Vara Cível da Subseção Judiciária 
da Capital de São Paulo” ou “Excelentíssimo Senhor Doutor Desembargador 
Presidente de Egrégio Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul”.1 Que pode ser: a) funcional (em razão da hierarquia); b) territorial; c) Objetiva (em razão da matéria, 
valor da causa ou pessoa da parte). 
 
 
 
 
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8.2 Da qualificação das partes 
 
 O CPC traz uma inovação referente a qualificação das partes na petição 
inicial, tratado no artigo 319, inciso II, refere que a petição agora deverá indicar além 
do nome, prenomes, estado civil, profissão, domicilio e residência do autor e do réu, 
deverá mencionar também a existência de união estável, o CPF ou CNPJ e o email 
(pelo qual poderá ser feita intimação ou citação, de acordo com o artigo 246, incido 
V do CPC). 
A petição não será indeferida, se na falta da indicação de uma dessas 
informações, ainda seja possível a citação do réu, ou então se a obtenção de tais 
informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça, 
conforme §§ 2º e 3º, do artigo 319 do CPC. Ainda, o juiz tem o dever de, quando o 
réu não for encontrado, ou não houver dados suficientes sobre sua localização, 
requisitar informações sobre seu endereço nos cadastros de órgãos públicos ou de 
concessionárias de serviços públicos (art. 256, §3º), podendo essas diligências 
serem requeridas ao juiz, na petição inicial (art. 319, VII e 334, do CPC). 
 Além do mais, a petição inicial deverá indicar se o autor deseja ou não de que 
lhe seja designada audiência de conciliação ou mediação (art. 334), bem como, 
deverá juntar a procuração contendo nome do advogado, OAB, endereço completo 
(art. 105, §2º). A não juntada será admitida somente, para evitar preclusão, 
decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente (art. 287, I c/c 
art. 104). 
Assim, a indicação e a qualificação completa das partes deverá conter: os 
nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o 
número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da 
Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu. 
Para as pessoas jurídicas deve ser indicado: nome da empresa, sede, 
número de inscrição no CNPJ, endereço eletrônico, representante da pessoa jurídica 
(colocar a qualificação do representante). Se o autor for absolutamente ou 
relativamente incapaz, deverá ser indicado a pessoa que o representa ou assiste. 
 
 
 
 
 
 
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A qualificação é indispensável para que as partes sejam identificadas no 
processo, para que não sejam processadas pessoas de forma equivocada, para 
concessão do benefício da justiça gratuita (art. 98 e seguintes), etc. Nesse momento 
é muito importante que o autor identifique corretamente e da forma mais completa o 
réu, contudo, se o juiz identificar que não há meios para identificar o réu, ele 
receberá a inicial e a citação será feita por edital, na forma do artigo 256, I, do CPC. 
Como exemplo disso, temos as ações possessórias, quando há grandes invasões 
de sem-terra e não é possível identificar e qualificar os invasores, neste caso, 
seguirá a citação prevista no artigo 554, §1º, do CPC (serão citados os ocupantes 
encontrados no local, os demais serão citados por edital, também, neste caso, serão 
intimado o Ministério Público e a Defensoria Pública, em caso de pessoas em 
situação de hipossuficiência). O legislador, atento a essas circunstâncias, trouxe em 
sua redação (DIDIER JR, 2016): 
 
Art. 319, § 1°, CPC: Caso não disponha das informações previstas no inciso 
11, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências 
necessárias à sua obtenção. 
§ 2° A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de 
informações a que se refere o inciso 11, for possível a citação do réu. 
§ 3° A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto 
no inciso 11 deste artigo se a obtenção de tais informações tornar 
impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça". 
 
A Resolução n. 46 de· Conselho Nacional de Justiça: determina que "o 
cadastramento de partes dos processos deverá ser realizado, 
prioritariamente, pelo nome ou razão social constante do cadastro de 
pessoas físicas ou jurídicas perante a Secretaria. Da Receita Federal do 
Brasil, mediante alimentação automática, observados os convênios e 
condições tecnológicas disponíveis" 
(Art. 6°, da resolução). Além disso, "na impossibilidade de cumprimento da 
previsão do caput, deverão ser cadastrados o nome ou razão social 
informada na petição inicial, vedado o uso de abreviaturas, e outros dados 
necessários à precisa identificação das panes (RG, título de eleitor, nome 
da mãe etc.), sem prejuízo de posterior adequação à denominação 
constante do cadastro de pessoas físicas ou jurídicas perante a Secretaria 
da Receita Federal do Brasil (CPF/ CNPJ)" (art. 6°, par. ún.). 
 
 
 
 
 
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O art. 15 da Lei n. 11.419/2006, que regulamenta o processo eletrônico, 
dispõe 
que: "Salvo impossibilidade que comprometa o acesso à justiça, a parte 
deverá informar, ao distribuir a petição inicial de qualquer ação judicial, o 
número no cadastro de pessoas físicas ou jurídicas, conforme o caso, 
perante a Secretaria da Receita Federal". 
 
Obs. 1: Quando a parte autora for pessoa jurídica, é fundamental que a 
petição venha acompanhada do estatuto social e da documentação que comprove a 
regularidade da representação. 
Obs. 2: quando a parte for incapaz, deverá ser qualificado junto o seu 
representante legal. 
 
8.3 Identificação da ação e fundamentação 
 
Outro requisito fundamental para pontuar na sua peça é indicar o nome da 
ação e o artigo que fundamenta a sua peça processual. 
Exemplo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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8.4 Dos fatos 
 
Após o endereçamento, qualificação das partes e indicação da peça e 
fundamento, o aluno deverá indicar a síntese dos fatos. De forma objetiva e clara, 
deverá narrar os fatos que tenham relevância para a procedência de seu pedido. 
 
 
 
 
 
8.5 Causa de pedir (o fato e o fundamento jurídico do pedido), art. 319, III 
 
Esse é um dos requisitos de maior importância, porque vincula a ação e a 
sentença ao fato concreto, pois caso contrário, a sentença será extra petita. A causa 
de pedir é o fato ou o conjunto de fatos, o fundamento jurídico é a relação jurídica do 
fato com a norma, do qual o autor tem o ônus de indicar a relação, chama-se teoria 
da substancialização2, adotada pelo direito brasileiro. A causa de pedir e o pedido 
dão limites objetivos a lide. Importante que os fatos sejam escritos com clareza, 
mantendo a correspondência com a pretensão inicial. A falta de causa de pedir ou a 
falta de correspondência entre o fato e o pedido, provocam a inépcia da petição 
inicial, segundo artigo 330, §1º, do CPC. 
Quando a causa de pedir não se completa (fato e fundamento) a petição não 
pode ser admitida, como exemplo podemos citar as ações de responsabilidade 
subjetiva, nelas é necessário comprovar conduta, culpa, nexo de causalidade e 
dano, o direito de indenização só é admitido quando demonstrado esses quatro 
requisitos, a falta de um deles implica na impossibilidade de obter efeito jurídico 
pretendido, de forma mais exemplificada, vamos imaginar que João, dirigindo de 
forma imprudente, em alta velocidade dentro do seu bairro, não consegue completar 
uma curva e colide em um poste de luz que caiem cima da casa da Maria e destrói 
toda sua sala, temos a conduta de João (dirigir em alta velocidade), a culpa 
 
2 Diferente da teoria da individualização, onde é necessária apenas a indicação da relação jurídica, 
efeito fato jurídico, sem que seja necessário indicar qual o fato jurídico que deu causa (DIDIER JR, 
2016). 
 
 
 
 
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(imprudência, por saber que deveria tomar os cuidados necessários para dirigir 
dentro de área urbana), dano (danos materiais ocorridos na residência de Maria) e 
nexo de causalidade (o ato de João está diretamente ligado ao dano ocorrido na 
casa de Maria). Neste exemplo, se o poste tivesse caído por estar velho na mesma 
hora em que João corria em frente à casa de Maria, não haveria nexo de 
causalidade entre a imprudência de João e os danos ocorridos. 
 
CUIDADO: O juiz pode-se valer de normas diferentes daquelas apontadas na inicial 
para resolução do conflito, mas não pode alterar os fatos, isto é, o juiz não pode ir 
além, ficar aquém ou fora do pedido, pode mudar a tipificação, caso tenha 
categorizado mal, contudo não poderá alterar os fatos. 
Ademais, não se deve confundir fundamento jurídico com fundamentação 
legal, ainda que muito próximos. No exemplo acima, a responsabilidade civil 
subjetiva é o fundamento jurídico para Maria requerer reparação por danos materiais 
em face de João. 
 
8.6 Dos pedidos 
 
“É a pretensão que o autor leva à apreciação do juiz” (GONÇALVES; LENZA, 
2016). Os pedidos devem ser expressos, certos (imediato) e determinados 
(mediato). Os pedidos são tão importantes que o Código de Processo Civil dedicou-
lhes uma seção própria, tratando das possibilidades de pedido genérico, implícito e 
de cumulação de pedidos (Seção II, Capítulo II, Título I, Livro I, da Parte Especial). 
O pedido será composto por duas partes: 
 
i) Pedido imediato: “equivale à espécie de provimento jurisdicional esperada 
pelo autor, ou seja, condenação, declaração ou constituição3 (constituição ou 
desconstituição) (BARROSO, LETTIÉRE, 2016). Exemplo: Por todo exposto, 
requer a Vossa Excelência a procedência do pedido de condenação do réu 
ao pagamento... 
 
3 Condenação para obetenção de uma obrigação, declaração para obtenção de manifestação acerca 
da existência ou não de um direito e constituição, positiva ou negativa para criar, modificar ou 
extinguir uma relação jurídica ou obrigação (BARROSO, LETTIÉRE, 2016). 
 
 
 
 
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ii) Pedido mediato: representa os efeitos práticos da tutela. Exemplo: Por 
todo exposto, requer a Vossa Excelência a procedência do pedido de 
condenação do réu ao pagamento do valor de R$10.000,00... (BARROSO, 
LETTIÉRE, 2016). 
 
Atenção para as exceções: 
 
i) Pedidos implícitos: exceção à regra de que os pedidos devem ser 
expressos: 
 A condenação da parte vencida ao pagamento de honorários advocatícios 
e ao reembolso das custas judiciais adiantadas pela parte vencedora, nos 
termos do art. 322, §1º, do CPC. 
 
 A condenação do réu ao pagamento das prestações que se vencerem no 
curso da demanda, conforme artigo 323, do CPC. 
 
 Inclui-se no pedido incidência de juros e correção monetária (art. 322, §1º, 
CPC e art. 1º, da lei n. 6.899/81). 
 
 A comunicação de astreintes nos casos de obrigações de fazer, não fazer 
ou entrega de coisa, nos termos dos artigos 497 e 536, §1º, do CPC, como 
a imposição de multa diária, busca e apreensão, remoção de pessoas ou 
coisas, força policial, etc. (BARROSO, LETTIÉRE, 2016). 
 
 
 
ii) Pedidos genéricos: representam exceções à regra que estabelece que o 
pedido deve ser determinado. No artigo 324, §1º, do CPC, estão elencadas as 
circunstâncias que o autor poderá deixar de fazer o pedido mediato, sendo 
posteriormente liquidado: 
 
Art. 324. O pedido deve ser determinado. 
§ 1o É lícito, porém, formular pedido genérico: 
I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens 
demandados; 
II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências 
do ato ou do fato; 
III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender 
de ato que deva ser praticado pelo réu. 
 
 
 
 
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§ 2o O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção. 
 
 É lícita a cumulação de pedidos, ainda que não haja conexão entre eles (art. 
327), desde que: 
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que: 
I - os pedidos sejam compatíveis entre si; 
II - seja competente para conhecer deles o mesmo juízo; 
III - seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento. 
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, 
será admitida a cumulação se o autor empregar o procedimento comum, 
sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas 
nos procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos 
cumulados, que não forem incompatíveis com as disposições sobre o 
procedimento comum. 
§ 3º O inciso I do § 1o não se aplica às cumulações de pedidos de que trata 
o art. 326. 
 
A cumulação de pedidos pode ser (DIDIER JR., 2016): 
a) Cumulação própria: simples ou sucessiva 
Quando se formulam vários pedidos, pretendendo-se o acolhimento 
simultâneo de todos eles. Está expressamente autorizado no artigo 327, do CPC. 
Essa cumulação poderá ser simples ou sucessiva: 
I) Cumulação simples: quando podem ser analisados 
independentemente de um ou de outro, não possuem relação 
lógica, não há a necessidade de exame prévio, pois são 
autônomos. Por exemplo as súmulas 37 e 387 do STJ. 
II) Cumulação sucessiva: ao contrário do anterior, os pedidos 
guardam relação entre si, o acolhimento de um pedido 
pressupõe o não acolhimento do anterior. O não acolhimento do 
primeiro pedido implica na rejeição do segundo pedido. Por 
exemplo: investigação de paternidade e alimentos. 
 
b) Cumulação imprópria: subsidiária ou alternativa 
Há vários pedidos, mas somente um será acolhido. Na cumulação imprópria 
não se aplica o requisito de compatibilidade que trata o artigo 327, I, do CPC, pois 
os pedidos jamais poderão ser acolhidos simultaneamente (art. 327, §3º, CPC). Os 
demais requisitos, de competência e identidade de procedimento sem aplicam 
 
 
 
 
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normalmente. Estão previstos no artigo 326, caput e parágrafo único, do CPC. É 
dividido em (DIDIER JR.,2016): 
I) Cumulação eventual ou subsidiária: o demandante estabelece 
uma hierarquia/preferência entre os pedidos, o segundo só é 
analisado se o primeiro for rejeitado ou se não puder ser 
examinado. Assim, por exemplo, o autor poderá pedir a 
decretação da nulidade ou, se rejeitado o pedido, a rescisão do 
contrato. Devolução do bem, ou no caso de extravio, 
indenização em dinheiro. 
II) Cumulação alternativa: duas ou mais alternativas, sem 
expressar preferência. Somente um dos pedidos será acolhido, 
entretanto não hierarquia entre eles. Não se confunda com a 
obrigação alternativa que trata o artigo 325, do CPC, pois nela é 
autorizado o adimplemento por mais de uma forma, ainda que a 
parte não tenha formulado pedido alternativo, já na cumulação 
alternativa há no mínimo dois pedidos autônomos. Por exemplo: 
João comprou um cavalo de Caio, dois dias depois descobre 
que o cavalo não tem os dentes posteriores, ajuíza ação contra 
Caio requerendo

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