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Anamnese Aspectos gerais P Anamnese significa trazer de volta à mente todos os fatos relacionados com a doença do paciente; P É a partir da anamnese que se desenvolve a relação médico-paciente; P Se bem-feita, gera diagnósticos corretos, senão gera uma série de consequências negativas; P É um instrumento para a triagem de sintomas anormais, problemas de saúde e preocupações, e registra as maneiras como a pessoa responde a essas situações, abrindo espaço para a promoção da saúde. Objetivos P Estabelecer uma relação médico-paciente; P Conhecer os determinantes epidemiológicos do paciente; P Fazer a história clínica; P Avaliar os sintomas; P Desenvolver práticas de promoção da saúde; P Conhecer os fatores pessoais, familiares e ambientais que influenciam no processo saúde-doença; P Conhecer os hábitos do paciente, bem como suas condições socioeconômicas e culturais. Tipos de condutas da anamnese P O médico deve deixar que o paciente relate livre e espontaneamente suas queixas sem nenhuma interferência; P Utilizar o método de anamnese dirigida, o qual o médico tem em mente um esquema básico e conduz a entrevista de forma mais objetiva; P Deixa o paciente, inicialmente, relatar de maneira espontânea suas queixas, para depois conduzir a entrevista de modo mais objetivo. Semiótica da anamnese Apoio P Afirmações de apoio desertam segurança no paciente; P Encorajar a prosseguir no relato. Facilitar P Por meio da postura, ações ou palavras que encorajem o paciente; P O gesto de balançar a cabeça levemente pode significar para o paciente que ele está sendo compreendido. Reflexão P Repetição das palavras que o médico considerar as mais significativas durante o relato do paciente. Esclarecimento P O médico procura definir de maneira mais clara o que o paciente está relatando. Confrontação P Mostrar ao paciente algo acerca de suas próprias palavras ou comportamento; P O paciente se mostra tenso, mas diz que “está tudo bem”. Interpretação P Observação a partir do que vai notando no relato ou no comportamento do paciente. Resposta empática P Intervenção do médio mostrando “empatia”, ou seja, compressão e aceitação sobre algo relatado pelo paciente. Silêncio P O médio deve permanecer calado, mesmo correndo o risco de parecer que perdeu o controle da conversa; P O silêncio pode ser o mais adequado quando o paciente se emociona ou chora. Identificação Nome P Primeiro dado da identificação; P Facilitar a relação médico-paciente. Idade P Cada grupo etário tem sua própria doença; P A relação médico-paciente apresenta peculiaridades de acordo com as diferentes faixas etárias. Sexo/gênero P Além das diferenças fisiológicas, há enfermidades que só ocorrem em determinado sexo. Cor/etnia P Há influência da etnia no processo de adoecimento; P Considerando o alto grau de miscigenação da população brasileira, há necessidade de se ampliarem os estudos da influência étnica nas doenças prevalentes em nosso país. Estado civil P Além de aspectos social, há também os aspectos médico-trabalhistas e periciais. Profissão e local de trabalho P Em certas ocasiões existe uma relação direta entre o trabalho do indivíduo e a doença que lhe acometeu, sendo chamadas de doenças profissionais e acidentes de trabalho; P Além dos aspectos clínicos, também existem aspectos médico-trabalhistas e periciais. Naturalidade P Local onde o paciente nasceu. Procedência P Residência anterior do paciente; P Última cidade que esteve/visitou (pode ser sua residência). Residência P Anota-se a residência atual; P As doenças infecciosas e parasitárias se distribuem pelo mundo em função de vários fatores, como climáticos, hidrográficos e de altitude. Nome da mãe P Utilizado para diferenciar os pacientes homônimos. Nome do responsável, cuidador e/ou acompanhante P Faz-se necessário para que se firma a relação de corresponsabilidade ética no processo de tratamento do paciente. Religião P Relevância no processo saúde-doença; P Proibição de transfusão sanguínea em testemunhas de Jeová e o não uso de carnes pelos fiéis da Igreja Adventista. Filiação a órgãos ou instituições previdenciárias e planos de saúde P Facilita o encaminhamento para exames complementares, outros especialistas ou mesmo a hospitais, em caso de internação. P Buscando alternativas dentro do plano de saúde, é fator de suma importância na adesão ao tratamento proposto. Queixa principal P É o motivo que levou o paciente a procurar o médio, geralmente é um sinal ou sintoma; P É uma anotação entre aspas para indicar que se trata das palavras exatas do paciente; P Não aceitar “rótulos de diagnóstico”, caso isso aconteça, procurar esclarecer o sintoma que ficou subentendido; q Algumas vezes é razoável o registro de um diagnóstico como queixa principal. P Às vezes o paciente pode enumerar vários motivos para procurar assistência médica e o motivo mais importante pode não ser o primeiro citado, então, deve-se perguntar o que levou ao paciente procurar atendimento médico ou o que mais incomoda no momento; P Quando o paciente chega ao médico encaminhado de outro colega, no item correspondente como “queixa principal”, registra-se como “motivo da consulta”. P Sugestões para obter a “queixa principal”: q Qual o motivo da consulta? q Por que o(a) senhor(a) me procurou? q O que o(a) senhor(a) está sentindo? q O que o (a) está incomodando? História da doença atual (HDA) P É um registro cronológico e detalhado do motivo que levou o paciente a procurar assistência médica; P É a parte principal da anamnese e costuma ser a chave mestra para chegar ao diagnóstico. Sintoma-guia P Sintoma ou sinal que permite recompor a história da doença atual com mais facilidade e precisão; P Não significa que haja sempre um único sintoma-guia para cada enfermidade e também não é necessariamente o mais antigo; P Deve escolher como sintoma-guia a queixa de mais longa duração, o sintoma mais salientado pelo paciente ou simplesmente começar pelo relato da “queixa principal”; P Esquema para análise de um sintoma: Início Caracterizado com relação à época de aparecimento, se foi de início súbito ou gradativo e se teve fator desencadeante ou não Características do sintoma Localização, duração, intensidade, frequência e tipo Fatores de melhora ou piora Quais fatores melhoram ou piora a dor Relação com outras queixas Registrar se existe alguma manifestação ou queixa que acompanha o sintoma, geralmente relacionado com o segmento anatômico ou funcional Evolução Registrar o comportamento do sintoma ao longo do tempo, relatando modificações das características e influência de tratamentos efetuados Situação atual Registrar como o sintoma está no momento da anamnese Interrogatório sintomatológico P Constitui um complemento da história da doença atual (HDA); P Documenta a existência ou ausência de sintomas comuns relacionados com cada um dos principais sistemas corporais; P Permite ao medico levantar possibilidades e reconhecer enfermidades que não estão relacionadas com o quadro sintomatológico registrado no HDA; P É no interrogatório sintomatológico que se origina a suspeita diagnóstica mais importante; P O IS avalia práticas de promoção à saúde e aproveita-se, nesse momento, para promover saúde, orientado e esclarecendo o paciente sobre maneiras de prevenir doenças e evitar riscos à saúde; P É necessário registrar o estado atual de todo o organismo, para ser utilizado como um parâmetro no caso de futuras queixas e adoecimento; P Iniciar a avaliação com perguntas como: “como estão seus olhos e visão?”, “como anda sua digestão?”; P Não induzir respostas com perguntas que afirmem ou neném o sintoma como: “o senhor está com falta de ar, nãoé?”. Sistematização do IS P A melhor maneira é levar em conta os segmentos do corpo, reunindo em cada segmento os órgãos de diferentes aparelhos; P Sistematização proposta: q Sintomas gerais; q Pelos e fâneros; q Cabeça e pescoço; q Tórax; q Abdome; q Sistema geniturinário; q Sistema hemolinfopoético; q Sistema endócrino; q Coluna vertebral, ossos, articulações e extremidades; q Músculos; q Ártérias, veias, lifáticos e microcirculação; q Sistema nervoso; q Exame psíquico e avaliação das condições emocionais. Antecedentes pessoais P Avaliação do estado de saúde passado e presente do paciente, conhecendo fatores pessoais e familiares que influenciam seu processo saúde-doença; Antecedentes pessoais fisiológicos P Gestação e nascimento: q Como ocorreu a gravidez; q Uso de medicamentos ou radiações sofridas pela genitora; q Viroses contraídas durante a gestação; q Condições de parto; q Estado da criança ao nascer; q Ordem do nascimento (em caso de irmãos); q Número de irmãos. P Desenvolvimento psicomotor e neural: q Dentição; q Engatinhar e andar; q Fala; q Desenvolvimento físico; q Controle dos esfíncteres; q Aproveitamento escolar. P Desenvolvimento sexual: q Puberdade; q Menarca; q Sexarca; q Menopausa; q Orientação sexual. Antecedentes pessoais patológicos P Doenças sofridas pelo paciente; P Alergia; P Cirurgias e outras intervenção; P Traumatismo; P Transfusões sanguíneas; P História obstétrica; P Vacinas; P Medicamentos em uso. Antecedentes familiares P Os antecedentes começam com a menção ao estado de saúde dos pais e irmãos do paciente (quando vivos); P Se for casado, inclui-se o cônjuge e, se tiver filhos, também; P Os avós, tios e primos paternos e maternos do paciente também devem ser incluídos; P Se tiver algum doente na família, esclarecer a naturalidade da enfermidade; P Em caso de falecimento, questionar a causa do óbito e a idade em que ocorreu; P Quando o paciente é portador de uma doença de caráter hereditário, é imprescindível realizar um levantamento genealógico mais rigoroso. Hábitos e estilo de vida Alimentação P Induz o paciente a discriminar sua alimentação habitual, especificando, tanto quanto possível, o tipo e a quantidade dos alimentos ingeridos; P Deve questionar principalmente sobre o consumo de alimentos à base de carboidratos, proteínas, gorduras, fibras, bem como de água e outros líquidos; P As conclusões mais frequentes são: q Alimentação quantitativa e qualitativamente adequada; q Reduzida ingestão de fibras; q Insuficiente consumo de proteínas, com alimentação à base de carboidratos; q Consumo de calorias acima das necessidades; q Alimentação com alto teor de gorduras; q Reduzida ingesta de verduras e frutas; q Insuficiente consumo de proteínas sem aumento compensador da ingestão de carboidratos; q Baixa ingestão de líquidos; q Reduzida ingesta de carboidratos; q Reduzido consumo de gorduras; q Alimentação puramente vegetariana; q Alimentação láctea exclusiva. Ocupação atual e ocupações anteriores P Na identificação foi feio o registro da profissão, nesse campo deve-se obter informações sobre a natureza do trabalho desempenhado, com que substâncias entra em contato, quais as características do meio ambiente e qual o grau de ajustamento ao trabalho; P Deve ser questionado para obter informações tanto da ocupação atual quanto das ocupações anteriores exercidas pelo paciente. Atividades físicas P Torna-se cada dia mais clara a relação entre algumas enfermidades e o tipo de vida levado pela pessoa no que concerne à execução de exercícios físicos; P Deve ser questionado qual tipo de exercício físico realiza, frequência, duração e o tempo que pratica; P Uma classificação prática é: q Pessoas sedentárias; q Pessoas que exercem atividades físicas moderadas; q Pessoas que exercem atividades físicas intensas e constantes; q Pessoas que exercem atividades físicas ocasionais. Hábitos P Alguns hábitos são ocultados pelos pacientes e até pelos próprios familiares; P Deve-se investigar sistematicamente o uso do tabaco, bebidas alcoólicas, anabolizantes, anfetaminas e drogas ilícitas P Tabaco: deve ser registrado o tipo, quantidade frequência, duração do vício e abstinência; P Bebidas alcoólicas: deve ser registrado o tipo de bebida, a quantidade habitualmente ingerida, frequência, duração do vício e abstinência; q Para reconhecimento dos pacientes que faze uso abusivo de bebidas alcoólicas, vem sendo bastante difundido o questionário CAGE, composto de 4 pontos: necessidade de diminuir o consumo de bebidas alcoólicas, sentir-se incomodado por críticas à bebida, sensação de culpa ao beber, necessidade de beber no início da manhã para “abrir os olhos”. P Uso de anabolizantes e anfetaminas: o uso de anabolizantes por jovens frequentadores de academias tornou-se hoje uma preocupação e a utilização de anfetaminas, de maneira indiscriminada, leva à dependência química e causa prejuízos à saúde; P Consumo de drogas ilícitas: deve questionar sobre o tipo de drogas, quantidade habitualmente ingerida, frequência, duração do vício e abstinência. Condições socioeconômicas e culturais Habitação P Na zona rural, pela sua precariedade, as casas comportam-se como abrigos ideais para numerosos reservatórios e transmissores de doenças infecciosas e parasitárias; P Na zona urbana, a diversidade de habitação é um fator importante: q As favelas e as áreas de invasão propiciam o surgimento de doenças infecto parasitárias devido à ausência de saneamento básico, proximidade de rios poluídos, ineficácia na coleta de lixo e confinamento de várias pessoas em pequenos cômodos habitacionais; q Casas ou apartamentos de alto luxo podem manter, por exemplo, em suas piscinas e jardins, criadouros do mosquito Aedes aegypti, dificultando o controle da dengue. P Deve-se questionar sobre as condições de moradia: se mora em casa ou apartamento, se a casa é feita de alvenaria ou não, qual a quantidade de cômodos, se conta com saneamento básico, com coleta regular de lixo, se abriga animais domésticos, entre outros; P Deve-se questionar, também, sobre o contato com pessoas ou animais doentes, se afirmativo, questiona-se sobre onde e quando ocorreu e sobre a duração do contato; P A poluição do ar, a poluição sonora e visual, os desmatamentos e as queimadas, as alterações climáticas, as inundações, os temporais e os terremotos, todos são fatores relevantes na análise do item habitação. Condições socioeconômicas P Os primeiros elementos estão contidos na própria identificação do paciente, se houver necessidade de mais informações, deve-se questionar sobre rendimento mensal, situação profissional, se há dependência econômica de parentes ou instituição; P Todo médico precisa conhecer as possibilidades econômicas de seu paciente, principalmente sua capacidade financeira para comprar medicamentos. q No Brasil, atualmente, há distribuição gratuita de medicamentos para pacientes crônicos e cabe ao médico conhecer a lista desses remédios para prescrevê-los quando for necessário. Condições culturais P Abrangem a religiosidade, as tradições, as crenças, os mitos, a medicina popular, os comportamentos e os hábitos alimentares; P Quanto à escolaridade, é importante saber se o paciente é analfabeto ou alfabetizado, tais informações são fundamentais na compreensão do processo saúde-doença. Vida conjugal e relacionamento familiar P Investiga-se o relacionamento entre pais e filhos, entre irmãos e entre cônjuges. Anamnese em pediatria P A particularidade mais marcante reside no fato de a obtenção das informações ser feita por intermédio da mãe ou de outro familiar; P O responsável pela criança gosta de “interpretar” as manifestações infantis em vez de relatá-las objetivamente; P A anamnese pediátricatem que ser totalmente dirigida, não havendo possibilidade de deixar a criança relatar espontaneamente suas queixas; P O examinador deve ter o cuidado de observar o comportamento da mãe, procurando compreender e surpreender seus traços psicológicos.
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