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Rafaella Bonfim TXXIX Junção Neuromuscular • A junção neuromuscular (JNM) é um local onde um neurônio motor estimula a fibra muscular, ela possui 3 componentes: 1. Terminal axonal pré-sináptico (vesículas de neurotransmissores e mitocôndrias) 2. Liberação das vesículas na fenda sináptica 3. Membrana pós-sináptica da fibra muscular (placa motora terminal) • Relaciona-se com funções realizadas conscientemente, tais como locomoção e postura Receptores colinérgicos (Parassimpático e junção neuromuscular) • Existem 2 tipos de receptores nicotínicos: neuronal (estão em gânglios e no SNC) e o muscular • Os receptores nicotínicos são canais iônicos (receptor ionotrópico) e apresentam 5 subunidades Para que esse canal seja funcional, ele deverá ter pelo menos 2 subunidades alfa, pois são elas que possuem o sítio de ligação da acetilcolina, e sempre será necessário 2 moléculas de ACh para abrir esse canal É um canal catiônico não específico - não há seletividade, mas é permeável a íons Na+ e K+ Rafaella Bonfim TXXIX FÁRMACOS QUE AFETAM A JNM Bloqueadores neuromusculares • O objetivo de um bloqueador neuromuscular é impedir a despolarização/ação desse músculo para que esse músculo fique relaxado (não haja contração muscular) • Os bloqueadores neuromusculares são divididos em 2 classes: despolarizantes e competitivos/não despolarizantes • O fármaco pode agir: 1. Ação pós-juncional (nos receptores nicotínicos musculares expressos na JNM), sendo eles: Bloqueadores não despolarizantes Atuam bloqueando a ligação da acetilcolina por competição ao receptor → não haverá influxo de sódio → sem resposta na musculatura → não haverá contração Serão sempre antagonistas competitivos ✓ Curare; Tubocurarina/ Atracúrio; Rocurônio/ Vecurônio Bloqueadores despolarizantes Serão sempre agonistas O agonista possui uma afinidade diferente com o receptor, ele se liga ao canal aberto, induz uma contração inicial rápida, mas depois leva o canal para um estado de dessensibilização Utilizados apenas em processos emergenciais; meia vida curta: começa rápido e termina rápido ✓ Suxametônio/ Decametônio 2. Ação pré-juncional (terminação nervosa; região pré-sináptica) ✓ Hemicolíneo; Toxina botulínica ✓ Vesamicol – bloqueia o carreador que joga a acetilcolina para dentro da vesícula Rafaella Bonfim TXXIX MECANISMO DE AÇÃO DOS BLOQUEADORES NEUROMUSCULARES Agentes não-despolarizantes • Os antagonistas competitivos se ligam ao receptor nicotínico (bloqueio de 70 a 80%), bloqueando a ligação da ACh • Ex: D-tubocurarina (curare), pancurônio, rocurônio, vecurônio, atracurio, cisatracúrio Agentes despolarizantes • Os despolarizantes, são agonistas dos receptores nicotínicos, ou seja, despolarizam a membrana abrindo os canais de modo similar a ACh, mas ocupam e ativam esses receptores por um tempo prolongado, com isso, eles dessensibilizam (taquifilaxia) Isso resulta uma excitação muscular transitória e repetitiva (fasciculações), seguida de bloqueio de transmissão neuromuscular (causado pelo fechamento dos canais de Na+) paralisia flácida • Ex. Succinilcolina (Suxametônio), Decametônio BLOQUEIO NEUROMUSCULAR NÃO DESPOLARIZANTE Usos Clínicos ➢ Adjuvantes da anestesia: durante a cirurgia para produzir relaxamento muscular e facilitar a intubação endotraqueal. ➢ Procedimentos ortopédicos como correção de luxação ou alinhamento de fraturas ➢ Previnem fraturas ósseas em terapias eletroconvulsivas ➢ Permitem o controle de espasmos musculares (tétano) • Sugere-se o uso de bloqueadores neuromusculares, antecedidos por adequada sedação e analgesia, para prover relaxamento muscular e controle dos espasmos em pacientes com tétano grave submetidos à ventilação mecânica refratários ao uso de outros relaxantes musculares Rafaella Bonfim TXXIX Efeitos Adversos ➢ Queda da pressão arterial: bloqueio de receptores nicotínicos nos gânglios simpáticos (tubocurarina) ➢ Liberação de histamina: reação alérgica/ broncoespasmo ➢ Aumento da frequência cardíaca: pancurônio – ação vagolítica, limitando seu uso em cirurgias Interações Medicamentosas ➢ Anestésicos halogenados (halotano): potencializam o bloqueio ➢ Antibióticos aminoglicosídeos (eritromicina e gentamicina): inibem a liberação de ACh; aumentam o bloqueio ➢ Bloqueadores de canais de Ca2+ (nifedipino): aumentam o bloqueio. Reversão do efeito • Em caso de superdosagem, que tipo de fármaco (em termos farmacodinâmico) posso administrar para reverter a ação dos BMN não-despolarizantes (antagonistas de Nm)? BLOQUEADOR NEUROMUSCULAR DESPOLARIZANTE Mecanismo de ação • Agonista dos receptores nicotínicos nas placas terminais musculares ➢ Fase I: despolarização da membrana ➢ Fase II: o canal de Na+ se inativa, não respondendo mais a ocupação do receptor, mesmo após a repolarização Características farmacocinéticas e ações • Ex.: Succinilcolina (suxametônio) ; Decametônio (ação muito longa) ➢ Contrações espasmódicas transitórias (fasciculações) antes do bloqueio (tórax e abdome) ➢ Paralisia rápida (< que 2 min; dura por ~ 8 min) ➢ Metabolismo: hidrólise por colinesterases plasmáticas (butirilcolinesterase) ➢ Pouco ou nenhum efeito sobre os gânglios autônomos ➢ Indivíduos geneticamente deficientes (1:1000) não metabolizam esses compostos paralisia prolongada ➢ Recuperação: DOLOROSA Rafaella Bonfim TXXIX Efeitos adversos e contraindicação ➢ Dor muscular (Bloqueio por contração) ➢ Bradicardia: ação muscarínica direta ➢ Aumento da pressão intraocular (cuidado com glaucoma) ➢ Hipercalemia - liberação de K+ intracelular ➢ Paralisia prolongada – em RN e pacientes com comprometimento hepático tem redução das colinesterases plasmáticas ➢ Hipertermia maligna (Ex.: Succinilcolina e halotano): mutação no canal de Ca2+ -liberação do RE – espasmos musculares e elevação da temperatura. Potencialmente fatal (65 %). ➢ Tratamento: Dantrolene, inibe a liberação de Ca2+ Reversão do efeito • Em casos de superdosagem, posso administrar um agonista ou antagonista colinérgico? Não, o bloqueio não é revertido por Anticolinesterásicos ou antagonistas colinérgicos (receptor dessensibilizado). A única solução é esperar passar o efeito. TOXINA BOTULÍNICA • A toxina botulínica bloqueia a fusão da vesícula com a membrana basal, logo, não haverá a liberação de acetilcolina e não haverá ativação dos receptores nicotínicos na JNM • Aplicação local causa paralisia do músculo Mecanismo de ação • A toxina interage com a SNAP-25, uma proteína que auxilia na fusão das vesículas Usos clínicos • Blefaroespasmo, distúrbios oculares, distonia oromandibular, hiperidrose, tratamento estéticos. • Em casos extremos pode ser usada para tratar bruxismo infantil
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